IFTM – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro
II FORUM DE DIRETORES DE ENSINO, COORDENADORES DE ENSINO E DE
CURSOS E EQUIPES PEDAGÓGICAS.
Uberlândia, 14 e 15 de junho de 2011.
Os Institutos Federais e a
Educação Profissional e Tecnológica:
uma perspectiva diante da cultura
capitalista de mercado.
Prof. Ms. Geraldo Gonçalves de Lima
[email protected]
[email protected]
Doutorando e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia.
Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (PUCC). Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Triângulo Mineiro (IFTM) – Campus Paracatu.
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Parábola: os cegos e o elefante
Certo dia, um príncipe indiano mandou chamar um grupo de cegos de
nascença e os reuniu no pátio do palácio. Ao mesmo tempo, mandou
trazer um elefante e o colocou diante do grupo. Em seguida,
conduzindo-os pela mão, foi levando os cegos até o elefante para que
o apalpassem. Um apalpava a barriga, outro a cauda, outro a orelha,
outro a tromba, outro uma das pernas. Quando todos os cegos tinham
apalpado o paquiderme, o príncipe ordenou que cada um explicasse
aos outros como era o elefante, então, o que tinha apalpado a barriga,
disse que o elefante era como uma enorme panela. O que tinha
apalpado a cauda até os pelos da extremidade discordou e disse que
o elefante se parecia mais com uma vassoura. "Nada disso ",
interrompeu o que tinha apalpado a orelha. "Se alguma coisa se
parece é com um grande leque aberto". O que apalpara a tromba deu
uma risada e interferiu: "Vocês estão por fora. O elefante tem a forma,
as ondulações e a flexibilidade de uma mangueira de água...".
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Parábola: os cegos e o elefante
"Essa não", replicou o que apalpara a perna, "ele é redondo como
uma grande mangueira, mas não tem nada de ondulações nem de
flexibilidade, é rígido como um poste...". Os cegos se envolveram
numa discussão sem fim, cada um querendo provar que os outros
estavam errados, e que o certo era o que ele dizia. Evidentemente
cada um se apoiava na sua própria experiência e não conseguia
entender como os demais podiam afirmar o que afirmavam. O
príncipe deixou-os falar para ver se chegavam a um acordo, mas
quando percebeu que eram incapazes de aceitar que os outros
podiam ter tido outras experiências, ordenou que se calassem. "O
elefante é tudo isso que vocês falaram.", explicou. "Tudo isso que
cada um de vocês percebeu é só uma parte do elefante. Não
devem negar o que os outros perceberam. Deveriam juntar as
experiência de todos e tentar imaginar como a parte que cada um
apalpou se une com as outras para formar esse todo que é o
elefante."
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Algumas conclusões sobre essa história...
A experiência das coisas que cada homem pode ter é
sempre limitada. Por isso, a sensatez obriga a levar em
conta também as experiências dos outros para se chegar a
uma síntese.
A pessoa, o ser humano, apresenta muitas facetas. Existe o
risco de polarizar a atenção em algumas delas, ignorando o
resto. Fazendo isso, estaríamos repetindo os cegos da
parábola. Cada um ficaria com uma visão unilateral e parcial.
Para obtermos uma visão o mais integral possível do que é
uma pessoa, devemos reunir, numa unidade, os numerosos
aspectos que podem ser observados no ser humano.
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Objetivos:
1.
2.
3.
4.
Expor algumas características da modernidade
enquanto projeto civilizatório;
Apresentar as dimensões históricas da
educação profissional e tecnológica na
realidade brasileira;
Discutir as características da cultura de
mercado das duas últimas décadas;
Analisar as principais perspectivas e desafios
dos Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia na realidade brasileira.
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“No momento cultural que atravessamos, em que se
sente um desejo imperioso, uma aspiração coletiva por
uma afirmação categórica de independência política e
econômica da nação, devemos produzir estudos
capazes de fundamentar políticas identificadas com as
aspirações regionais de nosso povo... Política que se
pressente para os próximos dias como uma benéfica e
irremovível contingência do impulso criador de nossa
cultura.”
Josué de Castro (1932)
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PROJETO DA MODERNIDADE
(1453 – 1789):
Racionalidade / dessacralização
Antropocentrismo
Progresso
Educação para racionalidade
Razão reduzida à dimensão científica
Razão como instrumento de interesses políticos
Advento da economia capitalista
Força de trabalho formalmente livre
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A educação escolarizada e
modernidade
Estado moderno e a idéia da educação como
direito do cidadão e dever do estado;
A escola, como conceito universal, é filha da
modernidade.
Seus rituais, sua forma de funcionamento, a
eleição do conhecimento válido e as práticas
pedagógicas que desenvolve trazem marcas da
dimensão cultural, epistemológica e política
dessa filiação.
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CRÍTICOS DO PROJETO DA
MODERNIDADE
Escola de Frankfurt (Horkheimer e Adorno):
Visa salvar a razão das armadilhas de sua
instrumentação e de seu uso contra o próprio ser
humano (RAZÃO INSTRUMENTAL).
Distingue-se, portanto, das teses pósmodernistas, críticas da própria razão moderna
e não apenas do seu mau uso.
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Modelo baseado na Complexidade
Idéias Precursoras
Pluralismo
Contradições como espaço de construção
Mediação: participação e negociação
Realidade una, diversa e transformável
Edgar Morin
A Cabeça Bem Feita. 5. ed. Rio de Janeiro:
Bertrand-Brasil, 2001.
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Marcos da Educação Profissional
brasileira: características principais
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Marcos da Educação Profissional:
características principais
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Marcos da Educação Profissional:
características principais
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Marcos da Educação Profissional:
características principais
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Marcos da Educação Profissional:
características principais
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Marcos da Educação Profissional:
características principais
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Marcos da Educação Profissional:
características principais
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Globalização
Econ. Processo típico da segunda metade
do séc. XX que conduz a crescente
integração das economias e das
sociedades dos vários países, esp. no que
toca à produção de mercadorias e
serviços, aos mercados financeiros, e à
difusão de informações. (Cf. Dicionário
Aurélio)
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Neoliberalismo
1. (Cf. Dicionário Aurélio) Doutrina, em voga nas últimas
décadas do séc. XX, que favorece uma redução do papel do
Estado na esfera econômica e social. [O neoliberalismo se
contrapõe à tendência anterior de aumento da intervenção
governamental, em economias capitalistas, como resultado
da adoção de políticas sociais de natureza assistencial e de
políticas econômicas keynesianas]
Principais teóricos: Friedrich von Hayek / Milton Friedman
Governantes:
Pioneirismo do Chile – Auguste Pinochet
Inglaterra – Margaret Thatcher
EUA – Ronald Reagan
Brasil – Fernando Collor de Mello
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O neoliberalismo: Uma ideologia e uma
proposta de política de reestruturação
capitalista
Abertura econômica
Estado mínimo e mercado máximo:
Esvaziamento do Estado e privatizações das estatais.
As empresas decidem a política
Tecnologia e máquinas substituindo o trabalhador:
Crescimento sem emprego.
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Neoliberalismo
Privatizações dos direitos básicos. Só é cidadão
quem é consumidor.
Ataque aos sindicatos e flexibilizações dos direitos
dos trabalhadores.
Fim das “ideologias” e capitalismo como destino da
humanidade.
Fragmentação, individualismo, religião do dinheiro e
fetiche da mercadoria.
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TERCEIRA VIA:
Terceira Via ou Socialismo de Mercado, é um projeto criado
pelo sociólogo inglês Anthony Giddens, adotado na
Inglaterra, simpático à Alemanha, França e Estados Unidos;
Pretende ser uma opção entre o neoliberalismo e a socialdemocracia;
A social-democracia é um socialismo completamente
desenvolvido, em geral, concede um papel central aos
coletivos de trabalhadores;
Este pensamento defende um "Estado necessário", em que
sua interferência não seja, nem máxima, como no socialismo,
nem mínima, como no liberalismo. Também defende, entre
outros pontos, a responsabilidade fiscal dos governantes, o
combate à miséria, uma carga tributária proporcional à renda,
com o Estado sendo o responsável pela segurança, saúde,
educação e a previdência.
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• Em relação à Educação profissional, os dados
evidenciam avanços importantes nos indicadores:
• Em 2007, registrou-se um total de 693,6 mil alunos
matriculados na educação profissional de nível
técnico e de 86,6 mil alunos, no ensino médio
integrado;
• Em 2006, havia 125,9 mil alunos matriculados em
cursos de graduação de formação de professores de
disciplinas profissionais e 278,7 mil alunos, na
educação profissional de nível tecnológico.
• Há um processo de expansão significativo nessa área,
destacando-se os cursos de educação tecnológica, de
formação de professores de disciplinas específicas,
de nível técnico e de ensino médio integrado e a
ampliação da rede federal de educação tecnológica.
• As constantes alterações produtivas no mundo do
trabalho implicam cada vez mais qualificação e
formação profissional.
• Na educação superior, conforme dados recentes,
observa-se que esse nível de ensino continua elitista e
excludente.
• O acesso ao ensino superior ainda é bastante restrito e
não atende à demanda, principalmente na faixa de etária
de 18 a 24 anos, pois apenas 12,1% dessa população
encontram-se matriculados em algum curso de
graduação; 74,1% das matrículas estão no setor
privado; 68% das matrículas do setor privado são
registradas no turno noturno; a expansão da educação
superior pública, visando à democratização do acesso e
da permanência, coloca-se como imperativo às ações
governamentais.
• Dentre as bases para a democratização do acesso, da
permanência e do sucesso escolar, em todos os níveis e
modalidades de educação, dentre outras coisas, destacamse:
• ruptura do dualismo estrutural entre o ensino médio e a
educação profissional compreendendo o ensino médio
na concepção de escola unitária e de escola politécnica,
para garantir a efetivação do ensino médio integrado, na
sua perspectiva teórico-político-ideológica e a ampliação
da etapa de escolarização obrigatória em um contexto
social de transformações significativas.
• a expansão de uma educação profissional de
qualidade que atenda às demandas crescentes por
formação de recursos humanos e difusão de
conhecimentos científicos, e suporte aos arranjos
produtivos locais e regionais, contribuindo com o
desenvolvimento
econômico-social,
cursos
e
programas com forte inserção na pesquisa e na
extensão, estendendo seus benefícios à comunidade,
esforço nacional concentrado na oferta de nível médio
integrado ao profissional e de cursos superiores de
tecnologia, bacharelados e licenciaturas;
• política de educação de jovens e adultos (EJA),
concretizada na garantia de formação integral, de
alfabetização e das demais etapas de escolarização
com processo de gestão e financiamento que assegure
isonomia de condições em relação às demais etapas e
modalidades, sistema integrado de monitoramento e
avaliação, uma política de formação permanente
específica para o professor, maior alocação do
percentual de recursos para estados e municípios e
ensino ministrado por professores licenciados;
• uso qualificado das tecnologias e conteúdos
multimidiáticos na educação o destaca o importante
papel da escola como ambiente de inclusão digital,
custeada pelo poder público, na formação,
manutenção e funcionamento de laboratórios de
informática, qualificação dos profissionais e
formação continuada para o uso das tecnologias pelos
educadores;
• concepção
ampla
de
currículo
implica
o
redimensionamento das formas de organização e de
gestão do tempo e espaço pedagógicos de modo a
humanizar e assegurar um processo de ensinoaprendizagem significativo, capaz de garantir o
conhecimento a todos e que venha a se
consubstanciar no projeto político-pedagógico ou
PDI da instituição, aportes teórico-práticos e
epistemológicos da inter e da transdisciplinaridade;
• formação de leitores e de mediadores, realizando a
renovação,
manutenção
das
bibliotecas
com
equipamentos, espaços, acervos bibliográficos;
• reconhecimento das práticas culturais e sociais dos
estudantes e da comunidade local como dimensões
formadoras, que se articulam com a educação e que
deverão ser consideradas na elaboração dos projetos
político-pedagógicos/PDI, na organização e gestão dos
currículos, nas instâncias de participação das escolas e na
produção cotidiana do trabalho escolar;
• formulação, implementação e acompanhamento de
política pública e de projeto político-pedagógico para a
expansão da escola de tempo integral, pois o acesso à
escola necessita ser ampliado em duas dimensões: i)
número de vagas nas escolas públicas, para atendimento
de toda demanda educacional; ii) no tempo das
demandas
educacionais
específicas
(educação
especial, educação de jovens e adultos, educação escolar
indígena, educação dos afro-descendentes, educação do
campo, educação profissional e educação ambiental);
• a ampliação da jornada escolar diária;
• é preciso uma concepção de escola com um projeto
político-pedagógico inovador, que faça com que esta
ampliação seja significativa para o direito à educação, o
que exigirá um enorme esforço de todos os entes
federados e ação da sociedade civil, por meio de
parcerias e convênios que complementarão a ação do
Estado;
• A Escola de Tempo Integral exige um projeto políticopedagógico que dê sentido à nova escola e faça com que
a permanência dos estudantes por mais tempo na
escola melhore a prática educativa, com reflexos na
qualidade da aprendizagem e da convivência social,
elementos constitutivos da cidadania;
• compreender a educação das relações étnico-raciais e
a discussão sobre igualdade de gênero, com políticas
de ação afirmativas voltadas a ambos, como
fundamentais à democratização do acesso, da
permanência e do sucesso em todos os níveis e
modalidades de ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Há uma crescente demanda por elevação da qualificação do
trabalhador, e por uma concepção de educação democrática e mais
polivalente, que contribua para a formação ampla, garantindo, o bom
domínio de linguagem oral e escrita, o desenvolvimento de
competências e habilidades para o uso das tecnologias de informação
e comunicação (TIC).
• Assim, a formação geral e profissional torna-se fundamental no
processo de formação da força de trabalho e, sobretudo, na criação
de condições objetivas para uma inserção cidadã e profissional dos
trabalhadores.
• Um Estado democrático que tem como eixo a garantia da justiça
social é aquele que reconhece o cidadão como sujeito de direitos,
por isso não cabe mais a realização de políticas e práticas pautadas na
noção de neutralidade estatal.
MUITO OBRIGADO!
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