PR ISSN 2182-0090 PORTUGUEsES DIFERENTES ENTRE IGUAIS O retrato das Doenças Raras CANCROS RAROS A vitória das crianças Raríssimas | Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras | Abril 2012 Directora: Paula Brito e Costa | Edição 6 | Bimestral | Gratuita www.rarissimas.pt www.linharara.pt [email protected] Um projecto PR Março/Abril 04 Mundo Raro 06 mimÍSSIMO 08Actual Mistérios do cérebro 10 Em Foco Dia Internacional da Criança com Cancro 12 Capa Dia das Doenças Raras: Portugal visto à lupa 22 Singularidades Drepanocitose 24 Psicologia O drama de um diagnóstico 26 Flash 28Fotorreportagem Lançamento do livro Vidas Raras Ficha Técnica Directora Paula Brito e Costa Redacção e Edição Paula Simões Design gráfico e paginação Leonel Sousa Pinto Propriedade - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras Morada R ua das Açucenas, Lote 1, Loja Dta, 1300-003 Lisboa Telefones 217 786 100 – 969 657 445 Número de Pessoa Colectiva 506 027 244 Impressão Textype Artes Gráficas Lda Tiragem 3 000 exemplares Distribuição gratuita Depósito legal 320 723/10 ISSN 2182-0090 © Publicação bimestral. Todos os direitos reservados. Editorial P Por Paula Brito e Costa, Presidente da Raríssimas Para todos! E, se de repente, a Páginas Raras deixasse de existir? Deixaria centenas de famílias ansiosas, seguramente, e uma direcção impotente face aos sucessivos cortes e entropias do Instituto Nacional para a Reabilitação, Instituto que possui enquadramento para apoiar publicações do nível das Páginas Raras. Mas não! E já lá vão dois anos! Quase como que ignorando que se fazem publicações de qualidade em Portugal, por Associações de Doentes que lutam pelos doentes com patologias raras. Este editorial não pretende ser uma crítica, apenas uma constatação de uma situação que pretendemos corrigir e, já agora, com urgência! Porque a Páginas Raras continuará a existir, pelos Marcos do nosso país! PRPÁGINAS RARAS 3 Mundo Raro Sporting solidário A Raríssimas marcou presença no encontro Sporting x Nacional, realizado no Estádio José de Alvalade, através da campanha Seja um num Milhão, destinada a angariar fundos para a Casa dos Marcos. Com uma extraordinária equipa de voluntários e a solidariedade dos adeptos, foi possível a esta instituição reunir cerca de dois milhares de euros, um valor importante para os cerca de 10% do montante ainda em falta para a conclusão da Casa dos Marcos. A todos os que colaboraram de forma solidária neste evento, o nosso obrigadÍSSIMA. Intercâmbio Raro Jetski apoia meninos raros A Federação Portuguesa de Jetski, através do seu programa de sustentabilidade, celebrou um protocolo de apoio com a Raríssimas. Esta parceria visa promover a notoriedade e divulgação das acções da Raríssimas, através da realização de diversas actividades na área desportiva. Em nome dos meninos raros deste país o nosso obrigadÍSSIMA. Luís Bernardino, director do Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, visitou a Casa dos Marcos a fim de perceber que tipo de estruturas estavam a ser montadas o nosso país com vista ao apoio de portadores de doenças raras. O pediatra mostrou-se impactado pelo trabalho desenvolvido pela Raríssimas e revelou a sua disponibilidade para o desenvolvimento de futuras parcerias, no que às doenças raras diz respeito. 4 PRPÁGINAS RARAS Raríssimas marca presença em simpósio Inatel ajuda Casa dos Marcos A grande festa de Natal do Inatel, uma iniciativa da direção de Turismo da Fundação, contou este ano com a Raríssimas e teve um propósito totalmente solidário. A Fundação Inatel atribuiu dois euros por cada inscrição nesta festa à Raríssimas, receita que reverteu para a construção da Casa dos Marcos. Paralelamente, funcionários da instituição procuraram, no decorrer desta mesma festa, angariar fundos para a mesma causa, através da venda de merchandising Raro. A Raríssimas agradece a acção solidária! Delegação do Pico tem protocolo O Presidente da Câmara de São Roque do Pico, nos Açores, reuniu recentemente com a responsável pela delegação do Pico da Raríssimas, Salomé Gomes. Este encontro serviu de base à assinatura de um protocolo de cooperação entre a Câmara de São Roque do Pico e a Raríssimas, com vista à cedência de um espaço para o funcionamento de mais um Centro RarÍSSIMO, destinado a terapias de reabilitação para portadores de doenças raras. From Health Needs and Drug Research to Market Access foi a temática central do primeiro simpósio realizado pela Sociedade Portuguesa de Farmácia Clínica e Farmacoterapia, no passado mês de Março. Mónica Inês, Research Manager da Pfizer lembrou que o processo de investigação clínica é moroso, complexo e muito dispendioso e que, neste momento, o nosso país é o segundo da Europa onde a avaliação dos medicamentos demora mais tempo. Paula Brito e Costa, Presidente da Raríssimas, foi convidada desta reunião, apresentando o trabalho da instituição e lembrando a necessidade de apoio para a Casa dos Marcos. PRPÁGINAS RARAS 5 O MimÍSSIMO é isso mesmo: um pequeno miminho que tudo vale! As grandes vencedoras do m as seguintes ra fo l ta Na de al ci pe es a ar Ti 3º Prémio 1.º prémio Oferta de uma estadia de fim de semana para 2 pessoas 2º Prémio Oferta de um jantar, para 2 pessoas, no restaurante L´Appart Oferta de um almoço de Domingo, para 2 pessoas Mariana Caldeira Mónica Jesus Ana Rita Ribeiro “Queria sentir-me princesa e numa charrete por Lisboa passear No Tiara pernoitar e com a Raríssimas festejar.” “R ar íss im as qu e ale gr ia ma is um a bo a pa rc er ia! Do Tia ra eu de sf ru ta ria e es to u cer ta de qu e sa tis fe ita de lá sa iri a e at é dir ia «s e eu po dia viv er se m o Tia ra ? Po de r po dia ... ma s nã o er a a me sm a coi sa »“ “So u um a mã e ra ra com at rib ut os es pe cia is O Tia ra um ho te l ún ico se m com pa ra çã o com os de ma is Ob rig ad a Ra rís sim as po r no s aju da r a se rm os me lho re s pa is” da vitória Estas frases foram a chave s nossos Parabéns O s. ra Ra ãs am m s ta es ra pa erecem tudo! porque vocês, mães raras, m A Raríssimas continua a procurar pequenos miminhos junto das instituições portuguesas para distribuir às nossas mãesÍSSIMAS! Uma oferta de: A MAGIA continua no ar! Oferta de 2 noites em APA, para 2 pessoas na unidade hoteleira do Inatel do Piodão. Estas noites mágicas serão do Sócio da Raríssimas que criar a frase mais original contendo as expressões Raríssimas e Inatel. Faça-nos chegar as suas frases até 15 de Abril de 2012. Rua das Açucenas, lote 1 – Loja Dta; 1300-003 – Ajuda, Lisboa • email: [email protected] • fax: 21 778 60 99 OFERTA de 1 voucher para um Menu Garçon no Brasserie Flo do Hotel Tivoli, em Lisboa, para 2 pessoas, para o sócio da Raríssimas que criar a frase mais original contendo as expressões Raríssimas e Tivoli OFERTA de 7 dias de utilização gratuita, em qualquer Health Club Holmes Place, Exclusivo aos associados da Raríssimas Não vai sair da cidade este verão ? QUE SORTE! (*) Para ter acesso a todas as condições que envolvem estas ofertas, por favor, entre em contacto com a Raríssimas através do telefone 217 786 100. Neurologia MISTÉRIOS DO CÉREBRO Novas técnicas exploram neurónios O interior do nosso cérebro constituí, desde há largos anos, um desafio. Porém, as novas técnicas de exploração neurológica in-vivo poderão fornecer dados que ajudarão a desmistificar as patologias neurológicas D D esde sempre que o funcionamento do cérebro humano tem despertado um fascínio imenso sobre o Homem. Recentemente, a Imagiologia deu um passo de gigante nesta área, utilizando scanners modernos para fornecer aos especialistas imagens detalhadas. Porém, existem locais no cérebro que dificilmente se conseguem “digitalizar”. É justamente na tentativa de chegar aí, ao mais profundo dos recantos desta estrutura, que são agora desenvolvidos novos métodos, verdadeiramente revolucionários, e que, muito provavelmente, conseguirão descodificar muitas das doenças raras em que as desordens neurológicas são sintomáticas. Segundo Bojana Stefanovic, imagiologista do Instituto de investigação Sunnybrook, em Toronto, “perceber como os tumores cerebrais ou a doença de Alzheimer surgem requer uma perspectiva mais profunda. Estes novos métodos permitem-nos investigar a vários centímetros de profundidade”, afiança. 8 PRPÁGINAS RARAS Ultrassom Seguindo o princípio do ultrassom utilizado nas grávidas, esta técnica utiliza uma frequência de som mais elevada e apurada que permite observar estruturas muito menores do que um feto em desenvolvimento, como as células sanguíneas. Com imagens em tempo real, a utilização dos ultrassons poderá facilitar a tarefa dos médicos no que se refere à colocação de equipamentos como agulhas, no local correcto. ProfundidadeVários centímetros Resolução100 µm Fotoacústica Os biólogos têm vindo Profundidade Superior a 5 cm a utilizar a fotoacúsResolução Dependente tica desde os anos 80, da profundidade: 0.5 mm de mas a sua aplicação resolução a 5 cm profundidade; ao cérebro só surgiu 1 µm de resolução a 1 mm de na última década e profundidade encontra-se ainda em fase de amadurecimento. Graças a este método, que utiliza pulsares curtos de luz, não é necessária incisão craniana. rem tumores cerebrais e lesões neurodegenerativas, com a visualização de tecidos até agora nunca digitalizados. RM para ARN Microscopia harmónica de terceira geração Este método foi criado a partir da técnica FISH (flurescência in-situ híbrido) utilizando, em vez das habituais tabelas fluorescentes, tabelas Profundidade Ilimitada magnéticas, e substiResolução 0.01–1.5 mm tuindo o método in-situ por in-vivo. Para enviar as partículas (marcadores) para os locais desejados os investigadores ligam-nas aos oligonucleotídeos (fragmentos curtos de uma cadeia simples de ácido nucleico). As células ocupam então o complexo que encontram e este, por sua vez, liga-se ao ARN-alvo (ácido ribonucleíco, responsável pela síntese das proteínas da célula). A célula transforma-se assim numa espécie de sonda não hibridizada, capaz de proporcionar um sinal de ressonância ao longo de várias horas, o que permite ao médico um estudo pormenorizado de forma a perceber anomalias neurológicas profundas. Funcionando com uma dose mais pequena de oligonucleotídeos não interfere com o gene alvo, a menos que seja esse o efeito pretendido obtendo uma imagem não-invasiva. Contudo, este método dificulta a obtenção de dados quantitativos porque a distribuição da sonda é muitas vezes heterogénea. Profundidade200 µm Resolução1 – 2 µm Graças ao desenvolvimento da ciência e ao empenho dos investigadores, os médicos têm hoje a possibilidade de compreender de forma mais clara o funcionamento do cérebro, o que permitirá a resolução de muitas doenças raras e a criação de novas terapêuticas. Afinal, diagnosticar uma doença neurológica para poderá vir a ser tão fácil e rápido como a obtenção de um RX para confirmar uma fractura. Mini-microscópio portátil Os cientistas, através de um tubo guia fino em vidro inserido directamente no órgão, colocam um microendoscópio junto às estruturas que pretendem Profundidade 200 µm, mais observar. Para a obprofundo com endoscópio Resolução 2.5 µm tenção da imagem não é necessária qualquer anestesia. Com 100 frames por segundo, os médicos terão a oportunidade de detectar rapidamente situações como alterações eléctricas a nível dos neurónios. Este microscópio de terceira geração usa os tecidos naturais para proporcionar o contraste que necessita para a obtenção da imagem. O método, sensível à hemoglobina e aos lípidos, dará a oportunidade aos médicos de observa- PRPÁGINAS RARAS 9 Em Foco DIA INTERNACIONAL DA CRIANÇA COM CANCRO Petizes vencem O a doença Anualmente, são registados 123 novos casos de cancro infantil no nosso país. Apesar do número aparentemente assustador, a verdade é que os cancros pediátricos são raros e, graças à tenacidade destes pequenos seres e às novas terapêuticas, 80% deles entram em remissão. Em Fevereiro, celebrou-se a luta destas crianças! O cancro pediátrico é «a principal causa de morte em crianças com mais de um ano, em Portugal», segundo a oncologista pediátrica Gabriela Caldas, do Instituto Português de Oncologia de Lisboa. “Os rapazes são os mais afectados, representando 54% do total de casos”, conclui a oncologista. Os tumores mais frequentes são as Leucemias, os Tumores do sistema nervoso central e os Linfomas. Ainda assim, as notícias são prometedoras uma vez que, segundo um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology, a Leucemia infantil tem, neste momento, taxas de cura na ordem dos 90%. As taxas de sobrevida de cinco anos para crianças diagnosticadas com Leucemia Linfoblástica Aguda, o tipo de cancro mais comum em jovens, subiram para 90% entre 2000 e 2005. «Esta era uma doença que era incurável na década de 60 e hoje 90% das crianças estão curadas. Isto é um avanço muito grande. A única coisa má é que ainda não conseguimos curar os restantes 10%. É nisso que temos de nos concentrar», afirmou o director do centro de cancro e desordens de sangue do Hospital Infantil do Colorado, nos EUA, coordenador deste estudo. O avanço nas terapêuticas e o diagnóstico precoce da doença têm sido imprescindíveis para a obten- Cancros pediátricos Queixas principais Tipo de Cancro • Drenagem crónica do ouvido • Histiocitose de Células de Langherans; Rabdomiossarcoma • Febre recorrente com dor óssea • Leucemia; Sarcoma de Ewing • Dores de cabeça matinais com vómitos • Tumor cerebral • Inchaço no pescoço que não responde a antibióticos• Linfomas Hodgkin e Não Hodgkin • Mancha branca no olho • Retinoblastoma • Deslocação do globo ocular, • Leucemia; Neuroblastoma; Histiocitose; Rabdomiossarcoma para a frente e para fora da órbita (Proptose) • Cara ou pescoço inchado • Linfoma não Hodgkin; Leucemia • Massa no abdómen • Tumor de Wilms, Neuroblastoma, Hepatoblastoma • Palidez e fadiga • Leucemia, Linfoma • Deficiência na marcha • Tumores ósseos, Leucemia, Infiltração metastática • Hemorragia vaginal • Tumor do saco vitelino, Rabdomiossarcoma • Emagrecimento • Linfoma de Hodgkin 10 PRPÁGINAS RARAS ção destes resultados. Porém, os investigadores tentam agora chegar aos 10% de crianças que não conseguem, ainda, salvar. Recentemente, foi divulgada no The Journal of Pediatrics, uma investigação realizada pela Faculdade de Medicina Baylor, em Houston, nos EUA que revela que algumas vacinas ministradas em crianças poderão evitar o aparecimento de cancros. Este estudo veio apenas confirmar anteriores teorias que alegavam que algumas infecções poderiam tornar a criança mais susceptível ao desenvolvimento de tumores. Paralelamente, e porque o cancro representa um dos desafios do século XXI, várias têm sido as investigações levadas a cabo na tentativa de descoberta de uma cura. Uma equipa franco-italiana de cientistas descobriu uma nova família de moléculas que bloqueiam a via de sinalização de Hedgehog, uma cadeia de complexas reacções bioquímicas que está por trás de diferentes tipos de cancro. A partir destas moléculas, os investigadores descobriram o MRT 83, um composto que, aparentemente, consegue bloquear a proliferação de células suspeitas de originar tumores cerebrais. Por cá, e enquanto a cura efectiva não chega, vão-se criando estruturas de apoio às vítimas de cancros raros. Em vigor desde Janeiro de 2010, a Lei n.º 71/2009 criou o Regime Especial de Protecção de Crianças e Jovens com Doença Oncológica que compreende a protecção na parentalidade, a comparticipação nas deslocações para tratamentos, o apoio especial educativo e o apoio psicológico. Saiba mais em http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+ portugal/noticias/arquivo/2009/8/proteccao+oncologia.htm PRPÁGINAS RARAS 11 Capa DOENÇAS RARAS Portugal visto à lupa No passado mês de Fevereiro comemorou-se o Dia das Doenças Raras. Assinalamos a data destacando 29 patologias, tantas quantos os dias deste mês especial, tendo como referência a Linha Rara e o tipo de pedido solicitados a esta helpline Acondroplasia 01 Forma mais frequente de baixa estatura, desproporcionada, de origem genética, atingindo 1 em cada 15 000 recém-nascidos. A inteligência e longevidade dos portadores são normais embora as etapas das aquisições motoras (sentar, gatinhar, andar) possam ser mais atrasadas. O tratamento com Hormona de Crescimento é controverso e os seus resultados limitados, pelo que deve ser avaliado caso a caso. A cirurgia de alongamento ósseo já está actualmente acessível no nosso país, embora seja um processo longo e doloroso. A estatura final varia nos homens entre os 120 e os 145 cm e nas mulheres entre 115 e 137 cm. Angelman 02 Doença genética detectada, geralmente, entre os dois e os cinco anos de idade e que apresenta como sintomatologia défice cognitivo, descoordenação motora, cérebro mais pequeno que o normal (microcefalia), epilepsia, perturbações do sono e doença do movimento. Estas crianças apresentam alguma particularidades comportamentais e de rosto: são muito alegres, com períodos de riso despropositados, movimentos das mãos tipo “bater de asas” e hiperactividade. Apresentam boca larga com dentes espaçados, queixo proeminente com língua caída, 12 PRPÁGINAS RARAS etc. Até ao momento não existe cura para a doença. Os doentes devem ser inseridos precocemente num programa de estimulação. Algumas medicações podem melhorar as alterações comportamentais e/ou as perturbações do sono, bem como a epilepsia. 03 Ataxia de Friedreich É uma das ataxias hereditárias recessivas mais comuns. Começa na infância ou na adolescência, mas cerca de 25% dos doentes têm formas atípicas de início tardio. Inicia-se por desequilíbrios e quedas. Surge, depois, incapacidade de articulação das palavras e descoordenação dos movimentos das mãos. Mais tarde, os músculos dos membros atrofiam e enfraquecem, a coluna deforma e os pés tornam-se cavos. Não há, neste momento, qualquer tratamento eficaz. A prática de desporto (a natação é excelente) é aconselhada durante os primeiros anos da doença e a fisioterapia deve ser regular (correcção dos desvios da coluna, treino da fala e marcha e cinesiterapia respiratória diária). Dada a alta frequência da mutação na população europeia, a identificação de um doente com Ataxia de Friedreich deveria levar a um alerta geral na família no sentido de os seus elementos fazerem aconselhamento genético. Saiba mais em www.linharara.pt As crianças são geralmente a população mais afectada por este tipo de patologias que, em 80% dos casos, é de origem genética PRPÁGINAS RARAS 13 Capa Behçet 04 Nas pessoas portadoras desta doença as células imunitárias que se encontram por todo o corpo e em particular debaixo da pele e das mucosas, reagem excessivamente aos estímulos. Trata-se de uma doença que evolui por surtos, com fases em que as pessoas andam com sintomas (de semanas a meses) alternando com outras de ausência de queixas. As manifestações mais frequentes são aftas, pequenas borbulhas, caroços vermelhos e dolorosos que surgem habitualmente nas pernas, manifestações oculares, dores acentuadas nas articulações, flebites de repetição, úlceras, dores de cabeça entre outros problemas. Embora ainda sem cura, esta patologia pode ser tratada através da administração de anti-inflamatórios, analgésicos, anticoagulantes, imunomoduladores, imunossupressores e medicamentos biológicos. 05 Bernard-Soulier Doença hemorrágica hereditária rara caracterizada por uma redução moderada no número de plaquetas e pela presença de plaquetas gigantes. Os doentes com Bernard-Soulier têm maior tendência para sofrer de hemorragias das mucosas. O diagnóstico é feito habitualmente nos primeiros anos de vida, na sequência do aparecimento de equimoses, hemorragias nasais ou gengivais e/ou, mais tarde, por hemorragias abundantes após extracções dentárias, traumatismos, cirurgias ou por menstruações abundantes (no caso das senhoras). Não há um tratamento específico para a síndrome de Bernard-Soulier embora se aconselhe aos doentes com hemorragias frequentes, a fim de evitar a anemia, que façam suplementação com ferro. 06 Charcot-Marie-Tooth Neuropatia hereditária caracterizada por uma degeneração lenta e progressiva dos músculos dos pés, pernas, 14 PRPÁGINAS RARAS mãos e antebraços, acompanhada de perda moderada da sensibilidade dos membros e dos dedos das mãos e dos pés. A neuropatia motora crónica resulta na deformação dos pés e dedos em martelo. A idade de início da doença ocorre, geralmente, entre a primeira e a terceira década de vida. Até ao momento, não existe uma terapia específica para a Charcot-Marie-Tooth, sendo o tratamento desta doença sintomático e focado na fisioterapia e intervenções ortopédicas, para corrigir as deformações dos pés. 07 Cornelia de Lange De expressividade variável, esta patologia é caracterizada por baixo peso à nascença, crescimento lento, baixa estatura e microcefalia (cabeça pequena). Existem também apresentações faciais comuns a muitos dos casos de Cornélia, nomeadamente os mais graves: sobrancelhas finas e geralmente unidas (sinófrio), pestanas longas, nariz curto e arrebitado, lábios finos e inclinados para baixo, e refluxo gastroesofágico. Actualmente, a Cornélia não tem cura e o seu diagnóstico é, maioritariamente, clínico. O seguimento destes doentes deve ser feito por uma equipa multidisciplinar, num centro de referência que inclua Pediatria de Desenvolvimento, Genética, Neuropediatria, Gastrenterologia Pediátrica, Oftalmologia, ORL e Estomatologia, assim como equipa de estimulação global, terapia da fala e fisioterapia. 08 Ehlers Danlos Grupo de anomalias herdadas através de mutações genéticas que interferem com a produção de colagénio, uma proteína fibrosa que confere resistência e elasticidade ao tecido conjuntivo – pele, tendões, ligamentos, cartilagem, paredes de órgãos e vasos sanguíneos. Os sintomas mais frequentes são hipermobilidade articular, fragilidade e relaxamento cutâneo, hérnias, luxações, Saiba mais em www.linharara.pt As doenças raras constituem uma verdadeira miríade para os especialistas. Semanalmente, cinco novas doenças são identificadas fraqueza/hipotonia muscular, atraso do desenvolvimento motor, escoriações frequentes e de difícil cicatrização, anomalias das válvulas cardíacas e ruptura espontânea de artérias, aneurismas ou órgãos ocos. A doença não tem cura, tratando-se apenas os sintomas e prevenindo as complicações. A fisioterapia para fortalecimento dos músculos é igualmente aconselhável. podem ser hemorrágicas. As lesões costumam cicatrizar deixando marcas significativas que podem acarretar a restrição de mobilidade da pele nos locais afectados. Também é comum o surgimento de milia (pequenos pontos brancos) após a cicatrização das feridas. Na maioria dos doentes, o início da doença costuma ser lento e a evolução arrastada. Epidermólise Bolhosa Esclerose Lateral Amiotrófica 09 Doença genética rara, incapacitante, deformativa e dolorosa, caracterizada por bolhas e lesões na pele e nas membranas mucosas ao mínimo contacto ou fricção. Estas bolhas podem também surgir nas áreas da pele mais sujeitas a traumas, como a superfície extensora dos cotovelos, joelhos, tornozelos, mãos e nádegas. As bolhas 10 Doença que causa uma perda progressiva dos movimentos e da fala devido à morte dos neurónios motores. O envolvimento predominante é o da musculatura dos membros (membros superiores mais que os inferiores), seguindo-se comprometimento bulbar (responsável por conduzir PRPÁGINAS RARAS 15 Capa os impulsos nervosos), geralmente de carácter assimétrico. Muitas vezes, precedendo ou seguindo-se à instalação dos sintomas, os pacientes queixam-se de cãibras. Fraqueza, atrofia e contracção involuntária, localizada e descoordenada dos músculos dos membros são sinais clínicos mais proeminentes. Mais tarde, são afectadas as funções vocais e respiratórias. 11 Esclerose Tuberosa Doença genética que perturba a normal diferenciação, proliferação e migração das células, numa fase precoce do desenvolvimento, resultando na formação de uma variedade de tumores benignos que podem ter repercussões importantes no desenvolvimento da criança. Sintomas neurológicos, como epilepsia e perturbação no desenvolvimento psicomotor fazem parte do quadro clínico da doença. No entanto, os sintomas e sequelas provocados pela Esclerose Tuberosa são muito variáveis e dependem da ocorrência, número e localização das lesões tumorais que possam existir em, praticamente, qualquer órgão mas, sobretudo, no coração, pele, rins, pulmões e retina. Spina Bífida 12 Malformação congénita, que ocorre no primeiro mês de gestação e que se caracteriza pelo encerramento incompleto do tubo neural (estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e à medula espinal) e dos arcos vertebrais posteriores. Esta malformação pode apresentar diferentes graus de comprometimento neurológico, dependendo da localização e extensão da lesão. Em Portugal, estima-se que nasçam, em média, 9,35 crianças com a malformação em cada 10 000 nascimentos. Esta lesão poderá originar paralisia e analgesia dos membros inferiores, escoliose, luxação bilateral da anca, pés calcâneo/valgus/equinos/varus ou outras formas associadas), urológico (bexiga neurogénica, 16 PRPÁGINAS RARAS 13 incontinência do esfíncter vesical) e intestinal (incontinência do esfíncter anal, caracterizado por emissão constante de fezes). Espondilite Anquilosante Doença reumática inflamatória crónica, com uma prevalência, na população europeia, de cerca de 1 por cento e que afecta principalmente as articulações da coluna. Evolui ao longo do tempo, com dor e rigidez na parte inferior do tronco que tende a ser mais intensa de manhã ou a seguir a um período de repouso. A doença pode atingir a parte inferior ou superior do tronco e enfraquecimento dos músculos das regiões dorsal e lombar. Poderá ainda atingir as ancas, joelhos e ombros e ocasionar dores no peito, resultantes da inflamação das articulações da caixa torácica. A complicação mais frequente é a inflamação ocular e a idade habitual dos primeiros sintomas é entre a segunda e terceira década de vida. Fenilcetonúria 14 Doença hereditária do metabolismo proteico envolvendo uma alteração genética que leva ao défice de uma enzima hepática (Hidroxilase da Fenilalanina) fundamental para o metabolismo da Fenilalanina, um Aminoácido Essencial. Este defeito enzimático leva a uma elevação da concentração da Phe plasmática que dá origem a intoxicação por acumulação de metabolitos alternativos. Esta acumulação provoca vários danos irreversíveis a nível do cérebro, levando ao atraso mental e de desenvolvimento mais ou menos grave. Fibrose Quística 15 A Fibrose Quística também chamada de FQ ou CF (iniciais da doença em inglês) ou Mucoviscidose (nome Saiba mais em www.linharara.pt dado em França) é a doença genética e hereditária, mais frequente na raça caucasiana, com uma incidência na população de origem europeia de 1 em cada 2000 – 4000 nascimentos por ano. Em Portugal, calcula-se que nasçam por ano cerca de 30 – 40 crianças com FQ. É uma doença que surge com o mau funcionamento das glândulas exócrinas do organismo (as de secreção externa). É a nível dos pulmões e do intestino que a doença se manifesta com mais frequência, interferindo com a respiração e a digestão dos alimentos. As glândulas sudoríperas também são afectadas produzindo um suor mais salgado. Gaucher 16 Doença que resulta da mutação do gene que contém Glicocerebrosidase, uma enzima que processa o glicocerebrosídeo, um tipo de gordura. Os doentes de Gaucher, como têm uma enzima deficiente não fazem o processamento desta gordura acabando por se acumular, progressivamente, nas células (macrófagos). Estas células espalham-se, principalmente, no fígado e baço, podendo ainda ser encontradas na medula óssea, o que provoca o enfraquecimento dos ossos. Os principais sintomas da doença são palidez, cansaço, fraqueza devido à anemia, sangramento (principalmente de nariz) por diminuição do número de plaquetas,manchas roxas (equimoses e hematomas), dores nas pernas e nos ossos (alguns pacientes quebram os ossos com muita facilidade, até mesmo com uma leve pancada), dor e distensão abdominal por aumento do baço e do fígado (hepatoesplenomegalia). As alterações físicas estão presentes em muitas destas patologias levando, frequentemente, à discriminação Huntington 17 Doença autossómica dominante cujo defeito genético está localizado no braço curto do cromossoma 4. Os sintomas começam, frequentemente, de modo insidioso, entre os 30-50 anos de idade e são caracterizados por PRPÁGINAS RARAS 17 Capa coreia progressiva, distonia, alterações dos movimentos oculares, alterações da personalidade e demência progressiva. O curso é lentamente progressivo, conduzindo inexoravelmente à incapacidade extrema, em cerca de 15 anos. Além dos movimentos involuntários, a avaliação neurológica pode revelar uma hipotonia muscular generalizada, com diminuição da resistência aos movimentos passivos dos membros. Kawasaki 18 É, actualmente, a primeira causa de doença cardíaca adquirida nas crianças dos países desenvolvidos. Embora a sua etiologia seja desconhecida o facto de aparentemente ocorrer por surtos epidémicos, com sinais de inflamação aguda, sugerem uma origem infecciosa. Cerca de 80% das crianças afectadas têm menos de 5 anos de idade. Em Portugal, a incidência anual é de 3 – 5 casos/100 000 crianças com idade inferior a cinco anos. As manifestações predominantes são uma baixa estatura pós-natal (83%) e deficiência cognitiva, ligeira a moderada (92%). As anomalias mais frequentes são as renais (em 40 a 50%), as cardiopatias congénitas (em 30 a 58% dos casos) e a fenda palatina (40%). Há ainda alterações dentárias com frequência (em mais de 60% dos casos). 19 Machado Joseph Doença neurodegenerativa, com início na idade adulta, que provoca perda progressiva das capacidades, sobretudo no que respeita à coordenação motora. Resulta de uma mutação do gene que codifica uma proteína, a ataxina-3. Os principais sintomas são a descoordenação da marcha, o desequilíbrio, dificuldades a nível da deglutição, dificuldades a nível da fala, visão “dupla” e “enevoada”, olhos protuberantes, rigidez dos membros e atrofia muscular. Não é possível evitar que a doença se manifes- 18 PRPÁGINAS RARAS te, no entanto, é possível, a partir dos 18 anos, aceder ao teste preditivo. Este teste permite que o indivíduo saiba se é, ou não, portador da doença. A partir daí, é-lhe possível decidir se quer ou não ter filhos, bem como reestruturar, se necessário, outros projectos de vida. 20 Osteogénese Imperfeita As Osteogéneses Imperfeitas são um grupo de doenças hereditárias, responsáveis por graus variados de fragilidade óssea. Um traumatismo minor é suficiente para causar fracturas e deformações ósseas. A incidência/prevalência precisa destas doenças não é conhecida actualmente. O diagnóstico é frequentemente feito na infância; alguns casos, no entanto, permanecem por diagnosticar até à idade adulta. Um seguimento multidisciplinar ao longo de toda a vida é imperativo. A terapia com Pamidronato, na infância, é o tratamento mais extensamente estudado, tendo-se provado benéfico. A prevenção das deficiências de vitamina D e cálcio são essenciais ao longo da vida. Estão disponíveis várias técnicas ortopédicas e cirúrgicas para reduzir as fracturas e corrigir as deformações. A dor é comum e deve ser também alvo de seguimento. 21 Paraparesias Espásticas Hereditárias Grupo genético e clinicamente heterogéneo de patologias neurodegenerativas, caracterizadas por espacidade (espasmos) progressiva e por reflexos muito activos ou excessivamente reactivos dos membros inferiores. Estima-se que a doença afecte 1 em cada 20 000 indivíduos na população geral Europeia, com variações em populações específicas. A PEH poderá ser herdada de forma autossómica dominante recessiva, ou de forma recessiva ligada ao cromossoma x, sendo que existem diversas formas múltiplas e dominantes. A maioria das famílias (7080%) apresentam uma hereditariedade autossómica do- Saiba mais em www.linharara.pt 23 Um exame pré-natal cuidado e objectivo poderá contribuir para um diagnóstico precoce da doença rara minante, enquanto os restantes casos seguem um modelo recessivo de transmissão. O tratamento é sintomático incidindo sobre medicação miorrelaxante (relaxamento dos músculos) e reabilitação funcional. Prader-Willi 22 De origem genética (ausência de alguns genes no cromossoma 15) e com uma incidência de 1 para 15 000 nados vivos esta síndroma ocorre em ambos os sexos e em todos os grupos raciais tendo características mais ou menos comuns nos seus portadores: movimentos fetais diminuídos, hipotonia durante o período neo-natal, mãos e pés pequenos, baixa estatura, testículos recolhidos, atraso mental e obesidade, grave, que se estabelece na primeira infância devido a hiperfagia (ingestão de comida em excesso). Os afectados apresentam um marcante quadro obsessivo-compulsivo em relação à comida. Alguns investigadores crêem que a patologia poderá ser originada por uma disfunção no hipotálamo. Rett Patologia grave e global do desenvolvimento que atinge o sistema nervoso central. Após o primeiro ano de vida, verifica-se a desaceleração do crescimento do perímetro cefálico. As meninas nascem sem qualquer sinal aparente de anormalidade e parecem desenvolver-se normalmente entre os 6 e os 18 meses de vida altura em que se começa a verificar um dos principais sinais clínicos da doença - as estereotipias das mãos. A partir desta idade, estagnam a sua evolução e começam a apresentar sinais de regressão física e neurológica. Começam a perder a capacidade de usar as mãos, têm problemas de equilíbrio, deixam de falar, podem perder a marcha e demonstram sérios problemas de relacionamento com os outros, evitando, por exemplo, o contacto visual. Sarcoidose 24 Afecta qualquer sistema de órgãos e apresenta uma grande variedade de sinais e sintomas. A Sarcoidose PRPÁGINAS RARAS 19 26 Capa afecta principalmente jovens e adultos de meia-idade. A causa permanece um enigma. Muitos especialistas acreditam que a Sarcoidose pode ser precipitada por vários agentes. Muitos doentes são assintomáticos sendo diagnosticados por achados ocasionais na radiografia do tórax (20 a 40%). Naqueles que existem sintomas, os mais comuns são tosse e dor torácica. Existe ainda acometimento da pele, dos olhos, dos gânglios linfáticos periféricos ou do fígado em 10 a 25% dos doentes. O diagnóstico faz-se através da apresentação clínica e curso da doença, por exclusão de outras doenças granulomatosas e, na maioria dos casos, por confirmação histológica através de biopsia dos granulomas. O diagnóstico diferencial é extenso e deve incluir infecção e neoplasia. Os corticosteróides são a terapêutica de primeira linha. Sjögren 25 Doença crónica auto-imune, em que o sistema que normalmente protege o nosso organismo de doenças e infecções fica desregulado e ataca tecidos saudáveis do próprio corpo. A doença surge sobretudo entre os 40 e 50 anos, sendo comum em idades mais avançadas. O alvo principal são as células epiteliais das glândulas exócrinas atingindo, em especial, as glândulas lacrimais e salivares, originando sintomas que caracterizam a doença: olhos secos e boca seca. A secura de outros tecidos como a pele, mucosa nasal e vaginal são também muito frequentes. A síndroma pode ainda causar problemas noutras partes do organismo como articulações, músculos, pulmões, rins, tiróide, fígado, pâncreas, estômago, nervos e cérebro, provocando sinais e sintomas diversos consoante os órgãos envolvidos. A febre, perturbações do sono e fadiga são sintomas frequentes. Embora não haja cura para a doença, há tratamentos que aliviam os sintomas e previnem as complicações decorrentes da secura das mucosas. 20 PRPÁGINAS RARAS Tetralogia de Fallot Combinação de anomalias cardíacas que abarcam um defeito importante numa das membranas ventriculares (tabique), um nascimento anormal da aorta que permite que o sangue desprovido de oxigénio flua directamente desde o ventrículo direito até ela, uma redução do orifício de saída do lado direito do coração e um aumento da grossura da parede do ventrículo direito. Os bebés com esta patologia apresentam, geralmente, um sopro cardíaco que se ouve no momento do nascimento ou pouco tempo depois. Têm uma cor azulada (cianose) porque o sangue que circula pelo corpo não está suficientemente oxigenado. Alguns bebés mantêm-se estáveis com um grau leve de cianose, motivo pelo qual é possível remediar os seus defeitos nos anos seguintes. Outros apresentam sintomas mais graves que interferem no seu normal crescimento e desenvolvimento. Estas crianças podem sofrer agravamentos súbitos, nos quais a cianose piora de repente em resposta a certas actividades, como chorar ou fazer força para evacuar. O bebé ganha uma tonalidade muito azulada, sufoca e pode perder a consciência. Estas crianças necessitam de ser operadas para corrigir o problema. A correcção cirúrgica do problema consiste em reparar o defeito do septo ventricular abrindo a estreita passagem do ventrículo direito e a estreita válvula pulmonar, assim como o encerramento de qualquer ligação artificial entre a aorta e a artéria pulmonar. Turner 27 Anomalia cromossómica associada à delecção parcial ou completa do cromossoma X, sendo estimada uma incidência de 1 caso em cada 5000 nados-vivos. É comum nestas crianças uma baixa estatura, infantilismo sexual, anomalias ósseas, linfoedema, surdez, comprometimento gastrointestinal, cardiovascular e da tiróide. As medidas de intervenção incluem terapia com hormona de crescimento e acompanhamento multidisciplinar. Saiba mais em www.linharara.pt 28 Uma doença considera-se rara quando afecta 1 pessoa em cada 2000 variando, em prevalência, por motivos raciais e, até, demográficos Gilles de la Tourette Distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por múltiplos tiques motores e fónicos, que flutuam de intensidade, com um padrão característico de exacerbações e remissões ao longo do tempo. Esta patologia tem um grande impacto na vida social e familiar dos doentes e está associada à hiperactividade, défice de atenção e distúrbio obsessivo-compulsivo. A sua prevalência varia entre 0,5 e 3,8%, dependendo dos estudos, sendo mais frequente no sexo masculino. Apesar de alguns avanços científicos sobre a fisiopatologia, imagem funcional, genética e terapêutica, a abordagem da síndrome constituí, ainda hoje, um desafio clínico. O melhor prognóstico parece estar associado com o reconhecimento precoce e a abordagem terapêutico-comportamental direccionada às áreas mais disruptivas para a criança. Williams 29 Doença congénita caracterizada por feições faciais típicas, anomalias cardíacas congénitas, atraso no crescimento e desenvolvimento, bem como um quadro do fenótipo comportamental muito típico. A incidência da doença é cerca de 1/20 000 recém-nascidos. A descoberta de que uma microdeleção “de novo” no braço longo do (7q11.2) cromossoma 7, que é o defeito genético, mais comum, responsável por 90% dos casos desta patologia, e a existência de métodos simples de teste genético, reduziram a idade média de diagnóstico nos últimos anos. As características faciais são muitas vezes descritas como sendo idênticas às de um “duende” São também, habitualmente, execessivamente faladoras. As dificuldades de alimentação são comuns nos primeiros anos de vida, enquanto a obesidade é mais frequente na primeira década. A puberdade precoce é característica em cerca de 20% dos doentes, especialmente, do sexo feminino. PRPÁGINAS RARAS 21 Singularidades A A Drepanocitose p Drepanocitose (anemia de células falciformes) é uma anemia hemolítica hereditária que cursa com vaso-oclusão dos capilares, provocando lesões isquémicas acompanhadas de dores muito violentas. As manifestações são predominantemente a nível ósseo, pulmonar, renal, esplénico, sistema nervoso central e genital (priapismo) e traduzem lesões multiorgânicas. O diagnóstico é, em geral, no 1º ano de vida, num lactente que chora, está irritado, tem edema dos pés e das mãos e uma anemia hemolítica com células falciformes (drepanócitos) no esfregaço de sangue periférico. A severidade clínica é heterogénea, dependendo de factores genéticos e socioeconómicos. A Hemoglobina (Hb) S é frequente nos Africanos, mas também existe nos Portugueses caucasianos. A Drepanocitose é devida à presença de uma Hb anormal – Hb S, que polimeriza, quando há baixa tensão de O2, deforma os eritrócitos que ficam rígidos, lesam o endotélio vascular e provocam obstrução dos capilares. O diagnóstico é feito por 22 PRPÁGINAS RARAS O diagnóstico é, em geral, no 1º ano de vida, num lactente que chora, está irritado, tem edema dos pés e das mãos e uma anemia hemolítica com células falciformes (drepanócitos) no esfregaço de sangue periférico um estudo de Hbs (HPLC), ou por electroforese Hbs, onde se detecta Hb S e Hb F e Hb A2 em pequenas quantidades. O teste de solubilidade confirma o diagnóstico. A maioria dos doentes com Drepanocitose tem homozigotia para a Hb S (SS), mas também podem ser SC, SD, SO-Arab ou S/β-talassemia. Os portadores de Hb S (AS) não têm a doença e têm parâmetros hematológicos normais. Um casal em que ambos os elementos são AS, ou um é AS e o outro tem outra variante de Hb ou β-Tal, tem, em cada gestação, 25% de probabilidade de ter um filho com Drepanocitose. A este casal deve ser oferecido o aconselhamento genético e, se indicado, o diagnóstico pré-natal. Quando é detectada uma HbSd deve ser feita a identificação de outros portadores na família, em idade de ter filhos. O cônjuge deve fazer um hemo- grama e um estudo de Hbs. Devido às múltiplas complicações, os doentes com Drepanocitose devem ser tratados em centros especializados, com equipas multidisciplinares. O diagnóstico precoce é importante para iniciar a prevenção das infecções, que deve ser feita até aos 5 anos de idade. O calendário vacinal deve incluir a vacina anti-hemófilos, anti-pneumococos, anti-meningococos e anti-hepatite A e B. A tendência para situações infecciosas é um dos quadros sintomáticos da doença pelo que o diagnóstico precoce é fundamental por Maria Letícia de Sousa Ribeiro, hematologista in “Doenças Raras de A a Z”, Volume I Os principais factores desencadeantes dos fenómenos de vaso-oclusão são as infecções, a febre, a desidratação e as mudanças bruscas de temperatura. Os doentes devem ser bem informados para evitar estas situações. Nos episódios dolorosos deve ser instituída, de imediato, uma analgesia eficaz e administrados líquidos em abundância. As infecções devem ser prontamente tratadas, tendo em atenção que estes doentes desenvolvem hipoesplenismo por fibrose do baço. A transfusão de eritrócitos tem indicações muito estritas e, na maioria delas, devem ser feitas transfusões permuta. Todos os doentes devem tomar ácido fólico. O tratamento com Hidroxiureia reduz o número e a gravidade dos fenómenos vaso-oclusivos. Os casos mais graves podem beneficiar de transplante de progenitores hematopoiéticos. Saiba mais em www.scinfo.org www.enerca.org www.orphanet.pt www.chc-hematologia. org PRPÁGINAS RARAS 23 Psicologia O DRAMA DE UM DIAGNÓSTICO Frases re(feitas) Q “O seu bebé tem uma doença rara”. A notícia cai, inevitavelmente, como uma bomba que rebenta com a alegria fugaz de ter um filho com saúde, perfeito... Lidar com a situação de forma coerente e racional parece ser quase impossível... Q uando encontramos alguém que vai ser sempre com a intenção de confortar, atribuem mãe ou pai em breve, a questão que se aos pais supostas emoções fazendo afirmações impõe é: “É menino ou menina?” com a rescomo – “deves estar a sentir-te assim”, “deves posta quase chavão “o importante é que venha estar a pensar muito em…”, exercendo uma perfeitinho e com saúde!…”. Um comentário pressão social para que ajam e sofram de deque é, afinal, um projecto de vida que se reveste terminada maneira, o que pode causar tanta ou Mafalda da Costa de imagens, sonhos, expectativas, da idealizamais angústia que aquela que já trazem, gePsicóloga ção de uma pessoa que ainda não se conhece rando tantas vezes sentimentos de culpa – “se o rosto. Meses depois, o bebé idealizado tornacalhar devia sentir-me desta maneira” ou “eu -se real! Conhecemos-lhe o rosto… Materializa-se numa devia estar a reagir assim!”. O acompanhamento psicológico, desde verdade, mais ou menos coerente com a imagem pré-ideo momento do diagnóstico, assume um alizada por quem os esperou tão ansiosamente. Neste (re) papel determinante na qualidade de vida encontro voltamos a apresentar-nos, o nome previamente da família e das relações entre os seus escolhido ganha corpo, ou então escolhe-se ali, cara a membros, ajudando a criança e a família a lidar com cara com o nosso futuro e a suposta garantia de imortaos aspectos emocionais, secundários à doença física. lidade. Mas, numa fracção de segundos, tudo muda. Este A criança pode ter uma melhor ou pior percepção das bebé afinal não se tornará adulto, não será “doutor“. Estes complicações e desenlace da sua doença, consoante a pais não vão ser avós. O prognóstico de uma mortalidaidade e nível de entendimento da realidade. Algumas de precoce chega como intruso numa casa onde não foi crianças, quando doentes, têm medo da morte. Para muiconvidado. Toda a idealização feita em torno deste bebé tas, e sempre que possível, é importante falar sobre estes é substituída por uma nova realidade. Todas as crenças, medos, sobre a percepção que têm da morte e sobre o projectos, certezas, construídas até esse momento, terão que possam estar a fantasiar sobre ela. Noutros casos, a de ser reformuladas, reajustadas a uma nova situação – criança não tem conhecimento do seu prognóstico mas uma curta e tantas vezes dolorosa esperança de vida, que responde aos comportamentos “estranhos” dos seus pais, exige o reajuste de toda a dinâmica familiar. pelo que a intervenção psicológica não se esgota no doSurgem de novo as frases feitas, agora refeitas numa ente em si mesmo, mas alarga-se à família ou outras pesrealidade cruel... Amigos, familiares e todos em redor, 24 PRPÁGINAS RARAS O prognóstico de mortalidade precoce é sentido como uma interrupção dos projectos de vida da família soas que tenham um significado especial para a criança e cujo estado emocional poderá actuar na forma como a criança lida com as suas próprias angústias. Em Psicologia, muitos têm sido os autores que se têm debruçado sobre as emoções associadas a estados de doença crónica e terminal, catástrofes e outros eventos significativos e traumáticos, apresentando inclusive modelos e fases desse processo. Um dos mais conhecidos classifica o processo de elaboração da perda em cinco fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. É frequente a experiência de sentimentos de negação, evitamento, isolamento, culpa, stresse, medo (do sentimento de perda, de assistir ao sofrimen- to da criança, de não ser capaz de lidar com a situação, de não lhe conseguir dar um bom cuidado, por exemplo), sintomatologia depressiva como perda de energia, dificuldades de concentração, alterações nos padrões de sono e de apetite, inconstância emocional, entre outros. No entanto, nem todas as pessoas reagem da mesma forma, pelo que não se deve cair no erro de assumir que esta pessoa está a experienciar esta ou aquela emoção, simplesmente porque é frequente ou vem nos livros. É importante que as famílias se permitam estar tristes, explorem e se confrontem com as suas angústias e medos, com a liberdade de sentir e de se exprimir, sem constrangimentos, sem a intromissão de barreiras erigidas pela vergonha ou preconceitos. A intervenção do psicólogo ajudará o doente a lidar com as mudanças associadas à doença física e aos seus constrangimentos e deverá apoiar as famílias, incentivando vínculos, potenciando a comunicação e o seu envolvimento, trabalhando na atribuição de novos significados e no reajustamento e reelaboração das expectativas, refazendo as frases, por forma a preparar a família para a desfruta do tempo precioso que têm juntos. PRPÁGINAS RARAS 25 Flash Sofia Duarte, médica do hospital D. Estefânia, recebeu recentemente do International Research Promotion Council o prémio Eminent Scientist of the Year 2012, na área de Ciência e Medicina, pelo seu trabalho em Neuropediatria. Dominant and recessive RYR1 mutations in adults with core lesions and mild muscle symptom foi o trabalho distinguido em que se procurava explicar o desenvolvimento normal do cérebro e a forma como algumas doenças interferem com esse desenvolvimento. Segundo a investigadora, os resultados deste trabalho poderão contribuir para melhorar o diagnóstico das doenças relacionadas com perturbações da neurotransmissão. 26 PRPÁGINAS RARAS Segundo uma investigação publicada na revista Neurology, a presença de altos níveis da proteína VILIP-1 no líquido cefalorraquidiano parece estar A investigadora portuguesa Renata Gomes recebeu o prémio de prata, na categoria de Biologia, atribuído pelo Parlamento britânico aos melhores projectos de investigação realizados em Inglaterra. Segundo a especialista, o seu trabalho directamente relacionada com uma deterioração mais rápida da capacidade mental. Conforme explica Rawan Tarawneh, professora-adjunta de neurologia na Universidade da Jordânia e autora do estudo, consistiu na criação de uma nanopartícula que “trabalha na regeneração de tecidos e órgãos, neste caso o coração, após doença ou acidente”. O prémio SET for Britain é organizado pelo Parlamento e pretende dar a conhecer aos deputados o que de melhor se faz nas áreas de Biologia, Engenharia e Física. Cofinanciado pela Universidade de Coimbra, o trabalho de Renata Gomes foi distinguido entre 60 finalistas por um júri de especialistas. “o VILIP-1 parece ser um indicador do dano nas células cerebrais causado pelo mal de Alzheimer e pode ser útil para prever a progressão da doença”, salienta. Os cientistas acreditam que a VILIP-1 age como um sensor de cálcio nas células cerebrais. Esta proteína é libertada no líquido cefalorraquidiano quando as células do cérebro são danificadas e, segundo os pesquisadores, revelaria a extensão dos danos causados pelo Alzheimer. Realizou-se, no passado mês de Fevereiro, o I Simpósio sobre Genodermatoses. Organizado em conjunto pela Associação Portuguesa de Epidermólise Bolhosa e pela Associação Portuguesa de Portadores de Ictiose, este encontro teve lugar no Auditório Municipal de Matosinhos e contou com a presença de alguns dos maiores especialistas portugueses sobre a matéria. Conceitos fundamentais sobre Epidermólise Bolhosa e Ictiose, a importância dos registos nacionais, genodermatoses nos cuidados intensivos neonatais, cuidados da pele, implicações nutricionais, afecções oftalmológicas e fisioterapia foram alguns dos temas explorados. O Infarmed lançou, recentemente, a Plataforma Nacional de Ensaios Clínicos (PNEC), com vista a aumentar o número destes testes em Portugal, nomeadamente no que se refere a ensaios com doentes portadores de patologias raras. Recorde-se O péptido P144 obteve resultados satisfatórios no ensaio clínico para o tratamento de fibrose cutânea associada à Esclerodermia. Segundo os investigadores, esta biomolécula é um eficaz inibidor da citoquinaTGF-ß, que regula a proliferação celular e é responsável pela capacidade de estimulação da produção de matriz extracelular, principalmente colagénio. Os investigadores da Universidade de Navarra já anteriormente tinham revelado que o péptido P144 tinha mostrado excelentes resultados, em modelos pré-clínicos, como um composto antifibrótico, pelo que sugeriram que esta molécula poderia vir a desempenhar um papel adequado ao desenvolvimento de terapias eficazes no tratamento de diversas doenças relacionadas com processos fibrogénicos, tal como a Esclerodermia. que, actualmente, estão a decorrer 330 ensaios, sendo as principais áreas envolvidas a oncologia, doenças infecciosas e doenças do sistema nervoso. Emília Monteiro, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, adiantou que 93 por cento dos ensaios realizados em Portugal são apoiados pela indústria farmacêutica. O Centro hospitalar da Universidade de Coimbra, o de Lisboa Norte e o do Porto são as unidades hospitalares que mais contribuem para a realização de ensaios clínicos em Portugal. PRPÁGINAS RARAS 27 Fotorreportagem VIDAS RARAS Ecos de esperança Os protagonistas de Vidas Raras marcaram presença no lançamento partilhando, de forma emotiva, as suas experiências Dar voz e alento aos portadores de doenças raras, num discurso contundente, tantas vezes amargo, carregado de emoções e fé. Foi esta a génese desta obra, da chancela da Raríssimas, que, de forma absolutamente gratuita, poderá ser partilhada pelos doentes destes país, espelhando as suas realidades, tantas vezes esquecidas... Fotos de Carlos Sargedas 28 PRPÁGINAS RARAS Paula Simões, autora dos textos e Leonel Pinto, responsável pelo design Paula Brito e Costa, Presidente da Raríssimas, no discurso de abertura Rodrigo Moita de Deus e Conceição Queiroz conduziram a apresentação do evento Isabel Mota, Administradora da Fundação Calouste Gulbenkian, António Gama da Silva, então Director Geral da Octapharma Portugal e Francisco George, Director Geral da Saúde, parceiros da Raríssimas António Vaz Carneiro, Presidente do Conselho Científico da Raríssimas e José Manuel Silva, Bastonário da Ordem dos Médicos participaram activamente na tertúlia que sucedeu à apresentação do livro Vidas Raras PRPÁGINAS RARAS 29 Doações Raras | A Raríssimas agradece às seguintes pessoas/entidades o gesto solidário: Alexion Pharma International, SARL; Ana Cristina Brilhante Gonçalves Pereira Flores; AVV–AROEIRA – Componentes e Sistemas Eléctricos; BCP – Colaboradores; Banco Finantia, S.A.; Banco Popular Portugal, S.A.; Biomarin Europa Limited; CGD – Caixa Geral de Depósitos; Companhia Portuguesa de Hipermercados; CTT – Correios de Portugal, S.A.; ElogioVerde – Construção Manutenção Jardins, Lda.; Endemol Portugal, Lda.; Fundação Inatel; Imorey, Empreendimentos Imobiliários e Turísticos, Lda.; Instituto de Medicina Molecular; Isabel Cristina O. Santos Castro; João Luís Caseiro Rodrigues; Joaquim Alberto Magalhães Teixeira; Joaquina Maria Magalhães Teixeira; Junta de Freguesia de Barca; Linea Médica – Dispositivos Médico-Cirúrgicos, S.A.; Lisgarante – Sociedade de Garantia Mútua, S.A.; Maria Almeida Conceição Marta; Maria da Conceição Magalhães Teixeira; Maria Júlia Alves de Moura Ferreira; Marta Raquel Pereira S.Teixeira; Master Natura–Gestão de Espaços Verdes, Lda.; Merck Sharp & Dohme, Lda.; MERCK, S.A.; PM7 – Project Management, Lda; PRIPT – Business Software Solutions, Lda.; Sentidos Rurais, Lda.; Soja de Portugal, SGPS, S.A.; Sorriso Solidário; Teresa Lucília Rangel de Oliveira Soares; Tintas Dyrup S.A.; Vila Galé – Sociedade de Empreendimentos Turísticos S.A.; Virgínia Silva Ribeiro; Vozes do Presente, S.A. A palavra aos doentes Na próxima edição teremos uma nova rúbrica na Páginas Raras, com vista a criar empatia com o público alvo desta revista e melhorarmos a qualidade do nosso trabalho. Para isso, apelamos à participação e apoio de todos vós. Escrevam, por carta ou mail, para a Raríssimas e digam-nos que temáticas gostariam de ver aqui abordadas. Exponham as vossas dúvidas, expectativas ou meras curiosidades. As páginas desta rúbrica serão, integralmente, vossas! Enviem as vossas sugestões para: Raríssimas Rua das Açucenas, lote 1 – loja dta. 1300-003 Ajuda – Lisboa ou email: comunicaçã[email protected] ObrigadÍSSIMA! 30 PRPÁGINAS RARAS Reconhecimentos raros Fotografamos os momentos únicos da sua vida www.bubblesession.com | facebook.com/bubblesessions | [email protected] +351 969 572 525_Lisboa, Portugal | +244 923 293 724_Luanda, Angola At Microsoft, we believe technology can do amazing things. That’s why we partner with thousands of organizations like yours around the world to help each one achieve its mission.