Porque surgem os estereótipos? Servem a necessidade de tratamento da realidade? Serão uma forma inferior e distorcida do pensamento? “Se os estereótipos são, realmente, devidos a mecanismos de correspondência psicossocial, mais do que simplificar informação proveniente do meio humano do sujeito cognoscente, então eles devem funcionar como “teorias” quotidianas para a explicação e justificação de um dado estado actual de relações entre grupos, (…) a sua principal função deve ser preservar os valores sociais que os sujeitos subscrevem”. Marques, 1986 “Um estereótipo é uma supergeneralização: não pode ser verdadeiro para todos os membros de um grupo. O estereótipo é, provavelmente, muito inexacto como descrição de um dado sujeito, mas não dada qualquer outra informação, constitui uma conjectura racional. Um desses traços levaria então à inferência de outros. Gahagan, 1980 A estereotipia identifica-se com prototipia, tratando-se de uma “operação que consiste em atribuir a objectos de uma categoria todos os traços que se supõe caracterizar o conjunto dos objectos dessa categoria.” Condol, 1989 Lippmann (1922) foi o iniciador da concepção contemporânea dos estereótipos. Afirmaria que, no quotidiano, não reagimos directamente aos indivíduos e aos acontecimentos, mas sim a representações simplificadas da realidade. Lippmann entende os estereótipos como “fotografias dentro das nossas cabeças”. Para os primeiros psicólogos, tratavam-se de projecções de fantasias indesejáveis ou deslocamentos de tendências agressivas para os membros de outros grupos forma inferior de pensamento Allport reage à visão “sociopatológica” de Lippmann, asseverando que os estereótipos são um processo, não só normal, como necessário. Pois como todas as categorias cognitivas, as de indivíduos baseiam-se inicialmente numa correspondência entre etiquetas psicológicas e indícios observáveis. Campbell (1967): “quanto maior a real diferença entre os grupos em relação a determinado costume, detalhe de aparência física, ou elemento de cultura material, maior a probabilidade de essa característica surgir na imagem estereotipada que cada grupo tem do outro”. Será que quer dizer que os estereótipos possuem um grão de verdade? Não! Significa que os estereótipos podem conter algumas diferenças reais sob forma distorcida, embora outros aspectos dos estereótipos sejam totalmente imaginários (Triandis & Vassiliou, 1967).