Logística Logistics
Perdas do agronegócio
afetam toda a sociedade
Ainda assim, safras recordes se sucedem e alavancam o setor de máquinas
agrícolas enquanto a indústria como um todo perde espaço
Agribusiness losses affect the whole of society
Even so, record harvests are occurring, stimulating the agricultural machinery sector
while industry as a whole loses ground
T
odos os segmentos produtivos nacionais são
penalizados pela recorrente carência da chamada infraestrutura. Uns mais, outros menos,
dependendo do tipo de atividade. Um deles, no
entanto, é muito afetado - o agronegócio. Carrochefe da economia brasileira, o setor é responsável por nossos superávits comerciais – um dos
principais fundamentos econômicos – e cumpre
ainda uma função social essencial: produz nossas
culturas de subsistência e faz com que elas cheguem não só às mesas das famílias brasileiras, mas
ao mercado internacional. É aqui que reside o x da
questão. De acordo com a Secretaria de Comércio
Exterior (Secex), as exportações do agronegócio
somaram US$ 5,87 bilhões em janeiro último, uma
queda de 10,8% em relação ao mesmo mês do ano
passado. Já as importações do setor cresceram
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A
ll national production segments are penalized by the recurrent lack of infrastructure. Some more, some less, depending on
the type of activities. One of these, however, is
highly affected – agribusiness. The flagship of
the Brazilian economy, the sector is responsible
for our commercial surpluses – one of the main
economic elements – and also carries out an
essential social function: producing our subsistence crops and making them reach the tables of
not only Brazilian families, but also the international market. That is where a key problem is
found. According to the Department of Foreign
Trade (Secex), agribusiness exports totaled US$
5.87 billion last January, a fall of 10.8% in relation to the same month last year, while imports
in the sector grew 0.2% in equal comparison, to
Panorama do AÇO • 2014
0,2% em igual comparação, para US$ 1,46 bilhão,
e, com isso, o superávit do campo registrou baixa
de quase 14%, para US$ 4,41 bilhões.
Mas, por que isso acontece? De acordo com o
Diretor Geral de Negócios do Instituto de Logística
e Supply Chain, João Guilherme Araújo, o Brasil é
o quinto país do mundo em extensão territorial e
tem uma imensa capacidade de aproveitamento de
seus recursos naturais, mas qualquer assunto que
aborde a competitividade advinda dessa vantagem
natural emperra na logística. Dados do Instituto
revelam que o País tem hoje 1.600 quilômetros de
estradas não pavimentadas e 214 mil de rodovias
e apenas 29 mil Kms de ferrovias. “Enquanto isso,
os Estados Unidos dispõem de 227 mil quilômetros
de trilhos”, advertiu ele.
A mais recente pesquisa sobre o índice de desempenho logístico produzida pelo Banco Mundial
indica que o Brasil passou da 61ª à 41ª posição entre
2007 e 2010. Mas, segundo Araújo, ainda há muito a
melhorar. “A má conservação das estradas e a falta
de malha ferroviária são os principais problemas
de infraestrutura na opinião dos profissionais do
setor”, sublinhou ele. Dados do próprio Ilos mostram inclusive que, na avaliação dos motoristas,
gerentes e outros profissionais do setor, 92% reclamam das rodovias ruins – que encarecem o frete, os
custos de produção e os preços, contribuem com o
aumento da inflação e reduzem a competitividade
de nossos produtos.
Os problemas, no entanto, não param por aí. E o
motivo é simples: no final de toda estrada existe um
STEEL Panorama • 2014
US$ 1.46 billion. Therefore, the surplus in this
sector recorded a reduction of almost 14%, to US$
4.41 billion.
But why does this happen? According to the
general business director at the Logistics and
Supply Chain Institute (ILOS), João Guilherme
Araújo, Brazil is the fifth country in the world in
terms of territorial extension, and has an immense
capacity to utilize its natural resources, although
any subject addressing the competitiveness of
this natural advantage is impeded by the logistics. Data from the Institute reveals that Brazil
currently has 1600 kilometers of unpaved roads
and 214 kilometers of highways, and only 29,000
kilometers of railroad. “Meanwhile, the United
States has 227 thousand kilometers of railroad,”
he noted.
The most recent study on the logistics performance index produced by the World Bank indicates that Brazil went from 61st to 41st position
between 2007 and 2010. However, according to
Araújo, there is still a lot to improve. “Poor conservation of roads and lack of rail networks are
the main infrastructure problems in the opinion
of professionals in the sector,” he underlined.
Indeed, data from ILOS itself demonstrates that
in the evaluation of drivers, managers and other
professionals in the sector, 92% complain about
poor highways – which makes freightage, production costs and prices more expensive, contributes
to increased inflation and reduces the competitiveness of our products.
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Brasil melhorou seu desempenho em
logística, mas ainda há muito a fazer
Brazil improved its logistics performance,
but there is still plenty to do
porto e a infraestrutura portuária nacional também
não anda bem das pernas. A Maersk Line, o maior
armador do mundo no transporte de contêiners,
alinhavou uma lista das 20 principais soluções
para destravar o comércio brasileiro via marítima – entre elas o excesso de burocracia e a falta
de infraestrutura terrestre no acesso ao porto de
Santos. A empresa pretende apresentar o relatório
ao governo na tentativa de que algumas medidas
sejam adotadas ainda este ano.
O presidente da Maersk Line no Brasil, Peter
Gyde, admite que algumas melhorias, como as
rodoviárias e ferroviárias, necessitam de grandes
investimentos e levam tempo, mas outras, como
as burocráticas, não. “Há pouca sincronia entre
os agentes afetos ao comércio exterior a ponto de
alguns órgãos que já receberam uma informação
online exigirem o documento impresso”, alertou o
executivo. Por essas e outras, os portos brasileiros,
de acordo com o documento, movimentaram oito
milhões de Teus (unidade padrão de um contêiner de
20 pés) em 2012, o mesmo volume de um único porto
americano, o de Los Angeles, no mesmo período.
Mas, nem tudo é negativo no processo produtivo nacional. Afinal de contas, 25 milhões de
trabalhadores atuam no campo e são responsáveis
pelo cultivo de commodities como soja, milho,
café e laranja. No exercício 2012/2013 comemoramos inclusive uma safra recorde da ordem de 185
milhões de toneladas. Um dos setores que mais
geram emprego por recurso investido, a agricultura também alavanca a indústria. Muito embora a
participação industrial no Produto Interno Bruto
(PIB) venha caindo nos últimos anos, o setor de
máquinas e implementos agrícolas é a exceção
que vem confirmando a regra. E os números da
Associação Nacional de Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea) não mentem. A produção
de máquinas agrícolas e rodoviárias em 2013 foi
da ordem de 100,4 mil unidades e superou os 83,7
mil equipamentos fabricados no ano anterior. Os
destaques foram os tratores de esteira e os cultivadores motorizados, que cresceram, respectivamente, 195,3% e 93,9%. Já as vendas, considerando
o mesmo recorte temporal, cresceram de 70,1 mil
em 2012 para 83,0 mi em 2013.
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The problems do not end there, however. And
the reason is simple: at the end of every road there
is a port and national port infrastructure that is
also progressing slowly. The Maersk Line, the largest ship-owner in the world in the transport of
containers, outlined a list of the 20 main solutions
for freeing up Brazilian maritime trade – including
excess bureaucracy and lack of onshore infrastructure at the access to the port of Santos. The company
intends to present a report to the government in an
attempt for some of the measures to be adopted
this year.
The CEO of Maersk Line in Brazil, Peter Gyde,
admits that some improvements, such as highways
and railways, need a lot of investment and take time,
but others, such as bureaucratic ones, do not. “There
is a lack of synchrony between the agents responsible
for foreign trade to the point that some bodies that
have already received information online require
the printed document,” he warned. For this and
other reasons, according to the document, Brazilian
ports moved eight million TEUs (twenty-foot equivalent units) in 2012, the same volume as a single
American port, Los Angeles, in the same period.
But not everything is negative in the national
production process. After all, 25 million works operates in the field and are responsible for cultivating
commodities such as soybean, corn, coffee and oranges. In the 2012/2013 financial year we celebrated a
record harvest to the order of 185 million tons. One
of the sectors that generate the most employment for
the resources invested, agriculture also stimulates
industry. Although the industrial share in the Gross
Domestic Product (GDP) has been falling in recent
years, the agricultural machinery and implements
sector is the exception that has been confirming the
rule. And the figures from the National association
of Automotive Vehicle Manufacturers (Anfavea) do
not lie. The production of agricultural and road
machinery in 2013 was to the order of 100.4 thousand units, and exceeded the 83.7 thousand pieces
of equipment produced in the previous year. The
highlights were crawler tractors and motorized harvesters, which grew 195.3% and 93.9%, respectively,
while sales in the same time period grew from 70.1
thousand in 2012 to 83.0 thousand in 2013.
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