Designação Title O Terceiro Sector nos Sistemas de Bem-Estar. Uma perspectiva Comparativa das ONG’s ligadas ao complexo VIH/SIDA The Third Sector in Welfare Systems. A Comparative Perspective of NGOs working with the HIV/AIDS complex Unidade de I&D da FCT FCT R&D Unit Instituto de Sociologia Institute of Sociology Entidade(s) financiadora(s) CNLCS - Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA Funding Organisation(s) Investigador responsável Head Researcher Alexandra Lopes Área científica Scientific Area Sociologia Sociology Palavras-chave Key words Terceiro Sector; VIH/SIDA Third Sector; HIV/AIDS Data de início Starting date Janeiro de 1999 January 1999 Data de conclusão Ending date Julho de 2000 July 2000 Resumo Abstract O trabalho desenvolvido procura abordar os contextos, as modalidades e as condições de participação do chamado Terceiro Sector nos sistemas de bem-estar social, analisando para o efeito os arranjos institucionais que se foram construindo num domínio particular de política social – o domínio do complexo VIH/SIDA. Alimentando-se teoricamente do debate sobre a crise do Estado Providência e sobre as formas de superação dessa crise, esta é uma investigação que lança a sua âncora teórica nas correntes do reformismo solidário, ou seja, nas correntes que, num cenário de pluralismo institucional na provisão de bem-estar, defendem a necessidade de desenvolver novas formas de intervenção que reabilitem valores de solidariedade, de participação democrática e de responsabilidade colectiva. A construção de mesclas sinergéticas entre Estado e Terceiro Sector inscreve-se, nesse sentido, num projecto mais alargado de reinvenção da própria solidariedade colectiva. Trabalhando no espaço da sociedade portuguesa, toda a reflexão incorporou os traços constitutivos de um contexto social, político e institucional como esse, atribuindo relevo às especificidades do modelo estatal português e às relações sui generis que foi mantendo com a sociedade civil, seja na sua forma de sociedade providência, seja no seu formato mais institucional. Num registo que foi assumidamente exploratório e não tanto confirmatório, assente em metodologias de análise extensiva, procurou-se observar as dinâmicas organizacionais e os arranjos institucionais que se foram construindo a propósito do conjunto de desafios que uma doença tão particular como a SIDA colocou às políticas sociais portuguesas. Para esse efeito foram observadas 31 organizações, registando-se não só as suas características de funcionamento, mas igualmente a dimensão política da sua acção. Num universo alargado de conclusões serão de salientar alguns tópicos em particular. Em primeiro lugar, a reprodução, no domínio da SIDA, de traços de um Estado contratualizador, selectivo e autoritário na relação com os actores privados. Em segundo lugar, a reprodução das grandes vulnerabilidades da sociedade civil formal portuguesa, passando pela fragmentação da respostas, pela dificuldade de concretização de acções, pela dificuldade de desenvolvimento estratégico autónomo e sustentado. Em terceiro lugar, e apesar deste quadro geral de vulnerabilidade, regista-se a emergência de um conjunto de dinâmicas organizacionais actuantes num sentido emancipatório, observáveis num subconjunto particular de organizações, que podem configurar novas bases para um projecto sinergético e progressista. Estas novas dinâmicas, no entanto, são ainda muito recentes e só agora começam a ser confrontadas com os custos da independência e da autonomia, nomeadamente no que diz respeito à emergência de dinâmicas burocráticas e particularistas em cenários onde a sobrevivência organizacional tende a estar em primeiro plano. O desafio que se coloca ao Terceiro Sector português, e aos próprios actores públicos, é, essencialmente, um desafio de maturação, inerente à necessidade de cada um encontrar o seu espaço e de cada um se desenvolver de forma autónoma, sustentada. The research conducted aims to explore contexts, modalities and conditions of participation of the so-called Third Sector in the social welfare systems, analysing the effect of institutional arrangements that have been built in a specific domain of social policy – that of the HIV/AIDS complex. Based theoretically on the debate on the crisis of the Welfare State and on ways to overcome this crisis, this study follows the currents of protective reformism, that is, the currents that, in a setting of institutional pluralism in the provision of welfare, uphold the need to develop new forms of intervention that can rehabilitate values of solidarity, democratic participation and collective accountability. The construction of synergetic mixes between the State and the Third Sector is rooted in a broader project involving the reinvention of collective solidarity itself. Taking Portuguese society as its setting, this study explores the constitutive features of the social, political and institutional context, highlighting the specificities of the Portuguese state model and the unique relations it has maintained with civil society, be it in its form as welfare society, or in its more institutional form. From a more exploratory than confirmatory approach, based on extensive analysis methodologies, we aimed to observe how organisational dynamics and institutional arrangements have developed in relation to a number of challenges that such a specific disease such as AIDS has raised for Portuguese social policies. 31 organisations were analysed, registering not only their operational features, but also the political dimension of their action. From an extensive universe of conclusions, we can highlight the a few topics. First, the reproduction, in the domain of AIDS, of features of a contractible, selective and authoritarian State in its relations with private actors. Second, the reproduction of major vulnerabilities within formal Portuguese civil society, which includes the fragmentation of responses, the difficulty in implementing actions, and the difficulty of strategic autonomous and sustainable development. Third, and despite this general scenario of vulnerability, a number of operational, organisational dynamics are emerging, on the way to a certain degree of emancipation, which can be felt in a specific subset of organisations, and which may form the new basis for a synergetic, progressive project. These new dynamics are, however, still very recent and only now are they confronted with the price of independence and autonomy, namely when it comes to the emergence of bureaucratic and pluralist dynamics against a backdrop where organisational survival tends to come first. The challenge facing the Portuguese Third Sector, and public actors themselves, is essentially a challenge of maturity, intrinsic to the need for each organisation to find its own place and to achieve autonomous, sustainable development. Publicações Publications LOPES, Alexandra (2002), “Lógicas do Terceiro Sector Português na gestão do VIH/SIDA”, in Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, CES. LOPES, Alexandra (2000), “Organizações Não Governamentais, políticas sociais e desenvolvimento organizacional: welfare mixes em Portugal no domínio do VIH/SIDA”, in Revista de Sociologia, n.º 10, Porto, FLUP. LOPES, Alexandra (1999), “O activismo na área da SIDA como exercício radical de democracia”, in Actas do Congresso da Teoria Crítica, Coimbra.