PROJETO DE COOPERAÇÃO TRIANGULAR ENTRE O BRA/04/044 JBPP/PCJ/008-JBM PROSAVANA PROJETO DE MELHORIA DA CAPACIDADE DE PESQUISA E DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA NO CORREDOR DE NACALA EM MOÇAMBIQUE ProSAVANA-TEC RESUMO EXECUTIVO JUNHO DE 2011 2 I. INTRODUÇÃO A. O PROSAVANA Concebido como um Programa de Desenvolvimento Agrícola e Rural para o Corredor de Nacala, em Moçambique, o ProSAVANA-JBM tem como objetivo melhorar a competitividade do setor rural da região, tanto em matéria de segurança alimentar a partir da organização e do aumento da produtividade no âmbito da agricultura familiar, como na geração de excedentes exportáveis a partir do apoio técnico à agricultura orientada para o agronegócio. O Programa se inspira na experiência adquirida através dos programas brasileiros de desenvolvimento agropecuário realizados em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), principalmente a experiência e os resultados do Programa de Cooperação Japão-Brasil para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER) e Programas de Assentamento Dirigido no Distrito Federal (PAD-DF), desenvolvido a partir de 1973. Do mesmo modo que para o PRODECER, o ProSAVANA tem um horizonte de 20 anos e, como mostrado na Figura 01, está configurado por três projetos: o primeiro com a finalidade de maximizar os atuais conhecimentos dos recursos naturais e socioeconômicos do Corredor de Nacala, e na identificação das tecnologias agrícolas mais adequadas ao desenvolvimento sustentável da agricultura regional – ProSAVANA–TEC; o segundo, relativo a realização de estudos destinados ao planejamento e execução de projetos produtivos em nível de comunidades visando a instalação de zonas de desenvolvimento modelo; e o terceiro projeto, centrado na elaboração de um plano abrangente de desenvolvimento regional agrícola para o Corredor de Nacala (Plano Diretor). Área-alvo: Parte Norte do corredor de Nacala (área de savana tropical) Culturas-alvo: culturas de subsistência (mandioca, milho, etc.), e culturas de rendimento (soja, algodão, etc.), novas culturas 1 ª fase (fase preparatória) • Levantamento Básico: Coleta de informações básicas da agricultura em áreas de Moçambique e Cerrado, concluída. • Este Projeto Projeto de apoio à melhorias na pesquisa e capacidade de extensão: Pesquisa sobre a melhoria do solo em estações experimentais, a seleção de culturas e variedades, extensão, etc Estudo de verificação: estudo de verificação em nível de comunidade. Formulação do Plano Abrangente de Desenvolvimento Regional Agrícola 2 ª fase (fase de implementação) Estabelecimento de um modelo de desenvolvimento agrícola para a savana tropical em Moçambique, expansão do desenvolvimento agrícola Cooperação com empresas privadas no Japão e no Brasil, a cooperação com organizações internacionais, etc. 3 Figura 01 – Base conceitual do ProSAVANA A lógica desta estrutura reside no pressuposto de se tomar como alavanca para o desenvolvimento do setor agrícola e rural moçambicano, o intensivo emprego de tecnologias agrícolas prontas (primeiro projeto), imediatamente aplicáveis em uma zona modelo (segundo projeto), como forma de se construir fatos, informações e meios que validem a sustentabilidade técnica e política do Plano Diretor supramencionado. B. O PROSAVANA-TEC - SÍNTESE Objetivo: Duração: Contribuir para o desenvolvimento regional do Corredor de Nacala, mediante o fortalecimento da capacidade de pesquisa e de difusão de soluções tecnológicas para a agricultura regional. Sessenta (60) meses a partir de 01 de maio de 2011, passíveis de prorrogação com base nos resultados de avaliações ou revisões de meio termo. Resultados esperados: No curto prazo: construção de uma base tecnológica em agropecuária interna capaz de dar sustentabilidade aos programas de produção agropecuária e de desenvolvimento rural da região. 4 No longo prazo: obtenção de incrementos da produção e da produtividade da agropecuária regional a uma taxa média de 12,0% ao ano a partir de 2015. Beneficiários: Diretos: Profissionais em investigação agrária lotados nos Centros Zonais Nordeste e Noroeste do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) e os profissionais em extensão rural atuantes nas Direções Províncias de Agricultura de Niassa e Nampula, e cerca de 40.000 famílias de pequenos e médios produtores agrícolas organizados. Indiretos: 7,6 milhões de produtores rurais em atividade no Corredor de Nacala, cerca de 20% do total de produtores familiares de Moçambique. Orçamento: Serão aplicados durante os cinco anos de duração do ProSAVANATEC, um total de US$ 14,68 milhões de dólares americanos, dos quais US$ 6,19 milhões (42,1%) financiados pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC); US$ 6,43 milhões (43,8%) custeados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em horas técnicas equivalentes; e US$ 2,07 milhões (14,1%) custeados pelo Governo Moçambicano em horas técnicas equivalentes e outras despesas de custeio. C. ACORDOS BÁSICOS RELACIONADOS Acordo de Cooperação Brasil Japão, firmado em 22 de setembro de 1970. Acordo Geral de Cooperação entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República de Moçambique, firmado em 15 de setembro de 1981. Registro de Discussão do Programa de Parceria Japão Brasil, assinado em 28 de Março de 2000. Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo do Japão e o Governo da República de Moçambique assinado em 31 de março de 2005 Memorando de Entendimento – Cooperação Técnica entre o Japão, Brasil e Moçambique, assinado em 12 de setembro de 2009. Minuta de Reunião entre a Agência de Cooperação Internacional do Japão, autoridades competentes da República Federal do Brasil e do Governo da República de Moçambique sobre o Projeto I do Prosavana, assinado em 25 de agosto de 2010. Acordo de Projeto BRA/04/044, JBPP/PC – JBM Prosavana – Projeto I, assinado em 10 de novembro de 2010 pelo Ministério da Agricultura de Moçambique, pela Agência Brasileira de Cooperação, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e pela Agência de Cooperação Internacional do Japão. Minuta do Encontro de Consultoria realizado em Brasília-DF com a participação da Agência de Cooperação Internacional do Japão, da Agência Brasileira de Cooperação com a participação da Empresas Brasileira de Pesquisa Agropecuária, assinada em 21 de junho de 2011. 5 II. MARCO DE REFERÊNCIA A. A AGRICULTURA MOÇAMBICANA A agricultura moçambicana é responsável por cerca de 24,0% do PIBpm2007, da ordem de US$ 8,1 bilhões, além de empregar a maior parte da população economicamente ativa. Dados de 2008 indicam que pelo menos 14,3 milhões (70% do total) de moçambicanos vive na zona rural, dos quais 95,0% dedicam-se à agricultura, caracterizada quase que integralmente pela agricultura familiar de subsistência, com limitado acesso a insumos e recursos, gerando baixos níveis de produtividade. Entretanto, contando com cerca de 36,0 milhões de hectares de terras agricultáveis, 6 apenas 5,7 milhões de hectares são utilizadas por cerca de 3,34 milhões de pequenas e médias explorações com tamanho médio de 1,5 hectares, denominadas “machambas”. Predominam nestas explorações as culturas do milho, sorgo e mandioca, algumas hortícolas e a criação de pequenos animais. Em Moçambique, as principais culturas agrícolas podem ser agrupadas em cultivos comerciais (cana-de-açúcar, algodão, fumo, chá, girassol, copra, gergelim, soja e castanha de caju); e alimentares (milho, mandioca, arroz, sorgo, chamado de mapira, amendoim, meixoera, e os feijões caupi e guandu, chamados de feijões nhemba e boer, respectivamente). Apenas 29% dos agricultores moçambicanos produzem algum excedente para o mercado, e os níveis de produção e de produtividade agrícolas são extremamente baixos. Uma comparação com as produtividades obtidas no Brasil para essas culturas permite concluir que os rendimentos brasileiros são mais elevados de seis até dez vezes que os rendimentos obtidos em Moçambique. Para fins de definição de políticas agrícolas específicas, foram identificadas em Moçambique, dez zonas agroecológicas, agrupadas em três macrozonas: Zona Norte, Zona Centro, ambas caracterizadas por bom potencial agrícola, bacias hidrográficas permanentes, agricultura de sequeiro e produção de excedentes agrícolas; e Zona Sul, que se caracteriza por possuir solos arenosos e pobres, uma precipitação irregular e de baixas quantidades e fraca aptidão para agricultura de sequeiro. Nela predomina a hortifruticultura, o arroz e a pecuária bovina. Os estudos feitos e a bibliografia disponível indicam que o incremento da produção agrícola nestas regiões pode ser alcançado de duas formas: i) através da anexação de novas terras ao processo produtivo e do incremento da produtividade agrícola pela introdução de tecnologias adequadas às características locais; e ii) pelo incremento dos investimentos no setor vinculado a adoção de políticas orientadas para a construção de um sistema de apoio ao pequeno médio e grande agricultor moçambicano. Não excludentes, a prática destas alternativas, se colocadas em um contexto de desenvolvimento rural e de construção de uma base tecnológica centrada no fortalecimento das atuais capacidades de pesquisa e de transferência de tecnologia, pode fazer reverter o atual cenário de estagnação do crescimento da produção agropecuária em Moçambique revertido para uma situação de crescimento sustentado da ordem de 12% ao ano. Figura 02 – Localização do Corredor de Nacala B. O CORREDOR DE NACALA. 7 1. Localização geográfica Como mostra a Figura 02, a região do Corredor de Nacala encontra-se ao norte de Moçambique, entre os paralelos 13º S 17º S, partindo do porto de Nacala, na província de Nampula, até a cidade de Lichinga, província de Niassa. No sentido Leste-Oeste, a região é cortada por uma ferrovia e por uma rodovia nacional que se comportam como importantes vias de transportes de produtos, tanto para Moçambique quanto para seus vizinhos da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Malawi e Zâmbia principalmente, o que insere a região em uma estratégia ampla de desenvolvimento e integração regional. 2. Infraestrutura social. 3. Infraestrutura produtiva. Atualmente, a população das províncias sob a influência do Corredor de Nacala (Nampula e Niassa) é aproximadamente de 5,1 milhões de habitantes, distribuída por 33 distritos, com índice anual de crescimento da ordem de 2,3%. Predominantemente rural, a densidade populacional média no campo é de aproximadamente 305,7 habitantes/km2. Os indicadores sociais se situam entre os mais baixos do mundo, em decorrência do relativo isolamento da população em relação ao restante do país, da inadequada infraestrutura social e da falta de acesso a bens e serviços. Estima-se que apenas 60% da população da região tenham acesso a água potável e apenas 57% tenham acesso à educação. O PIBpm2007 da região foi estimado em US$ 845 milhões, ou seja, 17 % do PIBpm2007 de Moçambique. Deste valor, 55% têm origem no setor agrícola e florestal. A agricultura da região reflete o panorama nacional, marcado pela baixa produtividade agrícola e pela agricultura de subsistência em “machambas” com tamanho médio de 1,3 hectares, utilizados para o cultivo do milho, mandioca, sorgo (mapira), arroz e feijão (nhemba), além da criação de pequenos animais. Em resumo, os estudos feitos mostram que este contexto é reflexo direto das seguintes situações existentes: i) precariedade da infraestrutura de produção, armazenagem e distribuição de produtos da agricultura; ii) precariedade da infraestrutura física e institucional do sistema de investigação na região; iii) desconhecimento da organização social e econômica da população alvo a ocupação indiscriminada das áreas agrícolas, sem utilização de adequadas tecnologias de manejo dos solos, da água e da biodiversidade; e iii) baixos níveis de produção e de produtividade agrícola, em decorrência de um precário sistema de aportes de insumos básicos e de divulgação e absorção das tecnologias disponíveis. 4. Agroecologia e principais cultivos. Sob o enfoque da exploração agropecuária, existem dois tipos de agroecologias na região de influência do Corredor de Nacala: i) uma área a leste, mais seca, com precipitações que variam de 800 a 1.000 mm, onde predominam os cultivos de mandioca, milho, feijão caupi (nhemba) e como cultivo comercial, o algodão, o amendoim e a castanha de caju; ii) outra, a oeste, uma área mais chuvosa, com precipitações nédias de 1.000 a 1.500 mm, onde são predominantes os cultivos de mandioca, do milho e do feijão nhemba nas terras altas e, como cultivo comercial, a 8 soja e, mais recentemente, o gergelim. Neste contexto agroecológico o arroz é cultivado nas áreas baixas e úmidas de ambas as regiões com o emprego de sistemas tradicionais de produção, existindo algumas ocorrências de cultivo nas terras altas do Planalto de Lichinga, com amplas perspectivas de desenvolvimento. 5. Desafios tecnológicos. A experiência e a bibliografia disponível apontam como cauda da baixa produtividade agrícola na região do Corredor de Nacala, a falta de acesso a tecnologias apropriadas, assim como aos serviços de apoio e aos mercados, o que desestimula a produção de excedentes comercializáveis e, em consequência, à manutenção das técnicas tradicionais de cultivo, mesmo em um cenário nacional de demanda crescente por produtos agrícolas. Este contexto de fragilidade tecnológica e o dualismo agroeconômico regional refletem as necessidades de investigação agrária: i) na pequena e média agricultura praticada na província de Nampula, as dificuldades de se introduzir tecnologias de ponta na organização política e social vigente na região, e a prática de uma agricultura tradicional nos seus meios e fins, exigem a adoção de um modelo produtivo que privilegie o emprego de tecnologias de transição entre a base agrícola rudimentar prevalecente e as tecnologias de ponta disponíveis e menos exigentes em investimentos; e ii) promoção do emprego de tecnologias de ponta a partir do financiamento de projetos privados de produção agropecuária orientada para o comércio, ação para a qual a experiência brasileira se mostra mais adequada. Assim, os problemas da falta de uma oferta de produtos que assegure o atendimento das necessidades de segurança alimentar e de aumento da renda do setor agropecuário regional devem ser resolvidos por meio de uma estratégia dual de intervenção: i) um modelo produtivo orientado para aumento da produção e da renda dos pequenos e médios produtores, a partir de ações de organização da produção e do uso de sementes e mudas com prioridade para a zona rural da província de Nampula; e ii) na província de Niassa, o estabelecimento de modelos produtivos destinados a médios e grandes produtores interessados no agronegócio e na produção orientada para os grandes mercados, notadamente para o mercado externo. Um desafio especial são as demandas tecnológicas originárias de programas governamentais de apoio à agricultura familiar, orientados para o desenvolvimento da agricultura orgânica e para a fruticultura tropical. Entretanto, para terem êxito, estes programas necessitam de maior velocidade na transferência das tecnologias geradas e/ou que vierem a ser adaptadas para cada região. Assim, além da busca de soluções para os problemas de produtividade existentes no setor de grandes culturas, bons arranjos produtivos aliados a processos acelerados de disseminação de adequados sistemas de produção de produtos hortifrutigranjeiros, constituem alternativas válidas para o desenvolvimento da agricultura regional, desde que as atuais insuficiências tecnológicas e a baixa capacidade de internalização destas técnicas pelos pequenos agricultores locais sejam superadas. C. AS ESTRATÉGIAS DO GOVERNO PARA A AGRICULTURA MOÇAMBICANA. 1. Os Programas. O governo de Moçambique tem colocado a agricultura como prioritária para o 9 desenvolvimento do país com a cobertura do Programa de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) subdividido em outros programas setoriais, dos quais se destacam: i) o Plano Nacional de Desenvolvimento Agrário (PROAGRI I), centrado no fortalecimento institucional dos órgãos governamentais vinculados ao tema agrícola; ii) o PROAGRI II destinado ao fortalecimento da agricultura comercial com foco nos mercados, serviços financeiros, tecnologia e no acesso a recursos naturais; iii) o Plano de Ação para a Produção de Alimentos (PAPA), visando a redução da dependência da importação de alimentos; iii) o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Agrário (PEDSA) que objetiva a formação de um setor agrícola sustentável e competitivo, com foco na segurança alimentar e nutricional. Neste contexto, são estratégias da política de pesquisa agropecuária do governo moçambicano: i) engajamento na pesquisa aplicada e adaptada com relação aos atuais conhecimentos nacionais e internacionais; ii) colaboração com os setores da agricultura familiar e comercial na pesquisa e disseminação de tecnologias; iii) a pesquisa, sob demanda, em temas e áreas prioritárias através de programas, projetos e sistemas de produção; iv) a priorização das ações em função das premissas do Plano Quinquenal do Governo, do PARPA e do PROAGRI; e v) compatibilização de suas ações com as prioridades nacionais, regionais e locais. 2. O Sistema de Investigação Agrária. Diante de uma dinâmica agropecuária caracterizada pelo baixo uso de tecnologias e de sementes melhoradas, e pelos baixos volumes de produção per capita, o Governo de Moçambique, para aperfeiçoar sua capacidade de pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia agropecuária, criou o IIAM – Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, instituição que, atualmente, enfrenta o desafio de consolidar uma estrutura de financiamento equilibrada, que inclua uma combinação dos recursos provenientes de fundos competitivos, contratos de desenvolvimento tecnológico e de privilégios, com um orçamento institucional que permita a estabilidade necessária para a realização de investimentos em capacitação e infraestrutura, assim como a alocação de recursos em projetos estratégicos de longo prazo. O IIAM também se mostra vulnerável no que se refere ao planejamento, gestão e monitoria das atividades de investigação agrária realizadas com a colaboração e apoio de um grande número de os centros de investigação internacionais e instituições bilaterais e multilaterais atuantes em Moçambique. Para enfrentar estes desafios , em 12 de maio de 2010, a ABC, em conjunto com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e o Ministério da Agricultura de Moçambique (MINAG), assinou o Projeto Trilateral de Suporte Técnico à Plataforma de Inovação Agropecuária de Moçambique, denominado Projeto Plataforma, com o objetivo de financiar o fortalecimento do sistema de investigação agrária moçambicano, visando tornar eficiente o planejamento, a coordenação, o controle e a avaliação das ações de investigação e a disseminação de tecnologias adequadas. Além da instalação e efetividade de um Comitê Executivo de Gestão da Pesquisa Agropecuária em Moçambique, foi elaborado e validado o Plano Estratégico de Pesquisa Agrária de Moçambique e, por força das intervenções programadas, ações de organização das capacidades estratégicas transversais: sementes, gestão territorial e comunicação e informação para a transferência de tecnologia encontram-se em 10 curso, assim como o desenvolvimento de um modelo de gestão, acompanhamento, monitoria e avaliação da investigação agropecuária. 3. Outros projetos e principais doadores. Para além das atividades específicas de investigação agrária, várias instituições internacionais atuam como doadores de recursos para execução de projetos nas áreas de apoio à produção e ao comércio de insumos, cooperativismo e associativismo rural, assistência técnica e extensão rural e de treinamento de pessoal técnico e de produtores, destacando-se: i) a FAO no financiamento de programas de segurança alimentar, em particular na compra e distribuição de insumos para a agricultura familiar; ii) a CLUSA no apoio ao cooperativismo e ao associativismo rural; e iii) a AGRA no financiamento de estudos sobre fertilidade de solos. Incluem-se neste caso os governos da Irlanda e Holanda no apoio as atividades de organização e desenvolvimento social das comunidades rurais, e os governos da França, da Alemanha e Portugal na introdução de matérias de reprodução animal e vegetal. Atualmente, sob a coordenação do International Fertilizer Development Center (IFDC), os seguintes projetos estão em curso: • • • • • Desenvolvimento da Comercialização de Insumos Agrícolas, com o objetivo de promover investimentos do setor privado nas tecnologias e comercialização de insumos agrícolas em Moçambique; Programa de Distribuição de Fertilizantes com a finalidade de estabelecer um programa piloto de distribuição de sementes melhoradas e fertilizantes, contemplando 25 mil produtores de milho e de arroz; Melhoramento da Produção de Milho em Moçambique, contemplando pequenos produtores no aumento da produção de milho por meio do acesso a insumos agrícolas de qualidade e em programas de treinamento especializado, e que busca fortalecer a cadeia produtiva: produtores, vendedores de insumos, compradores do produto, ONG’s e serviços de extensão rural; Desenvolvimento da Comercialização de Produtos Agrícolas em Moçambique, com a finalidade de promover investimentos do setor privado em modernas tecnologias agrícolas e no aumento da acessibilidade dos produtores a essas tecnologias; e Aumento da Renda, Subsídios e Segurança Alimentar Sustentável, com o objetivo de estudar o impacto dos subsídios nos fertilizantes e os ganhos no negócio e na qualidade de vida dos produtores; o desenvolvimento de modelos de gestão da produção e da propriedade rural; os níveis de consumo e indicadores de melhoria na qualidade de vida da família, como resultado dos subsídios, do aumento da renda e do aumento da qualidade de vida. D. MARCO CONCEITUAL Este documento consubstancia o primeiro projeto do ProSAVANA–JBM , denominado ProSAVANA-TEC. Desenhado para “melhorar a capacidade de pesquisa e de transferência de tecnologia para o desenvolvimento da agricultura no Corredor de 11 Nacala”, tem por finalidade a construção de uma base tecnológica capaz de desenvolver e transferir adequadas tecnologias agrícolas e dar sustentabilidade ao aumento da produção agrícola regional. Nesta direção, o ProSAVANA–TEC foi desenvolvido em função das seguintes necessidades: i) construir e consolidar uma base de conhecimentos sobre os recursos naturais disponíveis para uso agrícola e seus usos sustentáveis; ii) fortalecer e consolidar a infraestrutura física e institucional do aparato de pesquisa regional; iii) estabelecer um modelo regional de planejamento participativo no âmbito da agricultura familiar; iv) estabelecer um modelo de gestão dos recursos humanos visando a ampliação dos quadros técnicos do IIAM, incluindo a capacitação e o treinamento e pessoal; e v) promover ações de comunicação para uma rápida disseminação junto aos agricultores das tecnologias recomendadas. Em termos de infraestrutura, prevê-se a estruturação de dois centros integrados de investigação agrária, equipados com modernos laboratórios e unidades de beneficiamento de sementes genéticas e básicas, e dispondo de recursos humanos capazes de planejar, coordenar e executar projetos de pesquisa agropecuária vinculados a ações de capacitação e treinamento de recursos humanos, assistência técnica e extensão rural. A idéia central é a concentração de recursos materiais e humanos especializados em projetos comuns de investigação agrária, capacitação e treinamento de técnicos e produtores, e assistência técnica e extensão rural. A finalidade é eliminar as idiossincrasias institucionais mediante a condução de ações integradas que se reforçam mutuamente, tanto no desenvolvimento de tecnologias, como na garantia de sua absorção pelos agricultores, principalmente pelos agricultores familiares. No campo da investigação agrária, o projeto orientar-se-á para a implementação de campos de pesquisa adaptativa com base em três fontes de tecnologias: i) validação e introdução dos materiais da Embrapa desenvolvidas para os cerrados brasileiros e passíveis de rápida adaptação às condições de solo e clima da região; ii) validação para a região dos materiais disponibilizados pelos Centros Internacionais de Investigação Agrária atuantes em Moçambique; e iii) levantamento, purificação e validação de materiais nativos potencialmente viáveis economicamente. Em termos de capacitação e treinamento de recursos humanos, a idéia é romper os problemas de internalização dos sistemas de produção a serem estudados e recomendados e relativos tanto aos diferentes idiomas falados no campo, como no que se refere às atitudes e comportamentos sociais segundo as diferentes etnias e estágios de conhecimentos em agricultura e pecuária. Neste caso, é que se pretende envolver instituições e organizações locais na execução do projeto, treinar seus quadros no Brasil e em Moçambique, e formar uma equipe de pelo menos 150 multiplicadores capazes de ensinarem e disseminarem na região novas técnicas de gerenciamento do uso de recursos naturais para uso agrícola; de multiplicação, beneficiamento e comércio de sementes; de gestão da pesquisa, planejamento participativo e de difusão de tecnologias; e do uso de modelos de decisão para o gerenciamento da produção, processamento e comércio da produção agrícola; entre outros. No âmbito das ações de transferência de tecnologia programadas em componente específico, a idéia é utilizar a experiência da Embrapa na divulgação das tecnologias recomendadas em apoio às instituições de assistência técnica e extensão rural atuantes na região, além do apoio e orientação técnica na instalação de duas 12 Unidades Demonstrativas em conjunto com comunidades de agricultores previamente selecionadas. Desta forma, o ProSAVANA–TEC, centrado na atuação em blocos específicos segundo as características das diferentes etnias e zonas rurais, e por levar em conta a atual base produtiva local, e o planejamento da investigação agrária com base na demanda dos setores produtivos, apresenta-se como um instrumento coerente com a proposta e as necessidades de desenvolvimento agrícola e rural da região. II. O PROJETO A. OBJETIVO 13 Contribuir para o desenvolvimento regional do Corredor de Nacala, mediante o fortalecimento da capacidade de pesquisa e de difusão de soluções tecnológicas disponibilizadas nos Centros Zonais de Investigação Agrária Nordeste e Noroeste do IIAM. B. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Fortalecer a capacidade operacional e de disseminação de tecnologias dos Centros Zonais Nordeste e Noroeste do IIAM; 2. Avaliar as condições socioeconômicas e desenvolver métodos e critérios para avaliação de impacto socioambiental decorrente do uso de novas tecnologias; 3. Identificar e avaliar as condições dos recursos naturais para a prática da agricultura no Corredor de Nacala, e disponibilizar tecnologias para sua utilização sustentável; 4. Desenvolver e disponibilizar soluções tecnológicas eficientes para o cultivo agrícola e a produção animal; e 5. Desenvolver/validar, em conjunto com comunidades de produtores, tecnologias agrícolas em unidades demonstrativas selecionadas. C. DESCRIÇÃO O Projeto está organizado em 5 componentes: os três primeiros buscam criar as condições institucionais e de infraestrutura para o exercício eficiente das atividades de investigação agrária regional, além da construção de uma base de conhecimentos dos recursos naturais, de dados edafoclimáticos e da socioeconomia regional; enquanto os dois últimos componentes estarão focados na validação, desenvolvimento e transferência de tecnologias viáveis para a região e seus agricultores. 1. Componente Fortalecimento da Infraestrutura Institucional dos Centros Zonais Nordeste e Noroeste. O componente financiará a modernização da infraestrutura física e na aquisição de equipamentos para aparelhamento das Estações Experimentais de Lichinga e Nampula, inclusive os programas de capacitação e treinamento do pessoal destas Estações e de outros agentes vinculados a programas nacionais de pesquisa atuantes em projetos afins na região. Prioritariamente, as atividades previstas são: a) apoio técnico na implementação dos planos diretores dos Centros Zonais Nordeste e Noroeste; b) preparação de projetos executivos para a modernização da infraestrutura física (instalações e equipamentos) 14 dos centros zonais (centros integrados1 ); c) modernização e ampliação da infraestrutura física de duas estações experimentais vinculadas aos centros integrados, inclusive equipamentos; e d) capacitação e treinamento de pessoal de pesquisa, inclusive do pessoal das áreas de assistência técnica e extensão rural, e dos profissionais da área lotados nas instituições locais que vierem a ser envolvidas diretamente no Projeto. 2. Componente Avaliação das Condições Socioeconômicas e Desenvolvimento de Métodos para Avaliação de Impactos Socioambientais. O componente financiará estudos para qualificar, quantificar e analisar e construir uma base de conhecimentos sobre o meio ambiente e a socioeconomia regional, assim como o desenvolvimento de métodos informatizados que permitam avaliar ex-ante e ex-post os impactos ambientais e socioeconômicos decorrentes das intervenções programadas no âmbito do Projeto, além de subsidiar em dados e informações confiáveis as propostas de medidas mitigadoras. Prioritariamente, estão previstas as seguintes atividades: a) realização de estudos com observância das seguintes linhas prioritárias: estrutura vegetal, composição florística, fatores ambientais e levantamento da fauna entomológica; b) levantamento, do ponto de vista ambiental, da situação atual da produção agropecuária no Corredor de Nacala e descrição das tecnologias e sistemas produtivos a serem propostos no âmbito do ProSAVANA-TEC e relacionados com o potencial de vulnerabilidade dos recursos naturais; c) identificação dos impactos ambientais diretos e indiretos do ProSAVANA-JBM sobre os recursos naturais da região do Corredor de Nacala; d) elaboração de programa/projetos de mitigação dos possíveis impactos adversos; e, e) realizar diagnóstico das condições socioeconômicas da população alvo e as formas de organização social para a produção agrícola, com prioridade para os distritos situados no eixo do Corredor de Nacala. 3. Componente Avaliação das Condições Agronômicas dos Recursos Naturais da região do Corredor de Nacala e Disponibilização de Tecnologias para sua Utilização Sustentável. O componente financiará os estudos para qualificar, quantificar e analisar em bases ecológicas os recursos naturais (solos e água), visando o aproveitamento eficiente dos ecossistemas naturais na produção rural, em três níveis operacionais: macrorregional (províncias de Niassa e Nampula), regional (zona de influência direta do corredor de Nacala) e local (áreas com potencial agronômico subjacente). Inicialmente, serão desenvolvidas as seguintes atividades: a) levantamento, consolidação, homogeneização e complementação dos dados existentes sobre as características físicas e químicas dos solos, a cobertura vegetal e a topografia no corredor de Nacala para fins agrícolas; b) levantar e analisar para fins agrícolas, as séries de dados meteorológicos e climáticos disponíveis, complementá-las e apresentar projeto para modernizar/implantar unidades de observação nas estações experimentais do IIAM na região; c) no nível macrorregional, realização de estudos orientados para a caracterização de recursos naturais, zoneamento agroecológico das / Significa a elaboração de projetos de arquitetura e engenharia visando a transformação dos centros zonais existentes em centros integrados de pesquisa agrária, que contemplem: i) um módulo dedicado à pesquisa; ii) um módulo destinado à capacitação de recursos humanos e treinamento; iii) um módulo dedicado à assistência e a extensão rural; e iv) um módulo destinado educação ambiental em agricultura. 1 15 regiões fisiogeográficas do Corredor de Nacala, com a geração de mapas de 1:1.000.000, segundo as seguintes linhas prioritárias: mapeamento da vegetação, distribuição das espécies vegetais, levantamento de recursos naturais e avaliação de sua implicação nas atividades agropecuárias; d) no nível regional, realização de estudos para reconhecimento, mapeamento e avaliação dos recursos naturais da região em escala 1:250.000, segundo as seguintes linhas prioritárias: solos, recursos hídricos e cobertura vegetal; e zoneamento climático e de riscos climáticos e ambientais; e) no nível local, realização de estudos específicos para definição de pelo menos seis áreas com cerca de 1.000 hectares cada uma, e aprofundamentos das análises dos recursos solo e água visando a implementação de futuros projetos produtivos; e, f) levantamento do potencial hídrico em áreas selecionadas no Corredor de Nacala, visando o desenvolvimento de projetos e métodos para o acesso sustentável do uso dos recursos hídricos potencialmente disponibilizáveis para fins agrícolas. 4. Componente Apoio a Projetos de Desenvolvimento e Validação de Tecnologias de Cultivo Apropriadas para o Corredor de Nacala. Este componente financiará projetos de geração/validação de tecnologias para os produtos agrícolas priorizados a partir das áreas estratégicas identificadas no Plano de Ação para a Produção de Alimentos 2008-2011 do Governo de Moçambique, e segundo os preceitos e diretrizes estabelecidas no Plano Estratégico de Pesquisa do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique – IIAM. A Tabela 01, construída com base na priorização do governo moçambicano, mostra os produtos e as linhas de pesquisa definidas como prioritárias pelas equipes técnicas dos Centros Zonais Nordeste e Noroeste do IIAM, da Embrapa e da JICA, tomando-se por base critérios relacionados com as respectivas importâncias econômica, social e ambiental de cada produto, assim como com a probabilidade de êxito da investigação e das perspectivas de sucesso da adoção da nova tecnologia pelos agricultores. Tabela 01 – Produtos prioritários e linhas de pesquisa (2) 1. Produção vegetal Atividades Produtos Amendoim FER DTI ACV TPC ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Mandioca Algodão ! VSP MIC SEM MCL ! CSC MDP ! ! ! ! ! ! ! 2/ Legendas: FER = Recomendações para usos de fertilizantes; DTI = Tolerância às secas e irrigação; ACV = Análise das Cadeias de Valor; TPC = Tecnologias de Pós-colheita; VSP = Validação de Sistemas de Produção; MIC = Microrganismos (rizóbio); IDV = Identificação de variedades para cobertura de solos; MCL = Manejos de cultivo; CSC =Conservação em agricultura e correção de solos; e MDP = Monitoramento de praças e doenças. 16 Arroz ! ! ! ! ! ! ! ! Feijão ! ! ! ! ! ! ! ! ! Caupi ! ! ! ! ! ! ! ! ! Batata ! ! ! ! ! ! Milho ! ! ! ! ! ! ! ! ! Sorgo ! ! ! ! ! ! ! ! ! Soja ! ! ! ! ! ! ! ! ! Trigo ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Conservação em agricultura e correção de solos. 2. Produção animal Atividades Produtos Manejo de rebanhos Nutrição animal Alimentaç ão animal Manejo de pastage ns Agro Produtos Integração lavoura/ pecuária Bovinocultura ! ! ! ! ! ! Ovinocaprinocult ura ! ! ! ! ! ! Estas espécies e linhas de pesquisa/atividades devem ser consideradas como um referencial para o início das atividades de validação e introdução de materiais segundo as diferentes características edafoclimáticas prevalecentes na região. Seu aperfeiçoamento e o detalhamento técnico dos projetos de experimentação decorrentes serão objeto de análise e aprovação pelo Comitê Técnico Conjunto (JTC). 5. Componente de Planejamento e Implementação de Unidades Demonstrativas Este componente financiará o planejamento e a posterior instalação de pelo menos duas unidades demonstrativas em comunidades de agricultura familiar, em áreas já identificadas pela Embrapa no âmbito do Projeto Plataforma, e situados nas proximidades das estações experimentais vinculadas aos Centros Zonais Nordeste e Noroeste, selecionadas em função de critérios técnicos específicos, como consta do documento anexo ao Plano Técnico específico (PT 05.1). Inicialmente, serão realizadas as seguintes atividades: i) definição das comunidades a serem envolvidas segundo critérios técnicos e sociais previamente definidos; ii) definição da localização das unidades demonstrativas e elaboração do projeto técnico; iii) treinamento dos líderes locais e das organizações de produtores a serem envolvidas, inclusive dos profissionais das instituições locais de assistência técnica e de extensão rural; iv) realização de oficinas de trabalho e outros eventos visando a 17 mobilização dos produtores envolvidos; e v) planejamento participativo para implementação dos projetos. D. RESULTADOS ESPERADOS No que se refere à infraestrutura física, ao longo dos cinco anos de duração do ProSAVANA-TEC espera-se que os Centros Zonais Nordeste e Noroeste do IIAM estejam estruturados e organizados no formato de Centros Integrados de Investigação Agrária e de Transferência de Tecnologia, e equipados com laboratórios multifuncionais e unidades de beneficiamento de sementes genéticas e básicas, dois módulos de treinamento e capacitação para técnicos em extensão rural e produtores. Em termos de capacitação e treinamento de recursos humanos, espera-se que pelo menos 150 (cento e cinquenta) técnicos moçambicanos estejam treinados no Brasil e em Moçambique, em tecnologias de gerenciamento do uso de recursos naturais para uso agrícola; em tecnologias de multiplicação, beneficiamento e comércio de sementes; em técnicas de gestão da pesquisa e da difusão de tecnologias; e em gerenciamento da produção, processamento e comércio da produção agrícola com emprego informatizado de modelos de decisão. No que concerne aos estudos e disseminação de tecnologias para o uso sustentáveis de recursos naturais (água e solos) para uso agrícola, espera-se organizar e tornar operativo um Centro de Georeferenciamento e Ciências de Solo em Nampula, o adensamento e a modernização das Unidades de Observação e Coletas de dados Meteorológicos, e a conclusão dos estudos sobre as propriedades agronômicas de rochas calcárias e fosfatadas. Como previsto no Plano Técnico relativo com Componente de Planejamento e Implementação de Unidades Demonstrativas (PT 05.1.), no que se refere às atividades de disseminação das tecnologias recomendadas, pelo menos 20 campos de investigação participativa será instalados em terras de comunidades de agricultura familiar selecionadas, observados os modelos de ocupação da área e os critérios político-sociais previamente estabelecidos. Adicionalmente, com a orientação técnica da Embrapa, espera-se que as Diretorias Provinciais de Agricultura tenham organizadas e operativas pelo menos duas Unidades Demonstrativas dotadas de instrumentos legais, infraestrutura, informações técnicas e aportes de variedades melhoradas em quantidades e qualidades suficientes para sustentar a produção agrícola e a geração de excedentes para o mercado interno. Contando com o envolvimento de 40 mil agricultores familiares associados à UNAC em Niassa e a Ikuru em Nampula, espera-se que o emprego sistemático das tecnologias recomendadas e a orientação dos produtores para o mercado permitam, ao final do projeto, que os índices de produtividade agrícola e da produção regional das espécies consideradas estejam triplicados. 18 IV. ESQUEMA DE EXECUÇÃO A. INSTITUIÇÕES PARCEIRAS 1. Agência Brasileira de Cooperação (ABC) A ABC encarregar-se-á do financiamento das atividades programadas, e coordenará a sua execução, cabendo-lhe: i) assegurar o diálogo entre as partes envolvidas no Brasil e em Moçambique; ii) efetuar parcialmente a gestão administrativa e financeira do uso dos recursos objeto do financiamento por demanda da entidade executora; iii) designar um técnico responsável para acompanhar e apoiar as atividades do Projeto em Moçambique; e iv) quando for o caso, estabelecer e intermediar os trâmites administrativos internos junto ao PNUD, para efetividade das ações programadas. Os recursos da ABC serão empregados na execução das seguintes ações: i) apoio ao planejamento e execução das atividades programadas, em particular no que se refere à seleção e a introdução de variedades de produtos apropriados para o clima de savana tropical; ii) na elaboração dos projetos técnicos para a construção dos centros integrados de investigação; e iii) na construção/aparelhamento dos laboratórios multiuso e unidades de beneficiamento de sementes; e na instalação dos projetos piloto. Para implementação do mandato da Embrapa na execução do ProSAVANA-TEC, a Agência Brasileira de Cooperação transferirá para a Embrapa os recursos alocados, nos termos e condições de uma Carta Acordo específica a ser celebrada imediatamente após a aprovação e efetividade deste Projeto de Cooperação Técnica, conforme minuta constante do Anexo II. 2. Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) Conforme o disposto nos Acordos e Minutas de Entendimento assinados e reconhecidos como partes integrantes do ProSAVANA-TEC, a JICA, através da NTC Internacional e da JIRCAS, se obriga a: i) prover peritos japoneses em permanência na região e a serem alocados de acordo com as necessidades do avanço do projeto; ii) capacitar e treinar profissionais moçambicanos no Japão e em outros países; iii) adquirir equipamentos, máquinas e outros materiais necessários a execução do Projeto; e iv) assegurar o custeio das despesas correntes relacionadas com a participação dos peritos japoneses. Para efeito de uma gestão integrada e de um monitoramento conjunto das atividades a serem desenvolvidas, a JICA se compromete a produzir e encaminhar para conhecimento das partes e para constituir parte integrante do Plano Anual de Trabalho para o primeiro ano – PAT I, o plano de cooperação técnica da parte japonesa, contemplando: i) os princípios do Projeto: enfoques, metodologia de implementação, 19 flowchart, lista de atividades, entre outros; e ii) estruturas de implementação do Projeto em Moçambique. 3. Ministério da Agricultura de Moçambique Ao Ministério da Agricultura de Moçambique compete assegurar: i) a permanência, em regime de dedicação exclusiva, dos quadros técnicos localizados nas províncias de Nampula e de Niassa; ii) a garantia da internalização dos conhecimentos a serem adquiridos e a operação e manutenção da infraestrutura em máquinas e equipamentos que serão disponibilizados pelo Projeto; e iii) a validação e a disseminação das medidas institucionais e administrativas necessárias à implementação das ações estratégicas a serem propostas no âmbito do Projeto. Adicionalmente, também segundo o disposto nos Acordos e Minutas de Entendimento assinados e reconhecidos como partes integrantes do Projeto, o Ministério da Agricultura de Moçambique, através do IIAM, se compromete a produzir um plano de trabalho da parte moçambicana, contemplando: i) recursos para despesas de custeio com o pessoal do IIAM envolvido com o Projeto, assim como para os gastos com manutenção de máquinas e equipamentos doados; ii) lista e localização das áreas disponibilizadas legalmente para a implementação de campos de experimentação, unidades demonstrativas e projetos produtivos; iii) lista das instituições locais públicas ou privadas parceiras a serem envolvidas na execução do projeto, inclusive áreas de atuação e formas legais para a celebração de acordos, contratos ou convênios; e iv) listas das comunidades alvo e contratos celebrados para assegurar a participação no projeto com emprego das tecnologias recomendadas. B. I NSTITUIÇÕES EXECUTORAS 1. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Além de validar e transferir tecnologias agrícolas, a Embrapa irá executar suporte técnico para o desenvolvimento e a implementação de centros integrados de pesquisa agrícola em Nampula e Lichinga, a melhoria dos laboratórios existentes, e as unidade de beneficiamento de sementes. A Embrapa também dará apoio técnico na implementação das ações planejadas para o fortalecimento da pesquisa agropecuária na região do Corredor de Nacala, bem como ações para a difusão de tecnologias. A Secretaria de Relações Internacionais (SRI) é a unidade responsável por coordenar todas as ações técnicas desenvolvidas pelas Unidades Especializadas e de Pesquisa da Embrapa. A SRI delegará a execução da formação de técnicos e produtores moçambicanos no Brasil e em Moçambique ao Centro de Estudos Estratégico e Formação em Agricultura Tropical (CECAT), que formulará programas especiais de formação, e fornecerá as informações técnicas em português. As atividades programadas serão realizadas por pesquisadores e analistas de diversos Centros da Embrapa, sob a Coordenação da SRI, e em resposta às necessidades técnicas específicas decorrentes do andamento do Projeto, com base nos respectivos Planos Técnicos. Tanto quanto possível, as atividades serão compatibilizadas com as atividades sob a responsabilidade do lado japonês, que também compatibilizará suas atividades com às da Embrapa. 20 Para este feito, a Embrapa colocará à disposição do Prosavana: i) especialistas em infraestrutura necessária ao Prosavana (laboratórios, projetos piloto, e unidades de processamento de sementes); ii) especialistas para o desenvolvimento de sistemas de produção de sementes, inclusive especialistas em pecuária; iii) promoverá projetos de experimentação para transferência e adaptação de tecnologias desenvolvidas no Brasil em agricultura tropical; iv) apoiará o IIAM no desenvolvimento de programas de gestão, monitoramento e avaliação de projetos de pesquisa; v) apoiará tecnicamente o IIAM na produção de materiais multimídia e publicações técnicas relacionadas com a agricultura tropical; vi) proverá de equipamentos de laboratório, máquinas, mudas e sementes desenvolvidas no Brasil e direcionadas ao pequeno produtor rural; e vii) realizará treinamentos de profissionais moçambicanos no Brasil. Na aplicação dos recursos financeiros a serem transferidos, a Embrapa observará, além dos termos e condições da Carta de Acordo, as Normas e Procedimentos constantes do Manual de Execução de Projetos de CTPD e do Manual de Convergência de Normas Licitatórias do PNUD. 2. NTC International e JIRCAS Enquanto braço executivo da Agência Japonesa de Cooperação – JICA, a NTCI e o JIRCAS, entre outras ações, assumem: i) colocar à disposição do ProSAVANA-TEC pesquisadores e técnicos em pesquisas, especialistas e peritos em infraestrutura de laboratórios de solos e de análises de sementes; ii) promover, em conjunto com a Embrapa, o planejamento e a execução de projetos de experimentação para desenvolvimento e adaptação de tecnologias em agricultura tropical e em qualificação e uso sustentável dos recursos naturais (solos e água) em agricultura; iii) apoiar os trabalhos de construção de programas informatizados em gestão, monitoramento e avaliação de projetos de pesquisa; iv) promover o levantamento e as especificações necessárias para aquisição de equipamentos de laboratório, equipamentos de produção agrícola, máquinas e equipamentos de processamento pós-colheita e armazenagem, inclusive irrigação; v) promover a construção de programas informatizados e especificações para a aquisição de equipamentos visando a implementação de Unidades de Observação em Agrometeorologia; e vi) programar e promover a realização de treinamentos de profissionais moçambicanos no Japão. 3. Instituto de Investigação Agrária de Moçambique – IIAM O IIAM é a instituição responsável por alocar os recursos humanos necessários, em regime de dedicação exclusiva, para garantir a internalização dos conhecimentos a serem adquiridos durante a execução do Prosavana. Especificamente, através dos Centros Zonais Nordeste e Noroeste, compete ao IIAM a adoção imediata das seguintes medidas: i) designar a contraparte em pessoal devidamente qualificado para trabalhar direta e continuadamente com os peritos japoneses e brasileiros; ii) adotar as medidas necessárias para o gerenciamento e utilização do equipamento e materiais doados pelas contrapartes brasileira e japonesa; iii) garantir aportes de recursos para atender as despesas correntes, principalmente em custos com diárias e deslocamento do pessoal contraparte, assim como os custos de manutenção relativos aos escritórios e equipamentos doados; iv) prover os meios necessários para garantir a operação e a manutenção das infraestruturas em máquinas e equipamentos que estarão disponíveis a partir da execução do Projeto; e v) validar e aprovar as medidas institucionais e administrativas necessárias para implementar as ações estratégicas a serem 21 propostas no âmbito da geração, validação e disseminação e tecnologias para a agropecuária regional. 4. Direções Provinciais de Agricultura As Direções Provinciais de Agricultura de Niassa e Nampula serão responsáveis: i) pela operação e manutenção das infraestruturas em máquinas e equipamentos que lhes forem disponibilizadas para melhoria das capacidades estratégicas transversais – multiplicação e distribuição de sementes certificadas e comunicação para a transferência de tecnologia – em suas respectivas províncias; ii) promover a validação e a implementação no âmbito da administração provincial das medidas institucionais e administrativas necessárias para implementar as ações estratégicas a serem propostas no âmbito do Projeto; iii) promover articulações visando o maior envolvimento possível das instituições locais de treinamento e assistência técnica nas interrelações entre as intervenções programadas e as comunidades de produtores; e iv) conduzir a organização e a implementação das Unidades Demonstrativas programadas para cada província, a partir de um projeto específico, envolvendo a participação das instituições de assistência técnica e extensão rural atuantes na província, das organizações não governamentais parceiras e lideranças dos produtores rurais. C. COORDENAÇÃO A Minuta de Entendimento, celebrada pelas partes em 25 de agosto de 2010, base para a preparação do Acordo de Projeto estabelece: i) as questões de relevância relacionadas à execução do projeto serão discutidas entre as três partes, principalmente nos casos de planejamento ou elaboração de outras formas de cooperação entre Moçambique e Brasil ou entre Japão e Moçambique; ii) uma Unidade de Coordenação, composta por representantes das três partes e presidida pela parte moçambicana, seria criada com o objetivo de coordenar a execução das atividades do Prosavana; e iii) que os Diretores dos Centros Zonais Nordeste e Noroeste, enquanto Gerentes do Projeto, serão os responsáveis pelas questões técnicas e de gestão no âmbito de suas respectivas unidades. Para este efeito, o Acordo de Projeto celebrado em 10 de novembro de 2010, define que a coordenação da execução das atividades programadas no âmbito do ProSAVANA–TEC será realizada com base em decisões colegiadas de diferentes níveis (estratégico, técnico e operacional). Assim, as atividades de planejamento estratégico e de execução do ProSAVANA-JBM serão desenvolvidas por dois colegiados: um Comitê Conjunto de Coordenação; e um Comitê Técnico Conjunto, instituídos formalmente pelo Ministro da Agricultura de Moçambique, como indicado a seguir. 1. O Comité Conjunto de Coordenação (JCC). A coordenação geral para execução do PROSAVANAS será feita por um Comitê Conjunto de Coordenação (JCC), composto por representantes das três partes, e presidido pela parte moçambicana, com competência para decidir sobre questões de ordem estratégica ou de relevância relacionadas com a eficiência da execução do ProSAVANA-JBM, inclusive nos casos de replanejamento ou de elaboração de outras formas de cooperação entre Moçambique e Brasil ou entre Japão e Moçambique. 22 O esquema da Figura 02 mostra a composição inicial do JCC que, presidido pelo Ministro da Agricultura de Moçambique ou por seu representante especialmente indicado, tem como competência específica: i) avaliar e aprovar e acompanhar a execução do primeiro Plano Anual de Trabalho Conjunto Operação (Work Plan I); ii) definir diretrizes para a elaboração dos Planos Anuais de Trabalho subsequentes; iii) aprovar o Plano de Monitoramento e Avaliação do ProSAVANA-TEC; iv) definir as funções e responsabilidades do Comité Técnico Conjunto e dos Comitês Executivos Locais; e v) promover as avaliações de meio termo e final. M O Ç A M BI MINAG GOVERNO PROVINCIAL Ministro da Agricultura Chefe do Departamento de Cooperação Internacional Representante do Governo Provincial de Nampula Representante do Governo Provincial de Niassa JA PÃ JICA Chefe da Representação da JICA em Moçambique B R ABC Chefe da Representação da ABC em Moçambique Figura 03 – Composição do Comitê Conjunto de Coordenação (JCC) 2. O Comité Técnico Conjunto (JTC). As atividades programadas no âmbito do ProSAVANA-TEC, inclusive os trabalhos de investigação agrária e de disseminação das soluções tecnológicas recomendadas, serão executadas de forma integrada, e sob a coordenação do Comitê Técnico Conjunto (JTC) formada por pesquisadores representantes do IIAM, dos experts da 23 NTCI e JIRCAS indicados pela JICA, e de pesquisadores especialmente indicados pela Embrapa, com competência para planejar, desenvolver e monitorar a implementação do primeiro Plano Anual de Trabalho Conjunto (Work Plan I) e dos correspondentes Planos Técnicos, contemplando, prioritariamente, a avaliação e o aproveitamento dos recursos naturais (solo, água, clima e plantas), o desenvolvimento de adequados sistemas de produção para a agricultura familiar, além do apoio técnico ao planejamento das Unidades Demonstrativas. Enquanto Unidade de Gestão do ProSAVANA–TEC em Moçambique, cabe especificamente ao JTC: preparar e apresentar ao Comitê Conjunto de Coordenação para análise e aprovação: i) os Planos Anuais de Trabalho Conjuntos; ii) o Plano Conjunto de Monitoramento e Avaliação; iii) o Plano Monitoramento e Avaliação; iv) o Plano Especial de Capacitação e Treinamento de Pessoal; e v) os Relatórios Trimestrais de Avaliação. O esquema da Figura 03 mostra a composição inicial do JTC. Ao Diretor Geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) do Ministério da Agricultura de Moçambique, enquanto responsável geral pela execução do ProSAVANA-TEC, cabe presidir o Comitê Técnico Conjunto. M O Ç A M BI MINAG GOVERNO PROVINCIAL Diretor Geral do IIAM Chefe do Centro Zonal Nordeste do IIAM Chefe do Centro Zonal Noroeste do IIAM Diretor Provincial de Agricultura de Nampula Diretor Provincial de Agricultura de Niassa Diretor Provincial de Agricultura da Zambezia JA PÃ JICA Chefe da Representação da JICA em Moçambique B R ABC Chefe da Representação da Embrapa em Nampula 24 Figura 04 – Composição do Comitê Técnico Conjunto (JTC) 3. Os Comitês Executivos Locais (CELs) (nível operacional) As atividades de mobilização e de organização dos produtores rurais para o planejamento e implantação de projetos piloto ou de unidades demonstrativas, serão executadas sob a Coordenação das respectivas Diretorias Provinciais de Agricultura e apoio técnico dos Centros Zonais Nordeste e Noroeste, com envolvimento direto das comunidades selecionadas, das organizações não governamentais parceiras, e das diferentes organizações de produtores rurais envolvidos. Para este efeito, Comitês Executivos Locais serão instituídos nos diferentes Distritos objeto da ação do ProSAVANA-TEC, por ato dos respectivos Governadores Provinciais. A partir da proposta inicial mostrada na Figura 04, a composição de cada Comitê deve ser ajustada a cada caso com base em critérios e procedimentos adequados às condições econômicas e sociais prevalecentes na região, em particular os componentes físicos e bióticos, as formas atuais de ocupação das áreas objeto de GOVERNOS PROVINCIAIS Representantes dos Diretores Provinciais de Agricultura Representantes das Direções Distritais de Agricultura Representantes da Assistência Técnica e Extensão Rural Representantes das Organizações de Produtores Lideranças das Comunidades Envolvidas intervenção do Projeto, entre outros. Figura 05 – Composição inicial dos Comitês Executivos Locais Presididos por representantes das respectivas Diretorias Provinciais de Agricultura, aos Comitês Executivos Locais cabe decidir sobre a seleção e a mobilização das comunidades de agricultura familiar a serem envolvidas, inclusive negociar a celebração de contratos e acordos formais visando garantir o cumprimento das obrigações de cada uma das comunidades no emprego das recomendações técnicas emanadas da área de pesquisa e das orientações das equipes de assistência técnica e extensão rural. A composição final de cada Comitê Executivo Local, bem como as demais funções e responsabilidades devem ser aprovadas previamente pelo JCC, a partir de proposta apresentada pela respectiva Diretoria Provincial de Agricultura. D. PLANEJAMENTO 25 1. Plano Anual de Trabalho Conjunto (Work Plan) O Plano Anual de Trabalho Conjunto, depois do consentimento mútuo das partes, constitui o documento executivo do ProSAVANA-TEC e, como parte integrante do Acordo de Projeto, a base principal para as ações de monitoria, acompanhamento e avaliação dos resultados pelo JCC. Por suas particularidades e em função das exigências em termos de continuidade, o início dos trabalhos terá como base o primeiro Plano Anual de Trabalho Conjunto (Work Plan I), revisado a cada ano em Planos Anuais de Trabalho subsequentes, elaborados sob a coordenação do JTC com base nos resultados efetivamente alcançados no ano anterior. Neste contexto, compõem o Primeiro Plano Anual de Trabalho Conjunto (Work Plan I): i) o marco conceitual e estratégico do ProSAVANA-TEC, incluindo enfoques e metodologias comuns; ii) divisão de tarefas entre as partes por componentes e respectivos resultados esperados; iii); a estrutura de governança do ProSAVANA-TEC em Moçambique; os Projetos de Cooperação Técnica do Brasil e do Japão e respectivos Planos Técnicos; iv) o Plano Técnico da Contrapartida do Governo Moçambicano; e v) o Orçamento Anual por Usos e Fontes Ao Comitê Conjunto de Coordenação (JCC) cabe estabelecer as diretrizes para a elaboração de cada Plano Anual de Trabalho, assim como adotar as medidas necessárias para garantir a continuidade das atividades em andamento, inclusive aportes ou realocação de recursos. Para se evitar problemas de continuidade, assim como para atender a necessidade de se observar os respectivos calendários agrícolas durante os treinamentos para implementação dos campos de experimentação, também fará parte do Primeiro Plano Anual de Trabalho (Work Plan I) um Plano Especial de Capacitação e Treinamento, que terá caráter plurianual e contemplará as atividades de capacitação e treinamento de técnicos e produtores em Moçambique, e a capacitação e o treinamento de técnicos e instrutores moçambicanos no Brasil, no Japão e em outros países, conforme o caso. 2. Planos Técnicos Os resultados esperados com a efetividade do Projeto de Cooperação Técnica financiado pela ABC para execução da parte brasileira do ProSAVANA-TEC pela Embrapa, serão alcançados a partir da operacionalização de Planos Técnicos elaborados para cada Componente, como segue: • • Componente 01 (infraestrutura física e formação de recursos humanos): PT 01.1: Fortalecimento da Infraestrutura dos Centros Zonais Nordeste e Noroeste. PT 01.2: Capacitação e Treinamento. Componente 02 (sustentabilidade socioeconômica e ambiental): PT 02.1: Sociologia Rural e Estudos Socioeconômicos. PT 02.2: Desenvolvimento Rural e Impactos Socioambientais. PT 02.3: Gestão de Recursos Hídricos e Climatologia. 26 • • • Componente 03 (usos dos recursos naturais em agricultura): PT 03.1: Potencial e Condições Agronômicas dos recursos em solos. Componente 04 (tecnologias de produtos e sistemas de produção): PT 04.1: Validação e Introdução de Tecnologias Agrícolas para a Agricultura do Corredor de Nacala. PT 04.2: Planejamento e Apoio Técnico para Execução de Projetos de Desenvolvimento da Pecuária. Componente 05 (transferência de tecnologias) PT 05.1: Planejamento e implementação de Unidades Demonstrativas em Comunidades Rurais E. AÇÕES IMEDIATAS Dada a grande extensão da área de influência do Corredor de Nacala, ficou evidenciada a necessidade de se definir áreas prioritárias para o desenvolvimento das ações programadas no ProSAVANA-TEC, área esta que deveria, tanto quanto possível, ser representativa das condições fisiográficas de maior dominância na região, assim como reunir solos com características distintas, próprios para a implantação de grandes empreendimentos agrícolas e outros com aptidão preferencial para pequenos agricultores. Por proposta dos representantes dos Governos Provinciais de Niassa e Nampula, em reunião realizada em Brasília, os distritos de Ribauê e Malema da Província de Nampula, e de Mandimba e Cuamba da Província de Niassa, foram eleitos como a área de intervenção imediata do ProSAVANA-TEC, por tratar-se de uma região estratégica comum a ambas as Províncias (Figura 06). Em termos agronômicos, o desenvolvimento econômico destas áreas tem grandes possibilidades de influenciar, não só desenvolvimento rural e urbano dos respectivos distritos, mas também influenciar no início de um processo de integração regional, razão maior de ter sido eleita como prioritária. Figura 06 – Distritos nas Províncias de Niassa e Nampula: áreas prioritárias base 27 Esses Distritos somam conjuntamente uma área aproximada de 23.859 km2. Além de apresentar condições ambientais e de solo que atendem aos requisitos estabelecidos para a distinção das áreas piloto, englobando terras tanto com potencial para exploração agrícola intensiva, como preferenciais para o desenvolvimento de agricultura familiar, a indicação para localização da área piloto nessa região leva em consideração também o fato de constituir um trecho de ligação entre os distritos mais interioranos e as cidades de Nampula e Lichinga. Especificamente, trata-se de viabilizar a realização de um Zoneamento Agroecológico na escala de 1:250.000, envolvendo os temas: (i) levantamento de solos; (ii) uso e cobertura vegetal; (iii) avaliação do potencial de terras para irrigação; (iv) avaliação da aptidão pedoclimática por cultura com vistas ao desenvolvimento da agricultura regional (comercial e familiar) e demais usos da terra em bases sustentáveis. Com este objetivo, serão organizadas informações de vinte perfis de solos com dados morfológicos e analíticos recuperados, organizados em mídia digital; elaborado um mapa de uso e cobertura vegetal na escala 1:250.000; dois mapas de solos na escala 1:250.000, referentes a duas áreas-piloto nas Províncias de Niassa e de Nampula, Distritos de Ribaue, Malema, Cuamba e Mandimba, somando uma área máxima de 10.000 km2:; e elaborados dois mapas detalhados de solos, em áreas selecionadas, somando no máximo 2.000 ha, visando: i) a implantação de futuros projetos produtivos; ii) atender as demandas de pesquisas; e iii) a realização de treinamento práticos dos recursos humanos do IIAM e das instituições de assistência técnica e de extensão rural. Como resultado espera-se a disponibilização sistemática de informações sobre as áreas com potencial de exploração agrícolas e/ou para reserva/proteção ambiental, que poderão contribuir para: i) garantir maiores condições de acertos nos planejamentos de investimentos e de proteção ambiental; ii) o manejo sustentável de culturas, mediante a utilização de solos potencialmente recomendado para 28 determinada exploração e investimentos; iii) o aumento da segurança do cultivo familiar e do agronegócio; iv) a redução dos impactos ambientais. 29