TÍTULO: ESTUDO DAS NECESSIDADES DE SAÚDE DE UMA POPULAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DE UMA VISÃO CRÍTICA DE DIREITOS HUMANOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: MEDICINA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE MARÍLIA AUTOR(ES): SÍLVIA MARQUES RIBEIRO ORIENTADOR(ES): HERON FERNANDO DE SOUSA GONZAGA, MARIA AUGUSTA JORGE, TEREZA LAIS MENEGUCCI ZUTIN 1 1.RESUMO Os direitos humanos, mais que direitos “propriamente ditos”, são processos; ou seja, o resultado, sempre provisório das lutas que os seres humanos colocam em prática para ter acesso aos bens necessários para a vida. Assim quando falamos de direitos humanos, falamos de dinâmicas sociais que tendem a construir condições materiais e imateriais necessárias para conseguir determinados objetivos genéricos que estão fora do direito. A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido no texto da constituição brasileira. Isto nos leva a pensar se não estaria na hora de elaborarmos outra estruturação dos cuidados, que tivesse uma amplitude maior como se apresenta no diamante ético com eixos verticais e horizontais, porque atualmente a forma estruturada se apresenta apenas com um eixo vertical, atenção primária, secundária e terciária. Para isto, seria primordial conhecermos as reais necessidades dos pacientes. Partindo das suas informações, poderíamos reflexionar sobre uma nova forma do “cuidar”. Acreditamos que estamos no tempo de rever e discutir estes conceitos para uma possível transformação que possibilitasse a vivência de uma vida digna de ser vivida. O presente projeto se propôs avaliar as reais necessidades de uma amostra da população brasileira para que o direito humano à saúde seja cumprido, a partir de uma visão crítica dos direitos humanos, para avaliar se este direito está sendo respeitado, de acordo com o contexto em que vivem. A amostra foi composta por 25 pacientes usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), atendidos aleatoriamente, durante as consultas médicas no Ambulatório de especialidades médicas (AME) da Associação Beneficente do Hospital Universitário da UNIMAR (ABHU) em consultas de diversas especialidades médicas. Após o atendimento médico, os pacientes foram submetidos a uma entrevista referente ao acesso, qualidade e necessidades dos atendimentos recebidos no local e no atendimento no setor primário, bem como acesso a medicamentos, seguro desemprego, auxílio doença, aposentadoria e condições de saneamento básico. Com a análise das entrevistas, a maioria relatou que falta profissionais da saúde, principalmente médicos, e melhorar a saúde primária, pois os atendimentos são em sua grande maioria, rápidos, sem relação médico-paciente, não abordam prevenção, ressaltam a falta de investimentos e de hospitais. Relatam que esperam a consulta por meses até anos para algumas especialidades. Não conseguem medicações prescritas. Quanto ao atendimento médico, acreditam precisar de um atendimento com mais dignidade, em que o médico os trate melhor e 2 não apenas como uma pessoa portadora de doença que precisa ser descartada logo para atenderem a próxima. Referem a falta de diálogo médico, sendo por vezes atendidos melhor com suas dúvidas esclarecidas por enfermeiros, demonstrando o desinteresse médico. Quando chegam ao médico, e exames são solicitados, demora em ser resolvida a situação. Quando feito o diagnóstico, o médico não se preocupa com outros aspectos, como se poderá comprar o medicamento. A maioria está informada sobre medicamentos de alto custo e muitos já utilizam o programa. A maioria está insatisfeita com leis e direitos humanos, não por falta de legislação, mas sim por não serem praticados. 2.INTRODUÇÃO Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos são apresentados como algo que já temos pelo fato de simplesmente sermos seres humanos absolutamente à margem de qualquer condição ou característica social. No entanto, a maioria da população mundial não pode exercê-lo por falta de condições materiais para isso. Joaquín Herrera Flores resume esta visão de participação e mobilização para uma transformação social e que a ausência do engajamento está diretamente ligada à conivência com a permanência das injustiças sociais. O cumprimento deste direito é uma responsabilidade, principalmente do Estado, e uma corresponsabilidade de pessoas, tanto individual como coletivamente. São esses pontos que não podem faltar ao abordar esse tema que envolve o ser humano que é merecedor de uma vida digna. Quando se aborda o direito humano à saúde, torna-se necessário definir como esse estado é designado. Saúde é um estado que está diretamente associado a outro estado, que é a doença. Acreditamos que a situação da saúde, como um direito humano, deve ser avaliada em vários aspectos, tais como o número de profissionais da saúde envolvidos no atendimento aos pacientes, sua formação técnica e ética-moral, condições de atendimento, desde as condições físicas locais e de equipamentos médico cirúrgicos, acesso aos medicamentos básicos e de alto custo, bem como envolvimento da indústria farmacêutica nas ações da instituição. Apenas o agendamento não é uma medida de um atendimento médico adequado, mas também a indicação precisa dos medicamentos necessários e a avaliação sistêmica do paciente como um todo. Todos esses elementos precisam ser analisados em conjunto com a lei brasileira que trata do fornecimento gratuito de medicamentos, a partir da metodologia referencial representada pelo “diamante ético”, elaborada pelo Prof. 3 Herrera Flores. Isto nos leva a pensar se não estaria na hora de elaborarmos uma outra estruturação dos cuidados, que tivesse uma amplitude maior como se apresenta no diamante ético com eixos verticais e horizontais, porque atualmente a forma estruturada se apresenta apenas com um eixo vertical, atenção primária, secundária e terciária. Para isto, seria primordial conhecermos as reais necessidades dos pacientes. Partindo das suas informações, poderíamos reflexionar sobre uma nova forma do “cuidar”. Acreditamos que estamos no tempo de rever e discutir estes conceitos para uma possível transformação que possibilitasse a vivência de uma vida digna de ser vivida. 3.OBJETIVOS O presente projeto se propôs avaliar as reais necessidades de uma população para investigação de que o direito humano à saúde esteja sendo cumprido. 4.METODOLOGIA Participaram da amostragem pacientes usuários do SUS que forão submetidos a consultas médicas no AME da ABHU. Como a análise será qualitativa não foi definido previamente o número de pacientes, sendo definido o mesmo a partir da saturação das respostas coincidentes. ANÁLISES DAS ENTREVISTAS – METODOLOGIA RELACIONAL DO DIAMANTE ÉTICO: Com o “diamante ético “, lança-se a aposta de que direitos humanos constituem o marco para construir uma ética que tenha como horizonte a consecução das condições para que todos possam levar à prática sua concepção da dignidade humana. Nada é mais universal que garantir a todos a possibilidade de lutar pela dignidade humana. Os direitos humanos podem se converter no resultado de lutas que se sobrepõem com o passar do tempo. O diamante ético é apresentado com eixos vertical, constituído pelos conceitos e horizontal, constituído por aspectos materiais. Os conceitos são teorias, posição, espaço, valores, narração, instituições e os componentes materiais são as forças produtivas, disposição, desenvolvimento, práticas sociais, historicidade e relações sociais. Uma das formas de estudar os direitos humanos é através da análise das narrações. Como os direitos humanos não são estáticos, as discrepâncias nos obrigam a estar atentos às plurais e diferenciadas narrações, que sobre eles encontramos em diferentes culturas e formas de vida. O problema do imperialismo colonial foi, entre outras 4 coisas, negar a possibilidade dos povos oprimidos contarem entre si suas próprias narrações, suas próprias histórias. 5.DESENVOLVIMENTO Considerando uma visão nova dos direitos humanos com uma perspectiva nova, integradora, crítica e contextualizada e o direito humano à saúde, inserido neste contexto global, se faz necessário conhecer as reais necessidades dos pacientes. O atendimento e acompanhamento médico competente e regular, o estudo de como se realiza o acesso e a forma que a população brasileira é atendida pelos serviços médicos se mostra fundamental para avaliação deste direito humano fundamental, que é o direito à saúde. 6.RESULTADOS Todos os pacientes foram atendidos no AME. Dentre os pacientes estudados, 4 eram do gênero masculino e 21 do gênero feminino. A idade variou de 22 a 73 anos, sendo a média de idade 48,2 anos. A maioria dos entrevistados (8) cursaram o Ensino Médio Completo, 7 o Ensino Fundamental Incompleto, 5 cursaram o Ensino Fundamental Completo, 3 cursaram o Ensino Médio Incompleto e apenas 2 cursaram o Ensino Superior Incompleto. Dos entrevistados, 14 não são registrados em atividade profissional, 6 estão aposentados e 5 estão registrados. A maioria (18) dos entrevistados são casados, 3 são separados, 2 viúvos e 2 solteiros. Narrações observadas nas entrevistas: Das necessidades de saúde, 13 pessoas disseram que faltam profissionais de saúde, sendo que dessas pessoas a maioria falaram que faltam médicos, algumas falaram que falta o médico especialista; e apenas 1 falou que falta dentista. Acrescentaram que precisa de mais médicos para distribuir o atendimento entre a população, e médico com mais “caráter”, que dê mais atenção a paciente e mais humanização para entender o que o paciente necessita. Dez entrevistados falaram que precisam de mais atendimento médico, mais agilidade, humanização, qualidade no atendimento, resolver os problemas e não adiar. Cinco entrevistados disseram que precisam de mais hospitais, algumas citando que falta também unidades básicas de saúde e 2 disseram que precisa de mais hospitais em cidades pequenas. “...Precisa ser mais rápido o SUS, precisa mais atendimento. Faltam mais 5 profissionais capacitados, mais médicos para distribuir os pacientes.” A grande insatisfação no atendimento está mais ligada à atenção primária, na especialidade eles estão mais satisfeitos com o atendimento, excetuando a demora em conseguir esse encaminhamento. Entre as narrações um entrevistado disse que o problema da saúde é que o foco não vem para a prevenção, e sim para curar a doença já manifestada: Dos 25 entrevistados, apenas dois disseram que o atendimento médico está ótimo, o restante está insatisfeito e dentro os motivos destacam-se o sistema público de saúde. Segundo eles, a demora prejudica o próprio atendimento médico porque com a demora já não vai ter mais como conduzir o caso, acabando gerando complicações e tornando o caso mais difícil de ser conduzido. Outro ponto abordado é que o médico tem que ser capacitado para resolver os problemas, dar o diagnóstico correto, mostrar responsabilidade, melhorar a forma de tratar o paciente, pois alguns agem com descaso. Querem que o médico se importe mais o paciente, e sejam mais humanizados. Dos 24 que procuraram o PSF, 14 acharam difícil conseguir o atendimento. Alguns foram até 3 vezes na Unidade até conseguir, e o tempo dependeu da gravidade, mas a maioria (15 entrevistados) foi atendida no mesmo dia ou até 1 semana. No entanto, há casos que houve demora de até 5 meses, e algumas vezes quando conseguiram a consulta, já haviam procurado atendimento na rede privada. O motivo para essa demora acreditam ser uma demanda muito grande de pacientes para poucos médicos. Outra queixa relatada foi a demora em conseguir o encaminhamento, pois se tentava resolver com medicamentos e só quando havia falha ou insistência que encaminhavam. Quanto à duração da consulta no PSF, 17 pessoas reclamaram que a consulta foi muito rápida, durando menos de 5 minutos e no máximo 20 minutos. “...É rápida a consulta pois o médico nem conversa, já vai fazendo a receita e pronto e não explica nada da doença...” A consulta passou de 30 minutos durando cerca de 1 hora segundo sete entrevistados. Porém desses, metade saíram com dúvidas sobre seu caso. Dezoito pessoas estão insatisfeitas com o esclarecimento e a relação médico paciente. Disseram que não foi falado muito sobre a doença sendo 6 encaminhados diretamente. Para alguns foi abordado superficialmente o seu caso, sem esclarecimentos suficientes. Apenas cinco pessoas ficaram satisfeitas com o atendimento médico, e disseram que houve diálogo sobre sua doença. Dezenove pessoas consideraram difícil conseguir o encaminhamento, e acreditaram que isso ocorra devido a grande demanda e existência de poucas vagas. O tempo para conseguir a consulta foi de 6 meses a 4 anos, apontados como problema principal a existência de poucas vagas para uma demanda de pacientes maior e a falta de organização interna. Sobre enfoque na consulta além da doença, visando aspectos emocionais, familiares e socioeconômicos, 13 pessoas afirmaram que são abordados estes temas, porém os aspectos socioeconômicos ainda são pouco valorizados. Os mais abordados relatados foram os referentes à alimentação, emocionais e familiares, e sete pacientes relataram que todos aspectos foram vistos, incluindo socioeconômicos. Onze pessoas relataram que durante a consulta com o especialista o enfoque da consulta ficou somente na doença ou no exame, não abordando aspectos emocionais, familiares e socioeconômicos. Tanto os atendidos por profissionais que visaram ou não esses aspectos, reclamaram do aspecto socioeconômico, receitando remédio que não são fornecidos pelo sistema ou muito caros para sempre comprados. A maioria disse que não faltou diálogo com o médico. Que foi dado orientações sobre emagrecimento, sugestões de acompanhar com nutricionista, da importância da atividade física. Esclareceu-se as dúvidas, explicou-se os fatores que influenciaram na doença, explicou-se o porquê da conduta ser cirúrgica e as possíveis complicações. Dois entrevistados falaram que o médico só não falou mais nada porque precisa de exames para explicar melhor. Nove entrevistados relataram sentir carência de diálogo com o médico, e destes, dois pacientes relataram que a falta de diálogo ocorre no PSF que o especialista explica bem. Alguns acham que o motivo do não esclarecimento são consequências de usarem o sistema público. Alguns entrevistados acham que a solução seria fazer reuniões para orientar a população. Também relatam que alguns médicos não estão usando termos acessíveis para a população. Outros afirmam que o problema está na consulta muito rápida e que quando sugerem que seja feito outra 7 investigação, um exame ou algo assim, eles dizem que não há necessidade, mas sem explicações. A maioria falou que a consulta variou de 10 minutos a 30 minutos. Quatro pessoas tiveram uma consulta durando cerca de 1 hora. Todos pacientes disseram que nunca foi aplicado teste de qualidade de vida, excetuando um paciente que disse ter respondido um teste sobre qualidade de vida no PSF, e outro paciente que disse que no cadastramento do SUS são feitas perguntas sobre qualidade de vida. Em relação ao intervalo de tempo dos retornos, a maioria estava satisfeita com o intervalo entre seus retornos. Acreditam que se precisa deste tempo para ver o efeito do tratamento. Confiam no seu médico, e sabem que a demanda é muito grande. Houve orientação médica para que na presença de algum sintoma retornar antes, porque se o período fosse maior que o sugerido e acontecesse algo no intervalo não teriam onde ir e, ainda há auxílio da equipe do PSF que visitam as casas para saber como eles estão. No entanto, muitos não estão satisfeitos com o intervalo entre seus retornos, pois nesse período podem piorar e não têm onde recorrer. Quanto ao tempo para realização de exames, a maioria foi afetada pela demora, sendo que afetada financeiramente por ter que agendar consulta ou pagar o exame, principalmente os de imagem que demoram. Por outro lado, 10 pacientes disseram que foi rápido (até 30 dias) para conseguirem realizar os exames. Quanto à igualdade no atendimento, a maioria relatou ser igualitário. Alguns acham que existe tratamento diferenciado no atendimento médico e ambulatorial, relatando como motivo, o gênero, classe socioeconômica, idades. Praticamente todos pacientes gostaram do local de atendimento (AME), onde foram entrevistados: A maioria está insatisfeita com as leis e direitos humanos. Por não ter sido colocadas em prática. Acham que precisa melhorar na saúde, contratar mais profissionais da área, investir em mais leitos de hospitais e investir na saúde em cidades pequenas: “...Está péssimo as leis e direitos humanos. Falta investir na saúde, melhorar as leis para a criminalidade, e abaixar os preços dos alimentos, que estão muito caros, os 8 salários estão baixos não dá nem para comprar alimentos necessários...” A maioria disse que o Estado não oferece uma qualidade de vida para todos. Das pessoas que dizem que o Estado não oferece qualidade de vida para a população, disseram que poderia melhorar contratando mais médicos, investir na saúde, educação e alimentação, pois a população não se alimenta adequadamente. Está faltando casa popular com preço compatível com o salário, mudar os políticos, ajudar os que estão precisando, distribuir melhor o dinheiro, mudar os salários, falta saneamento básico. Oferecer mais oportunidades e emprego para quem não tem formação acadêmica. Quanto à crítica a bolsa de família foi que as próprias crianças não são tão beneficiárias, uma vez que o dinheiro está em poder dos pais: “...Eles ficam dando bolsas para as crianças ao invés de dar emprego para os pais, e as crianças mesmo não recebem o auxílio para comprar uma roupa, quem utiliza o dinheiro são os pais. Tem que dar emprego até para crianças, porque trabalhar não mata ninguém, não um trabalho escravo, mas investir em um trabalho leve para as crianças...” A maioria tem queixas sobre a saúde. Dentre as ações que mudariam disseram que deveria se contratar mais médicos, pagar melhor, reconhecer mais os esforços dos mesmos, contratar mais especialistas, investir em mais hospitais, contratar mais médicos para cidades pequenas. Acha que precisaria de mais organização no sistema. Também que se precisaria mudar no investimento dos futuros médicos. A análise qualitativa das entrevistas possibilitou perceber que a qualidade do atendimento nos dois setores ainda deixou a desejar, devido à falta de humanização do atendimento médico, a rapidez da consulta e não priorização todos os aspectos do ser humano atendido. Os pacientes se ressentem da falta de interesse dos médicos envolvidos, estando os outros profissionais da saúde mais preocupando e envolvidos. A relação médico-paciente deve ser de parceria, em que o paciente não é submisso ao profissional, e essa relação envolve o exercício da autonomia das duas partes, um portador do conhecimento técnico-científico que por muitos é visto como uma figura onipotente paternalista, e cabe a ele se colocar no lugar do paciente, o que exige sensibilidade, que somado a falta de valorização que a classe 9 médica vem sofrendo, esse acaba não se vinculando ao paciente, e tratando por vezes apenas a doença, motivados pelo próprio Sistema, em que contrata menos, ou seja, disponibiliza ao paciente pouco tempo com o médico, já que esse tem uma grande demanda para atender. Para Foucault, estas questões se colocam “concretamente todos os dias no que se diz respeito do papel do médico”. 7.CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho nos permitiu as seguintes constatações: a) A população estudada acredita que necessita de um maior número de consultas médicas disponíveis, com um atendimento mais individualizo e humanizado, referindo necessidade de uma relação com diálogo, esclarecimento e atenção às suas necessidades. Além disso, precisam de mais disponibilidade do acesso aos medicamentos, aos especialistas e exames complementares. b) A amostragem avaliada não teve grandes dificuldades em conseguir o atendimento médico generalista na atenção primária. Para médicos especialista a dificuldade não foi no encaminhamento, pois 50% conseguiram na primeira consulta na USF e o restante na segunda consulta, porém a dificuldade referida foi no tempo de espera para se chegar ao especialista, demorando 6 meses a 4 anos. c) Para os entrevistados as abordagens dos atendimentos médicos deixaram a desejar, por serem breves, com pouco diálogo e proximidade com o paciente. A maior parte relatou preferir a relação com os demais componentes da equipe de saúde, do que com o médico. Na atenção primária, contudo, relataram que a relação médico-paciente é um pouco mais acessível, porém a desejar. d) Para melhorar o acesso aos serviços de saúde, acreditamos ser necessário instruir a população sobre seus direitos. Para isso, precisamos de profissionais capacitados não só em resolver problemas físicos, e sim humanizados, para que possam lutar juntamente com a população para uma saúde igualitária. e) Baseado no artigo 25.º Declaração dos Direitos do Homem, concluímos que os direitos humanos na população estão negligenciados. Além de a saúde pública estar deficitária de médicos, estrutura e recursos financeiros, ainda há problemas de desemprego, educação e a alimentação cada vez mais inacessível. Dos direitos que são atribuídos nesse artigo, os que se mostram mais acessíveis são os auxílios viuvez, auxílio doença, aposentadoria e licença maternidade. O estudo indica que o atendimento médico relatado pelo grupo de estudo está dificultado e inadequado, mostrando violações ao direito humano à 10 saúde. Este pode ser transformado com melhor formação de profissionais, visando abordar os aspectos sociais que a população necessita, e claro, o desenvolvimento técnico-científico indispensável. É preciso adaptações e modificações na legislação, maior investimento financeiro na saúde, mais empregos e oportunidades para estudar. O trabalho em questão possui várias variáveis, já que foi abordado questões envolvendo saúde, doença, qualidade de vida e direitos humanos em pessoas com particularidades diferentes e isso enriquece o nosso conhecimento. A diversidade encontrada mostra que os casos devem ser avaliados com um senso de justiça, pois o seguimento de legislações pode se atentar para igualdade textual e não necessariamente contextualizada num contexto da realidade vivenciada na saúde pública. 8.FONTES CONSULTADAS A Carta Internacional dos Direitos Humanos, Década das Nações Unidas para a Educação em matéria de Direitos Humanos 1995|2004, n. 2; Constituição Federal – CF – 1988. Título VIII. Da Ordem Social. Capítulo II. Da Seguridade Social. Seção II. Da Saúde. Art. 96. FOUCAULT, Michel. Historia de la Sexualidad: la vontad de saber. Madri: Siglo XXI, 2009. p. 147, 148, 149. GONZAGA, Heron Fernando de Sousa. A força do trabalho. Uma análise crítica da OMS. 1 ed. São Paulo: Editora Unimar e Arte & Ciência, 2013. 234p. Herrera Flores, Joaquín. A (re)invenção dos direitos humanos. Florianópolis: Fundação Boiteux IDHID, 2009. p. 19, 29-30, 41, 42, 43, 129, 132. STARFIELD B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidade de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde; 2002. 726 p. 28-32.