MODELOS ECONÔMICOS: NOTAS DE AULA NOTAS DE AULA - ERH PROF. GIÁCOMO BALBINOTTO NETO UFRGS ... O trabalho de cientista consiste em elaborar teorias e pô-las à prova. As teorias são redes, lançadas para capturar aquilo que denominamos “o mundo”: para racionalizá-lo, explica-lo, dominá-lo. Nossos esforços são no sentido de tornar as malhas da rede cada vez mais estreitas. Karl Popper (1972) 2 O que é um problema? Algo que não pudemos explicar Problemas: • Por que alguns países tem uma baixa taxa de crescimento econômico? • Qual a causa das flutuações econômicas? • Qual a causa da inflação? • Por que as pessoas cometem crimes? A ciência é um processo de solução de problemas. 3 O que é a explicação científica ? Desenvolvimento de uma teoria que prevê os fenômenos observados Os programas são teorias formais de explanação de fenômenos sociais e naturais. (re)usáveis em experimentos Compreensíveis 4 Definição de Modelo Um modelo nada mais é do que uma representação simplificada da realidade. Quando um grupo de fenômenos observáveis é confirmada a evidência de uma regularidade, tentase estabelecer a correspondente teoria matemática. Esta teoria pode ser considerada como o modelo matemático do conjunto de fatos empíricos que constituem os dados. 5 Definição de Modelo A função de um modelo é a de exibir as relações e a interdependência entre as variáveis endógenas e exógenas. Os modelos abstraem, deliberadamente, os detalhes que não são considerados importantes a fim de esclarecer quais são as variáveis chaves ou fundamentais e as relações importantes para explicar o fenômeno em questão. 6 Definição de Modelo Um modelo é uma representação simplificada e abstrata da realidade. Um modelo não têm por objetivo ser idêntico à realidade. Pelo contrário, ele busca representar o mundo real através de uma abstração, algo que é extraído da realidade, do mundo real, e que nos ajuda a entender como ele funciona. 7 Definição de Modelo O modelo, enquanto seja uma representação difere em vários aspectos do original ou da realidade em termos de escala, montante de detalhes ou grau de complexidade, mas ao mesmo tempo preserva o que é importante no original ou na realidade em seus aspectos fundamentais ou mais salientes e destacados. 8 Definição de Modelo Dado que um modelo econômico é uma descrição concisa da realidade, que busca descrever o comportamento e os resultados observados, ele omite, como vimos acima, algumas informações a fim de se focar nos aspectos considerados relevantes e importantes pelo pesquisador ou teórico. 9 Definição de Modelo A model is a construction that isolates one element of behaviour and upon this, the analyst may erect conceptually refutable hypotheses. James Buchanan (1962) 10 Modelo & Mapas Um modelo pode ser visto como um mapa. Um para com muitos detalhes provavelmente irá trazer mais confusão do que esclarecimentos e assim ser menos útil a que dele necessitar. Um modelo para ser útil dever ser simples. Ele deve captar os aspectos fundamentais da realidade. Existem também mapas para diferentes propósitos: ruas, estradas, geológicos, climáticos etc. Do mesmo modo que existem diferentes modelos econômicos para mesmas situações, cada um deles focando-se sobre diferentes questões. 11 Definição de Modelo O motivo pelo qual precisamos criar e desenvolver um modelo, estabelecendo pressupostos e hipóteses, é que o funcionamento de uma dada realidade é muito complexa. O que necessitamos quando elaboramos um modelo são descobrir princípios gerais que proporcionam conhecimentos úteis da realidade econômica. 12 Criação de Modelos Toda vez que tentamos explicar um conjunto complexo de comportamentos, fenômenos e resultados empregando algumas variáveis explicativas e estabelecendo relações entre elas, estamos criando um modelo. Os modelos não visão captar toda a complexidade dos comportamentos, eles são criados para retirar os fatores do acaso e da idiossincrasia, de tal forma que o foco recaia sobre os princípios gerais desenvolvidos 13 Definição de Modelo Matemático Um modelo matemático é uma imagem idealizada do mundo real, em que as interrelações entre as diferentes variáveis econômicas, por exemplo, são representadas com a ajuda do simbolismo matemático e o processo ordinário de dedução é substituído por operações matemáticas. 14 O Modelo Matemático As modernas teorias econômicas são expostas, de um modo geral, em termos matemáticos. A matemática não é um fim em si mesma, e sim um conjunto de instrumentos (cálculo, controle ótimo; matrizes, equações simultâneas, etc) que facilitam a compreensão e a exposição das teorias econômicas. A matemática é útil para traduzir argumentos verbais em formas concisas e consistentes. 15 Modelo Econômico Um modelo é uma representação simplificada da realidade econômica expressa através de símbolos e operações matemáticas que busca descrever um certo conjunto de relações econômicas. Assim, um modelo econômico pode ser definido como uma expressão matemática de uma determinada teoria econômica. 16 A Economia e os Modelos Econômicos Economics is a science of thinking in terms of models, joined to the art of choosing models which are relevant to the contemporary world. J.M. Keynes 17 Características de um Modelo Econômico Básico #1 – represente um fenômeno econômico real; #2 – que a representação seja simplificada; #3 – que seja feita em termos matemáticos. 18 O Pressuposto Ceteris Paribus O pressuposto ceteris paribus é parte do processo de abstração na construção de um modelo econômico. O uso da condição ceteris paribus, ou tudo o mais constante, nos permite estudar a relação entre duas variáveis enquanto o valor de todas as demais permanecem constantes. 19 A Econometria A econometria lida com a medição das relações econômicas. Ela é a combinação da teoria econômica, economia matemática e estatística, sendo contudo completamente distinta de cada uma destes ramos da ciência. 20 A Econometria A econometria pode ser considerada como a integração da economia, matemática e estatística com o objetivo de prover valores numéricos para os parâmetros das relações econômicas (por exemplo, elasticidades, propensões marginais a investir, poupar, importar, exportar etc;) e de testar as hipóteses geradas pelas teorias e modelos econômicos. 21 A Econometria Os métodos econométricos são métodos estatísticos especificamente adaptados as peculiaridades dos fenômenos econômicos. A característica mais importante das relações econômicas é que ela contêm um elemento randômico, o qual é ignorado pela teoria econômica e pelos modelos matemáticos, que postulam relações exatas entre as várias magnitudes econômicas. Na realidade, a econometria foi desenvolvida para lidar com este componente randômico das relações econômicas. 22 Os Objetivos da Econometria 1 – analisar e testar as hipóteses geradas pelos modelos econômicos; 2 - obter estimativas numéricas confiáveis referentes aos coeficientes das relações econômicas (elasticidades, propensões etc) as quais podem ser usadas para a tomada de decisão dos formuladores de política econômica ou pelas empresas; 3 - previsão, isto é, utilizar as estimativas numéricas dos coeficientes a fim de prever os valores futuros das magnitudes econômicas relevantes que são geradas pelo modelo. 23 Modelo Econométrico Um modelo econométrico é um modelo econômico que contém as especificações necessárias para a sua aplicação empírica. Exemplos: y = a + bx + C = Co + bY + 24 Modelo Econométrico Tipos de Dados Métodos Econométricos: MQO; MQ2E; Regressão Quantílica; Variáveis Intrumentais. Tipo de dados: - series temporais; - cross section; - panel data . 25 A Formulação de Modelos Antes de se proceder à formulação de um modelo convém precisar exatamente o fenômeno ou conjunto de fenômenos que se pretende analisar. Aqui torna-se necessário, portanto, proceder à delimitação do campo sobre o qual se vai atuar e pesquisar. 26 A Formulação de Modelos A formulação de um modelo requer: #1 - delimitar o fenômeno ou grupo de fenômenos que se estudará; # 2 - localizar as variáveis de interesse; # 3 - estabelecer as conexões e relações existentes entre as variáveis do modelo; #4 - ter uma idéia da finalidade do que a de cobrir o modelo. 27 A Formulação de Modelos Realidade Teoria Expressão matemática da teoria: modelo ou hipóteses mantidas Confrontação do modelo com os dados 28 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA Definição das variáveis e pressupostos Processo de dedução lógica Predições / Implicações Processo de observação empírica, medição e análise estatística Fatos empíricos comparados com as predições do modelo Conclusões Se as predições coincidem com a realidade: validação do modelo Se as predições não coincidem com a relidade, então o modelo é rejeitado 29 O Método Científico na Prática Hipóteses precisam ser refutáveis ; Os experimentos precisam ser reproduzíveis; Os resultados precisam ser comunicados; Os métodos e resultados precisam ser criticados; 30 Tipos de Teoria (Rapoport) Teorias matemáticas de movimento Noções de transição de estado e de movimento Equações da gravitação (Newton e Einstein) Teoria de equilíbrio Não tem transição de fase Termodinâmica clássica, ótica Teorias estocásticas Eventos e distribuições Amostragem e validação estatística Genética, Ecologia, Epidemiologia, Demografia Inclui fenômenos localizados no espaço 31 Tipos de Teoria (Rapoport) Teorias qualitativas Classificação de termos de forma heurística Alguma base para experimento de campo Exclusão Social, Ciência do Comportamento Teorias taxonômicas Classificação biológica Teorias históricas Explicação de fatos Busca de fontes primárias e secundárias Estabelecimento de contexto Relações causa-efeito 32 Variáveis e Parâmetros dos Modelos Variável – é algo cuja magnitude pode mudar, isto é, é algo que pode assumir diferentes valores no tempo e no espaço. As variáveis na economia incluem, de um modo geral, o preço, receita, custos, consumo, renda, investimento, exportação, importação, gastos do governo, impostos etc. Cada variável pode assumir diversos valores, sendo representado por um símbolo ao invés de um valor específico. 33 Variáveis e Parâmetros dos Modelos Um modelo econômico, quando construído apropriadamente, pode ser resolvido, gerando-se os valores das soluções de um certo conjunto de variáveis, tais como o nível de preço e quantidades que igualam a oferta e demanda por um determinado produto, ou o nível de produção que maximiza os lucros. 34 Variáveis e Parâmetros dos Modelos As variáveis cujo valor buscamos ao solucionar o modelo são conhecidas como variáveis endógenas. Elas são as variáveis explicadas pelo modelo. Já as variáveis cujos valores sejam, por hipóteses, determinadas por forças externas ao modelo, e que sejam aceitas como dadas, são chamadas de variáveis exógenas. Elas são as variáveis que explicam o modelo, também chamadas de variáveis explicativas. 35 Variáveis e Parâmetros dos Modelos As variáveis aparecem combinadas com números fixos, tal como por exemplo, 0.7P. é um parâmetro do modelo 36 Variáveis e Parâmetros dos Modelos Uma constante é uma magnitude que não varia. Uma variável constante num modelo é uma variável exógena que não é afetada pelas outras variáveis. 37 Variáveis e Parâmetros dos Modelos parâmetro constante Y= a + bX Variável endógena – variável a ser explicada pelo modelo. Variável exógena – variável que explica o modelo. 38 Tipos de Variáveis #1 Estoque – referem-se a variáveis que buscam medir a quantidade ou uma magnitude de algo que existe num determinado ponto do tempo. Exemplo: estoque de capital, número de máquinas e equipamentos. # 2- Variáveis de fluxo - referem-se a variáveis que buscam medir a quantidade de algo que é consumido, ganho, produzido por unidade de tempo. Geralmente referem-se a quantidades recebidas, usadas, ganhas ou usadas a um determinado período de tempo. 39 Tipos de Equações Equações de definição – são equações que estabelecem um identidade entre duas expressões alternativas que possuam o mesmo significado. = R – C [lucro] S=Y–C [poupança] 40 Tipos de Equações Equação de comportamento – buscam especificar a maneira pela qual uma variável se comporta em resposta as mudanças em outras variáveis. Elas buscam descrever o comportamento humano com relação a ações tomadas pelos indivíduos. S = f (y) [poupança] Qd = f (P) [quantidade demanda] H = f (w) [horas trabalhadas] Md = f (r, Y) [demanda por moeda] 41 Tipos de Equações Equações institucionais ou legais – refletem os efeitos provocados na atividade econômica pelas leis e normas institucionais, buscando descrever o impacto do ordenamento jurídico e institucional existente sobre o fenômeno em questão. Tt = tYt Wt = aPt-1 42 Tipos de Equações Equações técnicas – buscam explicar as condições em que se leva a cabo um processo técnico ou de produção de um determinado bem. Ele descreve o estado das artes na fabricação de um determinado bem. Q = f (K, E) [ função de produção] 43 Tipos de Equações Equação de equilíbrio - descreve a condição de equilíbrio de um modelo. Qd = Qs [quantidade demandada = quantidade ofertada] S=I [poupança = investimento] Y=A [produto agregado = demanda agregada] 44 Tipos de Modelos e Forma Funcional das Equações Quadrática y 2 Y = ao + a1x + a2 x 0 x 45 Tipos de modelos e forma funcional das equações y Cúbica 0 2 x 3 Y = ao + a1x + a2 x + a3x 46 Tipos de modelos e forma funcional das equações y Hipérbole regular Y = a/x 0 x 47 Tipos de modelos e forma funcional das equações y Exponencial x Y=b 0 x 48 Tipos de modelos e forma funcional das equações y Logarítmica Y = log x b 0 x 49 Tipos de modelos e forma funcional das equações y Linear Y = a + bx a 0 x 50 Dimensão Temporal dos Modelos a) Estáticos; Modelos b) Dinâmicos. 51 Dimensão Temporal dos Modelos Modelos estáticos - dizem respeito aos modelos nos quais todas as variáveis referem-se ao mesmo período de tempo. Nos modelos estáticos, o problema é achar o valor das variáveis endógenas que satisfazem certas condições de equilíbrio. Por exemplo, quando aplicados aos problemas de otimização, a tarefa é achar os valores que maximizam uma função objetivo especifica. 52 Dimensão Temporal dos Modelos Modelos dinâmicos – são aqueles que se caracterizam por equações funcionais com variáveis relativas a diferentes pontos do tempo. Nos modelos dinâmicos o principal problema envolve a determinação da trajetória temporal de uma variável com base num padrão conhecido de mudança. Yt = at + bYt-1 It = Kt+1 – K t 53 Dimensão Temporal dos Modelos Estática comparativa – estuda e compara duas ou mais posições de equilíbrio sem levar em conta o período de transição e o processo de ajustamento envolvido. p So E1 Eo D1 Do 0 q 54 Dimensão Temporal dos Modelos Dinâmica comparada – busca analisar a trajetória ao longo do tempo e o processo de ajustamento de uma determinada variável ao longo do tempo. gy 0 t 55 Qual a utilidade dos modelos econômicos? a) Pedagógicas Modelos Econômicos b) Predição; c) Explicação 56 Qual a utilidade dos modelos econômicos? A utilidade e a validade de uma teoria dependem de sua capacidade para explicar e prever, com sucesso, o conjunto de fenômenos que ela têm por objeto. As teorias são continuamente testadas por meio da observação. Como resultado dos testes, elas são freqüentemente modificadas, refinadas e até ocasionalmente descartadas. Durante o processo de avaliação de uma teoria, é importante que se tenha em mente que ela é invariavelmente imperfeita. 57 Os Estágios da Análise Científica 1 - Desenvolvimento de uma estrutura conceitual – estruturação de conceitos básicos que governam as relações numa determinada área (maximização de utilidade; minimização de custos, maximização de lucros); 2 - Formulação de hipóteses – formulação de predições de como certas variáveis econômicas estão relacionadas; uma hipótese é uma predição de como uma variável endógena irá responder quando houver uma variação numa variável exógena ou explicativa. 58 Os Estágios da Análise Científica Propriedades desejáveis de uma hipótese: #1 – uma hipóteses deve envolver eventos que são importantes ou interessantes do ponto de vista econômico ou social; # 2 – uma hipóteses deve ser o resultado de uma relação lógica, isto é, que ele tenha sido desenvolvida de modo sistemático com base nas relações e implicações conceituais desenvolvidas no primeiro estágio do desenvolvimento da da teoria; 59 Os Estágios da Análise Científica Propriedades desejáveis de uma hipótese: # 3- uma hipóteses deve ser testável [falseável na linguagem de K. Popper], isto é, ela deve estar relacionada a eventos observáveis [comportamentos ou resultados]; Karl Popper 60 A Visão de Popper Teorias como conjecturas Afirmações plausíveis sobre o universo Podem ser submetidas a testes críticos Nunca podemos saber se são verdadeiras ou não Teorias devem poder ser sujeitas a testes Uma teoria deve ser refutável!! Conduzir um experimento que possa rejeitar esta teoria Teoria tem de ser capaz de fazer predição Observações da realidade são experimentos da teoria 61 Os Estágios da Análise Científica # 4- uma hipótese pode, algumas vezes, ser incorreta. Isto significa que uma definição não é uma hipótese. O ponto é que, uma hipóteses é muito mais do que uma definição. Ela representa um padrão resposta – estímulo que pode ser verificado ou checado com relação a realidade e que existe uma possibilidade de que a mesma não seja verdadeira. 62 Os Estágios da Análise Científica Suposição simplificadora – é um meio pelo qual se pode simplificar um modelo sem sacrificar suas conclusões importantes. O objetivo de uma suposição simplificadora é eliminar do modelo detalhes excessivos para que suas características essenciais possam ser mais facilmente vizualizadas. As suposições simplificadoras são adotadas não porque sejam verdadeiras, mas porque facilitam o acompanhamento do modelo e não alteram nenhuma das conclusões importantes que podemos dele tirar. 63 Os Estágios da Análise Científica Suposição crítica – são aquelas que tem um efeito relevante sobre as conclusões do modelo. Por exemplo, quando estudamos o comportamento das firmas, uma das suposições criticas é que as firmas maximizam seus lucros. Na teoria do consumidor é que o indivíduo maximiza sua utilidade. 64 Os Estágios da Análise Científica 3 - Teste de hipóteses - uso de dados ou de experimentos para examinar, estatisticamente se a relação esperada entre as variáveis econômicas é verificada (sinal, significância estatística, valor dos parâmetros estimados); 4 - Avaliação dos resultados – se a relação esperada entre as variáveis econômicas é repetidamente observada, então a hipóteses é dita ser confirmada pelos dados ou não contradita. 65 Thomas Kuhn: Paradigmas O que é um paradigma? Pressupostos básicos sobre um objeto: os indivíduos são pessoas são racionais; Regras para a atividade científica: construção de modelos matemáticos; A mudança de um paradigma para outro é um processo racional ou mais parece uma conversão religiosa? 66 Imre Lakatos Desenvolveu a teoria de Kuhn Programas de pesquisa científica: Hard core (núcleo duro): pressupostos centrais num programa de pesquisa científico; Protective belt (cinturão protetor) : pressupostos que podem ser modificados para proteger o núcleo da teoria (core), e.g, pressupostos sobre a informação na economia. Heuristica: linhas sobre como progredir na ciência. Programas de pesquisa progressivo vs degenerativos: Avalia o desenvolvimento dos programas de pesquisa ao longo do tempo. 67 Positivismo Lógico Positivismo Lógico (Neoclassical Mainstream) Milton Friedman, The Methodology of Positive Economics, Essays in Positive Economics, 1953. Karl Popper, The Logic of Scientific Discovery, 1959. 68 Positivismo Lógico Assume que há dois tipos de proposições científicas: Empíricas: afirmações sobre o mundo que são, em princípio falseáveis; Analíticas: não nos dão informações sobre o mundo, são verdadeiras por definição. As explicações científicas tem uma estrutura de explicação que são testáveis. 69 A Metodologia da Economia Positiva Friedman (1953) Milton Friedman Prêmio Nobel - 1976 http://www.nobel.se/economics/laureates/1976/ 70 A metodologia da economia positiva Friedman (1953) a) Positiva – refere-se a um corpo de conhecimentos sistematizados referentes ao que é, sendo em principio, independente de todo o juízo de valor. Economia b) Normativa – refere-se ao corpo de conhecimento sistematizados que discute os critérios do que deveria ser. 71 A metodologia da economia positiva Friedman (1953) Busca compreender o comportamento sem fazer julgamentos. Positiva vs. Normativa Analisa os resultados, avalia se eles são bons ou ruins e pode sugerir um curso de ação, ou uma politica. 72 Friedman (1953) – Objetivo do Artigo O artigo trata dos problemas metodológicos que surgem na formação da economia positiva, em especial com relação ao problema de como decidir se uma hipótese ou uma teoria proposta deveria ser aceita a título experimental como parte do corpo de conhecimentos sistematizados referentes ao que é. 73 Friedman (1953) – A Economia Positiva e os Juízos de Valor Para Friedman (1953), a economia positiva é, em principio, independente de qualquer posição ética ou de qualquer juízo normativo. Se refere ao que é e não ao que deveria ser. 74 Friedman (1953) – A Função da Economia Positiva A função da economia positiva é a de fornecer um sistema de generalizações que possa ser utilizado para fazer predições corretas acerca das conseqüências de qualquer mudança das variáveis explicativas do modelo ou das circunstâncias. Seu funcionamento deve ser julgado por sua precisão, alcance e conformidade com as previsões fornecidas. 75 Friedman (1953) – A Função da Economia Positiva Positive economics is in principle independent of any particular ethical position or normative judgments... It deals with “what is”, not with outht to be to”. Its task is to provide a system of generalizations that can be used to make correct predictions about the consequences of any change in circumstances. Its preformance is to be judged by the precision, scope, and conformity with experience of the predictions it yields. In short, positive economics is, or can be, an objective science, in precisely the same sense as any of the physical science. 76 Friedman (1953) O Monismo Metodológico Para Friedman (1953), a economia positiva pode ser vista como uma ciência objetiva, no mesmo sentido que qualquer ciência física. 77 Friedman (1953) Relação entre a Economia Positiva e Normativa A economia positiva e a economia normativa não podem ser independentes, pois qualquer conclusão política se baseia necessariamente sobre uma predição acerca das conseqüências de fazer uma coisa em lugar de outra, deve estar baseada, implícita ou explicitamente na economia positiva. 78 Friedman (1953) O Objetivo de uma Ciência Positiva O objetivo de uma ciência positiva é o desenvolvimento de uma teoria ou uma hipótese que ofereça predições válidas e com sentido, isto é, que não tenha um caráter truísta acerca dos fenômenos observados. 79 Friedman (1953) O Objetivo de uma Ciência Positiva The ultimate goal of a positive science is to development of a “theory” or “hypothesis” that yields valid and meaningful (i.e, not truistic predictions about phenomena not yet observed. Such a theory is,in general, a complex intermixture of two elements. In part, it is a “language” designed to promote “systematic and organized methods of reasoning”. In part, it is a body of substantive essential features of complex reality. 80 Friedman (1953) Os Elementos de uma Teoria - uma linguagem idealizada para promover métodos para raciocinar de modo sistemático e organizado; - um corpo de hipóteses substantivas estruturadas para abstrair os traços fundamentais de uma realidade complexa. 81 Friedman (1953) A Importância das Evidências Empíricas Para Friedman (1953), a lógica formal dos modelos econômicos somente podem mostrar se uma teoria é consistente. Somente a evidência empírica pode demonstrar se as categorias do arquivo analíticos têm um equivalente empírico significativo, isto é, se são úteis para analisar uma determinada classe de problemas concretos. 82 Friedman (1953) O julgamento de uma teoria e as evidências empíricas Para Friedman (1953), uma teoria deve ser julgada por seu poder de predição a respeito das classes de fenômenos que procura explicar. Somente as evidências empíricas podem mostrar se é aceita como válida ou rechaçada. A única prova importante da validade de uma hipóteses é a comparação de suas predições com a experiência factual. 83 Friedman (1953) O julgamento de uma teoria e as evidências empíricas Viewed as a body of substative hypotheses, theory is to be judged by its preditive power for the class of phenomena which it is intended to “explain”. Only factual evidence can show whether it is “right” or “wrong” or, better, tentatively “acepted” as valid or rejected”. As I shall argue greater length below, the only relevant test of the validity of a hypothesis is comparison of its predictions with experience. The hypothesis is rejected if its predictions are contradicted(“frequently” or more often thna predictions from an alternative hypothesis); it is acepted if its predictions are not contradicted; great confidenceal attached to it if it has survived many opportunities for contradiction. Factual evidence can never prove a hypothesis; it can only fail to disprove it, which is what we generally mean when we say, somewhat inexactly, that hypothesis has been “confirmed” by experience. 84 Friedman (1953) O julgamento de uma teoria e as evidências empíricas A evidência empírica não pode nunca “provar “ uma hipótese; unicamente pode deixar de comprova-la. [cf. Karl Popper, 1972] – refutabilidade das teorias 85 Friedman (1953) & Popper O julgamento de uma teoria e as evidências empíricas Cheguei, assim, em fins de 1919, à conclusão de que a atitude científica era uma atitude crítica, em que não importam as verificações, mas as provas cruciais – provas que poderiam refutar a teoria em exame, conquanto jamais pudessem estabelecê-la ou prová-la. Karl Popper (1977, p. 45) - Autobiografia Intelectual 86 Popper: O Que é Uma Ciência? Confirmations should count only if they are ... risky ..., if, unenlightened by the theory ..., we should have expected an event which ... would have refuted the theory. Every 'good' scientific theory is a prohibition: it forbids certain things to happen... A theory which is not refutable by any conceivable event is non-scientific... Every genuine test of a theory is an attempt to falsify it, or to refute it... Confirming evidence should not count except when it is ... a serious but unsuccessful attempt to falsify the theory… Popper: O Que é Uma Ciência? O que confere um critério de cientificidade a uma teoria? … the criterion of the scientific status of a theory is its falsifiability... Friedman (1953) A Avaliação de Uma Teoria Uma teoria é mais simples quanto menor for o conhecimento inicial necessário para se fazer uma predição dentro de um determinado campo de fenômenos. Uma teoria é mais fecunda quanto mais precisas forem as predições que resultam, maior a área dentro da qual ele oferece predições e quanto mais linhas suplementares (insights) para posterior investigação ela sugerir. 89 Friedman (1953) A Avaliação de Uma Teoria A hypothesys is important if it “explain” much by little that is, if it abstract the commom and crucial elements from the mass of complex and detailed circunstances surrounding the phenomena to be explained and permits valid predictions on the basis of them alone. To be important, therefore, a hipothesis must be descriptively false in its assupntions; it takes account of, and accounts for none of the many other attendant circunstances, since it is vey success shows them to be irrelevant for the phenomena to be explained. 90 Friedman (1953) A Função da Teoria Econômica A teoria econômica deve ser algo mais do que uma estrutura de tautologias, ela deve ser capaz de fazer e gerar previsões e não apenas descrever as conseqüências da ação. 91 Friedman (1953) As Hipóteses na Teoria Econômica Em geral, quanto mais significativa for uma teoria, menos realistas serão seus pressupostos, pois uma hipótese é importante se explica muito através de pouco, isto é, se abstrai os elementos comuns e cruciais de massa de circunstâncias complexas e detalhadas que rodeiam o fenômeno que há de se explicar e permite predições válidas sobre ele. Para ser importante, por conseguinte, uma hipóteses dever ser descritivamente falsa em seus pressupostos. 92 Friedman (1953) & Popper As hipóteses na teoria econômica e as evidências empíricas A evidência em favor de uma hipóteses consiste sempre em seu repetido triunfo ante as possibilidades de contradição (falseabilidade na linguagem de Popper (1972)). 93 Friedman (1953) & Popper (1972) As hipóteses na teoria econômica e as evidências empíricas Na medida em que a teoria resista a provas pormenorizadas e severas e não seja suplantada por outra, no curso do progresso científico, poderemos dizer que ela “comprovou sua qualidade” ou que foi “corroborada” pela experiência passada. [K. Popper (1973, p.34)] 94 Popper (1972, p.42) A Falseabilidade das Teorias ... Só reconhecerei um sistema como empírico ou científico se ele for passível de comprovação pela experiência. Essas considerações sugerem que deve ser tomado com critério de demarcação a não verificabilidade, mas a falseabilidade de um sistema. Em outras palavras, não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser dado como válido, de uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se torne possível de valida-lo através de recurso a provas empíricas, em sentido negativo: deve ser possível de refutar, pela experiência, um sistema científico empírico. 95 Popper (1972, p.50) A Falseabilidade das Teorias ... Quero apenas que todo enunciado científico se mostre capaz de ser submetido a teste. Em outras palavras, recuso-me a aceitar a concepção de que, em ciência, existam enunciados que devamos resignadamente aceitar como verdadeiros, simplesmente pela circunstância de não parecer possível, devido as razões lógicas, submete-los a teste. 96 Popper (1977, p.47) A Cientificidade de um Enunciado Tornou-se claro, para mim, que a cientificidade de um enunciado ou de uma teoria estava em sua capacidade de eliminar ou de excluir a ocorrência de alguns acontecimentos possíveis – de proibir ou impedir a ocorrência desses eventos: quanto mais uma teoria proíbe, mais ela diz. Karl Popper (1977, p. 47) – Autobiografia Intelectual 97 Friedman (1953) As Hipóteses na Teoria Econômica Uma teoria não pode ser avaliada comparandose diretamente seus pressupostos com a realidade. O realismo completo é claramente inalcançável. 98 Friedman (1953) As hipóteses na teoria econômica … it is not the realism of the assumptions of a model that make it acceptable, but its ability to yield good forecasts for policy-making. 99 The Methodology of positive economics (1953) The ultimate goal of a positive science is the development of a “theory” or “hypothesis” that yields valid and meaningful predictions about phenomena not yet observed … Milton Friedman Factual evidence can never “prove” a hypothesis; it can only fail to disprove it, which is what we generally mean when we say, somewhat inexactly, that the hypothesis has been “confirmed” by experience … … the relevant question to ask about the “assumptions” of a theory is not whether they are descriptively “realistic,” for they never are, but whether they are sufficiently good approximations for the purpose in hand. And this question can be answered only by seeing whether the theory works, 100 Which means whether it yields sufficiently accurate predictions. A model is a powerful device for organising our thoughts; it is not literally true; indeed it derives its power from the very fact that it is not literally true…. Edward Leamer, 1992, "Testing Trade Theory" National Bureau of Economic Research Working Paper 3957) The Methodology of positive economics (1953) Economics as a positive science is a body of tentatively accepted generalizations about economic phenomena that can be used to predict the consequences of changes in circumstances. Milton Friedman Progress in positive economics will require not only the testing and elaboration of existing hypothesis but also the constructions of new hypothesis. 102 Metodologia Econômica The propositions of economic theory, like all scientific theory, are obviously deductions from a series of postulates … These are not postulates the existence of whose counterpart in reality admits of extensive dispute once their nature is fully realized. We do not need controlled experiments to establish their validity: they are so much the stuff of our everyday experience that they have only to be stated to be recognized as obvious. An Essay on the Nature and Significance of Economic Science (1935) Lionel Robbins 103 A abordagem funcionalista de Ronald Coase (1981) The view that the worth of a theory is to be judged solely by the extent and accuracy of its predictions seems to me wrong ... a theory is not like an airline or bus timetable We are not interested simply in the accuracy of its predictions. A theory also serves as a base for thinking. It helps us to understand what is going on by enabling us to organize our thoughts. Faced with a choice between a theory which predicts well but gives us little insight into how the system works and one which gives us this insight but predicts badly, I would choose the latter, and I am inclined to think that most economists would do the same. Ronald Coase How Should Economists Choose? (1981) 104 Leituras Complementares Friedman, Milton. (1953). The Methodology of Positive Economics. In: Essays in Positive Economics. Popper, K. (1972). A Lógica da Pesquisa Científica. Culturix. Kuhn, T. A (1962) . Estrutura das Revoluções Científicas. Perspectiva. Chiang, A . (1982). Matemática para Economistas. Editora McGraw-Hill (cap,2) 105 Leituras Complementares MELLO, V.R. (1990). O Realismo dos Pressupostos em Economia. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas. BLAUG, M. (1993). Metodologia da Economia. São Paulo, Edusp. 106 Leituras Complementares John Stuart Mill, “On the definition and method of political economy” (1836) Lionel Robbins, “The nature and significance of economic science” (1935) James Buchanan, “What should economists do?” (1964) Ronald Coase, “How should economists choose?” (1994) 107 Sobre Friedman http://www.richmondfed.org/publications/economic_research/economic _quarterly/pdfs/winter2007/hetzel.pdf 108 Sites na Internet http://cepa.newschool.edu/het/essays/method.htm http://webpages.shepherd.edu/maustin/kuhn/kuhn.htm http://carbon.cudenver.edu/stc-link/bkrvs/kuhn/overview.htm http://www.des.emory.edu/mfp/Kuhn.html http://en.wikipedia.org/wiki/Essays_in_Positive_Economics 109 Sites Sobre Karl Popper na Internet Karl Popper Web: www.eeng.dcu.ie/~tkpw/ Popper Biography, etc.: www.eeng.dcu.ie/intro-popper/intro_popper.html Stanford Encyclopedia entry: www.plato.stanford.edu/entries/popper/ 110 Fim NOTAS DE AULA - ERH PROF. GIÁCOMO BALBINOTTO NETO UFRGS