Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro, 10/dezembro/2009 Disputa entre governo e PSDB/DEM atrasa votação de PL que reabre opção na seguridade Pagina 6 FOTO : FERNANDO DE FRANÇA Projeto que muda código de greve no INSS é apresentado na Câmara FOTO : NIKO Pagina 6 FOTO : NIKO FOTO : ESTEFAN RADOVICZ Audiência na Alerj discutiu desaparecimento de crianças Pagina 9 Morro do Estado debateu segurança pública e racismo no dia 20 de novembro Pagina 8 FOTO : F . FRANÇA Governo enrola e servidores do MTE mantêm greve nacional Noca da Portela fala ao Sindsprev/RJ sobre sua arte Pag. 12 FOTO : NICOLAS MAGALHÃES Pagina 3 2 10 DE DEZEMBRO DE 2009 ERRATA Convênio com a ASEUBEM oferece Assistência Funeral no ato de falecimento Convênio não prevê reembolso de despesas efetuadas diretamente pela família do assistido Firmado ano passado junto à ASEUBEM em benefício de todos os associados (ativos e aposentados) do Sindsprev/RJ que efetivamente descontem em favor do Sindicato, o convênio de Assistência Funeral Familiar garante cobertura do titular, cônjuge e filhos até 21 anos. Mas atenção: ao contrário do que foi equivocadamente divulgado em nosso boletim especial de convênios (de maio deste ano), não há reembolso e/ou restituição das despesas efetuadas diretamente pela família do assistido. Isto porque o benefício trata de serviço de assistência 24h, oferecendo apenas assistência no ato do falecimento. As condições do produto encontram-se em poder do Sindsprev/RJ. Fazem também parte deste benefício as coberturas de: Morte Acidental, no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais). Sorteio semanal, pela Loteria Federal, de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Cesta Básica em caso de Morte Acidental – R$ 200,00 cada, pelo período de 12 meses. Descontos em medicamentos Retire já a sua carteirinha da Assistência Funeral Familiar Desde março deste ano estão disponíveis a todos os associados (ativos e aposentados) do Sindsprev/RJ as carteirinhas para utilização dos convênios firmados pelo Sindicato, incluindo a Assistência Funeral Familiar. Quem ainda não recebeu sua carteirinha, favor ligar para o telefone 3478-8204 ou então comparecer diretamente à sede do Sindsprev/RJ (Rua Joaquim Silva, 98 – sobreloja, Lapa, atrás da Sala Cecília Meireles), falando com a funcionária Isis Almeida, da ASEUBEM. Atenção: para os aposentados foram enviadas 17 mil carteirinhas pelo correio. Destas, cerca de 700 foram devolvidas por estarem com o endereço incompleto ou errado. Já as carteirinhas dos servidores da ativa deverão ser retiradas na regional do Sindsprev/RJ mais próxima do local de trabalho. Por isso é importante ligar antes para o telefone 34788204, a fim de saber se será (ou não) necessária a presença do associado na sede do Sindicato para retirar sua carteirinha. Independentemente de terem (ou não) retirado sua carteirinha, todos os associados que efetivamente estejam contribuindo com o Sindsprev/RJ estão cobertos pelo convênio. Em caso de falecimento, quem ainda não tiver a carteirinha deverá ligar para os números 3003-6580 (Grande Rio) ou 0800 - 7216-580 (demais localidades). A cobertura é válida para todo o território nacional. ‘Retorno dos demitidos ao Samu é uma questão de justiça’, afirma oficial bombeiro Pergunta – já se passaram 12 meses desde a demissão dos trabalhadores civis do Samu, com flagrante queda na qualidade dos serviços oferecidos à população. Qual a sua avaliação disso tudo? Décimo-terceiro provocou desconto adicional de 0,25% para servidores federais associados ao Sindsprev/RJ No pagamento de novembro deste ano, todos os servidores públicos federais associados ao Sindsprev/RJ foram descontados em 1,25% sobre o salário bruto, em vez do tradicional desconto mensal de 1% (um por cento) do salário bruto. O acrescimo de 0,25% no desconto foi efetuado porque, na folha de novembro, os servidores públicos federais receberam a segunda parcela do décimo-terceiro salário. Em dezembro, o desconto mensal dos servidores federais associados ao Sindsprev/ RJ retornará ao patamar de 1% sobre o salário bruto. Portanto, o Sindsprev/RJ, em momento algum, aumentou o desconto mensal de seus associados. Guerreiro – sou testemunha ocular da queda na qualidade porque, recentemente, presenciei o atendimento de uma pessoa atropelada, e nesse caso a ambulância do Samu demorou 28 minutos após a primeira solicitação. É lamentável ver a população sofrer essas coisas só porque o governador [Cabral Filho] acha que o Samu civil não seria viável. A sociedade, que paga impostos, é que paga por isto. Pergunta – Como você acha que os demitidos do Samu podem conseguir sua reintegração? Como militar e bombeiro, acha que é possível fazer uma luta conjunta pela reintegração? Guerreiro – Com certeza. Eu inclusive me coloquei à disposição da Comissão dos Demitidos para que conversemos com os parlamentares e assim possamos reverter essa situação dos 1.500 demitidos. A dispensa do pessoal civil criou, inclusive, um grande problema para nós, bombeiros. Pergunta – O Corpo de Bombeiros já estava sucateado antes das demissões e, depois, teve que assumir um serviço para o qual não estava preparado? Guerreiro – o Corpo de Bombeiros na verdade é um órgão gestor que, de uma época para cá, absorInformativo do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro - Rua Joaquim Silva, 98-A - Centro - RJ (21) 3478-8200 |fax: 3478-8233 FOTO : F . FRANÇA Presidente da Associação de Cabos e Soldados do Rio, Nilo Sergio de Souza Guerreiro (foto) fala sobre as consequências negativas da demissão dos 1.500 trabalhadores civis do Samu. veu o Grupamento Marítimo, entre outras funções. É uma corporação que hoje tem várias atribuições, correndo riscos a todo momento. Mas o Estado parece que não está nada preocupado com isto. Infelizmente, esta é a verdade. Pergunta -O governo vem militarizando a saúde. O que vocês, bombeiros, têm feito com relação a isto? Guerreiro – tenho conversado sobre isto com trabalhadores da saúde e com meus colegas na corporação. Quando Cabral chamou os médicos de vagabundos, ele ainda militarizou a área de saúde com os bombeiros, que foram desviados de função. O resultado é que as viaturas da nossa corporação, que trabalhavam com 6 bombeiros, hoje operam com 2 homens somente. Está muito difícil trabalhar no Estado. Pergunta – Os bombeiros estão em desvio de função? Se o governo persistir, o que acontecerá? É possível pedir a reserva desse pessoal? Guerreiro - Com certeza. Quero trabalhar para isto. Se depender do Cabral, não será resolvida essa questão. Há desvio de função por omissão do governo e do comando-geral da corporação, que é achincalhada a todo momento. Editor: André Pelliccione (MtbJP193001RJ) | Redação: Hélcio Duarte Filho (MtbJP16379RJ), Olyntho Contente (MtbJP14173RJ), Vânia Gomes (MtbJP18880RJ) Diagramação: Virginia Aôr (MtbJP18580RJ) Fotografia: Fernando França e Niko | Tiragem: 25 mil | Impressão: Folha Dirigida http://www.sindsprevrj.org.br | [email protected] 10 DE DEZEMBRO DE 2009 3 MTE Greve no Ministério do Trabalho continua em todo o país Plenária da categoria aprova, ainda, o envio de caravanas a Brasília, ainda este mês, e articulação com parlamentares Greve histórica A análise da plenária foi que, historicamente, nunca houve uma greve tão forte no Ministério do Trabalho quanto esta de agora, que obrigou o MPOG a sair de uma posição de intransigência e abrir negociações, embora tendo apresentado uma proposta frágil. Foram dados informes de casos de assédio moral por parte de superintendentes e da presença desnecessária da força policial em Alagoas e no Pará. Sinais de que a greve incomoda, e muito, o governo. A plenária nacional aprovou o envio de moções contra as retaliações ocorridas nos estados de Alagoas, Pará e Paraná Para a plenária, é inaceitável o prazo de 22 de fevereiro próximo, estabelecido para finalizar a discussão do plano, uma vez que ele já está pronto e, desde que foi enviado ao MPOG, houve tempo mais que suficiente para a sua análise. A plenária considerou ser necessária a antecipação deste prazo para 15 de janeiro de 2010. E, ainda, que, mesmo aceitando que o plano seja aprovado em 2010, seja reivindicado que seus efeitos financeiros vigorem a partir de 2011, e que haja um adiantamento da tabela salarial do plano específico já negociado com o MTE, cujo percentual FOTO : ROOSEVELT PINHEIRO _AB R As assembléias dos servidores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) realizadas nos dias 30 e 1º de dezembro em todo o país, e a plenária nacional do dia 2, em Brasília, com representantes de 21 estados, incluindo Rio de Janeiro e Distrito Federal, decidiram manter a greve por tempo indeterminado, iniciada pela categoria em novembro. A decisão foi tomada levando em consideração que não houve apresentação de uma proposta concreta por parte do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), mas apenas suposições genéricas. Pela proposta, o Planejamento se compromete, apenas, com a “instalação de um ciclo de reuniões com competência para análise da Proposta de Reestruturação de Plano de Carreira”, sendo que o plano específico já está pronto, foi negociado entre os trabalhadores e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, sendo enviado por ele ao MPOG em 19 de fevereiro de 2009. Na avaliação da plenária, é necessária a apresentação de uma proposta mais clara e objetiva, que justifique a suspensão da greve. FOTO : NIKO Por Olyntho Contente Vigília dos servidores em greve, realizada em novembro, no Rio seja negociado com o MPOG para pagamento em 2010. Contraproposta A plenária aprovou a seguinte contraproposta a ser encaminhada ao Planejamento: implantação da carreira específica do MTE, em 2010, com efeitos financeiros em 2011; adiantamento de um percentual da tabela salarial em 2010; garantia de que não haja corte do ponto; antecipação do prazo de negociações sobre o plano, de 22 de fevereiro para 15 de janeiro. Foi aprovado ainda que nas negociações seja garantida a presença, não só de representantes do MPOG, como da Casa Civil e do Ministério do Trabalho. E que, da parte da bancada dos trabalhadores, participem o Comando Nacional de Greve, com quatro representantes por entidade nacional (Fenasps, Condsef e CNTSS) e, sendo possível, garantir a presença de um delegado por estado. Apenas servidores dos estados em greve poderão ter assento no Comando Nacional. Mais pressão A plenária aprovou a manutenção e fortalecimento da greve e a ampliação dos contatos com parlamentares, Ministro Lupi, que negociou o Plano não implementado através de Comissões de Pressão Parlamentar nos estados e municípios, no sentido de aumentar a pressão sobre o governo. Solicitar aos parlamenta- res, que peçam audiência com o ministro Paulo Bernardo (MPOG) e com Dilma Roussef (Casa Civil). O objetivo é exigir que atendam às reivindicações contidas na pauta de reivindicações entregue em fevereiro deste ano ao governo pelos servidores do MTE. Caso o governo Lula não aceite avançar na negociação, confeccionar faixas com os dizeres: “Governo Lula não está nem aí para os desempregados do país!” e “Paulo Bernardo, ministro dos ricos e carrasco dos desamparados!”. Outra decisão importante foi a de organizar a “Caravana da Pressão” a Brasília, neste mês, para participar de audiência pública no Congresso Nacional e de nova plenária da categoria. Pauta de reivindicações entregue em fevereiro Pela implantação imediata do Plano de Carreira Específico dos Servidores do MTE, conforme Aviso Ministerial MTE nº 30; Melhorias das Condições de Trabalho; Regulamentação da jornada de trabalho de 30 horas semanais, sem redução de salários, com dois turnos diários para ampliar o atendimento à população; Política de Treinamento e Capacitação permanentes; .Ampliação das vagas do órgão com contratação dos remanescentes do último concurso; Paridade Salarial entre ativos, aposentados e pensionistas; Isonomia do Auxílio-Alimentação do Poder Executivo com o do Judiciário; Retorno do regime de solidariedade nos descontos da GEAP, com valores compatíveis com os salários dos servidores. Garantia de melhoria na qualidade do atendimento. 4 10 DE DEZEMBRO DE 2009 REORGANIZAÇÃO SINDICAL Criação de nova central sindical e popular impulsionará a reorganização dos trabalhadores “A principal pauta colocada para os trabalhadores hoje é a construção de uma ferramenta que tenha capacidade de pegar tudo o que está fragmentado e colocar junto sob uma única direção. É assim que avançaremos em termos de organização e consciência de classe”. Militante do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL) e diretora do Sindsprev/RJ, Janira Rocha expressou o sentimento dominante entre as mais de 800 pessoas de todo o país que, nos dias 1º e 2 de novembro, foram a São Paulo para participar de um momento histórico: o Seminário Nacional de Reorganização, primeiro passo rumo à criação de uma Nova Central do mundo do trabalho. O principal indicativo foi a realização, em junho de 2010, de um congresso unitário com a finalidade de fundar (de fato) a Nova Central. Os dois dias do Seminário Nacional de Reorganização foram marcados por acalorados debates, especialmente quanto à concepção da Nova Central. Em outras palavras, se deve ser um instrumento fundamentalmente sindical ou se, ao contrário, deve também incorporar os trabalhadores informais, terceirizados e precarizados de todo tipo, além dos movimentos popular, estudantil e contra as opressões. Essa concepção mais ampla de Central foi a dominante, tendo em vista a complexidade assumida pelo mundo do trabalho nos últimos anos, fato que impõe novos desafios organizacionais aos trabalhadores. “Um instrumento sindical formal e tradicional já não é capaz, hoje, de dar as respostas necessárias à classe e assim contribuir para seu proces- Congresso unitário em 2010 formalizará o nascimento da nova ferramenta de luta, com participação dos movimentos sindical e popular FOTOS : SAMUEL TOSTA Por André Pelliccione Resoluções do Seminário de Organização Realização de um congresso, de 3 a 6 de junho de 2010, para a fundação de uma nova central. Realização de uma plenária durante o Fórum Social Mundial de 2010, em Porto Alegre (RS). Plano de ação para o próximo período, com o apoio ativo às principais lutas. No alto (detalhe) Janira Rocha, que avaliou resultado do Seminário em S. Paulo so de reorganização. A criação de uma nova central é mesmo uma necessidade histórica dos trabalhadores”, constata Janira. Unindo forças contra o governismo e os patrões O Seminário de São Paulo foi antecedido por 25 debates regionais sobre os temas em questão. O debate do Rio aconteceu no Sindsprev/RJ, dias 23 e 24/10, com expressiva presença dos movimentos sindical e social do Estado. “A fundação de uma central que vai unificar a Conlutas, a Intersindical, o MTL, o MTST e diversas outras organizações e movimentos espalhados pelo país será um passo importantíssimo para superar a dispersão que existe hoje entre as forças que não se renderam ao governismo e ao neopeleguismo da CUT, CTB, Força Sindical e outras”, avaliou Alexandre Lopes Francisco, da Executiva da Conlutas e dirigente do PSTU. Diretor do Sindsprev/RJ e servidor da saúde federal, Julio Cesar Tavares também enfatizou o impacto positivo que a criação da Nova Central terá na organização dos trabalhadores. “Só um instrumento de luta autônomo como essa Central é que nos permitirá fazer o enfrentamento com os interesses patronais e governistas, em defesa da nossa classe que está sendo dizimada nas periferias das grandes cidades”. Além de sacramentar a criação da Nova Central, o congresso unificado do próximo ano decidirá sobre as diferenças de concepção apresentadas tanto no Seminário de Organização quanto nos debates regionais que o antecederam. Participam da criação da Nova Central, entre outras forças políticas, o MTL, MTST, PSOL, PSTU, MAS, PCB, Sindsprev/RJ, Andes, MST, APS, CST, Enlace, Conlutas e Intersindical. RIOPREVIDÊNCIA Servidores do antigo Iperj lutam contra discriminações salariais contidas em plano de cargos aprovado na Alerj Os servidores do antigo IPERJ (atual RioPrevidência) estudam, junto com o Sindsprev/RJ, a propositura de ação judicial contra o que consideram ‘ilegalidades’ e ‘atos discriminatórios’ contidos no plano de cargos da categoria — Lei Complementar nº 132, aprovada pela Alerj em 26 de novembro deste ano e já sancionada pelo governador Cabral Filho. Algumas das principais críticas são quanto ao fato de o Plano, em seu artigo 32, absorver e extinguir todas as gratificações de encargos especiais (GEE, GAPMAP) e outras vantagens fixas; e estabelecer tetos salariais diferenciados para os antigos servidores do Iperj e para os novos concursados do RioPrevidência. No caso, de R$ 2,5 mil e R$ 8 mil, respectivamente. O teto para os antigos servidores da área da saúde é ainda menor: cerca de R$ 1,5 mil. Promessa não cumprida Servidora do antigo Iperj e diretora da Regional Centro do Sindsprev/ RJ, Avanir Carvalho Pontes não poupa críticas ao plano aprovado na Alerj. “A discriminação entre antigos e novos servidores é ainda mais absurda quando lembramos que o piso salarial dos novos é de R$ 4,2 mil, ou seja, maior que o nosso teto. Não podemos aceitar uma coisa dessas”, disse. Segundo ela, o governo descumpriu promessa feita à categoria ao votar o plano com essas discriminações. “O Iperj — disse — foi extinto pela lei 5.109, mantidas no mesmo valor de 15 de outubro de 2007, na do previsto para os novos qual foi colocado o artigo 11, concursados. Outros que na época previa que o poexemplos foram: a redução, der executivo encaminharia de 12 para 6 vezes, no plano de cargos à Alerj danparcelamento das diferendo tratamento igualitário aos ças salariais a serem receservidores do extinto Iperj e bidas por conta do novo plaaos novos concursados. O no; a manutenção do que não ocorreu”. enquadramento dos técniApesar do tratamento cos previdenciários 2 e 3 discriminatório que receberam como nível superior; e a no novo plano, os servidores Avanir Pontes lotação num quadro espedo antigo Iperj conseguiram, com suas mobilizações, reduzir os da- cial complementar, em lugar de um quanos provocados por outros dispositivos dro suplementar (em extinção) proposcontidos no texto. Foi o caso das grati- to pelo governo. Atualmente, são cerca de 1.700 os ficações de desempenho de atividades e QA (Qualificação de Atividades), que servidores do antigo Iperj, entre ativos, inicialmente eram menores mas foram aposentados e pensionistas. FOTO : F . FRANÇA Por André Pelliccione 10 DE DEZEMBRO DE 2009 5 SAÚDE ESTADUAL Enfermagem se mobiliza contra aumento de jornada no Albert Servidores do hospital estadual decidem não acatar jornada maior que, segundo direção da unidade, seria opcional FOTO : NIKO Os servidores da enfermagem do Hospital Albert Schweitzer decidiram, por unanimidade em assembléia, não adotar a jornada de 32,5 horas semanais “sugerida” pela direção da unidade. À alegação da direção do hospital para o aumento da jornada – o número insuficiente de profissionais para manter os setores funcionando -, os trabalhadores responderam que cabe ao governo do estado convocar mais profissionais, já que há um banco de reserva de recente concurso para contratação temporária, e realizar concurso público para cargos efetivos e estatutários. As direções de outros dois hospitais estaduais, Rocha Faria e Pedro II, também já tentaram majorar a jornada, mas tiveram que recuar. “Os servidores resistiram ao aumento da jornada”, recorda Clara Fonseca, diretora do Sindsprev-RJ e servidora do Rocha Faria. A assembléia no Albert foi convocada por dirigentes do sindicato, que antes já haviam recebido na Secretaria Estadual de Saúde a informação de que o aumento da jornada no hospital não tinha relação com qualquer medida tomada pelo governo. A reunião transcorreu com a presença da direção do hospital, que tentou se defender das críticas: disse que o aumento da jorna- FOTO : NIKO Por Hélcio Duarte Filho As diretoras do Sindsprev/RJ Silene (à esquerda) e Clara (acima) da das atuais 24 horas para 32,5 horas semanais, a partir de dezembro, era em caráter “voluntário”, “um favor”. Os servidores decidiram, então, não atender ao ‘pedido’ da direção e manter as 24 horas. “Quando você abre mão de um direito, depois abre mão de outro, de outro e de outro”, diz Silene Souza, funcionária do Albert e diretora do Sindsprev. A direção do sindicato espera que a administração da unidade aja com coerência, acate a decisão e não promova retaliações contra os servidores em decorrência da posição tomada. Afinal, foi a direção do hospital que disse se tratar de um pedido cujo atendimento é ato voluntário. www.sindsprevrj.org.br Na internet, mais sobre a saúde estadual - Rocha Faria e Pedro II tentaram aumentar jornada de servidores, publicada em 10/12/2009 - Quando chove, esgoto invade emergência do Albert, publicada em 09/12/1009 - Sindicato quer saber se Secretaria vai queimar requerimentos de servidores por PCCS, publicada em 10/12/2009 Saúde estadual protesta dia 16 por reajuste e respeito a acordos Os servidores da rede de saúde do estado pretendem cobrar do secretário estadual, Sérgio Côrtes, a proposta de reposição salarial prometida após o secretário de Planejamento, Sérgio Rui, dizer que a aplicação do plano de cargos da categoria (PCCS) é “inexeqüível”. O sindicato solicitou uma audiência com o secretário e marcou ato público em frente à secretaria, na rua México 128, no Centro, para cobrar essa e outras reivindicações. O protesto será no dia 16 de dezembro, a partir das 11 horas. Dentre as questões que serão levantadas, além do reajuste salarial, estão as tentativas de aumento da jornada, as condições de trabalho e o próprio PCCS. O sindicato também quer saber se acordos firmados no governo anterior vão continuar sendo respeitados, conforme prometido pela atual gestão. Demandas específicas também devem ser destacadas, como as relações da direção do Hospital Pedro II (que teve a emergência fechada recentemente) com os servidores, que continuam pouco democráticas. O Centro de Estudos, por exemplo, permanece sob intervenção da direção do hospital. Quadro de ações da saúde estadual Segue o quadro geral das ações movidas pelo Departamento Jurídico do Sindsprev/RJ em benefício dos servidores da saúde estadual. Destaque para a ação que pede o pagamento do adicional-noturno de 20%; a que pede a implementação do PCCS da categoria; e a que propõe a anulação da transferência do Iaserj ao Inca. O Departamento Jurídico do Sindicato atende os servidores da saúde estadual às terças e quartas-feiras, de 10 a 16h, na rua Joaquim Silva, 98 – 3º andar, Lapa. Mandado de Injunção do Adicional-Noturno (Processo nº. 2008.046.00003) – no dia 13 de julho deste ano, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJ) concedeu, por unanimidade, o mandado de injunção condenando o Estado do Rio de Janeiro a pagar, a todos os servidores filiados ao Sindsprev/RJ que trabalham em horário noturno (de 22:00 a 05h), 20% de adicional-noturno, até que sobrevenha norma regulamentadora da matéria. O Estado recorreu e o recurso foi indeferido. No entanto, ainda não expirou o prazo para que o Estado ingresse com novo recurso na Justiça. Ação do PCCS (Processo nº. 2008. 001.109062-0) – 7ª Vara de Fazenda Pública da Capital – a ação foi Julgada improcedente em 1ª Instância. O Sindicato apelou (recorreu) à segunda instância. Não há previsão para o julgamento. Ação Civil Pública do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (Processo nº. 2008.001.172678-1) - 2ª Vara de Fazenda Pública – O processo retornou do Ministério Público e está concluso com o Juiz. Ainda não há qualquer previsão sobre sentença. A ação pede que sejam realizadas obras no Instituto, com recursos da União Federal. Ação Civil Pública – IASERJ - (Processo nº 2009.51.01.025752-5) – 20ª Vara Federal – está concluso ao Juiz para apreciar o pedido de Liminar. No mérito, a ação pede que seja anulada a cessão do Iaserj ao Inca (Instituto Nacional do Câncer). O pedido de liminar é para que seja suspensa a licitação que escolherá a empresa responsável pela demolição das instalações do Iaserj Central. Demais Ações Individuais – As demais ações individuais estão sendo feitas normalmente, conforme a procura dos servidores (Ex: Pasep, Insalubridade, Adicional-Noturno individual, Vale-Transporte individual, referentes à perda de gratificação, descontos indevidos, reintegração, entre outras). Documentos necessários nas ações individuais Para as ações individuais é necessário que o servidor traga cópia da identidade, CPF e do comprovante de residência, além dos demais documentos: Pasep: cópia de dois contracheques por ano, até dez anos. Insalubridade: declaração da unidade constando cargo e setor onde é lotado dentro da mesma. Adicional-Noturno: declaração da unidade constando carga horária e forma de cumprimento (ex: plantões de 24h). Vale-Transporte: cópia dos três últimos contracheques. 6 10 DE DEZEMBRO DE 2009 DEFESA DO DIREITO DE GREVE Projeto que muda código no ponto na greve do INSS é apresentado na Câmara FOTO: GLAUBER FERNANDES A íntegra do decreto que deve ser proposto Projeto de Decreto Legislativo Nº 000000000000, de 2009 Sindicato busca apoio em Brasília a decreto legislativo que reconhece direito de greve dos servidores “Susta a aplicação do Memorando-Circular Conjunto nº 01/INSS/PFE/DRH, de 30 de junho de 2009, do Instituto Nacional do Seguro Social – Ministério da Previdência Social e concede anistia da multa judicial aplicada à Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, em função do movimento grevista ocorrido em junho/julho de 2009.” CONGRESSO NACIONAL decreta: Art. 1º. Fica sustada a aplicação do Memorando-Circular Conjunto nº 01/INSS/ PFE/DRH, de 30 de junho de 2009, do Instituto Nacional do Seguro Social – Ministério da Previdência Social, estabelecendo-se, em consequência, que as faltas dos servidores do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS, que paralisaram suas atividades nos meses de junho e julho de 2009, em decorrência de movimentos reivindicatórios, sejam classificadas como greve (código 95). Art. 2º. Fica anistiada a totalidade da multa judicial aplicada à Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, em função do movimento grevista ocorrido nos meses de junho e julho de 2009. Art. 3º. Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação. Por Hélcio Duarte Filho Acima, audiência que, durante a greve, discutiu o corte de ponto no INSS PL que reabre prazo para carreira no INSS perto de ser aprovado Servidores que estão fora da carreira devem ficar atentos aos prazos Servidores do INSS que aguardam a reabertura de prazo para aderir à carreira do Seguro Social devem ficar atentos: existe a perspectiva de aprovação, no Senado Federal, do projeto de lei que trata do assunto antes do recesso de final de ano. E o novo prazo de opção será muito curto. Isto porque o PLS 281, que já pas- sou na Câmara, estabelece o dia 31 de dezembro como data limite para adesão de quem ainda não está na carreira. O projeto está para ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas um impasse relacionado a uma outra categoria, no item ligado a servidores da área de transportes, que também integram o projeto, teria atrasa- do a tramitação. O problema já estaria solucionado e o presidente da CCJ do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), se comprometeu com os servidores a votar a proposta com urgência. Não é possível alterar o prazo para opção porque isso faria com que a proposta retornasse à Câmara dos Deputados para nova votação. (HDF) INSS - NITERÓI FOTO : COLABORAÇÃO Começa uma nova etapa na luta em defesa do respeito ao direito de greve, atropelado pelo governo e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) durante a paralisação no INSS neste ano. O decreto legislativo que obriga o governo a alterar o código aplicado no ponto dos servidores na greve está pronto e deve começar a tramitar na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados. Segundo o servidor Manoel Crispim, diretor do Sindsprev-RJ, o texto é assinado pela deputada Fátima Bezerra (PT-RN) e Maurício Rands (PT/PE) e terá o apoio dos também deputados Paulo Rocha (PT-PA) e Henrique Fontana (PT-RS), atual líder do governo na Câmara, dentre outros. “Temos 150 assinaturas de apoio e continuamos fazendo uma articulação junto a deputados e senadores”, disse Crispim, que esteve nos últimos dias em Brasília participando da defesa do projeto. O decreto anistia as multas aplicadas pela Justiça contra o sindicato e a federação nacional (Fenasps) durante a greve e determina que o INSS converta o código adotado no ponto dos servidores de 28 (falta injustificada) para 95 (greve). O decreto legislativo é parte da tentativa de garantir aspectos acordados ao final da greve com representantes do governo e do Congresso, mas ignorados pelo ministro da Previdência, José Pimentel. Sucinto, o teor da proposta é composto de apenas três artigos. Acompanha uma justificativa de sete paginas, nas quais a ilegalidade de medidas que cerceiem o direito de greve é apontada. “(...) o direito de greve não pode ser anulado ou enfraquecido através de instrumentos administrativos e/ ou judiciais incompatíveis com as garantias constitucionais que lhes dão sustentação”, diz trecho da justificativa. Servidores e segurados do INSS sofrem na agência centro de Niterói Por Olyntho Contente Servidores e segurados estão sofrendo com as precárias condições de atendimento da agência Centro do INSS de Niterói (foto). Uma das mais importantes da cidade, a agência está com ar-condicionado precário, o que tem levado a temperatura a mais de 40 graus. Muitos servidores trazem ventiladores de casa, como paliativo para minorar o calor intenso. Um dos dois banheiros femininos está sem funcionar há meses e o porão onde estão o setor de documentação (onde são guardados os documentos dos segurados) e o refeitório cheiram a mofo, têm paredes com grandes infiltrações e o chão está sempre molhado. Todos esses problemas já foram relatados ao gerente regional Niterói, Fernando Mascarenhas, que nada fez. Segurados passam mal Vários segurados, sobretudo os que têm problemas cardiovasculares ou respiratórios, passam mal com o calor e a umidade excessiva causada pelas infiltrações no subsolo. A diretora do Sindsprev/RJ Ivone Suppo adiantou que vai enviar ofício ao gerente geral, cobrando, agora por escrito, a solução imediata para os graves problemas, não estando descartada a paralisação da agência, caso as providências não sejam tomadas. É direito de todo trabalhador se recusar a trabalhar em condições insalubres, que prejudiquem a sua saúde e que possam levá-lo ao adoecimento. Em janeiro deste ano, na agência do INSS da Presidente Vargas, servidores se recusaram a seguir trabalhando enquanto os problemas de falta de ventilação não fossem resolvidos. A precariedade geral do INSS é o resultado de muitos anos de descaso dos governos com relação a servidores e segurados do Instituto. Algo que, infelizmente, não foi revertido no governo Lula, que ainda se acha no direito de ‘avaliar’ (institucional e individualmente) os trabalhadores do INSS. 10 DE DEZEMBRO DE 2009 7 PL 5.918 PL que assegura reabertura do prazo de opção para a seguridade ainda não foi votado FOTO : FERNANDO FRANÇA Acima, ato dos servidores em Brasília, em 2007, pela reabertura da carreira Por Olyntho Contente Ainda não foi votado na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados o projeto de lei 5.918 (PL 5.918), cuja emenda, apresentada pelo deputado Carlos Santana (PT-RJ), assegura a reabertura do prazo de opção pela carreira da Saúde, Previdência e Trabalho aos mais de 30 mil servidores da Seguridade Social que não puderam optar. Devido à guerra entre oposição e governo, em relação ao pré-sal, a proposta deverá ser votada no próximo ano, segundo avaliação do diretor do Sindsprev/RJ, Júlio Tavares. O Sindicato e a federação nacional (Fenasps) não tiveram sucesso nas tentativas de obter a reabertura do prazo via negociação com o governo Lula. Por isso decidiram tentar resolver o assunto negociando com o Congresso Nacional. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), através do secretário de Recur- sos Humanos, Duvanier Paiva, tem negado a reivindicação, alegando que “quem não optou foi porque não quis”. O argumento, na verdade, não se justifica. A carreira não foi negociada pela Fenasps, mas imposta pelo governo ‘pelas costas dos servidores’, o que gerou muita desconfiança, fazendo com que muitos perdessem o prazo de opção. Nada mais justo, portanto, do que reabri-lo. Do contrário, milhares serão prejudicados. Segundo estimativa de Júlio Tavares, dos 30 mil que ficaram de fora da nova carreira e que por isto não passaram a ter uma nova tabela salarial, 75% são do Rio de Janeiro. “Apesar da pressão que estamos fazendo, não foi possível, ainda, aprovar o PL 5.918. Depois do recesso parlamentar, esta pressão tem que aumentar, com uma maior participação da categoria”, afirmou o dirigente. SAÚDE FEDERAL Sindicato quer que Ministério da Saúde chame concursados para evitar terceirizações Trabalhadores aprovados no concurso de 2005 que não foram convocados voltam a se reunir no Sindsprev e fazem assembleia em dezembro FOTOS : FERNANDO FRANÇA res efetivos e estatutários, não submetidos a relações trabalhistas precárias. Também preocupa a provável aposentadoria de grande número de servidores, que devem estar aptos a requerer o benefício antecipadamente em função da vitória obtida este ano no Supremo Tribunal Federal, que reconheceu o direito de servidores que trabalham em situação insalubre a computar esse período como tempo para aposentadoria especial. “Terceirizar serviços tem sido a meta do Ministério da Saúde, eles já tem um banco de [profissionais] para contratar”, critica Edna Teodoro, dirigente regional do Sindsprev, diretora da federação nacional (Fenasps) e uma das coordenadoras dessa luta. Necessidade é admitida pelo ministério Assembléia dos concursados, realizada em novembro, que retomou a mobilização da categoria Por Hélcio Duarte Filho O Sindsprev quer que o Ministério da Saúde “zere” o banco de reserva do concurso público de 2005, convocando mais seis mil profissionais, para evitar terceirizações nos hospitais federais do Rio. O alvo do sindicato é garantir que as necessidades de pessoal da nova unidade do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), na entrada da Avenida Brasil, e expansões de leitos nos hospitais da Lagoa, Ipanema e Andaraí sejam supridas com trabalhado- A nova etapa dessa campanha começa após a luta vitoriosa que levou à recente convocação de mais 4.100 concursados. Ao todo, já foram empossados cerca de 10 mil trabalhadores a partir desse concurso que “caduca” no início do ano que vem. Mas a necessidade de pessoal, segundo Edna reconhecida pelo próprio Ministério da Saúde, era de 17 mil trabalhadores. Na assembleia de “retomada” da mobilização, caras novas estiveram no sindicato, já que boa parte dos que estiveram no início desse movimento agora são servidores públicos. De saída, planejaram uma ida a Brasília para pressionar o Ministério da Saúde e já marcaram uma nova assembléia, no dia 15 de dezembro, às 14 horas, na sede do sindicato, que fica na rua Joaquim Silva, 98, na Lapa (atrás da Sala Cecília Meirelles). 8 10 DE DEZEMBRO DE 2009 CONSCIÊNCIA NEGRA NO MORRO DO ESTADO No 20 de Novembro, favela olha para si e ‘rechaça’ mito da democracia racial FOTO : NICOLAS MAGALHÃES Comemoração do Sindsprev Comunitário no Morro do Estado teve debate, capoeira, música e poesia Por Hélcio Duarte Filho A favela foi ‘festejada’ e ‘lamentada’ no dia da Consciência Negra promovido pelo Sindsprev Comunitário e Associação de Moradores do Morro do Estado, em Niterói. Na tenda armada no centro do campo de futebol, no alto do morro (foto), onde moradores e convidados se reuniram, apesar do sol e calor naquele 20 de Novembro, sobraram referências à favela enquanto lugar de resistência e vida e, noutro viés, de violência, opressão e injustiça. “A política de segurança chacina o jovem, negro e morador [da favela]”, disse Thiago Melo, representando o deputado Marcelo Freixo (PSOL). “Mas [ela] é também o quilombo, o espaço da resistência, da sobrevivência e do cuidar dos filhos”, emendou. ‘Cidade partida’ O “debate” em torno da “favela” começou cedo, quando um grupo de visitantes mexicanos foi convidado a conhecer parte da comunidade. Próximo ao mirante, pausa para mostrar a “cidade partida”. De um lado, a favela com a encosta que ameaça cair e arrastar casas, cuja contenção não saiu das promessas oficiais. Do outro, os elegantes prédios da zona sul de Niterói. “Essa é a cidade dividida. Lá é Icaraí, bairro de classe média onde tem saneamento e a polícia não xinga ninguém”, disse Sebastião de Souza, o Tão, diretor do Sindsprev e presidente da Associação. A cena, naturalmente, não chega a impressionar os mexicanos, também acostumados a problemas habitacionais e violência. Comunidades que recebem outros nomes vivem realidades similares, como a criminalização da pobreza, relata Mario Patron, da organização mexicana “Monitor Civil da Polícia”. “Variam os nomes, mas os problemas são parecidos”, disse. Problemas retomados, pouco tempo e metros dali, na tenda que, ao longo do dia, reuniu dezenas de pessoas – centenas no início da noite quando a dupla de cantores “Os Devassos” se apresentou. Antes, a capoeira dos mestres Pulga e Gigante fez a alegria da criançada e, de quebra, deu uma divertida “aula” sobre cultura negra. ‘Mito da democracia racial’ Cultura, aliás, ainda marginalizada nas escolas, mesmo nas erguidas nas favelas, como atestou a professora Vaudenise Ribeiro. Seus alunos, do 4º ano da Escola Municipal Ayrton Sena, recitaram o poeta Solano Trindade. “Não existe educação libertadora se não existe a discussão da discriminação racial nas escolas”, disse. “Só estamos aqui hoje porque caiu por terra o mito da democracia racial brasileira”, prosseguiu. Logo depois, ao repórter, lamentou o fato de não se ensinar “literatura negra nas escolas”. Pouco antes do fim do ato, emocionada, a manicure Fernanda Oliveira fa- lou da sua luta por justiça e agradeceu o apoio recebido. “Nós só ajudamos a Fernanda nessa luta, [que] mostra que a favela organizada é muito forte”, disse Madureira, em nome da Associação de moradores. Fernanda não mora mais no Morro do Estado. Teve que sair. Porém conhece bem o lado ‘resistência’ e o lado ‘dor’ da favela. Foi ali que deu vida a seus seis filhos. Ali perdeu Welington, fuzilado por policiais aos 11 anos com cinco tiros. Policiais recémcondenados a 45 anos de prisão, após uma longa luta que teve nela uma personagem símbolo. * Mais sobre a Consciência Negra no Morro do Estado em www.sindsprevrj.org.br Parque da Maré homenageou Zumbi com artesanato e palestra sobre previdência pública FOTO : NIKO Por André Pelliccione Atividades culturais, exposição de artesanato e palestras sobre saúde e previdência públicas marcaram as comemorações do Dia da Consciência Negra no Parque da Maré. Na saúde, o destaque foram os debates sobre hipertensão arterial e diabetes, com presença de um representante da Amorvit (Associação de Movimentos dos Renais Vivos e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro) e do coordenador do Sindsprev Comunitário na Maré, Nereu Lopes. Sobre previdência social, fez grande sucesso a palestra da servidora do Confraternização fechou o evento na Maré INSS Elza Correa da Veiga, que deu explicações sobre o direito de aposentadoria e o caráter da previdência pública. Outra palestra e debate importante foi sobre racismo e o significado da consciência negra na sociedade, com Elza, André Pelliccione e o diretor da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do SindsprevRJ, Osvaldo Sergio Mendes, que frisou a urgência de aprofundar a luta contra a discriminação no dia-a-dia. “O racismo é uma realidade, e por isso lembramos a luta de Zumbi e de todos os negros contra o regime escravista”, disse. A exposição de artesanato mostrou os trabalhos dos alunos do curso mantido pelo Sindsprev Comunitário, com apoio da Associação de Moradores do Parque Maré. As atividades foram encerradas com um coquetel. “Mais uma vez a comunidade respondeu ao nosso convite porque percebe a seriedade do trabalho que vem sendo realizado pelo Sindicato na região”, avaliou Nereu Lopes. 10 DE DEZEMBRO DE 2009 9 SINDSPREV COMUNITÁRIO Moradores dos KMs 32 e 34 reafirmam apoio no terceiro ano do Projeto Muita descontração, alegria e participação dos moradores da região marcaram as comemorações do terceiro ano de atividades do Sindsprev Comunitário nos KMs 32 e 34, Nova Iguaçu, no dia 20 de novembro, feriado nacional da Consciência Negra. Com uma programação variada e palco armado na praça principal do KM 32, o evento foi iniciado ao meio-dia, na saudação do coordenador do projeto, Antonio Oliveira de Andrade, seguido de belíssima apresentação do Coral e Banda da Escola São Francisco de Paula. “Chamamos o povo para que venha junto conosco, tenha consciência e lute junto pelo que é nosso de direito. Damos início a essa confraternização, agradecendo a Deus e à comunidade pelo apoio que tem nos dado nesses três anos de trabalho político, militante e sério que aqui realizamos”, disse. A apresentação da Banda, além de emocionar, congregou o público num sentimento comunitário e ecumênico que em muito pode contribuir para a construção de relações ainda mais solidárias e respeitosas entre os moradores. Após o primeiro brinde musical, foi a vez de algumas lideranças comunitárias e dos movimentos sindical e social do Estado trazerem suas respectivas saudações. FOTO : NIKO Por André Pelliccione projetos que estiveram aqui antes foram interesseiros e não faziam nada de graça, mas vi que o Sindsprev não tem nada a ver com essas práticas interesseiras. Acredito que vocês, do Sindsprev, vieram mesmo para nos ajudar”, disse Paula Pereira dos Santos Silva, moradora do KM 34 ‘Só Preto Sem Preconceito’ marcou o ponto alto da festa O ponto alto, em termos musicais, ficou por conta da apresentação do grupo Só Preto Sem Preconceito e de MC Feijão, que contagiaram a galera. “Acho muito importante terem feito um ato como este. Poucas vezes temos isto aqui porque somos esquecidos no bairro, que é muito carente. Acho que mais atos assim deveriam ser feitos para despertar a conscientização”, avaliou o morador Wilson Soares da Silva, o Zunga. Presidente do Núcleo de Ação Social Comunitária (NASC) e membro da Assembléia de Deus (Ministério TorreForte), José Carlos Lopes da Silva também elogiou a iniciativa. “O ato é essencial devido à necessidade de criar mais integração entre os moradores, fazendo todos compreenderem que precisamos caminhar juntos para alcançarmos os nossos objetivos”. “No próximo ano, pretendemos repetir o evento, interagindo ainda mais com a comunidade, que reconhece seriedade e honestidade de propósitos no nosso projeto”, concluiu Antônio Oliveira de Andrade, mostrando a satisfação pela boa receptividade dos moradores. Cerimônia de abertura do evento, na Praça do KM 32: seriedade reconhecida Vida e luta de Zumbi dos Palmares Representando a Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ, Osvaldo Sergio Mendes frisou o significado do dia 20 de Novembro. “Hoje é um dia especial, uma data histórica para todos os negros e negras deste país, o dia que simboliza a luta de Zumbi dos Palmares pela nossa liberdade. É por isso que estamos aqui na praça, dizendo a todos que Zumbi vive e que precisamos lutar contra a opressão. Não somos ladrões, não somos bandidos. Queremos a nossa liberdade de fato, que ela seja real. Zumbi somos todos nós, aqui e agora. Queremos reparações para o povo negro, que sofreu a escravidão, um dos maiores crimes já cometidos contra a humanidade”, afirmou, sob intensos aplausos. “A maioria dos Audiência debateu formas eficazes de investigar e combater o desaparecimento de crianças FOTO : NIKO Por Olyntho Contente Formação de um Grupo de Trabalho que reúna parlamentares, famílias de crianças desaparecidas, Ministério Público e autoridades policiais que encontre soluções para combater o desaparecimento de crianças e tornar eficaz a investigação da polícia e a busca das vítimas. Esta foi uma das principais decisões da audiência pública realizada dia 24/11, na Assembléia Legislativa do Estado (Alerj), para discutir o assunto. A audiência foi convocada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), a pedido de mães de crianças desaparecidas e dos moradores dos KMs 32 e 34, de Nova Iguaçu. Marcelo Freixo abriu os debates chamando a atenção para a pouca importância dada pelo Poder Público ao problema, lembrando que existe um cadastro nacional de carros roubados, mas não de crianças desaparecidas. “Acho isto sintomático. Mostra que as autoridades estão mais preocupadas em encontrar carros roubados e os ladrões transferirem esta responsabilidade para as famílias. Sumiço de crianças pobres Audiência debateu a fundo o desaparecimento de crianças destes do que crianças que desaparecem e os seus raptores”, afirmou. Ele adiantou que já tramita na Alerj um projeto de lei de sua autoria que cria este cadastro a nível estadual, mas que esta medida não basta. Mães relatam descaso Estiveram presentes várias mães de crianças desaparecidas. Duas delas falaram em nome das demais: Helena Figueiredo, mãe de Heloísa, desaparecida em 24 de julho 2006, no Tuiuti, e Luciene Torres, do KM 32, em agosto de 2009, ambas as crianças com 9 anos na época do desaparecimento. Em seus relatos apontaram o descaso da polícia com os desaparecimentos, a orientação errada dos policiais de que as famílias somente deveriam fazer o registro 24 ou 48 depois e o fato de os policiais não investigarem os desaparecimentos e No caso de Luciane, a menina que desapareceu no KM 32, a 56ª Delegacia Policial não registrou a queixa no dia, e pediu que a mãe aguardasse 48 horas para fazer isto. A família recebeu um telefone exigindo um resgate de R$ 7 mil. “Fui até a Delegacia Anti-Seqüestro, a DAS, e lá me disseram que para investigar o caso tinha de ser seqüestro com exigência de resgate acima de R$ 10 mil. Ou seja, o seqüestro do filho do pobre nunca vai ser investigado, só o dos ricos”, criticou Luciene, mãe de Luciane. O diretor do Sindsprev/RJ e morador do KM 32, Antônio Oliveira de Andrade, classificou como positiva a audiência pública. “Mas isto só não basta. O número crescente de casos como estes nos leva a suspeitar da existência de uma máfia de venda de órgãos, exploração sexual etc. Defendemos uma CPI na Alerj que investigue isto profundamente”, afirmou. 10 10 DE DEZEMBRO DE 2009 ACS E ACE Piso salarial para agentes de saúde é aprovado na Câmara Os FOTO : FERNANDO DE FRANÇA Categoria vence mais uma etapa da luta pelo piso nacional; Sindicato acompanha tramitação da PEC, que terá 2ª turno de votação na Câmara para chegar ao Senado Por Hélcio Duarte Filho FOTO: ALCYR CAVALCANTI A diretora do Sindsprev Jane Amaral FOTO : FERNANDO DE FRANÇA agentes comunitários de saúde e de combate a endemias venceram mais uma etapa na luta pelo piso salarial nacional para a categoria. A Câmara dos Deputados aprovou, no primeiro turno de votações, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 391/2009, que fixa o piso em dois salários mínimos (hoje, R$ 930,00). A PEC também torna obrigatório o pagamento do adicional de insalubridade e reconhece o direito dos trabalhadores à aposentadoria especial. Diretora do Sindsprev-RJ e agente comunitária de saúde em São Gonçalo, Jane Amaral vê no projeto um grande avanço para o setor. “Hoje as prefeituras pagam salário mínimo, algumas pagam insalubridade, outras não”, disse. Outro aspecto destacado por ela é a possível regulamentação do piso e de outros aspectos da carreira em lei, não mais em portarias. Isso, avalia, deixaria a categoria menos vulnerável às mudanças político-eleitorais. “Em lei, sai governo e entra governo e o que está escrito continua valendo”, explicou. O agente de combate a endemias Reinaldo Mendes vê outro aspecto positivo na emenda. “Esse projeto acaba com a diferenciação entre ACS e ACE”, disse. O subsecretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, disse que se o piso salarial nacional dos agentes comunitários de saúde entrar em vigor, será respeitado pela Prefeitura do Rio. “Se o piso for aprovado, certamente a gente vai se adequar”, disse à reportagem do Jornal do Sindsprev, durante visita ao Posto de Saúde Albert Sabin, na Rocinha, onde a secretaria pretende implantar 25 equipes de saúde familiar. O subsecretário prometeu ainda acabar com as contratações de agentes comunitários de saúde via ONGs (Organizações Não-Governamentais) e regularizar a situação funcional desses trabalhadores, conforme determina a legislação. “Não vai haver [mais ONG], o mecanismo via ONG é o pior que pode existir, é desrespeito às leis trabalhistas, é tudo o que pode ter de ruim na gestão de saúde”, criticou, mas sem indicar data para criação dos cargos e regularizar a situação funcional. “Até o final dessa gestão certamente vamos solucionar isso”, disse. Dirigentes do Sindsprev, embora vejam com bons olhos essas ‘intenções’, questionam o fato delas estarem mais no discurso do que nos atos práticos da prefeitura. “Em outubro os contratos com ONGs foram renovados por mais um ano”, disse a servidora Maria Celina de Oliveira. Segundo ela, a secretaria vem falando na criação dos cargos necessários para regulamentação funcional, mas não inclui no orçamento de 2010 a previsão de recursos necessários para isso. VALENÇA Após ocuparem Prefeitura, ACS e ACEs conquistam novo edital para processo seletivo Aprovação sem votos contra A PEC vem tendo uma tramitação rápida na Câmara. Protocolada no dia 8 de julho de 2009, quatro meses depois, no dia 11 de novembro, foi aprovada na Comissão Especial, última pela qual teria que passar. E recebeu, 15 dias depois, o voto favorável de 382 deputados, com apenas uma abstenção, no plenário da Câmara. Terá agora que passar por mais uma votação na Câmara, rito obrigatório para emendas constitucionais, para depois ser encaminhada ao Senado Federal. Ativistas e dirigentes do Sindsprev estiveram ao longo das últimas semanas acompanhando a tramitação da proposta em Brasília. O sindicato continuará, nos próximos dias, buscando apoio dos parlamentares ao projeto. E alerta os agentes de saúde para a necessidade de intensificar a luta pelo piso salarial neste momento, já que em 2010 o ano legislativo será menor devido às eleições gerais. Período, aliás, mais propício para pressionar parlamentares. Subsecretário de Saúde do Rio promete respeitar piso salarial Shirley Coelho Por André Pelliccione Os agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de controle de endemias (ACEs) do município de Valença deram mais um importante passo rumo à sua regulamentação funcional segundo o disposto na Lei 11.350. No dia 25/11, após ato público e ocupação da Prefeitura, os trabalhadores foram recebidos pelo chefe de gabinete, Roberto Luis de Souza Ferreira; e o Procurador do município, Jorge Luiz Pereira de Medeiros. O resultado foi o compromisso, dos representantes da Prefeitura, em anular o edital anterior do Processo Seletivo Público para ACS e ACEs e, em seu lugar, elaborar um outro edital para o mesmo processo, com todas as correções reivindicadas pelos trabalhadores e o Sindsprev/RJ, como: contratação pelo Regime Jurídico Único (RJU); fim do caráter eliminatório das entrevistas organizadas pela chamada ‘comissão especial’; e reconhecimento, como processo seletivo concluso, do curso de capacitação feito por 47 ACEs do município, em julho de 2007. O Procurador Jorge Luiz Pereira comprometeu-se a enviar ao Sindsprev/RJ a minuta do novo edital do Processo Seletivo. “Esse passo inicial foi importante, mas continuaremos vigilantes para cobrar o cumprimento de todas as promessas. Queremos também uma solução para os constantes casos de assédio moral praticados por gestores no município, onde os dirigentes sindicais são impedidos de fazer seu trabalho em defesa da categoria”, explicou Shirley Coelho, diretora do Sindsprev/RJ que participou das mobilizações junto com Jane Amaral e Milena Lopes. Os cargos de ACS e ACE do município foram criados em 29 de outubro de 2008, através da Lei 2.417. Na época, foram criados 160 vagas para ACS e 52 para ACEs. Dos ACS, 46 foram considerados efetivos porque já haviam passado por processo seletivo realizado há nove anos. Dos ACEs, 47 fizeram o curso de capacitação em 2007, organizado pela Funasa, governo do Estado, Secretaria de Saúde, Subsecretaria de Atenção à Saúde e Superintendência de Vigilância em Saúde. Uma nova reunião entre representantes do Sindsprev/RJ e da Prefeitura deverá ser realizada assim que a Procuradoria enviar a minuta do Edital para análise do Sindicato. A ocupação da Prefeitura no dia 25/11 foi o resultado de um ato público iniciado com passeata que partiu da Câmara Municipal. 10 DE DEZEMBRO DE 2009 11 FUNASA Insalubridade poderá sair ainda este mês O pagamento da insalubridade aos celetistas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) com os valores corretos, ou seja, 20% sobre R$ 2.142, poderá sair ainda este mês. A informação foi dada pela Funasa e pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) aos diretores do Sindsprev/ RJ, Octaciano Ramos, Almir Dias de Souza e Francisco Sérgio Fernandes. “Tudo depende da autorização do Planejamento que deve sair este mês, dando tempo para o pagamento do que nos é devido, retroativamente a novembro”, afirmou Octaciano. O problema todo ocorreu devido à decisão do governo de reduzir o adicional de 20%, que passou, a partir de novembro, a incidir não mais sobre o salário bruto, mas sobre o salário mínimo (R$ 465). A Funasa e o MPOG decidiram voltar atrás depois que diretores do Sindsprev/RJ negociaram com os dois órgãos. O coordenador da Secretaria de Assuntos Ju- FOTO : FERNANDO FRANÇA Por Olyntho Contente cender três níveis em janeiro, dependendo de parecer do MPOG que deve ser conhecido no fim de dezembro. O direito à progressão de um nível é assegurado após 18 meses de trabalho. A partir daí, o trabalhador sobe um nível a cada ano. Portanto, os celetistas da Funasa têm direito a subir três níveis. Também sairá no fim do mês a decisão relativa ao aumento do tíquete-refeição, com valor, hoje, de R$ 88. PL do RJU: pedido de vistas Servidores da Funasa em caravana a Brasília, em outubro deste ano, que pressionou governo a solucionar pendências rídicos do Sindicato esteve no encontro. Ascensão e tíquete Os celetistas da Funasa devem as- O projeto de lei 323 (PL 323), que passa os celetistas da Funasa para o Regime Jurídico Único (RJU), está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. De autoria do senador Gilvan Borges, o PL altera os artigos 8º e 9º e revoga o artigo 10 e o parágrafo único do artigo 11, todos da Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006, para modificar o regime jurídico aplicável aos agentes comunitários de saúde e aos agentes de combate às endemias. BELFORD ROXO FOTO : FERNANDO FRANÇA ACS e ACEs aguardam certificação como próxima etapa de sua regulamentação profissional Por André Pelliccione Certificação dos ACEs Como parte do processo de re- gulamentação, os ACS terão reconhecido seu processo seletivo feito anteriormente. Quanto aos ACE, que não passaram por processo seletivo nos mesmos moldes dos ACS, a Prefeitura comprometeu-se em fazer a certificação desses trabalhadores com base no artigo 9º da Lei 11.350, que permite ao gestor reconhecer os cursos de capacitação feitos pela categoria como processo seletivo. Uma comissão de certificação já foi inclusive constituída para este fim. “Embora não participe diretamente da comissão, o Sindsprev/RJ fiscalizará a atuação da mesma”, explica Reinaldo Gonçalo Mendes, diretor da Regional Baixada II e um dos representantes dos trabalhadores nas negociações com o município. Durante a assembléia de 4/12, foi confirmada a abertura de novo curso de capacitação em Belford Roxo para os ACEs, organizado pela Prefeitura sob supervisão da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), com início em dezembro. Assembléia em Belford Roxo apresentou informes à categoria Jornal na Internet No link Impresso, as edições de 2008 e 2009 do Jornal do Sindsprev. Feliz Natal a todos. ARTE: VIRGINIA AÔR Terminou no último dia 4/12 o prazo que os agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de controle de endemias (ACEs) de Belford Roxo se recadastrassem na Prefeitura. O recadastramento é parte do cronograma de regulamentação profissional dos trabalhadores segundo a Lei 11.350 e Emenda Constitucional 51. Aproveitando o último dia de recadastramento, os ACS e ACEs fizeram assembléia na mesma data (4/ 12), no auditório do Sindquímica, durante a qual foram apresentados informes sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 391/2009, que fixa o piso da categoria em R$ 930,00 e torna obrigatório o pagamento do adicional de insalubridade pelas prefeituras. A PEC, que já foi aprovada por unanimidade na Comissão Especial da Câmara, está pronta para ser apreciada no plenário pelos deputados. Regional Norte já agendou primeira reunião ampliada do novo ano A Regional Norte João Amazonas realizará sua primeira reunião ampliada do ano de 2010 no dia 3 de fevereiro, às 14h, com participação do Núcleo Classista da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Na pauta serão debatidos análise de conjuntura, planejamento das lutas para 2010 e prestação de contas de 2009. A Regional Norte aproveita a ocasião para desejar a todos os servidores e seus familiares um feliz natal e próspero ano novo, com muita garra nas lutas que virão. 12 10 DE DEZEMBRO DE 2009 CONSCIÊNCIA DO SAMBA Velha guarda na roda do sindicato Noca da Portela participou da roda de samba de novembro no sindicato e diz que “Espaço Luiz Carlos da Vila” deve ser prestigiado tempo em que o samba, “de raiz”, agonizava mas não morria, como nos versos de Nelson Sargento, ficou para trás, assim como a época em que sambista “corria da polícia” por “vadiagem”. O som que FOTO : FERNANDO FRANÇA O disse que, aos 76 anos de idade, está produzindo muito, com a agenda cheia e “feliz da vida”. Na conversa reproduzida a seguir, o sambista da Velha Guarda da Portela não esconde que parte dessa alegria deve-se ao fato de ter sido convidado de honra na festa de aniversário do presidente Lula. Ele relata que conversou longamente com o presidente, que lhe prometeu investimentos que valorizem os sambistas do Rio. “No futuro, nós vamos ter o reconhecimento e coisas maravilhosas para o samba”, prevê. Expectativas políticas do compositor e trocadilhos do jornalista à parte, Noca acredita que está na hora da “virada” no samba e no quadro social do país. É hora da rapaziada, do povo, dar o troco. jando por todo Brasil, sendo homenageado. É um trabalho que o povo brasileiro tá reconhecendo. É o reconhecimento. E isso me enche de orgulho e satisfação. Dificilmente nesse país o sambista é reconhecido. E depois do Noca, outros também serão reconhecidos. Jornal do Sindsprev – Você está falando da dificuldade do sambista de ser reconhecido. Mas, nos últimos anos, o renascimento aqui da Lapa foi junto com o samba... Noca – Samba de raiz. Todos nós da terceira idade, sambistas como Nelson Sargento, Monarco, eu, Delcio Carvalho, Wilson Moreira, Nei Lopes e tantos outros estamos trabalhando. Isso é importante à beça. A agenda de quase todos eles está lotada o ano inteiro, pessoal trabalhando. Eu tô fazendo 55 anos de samba e 76 de idade. O nosso ídolo Luiz Carlos da Vila, que não era tão antigo como a gente, mas na barriga da mãezinha dele já fazia samba com toda certeza, pra ser esse monstro sagrado que foi, infelizmente morreu antes de assistir... Mas o espírito dele vai assistir a essa grande vitória nossa. Jornal do Sindsprev – De qualquer modo, apesar de todas as dificuldades, nós já estamos hoje bem distantes de “Não deixe o samba morrer”... Noca – Exato. Eu corri da polícia. Quando me entendi sambista saía por ai afora cantando, mas algumas vezes cheguei a entrar até no camburão porque o [policial] dizia: “Não, o samba é proibido. Fala com o delegado, se o delegado gostar de samba você tá liberado. Se não, vai ganhar uma vadiagenzinha. Isso é coisa de vadio”. Jornal do Sindsprev – Você viveu isso? Noca – Vivi, claro. 76 anos. Há cinqüenta e tantos anos atrás existia isso. Jornal do Sindsprev – Era parte da ro- FOTO : FERNANDO FRANÇA nasceu “nos guetos, nas favelas” não só reconquistou o asfalto como aportou na casa das “elites”, sem perder suas raízes. Quem afirma tudo isso é Noca da Portela, nesta entrevista ao jornalista Hélcio Duarte Filho, concedida, em pé, na calçada em frente à sede do Sindsprev, na rua Joaquim Silva, na Lapa renascida ao som do cavaquinho. Abordado antes de entrar na sede do Sindsprev, o convidado especial da roda de samba da sexta-feira 4, após receber abraço carinhoso da atriz Zezé Motta, que acabara de debater a questão racial no sindicato, FOTO : F . FRANÇA Noca, na maior descontração, mostrando a arte na qual é mestre: cantar samba com maestria “No futuro, nós vamos ter o reconhecimento e coisas maravilhosas para o samba” Roda de samba, feijoada e “papo de botequim” no sindicato A roda de samba que acontece toda primeira sexta-feira do mês no Sindsprev é parte do projeto “Consciência do Samba”, desenvolvido pelas secretarias de Formação e Sócio-Cultural do sindicato. A atividade ocorre no Espaço Luiz Carlos da Vila, inaugurado este ano em homenagem ao sambista falecido no ano passado. Reúne samba, feijoada e um “papo de botequim” que começa por volta das 14 horas e antecede o início da roda, comandada pelo sambista Bira da Vila e que tem sempre convidados especiais. Na sexta-feira, 4/12, os convidados foram Mestre Gilmar e Bira Silva, este o primeiro interprete do Império Serrano. O sindicato fica na rua Joaquim Silva 98, na Lapa. Jornal do Sindsprev – O Sindsprev fez uma homenagem, inaugurou um palco batizado com o nome de Luiz Carlos da Vila, pelo talento dele enquanto compositor, músico, sambista e por sua história política e social, muito ligada “às nossas causas”. O que você acha dessa homenagem? Noca da Portela – Maravilhoso! Eu tô tendo a honra e o orgulho, após fazer a festa de aniversário do presidente da República, em Brasília, de [ser convidado] para esse espaço com o nome do saudoso Luiz Carlos da Vila, [que] é um espaço que todos nós sambistas devemos prestigiar, vir aqui, participar também. E pra mim esse ano tá sendo um ano muito especial. Porque desde dezembro que eu estou via- tina do sambista... Noca – Era. E da polícia também, levar o sambista em cana. Jornal do Sindsprev – Você falou que correu da polícia. Eu sei que não é a sua praia, mas nós estamos vivendo certa criminalização do funk. Está se querendo proibir inclusive de tocar [nos bailes]. Você acha que o funk está passando hoje pelo mesmo que o samba passou e isso é fruto de um preconceito? Noca – Sem dúvida. O preconceito contra o samba era uma coisa terrível. Geralmente era coisa de negro, geralmente via pela cor. E quando tinha um compositor, como o Noel Rosa, branco, foi um espanto. Noel Rosa, esse cara fazendo samba. Mas a predominância era da negritude. O samba era dos guetos, das favelas, das comunidades. Por isso existia certo preconceito. Mas eu creio que isso passou já há muito tempo. Hoje, o funk tá vivendo o mesmo problema. Mas o funk é uma coisa que realmente não é totalmente nacional. Foi invenção dos americanos, sei lá, e veio parar aqui. Jornal do Sindsprev – Mas, independente disso, essa perseguição não é por imitar... Noca – O funk veio das comunidades e o preconceito vem aí. Ele não veio da elite, ele veio das comunidades carentes. O governo nunca deu aula de música, escola de música pro pessoal da comunidade. Não deram educação, não deram nada. Então o povo escolhe uma coisa pra desentupir a cabeça. E deu funk. O samba já tem outro rosto. O samba agora é coisa de elite. Tanto é que o Noca foi fazer a festa do aniversário do presidente da República. É sinal que o samba tá numa altitude altíssima, tá quarenta graus mesmo. Isso deixa a gente esperançoso. No futuro nós vamos ter, sem dúvida alguma, o reconhecimento e coisas maravilhosas para o samba.