AS ORGANIZAÇÕES E A MÍDIA Relações e interesses Empresa jornalística “Conjunto organizado de trabalho redacional e técnico, meios econômicos e materiais e relações comerciais para a difusão de idéias e informações por meio da edição de publicações periódicas” www.ull.es/publicaciones/latina/2002/latina48marzo/4810medina01.htm Empresa jornalística Proprietários Conselho de Administração Diretores Financeira Marketing Editorial Pessoal … Chefia de Redação Editoria de Cultura Editoria de Esporte Editoria de Economia J O R N A L I S T A S ... Empresa jornalística A mídia transforma o jornalismo em espetáculo jornalistas-personagem notícia-entretenimento show da vida escrava da audiência Relações e interesses O que as organizações querem da mídia (interesses)? Espaço de divulgação (marca, produtos). Estabelecer elo com o público (população/cliente). Difusão da organização ou de seus líderes. Divulgação de informações de interesses da empresa ou de seus líderes (plantar matéria). Relações e interesses No caso de crise: Se safar da crise sem arranhar a imagem. Explicar o ocorrido. Relações e interesses O que a mídia que das organizações (interesses)? Patrocínio/apoio (anúncios). Relações e interesses No caso de crise: Respostas. Se considera a porta-voz da opinião pública. Os jornalistas: Jornalistas na sala de redação Os jornalistas: Os jornalistas acreditam que exercem uma função de caráter público e coletivo. Sentem-se no exercício de uma missão social, combatendo e corrigindo injustiças. Querem crescer na profissão para ganhar mais e ter mais influência. Pensam que têm poder ou fazem parte do poder. Às vezes têm poder e fazem parte do poder. Os jornalistas: Se acham com o dom de pressentir a ocorrência de um fato (faro). Profissional da desconfiança, ser jornalista é, antes de quase tudo, desconfiar. Sintetizador da realidade complexa e um detetive terceirizado. Tem extrema dificuldade de perceber seus erros. Os jornalistas: Arrogante: pensa, age e vive numa dimensão coletiva, ampla, “universal”. O tempo do jornalista só existe no jornalismo e para os jornalistas (gera pressão sobre as fontes). Vivem no mundo da notícia, onde o tempo passa mais rápido. Se dizem neutros, impessoais e imparciais, o que não é verdade. CRISE Surgiu o inesperado! Acidentes, fusões, boatos. Crise Quem se prepara para uma crise não economiza apenas tempo e dinheiro; deixa de perder posicionamento de mercado e ganha credibilidade Crise Plano de gerenciamento de crises Começou a ser estudado em meados da década de 70. É algo relativamente novo. Os estudos sobre crises nasceram com o nome de Plano de Contingência. Sua finalidade anterior era prever ações de logística para casos de calamidade, etc. Crise Segundo Rosa (2001), tipos: desastres industriais - explosões, incêndios, contaminações. desastres naturais - tempestades, enchentes, desmoronamentos. falhas em equipamentos ou construções - colapso na rede de computadores, queda de um edifício, defeitos em produtos industriais. de origem criminosa - sabotagem, seqüestros, fraudes, vandalismo. de natureza econômica - boicotes, greves, desvalorização das ações. de informação - boatos, intrigas, acusações de concorrentes. de natureza legal - ações judiciais contra a empresa, pedidos de indenização. de reputação - denúncias de corrupção, vazamento de documentos internos. de relações humanas - sucessão no comando da organização, demissão de altos executivos, denúncias de funcionários. que envolvem risco para a vida - acidentes de trabalho, grandes contaminações. regulatórias - criação de obstáculos fiscais, legislação. Crise Plano de gerenciamento de crises Na ótica da comunicação, é um conjunto de medidas, posturas e consensos capazes de fazer com que não ocorra uma crise, mas, em ocorrendo, não arranhe a imagem da empresa. A imagem transmitida por uma organização ou um líder numa situação de crise é tão ou mais importante do que suas ações. Ou seja, o importante não é apenas o que se faz, mas como se faz. Crise Plano de gerenciamento de crises não é um fórmula de agir, mas uma forma de pensar. Requer flexibilidade de acordo com as circunstâncias. Crise As crises seguem um padrão: comoção. pressão da sociedade e da mídia. busca das causas (acidentes). exposição negativa da marca. dramas pessoais. discussões sobre indenização (mortos e feridos). Crise Em função deste padrão, monta-se uma estratégia: A prevenção: • Prever as crises antes que aconteçam. • Identificar as atividades e características que podem desencadear uma situação negativa. • qual seria a repercussão de cada um? • qual seria sua primeira mensagem para cada um? • Quem participa do Grupo de Crise. • Treinar executivos para lidar com os diversos públicos antes, durante e após uma crise. • Rever a cobertura de seu seguro e saber exatamente o que ele cobre? • Manter canais de comunicação profissional com a mídia. • Acompanhar a evolução das ações e estratégia por meio de auditoria de imagem e auditoria de opinião. Crise Pontos básicos da estratégia: avaliação das crises mais prováveis (crises que geram crises). o comando das situações de crise (quem são os líderes). a doutrina da crise (como a organização irá se comportar em cada situação). base de dados (documentação prévia, telefones de fornecedores, segurança, seguros, manuais de máquinas, pesquisas, etc). definição do porta-voz. auditorias da crise (como está, como estávamos, como ficamos?) Crise Cases: o caso Tylenol (modelo a ser seguido) Ocorrido em 1982. O medicamento foi adulterado com cianeto, matando sete pessoas nos Estados Unidos. Apesar do grave problema, a imagem da Johnson & Johnson não foi afetada. A diretoria assumiu a responsabilidade, auxiliou as pessoas afetadas e não sonegou informações à imprensa, pelo contrário, tratou-a como parceira na divulgação dos fatos. O que a Johnson & Johnson fez: • Foi à imprensa e divulgou que o medicamento foi adulterado. • Solicitou à população que o uso do Tylenol em versão cápsulas fosse suspenso. • Recolheu todo o estoque do medicamento dos hospitais, farmácias e demais pontos de venda. • Deu subsídio aos hospitais nos casos de envenenamento registrados. • Ofereceu aos consumidores a opção de trocar o medicamento em cápsulas que tivessem em casa pela versão em tabletes, que não podia sofrer sabotagem. • Ofereceu prêmio em dinheiro a quem pudesse dar informações sobre o adulterador. Resultados: as explicações dadas pela empresa sobre o ocorrido foram bem aceitas pela imprensa. O setor de Relações Públicas da empresa catalogou mais de 125 mil recortes de jornais, com notícias sobre o caso Tylenol, todos eles favoráveis. Na época do ocorrido, o Tylenol em versão cápsulas abastecia 35% do mercado norte-americano de analgésicos vendidos em balcão. As vendas representavam US$ 450 milhões por ano e 15% dos lucros da Johnson & Johnson. Foram recolhidos 31 milhões de unidades, um prejuízo de US$ 50 milhões. Crise Cases: o caso TAM Na manhã do dia 31 de outubro de 1996 uma pane elétrica derrubou um avião Fokker-100 da TAM segundos depois de decolar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A aeronave caiu a dois quilômetros de distância da cabeceira da pista, atingindo 20 casas. O acidente resultou na morte de 99 pessoas, sendo 90 passageiros, sete tripulantes e duas pessoas que estavam em terra. O que a TAM fez: • A empresa não parou de operar. • Disponibilizou todas as linhas telefônicas da empresa, que geralmente recebiam reclamações e sugestões, para atender as famílias das vítimas. • Alugou um hotel próximo ao aeroporto para acomodar as famílias das vítimas, que receberam também suporte emocional da companhia. • Concedeu entrevista coletiva menos de quatro horas depois do acidente. • Apurou rapidamente as causas do acidente: o problema foi detectado uma semana depois e o resultado oficial, publicado um mês depois do acidente. • A TAM não divulgou a lista com os nomes das vítimas, sem antes informar e confortar todos os familiares. • Para conter os boatos, a empresa divulgou boletins oficiais a cada 12 horas, mesmo que tivesse que repetir 100% o conteúdo do anterior. • Apesar de toda a assistência oferecida pela TAM às famílias das vítimas, algumas ainda brigam na justiça por uma indenização maior. O que o departamento de comunicação da TAM fez: • Tirou a empresa da mídia, suspendendo todas as peças publicitárias em veiculação. • Participou da concorrência para a escolha da companhia aérea que transportaria do presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, como ação institucional ... e venceu. Resultados: em julho de 1997, recebeu o prêmio "Melhores e Maiores", da revista Exame, pela habilidade de lidar com a crise. Crise Manual das empresas aéreas Lições de uma crise aérea: Arrume um hotel para os familiares – confine-os em um só lugar. Dê entrevistas coletivas imediatamente. Monte um centro de atendimento e informação. Não deixe os vôos pararem. Não economizar esforços para descobrir as causas É extremamente difícil explicar aspectos técnicos. Não dá para se eximir da culpa. O funcionário pode ser um grande aliado. A reconstrução da imagem: Tirar a marca do ar Voltar-se para o cliente Crise Posturas sensatas (acidentes) Isole o fato gerador de conflito (pessoas, local) Dê entrevistas coletivas imediatamente. • Saber o que e para quem vai falar. • Não se descontrolar diante de ciladas da imprensa. • Não privilegiar jornalista ou um meio de comunicação. • Não falar extra-oficialmente. • Não mentir. Monte um centro de atendimento e informação. Crise Posturas sensatas (acidentes) Não deixe o trabalho da empresa parar. Não economize esforços para descobrir as causas. Traduzir linguagem técnica para a popular para que os jornalistas não errem sem querer Não se exima da culpa. O funcionário pode ser um grande aliado. Tire a marca do ar Volte-se para o seu cliente Crise Posturas sensatas (pessoas) Não se expor publicamente. • Não se descontrolar diante de ciladas da imprensa. • Não privilegiar jornalista ou um meio de comunicação. • Não falar extra-oficialmente. • Saber o que e para quem vai falar. • Não mentir. Não tratar de coisas importantes ao telefone. Não guardar documentos em casa ou no escritório Crise Posturas sensatas (pessoas) Não relaxar. Antecipar-se à imprensa e aos inimigos (contas bancárias, contas telefônicas, patrimônio, documentos comprometedores, amantes, exmulher, ex-auxiliares). Não adianta brigar com os fatos: a notícia ruim vai sair e prevalecer. Crise Situações que fogem aos manuais ser atropelado pelo tempo da imprensa. o furo – saber depois de publicado. a onda de especulações. MEDIA TRAINING Treinando os líderes para enfrentar a mídia Media Training O media training capacita porta-vozes sobre como interagir com a mídia. A comunicação corporativa eficiente começa com o entendimento das necessidades dos jornalistas e do dia-adia das redações. Explicar a importância da imprensa para os negócios e os parâmetros para a administração de crises por meio da comunicação. Media Training Atividades a fazer: Palestras e atividades para atender as necessidades da organização e de seus executivos. Exercícios práticos de administração de crise com enfoque em casos hipotéticos. Palestras com profissionais de imprensa sobre o dia-a-dia das redações e o tratamento da notícia. Media Training Atividades a fazer: Treinamentos de entrevistas para televisão, rádio e mídia impressa, com jornalistas profissionais do mercado. Esclarecimentos sobre o que é notícia para a imprensa e sobre as abordagens diferentes de um mesmo assunto em veículos específicos. Diferenças de relevância entre espaço editorial e publicitário para as diferentes estratégias e atividades de comunicação. Media Training Conhecer os termos mais comuns • • • • • • • Porta-voz Manchete/título Matéria/reportagem Comunicado/nota oficial Press-release Fechamento/deadline Fonte • • • • • • • Off Exclusiva Coletiva Individual Pauta Clipping Mailing Media Training Posturas tomadas pelo porta-voz durante a crise (CALDINI, 2000): Não falar sem antes saber de fato o que aconteceu. Se for o caso, declare à imprensa que você vai se informar e logo voltará a falar. Volte e fale. Se você não falar, alguém vai falar por você, só que não necessariamente a verdade. Efeito avestruz não ajuda. O que você prefere: um fim horroroso ou um horror sem fim? Nunca minta. Se você mentir e descobrirem que você mentiu, nada mais importa: você será o culpado. Não negligencie seu público, principalmente a imprensa. Respeitados e bem informados, eles podem ser seus aliados. Assegure-se de estar sendo compreendido ao falar com a imprensa. Cuidado com termos técnicos e evasivos. Não especule, não brinque, não subestime. Trate de ser identificado como uma pessoa honesta. Jamais diga "sem comentários", "nada a declarar", "estou sendo injustiçado", "não é problema meu" e "me respeite". Isso só agrava a situação. Não ignore sinais de alerta. Resolva todos os problemas potencialmente graves antes de se tornarem crises. Ter razão em crises não significa vencer. A questão é de imagem e não apenas de leis. Media Training Pontos para melhorar os contatos 1. Preparação • o porquê • posicionamento diante do assunto • pontos mais relevantes • pesquisa/subsídio de informação • evitar ansiedade • definir público-alvo • conhecer repórter e veículo • listar perguntas e respostas Media Training 2. Detalhes importantes • aparência • cartões de visita • material de apoio • calma/sem pressa • ler jornais/revistas - ver noticiários • pontualidade • verificar local entrevista • fotos: sugerir ângulos/cuidado com conotação • gentileza, sim; informalidade, não Media Training Segredos do bom relacionamento Agir assim: • situação adversa: receber bem a imprensa • rapidez no retorno (mesmo negativo) • objetividade de respostas • sobre o problema, frisar a solução • evitar termos técnicos ou jargões • perguntas indiscretas não são problema: a resposta é que vale Media Training • falar o que convém e sobre o que conhece • não acusar sem ter provas; não envolver terceiros se possível • destacar o mais importante • não exagerar na formalidade • não generalizar e nem ser preconceituoso • volume de anotações do repórter sugere interesse sobre o assunto • ser breve mas não deixar de dizer tudo Media Training • não ser impaciente ou irritar-se • posicionar o repórter sobre o todo, mas não perder o rumo da entrevista • fornecer materiais de apoio ao jornalista • ir ou estar acompanhado • mostrar-se disposto para esclarecimentos posteriores • olhar para quem está falando Media Training Evitar deixar o repórter “pôr palavras na boca” repetir expressões hostis ou negativas ditas pelo repórter especular sobre assuntos que não domina pedir para ler ou aprovar o texto antes da publicação ligar para o jornalista para queixas ou elogios dizer o que não deseja ver publicado (cuidado com o off) Media Training Sobre o rádio Características • imediatismo • ouvintes diversificados • dinamismo • prestação de serviço • ligação direta com o ouvinte Media Training Como deve ser a linguagem • verbal • precisa • simples • sintética • uso de repetição Media Training Sobre a TV Características • veículo de massa - instantâneo • audiência expressiva • imagem vale mais do que palavra Media Training Antes da entrevista na TV • definir público para quem vai falar • adequar linguagem ao público • concentrar os pontos a serem discutidos • memorizar informações/dados • ensaiar • usar expressão corporal/facial de acordo com o tema Media Training Diante das câmeras • • • • • • • • naturalidade coloquialidade sem erros vocabulário próprio - não inventar frases curtas interesse pelo assunto evitar sim e não no começo de respostas pergunta: olhar para o entrevistador resposta: olhar para o entrevistador e para a câmera • concentração - use ganchos e esteja preparado • atenção à postura e aos gestos Media Training Lembre-se: o entrevistador só quer uma boa entrevista não duelar - use o ganhaganha Em resumo: use a experiência dê respostas curtas, mas completas concisão e objetividade frases de efeito com moderação Media Training Quanto ao nervosismo origem • inexperiência ou falta de preparo/ensaio o controle • • • • • • • freqüência de entrevistas, preparo, ensaio respirar espreguiçar-se pés no chão - descarga de energia músicas massagem/acupuntura o próprio jeito de relaxar Media Training Após a entrevista 1. Faça o acompanhamento • clipping • repercussão • informe aos interessados 2. Em caso de problemas • • • • avalie as conseqüências use um interlocutor publique comunicado ou aja judicialmente se o erro for seu, não faça nada Referências bibliográficas BREITINGER, Jacqueline. A arte de apagar incêndios. Exame. São Paulo, v.32, nº 15, p. 118119, julho 1998. O texto, acessado em maio de 2005, está disponível em: http://www.portalrp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0120.htm. CALDINI, Alexandre. Como gerenciar a crise. Exame. São Paulo, v.34, nº2, p.116-18, janeiro 2000. O texto, acessdado em maio de 2005, está disponível em: http://www.portalrp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0087.htm. CORREA, Cristiane. Para sair do pesadelo. Exame. São Paulo, v. 35, nº7, p.44-45, abril de 2001. O texto, acessado em maio de 2005, está disponível em: http://www.portalrp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0116.htm. FALCO, Luiz Eduardo. Vencendo a turbulência. In: ROSA, Mário. A era do Escândalo - Lições, relatos e bastidores de quem vivenciou as grandes crises de imagem. São Paulo, Geração, 2003, p.35-68. FORNI, João José. Comunicação em tempo de crise. In: DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia - Teoria e técnica. 2a. ed. São Paulo, Atlas, 2003, p.363-388. LUZ, Cynthia M. Como sobreviver na crise sem crise. Propaganda. São Paulo, nº 486, p.9-12, agosto de 1993. O texto, acessado em maio de 2005, está disponível em: http://www.portalrp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0088.htm. MOARES, Mario. Caso Tylenol: um bom exemplo de RP. Disponível em: http://www.portalrp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0089.htm Texto acessado em maio de 2005. ROSA, Mário. A Síndrome de Aquiles - Como lidar com as crises de imagem. São Paulo, Editora Gente, 2001. TORQUATO, Gaudêncio. A tragédia de Bhopal. Revista ADM. 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