APRENDER A APRENDER Juan Delval Aprendendo a pensar Período pré-operatório (1 ½ - 7/8 anos) Uso de recursos simbólicos (significantes) para representar ações e construir modelos da realidade (palavras, desenhos, gestos, etc.) Capacidade de pensar – sentido pleno Linguagem Fala (palavras – significantes que remetem a experiências sobre as coisas, surge associada a uma situação – fenômeno de hipergenaralização) Organização do mundo Inteligência – construção de procedimentos para organizar o mundo; categorização de objetos, classificação de acordo com semelhanças, identificação de aspectos constantes e mutáveis – princípios da lógica Interiorização da realidade Construção de um modelo mental do mundo e suas relações, à medida que cresce, subordina informações à coerência do modelo; princípios prevalescem sobre dados observáveis Características do pensamento pré-operatório 2-4 anos: aquisição da linguagem e inserção na ação Pensamento intuitivo – afirmações sem provas, sem justificações Egocentrismo – não sente necessidade de dar explicações 4-5 anos: experiência engrenagens – não há leitura correta da experiência Dificuldade de considerar vários aspectos de uma situação ao mesmo tempo Criança só vê as coisas na medida em que seu aparato intelectual permite Lógica pré-operatória Respostas facilmente incorrem em contradição Concentração em um só aspecto nas classificações, critérios diversos Se objeto pertence a uma classe, deixa de pertencer à outra Dificuldade em reconhecer que não sabem algo - “não me lembro” Inexistência de raciocínio indutivo ou dedutivo, mas “transdução”, que é uma passagem do singular para o singular, sem generalização As operações concretas Período das operações concretas (7/8 – 11/12 anos) Desaparece a insensibilidade à contradição Organização em sistemas de aspectos até então desconexos, novo sentido Sistematização do mundo, criação de categorias para explicá-lo As conservações Comprrensão do mundo requer existência de invariantes Ex: argila – 5 anos: mesma argila; mais argila na bola amassada 7/9 anos: mesma quantidade; mas mudança de peso 11 anos: compreensão que volume e peso não mudam modificando a forma Noções não extraidas diretamente da experiência e nem ensinadas a escola; criança tem que construí-las lidando com os objetos As operações Grandes progressos na classificação; pertencimento a vários conjuntos Aprende relações entre clases – construção de uma lógica de classes, hierarquia das mais gerais às mais particulates, relações de inclusão dentro dela Ordenamento não só por semelhanças, mas também por diferenças As operações concretas Período das operações concretas (7/8 – 11/12 anos) Piaget:: criança maneja operações que são ações interiorizadas, ou seja, não é preciso realizá-las na prática, mas só em pensamento, reversíveis, que podem ser feitas num sentido e em sentido inverso, percebendo que se trata da mesma operação, como, por exemplo, acrescentar e retirar elementos de uma classe, e coordenáveis em estruturas de conjunto, ou seja, que formam um sistema. Construção de outras noções científicas que permitem igualmente organizar a realidade (conhecimento do espaço, manejo de sistemas de referência, ralativas ao tempo, à velocidade, a problemas de caráter social, histórico, biológico, etc.) Descentramento – noções cada vez mais objetivas, formadas por generalizações de experiências O pensamento formal Período das operações concretas (11/12 – 15/16 anos) Etapa final do desenvolvimento – a forma de abordar problemas não se modifica na idade adulta Inúmeros desdobramentos e aplicabilidade indefinida a situações novas, sujeito pode continuar configurando novos esquemas, automatizando o modo de resolver situações complexas Para viver e defender-se um mundo em constante mudança, com uma massa enorme de informação, o pensamento concreto é insuficiente Ação formal face a um problema: formula hipóteses para explicá-lo submetidas a idéias diretrizes, levando em conta mais dados que os imediatos Capacidade de entender e construir sistemas teóricos complexos, subordinados à coerência do sistema Características do período formal Sujeito não raciocina mais com base apenas no real, mas também no possível (real é uma parte do possível) Necessita de um instrumental de generalização – combinatória (combinação de elementos que permite produzir todos os casos possíveis) Requer que tal raciocício seja puralmente verbal (sujeito discorre sobre as coisas, além de atuar nelas) – lógica das proposições Raciocínio hipotético-dedutivo requer ainda instrumentos de dedução de operações lógico-dedutivas: disjunção, conjunção, condicionalidade, etc. Diferenças: pensamento concreto x formal Adolescente revela maior gosto e melhor manuseio das abstrações, é um teórico; criança na etapa anterior mais apegada às coisas Na determinação de fatores que afetam um problema: criança (concreto) varia diferentes fatores ao mesmo tempo; adolescente (formal) varia fatores um a um para concluir responsável Pensamento formal Adolescente é capaz de questionar a realidade e não simplesmente observá-la; não espera que ocorra um fenômeno para ver o que acontece; provoca a variação e examina sob que condições o fenômeno se produz e que consequências tem Traço distintivo: sujeito elabora hipóteses para explicar um fenômeno, estabelece condições de verificação e é capaz de extrair consequências da resposta que obtiver (manejar o possível) Pensamento formal Mundo social torna-se um sistema de relações em que cada elemento está ligado aos demais; tudo fica mais complexo, o adolescente começa a entender a vida de outras épocas; só aí a história passa a ter sentido Questões: Chega-se ao estágio do pensamento formal em todas as culturas? Atinge-se o pensamento formal em todas as esferas e da mesma forma? Após atingido o estágio pensamento formal, não seguimos resolvendo a maior parte de nossos problemas de maneira mais simples? Fatores afetivos e sociais não podem dificultar a aplicação do pensamento formal em determinados problemas?