CAUSA E EFEITO. OS ESTEREÓTIPOS DO COTIDIANO ESCOLAR E SUA RELAÇÃO COM O CONCEITO DE RAÇA E CLASSE SOCIAL. Mariana da Silva Souza Faculdade de Educação/ Universidade de São Paulo [email protected] Objetivos Este trabalho teve como objetivo produzir uma pesquisa sobre as maneiras que os estereótipos de raça circulam e interferem no cotidiano e nas relações dos indivíduos entre si e com o espaço escolar. Buscou investigar como esses estereótipos se relacionam com outros marcadores mais gerais de desigualdade social, como gênero e classe social, por exemplo. E verificar através de diferentes metodologias que focalizam as práticas de alunos e professores, a maneira que os estereótipos influenciam nas representações que as crianças fazem de si e aos outros. Métodos/Procedimentos Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo. Partiu de uma imersão bibliográfica em obras e autores que abordam questões de raça e práticas sociais de opressão. Seguida por um trabalho de campo que se utilizou de diários de campo, entrevistas com diferentes sujeitos da comunidade escolar, rodas de leitura com obras literárias e conversas com as crianças, bem como documentos produzidos pela instituição e desenhos elaborados pelos alunos a respeito do tema. Resultados Foi possível constatar que os estereótipos circulam de maneiras “silenciosas” e “ruidosas”. Estão presentes na paparicação que se direciona a alguns e é negada a outros. Na forma como alguns são repreendidos e outros não. E na ausência de referenciais positivos no que diz respeito a ser negro, somado a um silêncio ignóbil que impera quando é preciso falar de racismo. Apesar do discurso “politicamente correto” que ronda a sala de aula, as práticas discriminatórias fazem com que estereótipos de raça diretamente ligados ao gênero e a classe social, apropriem-se de um espaço de grande potencial para a desconstrução do racismo. Eles acabam sendo internalizados de diferentes formas pelas pessoas que frequentam aquele espaço. Conclusões Família desestruturada, aluno problema, bom aluno, mau aluno, cabelo ruim, cabelo bom, menina lasciva. Esses foram alguns dos estereótipos encontrados na sala de aula. A escola participa da manutenção destes estereótipos ao utiliza-los, principalmente em situações de conflito e, mais precisamente, pelo silenciamento e omissão diante das situações que envolvem a questão racial, abrindo espaço para práticas racistas. No entanto, percebe-se a potencialidade da escola na desconstrução destes mesmos pensamentos e práticas secularmente presentes em nossa sociedade e na construção de uma subjetividade e identidade negras positivas. Referências Bibliográficas CAVALLEIRO, Eliane. Do silêncio do lar ao silêncio escolar. São Paulo: Contexto, 2012 CARVALHO, Marília. O fracasso escolar de meninos e meninas: articulações entre gênero e cor/raça. Cadernos Pagu, no.22 Campinas, 2004. OLIVEIRA, Fabiana; ABRAMOWICZ. Infância, raça e paparicação. Educação em Revista, vol. 26, nº 2, Belo Horizonte, 2010.