Kivu Norte (RDC): uma população em fuga 7 de Novembro ‐ Um frágil cessar‐fogo está a desmoronar‐se na província do Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo, agravando ainda mais a já catastrófica situação humanitária em que se encontram centenas de milhares de pessoas. Nos últimos dois dias, os confrontos entre as tropas rebeldes e governamentais e os seus aliados obrigaram a mais uma fuga massiva da população. Esta manhã, milhares de pessoas fugiram do campo de Kibati, nas imediações de Goma, quando começou o tiroteio por perto. Cerca de 15.000 pessoas tinham procurado refúgio nesse campo após os conflitos da semana passada. “Esta é mais uma prova da situação de extrema vulnerabilidade em que se encontra a população”, afirma Jaya Murthy, Responsável pela Comunicação da UNICEF em Goma. “Estas pessoas foram obrigadas a fugir várias vezes. Esta pode ser a quinta ou a sexta vez que tentam escapar à violência.” A UNICEF estava no campo de Kibati a levar a cabo um programa de vacinação contra o sarampo para 13.00 crianças quando o êxodo começou. A vacinação foi interrompida. “Não sabemos o que pode acontecer, não de dia para dia mas de hora a hora,” disse Murthy. Secretário‐Geral na região O Secretário‐Geral das Nações Unidas, Ban Ki‐moon, que está em Nairobi para participar numa cimeira regional sobre a crise, manifestou a sua preocupação perante a violência em curso. Ban Ki‐moon apelou aos grupos armados para que “parem com as hostilidades que provocam tanto sofrimento à população civil e obrigam à sua deslocação.” Mas as declarações do Secretário‐Geral pouco contribuíram para minorar a catástrofe humanitária ou diminuir a violência. Nos últimos dois dias, os confrontos na cidade de Rutshuru e Kiwania provocaram dezenas de mortes, segundo a Cruz Vermelha Congolesa, alguns grupos de direitos humanos e relatos noticiosos. Alguns membros da equipa da UNICEF estavam próximo de Rutshuru e Kiwanja quando começou o tiroteio, o que obrigou à sua evacuação. “Na altura, tínhamos um comboio humanitário no terreno. Neste momento, não há acesso humanitário em toda a região de Rutshuru” afirmou um responsável da UNICEF. Casos de cólera duplicam Sem um acesso sustentado às comunidades deslocadas, a UNICEF e os seus parceiros estão preocupados com os perigos para a saúde das crianças – sobretudo com a má nutrição, o sarampo e a cólera. “Na semana passada, em praticamente todas as zonas onde há deslocados, verificou‐se o aumento dos casos de cólera” afirmou Murthy. “Mesmo em locais onde há algum acesso humanitário, tais como os imensos campos na zona ocidental de Goma, a UNICEF está a verificar um grande aumento da doença.” Segundo Murthy, os casos de cólera nos campos de Mugunga duplicaram. “Tememos seriamente que, nas zonas onde não é possível chegar, a epidemia de cólera possa vir a atingir níveis catastróficos”, alertou. Crianças em sério risco Para além da doença e da má nutrição, as deslocações implicam a ruptura da normalidade, especialmente para as crianças. “Todas as escolas na região de Rutshuru estão fechadas, bem como muitas outras na zona de Masisi”, afirmou Murthy. A UNICEF está a fornecer kits escolares e telas impermeáveis para montar salas de aula de emergência nos campos de deslocados. Mas, para as crianças cujas famílias são constantemente obrigadas a fugir dos combates, o acesso consistente à educação é impossível. A UNICEF está também muito preocupada com as crianças que ficaram separadas das suas famílias durante a fuga, bem como com as provas de recrutamento forçado de crianças por todos os grupos armados. “Sabemos que 37 crianças foram recrutadas por grupos armados durante os confrontos em Rutshuru e Kiwanja, e estamos muito preocupados com as graves tensões na região, na qual estas crianças podem estar a ser utilizadas para combater. 
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