IFTM – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro II FORUM DE DIRETORES DE ENSINO, COORDENADORES DE ENSINO E DE CURSOS E EQUIPES PEDAGÓGICAS. Uberlândia, 14 e 15 de junho de 2011. Os Institutos Federais e a Educação Profissional e Tecnológica: uma perspectiva diante da cultura capitalista de mercado. Prof. Ms. Geraldo Gonçalves de Lima [email protected] [email protected] Doutorando e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia. Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC). Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) – Campus Paracatu. 12/6/2011 20:29:55 1 12/6/2011 20:29:55 2 Parábola: os cegos e o elefante Certo dia, um príncipe indiano mandou chamar um grupo de cegos de nascença e os reuniu no pátio do palácio. Ao mesmo tempo, mandou trazer um elefante e o colocou diante do grupo. Em seguida, conduzindo-os pela mão, foi levando os cegos até o elefante para que o apalpassem. Um apalpava a barriga, outro a cauda, outro a orelha, outro a tromba, outro uma das pernas. Quando todos os cegos tinham apalpado o paquiderme, o príncipe ordenou que cada um explicasse aos outros como era o elefante, então, o que tinha apalpado a barriga, disse que o elefante era como uma enorme panela. O que tinha apalpado a cauda até os pelos da extremidade discordou e disse que o elefante se parecia mais com uma vassoura. "Nada disso ", interrompeu o que tinha apalpado a orelha. "Se alguma coisa se parece é com um grande leque aberto". O que apalpara a tromba deu uma risada e interferiu: "Vocês estão por fora. O elefante tem a forma, as ondulações e a flexibilidade de uma mangueira de água...". 12/6/2011 20:29:55 3 Parábola: os cegos e o elefante "Essa não", replicou o que apalpara a perna, "ele é redondo como uma grande mangueira, mas não tem nada de ondulações nem de flexibilidade, é rígido como um poste...". Os cegos se envolveram numa discussão sem fim, cada um querendo provar que os outros estavam errados, e que o certo era o que ele dizia. Evidentemente cada um se apoiava na sua própria experiência e não conseguia entender como os demais podiam afirmar o que afirmavam. O príncipe deixou-os falar para ver se chegavam a um acordo, mas quando percebeu que eram incapazes de aceitar que os outros podiam ter tido outras experiências, ordenou que se calassem. "O elefante é tudo isso que vocês falaram.", explicou. "Tudo isso que cada um de vocês percebeu é só uma parte do elefante. Não devem negar o que os outros perceberam. Deveriam juntar as experiência de todos e tentar imaginar como a parte que cada um apalpou se une com as outras para formar esse todo que é o elefante." 12/6/2011 20:29:55 4 Algumas conclusões sobre essa história... A experiência das coisas que cada homem pode ter é sempre limitada. Por isso, a sensatez obriga a levar em conta também as experiências dos outros para se chegar a uma síntese. A pessoa, o ser humano, apresenta muitas facetas. Existe o risco de polarizar a atenção em algumas delas, ignorando o resto. Fazendo isso, estaríamos repetindo os cegos da parábola. Cada um ficaria com uma visão unilateral e parcial. Para obtermos uma visão o mais integral possível do que é uma pessoa, devemos reunir, numa unidade, os numerosos aspectos que podem ser observados no ser humano. 12/6/2011 20:29:55 5 Objetivos: 1. 2. 3. 4. Expor algumas características da modernidade enquanto projeto civilizatório; Apresentar as dimensões históricas da educação profissional e tecnológica na realidade brasileira; Discutir as características da cultura de mercado das duas últimas décadas; Analisar as principais perspectivas e desafios dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia na realidade brasileira. 12/6/2011 20:29:55 6 “No momento cultural que atravessamos, em que se sente um desejo imperioso, uma aspiração coletiva por uma afirmação categórica de independência política e econômica da nação, devemos produzir estudos capazes de fundamentar políticas identificadas com as aspirações regionais de nosso povo... Política que se pressente para os próximos dias como uma benéfica e irremovível contingência do impulso criador de nossa cultura.” Josué de Castro (1932) 12/6/2011 20:29:55 7 PROJETO DA MODERNIDADE (1453 – 1789): Racionalidade / dessacralização Antropocentrismo Progresso Educação para racionalidade Razão reduzida à dimensão científica Razão como instrumento de interesses políticos Advento da economia capitalista Força de trabalho formalmente livre 12/6/2011 20:29:55 8 A educação escolarizada e modernidade Estado moderno e a idéia da educação como direito do cidadão e dever do estado; A escola, como conceito universal, é filha da modernidade. Seus rituais, sua forma de funcionamento, a eleição do conhecimento válido e as práticas pedagógicas que desenvolve trazem marcas da dimensão cultural, epistemológica e política dessa filiação. 12/6/2011 20:29:55 9 CRÍTICOS DO PROJETO DA MODERNIDADE Escola de Frankfurt (Horkheimer e Adorno): Visa salvar a razão das armadilhas de sua instrumentação e de seu uso contra o próprio ser humano (RAZÃO INSTRUMENTAL). Distingue-se, portanto, das teses pósmodernistas, críticas da própria razão moderna e não apenas do seu mau uso. 12/6/2011 20:29:55 10 Modelo baseado na Complexidade Idéias Precursoras Pluralismo Contradições como espaço de construção Mediação: participação e negociação Realidade una, diversa e transformável Edgar Morin A Cabeça Bem Feita. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 2001. 12/6/2011 20:29:55 11 Marcos da Educação Profissional brasileira: características principais 12/6/2011 20:29:55 12 Marcos da Educação Profissional: características principais 12/6/2011 20:29:55 13 Marcos da Educação Profissional: características principais 12/6/2011 20:29:55 14 Marcos da Educação Profissional: características principais 12/6/2011 20:29:55 15 Marcos da Educação Profissional: características principais 12/6/2011 20:29:55 16 Marcos da Educação Profissional: características principais 12/6/2011 20:29:55 17 Marcos da Educação Profissional: características principais 12/6/2011 20:29:55 18 Globalização Econ. Processo típico da segunda metade do séc. XX que conduz a crescente integração das economias e das sociedades dos vários países, esp. no que toca à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros, e à difusão de informações. (Cf. Dicionário Aurélio) 12/6/2011 20:29:55 19 Neoliberalismo 1. (Cf. Dicionário Aurélio) Doutrina, em voga nas últimas décadas do séc. XX, que favorece uma redução do papel do Estado na esfera econômica e social. [O neoliberalismo se contrapõe à tendência anterior de aumento da intervenção governamental, em economias capitalistas, como resultado da adoção de políticas sociais de natureza assistencial e de políticas econômicas keynesianas] Principais teóricos: Friedrich von Hayek / Milton Friedman Governantes: Pioneirismo do Chile – Auguste Pinochet Inglaterra – Margaret Thatcher EUA – Ronald Reagan Brasil – Fernando Collor de Mello 12/6/2011 20:29:55 20 O neoliberalismo: Uma ideologia e uma proposta de política de reestruturação capitalista Abertura econômica Estado mínimo e mercado máximo: Esvaziamento do Estado e privatizações das estatais. As empresas decidem a política Tecnologia e máquinas substituindo o trabalhador: Crescimento sem emprego. 12/6/2011 20:29:55 21 Neoliberalismo Privatizações dos direitos básicos. Só é cidadão quem é consumidor. Ataque aos sindicatos e flexibilizações dos direitos dos trabalhadores. Fim das “ideologias” e capitalismo como destino da humanidade. Fragmentação, individualismo, religião do dinheiro e fetiche da mercadoria. 12/6/2011 20:29:55 22 TERCEIRA VIA: Terceira Via ou Socialismo de Mercado, é um projeto criado pelo sociólogo inglês Anthony Giddens, adotado na Inglaterra, simpático à Alemanha, França e Estados Unidos; Pretende ser uma opção entre o neoliberalismo e a socialdemocracia; A social-democracia é um socialismo completamente desenvolvido, em geral, concede um papel central aos coletivos de trabalhadores; Este pensamento defende um "Estado necessário", em que sua interferência não seja, nem máxima, como no socialismo, nem mínima, como no liberalismo. Também defende, entre outros pontos, a responsabilidade fiscal dos governantes, o combate à miséria, uma carga tributária proporcional à renda, com o Estado sendo o responsável pela segurança, saúde, educação e a previdência. 12/6/2011 20:29:55 23 • Em relação à Educação profissional, os dados evidenciam avanços importantes nos indicadores: • Em 2007, registrou-se um total de 693,6 mil alunos matriculados na educação profissional de nível técnico e de 86,6 mil alunos, no ensino médio integrado; • Em 2006, havia 125,9 mil alunos matriculados em cursos de graduação de formação de professores de disciplinas profissionais e 278,7 mil alunos, na educação profissional de nível tecnológico. • Há um processo de expansão significativo nessa área, destacando-se os cursos de educação tecnológica, de formação de professores de disciplinas específicas, de nível técnico e de ensino médio integrado e a ampliação da rede federal de educação tecnológica. • As constantes alterações produtivas no mundo do trabalho implicam cada vez mais qualificação e formação profissional. • Na educação superior, conforme dados recentes, observa-se que esse nível de ensino continua elitista e excludente. • O acesso ao ensino superior ainda é bastante restrito e não atende à demanda, principalmente na faixa de etária de 18 a 24 anos, pois apenas 12,1% dessa população encontram-se matriculados em algum curso de graduação; 74,1% das matrículas estão no setor privado; 68% das matrículas do setor privado são registradas no turno noturno; a expansão da educação superior pública, visando à democratização do acesso e da permanência, coloca-se como imperativo às ações governamentais. • Dentre as bases para a democratização do acesso, da permanência e do sucesso escolar, em todos os níveis e modalidades de educação, dentre outras coisas, destacamse: • ruptura do dualismo estrutural entre o ensino médio e a educação profissional compreendendo o ensino médio na concepção de escola unitária e de escola politécnica, para garantir a efetivação do ensino médio integrado, na sua perspectiva teórico-político-ideológica e a ampliação da etapa de escolarização obrigatória em um contexto social de transformações significativas. • a expansão de uma educação profissional de qualidade que atenda às demandas crescentes por formação de recursos humanos e difusão de conhecimentos científicos, e suporte aos arranjos produtivos locais e regionais, contribuindo com o desenvolvimento econômico-social, cursos e programas com forte inserção na pesquisa e na extensão, estendendo seus benefícios à comunidade, esforço nacional concentrado na oferta de nível médio integrado ao profissional e de cursos superiores de tecnologia, bacharelados e licenciaturas; • política de educação de jovens e adultos (EJA), concretizada na garantia de formação integral, de alfabetização e das demais etapas de escolarização com processo de gestão e financiamento que assegure isonomia de condições em relação às demais etapas e modalidades, sistema integrado de monitoramento e avaliação, uma política de formação permanente específica para o professor, maior alocação do percentual de recursos para estados e municípios e ensino ministrado por professores licenciados; • uso qualificado das tecnologias e conteúdos multimidiáticos na educação o destaca o importante papel da escola como ambiente de inclusão digital, custeada pelo poder público, na formação, manutenção e funcionamento de laboratórios de informática, qualificação dos profissionais e formação continuada para o uso das tecnologias pelos educadores; • concepção ampla de currículo implica o redimensionamento das formas de organização e de gestão do tempo e espaço pedagógicos de modo a humanizar e assegurar um processo de ensinoaprendizagem significativo, capaz de garantir o conhecimento a todos e que venha a se consubstanciar no projeto político-pedagógico ou PDI da instituição, aportes teórico-práticos e epistemológicos da inter e da transdisciplinaridade; • formação de leitores e de mediadores, realizando a renovação, manutenção das bibliotecas com equipamentos, espaços, acervos bibliográficos; • reconhecimento das práticas culturais e sociais dos estudantes e da comunidade local como dimensões formadoras, que se articulam com a educação e que deverão ser consideradas na elaboração dos projetos político-pedagógicos/PDI, na organização e gestão dos currículos, nas instâncias de participação das escolas e na produção cotidiana do trabalho escolar; • formulação, implementação e acompanhamento de política pública e de projeto político-pedagógico para a expansão da escola de tempo integral, pois o acesso à escola necessita ser ampliado em duas dimensões: i) número de vagas nas escolas públicas, para atendimento de toda demanda educacional; ii) no tempo das demandas educacionais específicas (educação especial, educação de jovens e adultos, educação escolar indígena, educação dos afro-descendentes, educação do campo, educação profissional e educação ambiental); • a ampliação da jornada escolar diária; • é preciso uma concepção de escola com um projeto político-pedagógico inovador, que faça com que esta ampliação seja significativa para o direito à educação, o que exigirá um enorme esforço de todos os entes federados e ação da sociedade civil, por meio de parcerias e convênios que complementarão a ação do Estado; • A Escola de Tempo Integral exige um projeto políticopedagógico que dê sentido à nova escola e faça com que a permanência dos estudantes por mais tempo na escola melhore a prática educativa, com reflexos na qualidade da aprendizagem e da convivência social, elementos constitutivos da cidadania; • compreender a educação das relações étnico-raciais e a discussão sobre igualdade de gênero, com políticas de ação afirmativas voltadas a ambos, como fundamentais à democratização do acesso, da permanência e do sucesso em todos os níveis e modalidades de ensino. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Há uma crescente demanda por elevação da qualificação do trabalhador, e por uma concepção de educação democrática e mais polivalente, que contribua para a formação ampla, garantindo, o bom domínio de linguagem oral e escrita, o desenvolvimento de competências e habilidades para o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC). • Assim, a formação geral e profissional torna-se fundamental no processo de formação da força de trabalho e, sobretudo, na criação de condições objetivas para uma inserção cidadã e profissional dos trabalhadores. • Um Estado democrático que tem como eixo a garantia da justiça social é aquele que reconhece o cidadão como sujeito de direitos, por isso não cabe mais a realização de políticas e práticas pautadas na noção de neutralidade estatal. MUITO OBRIGADO! 12/6/2011 20:29:55 38