Uma Abordagem Sistêmica da Avicultura de Corte na Economia
Brasileira
Norberto Martins Vieira
Departamento de Economia Rural - DER
Universidade Federal de Viçosa - UFV
Rua Presidente Médici nº 128/101, Clélia Bernardes; Viçosa - MG
[email protected]
Roberto Serpa Dias
Departamento de Economia - DEE
Universidade Federal de Viçosa - UFV
Av. P. H. Rolfs nº 425/1001, Centro; Viçosa - MG
[email protected]
Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais
Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor
1
Uma Abordagem Sistêmica da Avicultura de Corte na Economia
Brasileira
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar e avaliar o setor avícola
brasileiro. Foram observadas: a sua estrutura, as inter-relações e a conduta das
principais empresas e as perspectivas de desenvolvimento do mesmo. A fim de se
mensurar o grau de concentração do setor, foram calculados a Razão de Concentração
(CRk), o índice de Hirschman-Herfindahl (H), o índice de Rosenbluth (B), e a Entropia
(E). A análise de Turnover foi realizada com o intuito de estudar a conduta das firmas,
através da mudança de posições em um ranking. A partir dos resultados obtidos, podese observar uma considerável concentração do setor, haja visto que, poucas empresas
dominam parcela significativa da produção. A análise do CRk (CR4,CR6, CR8 e CR12)
indicou um pequeno aumento da parcela de mercado dominada nos quatro níveis. Os
índices H, B e E não sofreram variações consideráveis ao longo do período analisado,
indicando que não houve mudança na concentração do setor avícola nacional. Também
pode se observar que as posições empresas sofreram poucas alterações no ranking,
destacando-se o primeiro grupo, que se manteve constante ao longo de todo o período
analisado.
PALAVRAS-CHAVE: Economia Brasileira, Avicultura de Corte, Concentração
Agroindustrial.
2
UMA ABORDAGEM SISTÊMICA DA AVICULTURA DE CORTE
NA ECONOMIA BRASILEIRA
1. INTRODUÇÃO
A avicultura, atualmente, é uma atividade econômica internacionalizada e
uniforme, sem fronteiras geográficas de tecnologia. Pode ser considerada um complexo
industrial que não deve ser analisado apenas sob o aspecto de produção e distribuição, e
sim através de uma abordagem sistêmica do setor.
Como se sabe, o agronegócio envolve a produção agrícola propriamente dita, ou
seja, as atividades ligadas no suporte à produção (ligações para trás) e as relacionadas
com o processo agroindustrial e de suporte ao fluxo de produtos até a mesa do
consumidor final (ligações para frente). Este conceito de agribusiness tem implicações
profundas na organização econômica, pois mostra a dimensão estratégica da
agropecuária. Sendo reconhecida como um dos segmentos agrícolas mais importantes, a
avicultura revela-se como um exemplo de integração e interdependência econômica.
Além disso, hoje em dia, a avicultura é um dos componentes mais importantes
do agribusiness nacional e internacional. O desenvolvimento da avicultura pode ser
considerado como a síntese e o símbolo do crescimento e modernização do agronegócio
no Brasil. Isso porque a atividade avícola reúne em sua estrutura funcional três
importantes elementos no cálculo econômico do capitalismo em sua configuração atual:
tecnologia de ponta, eficiência na produção e diversificação no consumo (COELHO e
BORGES, 2002). Além disso, segundo dados do United States Department of
Agriculture (USDA), a produção mundial de carnes passou de aproximadamente 90
milhões de toneladas em 1978 para aproximadamente 198 milhões de toneladas em
2003, graças principalmente ao desempenho apresentado pela produção de carne de
frango. Entre 1990 e 2003, a produção mundial de carnes cresceu 34 %, enquanto a
carne de frango continuou apresentando o melhor desempenho com 61 % de aumento,
seguida da carne suína com 29 %.
Nos últimos anos, o setor passou por um processo de integração vertical que
consiste numa relação de parceria entre agroindústria (empresas processadoras) e
produtor rural, que rendeu bons resultados para a atividade. A avicultura brasileira
atingiu produtividade e qualidade comparáveis às obtidas pelos países mais
desenvolvidos do mundo, contribuindo, entre outras coisas, para a geração de divisas de
exportação (LOPES, 1992). Em conseqüência, o Brasil se firmou como segundo maior
exportador mundial, de acordo com as estatísticas do USDA (Tabela 1).
Tabela1 - Principais exportadores mundiais de carne de frango no período de 1998 a
2003, em mil toneladas
EXPORTAÇÃO
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004(*) TGC (%)
Estados Unidos
1.978 2.080 2.231 2.521 2.180 2.230
2.313
2,64
Brasil
594
750
893 1.241 1.600 1.922
2.115
23,57
União Européia
788
764
762
718
840
700
800
0,25
Tailândia
274
288
328
425
465
500
530
11,62
China
323
375
464
489
438
420
440
5,29
Outros países
239
205
190
213
233
234
203
-(2,68)
TOTAL
4.196 4.462 4.868 5.067 5.780 5.861
6.192
6,70
Fonte: USDA, onde TGC indica a taxa geométrica de crescimento anual.
(*) preliminares.
3
De acordo com os dados da Tabela 1, em 1998 o Brasil foi responsável por 14%
das exportações mundiais de carne de frango, e está previsto que em 2004 o setor
alcance aproximadamente 34% do total das exportações. Além disso, as exportações do
setor avícola brasileiro cresceram a uma taxa média de 23,57% ao ano no período, bem
superior à média mundial. Com este avanço, o setor alcançou um espaço bastante
significativo entre os que mais contribuem para o superávit da balança comercial
brasileira.
As características da atividade avícola contribuem para aumentar a geração de
emprego e de renda no campo. O sistema de integração, criado e desenvolvido no
Brasil, é ideal para pequenas propriedades, muitas delas familiares. Além disso, tem a
vantagem de não depender de fatores sazonais e de permitir a exploração simultânea
com outras atividades agropecuárias. Segundo as estatísticas da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), a avicultura em toda sua cadeia representou emprego para cerca de 2,5
milhões de pessoas no ano de 2001. Neste mesmo ano, fortemente alavancada pelo
desempenho da avicultura, a agropecuária cresceu 5,11%, contribuindo decisivamente
na evolução de 1,51% do PIB brasileiro.
Presente às fusões, aquisições e incorporações financeiras, o mercado é
dominado por grandes empresas, das quais se destacam: SADIA, PERDIGÃO, SEARA,
AVIPAL e FRANGOSUL. Este mercado oligopolizado detém grande responsabilidade
social, econômica e ambiental. Sua evolução histórica não só relata o desenvolvimento
da atividade, como norteia as novas decisões a serem tomadas, levando em consideração
a alta dependência e competitividade entre as empresas. A análise descritiva do setor
avícola proporciona um maior conhecimento da estrutura dos mercados, fundamental
para a obtenção dos preços e compreensão de sua conduta em relação a gastos com
pesquisa e desenvolvimento (P&D), investimentos em marketing, propaganda e etc.
Pelo presente trabalho, pretende-se analisar o desempenho e a estrutura do setor
avícola nacional e caraterizá-lo no que diz respeito aos seus aspectos institucionais,
organizacionais e tecnológicos. Visando, especificamente, avaliar o grau de
concentração do setor relativamente ao abate anual de frangos das maiores empresas,
calculando os principais índices de concentração industrial e analisar a dinâmica do
setor, através da análise de turnover.
1.1. Um Panorama Mundial e Brasileiro da Avicultura de Corte
Até o final da década de 1950, a avicultura no Brasil era uma atividade básica de
subsistência que dispunha de poucos recursos para seu desenvolvimento, além de não
possuir bases empresariais. No início da década de 1960, quando se iniciaram as
importações de linhagens híbridas norte-americanas de frangos, mais resistentes e
produtivas, os padrões de manejo e alimentação foram se alterando gradativamente. Na
década de 1970 a indústria de frangos brasileira cresceu em média 12% ao ano, sendo
que os principais investimentos ocorreram na região Sul, uma região de grande
produção de milho e de crescente produção de soja.
Face à retração do mercado interno, decorrente da recessão generalizada na
economia brasileira, a primeira metade dos anos de 1980 foi o único período de baixo
crescimento da produção, compensado, entretanto pelo crescimento das exportações.
Visando atender às crescentes exigências dos importadores, as empresas exportadoras
brasileiras passaram a investir em melhoria na genética, em novas tecnologias e em
processos que aumentassem a eficiência de toda a cadeia produtiva.
Hoje, grandes quantidades de matrizes de aves estão alojadas nas granjas do
país, configurando um segmento dinâmico, altamente competitivo, que engloba desde
os insumos até a produção dos animais e o processamento na indústria.
4
O alto nível tecnológico alcançado pela avicultura nacional, notadamente a de
corte, colocou a atividade em posição privilegiada em relação a outras atividades
pecuárias desenvolvidas no Brasil, com nível de produtividade internacional (Figura 1).
Aumentos (%)
250
200
150
100
50
0
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004*
Anos
Boi
Porco
Frango
Fonte: ABEF, com dados trabalhados pelo autor.
(*) preliminar
Figura 1 – Aumentos percentuais na produção brasileira de carne de boi, porco e frango
no período de 1996 a 2004 (ano base 1996).
Analisando a Figura 1, percebe-se que a produção de carne de frango no Brasil
apresenta uma trajetória evolutiva ascendente. Em 2003 a produção foi de 7.843 mil
toneladas, contra 4.051 mil toneladas em 1996, um significativo aumento de 93,6%.
A revolução genética representada na agricultura pelos híbridos permitiu à
avicultura se consolidar como líder do setor de carnes. A aplicação dessa tecnologia às
aves possibilitou a criação de variedades altamente eficientes na conversão de rações,
baixando continuamente tanto o tempo de maturação quanto a quantidade de rações
utilizadas, itens que já eram muito favoráveis quando comparados com a bovinocultura.
Entre os principais países produtores de frango no mundo, os EUA, a União
Européia e o Brasil, em 2003, responderam por cerca de 50% da produção mundial
(Tabela 2).
Tabela 2 – Produção mundial de carne de frango, principais países de 1999 a 2004, em
mil toneladas
ANO
EUA
CHINA
BRASIL
UE
MÉXICO MUNDO
1999
2000
2001
2002
2003
2004*
13.367
13.703
14.033
14.467
14.696
15.226
8.550
9.269
9.278
9.558
10.000
10.000
5.526
5.977
6.736
7.517
7.843
8.235
6.614
6.654
6.822
6.750
4.466
6.695
1.784
1.936
2.067
2.157
2.297
2.460
47.554
50.097
51.765
53.597
53.913
55.622
Fonte: USDA \ ABEF
(*) preliminar.
A análise da Tabela 2 mostra que todos os países aumentaram sua produção,
acompanhando a tendência mundial. Os EUA são os maiores produtores mundiais,
seguidos da China que, embora seja grande produtora, destina praticamente toda sua
produção ao mercado interno. O Brasil é o terceiro maior produtor, tendo obtido um
grande crescimento ao longo dos anos analisados (cerca de 50%).
5
No Brasil, a produção de frango, bem como o abate, está localizada próximo às
áreas produtivas, principalmente na região Sul. Destacam-se os estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, onde se encontram as empresas líderes: Sadia, Perdigão,
Seara, Frangosul e Avipal (Figura 2).
Paraná
25%
Outros estados
36%
Rio Grande do Sul
19%
Paraná
Santa Catarina
Santa Catarina
20%
Rio Grande do Sul
Outros estados
Fonte: ABEF
Figura 2 – Produção de carne de frango, participação dos principais estados brasileiros
em 2003.
A Figura 2 mostra que os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
foram responsáveis por 64% da produção de carne de frango brasileira em 2003,
enquanto os demais estados produziram 36%.
Segundo estudo realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento
Econômico e Social (IPARDES) em 2002, a carne de frango já ocupou o lugar da carne
bovina como segundo tipo de carne mais consumida mundialmente, atrás somente da
carne suína. Este bom desempenho pode ser atribuído a quatro fatores principais: seu
baixo preço relativo diante das outras carnes; sua imagem de produto saudável junto ao
consumidor; sua aceitação pela maioria das culturas e religiões; e a gama mais variada
de produtos à base de frango.
Atualmente, os maiores consumidores de frango do mundo são os Emirados
Árabes com um consumo per capita de 53,5 kg/hab./ano (Figura 3).
MUNDO
8,4
33,3
28,9
HONG KONG
36,6
EUA
43,1
44,8
EMIRADOS ÁRABES
53,5
0
10
20
30
40
50
60
Fonte: ABEF
Figura 3 – Consumo per capita de carne de frango dos principais países em 2003, em
kg/hab./ano.
O Brasil, de acordo com a Figura 3, ocupou a quinta posição em consumo per
capita de carne de frango em 2003, ficando atrás da Arábia Saudita, dos EUA, Kuwait e
Emirados Árabes. Embora seja um dos maiores mercados consumidores, devido ao
6
tamanho do mercado interno, o Brasil tem um consumo por habitante relativamente
baixo, indicando um bom potencial de crescimento para esse mercado.
O mercado internacional tem se mostrado um escoadouro de excessos de oferta.
Apesar da maioria da produção brasileira ser destinada ao mercado interno, as
exportações assumem importância não somente por contribuírem para a melhoria na
balança comercial, mas, sobretudo, por induzirem ganhos de produtividade através do
acesso da indústria nacional a novas tecnologias e diferentes padrões de consumo.
Segundo dados da ABEF, em 2003 o Brasil exportou 1.922.041 toneladas de carne de
frango (cerca de 23% de sua produção) gerando uma receita de 1.709.743 mil dólares.
Os Estados Unidos são os maiores exportadores mundiais de carne de frango. A
maior parte de suas exportações é de cortes de frango, ou seja, o país atua fortemente no
mercado de produtos de maior valor agregado, justamente o mercado em que o Brasil
busca ampliar sua participação. Em 2003, as exportações norte-americanas atingiram
2,2 milhões de toneladas, volume que significa 15,2% de sua produção e representa um
market share de 37%, mais de um terço da exportação mundial (Tabela 3).
Tabela 3 – Exportação mundial de carne de frango, principais países de1999 a 2004, em
mil toneladas
ANO
EUA
BRASIL
UE
CHINA TAILÂNDIA MUNDO
2.080
771
776
375
285
4.442
1999
2.231
907
774
464
333
4.856
2000
2.520
1.249
724
489
424
5.589
2001
2.180
1.600
843
438
465
5.769
2002
2.237
1.922
730
388
528
6.075
2003
2.248
2.115
780
310
300
6.046
2004*
Fonte: USDA
(*) preliminar.
Vale ressaltar que houve um crescimento de 149,3% no volume das exportações
brasileiras de frango entre os anos de 1999 a 2003. Com esse desempenho, o Brasil
mantém a posição de segundo maior exportador mundial de frangos (31,6% do
mercado). O país tem procurado atender às exigências dos diferentes mercados
compradores, colocando no mercado internacional grande diversidade de tipos de carne
de frango.
Apesar de ser um produto homogêneo, basicamente uma commodity, o frango
inteiro ou em partes pode apresentar diferenciações conforme o mercado a que se
destina. As exportações de frangos inteiros são direcionadas principalmente para os
países do Oriente Médio, ao passo que as partes de frango têm como principais
compradores os países da Europa e da Ásia (Tabela 4).
7
Tabela 4 – Exportações brasileiras de carne de frango por destinos, em 2003, em kg
líquido
DESTINO
INTEIRO
CORTES
TOTAL
América do Sul
América Central e Caribe
Europa
Oriente Médio
África
Ásia
Outros
24.910.375
5.021.051
123.988.986
557.164.780
50.078.785
34.024.147
2.856.340
3.192.951
23.770.654
496.706.626
46.221.367
95.978.860
450.146.368
7.980.814
28.103.326
28.791.705
620.695.612
603.386.147
146.057.645
484.170.515
10.837.154
Total
798.044.464
1.123.997.640
1.922.042.104
Fonte: ABEF.
A Tabela 4 mostra que os maiores compradores de carne de frango brasileira em
2003 foram a Europa, o Oriente Médio e a Ásia, respectivamente. Os países europeus e
asiáticos têm preferência por carne em cortes, ou seja, que sofreram algum tipo de
industrialização. Os europeus importaram 80% de carne em partes, enquanto os
asiáticos dedicaram 93% de suas importações de frango brasileiro a este segmento.
Contudo, os países do Oriente Médio, que demandaram 31,4% das exportações
brasileiras em 2003, possuem preferência relevada pelo frango inteiro. Segundo a
ABEF, o Brasil exportou 603.386.147 kg líquidos de carne de frango para estes países
em 2003, sendo 92,3% do total de frango in natura (inteiro).
2. METODOLOGIA
2.1. Modelo Teórico
2.1.2. Relações Sistêmicas
Segundo FARINA et al. (1997), processos de desregulamentação setorial e de
abertura comercial representam mudanças institucionais que aumentam a pressão
competitiva, ampliam e alteram as estratégias de concorrência e crescimento, com
impactos diretos sobre a organização de sistemas produtivos.
Ainda segundo esta autora, as instituições são importantes no sistema
econômico, já que existem diferentes níveis de informação sobre incerteza de mercado
entre os agentes econômicos e grande número de concorrentes. Aliados a estes
elementos, agem os custos de transação, que criam pontos críticos no desempenho
econômico. Nesse ambiente turbulento e incerto, é necessário que hajam “regras” que
determinem e orientem a direção a ser tomada, para que os problemas relacionados às
interações entre os agentes sejam resolvidos e os acordos de troca sejam estabelecidos e
cumpridos.
A fim de se analisar sistemas agroindustriais, FARINA et al. (1997) propõem o
seguinte conjunto de variáveis: Ambiente Institucional, Ambiente Organizacional,
Ambiente Tecnológico, Ambiente Competitivo e Estratégias Individuais (Figura 4).
8
A m b ien te
O rg a nizaciona l
•
O rgan izações
corporatistas
•
B u reau s
P úblico s e p riva d os
•
S in d icatos
•
In stitu tos d e
P esq u isa
•
P olíticas
S etoriais Privadas
A m bien te
In stitucion a l
•
Sistem a L egal
•
Tradições e costum es
•
Sistem a P olítico
•
Reg u lam en tações
P olítica
•
M acroecon ôm ica
•
Políticas S etoriais
G o vern am en tais
A m bien te
C om p etitivo
•
C iclo d e vid a d a
In dú stria
•
E stru tura da in d ú stria
•
Padrões d e
C on corrên cia
•
C aracterística do
C on sum o
E stratég ia s In divid ua is
•
Preço/cu sto
•
Seg m en tação
•
D iferen ciação
•
In ovação
•
C rescim en to Intern o
•
C rescim en to por
aquisição
A m b ien te
T ecn ológico
•
Paradigm a
T ecn ológico
•
Fase da
trajetória
tecn ológ ica
A tributos das
tran sações
E struturas de
G overnan ças
R elações
S istêm ica s
esem pen
D esem
p e nhhoo
(com p etitivid ad e)
cia cia
•S obrevivên
Sobrevivên
en to en to
•C rescim
C rescim
Fonte: FARINA et al. (1997).
Figura 4 – Relações Sistêmicas dos Ambientes e a Estrutura de Governança.
A partir da Figura 4, os autores sugerem que a relação causal principal segue o
seguinte padrão: a estrutura de governança é determinada pelos atributos das transações
que, por sua vez, decorrem de condicionantes institucionais, organizacionais,
tecnológicos e estratégicos. No curto prazo, os ambientes institucional, tecnológico e
organizacional condicionam as estruturas de governança e as estratégias individuais
que, por sua vez, determinam o desempenho em termos de sobrevivência e crescimento
nos mercados. No longo prazo, as estratégias individuais e organizacionais determinam
o ambiente competitivo, institucional e tecnológico, alterando as estruturas de
governança eficientes.
Dentro dessa perspectiva, o problema das políticas públicas setoriais passa a
estar centrado na provisão de condições para a obtenção e manutenção da superioridade
competitiva dos sistemas.
2.2. Modelo Analítico
Em relação ao ambiente competitivo em que se insere o setor em estudo, a
estrutura da indústria constitui-se em um de seus aspectos fundamentais determinados,
principalmente, pelo seu grau de concentração.
9
2.2.1. Índices de Concentração
O cálculo dos índices de concentração foi feito com base na metodologia
apresentada por HOFFMAN (1991). Este autor utiliza quatro índices: Razão de
Concentração (CRk), o índice de Hirshman-Herfindahl (H), o índice de Rosenbluth (B),
e a Entropia (E). O método para o cálculo destes é apresentado a seguir:
♦ Razão de Concentração (CRk)
Este índice, representado pela Equação 1, calcula que proporção do valor total é
dominada pelas k maiores empresas de um setor.
k
CRk = ∑ Yi
(1)
i=1
Onde:
K é o número de empresas analisadas; e
Yi é a proporção do mercado pertencente a i-ésima empresa.
As empresas devem estar coordenadas de maneira que: Y1 ≥Y2 ≥Y3...≥Yn.
A parcela de mercado pertencente a cada empresa (Yi) é obtida dividindo-se a
produção da empresa pela produção de toda a indústria (Equação 2).
Yi = ___Xi___
N
(2)
∑ Xi
i=1
Onde:
Xi é a produção individual de cada empresa; e
N é o número de empresas que compõe a indústria.
♦ Índice de Hirschman-Herfindahl (H)
O índice de Hirschman-Herfindahl (Equação 3) deve ser analisado ao longo de
um período de tempo.
N
2
H = ∑ (Yi)
(3)
i=1
Onde:
N é o número de empresas do setor; e
Yi é a proporção do mercado pertencente a i-ésima empresa.
O valor máximo para H é observado em uma situação de monopólio, nessa
situação H = 1. O valor do índice aproxima-se de zero quando a produção setorial está
dividida de maneira relativamente igualitária entre um grande número de empresas.
Admitindo-se que o mercado seja composto por firmas iguais, o H obtido na
Equação 3 seria igual a 1/N. Com isso, no caso de monopólio, o H seria igual a um
(H=1), no caso de duas firmas idênticas, o H seria igual a 0,5 (H=0,5) e assim
sucessivamente.
Pela fórmula matemática da Equação 3, o efeito das firmas muito pequenas é
reduzido. Isto possibilita que, em muitos estudos, sejam consideradas apenas as parcelas
de mercado das maiores empresas, não ocasionando, entretanto, grandes perdas dos
10
resultados e das características do indicador. Esta característica do índice tem grande
importância prática, porque muitas vezes não há disponibilidade de dados de todas as
firmas do mercado.
Pelos resultados de H pode-se ainda estabelecer uma relação a respeito do
número de firmas (N*) que atenderiam ao mercado com parcela idêntica, Equação 4.
N* = __1__
(4)
H
A variação dos resultados de N*, para determinado período de tempo, fornece
informações sobre a concentração desse setor. Este índice é uma ferramenta importante,
pois, no caso de um H próximo de zero, H = 0,25, por exemplo, pode-se ter a falsa
impressão de baixa concentração. Mas analisando o N*, percebe-se que N* = 4, indica
que o valor de H corresponde a um setor composto por apenas quatro firmas iguais,
caracterizando uma alta concentração.
♦ Índice de Rosenbluth (B)
Previamente ao cálculo do índice de Rosenbluth (Equação 5) devem-se
organizar as empresas de modo que: Y1≥ Y2≥ Y3... ≥Yn.
B = ______1________
(5)
n
2 ( ∑ iYi ) – 1
i=1
Onde:
n é o número de empresas do setor; e
Yi é a proporção do mercado pertencente à iésima empresa.
Quando o setor for controlado por apenas uma empresa (monopólio), o índice
atinge seu valor máximo, B = 1. E seu valor tende a zero quando houver uma situação
de concorrência perfeita.
♦ Entropia (E)
O valor da Entropia (Equação 6) cresce à medida que a concentração do setor
diminui, por isso esta é considerada uma medida de desconcentração industrial.
n
E = ∑ Yi log ( 1/Yi )
(6)
i=1
Onde:
n é o número de empresas do setor; e
Yi é a proporção do mercado pertencente à iésima empresa.
Como 0 ≤ E ≤ log n, em uma situação de monopólio o valor de E será zero,
caracterizando concentração máxima. Quando o setor for constituído por empresas com
a mesma produção, E = log n.
2.2.2. Análise de Turnover
Para estudar a dinâmica da competição no setor, utilizou-se a análise de
turnover. SILVA (2004) adotou o procedimento de JOSCOW (1960) com algumas
adaptações, e definiu a análise como a mudança nas posições das empresas em
determinado ranking, dentro de um período.
11
A metodologia proposta por JOSCOW (1960) possibilita a identificação de
mudanças de posicionamento de determinadas empresas de um ano para outro. De
acordo com a disponibilidade de dados no ano inicial escolhido, pode-se agrupá-las de
diferentes formas, em grupos de três, cinco, dez ou mais empresas (Tabela 5).
Tabela 5 - Exemplo de análise de resultados de turnover por meio do
procedimento de JOSCOW (1960)
Ano Inicial 1993
Ano final 2003
Grupo
Grupo A
Grupo B
Grupo...
Saiu
TOTAL
Ranking
A
(1 - 5)
2
1
...
2
5
B
(6 - 10)
1
3
...
1
5
...
...
...
...
...
...
...
TOTAL
3
4
3
10
Fonte: SILVA (2004).
A Tabela 5 descreve o número de empresas que, no ano final do período
analisado, permaneceram dentro do mesmo grupo, mudaram de posição entre os grupos,
ou ainda, saíram do mercado ou deixaram de ser registradas no ranking por algum
motivo. A última coluna deve somar, na horizontal, o tamanho definido para os grupos,
e, na forma vertical, o total das firmas do ranking. A primeira linha está mostrando que
das cinco empresas que formavam o Grupo A, em 1993, duas permaneceram neste
grupo, uma caiu para o Grupo B e duas deixaram de ser registradas (fecharam, ficaram
abaixo do grupo incluído no ranking, não divulgaram informações, mudaram de razão
social ou foram adquiridas por outras); na segunda linha, nota-se que, das cinco
empresas que estavam em 1993 no Grupo B, uma passou para o Grupo A, três
permaneceram no mesmo grupo e uma deixou de ser registrada; e assim
sucessivamente, até que na última linha tem-se uma informação referente ao número de
empresas que se mantiveram no mercado, por grupos, e as que saíram.
Neste estudo, a fim de se caracterizar a dinâmica de competição do setor avícola
brasileiro, realizou a análise de turnover para as 15 maiores empresas do ano de 1993,
avaliando-se as mudanças de posicionamento no período 1993 – 2003.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
3.1. Ambientes Organizacional, Institucional, Tecnológico, Competitivo e
Estratégias Individuais do Setor
A competitividade brasileira no setor resulta, em grande parte, de sua
disponibilidade de grãos e de suas condições climáticas. Ademais, o país também tem
demonstrado competência, reconhecida internacionalmente, para gerir adequadamente a
cadeia produtiva. Para NOGUEIRA (2003), na avicultura brasileira, o arranjo
institucional dominante para o suprimento de frangos aos processadores tem sido o
contrato de parceria com produtores. Nessa estrutura, os processadores oferecem
insumos e assistência técnica para a engorda, tendo exclusividade na aquisição dos
frangos em peso de abate. Os produtores são responsáveis pelas instalações e
equipamentos das granjas e pelo manejo, comprometendo-se a entregar os frangos para
o processador. O pagamento dos lotes é feito de acordo com índices de eficiência do
produtor no manejo, como conversão alimentar ou mortalidade.
Segundo estudo do IPARDES (2002), a disseminação dos contratos de parceria
favoreceu o rápido desenvolvimento tecnológico da produção e industrialização de aves,
12
gerando ganhos expressivos de produtividade, redução de custos, qualidade e
padronização. Isso resultou no aumento da competitividade, que geralmente tem início
na redução dos preços dos fatores de produção (como o próprio valor do frango inteiro,
a ração, etc.), revelando a presença de economias de escala pecuniárias, característica
que torna as empresas muito competitivas em termos organizacionais para operarem no
comércio internacional. Este fato permite que a cadeia reaja mais rapidamente às
mudanças de hábito de consumo.
Grande parte das estratégias das empresas líderes consiste em agregar valor ao
produto final. Essa agregação de valor pode, no caso mais simples, traduzir-se em cortes
diferenciados de frango ou, no caso de estratégias mais sofisticadas de diversificação,
em pratos prontos para o consumo à base de frango, que sejam adaptados aos vários
países ou regiões aos quais o produto se destina. Assim, os países mais competitivos na
etapa de abate e processamento, entre eles o Brasil, têm perseguido estratégias
semelhantes (COSTA, 1999).
Segundo SIFFERT FILHO, e FAVERET FILHO (1998), as principais empresas
líderes do setor avícola possuem fortes semelhanças quanto às suas características nas
instâncias organizacionais. Neste caso, a forma organizacional específica guarda baixa
tolerância tecnológica, em meio a um ambiente de intensa concorrência. Estas empresas
líderes formam um grupo estratégico, uma vez que compartilham dimensões
competitivas semelhantes, como preço, marca, lançamento de produtos e marketing.
Pode-se constatar a existência de elevadas barreiras à entrada no grupo
estratégico onde atuam os grandes frigoríficos. Economias de escala, diferenciação de
produto através de marcas fortes, capital necessário e acesso aos principais canais de
distribuição (supermercados) são algumas destas barreiras. No entanto, elas não têm
impedido a entrada e permanência no setor de pequenos frigoríficos, os quais competem
principalmente em mercados que consomem produtos homogêneos (frango inteiro
resfriado) em que o critério de compra ligado ao preço é muito importante para o
consumidor. Nesse contexto, o futuro dos pequenos empreendimentos está ligado à
organização em arranjos verticais e à capacidade de encontrar nichos de mercado, nos
quais as escalas de produção sejam os determinantes menos importantes da
competitividade do negócio.
As empresas que operam no mercado exportador são também aquelas que
lideram o processo de introdução de novas tecnologias, de diferenciação e de
lançamento de novos produtos no mercado interno. A exportação permite a obtenção de
enorme conhecimento em relação às tendências de segmentação dos mercados,
posicionamento de concorrência e comportamento do consumidor (JANK, 1997).
O setor avícola brasileiro tem sofrido fortes transformações nos últimos anos.
Um dos fatos que mais chama atenção na atualidade é o aumento da procura por carne
de frango pelo consumidor brasileiro, assim como a maior exigência deste em relação
ao produto adquirido, especialmente no que diz respeito à procura por frango em partes
e/ou que já sofreu algum tipo de processamento. Este comportamento, decorrente da
crescente importância da alimentação fora de casa (fast food, lanchonetes, restaurantes,
refeições industriais), aumenta a procura por produtos derivados do frango, que vão dos
cortes especiais aos pratos semi-prontos. Dessa forma, a diversificação para produtos
adequados a essas tendências e que possibilitem agregar valor torna-se uma importante
estratégia para contornar a estagnação do consumo per capita.
No Brasil, especificamente, o preço é variável fundamental de decisão de
compra por parte do consumidor. Os principais produtos industrializados que possuem
maior valor agregado e que são utilizados pelas empresas mais modernas para atender à
parcela da população com maior poder aquisitivo são: presuntos, hambúrgueres, pastas,
13
pedaços empanados, salsichas, etc. As grandes empresas estão buscando uma estratégia
de segmentação de mercado por parte dos avicultores, aliando a favorável relação
custo/benefício do produto para o consumidor aos benefícios nutricionais, conveniência
de preparo e preço atraente. Vai-se abandonando o marketing direcionado ao grande
público e invocando a individualização da clientela. O resultado é a recuperação do
faturamento de muitas firmas e o acesso a novos mercados de maior poder aquisitivo,
até então inexplorados (IPARDES, 2002).
Vale ainda destacar o processo de internacionalização que alguns grandes grupos
estrangeiros estão empreendendo. Segundo PASIN (2004), a ocorrência de fusões e
aquisições tem como objetivos principais a busca de mercados mais dinâmicos, o
aumento do poder de mercado, redução de custos de marketing, distribuição e
qualidade, obtenção de economias de escala e aumento de eficiência e a entrada em
mercados regionais/locais. Este autor destaca as principais transações ocorridas nos
últimos anos, sendo o caso, por exemplo, da Avipal, que em 1996 comprou por R$ 178
milhões a CGCL/Elegê do sub setor de avicultura e laticínios. Em 1997, o grupo
argentino Bunge y Born adquiriu a Ceval Alimentos por US$ 201 milhões, que
posteriormente fundiu-se com a Santista Alimentos S/A resultando na Bunge Alimentos.
Em 1998, foi o grupo francês Doux que obteve o controle acionário do gaúcho Fragosul.
Em 1999, por US$ 213 milhões, os também argentinos Sociedade Macri (Socma)
compraram a Chapecó e, neste mesmo ano, a Sadia adquiriu a Granja Resende e a
Perdigão comprou o Frigorífico Batávia por US$ 75 milhões e US$ 20 milhões,
respectivamente.
3.2. Índices de Concentração do Setor
No presente trabalho, utilizaram-se dados relativos ao abate de frangos das
principais empresas do setor, entre os anos de 1993 e 2003. A escolha da variável (abate
de cabeças por ano) e do período de análise tiveram como principal critério a
disponibilidade dos dados. A partir desses dados foram calculados os principais índices
de concentração (Tabela 6).
Tabela 6 – Principais índices de concentração das empresas abatedoras de carne de
frango, Brasil de 1993 a 2003
Ano
CR4
CR6
CR8
CR12
H
N*
B
E
1993
0.449
0.546
0.619
0.702
0.077
13.0
0.048
1.39
1994
0.460
0.567
0.653
0.740
0.081
12.4
0.053
1.35
1995
0.446
0.557
0.641
0.721
0.075
13.4
0.050
1.38
1996
0.453
0.574
0.674
0.752
0.077
13.1
0.054
1.35
1997
0.451
0.563
0.646
0.737
0.073
13.8
0.052
1.37
1998
0.440
0.559
0.640
0.717
0.070
14.2
0.050
1.39
1999
0.438
0.553
0.628
0.708
0.068
14.7
0.049
1.40
2000
0.441
0.545
0.621
0.705
0.066
15.1
0.048
1.41
2001
0.456
0.557
0.636
0.715
0.069
14.5
0.049
1.39
2002
0.457
0.559
0.625
0.701
0.068
14.7
0.047
1.40
2003
0.475
0.581
0.636
0.705
0.074
13.6
0.048
1.38
Fonte: dados da pesquisa.
14
Parcela de mercado
Os dados da Tabela 6 indicam que houve um pequeno aumento na concentração
de mercado nos quatro níveis observados ao longo dos dez anos analisados. A parcela
de mercado das quatro maiores empresas passou de aproximadamente 45% em 1993,
para 47,5% em 2003. As seis maiores empresas em 1993 detinham 54,6% do mercado,
alcançando 58,1% em 2003. Já a conquista percentual no caso das oito principais
empresas abatedoras foi de apenas 1,7 pontos percentuais, passando de 61,9% para
63,6%. Enfim, o grupo das doze maiores empresas em 1993 possuíam uma parcela
equivalente a 70,2% do mercado e alcançaram 70,5% em 2003.
O índice H apresentou comportamento regular ao longo dos anos analisados,
indicando que a concentração do setor não sofreu grandes alterações. Isto também pode
ser observado pelo número de empresas que atenderiam o mercado com parcelas iguais.
Em 1998, seriam necessárias treze empresas, enquanto que, em 2003, 14 firmas
comporiam o setor.
O índice B sofre um discreto decréscimo a partir de 1996, sugerindo queda na
concentração do setor. Porém, pode se observar que ao final do período analisado este
atinge o nível inicial, indicando que não houve mudanças na concentração.
A Entropia não apresenta variação ao longo do período, significando que a
concentração permaneceu constante.
Contudo, devemos observar que o abate de frangos no Brasil é realizado por
muitas empresas, onde as menores firmas assumem parcelas atômicas desta produção.
Por exemplo, quando se considerar o grupo das quinze maiores empresas abatedoras de
frango no Brasil, há uma grande diferença quantitativa entre a parcela de mercado
dominada pelas cinco maiores, pelas empresas que compõe o grupo da sexta à décima
(intermediário) e da décima primeira à décima quinta (Figura 5).
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
Anos
1a5
6 a 10
10 a 15
Fonte: dados da pesquisa
Figura 5 – Parcela de mercado das empresas abatedoras de frango no Brasil de 1993 a
2003, em porcentagem.
A Figura 5 sugere que o market share do primeiro grupo de firmas, composto
pelas cinco maiores, é muito superior aos outros dois grupos, e apresenta uma tendência
positiva de crescimento desde 1999. A parcela dominada pelo grupo intermediário
apresentou pequena queda e a fração do mercado de posse do último grupo de empresas
permaneceu relativamente constante ao longo do tempo.
Segundo BÁNKUTI (2003), o mercado brasileiro de carnes é conduzido por
uma série de problemas, entre os quais o abate clandestino. Há muita controvérsia sobre
estes números; porém, segundo dados da ABEF, em 2003, cerca de 15% dos abates de
frangos realizados no brasil não sofreram inspeção federal. Este fato, ligado ao grande
número de empresas que compõe o setor, tornam-se obstáculos na classificação do setor
como concentrado ou não concentrado.
15
Para SIFFERT FILHO e FAVERET FILHO (1998), há uma aparente hierarquia
de graus de concentração entre os vários segmentos da indústria de carnes. Segundo
estes autores, o grau de concentração cresce com a complexidade tecnológica e
gerencial dos segmentos, ou seja, os segmentos que exigem processos produtivos mais
elaborados e intenso esforço de vendas. Gastos com propaganda e gerenciamento da
cadeia de frios são acessíveis a poucas empresas, enquanto que o abate e a
comercialização de produtos pouco sofisticados ,como frango resfriado ou congelado
inteiro e mesmo em cortes, tem baixas barreiras à entrada.
3.3. Análise de Turnover
A Tabela 7 dedica-se a apresentar o turnover do período completo entre os anos
de 1993 e 2003. Como observado em todas as análises, o grupo A segue constante; no
grupo B, quatro empresas permaneceram e uma saiu e no grupo C, onde ocorrem as
maiores modificações, uma empresa subiu para o grupo B, três saíram e apenas uma
permaneceu neste grupo.
Tabela 7 – Análise de Turnover das 15 maiores empresas da indústria avícola no Brasil,
entre 1993 e 2003
1993
Empresas por ranking 2003
Saiu ou não foi
Grupo
Ranking Grupo A Grupo B Grupo C
registrada entre as 15
A
(1 - 5)
5
0
0
0
B
(6 - 10)
0
4
0
1
C
(11 - 15)
0
1
1
3
Fonte: dados da pesquisa.
Portanto observa-se que houve um turnover relativamente baixo entre as
empresas do setor avícola. Nos grupos das maiores empresas, A e B, não ocorreram
alternâncias significativas, sendo que no primeiro, em momento algum aconteceram
saídas ou entradas de novas empresas. O grupo C sofreu algumas modificações pelo
fato das empresas desse grupo possuírem menor parcela de mercado e serem mais
sensíveis às mudanças no mercado.
4. CONCLUSÕES
A cadeia produtiva da carne de frango é um exemplo de sucesso no complexo
agroindustrial brasileiro. Nos últimos anos, sofreu uma estruturação em todos os elos da
cadeia: dos insumos agrícolas e pecuários, passando pelo desenvolvimento genético e
adequação sanitária, pelo aumento e modernização do abate e da industrialização, até o
desenvolvimento da logística de transporte e distribuição.
A integração vertical contribuiu para o desenvolvimento da indústria avícola
uma vez que induziu à rápida adoção de tecnologia para um melhor controle da matériaprima, economias de escala, redução de custos e diminuição de riscos na atividade,
conferindo, assim, maior competitividade ao produto brasileiro.
Após fomentar a expansão do mercado interno, o setor iniciou sua incursão no
mercado internacional e teve um crescimento que se processou de forma segura,
firmando-se como um competidor internacional destacado.
Este grande avanço alcançado pelo setor traz consigo questões referentes à
participação das empresas nesse mercado. Em particular os resultados obtidos pelo
cálculo dos índices de concentração industrial não apontam para um grande aumento na
16
concentração do setor avícola nacional. Contudo, deve-se considerar a grande diferença
existente entre as parcelas de mercado dominadas pelas grandes empresas e pelas firmas
de pequeno porte.
A análise de turnover teve como objetivo avaliar a mudança de posicionamento
entre as principais empresas num ranking, que teve 1993 como ano base. Foi possível
observar que ocorreram poucas alternâncias de posicionamento. Porém, foram
observadas algumas mudanças no grupo C, que é composto por empresas de pequeno
porte, e por isso instáveis em relação às mudanças conjunturais. Nenhuma das maiores
empresas, que formavam o primeiro grupo perderam posições para as empresas dos
outros grupos.
A tendência quanto ao futuro da indústria avícola no Brasil será determinada por
fatores exógenos e pela condição geral da própria indústria. Os avanços em termos de
técnica de produção, conquista do mercado consumidor, adequação do mercado de
insumos e, principalmente, avanço no mercado internacional são variáveis fundamentais
para o desempenho desse importante setor da economia brasileira.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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18
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Uma Abordagem Sistêmica da Avicultura de Corte na