SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO PROMOÇÃO DA INCLUSÃO DIGITAL DE ALUNOS SURDOS DA 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL POR MEIO DA UTILIZAÇÃO DAS MÍDIAS Cursistas Fernanda Spader Hadriana Nunes da Silva Milza Maia Nabo Mirege Nazário dos Santos Sônia Mirian Guglielmi Tutora Graciele Silva Belolli Tubarão, julho de 2009. SUMÁRIO 1. Resumo......................................................................................................................3 2. Introdução.................................................................................................................4 3. Objetivos...................................................................................................................5 3.1 Objetivo Geral........................................................................................................5 3.2 Objetivo Específico................................................................................................5 4. Mídias Utilizadas......................................................................................................5 5. Justificativa...............................................................................................................6 6. Referencial Teórico...................................................................................................7 7. Metodologia............................................................................................................14 8. Cronograma.............................................................................................................15 9. Resultados...............................................................................................................16 10. Considerações Finais...............................................................................................17 11. Anexo......................................................................................................................18 12. Referências..............................................................................................................22 2 RESUMO Com este projeto pretendemos integrar nossos alunos surdos ao mundo da comunicação digital, além de possibilitar socialização e comunicação com alunos ouvintes através da expressão corporal, atividades esportivas e trocas de e-mail para uma futura relação de comunicação e amizade. Sabendo da importância da instauração do bilingüismo a língua de sinais e que a língua oral ou escrita possibilitará uma comunicação efetiva com o meio e também da importância dos recursos visuais para o desenvolvimento cognitivo dos alunos surdos, cabe a nós propiciar recursos que possibilitem o desenvolvimento dessas crianças. A inclusão das mídias na educação de alunos surdos propicia uma nova linguagem que pode ser materializada por meio de atividades onde sujeito e objeto se dão numa relação de conhecimento. Palavras chaves: Mídias na educação, surdos, inclusão digital. 3 INTRODUÇAO A Escola de Ensino Fundamental São Cristóvão situada na cidade de Criciúma – SC possui aproximadamente 250 alunos, sendo 56 com deficiências auditivas. O trabalho Promoção da inclusão digital de alunos surdos da 4ª série do ensino fundamental por meio da utilização das mídias vem contribuir para a comunicação entre alunos surdos e ouvintes. Vivemos na era da informação onde um dos fatores importantes para se obter sucesso nesta sociedade, é o acesso a utilização das tecnologias disponíveis de informação e comunicação, portanto não podemos nos omitir deixando de integrar todos os cidadãos a essas tecnologias, levando-os a exclusão digital. Neste contexto a internet é um fator importante, pois tem o potencial de vencer barreiras físicas e especiais, servindo a um grande número de atividades que podem ser realizadas por portadores de deficiência. Ao elaborar este projeto pensamos na importância da comunicação para o deficiente auditivo que tem uma leitura própria e peculiar de um mundo e das questões que nele estão colocadas. A partir disto, a integração passa a depender não só da acessibilidade tecnológica e sim da qualidade de acessibilidade, o que nos leva a necessidade da interdisciplinaridade a partir da inclusão educacional e social. Portanto, escola, sociedade e tecnologia precisam criar um diálogo e ações que propiciem a inserção destas crianças ao mundo digital, efetivando uma parceria entre comunicação e educação, possibilitando a inclusão de modo a preparar a criança para o exercício pleno de sua cidadania, seja ele deficiente ou não. As ações desenvolvidas neste projeto, são caminhos que devem ser seguidos para o desenvolvimento de uma efetiva interlocução entre crianças surdas e ouvintes, pois além de possibilitar o desenvolvimento da expressão corporal interpretação de músicas com o uso da LIBRAS levou-os a conhecer e integrar com outras crianças ouvintes em nossa unidade escolar e em outras unidades, possibilitando a apresentação, e a troca de e-mail entre eles efetivando uma relação de interação e comunicação. 4 OBJETIVOS Objetivo Geral Promover a inclusão digital de alunos surdos, por meio da utilização das mídias na sala de aula. Objetivos Específicos • Possibilitar aos alunos surdos a reflexão a cerca das diferentes possibilidades de comunicação (mídia escrita, expressão corporal, jogos cooperativos e lúdicos); • Orientar para que os alunos surdos se apropriem das noções básicas de conversação, integração no Messenger - MSN e digitalização, para inclusão digital por meio de exercícios no computador; • Contribuir para que os alunos surdos naveguem na internet por meio da criação de contas pessoais de e-mail e exercitem a utilização do software Messenger - MSN como ferramenta de inclusão; • Oportunizar aos alunos surdos a integração com alunos ouvintes usando como ambiente promotor de socialização as aulas semanais na sala de informática propostas pelo currículo por meio da utilização do software de conversação Messenger - MSN. MÍDIAS UTILIZADAS • Máquina fotográfica, computador, Recursos da Web e projetor de multimídias. 5 JUSTIFICATIVA De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde uma grande parcela da população mundial possui algum tipo de deficiência física, mental ou sensorial, que limita suas habilidades para as atividades diárias. É difícil precisar o número de indivíduos neste contexto, apenas percentuais estimados. No Brasil, a utilização destes percentuais revela que 10% da população, o que resulta um total de 14.500, 000 compõe-se de pessoas portadoras de deficiência. Destes 1,2% são portadores de alguma deficiência auditiva resultado em aproximadamente 2.000,000 de surdos no Brasil. Diante dessa realidade tem-se então, um número considerável de deficientes auditivos que justifiquem o desenvolvimento de projetos que oportunizem a inclusão social dos mesmos. A legislação brasileira determina e assegura que alunos surdos recebam assistência especializada através de professores bilíngües nas séries iniciais do ensino fundamental e nas séries finais onde a integração de surdos e ouvintes acontece numa mesma sala, à assistência seja dada através do professor interprete. A Escola de Ensino Fundamental São Cristóvão sendo escola pólo no atendimento a alunos com deficiência na região de Criciúma, vivencia em seu cotidiano essa realidade. Tendo em vista a dificuldade de comunicação, integração e de inclusão dos alunos surdos no convívio com os alunos ouvintes dessa unidade de ensino, pensou-se na realização de um projeto objetivando: Promover por meio da inclusão digital a integração dos alunos da 4ª série do ensino fundamental ouvintes e surdos através da utilização das mídias. Por meio dos recursos da Web, da máquina fotográfica e da internet espera-se oportunizar aos alunos surdos uma nova modalidade de comunicação e interação com alunos ouvintes tendo em vista a dificuldade de compreensão por parte destes da Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS. 6 REFERENCIAL TEÓRICO A Construção Social da Deficiência Ao longo da história da humanidade, é freqüente observarmos que muitas condições sociais têm sido consideradas como deficientes, refletindo normalmente deste fato, um julgamento que vai se requintando e sofisticando a medida que as sociedades se vão desenvolvendo tecnologicamente em função de valores e de atitudes culturais específicas. Em muitos aspectos, a problemática da deficiência reflete a maturidade humana e cultural de uma comunidade. Há uma relatividade de cultura que está na base do julgamento que distingue entre “deficientes” e “não deficientes”. Toda marca ou estigma traduz um conjunto de valores e de atitudes dependentes do envolvimento cultural em que o individuo se encontra. Desde Hipócrates até hoje, os estigmas sofreram alterações semânticas significativas. Podemos constatar através dos momentos históricos referentes à deficiência, que em Esparta, crianças portadoras de deficiências físicas ou mentais eram consideradas subhumanas, o que legitimava sua eliminação ou abandono. Fazendo uma retrospectiva da história do atendimento aos portadores de deficiência, percebe-se que ela foi caracterizada pela ausência ou por iniciativas esparsas de auxílio, seguida por uma fase de institucionalização, onde as pessoas portadoras de deficiência eram segregadas em grandes instituições. Na busca de alternativas para a redução da segregação foram criadas as escolas comunitárias e a seguir, a implantação de classes especiais em escolas regulares e públicas. Atualmente o panorama mundial vem sendo identificado por tentativas de integrar esses indivíduos, em ambientes sociais, educacionais, recreativos e culturais tão próximos possíveis dos ambientes oferecidos ao indivíduo considerado normal. O atendimento aos Portadores de Deficiência no Brasil e em Santa Catarina A educação Especial no Brasil torna-se oficializada a partir da década de setenta. Norteia sua ação pedagógica, nos princípios incorporados e difundidos por significativos movimentos internacionais. São eles: princípios da normatização, da individualização e da integração. 7 A busca cada vez maior de democratização das sociedades, a garantia dos direitos humanos e de oportunidades justas às minorias com base em princípios igualitários, traduz-se educacionalmente no desenvolvimento dos princípios de “igualdade para todos”. Partindo da perspectiva internacional, a Declaração dos direitos da criança, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas (1959) assegura no seu princípio sétimo, o direito á educação, que deverá ser gratuita e obrigatória. Em nosso país, o artigo 205 da Constituição Federal, declara; “a educação direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a elaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho”. A declaração dos Direitos da criança, no seu princípio quinto, garante à criança portadora de deficiência o recebimento de educação, tratamento e cuidados especiais, compatíveis com suas necessidades pessoais. Consolidando esta declaração universal o artigo 208 terceiro da constituição Federal cita: “o dever do estado com a educação será efetivado, mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino”. No bojo dessas conquistas legais, a Educação Especial de Santa Catarina foi sendo construída. A década de cinqüenta é o marco inicial da história da Educação Especial em Santa Catarina. De acordo com a Declaração dos Direitos Humanos, em 1954, iniciou-se o atendimento à crianças portadoras de deficiências auditivas em Florianópolis, Brusque e Blumenau. No ano seguinte 1955, foi constituída a primeira APAE no Estado, na cidade de Brusque, a segunda do Brasil. Em 1958, através da lei nº. 1929, o governo do estado de Santa Catarina instituiu o ensino emendativo, que se destinava a crianças e adolescentes incapacitados de freqüentar escolas do ensino regular. A divisão de Ensino Especial na Secretaria de Educação do Estado, foi criada em 1962. O governo do estado determinava o funcionamento das escolas de Educação Especial, ultrapassando hoje, 150 APAEs no Estado. Em 1968, a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), torna-se o órgão do Estado responsável pelas diretrizes técnicas e políticas de funcionamento da Educação Especial. O nível técnico-pedagógico, o investimento em recursos humanos, o fomento a pesquisa e o desenvolvimento de recursos tecnológicos, os intercâmbios técnicos-pedagógicos a nível nacional e internacional e outros fatores fizeram com que a FCEE chegasse à década de 80, com o invejável status de instituição modelo em Educação Especial no Brasil. 8 A tecnologia como ferramenta facilitadora da aprendizagem Ao chegarmos ao século XXI, podemos perceber as transformações promovidas pelas tecnologias de comunicação e informação em nosso modo de ser e de agir. Daí, seu papel fundamental no aspecto educativo, uma vez que todos os educandos vivem, trabalham e interagem num mundo extremamente tecnologizado. A tecnologia cada vez mais ascendente confere à educação um papel ativo na formação dos cidadãos participativos e modificadores da sociedade. Integrar as novas tecnologias da informação e da comunicação, ao cotidiano das escolas resultará em mudanças nos modos de ensinar, na concepção e na organização dos sistemas educativos e, conseqüentemente, na cultura escolar. Tais mudanças passam necessariamente pela melhoria na formação dos professores e pela adoção de metodologias alternativas. O uso progressivo das novas tecnologias como ferramentas de aprendizagem possibilitam maior circulação e expansão da informação, novas formas de relacionamento e, por conseguinte, novos modelos de metodologias, apontando para uma sociedade na qual o conhecimento e a informação assumem um alto valor. É necessário, portanto, que a educação crie as possibilidades para esse compartilhamento de ações, através da formulação coletiva de um projeto-políticopedagógico, que seja mobilizador do esforço de dar à educação e à sua gestão um caráter mais marcante para aqueles que dela participam. A tecnologia e seu papel democrático e pedagógico As transformações que ocorrem no mundo contemporâneo, especialmente em decorrência dos avanços tecnológicos, têm provocado, de um lado, mudanças na organização do trabalho e, de outro, uma crise nos modelos de gestão vigentes, exigindo a reorganização dos espaços institucionais. Segundo Sacristan e Gómez (1996, p. 28 ) sugerem como função educativa da escola, vivendo a tensão entre reprodução e mudança na sociedade contemporânea. 9 O uso da tecnologia como ferramenta para a aquisição de aprendizagens na escola precisa e deve ser compartilhado por todos, dentro de um objetivo comum que é o desenvolvimento do conhecimento e a abertura de novos horizontes para alunos e professores. A gestão deste recurso deve ocorrer de forma coerente e participativa, objetivando a melhor utilização, dentro de uma consciência cada vez mais voltada para a construção de um sujeito atuante em nossa sociedade. O indivíduo surdo e a Língua Portuguesa A Escola busca mediar o conhecimento, fundamentando-se na aprendizagem e na compreensão da escrita e da leitura. De acordo com Sacks (1998), “... Quando a criança chega à escola, já possui muitos conhecimentos acerca das regras gramaticais, porém passa a usar a língua num contexto diferenciado daquele natural e cotidiano, com o qual está familiarizada, ou seja, depara-se com uma linguagem nova, formal e padronizada, a fim de que possa escrever e compreender textos escritos e desta forma interpretá-los dentro do seu contexto. Partindo dessa constatação geral, deparamo-nos com a questão peculiar dos alunos com surdez (indivíduos com perda maior ou menor da percepção auditiva), que representam uma clientela específica, com aspectos que não podem ser desconsiderados. Considerando que os indivíduos com surdez não acessam a informação escrita como as outras pessoas (dificuldades decorrentes da falta de audição), e esclarecendo inclusive, que mesmo os usuários de prótese não têm a audição como a de pessoas comuns, e muitas vezes escutam sons distorcidos ou diferentes de nossa realidade de ouvintes, percebemos que estes indivíduos apresentam uma grande resistência a aquisição da Língua Português falada e escrita. Diante dessa realidade, é importante questionar o que podemos utilizar como metodologia para reduzir a distância que existe entre a linguagem específica do aluno com surdez, baseada na LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais - a qual funciona como língua primeira para ele, por apresentar um aprendizado natural e mais facilitado, e a Língua Portuguesa, considerada língua segunda para este mesmo aluno, sabendo-se que as duas línguas possuem princípios e regras diferenciadas. Deve-se considerar, no entanto, que todos nós, surdos ou ouvintes, vivemos em uma sociedade que tem como base lingüística a língua materna dos falantes nativos do país (no caso do Brasil, o Português), e não a língua de sinais (realidade de um grupo minoritário). 10 Por não haver o feedback via audição pelos surdos, torna-se muito difícil a compreensão do mecanismo do Português, nos moldes tradicionais da escola, principalmente para aqueles que possuem perda severa e profunda. Como um primeiro caminho para a busca de alternativas efetivas que auxiliem na apropriação da Língua Portuguesa pelos indivíduos surdos, se faz urgente a compreensão dos efeitos das concepções que orientaram e continuam a orientar, na maioria das escolas, a constituição da linguagem destes sujeitos. De acordo com o BRASIL/MEC/SEESP (1994), é considerado surdo o indivíduo que possui audição não funcional na vida comum, e parcialmente surdo àquele que, mesmo com perda auditiva, possui audição funcional com ou sem prótese. É importante salientar que a deficiência auditiva pode ser congênita ou adquirida. É congênita quando ocorre antes do nascimento ou, em alguns casos, durante o parto e adquirido quando ocorre após o nascimento. O Bilingüismo assume que a língua é uma importante via de acesso para o desenvolvimento do surdo em todas as esferas de conhecimento, propiciando a comunicação do sujeito com surdez com os seus pares e com os outros sujeitos, dando suporte ao pensamento e estimulando o desenvolvimento cognitivo e social. De acordo com Sacks (1998, p. 44): A língua de sinais deve ser introduzida e adquirida o mais cedo possível, senão seu desenvolvimento pode ser permanentemente retardado e prejudicado, com todos os problemas ligados à capacidade de “proposicionar” [...] no caso dos profundamente surdos, isso só pode ser feito por meio da língua de sinais. Portanto, a surdez deve ser diagnosticada o mais cedo possível. As crianças surdas precisam ser postas em contato primeiro com pessoas fluentes na língua de sinais, sejam seus pais, professores ou outros. Assim que a comunicação por sinais for aprendida, e ela pode ser fluente aos três anos de idade, tudo então pode decorrer: livre intercurso de pensamento, livre fluxo de informações, aprendizado da leitura e escrita e, talvez, da fala. Não há indícios de que o uso de uma língua de sinais iniba a aquisição da fala. De fato, provavelmente, ocorre o inverso. Dessa forma percebemos que na instauração real do Bilingüismo, a língua de sinais é importante e imprescindível por possibilitar o domínio lingüístico e a capacidade de expressar-se de forma plena e segura. A língua oral ou escrita em Português possibilitará a comunicação com o meio. Tendo havido um reconhecimento geral da surdez e das filosofias educacionais utilizadas ao longo da história, assim como uma apreciação geral de determinados autores acerca de cada uma delas, podemos dizer que estamos passando por um período de transição das as idéias oralistas para aquelas que têm se baseado na utilização da LIBRAS. 11 Considerando a necessidade da modalidade gestual para a educação dos alunos com surdez, cabe a nós viabilizarmos recursos de ensino/aprendizagem que valorizem a memória e o pensamento que se dão pelo aspecto visual, característico desses sujeitos, lembrando que a língua de sinais propicia o desenvolvimento lingüístico, facilitando, inclusive, o processo de aprendizagem de línguas orais, servindo de apoio para a leitura e compreensão de textos escritos e favorecendo a produção escrita. Ao falarmos em comunicação, em linguagem e em língua, é importante que consideremos todas as possibilidades dos indivíduos, a fim de que todas as dimensões da linguagem humana sejam estabelecidas. A humanização do homem se dá a partir da apropriação dos saberes através das diferentes linguagens, linguagem esta que se constitui como instrumento mediador em um processo histórico-cultural e tem como função à organização do pensamento e a formação da consciência. Dentre estas linguagens encontra-se a Tecnologia. Desta forma, o uso das tecnologias na educação proporciona novas relações de trabalho pedagógico que através da mediação do professor oportuniza a maioria da qualidade social da educação. As orientações para todo o trabalho junto aos alunos, mesmo aquele que requer o uso do vídeo ou do computador deve estar coerente com a concepção pré-estabelecida na Proposta Curricular de Santa Catarina. De acordo com a Proposta, as atividades mentais determinadas pelas relações sociais, implicam na compreensão de que o processo de apropriação do conhecimento ocorre ao mesmo tempo em que aos sujeitos desenvolvem-se culturalmente. Buscar o conhecimento através das mediações instrumentais, materializadas nas tecnologias, requer uma forma de trabalho coletivo na busca da unidade-totalidade do conhecimento. Contrariando o que ocorre na produção capitalista, onde a técnica está a serviço da reprodução do capital, as tecnologias no trabalho pedagógico devem estar a serviço da não competitividade de um trabalho solidário, de uma prática coletiva interdisciplinar com qualidade social, na perspectiva da transformação da sociedade. Porém, devemos ter consciência de que a educação faz parte de uma sociedade que na maioria das vezes converge dos seus interesses, colocando obstáculos para a concretização de um processo educativo voltado para a construção de uma cidadania crítica. Uma boa proposta, vontade e certa autonomia não são suficientes para colocarmos em prática as 12 diretrizes que consideramos as válidas em nossa concepção política e ética; portanto, necessitamos de muita organização e luta para concretizarmos nossos objetivos. Escola, professor e aluno precisam ter claro quais são os fins ou os motivos da atividade de ensino e de aprendizagem, seus objetivos, ações e procedimentos necessários para a consecução desses fins, considerando os objetos ou recursos disponíveis, neste caso falamos das tecnologias, para o trabalho escolar, partindo de uma análise crítica da sociedade para o comprometimento com a transformação da mesma. As tecnologias educacionais, no contexto escolar deixam de ser apenas máquina para se tornarem uma linguagem simbólica que venha a ser interiorizada e materializada através de uma atividade onde o sujeito e objeto se dão numa relação de conhecimento. O papel do professor dentro desta concepção é de desafiador, estimulador e mediador, que reconstrua o conhecimento junto com seus alunos e tenha consciência da importância das tecnologias, tanto no uso genérico como no profissional, em suas atividades pedagógicas, no planejamento e na execução de seu trabalho. Enquanto mediador, o professor deve criar situações de atividade que provoque reflexão. Segundo Almeida, 1997 as tecnologias de comunicação e informação aplicadas a educação criará espaço para a reflexão, para o debate, para a elaboração de uma nova agenda, um novo projeto. ”Proporcionando novas relações de trabalho pedagógico, onde o professor é o mediador e o aluno o ponto de partida para as transformações pessoais e sociais. O aluno é o objetivo da educação e o fim para qual a escola se propõe”. No uso das tecnologias na educação considera-se que estas são instrumentos que possibilitam a aprendizagem significativa. Assim, as tecnologias devem fazer parte das competências do professor e este deve apropriar-se deste conhecimento. As tecnologias devem estar a serviço da educação e o responsável pela utilização destes recursos tecnológicos é o ser humano. Desenvolver o trabalho nesta perspectiva pressupõe a incorporação das tecnologias como instrumentos mediadores na construção da prática pedagógica. É fundamental que a escola, o professor, o aluno, tenham clareza dos motivos, da finalidade das atividades de aprendizagem e que estas tenham relação com a vida. 13 METODOLOGIA Nesse projeto utilizou-se a metodologia qualitativa e exploratória com o propósito de pesquisar na literatura e junto aos alunos da 4ª série do Ensino Fundamental São Cristóvão A unidade de ensino faz parte da rede estadual de educação e é pólo no atendimento a estudantes com deficiência auditiva. O trabalho foi realizado com seis alunos surdos com idade variando entre 10 e 13 anos. Inicialmente o grupo de alunos foi convidado a assistir um vídeo através do projetor multimídia com o título: “O som do silêncio”. Após a apresentação o professor bilíngüe, responsável pela turma iniciou uma discussão a cerca dos diferentes modos de comunicação e como o vídeo poderia expressar a realidade vivida pelos alunos surdos. Neste momento também, foi debatido a comunicação deles dentro do ambiente escolar e em casa. Em seguida ao debate os alunos produziram um texto coletivo redigido pela professora bilíngüe concluindo a discussão. A temática comunicação foi complementada por meio da inclusão de atividades de expressão, corporal e lúdicas. Jogos cooperativos foram propostos entre os alunos da 4ª série surdos e 4ª série ouvintes. A utilização dos diferentes temas sobre os meios de comunicação fez parte do próximo encontro por meio do uso do computador. O computador foi apresentado ao grupo de alunos, orientações a cerca da sua utilização foram transmitidas e o emprego do editor de texto foi exercitado através da digitalização do texto coletivo produzido anteriormente pelo grupo. A seqüência dos trabalhos se deu com a apresentação das ferramentas de navegação pela rede mundial de computadores aos alunos surdos. A promoção da inclusão digital foi reforçada por meio do exercício de abertura de contas pessoais de e-mail para cada um dos alunos oportunizando o emprego do software de conversação MSN Messenger. A socialização através da internet com o emprego do MSN Messenger e deu inicialmente com os funcionários da unidade escolar e entre os próprios alunos e posteriormente com alunos ouvintes. A inclusão do grupo de alunos surdos no meio digital bem como a socialização e integração com alunos ouvintes por meio da conversação via internet acontece semanalmente nas aulas ocorridas na sala de informática da unidade de ensino. 14 CRONOGRAMA Meses Etapas ABRIL MAIO JUNHO JULHO Desenvolvimento do Projeto X X X X Aulas e oficinas sobre comunicação e inclusão digital Orientação sobre o uso do computador Orientação sobre o uso da internet e MSN Messenger Exercício de socialização e inclusão através do MSN Messenger Escolha e exposição das imagens produzidas no projeto Apresentação do projeto X X X X X X X X X X 15 RESULTADOS ESPERADO-OBTIDOS Foi possível avaliar a importância das diversas modalidades de comunicação para a integração social bem como da inclusão digital por meio das atividades realizadas com o grupo de alunos surdos da 4ª série do Ensino Fundamental. A comunicação através da expressão corporal foi amplamente alcançada uma vez que resultou em duas apresentações artísticas, uma através da interpretação de uma músicas com o uso da LIBRAS outra com dança, todas desenvolvidas apenas com os alunos surdos pode ser visualizado no blog da escola : http://eefscristovao.blogspot.com . Uma vez que os alunos surdos têm como primeira língua a LIBRAS, a produção textual na língua portuguesa foi um dos maiores desafios do projeto. A utilização do computador como mediador desse processo foi fundamental além de proporcionar aos alunos instrumentos para a inclusão digital. O contato dos alunos surdos com a rede mundial de computadores por meio da criação das contas de e-mail pessoais foi um marco no desenvolvimento do projeto. Conseguiu-se proporcionar aos alunos surdos a chance de comunicar-se com outros indivíduos surdos ou ouvintes por meio do software MSN Messenger, sem o estereotipo da deficiência auditiva. 16 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer do nosso projeto, quanto ao contato dos alunos surdos com alunos ouvintes, por meio do MSN, foi possível perceber certas tensões, algumas dificuldades de articulação, impasses. Não como forma de confronto; mas sim como elemento motivador para ajustes, negociações e trocas. As quais apontaram para infinitas possibilidades de composição dentro do espaço educacional. Segundo Moran (2006), as tecnologias nos ajudam em cada etapa desta nova forma de atuar como mediadores. Elas nos ajudam a motivar os alunos (e-mail afetivo, blog, chat...), nos servem também para acompanhamento e socialização dos alunos: e-mail, fóruns, skype e MSN. O sucesso do projeto pode ser percebido através dos relatos de alguns pais de alunos envolvidos quando questionados sobre a importância da utilização das tecnologias ( Messenger, Internet, computador) para a inclusão e socialização do(a) seu(a) filho(a) que declaram, por exemplo, que: • Com computador ele pode estudar, tem coisas interessantes e é bastante importante na aprendizagem. ( depoimento de mãe de aluno) • Minha opinião é bom ele conversar se divertir e é bom saber que ele está feliz.. ( depoimento de mãe de aluno) A Revista Inclusão da Educação Especial do Ministério da Educação, de agosto de 2006, trata com bastante propriedade a questão da inclusão. Neste sentido, consideramos que é correto afirmar que a inserção no mundo digital já possibilita a muitos portadores de surdez uma compreensão de que o exercício da cidadania não é um obstáculo intransponível, e que a cada dia mais indivíduos surdos devem e serão tratadas como iguais. Esse é um processo que deve ser essencialmente irreversível. Pois, assim sendo, o mesmo abre espaço para reflexões na busca de um caminho educacional que de fato favoreça o desenvolvimento pleno dos sujeitos surdos, contribuindo para que sejam cidadãos em nossa sociedade. 17 ANEXOS Imagens do vídeo: “Som do Silêncio” Primeiros contatos com os alunos Assistindo o vídeo Explicando sobre o vídeo, junto a professora bilíngüe da turma seguido do debate. 18 Integrando 4ª série surdos e ouvintes 19 Primeiros contatos com o Computador / Digitando texto produzido em sala de aula. Criando contas de e-mail e utilização do Messenger para troca de experiências. 20 Alunos e professora surda auxiliando. Cursistas 21 REFERÊNCIAS BERNARDINO, Elidéa Lúcia. Absurdo ou lógica. Os surdos e sua produção lingüística. Belo Horizonte: Profetizando Vida, 2000. BRASIL/MEC/EPROINFO. Programa de Formação Continuada Mídias na Educação. Módulo Básico. Brasília: 2007. BRASIL/MEC/SEESP. 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