Revista oficial do programa FACTOR POUPANÇA 2011 €CONÓMICA IRS 2010 via internet gerir o orçamento familiar 12 formas de poupar já Turma EFA N3 Escola Secundária de Vilela 13-01-2011 como lidar com o sobreendividamento eu ainda sou do tempo... 1 €conómica ÍNDICE: ORÇAMENTO FAMILIAR ……………………… 3 12 FORMAS DE POUPAR DINHEIRO JÁ…. 5 CARTA EDITORIAL IRS 2010 – PASSO A PASSO (VIA NET) …. 6 IRS 2010- LIMITES DE DESPESA…………… 8 COMO LIDAR COM O SOBREENDIVIDAMENTO……………………. 10 O FIM DA LINHA- INSOLVÊNCIA…………. 14 RIR É O MELHOR REMÉDIO………………… 15 NO POUPAR É QUE ESTÁ O GANHO……. 16 RIR É O MELHOR REMÉDIO ………………. 18 A presente revista foi criada no âmbito da apresentação da nossa actividade integradora, respeitante ao núcleo gerador “ Gestão e Economia”e “Programação”. Ao longo da planificação da actividade foram surgindo várias ideias que, por uma questão de tempo, não puderam ser abordadas no programa “Factor Poupança”. Com o intuito de aprofundar essas mesmas ideias, assim como outras que estiveram presentes no programa, mas de uma forma mais leve, achamos pertinente publicar esta revista. EU AINDA SOU DO TEMPO…………………. 19 O nosso principal objectivo prende-se ao facto de querermos esclarecer algumas dúvidas que eventualmente possam ter surgido durante a apresentação da actividade. Esperamos que esta simples edição vos seja útil de alguma maneira e que acabe por desmistificar um pouco este universo económico e financeiro, onde todos nós somos leigos. Termino, agradecendo, mais uma vez, a vossa presença na nossa apresentação e a generosa colaboração na realização da mesma. Sem a vossa preciosa cooperação nada teria sido possível. Atenciosamente, Célia Brito (Turma EFA N3) 2 €conómica O orçamento familiar A elaboração do orçamento doméstico nem sempre é uma tarefa fácil. Definir quais são as suas necessidades e planear todos os gastos, considerando sempre a renda disponível é uma forma de começar a economizar. a gastar mais dinheiro do que o que recebe, comece já hoje a cortar nas suas despesas e seja honesto consigo mesmo – se não tem dinheiro para comprar comida também não tem para ir fazer a volta ao mundo, por isso, pedir um novo empréstimo só vai piorar Some todo o dinheiro que gasta mensalmente e compare esse valor com os seus rendimentos. O objectivo é verificar se está no bom caminho ou se está a viver um estilo de vida que não consegue suportar financeiramente. Se está a sua vida. Em relação ao estilo de vida, comece por cortar com um vício caro, como fumar, beber cafés ou comprar rotineiramente água engarrafada. Estes são alguns dos hábitos que pode perder, reservando o dinheiro que poupa para pagar as suas dívidas ou viver melhor. Faça as contas às “pequenas” despesas que faz durante um dia e veja se foi dinheiro desperdiçado e quanto foi. Se poupar os dez euros que gasta por dia só para tomar o pequeno-almoço e lanchar fora de casa, comprar cigarros ou água engarrafada, no final do ano terá 3.650 euros. Como criar uma tabela de orçamento familiar Aqui fica um exemplo de uma tabela para calcular o seu orçamento familiar. Só tem de preencher a coluna “Orçamentado Mensalmente” com o que planeia gastar ou ganhar, e depois coloque no “Gasto Mensalmente” o valor real no final de cada mês, e poderá depois ver a diferença. Um orçamento familiar ajuda-o a planear o dinheiro que vai ter disponível, e previne que chegue a meio do mês e veja que já não tem mais dinheiro para gastar. É uma ferramenta bastante útil e bastante simples de utilizar. Não perde mais do que 1 hora por mês a fazer estes cálculos. 3 Dica… Para as despesas do orçamento familiar que não são mensais, como o seguro do carro, converta-as em valores mensais. Por exemplo, se paga 600€ por ano, coloque 50€ mensais. Isto vai-lhe dar uma ideia de quanto precisa poupar mensalmente para conseguir pagar esta despesa. O dinheiro para estas despesas deve estar numa conta separada, para que quando chegue a despesa, exista o dinheiro necessário para a pagar. Para uma gestão mais simples e prática, crie a sua tabela de orçamento familiar no EXCEL. É a melhor maneira de mantê-lo actualizado em relação aos seus gastos mensais e a forma mais eficaz de realizar o balanço das suas contas pessoais no final do ano. Os seus créditos não devem ultrapassar os 40% dos rendimentos mensais. 4 €conómica 12 FORMAS DE POUPAR DINHEIRO JÁ Descubram 12 formas de poupar dinheiro que podem começar a aplicar nas vossas vidas hoje. 1. Planeiem as férias online 5. Redefinam os empréstimos Usem os próprios websites das companhias aéreas, de preferência low cost, para compararem os preços e comprarem as viagens, bem como para consultarem as promoções. Recorram também à consulta de websites, incluindo os de descontos de hotéis para conseguirem um bom negócio entre a qualidade e o preço. Tal como com os seguros, os empréstimos podem ser negociados. Renegociem com os bancos os empréstimos pessoais, da casa e do carro, e consigam melhores taxas e poupança. 2. Comprem o mesmo, mas sem marca Optar por marcas brancas é, regra geral, uma boa forma de poupar. Os supermercados apresentam produtos de linha branca que podem ser bastante mais acessíveis do que produtos de marcas com maior renome. 4. Levem o almoço Não vão almoçar fora, levem o almoço de casa. Se quiserem estar com os colegas, optem por apenas ir tomar um café com eles. Supermercados que dão descontos em cartão, ou que têm promoções semanais, devem ser aproveitados para pouparem. 10. Isolem a casa 6. Cortem na TV cabo Se não desejarem cortar completamente, basta diminuírem o número de canais e o valor mensal também diminuirá. 3. Revejam os seguros Revejam todos os seguros: seguro da casa, seguro do carro, seguros pessoais, etc. Façam novas simulações e, se tiverem mais do que um, façam propostas a diferentes companhias de seguros para que estas possam fazer uma proposta de aglomerado de seguros. 9. Comprem em supermercados que dêem descontos 7. Usem o que é gratuito Quer sejam livros, DVDs, etc., usem a biblioteca e videoteca pública e desta forma não necessitam de gastar dinheiro. Usem esta filosofia para outras coisas na vida. 8. Deixem o restaurante para ocasiões especiais Em vez de fazerem do jantar fora uma regra, deixem-no para ocasiões especiais, será mais agradável jantar fora e bem mais barato. Isolem portas e janelas para não terem de aquecer tanto a casa. Comprem fitas isolantes e calafetem todas as portas e janelas. 11. Façam exercício ao ar livre Se conseguirem correr ao ar livre e não necessitarem de ginásio, aproveitem o que os parques de exercício físico públicos oferecem. Optar por uma forma gratuita de fazer exercício físico é uma forma saudável de poupar. 12. Cortem nos luxos Se compram roupas de marcas caras, optem por lojas mais acessíveis. Hoje em dia existem inúmeras lojas de roupa com preços acessíveis e com bastante qualidade. E antes de pensarem em comprar uma nova peça de roupa, façam uma boa investigação ao roupeiro para ver se de facto é mesmo necessária. 5 €conómica IRS 2010 1. Como aceder aos seus impostos? Às voltas com a declaração de IRS? As regras mudaram e não sabe muito bem o Para entregar declarações, consultar os seus impostos e utilizar as restantes funcionalidades disponíveis no www.portaldasfinanças.gov.pt deve solicitar, neste site, uma senha de acesso através da opção NOVO UTILIZADOR. A senha é enviada pelo correio para a morada fiscal. que está diferente? Está farto de esperar horas na fila para 2. Como entregar a sua declaração de IRS via Internet? entregar a sua declaração de rendimentos? Fases envolvidas no processo de entrega: Deixa tudo para o último dia e acaba por não conseguir entregar tudo a horas? Não sabe preencher a sua declaração correctamente? Já ouviu falar na entrega de IRS pela internet, mas não sabe como se faz? Não se preocupe! Nós explicamos passo a passo como pode fazê- Verificar se possui a(s) senha(s) de identificação do(s) contribuinte(s) Reunir todos os documentos de rendimentos e despesas a declarar Entrar no site www.portaldasfinanças.gov.pt, identificar-se perante o sistema digitando o número de contribuinte e senha Seleccionar: Cidadãos/Entregar/IRS Preencher a declaração Verificar e corrigir erros utilizando o botão validar Simular o valor do seu Reembolso ou Nota de Cobrança (opcional) Guardar informação preenchida (opcional) Submeter declaração Consultar a situação da declaração (48horas após submissão) Corrigir declaração (se esta tiver erros centrais), num prazo de 30 dias após a submissão Nota: Toda esta informação e outra adicional pode ser consultada em www.portal dasfinanças.gov.pt lo sem sair do sofá. É simples, rápido e eficaz! 3. Como resolver anomalias detectadas pela Administração Fiscal depois da submissão? Pode consultar se os elementos declarados são divergentes daqueles que a Administração Fiscal possui. Pode alterar os elementos declarados, ou justificar a divergência, via internet. Para o efeito deve utilizar a opção Cidadãos/Consultar/IRS/Divergências. 6 €conómica 4.Como obter o comprovativo legal da declaração? O comprovativo legal de entrega das declarações do IRS através da internet pode ser obtido por impressão, no seu próprio equipamento de acesso à internet, do documento correspondente à declaração entregue, através da opção: Cidadãos/Obter/comprovativos/IRS 5. Como obter certidões de IRS? Para obter uma certidão de liquidação de IRS pela internet deve utilizar a opção Obter/Certidões-Efectuar pedido/Liquidação de IRS. Depois de indicar o ano, a certidão é gerada e pode ser impressa no seu computador. A certidão emitida por via electrónica contém, no canto inferior esquerdo, uma caixa denominada Elementos para validação da certidão, que permite a entidade destinatária da mesma comprove a sua autenticidade através da opção Certidões/Validação, bastando para tal inserir aqueles elementos sem necessidade de qualquer outra autenticação. 6. O que posso consultar na Internet, relativo ao IRS? Na opção Cidadãos/Consultar/IRS poderá consultar as declarações entregues nos últimos anos e as divergências detectadas. Na opção cidadãos/Obter/Comprovativos poderá obter um comprovativo da entrega da declaração de IRS. Na opção Cidadãos/Consultar/Resumo de Cobrança poderá aceder à informação de cobrança. Para tratar do seu IRS pela internet siga atentamente estes passos 123456 Em caso de dúvidas contacte: Helpdesk: 707 206 707 Dias úteis das 8:30 às 19:30h 7 €conómica IRS 2010- LIMITES DE DESPESA Saúde - Sem limite de dedução, caso tenha IVA até 5% ou estejam isentas - Dedução máxima, em condições que não o ponto anterior, é de 30% - Despesas com IVA a 20% só podem ser incluídas se tiverem receita médica (máximo dedutível de 64 €) - Juros de créditos assumidos para liquidar gastos com saúde são dedutíveis - Lentes e óculos entram nas contas Educação - Dedução máxima de até 30% das despesas - Limite máximo de atribuição de 701,37 € - Limite máximo só é concedido quando as despesas excedem os 2.337,89 € - Com três ou mais filhos, ao limite máximo, poderá deduzir mais 131,51 € por cada um O que pode incluir? - Jovens: material escolar; transportes (casa/escola); alojamento (casa/quarto); alimentação; propinas - Crianças: mensalidades creche; actividades extracurriculares (só para instituições pertencentes ao Sistema Nacional de Educação) Habitação - Dedução máxima de até 30% dos juros e amortizações - Limite máximo dedutível de 586 € - Carta do banco deve especificar que o crédito é para “habitação própria e permanente” - Se está a arrendar, some os recibos das mensalidades de todo o ano Informática - Dedução máxima de até 50% das despesas - Limite máximo dedutível de 250 € - Hardware e Software são dedutíveis (caso seja estudante ou tenha estudantes a seu cargo) - Material tem de ser novo - Facturas têm de especificar “uso próprio” - Agregados familiares com taxa máxima de imposto (42%), não podem deduzir IRS em informática Planos Poupança Reforma (PPR) - Dedução máxima de 20% da quantia investida - Limites máximos pessoas com 35 anos: 400 € (para investimentos de 2.000 €) pessoas entre 35 e 50 anos: 350 € (para investimento de 1750 €) pessoas com mais de 50 anos: 300 € (para investimentos de 1.500 €) 8 €conómica Gastos com idosos - São dedutíveis os gastos com estadia e cuidados vários - Grau de parentesco até ao 3.º grau - Idoso com rendimentos inferiores ao salário mínimo - Dedução máxima de até 25% - Limite máximo de 382,50 € - Só são dedutíveis valores quando os gastos totais ultrapassem os 1.530 € Seguros - Seguro de vida: até 25% por cada pessoa, com limite máximo de 64 € - Seguro de saúde: até 30€ por cada pessoa, com limite máximo de 42 € - Seguro automóvel: valor referente a danos pessoais pode ser deduzido no IRS Solidariedade Se ajudou financeiramente organizações, instituições ou associações com projectos solidários, o seu donativo pode ser deduzido no IRS. Neste campo enquadram-se quaisquer obras de cariz social, cultural, científico e tecnológico, ambiental, desportivo ou educativo. Pode beneficiar de entre 120% a 140% consoante o organismo auxiliado. O máximo considerado a deduzir é 25% do valor com um tecto limite de 15% de imposto cobrado. Para que usufrua desta ajuda com as contas do fisco, só tem de possuir um comprovativo do pagamento ou doação. Esta prova pode ser um recibo (se pagou em dinheiro ou cheque) ou talão (para transferências ou depósitos). _________________________________________________________________________________________ Aqui fica o calendário fiscal para 2011 relativo a entregas de IRS 2011 (Modelo 3): Entregas em Papel: 1ª Fase – Março, para quem apenas auferiu rendimentos do trabalho dependente ou pensões; 2ª Fase – Abril, sempre que tenham sido obtidos rendimentos de outra(s) natureza(s); Entregas via internet: NÃO ESPERE PARA 1ª Fase – Abril, para quem apenas auferiu rendimentos do ENTREGAR A SUA trabalho dependente ou DECLARAÇÃO DE IRS NO ÚLTIMO MINUTO! pensões; POUPE TEMPO E DINHEIRO, UTILIZE A INTERNET! 2ª Fase – Maio, sempre que tenham sido obtidos rendimentos de outra(s) natureza(s); 9 €conómica Como lidar com o sobreendividamento Para a maior parte das pessoas, aceder ao crédito é uma condição fundamental para conseguir comprar uma casa ou outros bens de preço elevado. A economia precisa de financiamento para crescer. O aumento do consumo por parte das famílias e do investimento por parte das empresas faz crescer os sectores de actividade, que vão ter de aumentar a produção para fazer face à procura e, por consequência, são criados mais postos de trabalho. Mas se por um lado é importante que os particulares tenham acesso ao crédito para estimular a economia, por outro lado é conveniente que tal recurso seja efectuado de forma responsável. Antes de contrair um empréstimo é conveniente que verifique um conjunto de questões, tais como: a sua situação profissional a médio prazo, o coeficiente de esforço (peso da prestação mensal sobre o montante do rendimento mensal) para que não ultrapasse uma taxa de 33 por cento, a taxa de juro contratada, o prazo do crédito, etc. Ter atenção a estas condições é importante porque evita situações de incumprimento e até mesmo de sobreendividamento. No entanto, nem sempre é possível prever o futuro, ainda mais nos tempos actuais em que o desemprego atingiu os 10,9%, a massa salarial está congelada na função pública e o aumento da carga fiscal diminui o rendimento disponível das famílias. A subida do crédito malparado é uma consequência da crise, assim como o crescente número de agregados que sente dificuldades em lidar com as dívidas. Se faz parte deste conjunto de pessoas, não deite as mãos à cabeça, nós temos alguns conselhos que lhe podem ser úteis. Endividamento ≠ sobreendividamento O sobreendividamento acontece quando o devedor está impossibilitado de proceder ao pagamento de uma ou mais dívidas, pois o montante total de créditos contraídos é superior ao rendimento mensal. Tanto pode surgir em épocas de elevado crescimento económico e taxas de desemprego baixas, como em alturas de crise e défices orçamentais elevados, como a época actual em que nos encontramos. Este fenómeno causa instabilidade nas famílias não só a nível financeiro, mas também a nível social e emocional. 10 €conómica Porém, lembre-se que estar endividado ou multiendividado, não é o mesmo que estar sobreendividado. São três conceitos distintos. O endividamento diz respeito ao saldo devedor de um agregado familiar. Já o multiendividamento resulta de um ou mais créditos que o consumidor tenha contraído, contudo não significa que este se encontre sobreendividado. Uma pessoa sobreendividada encontra-se impossibilitada de pagar um ou mais do que um dos empréstimos que tem por cumprir, dado que o seu saldo devedor é superior ao valor do seu rendimento mensal. Normalmente, as pessoas sobreendividadas entram em situação de incumprimento. As instituições financeiras consideram que um cliente está em incumprimento a partir do momento em que este detém três ou mais prestações em atraso. Soluções no seu banco O primeiro passo e o mais importante a fazer seu interesse e do interesse do cliente, é dirigir-se ao banco onde contraiu o crédito, encontrarem expor o seu problema e tentar renegociar regularização da dívida que seja exequível algumas condições contratuais tais como: para ambas as partes. Se tiver contraído spread, valor da prestação mensal ou o prazo e créditos em várias instituições financeiras, uma chegar de solução poderá ser a consolidação de créditos. pagamentos compatível com o seu vencimento. Ao alocar todas as dívidas em apenas um Nenhum banco tem interesse em deter crédito banco, poderá reduzir substancialmente o malparado nos seus balanços, por isso é do spread e outros encargos. a acordo sobre um plano em conjunto um plano de Soluções independentes Se não conseguir entrar em acordo com o banco, existem outras alternativas possíveis: 1. Solicite apoio independente; 5. Pondere a consolidação dos créditos; 2. Suspenda o recurso ao crédito; 6. Mantenha um contacto apoiado/mediado com os credores de forma a negociar planos financeiros adequados e sustentáveis. 3. Reduza os seus gastos: elabore uma lista com a totalidade das despesas que tem e defina aquelas que se podem anular ou reduzir. 4. Elabore um orçamento rigoroso sustentável e aplique-o; 7. Em último caso, pode solicitar insolvência, mas informe-se bem sobre as responsabilidades que assume. 11 €conómica Medidas estatais para combater o sobreendividamento Em 2009, o Ministério da Justiça criou novos mecanismos no sistema de Justiça para detectar situações de sobreendividamento e encaminhá-las para as entidades que podem ajudar a resolvê-las. São exemplo dessas entidades, a Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC), Associação para a Defesa do Consumidor (DECO) e o Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores. Além destas parcerias criaram-se novas medidas com as seguintes orientações: Detectar situações de sobreendividamento Dar uma nova oportunidade, através do e encaminhar essas situações para as sistema judicial, para que as pessoas entidades que podem ajudar a sobreendividadas que já foram ou estão a ser resolvê-las; executadas, possam ainda pagar as suas Criar elo de ligação entre o dívidas, nos termos de um plano de sistema de justiça e as entidades pagamentos elaborado por uma entidade que prestam apoio ao credenciada ajustado à sua situação; sobreendividamento; As medidas de apoio visam ajudar pessoas Possibilidade de em dificuldade que não conseguem satisfazer suspender a inclusão do os compromissos dos processos em que registo do sobreendividado na foram ou são executadas, elaborando um lista pública de execuções, plano de pagamentos. através da adesão a um plano de pagamentos elaborado por uma entidade credenciada; 12 €conómica Como evitar o sobreendividamento Os conselhos das instituições de apoio ao sobreendividado, para evitar o incumprimento: - Não contrair empréstimos para pagar prestações em atraso; - Se a instituição financeira lhe recusar um empréstimo, não adultere os seus dados, nem peça empréstimos em nome de outras pessoas que apresentem capacidade financeira para tal; - Subscreva sempre seguro de protecção ao crédito para evitar o incumprimento em situações imprevisíveis; - Antes de recorrer ao crédito, analise a sua própria capacidade financeira para perceber se pode contrair a dívida. Os encargos com empréstimos não devem ultrapassar os 30% a 40% do rendimento da sua família; - Elaborar um orçamento onde fique claro a capacidade financeira do agregado no presente e a médio prazo, tendo em mente as despesas correntes e futuras; - Estipular uma lista de prioridades de consumo identificando as compras que podem e devem ser adiadas; - Moderar ou restringir o recurso ao crédito: apenas se deve recorrer ao crédito para antecipar um consumo se isso for considerado indispensável. - O consumo que se antecipa deve ser compatível com a capacidade financeira do agregado, isto é, o crédito não nos permite viver acima das nossas possibilidades, mas é apenas uma forma de antecipar consumos, que iremos ter que pagar; - Poupar: há que estipular sempre uma poupança, independentemente do valor, no limite o objectivo pode ser o de apenas poupar um euro por semana. O importante, no início, é estabelecer o hábito de poupar, até porque se poupou um euro, isso quer dizer que não se gastou mais do que aquilo que se ganhou. Este objectivo de poupança deve aos poucos tornarse mais ambicioso e o valor a poupar deve aumentar de forma a representar uma proporção dos rendimentos totais, idealmente não inferior a 10% dos rendimentos totais do agregado; - Todas as famílias devem elaborar mensalmente o seu orçamento. É fácil e é o melhor instrumento de controlo das despesas. Basta pegar numa folha em branco e dividi-la em duas partes: de um lado as receitas (vencimentos, subsídios, pensões….) e do outro as despesas (todas desde a prestação do crédito à habitação, até ao valor gasto com os parquímetros e com o café…); - Poupar em casa, na factura da água, da electricidade e do gás; - Nas idas ao supermercado, o consumidor deve comparar preços e deve levar lista de compras. - Procurar fazer um fundo de emergência, no valor de três a seis vezes o nosso rendimento mensal, para fazer face a imprevistos. 13 €conómica O FIM DA LINHA – INSOLVÊNCIA A insolvência é o caminho judicial que permite a recuperação da pessoa sobreendividada, livrando-a de se submeter a processos executivos, penhoras, pressões de empresas de cobrança, etc. A actual legislação prevê a figura da “insolvência”, que é um processo de execução universal que tem como finalidade a liquidação do património de um devedor insolvente e a repartição do produto obtido pelos respectivos credores, ou a satisfação destes pela forma prevista num plano de insolvência. Neste caso, pode ser o consumidor/devedor a ir a tribunal requerer a declaração de insolvência. A lei portuguesa estabelece regras específicas para as pessoas singulares declaradas insolventes. O caminho da insolvência pode decorrer de duas formas: uma através do plano de pagamentos e a outra através da exoneração do passivo restante. Plano de Pagamentos Podem recorrer ao plano de pagamentos pessoas singulares não empresárias ou titulares de pequenas empresas. Esta via pressupõe a elaboração de um plano que preveja uma forma de liquidar os créditos aos credores. É construído um programa calendarizado de pagamentos ou o pagamento numa só prestação e a adopção por parte do devedor de medidas concretas (de qualquer natureza) susceptíveis de melhorar a sua situação patrimonial. O plano de pagamentos deve conter uma proposta de satisfação dos direitos dos credores, assegurando os seus interesses e, ao mesmo tempo, deve ser adequado às capacidades de cumprimento por parte dos devedores e à sua situação socioeconómica. Pode conter moratórias, constituições de garantias, extinções totais ou parciais de garantias reais ou privilégios contraditórios existentes. Através do plano de pagamentos é possível negociar com os credores e levá-los a ponderar sobre a situação concreta e global do devedor. O plano fica sujeito à aprovação dos credores e se for sancionado, à homologação pelo juiz, a quem compete declarar igualmente a insolvência do devedor. Em consequência, o processo de insolvência é encerrado. 14 €conómica Exoneração do passivo restante A exoneração do passivo restante visa resolver as situações de sobreendividamento, desobrigando os devedores (pessoas singulares) do pagamento de créditos que não foram integralmente pagos no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores ao seu encerramento. Prevê-se relativamente a estas, a possibilidade de exoneração do passivo não integralmente pago no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores ao seu encerramento. Durante este lapso temporal, a pessoa singular fica a pagar uma quantia aos credores, calculada em função do seu rendimento. Findo esse prazo, o insolvente é declarado desobrigado de todas dívidas incluídas no processo de insolvência, permitindo-se assim a sua reabilitação (princípio do fresh start). Rir é o melhor remédio… Um rapazinho de 8 anos queria ganhar 100 euros e rezou durante duas semanas a Deus. Como nada acontecia, ele resolveu mandar uma carta para o Todo-Poderoso com o seu pedido. Os CTT receberam uma carta endereçada para "Deus-Portugal" e resolveram entregá-la ao Ministro das Finanças. O Ministro ficou muito comovido com o pedido e resolveu mandar uma nota de 10 euros para o garotinho, pois achou que 100 euros eram muito dinheiro para uma criança tão pequena. O rapazinho recebeu os 10 euros e imediatamente sentou-se para escrever uma carta de agradecimento: -"Querido Deus: Muito obrigado por me mandar o dinheiro que eu pedi. Contudo notei que por alguma razão o Senhor mandou-o através do Ministério das Finanças e, como sempre, aqueles malandros ficaram com 90% do que era meu!" 15 €conómica NO POUPAR É QUE ESTÁ O GANHO Sejam 25, 50 ou 100 euros que consiga poupar, o que importa é que todos os meses coloque uma parcela do seu ordenado de lado e constitua um pé-de-meia. Conheça os produtos onde pode investir o seu dinheiro mensalmente. A melhor forma de se proteger em relação a um imprevisto é poupar, ter de lado algum dinheiro que não o deixe ir ao fundo, caso se cruze com o azar. Dizem os especialistas que o ideal é poupar entre cinco a dez por cento do seu ordenado. Porém, se tem créditos para ordenado a ordenado, colocar uma parte do seu vencimento de lado pode pagar ou vive ser uma tarefa difícil. Por isso, se acha que dez por rendimentos é mais do que mês, então comece a lado o que puder: 10, 50 euros. A chave que conseguir. cento pode dos seus dispensar por colocar de 20, 30 ou é poupar a quantia Mas não deixe esse dinheiro numa conta corrente, ponha-o a render. Por pouco que seja, evita perder dinheiro. Por exemplo, alguém que tivesse mil euros aforrados em casa nos últimos dez anos teria perdido anualmente, em média, 2,61 por cento do poder de compra do seu dinheiro, por via da inflação. Contudo, nem todos os produtos de poupança e investimento permitem que faça reforços mensais, por isso, elencamos um grupo dos mais tradicionais entre a oferta bancária e de aforro público que permitem juntar dinheiro todos os meses. Contas poupança É a conta que todas as pessoas devem ter no banco. Pelo menos, os que querem fazer da instituição financeira um mealheiro. As contas poupança confundem-se com os depósitos a prazo, mas têm algumas diferenças (que variam de banco para banco). Pagam normalmente juros mais baixos, mas permitem que se retire dinheiro da conta sem penalizações, na maior parte dos casos presentes no mercado. A outra grande arma é admitirem reforços mensais com quantias que estão acessíveis a poupanças de 25 euros, por exemplo, especialmente aos utilizadores de canais automáticos, como a internet. Se o nível de poupança que consegue mensalmente não vai além de 25 euros, o ideal será transferir uma porção do seu ordenado para a conta poupança todos os meses, se bem que para a abertura de conta terá de juntar normalmente mais do que os 25 euros necessários para o reforço. Mesmo que os juros não sejam muito elevados, algumas destas contas oferecem prémios de permanência em juros aos depositantes mais antigos. 16 €conómica SEGUROS DE CAPITALIZAÇÃO Ao contrário do que o nome possa sugerir, A tributação vai reduzindo consoante o tempo este produto nada tem a ver com cobertura de vai avançando. Até ao quinto ano, os risco. Os seguros de capitalização são uma rendimentos estão sujeitos a uma tributação boa alternativa para quem quer investir a de 21,5 por cento, entre o quinto e o oitavo longo prazo e de forma segura, pois, na maior ano estão sujeitos a 17,2 por cento. Após oito parte dos casos, garantem o capital investido, anos e um dia, só será tributado em 8,6 por o rendimento e permitem entregas mensais. cento do rendimento. Portanto, são produtos Regra geral, o mínimo permitido são 50 para apostar no longo prazo, como para euros. Outros dos grandes atractivos destes poupar para a educação dos seus filhos ou produtos para a sua reforma. são as vantagens fiscais. PLANOS POUPANÇA REFORMA São poupança a longo prazo. Os Planos de Poupança Reforma (PPR) pretendem dar-lhe um complemento de reforma simpático, para o ajudar a ter uns anos dourados plenos de glória. Após o investimento inicial de abertura, pode fazer entregas programadas, quer sejam mensais, trimestrais ou anuais, com um valor mínimo que normalmente anda pelos 50 euros. O valor que for depositando nos PPR só poderá ser levantado quando chegar à altura da reforma, sob pena de penalizações, excepto em casos de dificuldades financeiras, como desemprego de longo prazo ou invalidez. À semelhança dos seguros de capitalização, este ano os PPR ainda permitem benefícios fiscais. Pode deduzir à colecta 20 por cento do investimento, desde que não ultrapasse cinco por cento do rendimento total bruto e com alguns limites: se tiver menos de 35 anos pode beneficiar de uma dedução de 400 euros, entre os 35 e os 50 anos, a dedução é de 350 euros, e para quem já tem mais de 50 anos, o limite máximo é 300 euros. FUNDOS DE INVESTIMENTO Se pretende arriscar um pouco mais e, consequentemente, poder ganhar mais, os fundos de investimento são ideais para si. Estes produtos são constituídos por vários investidores individuais que, em conjunto e sob a batuta de um gestor, aplicam as suas poupanças em diferentes mercados e activos, como acções, obrigações, imobiliários, etc. Muitos destes produtos permitem que faça entregas sempre que quiser, sem pagar mais por isso, mas convém estar atento aos custos de comissões de subscrição que alguns fundos apresentam. Entre a oferta de fundos, dos menos arriscados (tesouraria) até aos mais arriscados (acções), os investidores podem reforçar mensalmente com quantias desde os 25 euros. 17 €conómica CERTIFICADOS DE AFORRO Os títulos acessíveis de aos dívida pública portugueses mais são os indexados a uma fórmula de cálculo que se baseia na taxa Euribor a 3 meses e pagam Certificados de Aforro. Com um montante prémios de permanência aos aforradores mínimo de subscrição de cem euros (cem mais antigos. O prazo máximo para os unidades), estes certificados emitidos pelo aforradores deterem os títulos é de dez anos. Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP) oferecem juros ____________________________________________________________________________________ RIR É O MELHOR REMÉDIO… DÍVIDAS ANTIGAS Dois amigos estão no funeral de um terceiro. A uma dada altura um pega numa nota de €10.00 e atira-a para dentro da sepultura. Admirado com aquilo, o outro pergunta: - Mas o que é que estás a fazer? - Aqui o nosso amigo em tempos emprestou-me €10.00 e eu nunca os paguei. Para não ficar com problemas de consciência, aqui ficam eles. - É pá! É verdade! Ele também me emprestou €10.00 e eu nunca lhos paguei. - Diz o primeiro, e pega no livro de cheques, passa um cheque de €20.00, atira-o para a sepultura e recolhe os €10.00 que o amigo lá tinha deitado. A INUNDAÇÃO Um advogado e um outro homem estão nas Caraíbas. Diz o advogado: - Eu estou aqui porque a minha casa ardeu e ficou tudo destruído. A companhia de seguros pagou tudo e com o dinheiro vim para cá. - Que coincidência! Eu estou aqui porque a minha casa foi levada por uma inundação. O seguro pagou tudo e com o dinheiro vim para cá. O advogado pensa por um pouco e finalmente diz: - Como é que se provoca uma inundação? 18 CRÓNICA €conómica EU AINDA SOU DO TEMPO … DO PORQUINHO MEALHEIRO! V ivemos tempos de crise. Longe vai o tempo em que o povo se preocupava em poupar, em ter um pé-de-meia para as eventualidades. De facto a ideia de poupança estava tão bem sedimentada que, quase todos nós, enquanto crianças, tivemos um dos famosos porquinhos mealheiros. Ainda me lembro de pedinchar “tostões” aos pais, aos avós, aos tios e a quem me desse cinco minutos de atenção. Tinha um grande orgulho de constatar que estava quase cheio, de sentir o seu peso e de o abanar apenas para ouvir o tilintar do meu pequeno “tesouro”. Contudo, a educação para a poupança foi-se perdendo ao longo do tempo. As crianças já não sabem o que é poupar e, o que é mais crítico, é que os próprios pais, enquanto educadores, não lhes incutem valores importantes como o próprio valor do dinheiro. Não quero com isto dizer que o dinheiro é a coisa mais importante que existe, mas apenas quero salientar a sua importância. Afinal já dizia o velho ditado: “ o dinheiro não compra a felicidade!” Este dito popular não podia estar mais correcto, é verdade, o dinheiro não compra tudo, mas ajuda muito. E o facto de banalizarmos o seu uso e de subestimarmos a sua importância pode tornar-se um problema grave, verdadeiramente catastrófico. É isto que é urgente mudar! Está na hora de resgatarmos bons valores e boas práticas educacionais. Ensinar às gerações vindouras que o dinheiro é muito mais do que um meio para obtermos os nossos objectos de desejo e satisfazer os nossos caprichos. A melhor herança que podemos deixar aos nossos filhos é uma boa educação, repleta de ideais como a da poupança. Porque de nada serve deixarmos uma grande fortuna se não ensinarmos o quanto custou conquistá-la e quão difícil pode ser geri-la. Todo o esforço que tivemos para juntar esse dinheiro evaporarse-á em pouco tempo, se os herdeiros não lhe derem o seu devido valor. E nesse caso, de quem é a culpa? É nossa! Afinal fomos não que não nos preocupamos em fazê-los crescer conscientes do que custa a vida, do que custa um dia de trabalho, do que custa renunciar aos apelos do consumismo! Mais do que ter uma conta poupança em nome do seu filho, ofereça-lhe um porquinho mealheiro. Incentive-o a poupar. Faça com que se orgulhe do suave tilintar de cada moeda conquistada. Ensine-lhe um valor que no futuro valerá mais que um tesouro! No fundo, poupar acaba por ser divertido e além disso, está cada vez mais na moda. Afinal, quem consegue resistir ao encanto de um porquinho mealheiro? Confesso que tenho muito orgulho de pertencer a uma geração de verdadeiros “criadores de pequenos tesouros”, a geração dos porquinhos mealheiros! 19 A ARTE DE BEM GERIR O SEU DINHEIRO! 20