201 Prêmio FEPAL Rêverie grupal, uma função possível? Grupo SYGMA* "0 bebê sabe o que é ter emoções avassaladoras — coisas às quais damos nomes toscos, como medo, depressão, amor, ódio - mas não sabe como chamá-las; quando chega a dominar a linguagem articulada, já se esqueceu o que se sente sendo bebê. E nós, que já adquirimos a capacidade da linguagem articulada, quase esquecemos o que se sente sendo humanos." W.R. Bion Como preâmbulo, queremos manifestar nosso interesse pelos fenômenos grupais e nossa intenção de seguir transitando por seus mistérios e complexidades. Em nosso país, após o auge da terapia e da psicanálise grupai, produziu-se uma notável diminuição - quase desaparição - de tal prática, em parte devido ao terrorismo de estado implementado na década de 70, mas também pelo fato de que, a partir de alguns âmbitos psicanalíticos, a terapia grupai sempre foi vista com suspeita e comparada, em todo caso, ao cobre, nunca ao ouro. Ademais, bombardeados por notícias apocalípticas que anunciam a morte de coisas que amamos e com as quais crescemos, como a história, a ciência, a cultura da modernidade e também a grupalidade, nós não acreditamos nessas mortes. Por outro lado, observamos fenômenos grupais que desmentem a asseveração da tendência ao primitivismo individualista da espécie humana e continuam introduzindo como manifesto a oscilação e o conflito, entre as tendências tanto ao social-ismo como ao narcisismo, que já estabelecera Bion como constitutivas da nossa mentalidade. Um dos fenômenos grupais mais conhecidos é o da investigação científica levada a cabo por equipes. É praticamente impensável um cientista isolado em seu laboratório descobrindo sozinho a idéia genial. Nosso próprio grupo é uma prova da possibilidade de trabalhar, estudar e pensar em conjunto, o que nos resultou profundamente enriquecedor já que os efeitos dos pensamentos que a grupalidade capta e elabora nos atingem e transcendem enquanto indivíduos. Entretanto, observamos que no terreno psicanalítico predomina a tendência ao isolamento e à produção individual, o qual talvez esteja relacionado com as características de nossa prática, mas, talvez, também com a história de nossas identificações com os ancestros psicanalíticos e com a história da institucionalização da psicanálise. Por outro lado, é provável que os fenômenos que gera a grupalidade nos atemorizem, como a todos os seres humanos. Pensemos no impacto emocional amplificado, nos processos de despersonalização que podem ser promovidos pela situação grupai, * Compõem o Grupo Dr. Diego J. Rapela (Titular Didata da APC), Lic. Dolores Banhos (Titular da APC), Lic. Cristina Blanco (Titular APC), Dr. Carlos Curto (Aderente APC), Lic. Teresa Reyna (Aderente APC), Dra. Lidia Lansky (Aderente de ApdeBa) e Lic. Amália Giorgi (não membro IPA). São membros correspondentes e consultores permanentes a Dra. Elizabeth Tabak de Bianchedi (Titular Didata da ApdeBa) e o Dr. Marcelo Bianchedi. 202 Revista FEPAL - Setembro de 2002 - Mudanças e permanências no uso eventualmente excessivo de evacuações e projeções, no possível e temporário predomínio dos fenômenos de SB1, etc. A esse respeito, chamou-nos a atenção, em alguns fóruns nos quais apresentamos nossas idéias, a divisão categórica que se estabelece entre GT e GSB e certa tendência à valorização, considerando algo assim como "positivo" ao GT e "negativo" ao GSB. Queremos adiantar que nossa posição não é esta. Não os consideramos nem positivos nem negativos, mas inevitavelmente existentes e, melhor, nos interessa estudar a possível interação de funções de ambos tipos de grupo, para o que trataremos de desenvolver algumas idéias a respeito da capacidade dos grupos para conter e ajudar a nascer idéias, pensamentos e mitos, levando em consideração as dores próprias de tal parto. Num trabalho anterior2, propusemos à grupalidade como derivada, transformações mediante a fusionalidade, entendendo-a como sendo uma tendência protomental, determinada à "ordem da manada" como um pressuposto básico que se expressaria através de transformações, na mente primordial, como uma concepção originária, a de "espécie humana", que não teria uma realização sensorial específica mas sim uma expectativa, baseada na memória filogenética: a de que a fusão da manada permite ignorar qualquer possibilidade de não existência. Tal pré-concepção conteria, também, um escuro saber acerca de que, mesmo que os indivíduos pereçam, a espécie deve perdurar, saber alimentado pela ancestral "lembrança" de catastróficas desaparições. No mesmo trabalho, ademais, estabelecemos a possibilidade dos grupos gerarem capacidade de reverie3. Em primeiro lugar, queremos deixar claro que tomamos a descrição que fez Bion da capacidade de rêverie na relação mãe-bebê, como um modelo de vínculo4, modelo que pretendemos aplicar ao que de fato pode-se descrever como um grupo, deixando à margem desenvolvimentos possíveis sobre grupo interno, a mente individual funcionando como grupo, etc. Pelo que faz a capacidade de rêverie, nós a consideramos como uma função na qual distinguimos, a princípio, dois fatores: contenção e devaneio. A respeito do primeiro, aplicar a idéia de Bion de "personalidade total" a corpos sociais, levou-nos a pensar numa "grupalidade total", em termos de coexistência de distintas modalidades de contenção grupai: um fusional (o mais arcaico e primordial), outro próprio da organização de SB e outro, próprio do grupo de trabalho, no qual se manteria no nível protomental a contenção fusional e de SB, porém o grupo seria, ao mesmo tempo, capaz de conter e desenvolver idéias novas e também cooperação. A respeito do fator devaneio, baseamo-nos na afirmação de Bion de que o mito e o conteúdo manifesto do sonho têm de ser considerados como versões GRUPAL e INDIVIDUAL da mesma coisa e essa coisa tem de ser considerada uma afirmação de que certos elementos estão constantemente em conjunção, e em conseqüência disso, propusemos a hipótese de que a capacidade de rêverie grupal, no que diz respeito a este fator de devaneio, se manifestaria na criação e no uso de mitos. Mesmo assim, pensamos que a capacidade de rêverie gera-se no mesmo grupo e como um epifenômeno da grupalidade, em certas circunstâncias. Vale dizer que não é o resultado do transporte ao grupo dos diversos avatares vividos por seus membros em suas primeiras relações objetais, mas um fenômeno que pode gerar também a grupalidade "per se". Rêverie grupal, uma função possível? Grupo SYGMA 203 Segundo Teilhard de Chardin5 produziu-se no Neolítico uma metamorfose através da qual e, pelo que parece, sobre vastas extensões da Terra SIMULTANEAMENTE6, a Humanidade passou pela primeira vez, como por um jogo de maturação generalizada, do social difuso ao social organizado. A partir de então, produziu-se um tipo até então inédito e especialmente revolucionário de mutação: a resultante não mais de uma re-disposição das partículas germinais no interior de alguns indivíduos, a não ser da INTERFECUNDAÇÃO MASSIVA DE GRANDES GRUPOS ÉTNICOS QUE ENTRARAM REPENTINAMENTE EM CONJUNÇÃO, ao AZAR de suas migrações ou de sua expansão. O resultado desta nova envoltura humana do planeta foi a aparição de uma nova "esfera": a esfera pensante, ou NOOSFERA. Acreditamos7 que esta descrição tem bastante semelhança com a que se faz, na termodinâmica dos processos irreversíveis e que nos oferece uma nova alternativa para os sistemas não isolados em desequilíbrio. Esta "nova alternativa" é a ordem por flutuações e o conceito de estrutura dissipativa. Quando os sistemas se afastam muito do equilíbrio termodinâmico, a situação deixa de descrever-se como uma prolongação lógica de tal estado. Os sistemas abandonam o chamado "regime linear" da termodinâmica para entrar no "não linear". O estado estacionário compatível com as condições que impõe o ambiente já não é o único, aparecem descontinuidades e instabilidades e as flutuações espontâneas (...) podem ampliar-se e arrastar os sistemas a novos e IMPREVISTOS estados estáveis. Vale dizer que apareceria uma nova ordem por flutuações (desvios ao azar), que levam o sistema a uma auto-organização temporal que deriva em uma estrutura espacial estável. A essência da mudança parece consistir em adaptações entre bifurcações. Nos pontos críticos dos sistemas complexos, o azar torna-se criador e "causa" uma nova ordem, a ordem por flutuações. "Em resumo, fugir do equilíbrio predispõe à intervenção do azar através da ordem por flutuações que contribui (em contraste à adaptação), às novidades genuínas para a mudança".8 Pareceu-nos que isto poderia ser usado como modelo para pensar nos grupos e no surgimento de determinadas funções neles. Por outro lado, acreditamos que este modo de descobrir as coisas está vinculado com o que Bion propôs acerca da aparição do "feito selecionado", como um processo diferente da "causalidade" e, portanto, aparentado com a oscilação PS <-> D. Poder-se-ia usar este modelo, também, para pensar sobre a noção de "mudança catastrófica". Temos consciência de que estamos aplicando um modelo que foi elaborado para outro tipo de estruturas e sistemas, mas pensamos que é lícito fazê-lo sempre que lembremos que é apenas um modelo e, portanto, um suporte para o pensar. Imaginamos que é mediante este processo de flutuação <-> auto-organização que, num grupo, de repente emerge uma nova função, como seria a de continente <-> contido, como "pulando" da estrutura anterior. O que nos levaria ao conceito de transformações de Bion. Assim pensamos, também, surgiria a capacidade de rêverie grupal que, portanto, não seria uma somatória das capacidades de rêverie dos indivíduos que o compõem, mas sim uma função nova, gerada pelo "feito" grupai. Com a intenção de exercer a função de criar mitos, imaginamos que, nas origens da humanidade, primeiro foi a manada, que chegado um determinado momento de ruptura do equilíbrio, produziu-se uma transformação que originou o grupo, que neste se 204 Revista FEPAL - Setembro de 2002 - Mudanças e permanências geraram, por processos que poderiam ser descritos como mudanças catastróficas, funções novas e inéditas, e entre elas, a possibilidade de dar sentido às experiências emocionais e sensoriais, resolvendo o problema da não-coisa (presença de uma ausência) o que pode ter levado ao surgimento de símbolos, cuja articulação possibilitou a aparição da linguagem, tanto para "elucidar e comunicar o pensamento como para encobri-lo por meio da simulação9". Também imaginamos que algo de tudo isto perdura nos níveis protomentais da espécie, e, mesmo sendo censurado, é potencialmente disponível. Por outro lado, há alguns dados que permitem garantir a idéia de que, chegado um ponto determinado de auto-organização da espécie, a cultura começou a emergir simultaneamente em distintos lugares do planeta, com subordinações de pensamento similares, sem que se possa demonstrar nenhuma relação causai entre eles10. Isto nos leva a pensar que é possível a existência de uma rede epistemológica da espécie criada e sustentada por este processo turbulento dissipativo que é a socialização. Essa rede estaria constituída pelos vínculos K, L e H, mais a tendência à auto-enganação1 ], também própria da espécie, mais todas as contrapartes negativas dos mencionados vínculos. Esta rede, sustentada na grupalidade, seria a que elabora mitos sobre as coisas que não pode explicar, mitos que são constituídos de "símbolos pictóricos dos feitos que os indivíduos EM GRUPO (destaque nosso) necessitam transformar para serem armazenados e lembrados à vontade12." Aqui permitimo-nos utilizar a denominação de MITOPOIESE como referência a este fator que acreditamos encontrar na capacidade de rêverie grupal. Para R. Romano13, a dimensão cinética do pensamento criativo que pode ser expresso no mito, no sonho, na fantasia, representa a possibilidade de retorno do inferno da loucura. O mito possui, para ele, uma propriedade transformativa unificante, é conectivo e enlaçante e, portanto, criador do "senso comum", tanto no indivíduo singular quanto no grupo. Parece-nos aqui que, este autor descreve em linguagem de conquista, a capacidade desintoxicante da função de rêverie, que viemos sustentando poder ocorrer nos grupos, aplicando o modelo proposto por Bion para a capacidade de rêverie materna. Também encontramos pontos de contato entre nossa proposta e a de F. Corrao'4 sobre uma função gamma:... "Que pode ser definida como o análogo simétrico, na estrutura do grupo, daquilo que representa a função alfa na estrutura pessoal". Assim como haveria relações mutuamente potenciais entre a função alfa individual e a função gamma grupal haveria também entre capacidade de rêverie individual e grupai. Por fim, acreditamos que a capacidade de rêverie, tanto na mente individual quanto na mentalidade grupai, se apóia por um lado no GT e por outro no de SB. Nos remetemos a Bion quando disse "... a atividade do grupo de trabalho é obstruída, diversificada e, EM OCASIÕES, ASSISTIDA (destaque nosso) por outras certas atividades mentais que têm em comum o atributo de poderosos supostos emocionais. Estas atividades, à primeira vista caóticas, cobram certa coerência se aceitamos que procedam de certos SB comuns a todo o grupo15". Entendemos que na transmissão emocional das identificações projetivas realistas, predominaria o pólo de modalidade GSB e no processo de encontrar significado, o pólo GT. Em todo caso, a função de rêverie dependeria da OSCILAÇÃO de amplitude adequada entre GT <-> GSB. Tudo isto nos leva a repensar os elementos beta e sua intervenção na comunica- Rêverie grupai, uma função possível? Grupo SYGMA 205 ção das emoções. Pareceu-nos muito interessante a diferenciação de Corrao entre elementos beta fortes e elementos beta debilitados, sendo os primeiros aqueles indicados por Bion e "os segundos seriam o resultado da adaptação do grupo pequeno à função analítica". G. Corrente16 afirma que "estes elementos beta debilitados estão na base de diverso processos transformativos grupais, entre os quais estão aqueles micro-alucinatórios, que se tornariam disponíveis para serem elaborados pela função gamma". Isto reforçou nossa idéia de que, no desdobramento da função de rêverie grupai devem existir elementos beta (debilitados, ligados ao que Bion descreveu como IPR17), assim como a função alfa e elementos alfa. Por isto é que pensamos, seguindo Bion, que sem elementos alfa (GT) não há possibilidades de comunicação verbal e sem elementos beta (GSB) não há possibilidades de comunicação emocional, sendo ambas necessárias para aprender da experiência, que, como sabemos, não é um processo linear, evolutivo e sereno, mas que avança a saltos entre evacuações e digestões. "Sem elementos alfa não é possível conhecer nada. Sem o elemento beta é impossível ignorar algo". "Reservo o termo "conhecimento" para a soma total dos elementos alfa e elementos beta".18 Suspeitamos que entre os beta e os alfa existiria um amplo espectro de elementos, produto da transformação de beta em alfa e vice-versa e em dependência, ademais, do tipo de vínculo que predomine durante seu uso, se L, H, K, ou -L, -H, -K, assim como do meio em que a transformação se realize. Por exemplo, no discurso fanático, não se empregariam elementos alfa em transformações rígidas ou projetivas, porém saturadas (oniscientes) e incluídas num meio de alucinose e num vínculo —K? Portanto, também não consideramos os elementos beta como negativos nem positivos, mas necessários para a comunicação emocional, mesmo que, às vezes, possam resultar obstrutivos. Temos interesse em evitar as conotações valorativas tanto acerca dos distintos tipos de elementos, como das distintas configurações grupais, porque, como dissemos, temos observado nas discussões sobre nossas idéias uma tendência à idealização do GT e dos elementos alfa e ao desconhecimento - para nós inevitável - da presença de elementos beta e organização em GSB. Como parte da idealização do GT, poder-se-ia até chegar a pensá-lo como se fosse imune às ansiedades produzidas pela emergência do pensar. A esse respeito, voltamos a citar Romano quando diz que: "a penetração do pensamento sobre a ação é sempre dramática, nunca doce". E também que: "O pensar, o pensamento cognoscivo, compreendido o juízo, pode ser intrusivo, despedaçante da identidade de uma pessoa ou de um grupo num dado momento; o pensamento não pode ser contido porque não há continente. O grupo é o lugar ideal, pois pode ser evidenciada a rigidez dos indivíduos e porque pode-se criar as condições de uma diversificação das funções ao serviço da dinâmica dos afetos".19 Parece-nos válido lembrar o interesse de Bion pelos grupos em seus últimos trabalhos, nos quais retoma seus descobrimentos de "Experiências em grupo", por exemplo, os desenvolvimentos que faz em "Atenção e Interpretação". Assim como, também, o uso que faz de modelos grupais para entender aspectos da mentalidade individual. Já na Introdução a "Experiências" tinha declarado: "Como psicanalista, surpreende-me o fato de que o enfoque psicanalítico, através do indivíduo, e o que descrevem estes estudos, através do grupo, abrangem diferentes facetas do MESMO FENÔMENO (destaque nosso). Os dois métodos proporcionam uma visão binocular rudimentar"... a "afinida- 206 Revista FEPAL - Setembro de 2002 - Mudanças e permanências de se nota através de certos fenômenos que, ao serem examinados com nosso método, centralizam-se na situação edípica, relacionada com o grupo de emparelhamento; quando se examinam com o outro, centralizam-se na Esfinge, em relação com os problemas do conhecimento e do método científico".20 A isto agrega Romano que o grupo "deveria ser também o lugar no qual o indivíduo se situa frente a Tirésias porque quer saber, criando um espaço mental que pode ser doloroso".21 Haveria muitos exemplos de funcionamento "bem sucedido" dos grupos nos quais poderíamos supor a "função de rêverie grupai" desintoxicando e fazendo possível o pensar, tanto com o fator contenção como com o de devaneio. Mencionamos as equipes de investigação (mitos sobre a verdade, sobre o domínio da natureza e, portanto, da morte, etc); podemos pensar também em alguns grupos de auto-ajuda (mitos sobre a "vida sã que outorga felicidade", sobre a "beleza que procura amor", etc). Também observamos fenômenos como a "auto-organização" frente a situações de catástrofes naturais como as inundações recentes (em Córdoba, sempre reaparece o mito da ruptura da parede do dique San Roque, como também se criam novos mitos "meteorológicos"). Por outro lado, os suicídios coletivos de algumas seitas também nos mostram que os grupos podem ser armadilhas mortais nos quais não puderam ser gerados mitos para retornar do inferno mas, precisamente, para mergulhar nele (retorno à primitiva fusionalidade num meio de alucinose?). De modo que não pretendemos idealizar os grupos. Simplesmente pensamos que é útil tratar de manter a "visão binocular" com um olho posto na individualidade e o outro posto sobre a grupalidade como dimensões intrínsecas da mentalidade humana, para enriquecer nossa perspectiva como analistas. Para finalizar, gostaríamos de citar algumas idéias de D. Armstrong22 que pareceram-nos ressoar em consonância com aquelas por nós estabelecidas. Além de nomear os grupos como "areia para as transformações", o que nos ofereceu uma imagem pictórica de algo do que pretendíamos comunicar, também adverte que "é fácil demais para proteger-se debaixo da crua e simples idéia do GT como o grupo que consegue realizar uma "TAREFA MANIFESTA". A ela, qualquer que seja, subjaz a "TAREFA PRIMARIA", definida como "aquela tarefa que deve levar a cabo o propósito do sistema especificamente humano em todo momento, sendo este o de SOBREVIVER". Não seria esta, depois de tudo, uma INVARIÂNCIA que poderíamos encontrar desde a "fusionalidade na manada", passando pelo GSB até o GT e através de todas as mudanças catastróficas que tais transformações puderam suportar? Abril de 2000 Notas 1. Daqui em diante utilizamos SB como Suposto Básico, GT como Grupo de Trabalho, e GSB como Grupo de Suposto Básico. 2. A Fusionalidade. Uma hipótese para pensar. III Congresso Argentino de Psicanálise. Córdoba. 1998 3. Esta idéia foi também proposta no fórum informático que precedeu o evento BION 99 e nele foi objeto de interessantes discussões e controvérsias, que nos levaram a desenvolvimentos estabelecidos aqui, vinculan- Rêverie grupai, uma função possível? Grupo SYGMA 207 do-os com os de outros autores que acabaram sendo sugestivos e frutíferos. 4. Parthénope Bion Talamo. "Do sem forma à forma (Ps <-> D) à publicação." Este artigo fala de capacidade de rêverie do artista, do cientista, etc. 5. O Grupo Zoológico Humano. 6.Todos os destacados em maiúsculas são nossos. 7. Tomando livremente idéias de Prigogine, Wagensberg e outros e com o perdão de Alan Sokal. 8. Wagensberg, J: Idéias sobre a complexidade do mundo. 9. Bion. Atenção e interpretação. 10. Por exemplo, a construção de pirâmides. 11. Aqui remetemos ao leitor à diferença que realiza a Dra. E.T. de Bianchedi e outros, no trabalho sobre "As distintas caras da mentira." 12. Bion. Cogitações. Pág. 64 13. Romano, R.: La pensabilitá: un oggetto della psicoanalisi. 14. Corrao, F. Citado por Corrente, G. em: Oscillazioni gruppo<->individuo. 15. Bion. Uma revisão da dinâmica de grupos. 16. Corrente, G. Op. Cit. 17. IPR, identificação projetiva realista. 18. Bion. Cogitações. Pág. 199. 19. Romano, R. Op. Cit. 20. Bion. "Experiências em grupo". 21. Romano, R. Op. Cit. 22. Armstrong, D.: Names, thoughts and lies. Op. Cit. Bibliografia Armstrong, D. - Names, thoughts and lies: the relevance of Bion's later writings for understanding. Experiences in Groups. Bianchedi, E. e outros - the various faces of lies, Karnac Books, London & New York, 2000. Bion Talamo Parthénope - De Ia sin forma a Ia forma (Ps<->D) a Ia publicación. Revista Actualidad Psicológica Año XXII No 2243, 1997. Bion.W. R. - Experiencias en Grupos, Paidós, Buenos Aires, 19 61 .Atención e interpretación, Paidós, Buenos Aires, 1974. Cogitaciones, Promolibro, España, 1996. Transformaciones, Centro Editor de América Latina, Buenos Aires, 1972. Corrente, G. - Oscillazioni grupo <-> indivíduo, Koinos, Ano XVIII, No 1-2. Grupo Sygma - La fusionalidad - Una hipótesis para pensar, Revista de Fepal, año 1999. Contribución a Ia mesa redonda Bion a finales del Siglo Congreso Latinoamericano de Psicoanálisis, Cartagena, 1998. Romano, R. - La pensabilitá - un oggetto della Psicoanalisi. Teilhard de Chardin, R - El grupo zoológico humano,Taurus, Ed. S. 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