CADERNOS TÉCNICOS • Marketing AIMinho Associação Industrial do Minho ÍNDICE 2 1. Como entender o marketing 1.1. Introdução .................................................................................................................3 1.2. Conceito de Venda versus Conceito de Marketing....................................................4 1.3. O Marketing Total ou Marketing com Cidadania.....................................................5 1.4. As funções do Marketing..........................................................................................5 1.5. Desafios e tendências do Marketing para o novo milénio ......................................6 2. O Mercado 2.1. O que é um Mercado? ..............................................................................................7 2.2. A estrutura dos Mercados........................................................................................7 2.3. O ciclo de vida de um Mercado ...............................................................................8 2.4. Factores de evolução dos Mercados........................................................................8 2.5. Estudo da concorrência ............................................................................................8 2.6. Comportamentos e atitudes dos Consumidores ....................................................9 3. Segmentação do Mercado 3.1. Caracterizar o Mercado.............................................................................................11 3.2. Caracterização dos Clientes .....................................................................................12 4. Método de previsão 4.1. Ópticas de previsão em marketing ..........................................................................14 4.2. Métodos qualitativos ou subjectivos de previsão...................................................14 4.3. Métodos estatísticos de extrapolação de tendências..............................................15 4.4. Modelos explicativos................................................................................................15 5. Políticas de Produto 5.1. Gestão da Carteira de Produtos................................................................................17 5.2. Gestão de um produto .............................................................................................18 5.3.bnzd,fbnd.fbn jfbnzfkj20 1. Como entender o Marketing 1.1. Introdução tal forma, que os produtos ou os serviços oferecidos, sejam tão adequados ao seu preenchimento que se vendam por si próprios”. Ainda há quem pense que marketing é fazer publicidade e vender. Actualmente é preciso entender que o marketing não trata apenas de como fazer vendas. O marketing representa uma filosofia de gestão na medida em que inclui objectivos, conceitos, técnicas e programas de actuação, com impacte em todas as áreas da empresa e condiciona o comportamento dos indivíduos que integram uma organização. Em termos gerais pode dizer-se que o marketing se orienta no sentido de satisfazer necessidades dos consumidores. O acto de venda ocorre apenas quando o produto já foi produzido. O marketing começa muito antes da empresa ter o produto apto a ser vendido. O marketing corresponde ao “trabalho de casa” e compreende a recolha, compreensão e acesso às necessidades dos consumidores, mede a sua extensão e intensidade e determina se existe ou não uma oportunidade rentável de negócio para a empresa. E o Marketing continua, ao longo de toda a vida de um produto, tentando encontrar novos consumidores e manter os actuais, através da melhoria da apresentação e da performance dos produtos e serviços associados, aprendendo com os resultados obtidos das vendas e gerindo os atributos responsáveis pela performance. Se for efectuado um bom trabalho de identificação das necessidades do consumidor, se forem concebidos produtos de modo a preencher os valores superiores do consumidor e a sua promoção e distribuição forem executadas com eficácia, esses produtos serão facilmente vendidos. Philip Kotler define marketing “como um processo social e de gestão pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, através da criação e troca recíproca de produtos e valores”. O ciclo do marketing desenvolve-se de acordo com a figura 1, onde se identificam quatro estágios característicos deste processo. figura 1 1 - necessidades desejos e ordens 2 - produtos conceito de marketing 4 - mercado relação de troca transacção 3 - valor, satisfação e qualidade NECESSIDADES, DESEJOS E ORDENS As necessidades resultam de um sentimento de privação física, social ou individual. Quando uma necessidade não é satisfeita qualquer pessoa tenderá a fazer uma de duas coisas – ou procura um objecto que a satisfaça ou tenta reduzir a necessidade. Os desejos são a forma como são assumidas as necessidades humanas através da cultura e da personalidade individual. Quanto maior for a exposição das pessoas a mais solicitações, maior é a amplitude do seu interesse e desejo por novas experiências. As pessoas têm um limitado número de necessidades, mas um volume ilimitado de desejos. A sua satisfação é condicionada pela disponibilidade de recursos financeiros procurando escolher os produtos que lhes permitam obter a maior satisfação possível, para o dinheiro de que dispõem. Quando sentem que têm a capacidade para pagar, os consumidores adquirem poder e os seus desejos transformam-se em ordens, na procura da sua satisfação. Os produtos são então vistos como um conjunto de atributos e benefícios e o consumidor procura escolher o que melhor preencha os seus desejos e lhe dê maior satisfação global, face à sua capacidade financeira. PRODUTOS Um produto é qualquer coisa que pode ser colocada no mercado para satisfazer necessidades ou desejos. O conceito de produto não é limitado a objectos físicos ou mesmo aos serviços oferecidos juntamente com a venda de produtos tangíveis. Uma taxa de remuneração de um depósito bancário, um espectáculo de futebol, ou um determinado museu, são produtos, do mesmo modo que um computador ou um carro. Muitos vendedores cometem o erro de atribuírem mais importância aos produtos físicos que oferecem, do que aos atributos e benefícios oferecidos por esses produtos. Identificam-se mais a vender um determinado produto do que a oferecer a solução para uma necessidade ou um desejo. A importância dos produtos físicos e intangíveis é ligada não tanto à sua posse, mas aos benefícios que podem ser retirados dos seus atributos e à satisfação que provoca. Um produto físico é apenas um meio, um veículo para satisfazer ou resolver uma necessidade ou um desejo. 3 caderno técnico · Marketing Segundo Peter Drucker o objectivo do marketing é “conhecer e compreender as necessidades dos consumidores de VALOR, SATISFAÇÃO E QUALIDADE caderno técnico · Marketing 4 Os consumidores são, normalmente, colocados perante uma enorme gama de produtos e serviços que podem satisfazer as suas necessidades. O seu processo de escolha baseia-se sobretudo na percepção que têm do valor dos vários produtos e serviços disponibilizados. O conceito de valor para o cliente representa a diferença entre a apreciação e importância que o cliente atribui à posse e utilização de um produto e o encargo que resulta da sua aquisição. Quanto maior for esta diferença maior é a probabilidade do consumidor comprar. Os consumidores nem sempre julgam o valor e o custo de um produto com rigor e objectividade. Actuam sobretudo com base na percepção do valor. O cliente tem uma percepção de um Audi ou de um BMW como carros possuidores de uma performance superior e por isso estão disponíveis e preparados para pagar um preço mais elevado do que o seu custo. A satisfação do consumidor depende da percepção do valor e da performance do produto disponibilizado em relação às expectativas que interiorizou para a compra. Se a performance se manifestar inferior às suas expectativas o cliente fica insatisfeito. Se, pelo contrário, a performance se ajusta às expectativas ou as supera, o cliente fica satisfeito. A satisfação dos clientes está também muito ligada com a qualidade percepcionada. Em sentido restrito qualidade está relacionada com a ausência de defeitos. Numa empresa orientada para o cliente, a qualidade é vista numa perspectiva de satisfação dos seus clientes. Uma empresa focada nos clientes, apenas considera que atingiu a qualidade quando os seus produtos e serviços foram ao encontro ou excederam as expectativas dos seus clientes. O objectivo actual da qualidade é atingir a satisfação total dos seus clientes. A qualidade começa com as necessidades dos clientes e termina com a sua satisfação consistente, visando a sua fidelização. Hoje, o comportamento dos consumidores projecta-se para além dos aspectos puramente económicos no julgamento de valor e no processo de escolha. Empresas experientes atribuem grande importância à percepção, não só da satisfação através do produto, mas também do local onde os seus clientes querem comprar e não onde a empresa quer vender. MERCADO, RELAÇÃO DE TROCA, TRANSACÇÃO Marketing existe sempre que as pessoas decidem satisfazer as suas necessidades e desejos através de uma troca, sendo esta o acto de obter o objecto desejado por alguém oferecendo alguma coisa como contrapartida. O marketing, obviamente, ocupa-se com as trocas, o que exige o cumprimento de quatro condições de base – existirem pelo menos duas partes interessadas na troca, cada parte ter alguma coisa para oferecer à outra, existir a possibilidade de comunicação entre as partes e liberdade para se aceitarem ou não as ofertas. Enquanto que a troca é o núcleo duro da missão do marketing, a transacção é a sua unidade de medida. A transacção consiste na negociação ou comercialização de valores entre duas partes. Nem todas as transacções têm uma base de troca monetária. É possível fazer troca de produtos ou, em sentido lato, procurar uma resposta do mercado para uma oferta que não envolva contrapartidas financeiras directas. Por exemplo, um candidato político pretende uma resposta chamada voto à oferta do seu programa eleitoral. O marketing consiste numa acção orientada para a obtenção da resposta desejada de um público-alvo para produtos, serviços ou ideias que se pretendem oferecer. A transacção deve ser parte de uma relação alargada com o consumidor que deve persistir para além da acção de curto prazo traduzida pelo acto de venda. Um dos objectivos do marketing deve ser tentar construir uma relação de longo prazo com clientes, fornecedores, distribuidores e representantes. Deve procurar sedimentar laços económicos e sociais fortes, baseados na expectativa de fornecer produtos de alta qualidade e bons serviços a preços justos. O conceito de troca e relacionamento conduz ao conceito de mercado. Um mercado compreende um grupo de actuais ou potenciais consumidores que partilham uma necessidade ou um desejo particular, que pode ser satisfeito através de troca e relacionamento com fornecedores. A dimensão do mercado depende do número de pessoas que evidencia essa necessidade, tem recursos para assumir a troca e está disposto a oferecer esses recursos como contrapartida do que deseja. Originalmente, a noção de mercado assentava num lugar onde compradores e vendedores se juntavam para trocar os seus produtos. Os economistas usam o mesmo termo para se referirem a conjuntos de compradores e vendedores que transaccionam uma classe particular de produtos, por exemplo o mercado de cereais ou de metais. Numa visão marketing os vendedores são apresentados como uma indústria e os compradores como constituindo o mercado. 1.2. Conceito de Venda versus Conceito de Marketing Os conceitos de venda e de marketing, como já foi referido, são muitas vezes confundidos. Todavia as diferenças são significativas. O conceito de venda assume uma perspectiva de olhar para o mercado de dentro da empresa para fora. Começa com a fábrica, focaliza-se sobre os produtos existentes e faz recurso da força de vendas e da promoção para a obtenção de proveitos. Orienta-se sobre a conquista do clientes e para a obtenção de vendas a curto prazo com pouca preocupação sobre quem compra e porquê. Em contraste, o conceito de marketing assume uma perspectiva necessidades e os desejos individuais, procurando sempre o melhor para os consumidores e para a sociedade, numa perspectiva de longo prazo. De acordo com este novo conceito, o marketing procura gerir os possíveis conflitos entre os desejos dos consumidores a curto prazo com o seu bem-estar a médio e longo prazo e desenvolver nas empresas princípios de responsabilidade social e de ética na abordagem do mercado. Como se procura identificar na figura, este novo conceito de marketing procura balancear três vectores como suporte à definição das políticas de marketing: • O proveito das empresas • Os desejos dos consumidores • O interesse da sociedade sociedade (bem-estar das pessoas) conceito de marketing total consumidores (satisfação dos seus desejos) empresas (proveitos) 1.4. As funções do Marketing As funções de gestão na área de marketing podem agrupar-se em três grandes grupos: FUNÇÕES ESTRATÉGICAS 1.3. O Marketing Total ou Marketing com Cidadania O marketing total ou marketing com cidadania é o mais recente conceito de marketing e defende que compete à organização determinar as necessidades, desejos e interesses a preencher no mercado alvo identificado. A organização deve oferecer a desejada satisfação com maior eficiência e eficácia do que os seus concorrentes para ser competitiva e garantir a fidelização mas, em simultâneo, deve ser orientada para melhorar o bem-estar dos seus clientes e da sociedade em geral, partilhando uma postura de cidadania. O conceito de marketing total ou de cidadania orienta a empresa para praticar um marketing adequado aos problemas ambientais actuais, para a escassez de recursos, para as questões que se colocam à economia global e para os problemas relacionados com a negligência social. Posiciona-se para satisfazer as Inclui a definição dos componentes da estratégia de marketing e dos mecanismos de gestão que assegurem que o planeamento de marketing e a implementação das acções de marketing sejam coerentes com a estratégia definida para a empresa. FUNÇÕES OPERACIONAIS As principais actividades operacionais de marketing são as seguintes: Gestão dos produtos e serviços que constituem a oferta da empresa o que compreende a concepção, teste e lançamento de produtos, o acompanhamento do comportamento dos produtos no mercado e a gestão dos stocks necessários ao abastecimento do mercado; Gestão de Mercados, Vendas e Distribuição que inclui normalmente a gestão da relação da empresa com os clientes e canais de distribuição, a gestão do processo de encomendas, a 5 caderno técnico · Marketing de fora para dentro da empresa. Começa com uma segmentação rigorosa do mercado, focaliza-se sobre as necessidades dos clientes, coordena todas as actividades de marketing que afectem os clientes e procura obter proveitos através da criação de relações de longo prazo com os clientes, baseadas no valor para o cliente e na sua satisfação. A focalização sobre os clientes e sobre o valor para o cliente é o caminho para vender e ter resultados. Gerir na óptica do marketing consiste portanto em partir das características e necessidades do mercado modelado pelas forças externas do contexto (demográficas, políticas, tecnológicas, económicas, sociais e culturais), e pelas forças externas do sector de actividade (fornecedores, produtos substitutos, concorrentes actuais e futuros), que nele actuam, para fixar objectivos e conceber estratégias e programas de actuação. Isto para que a empresa responda às pressões do contexto mais próximo, nomeadamente a pressão e o jogo de poder que os fornecedores, os concorrentes e os produtos e serviços substitutos exercem sobre a empresa e o mercado, de modo a que possa satisfazer as necessidades dos consumidores e atingir os seus objectivos, desenvolvendo uma aproximação mais geral e com maiores probabilidades de êxito a longo prazo do que a óptica de vendas, que ainda hoje prevalece em muitas empresas. São necessários muitos anos para se mudar uma estratégia orientada pelas vendas para uma estratégia orientada pelo marketing. O alvo é construir a satisfação dos clientes a partir do interior da empresa como foi afirmado. Contudo, criar um conceito de marketing não significa que uma empresa deva dar aos consumidores tudo o que desejam, nem maximizar a sua satisfação. Significa procurar satisfazer as necessidades dos consumidores de uma forma rentável para a empresa. O marketing deve procurar fazer sempre um balanço delicado entre a criação de mais valor para os clientes e a procura de resultados e proveitos para a empresa. caderno técnico · Marketing 6 logística de distribuição e o serviço ao cliente; Comunicação responsável pela política geral de comunicação e por actividades como a publicidade e relacionamento com as agências especializadas, relações públicas, controlo e execução de campanhas de promoção da marca, da imagem corporativa da empresa e dos produtos e o marketing directo; e Pricing que trata da fixação das condições comerciais a praticar no mercado para a transacção dos produtos e serviços. Este conjunto de actividades operacionais: produto, comunicação, distribuição e preço, é designado por marketing-mix. FUNÇÕES DE SUPORTE Inclui os Estudos de Mercado e o Sistema de Informação de Marketing vocacionado para a identificação e medição das necessidades e comportamentos dos mercados, dos clientes e da concorrência, para a realização de previsões de vendas e testes de mercado e para a análise de tendências económicas e sociais. Engloba ainda o Controle e Planeamento de Marketing orientado para proporcionar o acompanhamento e avaliação do desempenho de marketing da empresa face aos objectivos definidos, nomeadamente para o controlo dos planos de marketing e para o apuramento e análise de desvios. 1.5. Desafios e tendências do Marketing para o novo milénio A mudança para o novo milénio irá provocar mudanças dramáticas na área do marketing. Tal como Peter Drucker observa “a fórmula aplicada com sucesso por uma empresa na última década, será provavelmente inaplicável na próxima década”. O processo de mudança a que se assiste significa que a aptidão para a mudança irá tornar-se numa vantagem competitiva para as empresas que a cultivarem. O maior desenvolvimento do marketing na entrada para este novo milénio pode ser resumido por duas simples palavras: conectividade e rede. Actualmente, todos estamos ligados em rede uns com os outros no mundo que nos rodeia para a obtenção de coisas que estão perto ou longe de nós. O processo de ligação assume formas diferentes e utiliza diversos tipos de suportes. As tecnologias de ligação em rede e de comunicação estão a provocar mudanças profundas nas estratégias, técnicas, práticas de marketing e na redefinição das formas como se comunica com o mercado, com os clientes, partners e com todo o mundo que nos envolve. O boom tecnológico veio criar novas capacidades de intervenção, que permitem: • Identificar os gostos e as pistas relacionadas com os padrões de consumo dos clientes, através da utilização de potentes bases de dados, que possibilitam a criação de novos produtos e serviços, totalmente costumizados para satisfazer as suas necessidades individuais; • Distribuir produtos com maior eficiência e eficácia; • Comunicar com os consumidores organizados em grupos alargados ou individualmente, permitindo a adopção de estratégias do tipo glocal com uma implantação global e uma actuação totalmente orientada para os mercados alvo, oferecendo produtos e serviços adaptados às suas necessidades e desejos específicos; • E por fim, através do comércio electrónico, dotar o consumidor com a capacidade para especificar, encomendar, pagar e receber os produtos que deseja em menos de 24 horas. Compete às empresas de sucesso posicionarem-se para poderem transformar em vantagens competitivas as potencialidades oferecidas pelo desenvolvimento tecnológico, criando serviços, produtos, modelos de comunicação e de ligação com os seus stakeholders, adaptados às novas realidades tecnológicas e às novas exigências dos consumidores. As principais mudanças, que podem ser equacionadas com a entrada deste novo século, poderão ser sintetizadas em sete tendências principais: 1.Marketing de Relacionamento* 2.Ênfase na satisfação dos clientes e na sua fidelização 3. Internacionalização e aumento da carteira de clientes 4. Base de dados de Marketing 5. Automação do processo de vendas 6. Desenvolvimento do conceito de marca própria e maior aproximação do retalho. 7. Comunicação Integrada de Marketing * Abandono do marketing de venda. Maior contacto com o consumidor, na procura de o integrar cada vez mais na organização, estreitar laços, saber mais sobre sua vida, costumes e particularidades, para poder continuar a oferecer produtos e serviços de qualidade e que estejam direccionados para a satisfação dos seus desejos e necessidades. 2. O Mercado A palavra mercado pode ser utilizada em dois sentidos diferentes, embora complementares. Em sentido restrito, significa “a importância, a estrutura e as tendências da evolução das vendas de um produto ou de um serviço”. Neste sentido torna-se necessário ter em devida conta quatro aspectos fundamentais: uma definição clara do produto ou serviço em referência; a escolha da unidade de medida (volume, valor, parque instalado ou vendas); a segmentação escolhida (segmentos de consumidores, segmentos por produto, mercado alvo); e a estrutura das vendas (critérios de vendas por produto, área geográfica, natureza da compra, produtor e marca). Em sentido lato designa “o conjunto dos públicos susceptíveis de exercer influência sobre as vendas de um produto”, ou de forma mais ampla, sobre as actividades de uma organização. Estes públicos podem ser indivíduos, empresas ou organizações em geral e compreendem respectivamente os clientes finais, actuais ou potenciais (compradores, consumidores e utilizadores), os prescritores ou facilitadores e os distribuidores. O conjunto integrado dos públicos, formado pelos clientes finais, prescritores, distribuidores, produtores e da envolvente, representa o conceito de sistema mercado. os eleitores, os doadores potenciais, etc. Na maior parte dos casos os consumidores/utilizadores e os compradores de um produto, confundem-se, todavia, muitas vezes, estas duas categorias não se sobrepõem e sempre que isto acontece é necessário recolher informações de cada uma das categorias. OS PRESCRITORES Entende-se por prescritor a pessoa que determina, de uma forma indiscutível, o produto ou o serviço ao qual o comprador tem de se submeter, ou que exerce uma função de aconselhamento ou recomendação influenciando a sua compra. Cabe neste conceito o líder de opinião que corresponde a toda e qualquer pessoa que exerce influência sobre um grupo de indivíduos. Distinguem-se os líderes de opinião de facto, pessoas que exercem pela sua experiência, por um dom particular, ou pela sua autoridade natural, uma determinada influência sobre aqueles que as rodeiam, dos líderes de opinião no exercício da sua profissão como sejam os jornalistas, os professores, ou os políticos. Estes últimos são evidentemente muito mais fáceis de identificar como alvos de marketing que os referidos em primeiro lugar. OS DISTRIBUIDORES figura 2 o sistema mercado envolvente institucional envolvente tecnológica produtores prescritores distribuidores Entre os produtores e os consumidores, encontram-se os canais de distribuição, compostos por diversos agentes nomeadamente: grossistas, centrais de compras, retalhistas, etc. Os distribuidores quase nunca são intermediários passivos. Exercem em geral uma grande influência sobre os consumidores, quer por escolha própria dos produtos/marcas que vendem, quer pelos critérios de merchandising e promoção, quer ainda pelo papel de conselheiros que desempenham por vezes junto dos compradores. 2.2. A estrutura dos Mercados consumidor comprador utilizador envolvente cultural envolvente demográfica, económica e social COMPRADORES, CONSUMIDORES E UTILIZADORES A natureza e as características deste público variam por sector de actividade. Para os produtos e serviços de grande consumo os clientes finais são geralmente consumidores individuais ou famílias, para os produtos e serviços industriais os clientes finais são empresas ou organizações, para as organizações institucionais, poderes públicos, administração pública, partidos políticos, causas sociais, etc., os clientes finais são representados pelos cidadãos, Diz-se que um determinado mercado é aberto quando não está estruturado. Um mercado está estruturado quando os concorrentes têm posições consolidadas. Neste caso é difícil entrar nestes mercados, por força das múltiplas barreiras de natureza comercial, tecnológica e financeira existentes. A noção de custo ou preço de entrada exprime o esforço financeiro necessário para entrar em determinado mercado. A componente marketing de custo de entrada corresponde principalmente às despesas de implantação na distribuição e de comunicação. Quanto mais importantes são as despesas de comunicação em determinado mercado, mais elevado é o custo de entrada em publicidade, para que a marca tenha uma share of voice significativa. Um mercado diz-se fragmentado ou atomizado quando numerosas marcas partilham esse mercado, tendo cada uma delas uma parcela modesta desse mercado. 7 caderno técnico · Marketing 2.1. O que é um Mercado? caderno técnico · Marketing 8 Por sua vez um mercado é concentrado quando, pelo contrário, está largamente dominado por um pequeníssimo número de marcas, ou até uma só marca. Como exemplo aparece o mercado de canais televisivos: liderado pela TVI e pela SIC. Um mercado como o dos detergentes é oligopolístico (Procter & Gamble, Lever, Henkel) mas é fragmentado num grande número de marcas concorrentes. 2.3. O ciclo de vida de um Mercado Um produto, uma marca ou um mercado têm um ciclo de vida que compreende quatro fases – lançamento, desenvolvimento, maturidade e declínio. Os ciclos de vida de um produto e do seu mercado não se confundem. A maturidade de um mercado reconhece-se por um, ou vários, dos seguintes sintomas: saturação das necessidades dos consumidores, perda de elasticidade da procura, excesso de capacidade de produção, aparecimento de produtos de substituição, maturidade tecnológica ou sofisticação dos consumidores. Um mercado maduro não é um mercado estabilizado. A maturidade pode ser crescente, estável ou decrescente. As empresas esforçam-se para relançar a procura nos mercados maduros, através de acções de marketing diversas: investimentos publicitários e promocionais, inovações marginais nas fórmulas dos produtos, melhoria da embalagem ou alteração dos métodos de distribuição. 2.4. Factores de evolução dos Mercados Um mercado é um sistema que evolui no tempo sob o efeito de variáveis de curto, médio e longo prazo. De entre os factores que condicionam a evolução dos mercados a curto e médio prazo, podemos destacar a conjuntura económica e social, as variações sazonais e as modas. Em relação aos factores de evolução a longo prazo encontram-se o tempo, os efeitos da oferta e os efeitos do meio envolvente. 2.5. Estudo da concorrência Em sentido lato considera-se concorrente de um produto, outro qualquer produto com o qual o consumidor possa substituir o primeiro, total ou parcialmente. Esta concorrência pode ser genérica, inter-produto ou inter-segmento. Esta identificação deve ser sempre feita numa postura prospectiva pelo que é importante identificar os concorrentes ainda «emboscados» e calcular o seu potencial de crescimento. Assim, é necessário identificar os concorrentes (actuais ou novos) e situar os concorrentes no espaço concorrencial. A análise dos concorrentes mais importantes deve considerar três vectores: a análise do poder, experiência e dinamismo de cada concorrente; a estratégia de cada concorrente e a capacidade de reacção dos concorrentes. O acompanhamento sistemático da concorrência deve conduzir à criação de um observatório interno permanente para recolher, tratar e difundir as informações sobre a concorrência e, de uma forma geral, sobre a evolução dos mercados, das inovações tecnológicas e dos factores de ambiente, que possam influenciar significativamente a procura e as próprias condições de concorrência. Vigiar a concorrência é observar e comparar, através da recolha de informação, permitindo antecipar o melhor possível a sua evolução. 2.5.1. Sistema de informação marketing As informações recolhidas para acompanhamento da concorrência devem ser divididas em informações de carácter táctico e estratégico e recaem sobre tipos de informação como factos e dados objectivos, informações e conselhos de especialistas, distribuidores e fornecedores, rumores, informações informais ou boatos e saber/conhecimento. As fontes de informação podem ser abertas ou fechadas, ou seja, podem estar acessíveis a todos ou compreender informação específica ou exclusiva, resultante por exemplo do Marketing intelligence, actividade que é praticada por grandes grupos a nível mundial, especialmente no que respeita à oferta. Numerosos países têm secções económicas nos seus serviços de informação que trabalham para a indústria. As fontes podem ainda ter origem interna ou externa parecendo natural e lógico começar por explorar as fontes internas, envolvendo toda a empresa: vendedores, compradores, motoristas distribuidores, etc. 2.5.2. Análise e medida da posição concorrencial A avaliação da posição concorrencial ultrapassa a análise de marketing em sentido restrito porque para além da posição das marcas no mercado, da sua imagem e da sua implantação comercial, devem considerar-se as competências técnicas, a rentabilidade e a força financeira dos principais concorrentes. Deverá avaliar-se o peso relativo destes diferentes critérios, conforme a natureza dos factores de sucesso na actividade considerada e obter uma informação final ponderada medindo a posição concorrencial das marcas estudadas. O indicador mais utilizado para situar a posição concorrencial de um produto, de uma marca ou de uma empresa é a quota de mercado. Mercado de um produto, de uma marca, ou de uma empresa Mercado global A Quota de Mercado Relativa, em volume ou em valor, é obtida confrontando a quota de mercado de um produto ou de uma marca com a do líder. A quota de mercado relativa é um indicador da estrutura concorrencial de um mercado e da distância que separa uma dada empresa ou marca da líder que exprime a força da liderança. 2.6. Comportamentos e atitudes dos Consumidores 2.6.1 Principais informações a recolher sobre os Consumidores Os estudos de mercado têm por objectivo resolver problemas de marketing e fundamentar a tomada de decisões, pelo que o número e a natureza das informações a recolher dependem inteiramente do problema a resolver. Uma das tarefas essenciais dos responsáveis de marketing consiste em identificar as informações que lhes são necessárias para preparar as suas decisões e realizar os estudos adequados. As informações descritivas de um público podem ser classificadas em quatro grandes categorias: características externas dos consumidores, comportamentos efectivos, atitudes e processos de decisão de compra. CARACTERÍSTICAS EXTERNAS DOS CONSUMIDORES O conhecimento dos consumidores deve começar pela recolha de informações de base sobre as suas características externas, ou seja, número e localização geográfica; distribuição em função de critérios como o sexo, a idade, o nível de instrução, a actividade profissional, etc., ou quando se trata de empresas, sector de actividade, dimensão, forma jurídica, etc. COMPORTAMENTOS EFECTIVOS (de consumo, de compra e de utilização dos média) A segunda grande categoria de informações descritivas de um público refere-se aos comportamentos efectivos dos seus membros. Alguns dos comportamentos efectivos mais frequentemente estudados são os comportamentos de consumo ou utilização (quem consome, onde consome, quando consome, o que consome, para que utilizações, como e quanto se consome), os hábitos e procedimentos de compra (quem compra, quem prescreve, quando se compra, como se compra e quem participa no processo de decisão de compra), e o comportamento de recolha de informação (quais as fontes de informação utilizadas, quais os hábitos de leitura de imprensa, quais os hábitos de escuta de rádio e televisão, quais os hábitos de frequência de exposições, salões e congressos profissionais). ATITUDES O conceito de atitude é complexo. Na prática do marketing designa-se geralmente pelo termo «atitudes» relativas a um produto, uma marca, uma empresa, um político, etc. aos conhecimentos, crenças, opiniões e sentimentos de um indivíduo em relação a esse produto, marca, empresa, ou político. As atitudes distinguem-se quanto ao seu carácter, revelando dois estádios de atitudes distintos: atitudes cognitivas identificadas como a imagem do alvo. As principais atitudes «cognitivas» de um indivíduo em relação a um produto ou uma marca são o conhecimento que ele tem da sua existência, a notoriedade e o conjunto de traços que ele lhe atribui; e atitudes afectivas ou avaliadoras (julgamento global, preferência, satisfação), sendo que este estádio das atitudes revela os julgamentos ou apreciações sobre o alvo. OS PROCESSOS DE DECISÃO DE COMPRA Sempre que se deseja vender um determinado produto ou serviço a uma clientela potencial é necessário recolher informação sobre cinco aspectos principais do comportamento de compra as motivações de compra de consumidores, os seus critérios de escolha entre marcas, o grau de implicação relativamente ao produto, o grau de premeditação da compra, e as fontes de informação e de conselho às quais recorrem os consumidores. 2.6.2. A recolha de informação MÉTODO DAS SONDAGENS Quando a recolha da informação é feita sobre uma população muito restrita, é possível proceder a um levantamento por inquérito exaustivo da informação que caracteriza os comportamentos dos consumidores, mas quando a dimensão do alvo é grande tem de se recorrer ao método das sondagens. Este tipo de acção comporta três decisões principais: • A definição da unidade de sondagem – pode ser o indivíduo (informações relativas ao comportamento dos fumadores), a família (consumo dos produtos de lazer) ou as empresas industriais e comerciais (mercado business to business);. • A dimensão da amostra; • O método de amostragem ou de escolha dos indivíduos que farão parte da amostra. 9 caderno técnico · Marketing Quota de Mercado = PREPARAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS caderno técnico · Marketing 10 Na preparação dos questionários deve-se ter em consideração a estrutura e dimensão do mesmo. Este factor determinará em grande parte o número de pessoas que aceitarão responder. Para limitar a extensão do questionário, é essencial ter definido com muita precisão o que se procura saber, para que se possam eliminar todas as questões que não concorrem para a realização do objectivo da recolha de informação. A tipologia das perguntas tem igualmente de se adaptar ao objectivo do questionário. Aqui podemos destacar as perguntas abertas, fechadas, pré-formatadas e as escalas de atitudes. Para a realização dos inquéritos podem ser utilizados diversos métodos. Cada método irá adequar-se ao objecto em causa apresentando vantagens e inconvenientes. Entre os diferentes métodos existentes, podemos destacar os inquéritos postais, por telefone, presenciais (face a face) e por observação. Em relação à tipologia, os inquéritos por sondagem podem ser classificados em quatro grandes famílias: Inquéritos aos hábitos e atitudes, inquéritos repetitivos: barómetros e painéis, estudos qualitativos (ou «em profundidade»), e testes. A TEORIA DE FREUD A teoria de Freud estabelece que as motivações serão responsáveis pela aceitação ou rejeição de produtos ou bens de consumo. Freud estabelece três instâncias psíquicas responsáveis pelo comportamento: ID, fonte da energia psíquica dos impulsos primitivos, EGO, regulador dos impulsos selvagens do ID ligado ao princípio da realidade, e SUPEREGO, a quem cabe a representação interna das proibições sociais. A TEORIA DE HERZBERG Herzberg desenvolveu uma teoria de dois factores para distinguir as razões que causam insatisfação (os insatisfatórios) e aqueles que causam a satisfação (os satisfatórios). Para motivar uma compra não basta, para Herzberg, que os factores de insatisfação estejam ausentes. Pelo contrário, os factores de satisfação devem estar bem presentes. A TEORIA DE MCGREGOR (X E Y) 2.6.3. Preparação, realização e exploração de um estudo de mercado A realização de um estudo de mercado comporta quatro etapas. 1. Formulação do problema e fixação dos objectivos do estudo de mercado; 2. Definição do plano de pesquisa e de recolha de dados; 3. Implementação do plano, recolha e analise dos dados; 4. Interpretação e e registo dos resultados. 2.6.4. Processos básicos do comportamento dos consumidores A TEORIA DE MASLOW Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis. necessidades de auto realização necessidades de estima necessidades de pertença necessidades de segurança necessidades fisiológicas A teoria de Mc Gregor é um conjunto de dois extremos opostos de suposições. Estes conjuntos foram denominados "X" e "Y". De acordo com a teoria "X" as pessoas são naturalmente preguiçosas e desmotivadas. O homem médio não gosta do trabalho, evita-o, ele precisa de ser obrigado, controlado e dirigido. O homem prefere ser dirigido e tem pouca ambição, busca apenas a segurança. A teoria "Y", define as pessoas como seres motivados. O dispêndio de esforço no trabalho é algo natural. O controle externo e a ameaça não são meios adequados para se obter trabalho. O homem exercerá auto-controlo e auto-direcção se suas necessidades forem satisfeitas. TEORIA DE JUNG Jung afirmou que cada indivíduo poderia ser caracterizado como sendo orientado prioritariamente para seu interior ou para o exterior. O indivíduo não é totalmente introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a introversão é mais apropriada, noutras a extroversão é mais adequada, todavia as duas atitudes excluemse mutuamente não sendo possível manter simultaneamente ambas. Nenhuma é melhor que a outra, fazendo-se referencia de que o mundo precisa dos dois tipos de pessoas. 3. Segmentação do Mercado O processo de marketing consiste, para uma organização, em conhecer os seus públicos para melhor se lhes adaptar e para agir sobre eles da forma mais eficaz. Qualquer que seja o público (consumidores, prescritores, clientes, etc.), ele nunca é homogéneo. É composto por milhares, por vezes milhões, de indivíduos diferentes uns dos outros, nos seus hábitos, gostos e exigências, pelo que se exige ao marketing que desenvolva metodologias que permitam uma actuação eficaz junto dos públicos-alvo da organização. Existem duas formas extremas de o fazer, mas que só são aplicáveis em situações pouco frequentes: o marketing de massas e o marketing individualizado. É entre estas duas abordagens extremas que se situa a terceira, ou seja, o marketing segmentado. A análise das características estruturais do mercado de actuação da empresa e a avaliação do respectivo comportamento evolutivo deverão ser decompostas em duas etapas. Enquanto na primeira etapa se procede à caracterização genérica do mercado total, na segunda etapa procede-se à análise individualizada de cada submercado. Erros na etapa de decisão sobre segmentos poderão levar a empresa a uma má alocação de recursos, oferecendo serviços pouco valorizados pelos segmentos e perdendo a oportunidade de ganhar competitividade através da oferta dos serviços mais valorizados. Alguns dos problemas na identificação de segmentos baseados na expectativa podem surgir devido a pesquisas de terreno mal feitas, erros nas análises de dados e inexistência de segmentos operacionalmente viáveis para a segmentação dos serviços. Entretanto, a principal dificuldade da segmentação de mercado não se encontra no processo de segmentação em si, mas sim na gestão das políticas diferenciadas de serviço ao cliente a serem adoptadas para os grupos identificados. 3.1.1. Principais critérios de segmentação Os critérios de segmentação mais frequentemente utilizados podem classificar-se em quatro categorias principais: os critérios demográficos, geográficos, sociais e económicos; os critérios de personalidade e de «estilo de vida»; os critérios de comportamento relativamente ao produto e os critérios de atitude psicológica relativamente ao produto. Os critérios demográficos, geográficos, sociais e económicos são frequentemente utilizados porque sendo objectivos, são de mais fácil utilização. Os critérios de segmentação mais comuns referem-se à idade, sexo, região, rendimentos ou até mesmo níveis de instrução. Os critérios de personalidade ou de estilo de vida dizem respeito às características gerais e estáveis dos indivíduos, mas situam-se a um nível mais profundo e, por tal, não são tão fáceis de observar e de medir objectivamente como as características referidas anteriormente. A utilização destas características como critérios de segmentação de um mercado é bastante rara. Nos critérios de comportamento face ao produto pode ser efectuada a segmentação do mercado em função das quantidades consumidas. É muitas vezes interessante, para um produtor, segmentar a sua clientela potencial em função do seu nível de consumo porque, segundo este nível, as necessidades dos clientes podem ser diferentes, ou pode ser efectuada a segmentação em função dos hábitos de utilização. Muitas vezes, considera-se mais o modo de utilização do que as quantidades consumidas, como critério de segmentação. Os critérios de atitudes psicológicas relativamente ao produto permitem distinguir dois segmentos de fotógrafos profissionais e amadores, entre os que procuram na fotografia a conservação de lembranças, ou um meio de expressão artística e performances técnicas. Do mesmo modo, segmenta-se por vezes o mercado dos compradores de automóveis em função das suas necessidades predominantes: os automobilistas “funcionais”, para quem o automóvel é um meio de deslocação utilitário e que pretendem sobretudo segurança, economia, fiabilidade e conforto; os automobilistas “desportivos” que procuram principalmente vivacidade e performance; e os automobilistas “sociais”, para quem o carro é sobretudo um meio de expressão da sua personalidade, um meio de dar aos outros uma certa imagem deles próprios, e que procuram por isso, segundo os seus gostos, um carro luxuoso ou sóbrio, original ou clássico, etc. SEGMENTAÇÃO MULTICRITÉRIOS Para segmentar um mercado, não se escolhe apenas um critério, procede-se sim ao “cruzamento” de diferentes critérios. Se, por exemplo, segmentarmos o mercado automóvel a partir do rendimento, da idade, da dimensão da família, da região habitada, da dimensão da cidade em que habita, da categoria socioprofissional, dos comportamentos face ao produto e das atitudes psicológicas de base relativamente ao automóvel e considerarmos quatro hipóteses distintas em cada um destes critérios, obteremos 16 384 segmentos distintos, cada um deles contendo apenas algumas dezenas de automobilistas. E bastará juntar mais quatro ou cinco critérios para definir mais segmentos distintos do que automobilistas. É por isso que, quando se recorre a vários critérios de segmentação, é necessário, na prática, renunciar à exigência da homogeneidade perfeita dos segmentos e utilizar métodos de divisão simples. 11 caderno técnico · Marketing 3.1. Caracterizar o Mercado 3.1.2. Caracterização genérica do mercado total caderno técnico · Marketing 12 MERCADO TOTAL O mercado total pode ser caracterizado pela dimensão total – quantidades vendidas, taxa de crescimento das unidades vendidas, volume de vendas, taxa de crescimento das vendas, número total de consumidores/clientes finais, participação das importações e das exportações nas vendas totais –, e pelos circuitos de distribuição – evolução do número total de distribuidores (armazenistas e retalhistas), repartição das vendas por tipo de distribuidor e repartição das vendas por região. A obtenção de informação relativa, por exemplo, aos três últimos anos e a avaliação qualitativa em termos de comportamento previsional de cada factor será necessária para a caracterização do mercado. Esta avaliação é restrita à identificação da tendência em termos de crescimento, manutenção ou diminuição. SAZONALIDADE Para a determinação da sazonalidade, deve ser identificado o comportamento típico do ciclo sazonal das vendas do sector. O método próprio para tal consiste em acumular as vendas mensais durante, por exemplo, cinco anos, e proceder ao cálculo do índice de sazonalidade. Pode ser determinado um índice de sazonalidade que será a razão entre o somatório das vendas mensais acumuladas (preço do último ano) e o somatório das vendas acumuladas (preço do último ano). 3.1.3. Caracterização decomposta do mercado total A caracterização decomposta do mercado implica a identificação dos submercados (designados segmentos estratégicos) constituintes do mercado total e as unidades de negócio existentes em cada um desses segmentos estratégicos. Em termos práticos, e na maioria das circunstâncias, a decomposição do mercado é de fácil operacionalização, porque está já instituída e funciona como "norma". Contudo, caso seja necessário criar ou reformular a decomposição, do ponto de vista prático, sugere-se a utilização dos seguintes critérios: tipo de clientes, necessidades genéricas de compras, tipo de concorrentes, tecnologia e competências necessárias para disputar o mercado. A operacionalização desta etapa deve ser repartida em duas tarefas. Em primeiro lugar procede-se à identificação dos segmentos estratégicos (submercados) existentes no mercado de actuação e avalia-se o grau de importância/atractividade de cada um deles, de acordo com diversos factores (quantidades totais vendidas por todos os concorrentes, taxa de crescimento das unidades vendidas, volume total de vendas de todos os concorrentes, taxa de crescimento das vendas, número total de consumidores/clientes finais existentes no segmento e taxa média de rentabilidade económica do segmento). Em segundo lugar procede-se à caracterização individual de cada segmento estratégico numa perspectiva quantitativa e qualitativa. 3.2.Caracterização dos Clientes Actualmente é pacífica a convicção de que o conhecimento profundo dos clientes se encontra entre os requisitos mais importantes para a formulação estratégica da empresa em geral e do marketing em particular. Este facto encontra base de sustentação na evidência de, tendencialmente, existir uma relação directa entre os níveis de desempenho da gestão e o grau de conhecimento dos consumidores que a empresa possui. Em termos práticos o processo de conhecimento dos clientes implica a passagem por três etapas: identificação das características, identificação do valor pretendido e identificação do grau de satisfação. A operacionalização sequencial destas três etapas pressupõe a realização prévia do processo de segmentação através da qual se procede à decomposição prévia dos clientes por grupos relativamente homogéneos em função das respectivas necessidades/conhecimentos. processo de segmentação processo de análise dos segmentos identificação das características específicas identificação do valor pretendido Grau de satisfação 3.2.1. Processo de segmentação A concretização do processo de segmentação requer a realização de dois procedimentos: selecção dos critérios de segmentação e aplicação desses critérios para a formação dos segmentos de mercado. A selecção dos critérios de segmentação a utilizar em cada empresa está dependente das características do mercado, dos produtos e dos consumidores. Os requisitos fundamentais dos critérios estão relacionados com a respectiva pertinência e mensurabilidade. Os quadros seguintes incluem alguns critérios generalistas com aplicação, respectivamente, no mercado de consumo e no mercado industrial. CRITÉRIOS GENERALISTAS DE SEGMENTAÇÃO APLICÁVEIS AO MERCADO DE CONSUMO Geográficos • Regiões • Dimensão de localidades • Temperaturas • Morfologia • Local de habitação Demográficos • Nacionalidade • Sexo • Idade • Estatura • Peso • Dimensão da família • Composição da família • Ciclo de vida familiar Socioeconómicos • Rendimento • Categoria socioprofissional • Nível de instrução • Zona residencial • Classe social (resultante da agregação de outros critérios) Comportamentais • Convicções religiosas • Convicções políticas • Convicções sociais • Grau de ambição • Espírito de iniciativa / apatia • Atitudes de liderança • Atitudes face à inovação • Autonomia (dependência / independência) Atitude de Compra e Consumo • Frequência de compra • Níveis de fidelidade • Montantes de compras • Tipologia de produtos adquiridos • Grau de adesão aos produtos • Benefícios procurados • Factores situacionais de compra • Tipo de consumidor CRITÉRIOS GENERALISTAS DE SEGMENTAÇÃO APLICÁVEIS AO MERCADO INDUSTRIAL Geográficos • Países • Regiões • Temperaturas • Morfologia Características genéricas da actividade dos clientes • Tipo de actividade • Dimensão da organização • Tecnologia utilizada • Situação financeira Características da gestão • Estrutura de poder • Atitude face ao risco • Atitude face à inovação • Organização das compras • Processo de decisão Características das compras • Frequência de compra • Níveis de fidelidade • Montantes de compra • Grau de adesão aos produtos • Factores situacionais de compra • Benefícios procurados A pesquisa dos critérios de segmentação pode ser concretizada com recurso a várias técnicas. Recorrendo a informação primária, ou seja, já disponível, pode ser utilizada a pesquisa documental ou estudos colectivos. Recorrendo a informação secundária, ainda não disponível, podem ser realizados estudos quantitativos ou qualitativos. APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE SEGMENTAÇÃO A selecção das técnicas a utilizar para a constituição dos segmentos de mercado está dependente da quantidade de critérios que vierem a ser utilizados. Nas situações de quantidade reduzida de critérios, a técnica de segmentação propriamente dita pode ser adequada. Esta técnica, também conhecida por segmentação em árvore ou em cascata, consiste em decompor hierarquicamente o universo total dos clientes em subagrupamentos resultantes de todas as combinações possíveis para os critérios em presença. Nos casos de desconhecimento da hierarquia dos critérios e/ou em presença de grande quantidade de critérios, a técnica anterior manifesta-se não operacional, sendo aconselhável o recurso aos métodos tipológicos, também conhecidos por clusters analysis. Estes procedimentos conhecem ainda utilização reduzida, mas é notória a sua tendência para rápida disseminação, em consequência do desenvolvimento dos packages informáticos de estatística multivariada. 13 caderno técnico · Marketing SELECÇÃO DOS CRITÉRIOS DE SEGMENTAÇÃO 4. Métodos de previsão 4.1. Ópticas da previsão em marketing caderno técnico · Marketing 14 A atitude de marketing consiste simultaneamente em se adaptar ao mercado e em o influenciar. A estas duas vertentes complementares da atitude de marketing correspondem duas ópticas distintas de previsão: as relacionadas com a evolução intrínseca do mercado e as que procuram determinar as suas reacções, ou respostas prováveis, às acções desenvolvidas pela empresa. A previsão da evolução «intrínseca» ou «espontânea» do mercado aplica-se a fenómenos sobre os quais a empresa em causa não tem e não pode esperar ter uma influência sensível, mas que, pelo contrário, podem ter consequências importantes para ela. A previsão das reacções ou respostas do mercado trata-se de prever respostas prováveis de um público a acções de marketing encaradas pela empresa. Claro que uma das ópticas da previsão não exclui a outra. Muitas vezes, para preparar as suas decisões, um responsável de marketing deve procurar prever simultaneamente a evolução espontânea do mercado e as suas respostas prováveis às decisões da empresa. 4.1.1 Temas, horizontes e métodos de previsão em marketing a) Temas de previsão Os temas sobre os quais podem versar as previsões estão directamente relacionados com a natureza das decisões a tomar. Podem vir a ser feitas previsões sobre múltiplos aspectos do mercado. Sem pretender dar uma lista exaustiva dos temas possíveis da previsão em marketing, podemos classificá-los em três grandes categorias: previsão sobre o meio envolvente, previsão sobre o comportamento de certos públicos e a previsão de vendas. b) Horizontes de previsão A previsão pode ser feita basicamente em três horizontes: previsão a curto prazo que vai de alguns dias a alguns meses (designa-se por curto prazo o período durante o qual os principais factores susceptíveis de influenciar o mercado são de ordem conjuntural. São sobretudo factores exógenos relativamente à empresa, de modo que as previsões a curto prazo se fazem geralmente numa óptica de evolução espontânea), previsão a médio prazo, de um a três anos (designa-se por médio prazo o período durante o qual é provável que o meio envolvente se venha a modificar de uma forma sensível e onde os principais factores susceptíveis de influenciar o mercado são as acções da empresa e dos seus concorrentes) e previsão a longo prazo com um período de mais de três anos (designa-se por longo prazo o período durante o qual se poderão produzir transformações profundas no meio envolvente: inovações tecnológicas revolucionárias, modificações radicais das estruturas políticas, sociais ou culturais, etc.). c) Os principais métodos de previsão Os métodos de previsão utilizados no âmbito do marketing podem classificar-se em quatro famílias principais: métodos qualitativos ou subjectivos, métodos estatísticos de extrapolação de tendências, modelos explicativos e métodos experimentais. 4.2. Métodos qualitativos ou subjectivos de previsão Nem sempre existem os dados históricos ou a turbulência do passado ou do futuro iminente impede a aplicação ou corrói a credibilidade dos métodos quantitativos de previsão. Nestes casos, as previsões de acontecimentos futuros são feitas por métodos ditos qualitativos, mais subjectivos, por se basearem em opiniões de peritos, mas igualmente válidos. Para determinadas situações este tipo de métodos, isolados ou combinados com métodos quantitativos, permitem responder às necessidades de previsão. Embora estes métodos não possam ser considerados como científicos, distinguem-se da simples «intuição», por um lado pela qualidade das pessoas consultadas e, por outro, pelo carácter mais formalizado e sistemático do procedimento que essas pessoas são convidadas a seguir. OPINIÕES DE PERITOS O método das opiniões de peritos consiste em perguntar a pessoas reputadas e competentes num determinado domínio a sua opinião sobre o que se passará num futuro mais ou menos próximo. Os peritos podem ser pessoas pertencentes à empresa ou, mais frequentemente, exteriores a ela. As suas opiniões baseiam-se por vezes no conhecimento e na experiência que têm do domínio em questão. Outras vezes, por analogia com os domínios que conhecem melhor. MÉTODO DE DELPHI É um processo de decisão em grupo sobre a probabilidade de certos eventos ocorrerem. Actualmente é muito utilizado para previsões sobre a envolvente politica económica, social, etc. e em marketing e vendas. As opiniões obtidas do trabalho de grupos podem ser influenciadas de várias formas incluindo posições dominantes de alguns participantes, magnetismo pessoal, alegados conhecimentos “especiais” sobre matérias e opiniões marginais. Esta situação muitas vezes fere a capacidade de ter uma previsão imparcial sobre determinados temas através do uso de outras técnicas. Para tornar mais fiáveis as previsões subjectivas de vendas há, muitas vezes, interesse em proceder de um modo analítico em vez de global. Este método pressupõe a decomposição das vendas em diversos elementos, sendo cada um objecto de um prognóstico distinto. PREVISÕES POR CONSOLIDAÇÃO DAS OPINIÕES DOS VENDEDORES Um método frequentemente utilizado para prever as vendas da empresa, consiste em consultar os vendedores. Estes estão em contacto directo com os clientes, conhecendo melhor os seus comportamentos actuais e futuros. Este método apenas se aplica no curto prazo e comporta alguns perigos. Em primeiro lugar porque as previsões de vendas servem muitas vezes de base aos objectivos que são fixados aos vendedores que podem, portanto, ter tendência a minorá-los, para atingir ou ultrapassar os objectivos mais facilmente. Em segundo lugar, o vendedor conhece bem os seus clientes, mas tem uma percepção muito menos clara da conjuntura económica global e da sua evolução. Arrisca-se a ter uma visão demasiado optimista ou demasiado pessimista da situação, pois é mais directamente influenciado pelos êxitos ou pelos fracassos locais do que por uma visão global que lhe permitiria relativizar os acontecimentos que protagoniza. INQUÉRITOS SOBRE AS INTENÇÕES DE COMPRA A evolução do mercado é a resultante do conjunto de comportamentos dos consumidores individuais. Pode parecer razoável tentar prever o que fará cada consumidor e adicionar os resultados. Para isso seria suficiente perguntar aos consumidores através de um inquérito quais são as suas intenções de compra, escolha de marca, etc. Este procedimento será tanto mais caro, quanto maior for o número de consumidores interrogados. No caso de certos produtos industriais, com poucos compradores potenciais, poderá ser seguido este caminho. 4.3. Métodos estatísticos de extrapolação de tendências Uma segunda família de métodos de previsão agrupa os métodos que têm por principio extrapolar as tendências observadas no passado. Estes métodos exigem que se disponha de dados precisos e fiáveis relativamente ao passado e utilizam técnicas estatísticas mais ou menos sofisticadas. Podem-se reagrupar em três categorias principais: os métodos de ajustamento ou de alisamento de séries temporais, os métodos de decomposição de tendências e os modelos de extrapolação dos comportamentos individuais. MÉTODOS DE AJUSTAMENTO OU DE ALISAMENTO DE SÉRIES TEMPORAIS Pode-se tentar prever por extrapolação a evolução das vendas de um produto, por exemplo, caso se tenham verificado características regulares no passado. A observação e a extrapolação das tendências pode fazer-se através de métodos puramente gráficos, ou com o auxílio de diversos métodos estatísticos. Entre estes destacam-se a extrapolação gráfica, as médias móveis, o alisamento exponencial, os métodos de regressão línea e a análise das curvas em S. MÉTODOS DE DECOMPOSIÇÃO DE TENDÊNCIAS Uma segunda categoria de métodos estatísticos de extrapolação consiste em decompor os números observados no passado num certo número de elementos dos quais se analisa e se prevê separadamente a evolução. Este método, que se aplica nomeadamente às previsões de vendas a curto prazo, comporta diversas variantes: a análise das variações sazonais, as vendas de investimento e vendas de substituição, e as primeiras compras e compras repetitivas. 4.4. Modelos explicativos O princípio dos modelos explicativos consiste em pôr em evidência as relações existentes entre o fenómeno que se tenta prever (por exemplo, as vendas de um produto ou da quota de mercado detida por uma marca) e certas variáveis independentes, as quais se pensa terem uma forte influência sobre este fenómeno. a) Variáveis exógenas e variáveis endógenas – Designam-se por variáveis «exógenas» variáveis completamente independentes da vontade da empresa, como por exemplo, a dimensão e a estrutura da população, o rendimento dos lares, a evolução espontânea das necessidades e hábitos dos consumidores, etc. Os modelos que só têm em conta as variáveis deste tipo servem para prever a evolução espontânea do mercado. As variáveis explicativas que dependem da vontade da empresa são designadas como variáveis endógenas (variáveis de acção): preços dos produtos, montante do orçamento publicitário, número dos seus vendedores ou dos pontos de venda, etc. Os modelos que têm em conta as variáveis deste tipo servem essencialmente para prever as reacções do mercado a diferentes acções da empresa. b) Condições de utilização dos modelos explicativos – No caso de se ter constatado, através de observações passadas, existirem relações de causa entre as variáveis explicativas e o fenómeno a explicar, é necessário avaliar se essas relações de causa verificadas no passado continuarão válidas no futuro. É o que se chama a hipótese 15 caderno técnico · Marketing MÉTODOS ANALÍTICOS DE PREVISÃO DAS VENDAS caderno técnico · Marketing 16 de invariabilidade das relações de causa. Esta condição é geralmente satisfeita quando as variáveis explicativas consideradas dependem da vontade da empresa. Pelo contrário, a condição de previsibilidade das variáveis explicativas é mais difícil de preencher quando se trata de variáveis independentes da vontade da empresa. Nestes casos, muitas vezes são escolhidas como variáveis os dados recolhidos pelos organismos públicos que têm por tarefa prever a sua evolução. Podem ser variáveis demográficas ou económicas: rendimento disponível, investimentos públicos, nível de actividade de diversas indústrias, número de novos casamentos, etc. Os modelos explicativos utilizados em marketing podem ser classificados em três categorias principais: os modelos de regressão de uma ou duas variáveis, e os modelos de variáveis múltiplas que podem ser de forma econométrica e de forma microanalítica. ANÁLISE DE REGRESSÃO DE UMA OU DUAS VARIÁVEIS Estes modelos têm por objectivo explicar um fenómeno como, por exemplo, as vendas ou a quota de mercado de uma marca, a partir de apenas uma ou duas variáveis. Quando estas variáveis são independentes da vontade da empresa (variáveis exógenas) o modelo tem por objectivo prever a evolução espontânea do mercado. Quando é uma variável endógena, o objectivo do modelo é descrever e medir a influência sobre as vendas, por exemplo, de apenas um aspecto da política de marketing. a) Análise de regressão vendas/preço – Os modelos econométricos de elasticidade da procura de um produto ao seu preço e aos preços dos produtos concorrentes foram os primeiros utilizados em marketing. b) Modelos univariáveis de análise de regressão – Com o mesmo princípio, são por vezes utilizados modelos univariáveis para prever as reacções do mercado (em termos de vendas) às variações do número de pontos de vendas que distribuem o produto, ou às variações do número de vendedores da empresa, ou ainda às variações do seu orçamento de comunicação, medido quer em valor absoluto, quer em valor relativo em relação aos orçamentos dos concorrentes. Este tipo de modelos pode permitir a uma empresa prever o efeito sobre as vendas dos seus produtos por via de uma modificação da sua estratégia de marketing, incidindo sobre uma variável considerada isoladamente e mantendo-se todos os outros elementos inalterados. MODELOS ECONOMÉTRICOS MULTIVARIAVEIS Os modelos explicativos multivariáveis têm por objectivo descrever e medir a acção combinada de diversas variáveis que exercem uma influência sobre as vendas de um produto ou de uma marca ou sobre o comportamento de compra dos consumidores. Podemos classificá-los em duas grandes categorias: os modelos econométricos que tentam explicar globalmente o comportamento do mercado tomado no seu conjunto e os modelos microanalíticos que se propõem explicar o comportamento individual de cada agente de mercado (produtores, retalhistas, consumidores, etc.) e de onde se deduz, por agregação dos comportamentos individuais, o comportamento global do mercado. MODELOS MICROANALÍTICOS O primeiro modelo microanalítico de análise de mercado foi proposto por AmstutzI. Estes modelos são frequentemente designados modelos de simulação. Consistem, por oposição aos modelos econométricos que descrevem globalmente o comportamento conjunto de uma população, em descrever separadamente o comportamento individual de cada um dos seus membros, para os agregar de seguida. A construção de um modelo microanalítico comporta diversas etapas principais. A primeira, consiste em estabelecer a «macroestrutura» do sistema estudado. A segunda etapa consiste em descobrir através de inquéritos e de experiências ou, na sua falta, em imaginar os mecanismos que determinam as atitudes e os comportamentos de cada um dos agentes retidos. A terceira etapa consiste em construir um modelo reduzido, imaginário, mas representativo do conjunto das populações estudadas. A última etapa consiste em simular, com o auxílio de computador e pela aplicação das leis do comportamento, formuladas na microestrutura, o comportamento de cada indivíduo, em diferentes hipóteses. Esta simulação utiliza muitas vezes procedimento probabilístico, os factores e influências não considerados explicitamente na microestrutura do modelo. É assim que se pode, por exemplo, examinar quais seriam os efeitos do lançamento, por um produtor, de um novo produto, com um marketing-mix determinado, sobre o comportamento dos outros produtores, dos grossistas, dos retalhistas e dos consumidores tomados um a um, e que, agregando o conjunto destes comportamentos, deduzimos dele os efeitos sobre as vendas dos diferentes produtores. 5. Políticas de Produto A gestão estratégica da carteira de produtos constitui uma atenção fundamental de empresas que possuem uma gama muito alargada de produtos estando ou não presentes em diversos mercados. Tomando por base o principio que recomenda que todas as decisões sobre produtos não podem, a médio/longo prazo, condicionar nem a liquidez da empresa nem os índices de rentabilidade, a gestão da carteira de produtos tem como principal finalidade identificar, por um lado, que produtos colocar no mercado, bem como definir o respectivo papel estratégico na gama, e, por outro, facilitar o processo de afectação de recursos entre eles. Em termos práticos, a gestão estratégica da carteira de produtos decompõe-se em duas etapas – a avaliação da situação actual e a tomada de decisões estratégicas. 5.1.1. Política e avaliação da gama CONSTRUÇÃO DA MATRIZ BCG Para executar esta tarefa é necessário efectuar os seguintes procedimentos. Em primeiro lugar a definição clara do âmbito de análise: é fundamental que, independentemente do nível de desagregação pretendido, apenas sejam incluídos em cada matriz elementos da mesma gama ou linha de produtos. Em segundo lugar, a determinação da quota de mercado relativa: o conceito de quota de mercado relativa pretende medir o poder e a relação de forças detido por uma empresa face ao seu principal concorrente num determinado segmento de negócio. Seguidamente é necessária a determinação da taxa de crescimento do mercado: é a unidade de medida relativa cuja determinação permite inferir sobre o grau de atractividade do mercado, bem como a sua penetração. Em quarto lugar cabe efectuar a representação gráfica da matriz, como se verifica na figura seguinte, e por último a respectiva interpretação da matriz. QUOTA DE MERCADO RELATIVA O modelo de gestão da gama foi desenvolvido pelo Boston Consulting Group (BCG) e, apesar de inicialmente vocacionado para a selecção de domínios de actividade, a sua concepção é particularmente adaptada para a gestão da gama. A lógica de funcionamento adjacente a este modelo radica na convicção de que os principais factores que influenciam as vendas, a rentabilidade e a liquidez são a quota de mercado relativa e a taxa de crescimento do mercado. estrelas vacas leiteiras superior a 1 dilemas pesos mortos inferior a 1 CARACTERÍSTICAS GENÉRICAS DAS TIPOLOGIAS DA MATRIZ BCG Tipologia Características Produtos dilemas São produtos com fraca posição no mercado, mas com taxa de crescimento superior à média. Tendencialmente, esta tipologia é ocupada por produtos recém-chegados ao mercado ou produtos que perderam recentemente o estatuto de posição dominante. A gestão destes produtos implica dois requisitos: recursos financeiros para assegurar o seu crescimento e capacidade comercial para eliminar o diferencial face ao principal concorrente. A evolução natural será a passagem para produtos estrelas (desejo) ou para pesos mortos (a evitar). Produtos estrelas Simbolizam produtos com forte posição em mercados com grande dinamismo de crescimento. Pressupõem a existência de recursos financeiros para assegurar a continuidade de crescimento e combater a concorrência, que presumivelmente será intensa. O grau de atractividade destes produtos é incrementado quando conseguem gerar receitas suficientes para contrabalançar os recursos financeiros afectos. Produtos vacas leiteiras Representam produtos com forte posição em mercados que estão a perder dinamismo. Estes produtos são por excelência os grandes financiadores da empresa. Tendencialmente apresentam uma estrutura de custos suavizada, o que aumenta a sua capacidade de gerar riqueza. Produtos pesos mortos Estes produtos apresentam baixos níveis de atractividade visto possuírem uma posição débil em mercados pouco atractivos. Os investimentos requeridos são mínimos. A capacidade de gerarem lucro a curto prazo está dependente sobretudo das quantidades vendidas. 17 caderno técnico · Marketing 5.1. Gestão da Carteira de Produtos CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA GAMA A gama de produtos é normalmente composta por famílias ou sub-famílias. Como estes são susceptíveis de responder a uma necessidade global e idêntica do consumidor, a sua classificação baseia-se essencialmente, nas necessidades do cliente. Assim temos, em relação aos bens de consumo, os de conveniência/comodidade, de compra comparada, de especialidade, os bens não procurados, de novidade, de moda e os sazonais. Em relação aos bens industriais, temos os materiais e componentes, os bens de capital, e os suprimentos e serviços. DECISÕES ESTRATÉGICAS DA GAMA DE PRODUTOS Tendo em consideração a avaliação da situação actual, as decisões estratégicas devem ser desenvolvidas com a definição das alterações a efectuar em cada quadrante/produto identificado na matriz BCG, podendo ser seguidas as seguintes estratégias. Para os produtos dilemas pode ser acelerada a passagem para produtos estrela e evitar a entrada em pesos mortos, para os produtos estrela deve ser aumentada a quota de mercado e evitada a passagem a produtos dilema, para os produtos vacas leiteiras deve ser prolongada a vida útil nesta fase, e para os produtos pesos mortos deve-se preparar a sua substituição. 5.1.2 Opções estratégicas As opções estratégicas, podem também ser concentradas nas características da gama/linha de produtos, tendo em consideração o grau de novidade do produto e o grau de novidade do mercado, podendo esta ser dividida em quatro estratégias distintas. novos produtos novos mercados produtos actuais aprofundamento do mercado desenvolvimento do produto novos mercados caderno técnico · Marketing 18 alargamento do mercado diversificação O desenvolvimento do produto consiste no lançamento de novos produtos para os mesmos mercados de actuação. O alargamento do mercado consiste na canalização dos produtos actuais para novos mercados. Por último, a diversificação consiste no lançamento de novos produtos em mercados ainda não trabalhados. PAPEL ESTRATÉGICO DE CADA PRODUTO NA GAMA O desempenho competitivo da empresa aumentará se cada um dos produtos integrantes das suas gamas tiver uma função estratégica específica. Desta forma estará mais protegido face a eventuais acções dos seus concorrentes, bem como valorizará a sua oferta comercial. Os papéis estratégicos a desempenhar pelos produtos na gama são: produtos líderes, produtos geradores de imagem, produtos de atracção, produtos quase líderes, produtos reguladores, produtos tácticos e produtos de abrangência. 5.2. Gestão de um produto Com base nas decisões estratégicas da carteira de produtos, o passo sequencial consiste em definir as orientações estratégicas de cada produto ou linha de produtos. Para maior eficácia na tomada de decisões é aconselhável realizar, antecipadamente, uma análise da distribuição das vendas por produto e avaliar o estádio do ciclo de vida. ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS VENDAS A distribuição das vendas pode ser efectuada com recurso à análise ABC, que radica na repartição dos produtos em três classes em função da sua importância. A realização desta análise implica as seguintes operações – recolha das vendas de cada produto, determinação do peso acumulado das vendas de cada produto, determinação do peso das vendas de cada produto no total, determinação do peso acumulado das vendas de cada produto no total e a representação da curva de concentração. Será necessário sistematizar a informação para este procedimento. O grau de concentração, pode ser mensurável através da participação das vendas dos primeiros 20% de produtos (zona A), dos 50% de produtos (zona B) e dos restantes produtos (zona C). 5.2.1. Ciclo de vida dos produtos O aprofundamento do mercado consiste em aumentar o mercado através da captação de novos clientes e/ou aumentar o consumo médio dos clientes actuais. Esta opção não tem repercussões nas manobras estratégicas da carteira de produtos. Não obstante o modelo do ciclo de vida dos produtos poder ser utilizado como um dos instrumentos de análise da carteira de produtos, entendemos como mais eficaz a sua utilização enquanto instrumento de gestão do produto ou linha de produtos. 5.2.2. Inovação e lançamento de novos produtos Num contexto económico cada vez mais concorrencial, a inovação-produto, isto é, a pesquisa, o desenvolvimento e o lançamento de produtos novos, é para as empresas um meio essencial de conservação e conquista de faixas de mercado. O QUE É UM NOVO PRODUTO A novidade de um produto é determinada pela percepção que têm dele os indivíduos quando confrontados com essa inovação. Podem distinguir-se três tipos principais de inovações-produto: os produtos novos sem progresso tecnológico, as novidades tecnológicas que não trazem alterações significativas no comportamento dos consumidores e as inovações «revolucionárias» criadoras de novos comportamentos de consumo. AS FONTES DE IDEIAS DE INOVAÇÃO-PRODUTO A mais importante condição para ter ideias de produtos novos é adoptar e conservar permanentemente uma atitude mental de curiosidade e abertura relativamente ao que nos rodeia e estar sempre atento aos comportamentos, às expectativas e às frustrações dos consumidores. Quando se tem este estado de espírito, as fontes de ideias são múltiplas. Entre as fontes de ideias podem-se destacar a área técnica e os centros de pesquisa internos das empresas, a observação exterior, o estudo dos produtos e das reacções da clientela, os funcionários podem estar na origem de novos produtos: caixa de ideias, círculos de qualidade, etc., o «criativo da casa», os vendedores de inovações e os métodos de criatividade (por exemplo o brainstorming). 5.3. Política de packing DEFINIÇÃO E COMPONENTES DA EMBALAGEM Os termos embalagem, acondicionamento e packaging são praticamente sinónimos, mas será utilizada a designação embalagem entendendo-se esta como o conjunto de elementos materiais que, sem fazer parte do próprio produto, são vendidos com ele, com o fim de permitir ou facilitar a sua protecção, transporte, armazenagem, apresentação no linear, a sua identificação e utilização pelos consumidores. Distinguem-se geralmente três categorias ou níveis de embalagem. A primeira, a embalagem primária, é a que contém cada unidade de consumo do produto e está em contacto directo com o produto. O segundo chama-se embalagem secundária (ou de reagrupamento), que agrupa várias unidades de consumo do produto para fazer uma unidade de venda. O terceiro nível, a embalagem terciária (ou de manutenção), é a que permite transportar um certo número de unidades do produto da fábrica para os pontos de venda. AS FUNÇÕES DA EMBALAGEM As funções da embalagem podem ser reagrupadas em duas grandes categorias: as funções técnicas e as funções de comunicação. Como funções técnicas podem-se referir a protecção e conservação do produto, a comodidade de utilização, a facilidade de transporte, de armazenagem, de arrumação e de eliminação e a protecção do ambiente. Em relação às funções de comunicação é importante salientar o impacto visual (ou função de alerta), o reconhecimento, a identificação, a expressão do posicionamento, a informação ao consumidor e o impulso da compra. TESTES DE EMBALAGEM Tal como os testes de produto permitem medir as qualidades intrínsecas do produto, também os testes de embalagem permitem medir o grau em que esta responde às diferentes funções que se pretendem que assuma. Conforme a natureza das performances que se procura medir há três grandes famílias de testes disponíveis – os testes de impacto visual, de reconhecimento e de identificação, os look-tests e os testes relativos às funções «técnicas». 19 caderno técnico · Marketing Na génese, o modelo do ciclo de vida identifica quatro grandes etapas na evolução desses produtos: lançamento, crescimento, maturidade e declínio. A pertinência de utilização deste modelo é justificada pelo comportamento heterogéneo das vendas, margem e acções desenvolvidas pelos concorrentes face ao produto ao longo da sua presença no mercado. Esta constatação recomenda a tomada de decisões de gestão diferenciadas em cada uma das fases referidas, sendo que cada etapa resulta da avaliação do comportamento das vendas ao longo do tempo. 5.4. Pricing caderno técnico · Marketing 20 O PREÇO É UMA VARIÁVEL PARTICULAR NO MARKETING-MIX As três outras grandes variáveis do marketing-mix (produto, distribuição e comunicação) criam valor de utilização ou de imagem, enquanto a variável preço, para além de também poder contribuir para a imagem, pretende transformar esse valor em lucro para a empresa. O preço distingue-se das outras variáveis do mix ainda noutros pontos: • É uma variável completamente abstracta, enquanto às outras correspondem programas, realizações, especialistas, até mesmo verdadeiros profissionais (distribuidores, agências de publicidade, de marketing directo, de comunicação e relações públicas, etc.); • Contrariamente às outras variáveis, todas as decisões sobre o preço podem ter uma aplicação com efeito imediato. São necessários vários meses para construir uma campanha de publicidade, diversos anos às vezes para desenvolver um novo produto ou criar uma rede de distribuição. Pode-se modificar um preço de modo instantâneo; • As vantagens de uma política de preço não são protegidas, e é possível, a cada instante, ser-se imitado ou ultrapassado pela concorrência. Contudo, uma estrutura de custos realmente competitiva permite ter uma política de preços muito concorrencial, que desincentiva a guerra de preços, por os concorrentes não estarem interessados em ter prejuízos no longo prazo. O PREÇO É UMA VARIÁVEL ESTRATÉGICA Fixar o preço de um produto, no momento do seu lançamento, é uma decisão altamente estratégica: é o posicionamento, a imagem do produto e todo o seu futuro económico que estão em jogo. Desta decisão depende a importância do segmento a atingir e a natureza das reacções da concorrência. A decisão sobre o preço de lançamento é fundamental, pois implica toda a política posterior de preço. Não se pode rever facilmente um preço, se dermos conta de que, após algumas semanas de venda, nos enganamos. É difícil subir um preço. É mais fácil diminui-lo, mas isso pode ser irreversível. Uma marca de luxo que democratize os seus preços pode ser, em seguida, incapaz de os aumentar, pois a sua imagem terá sido definitivamente atingida. OS MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DOS PREÇOS: CUSTOS, PROCURA E CONCORRÊNCIA Em muitas organizações, a estratégia do preço é determinada pela estratégia da empresa. Os aspectos que têm a ver directamente com os especialistas do marketing estão essencialmente no âmbito da táctica e da promoção das vendas através do preço. Vista sob este ângulo, a variável preço pode parecer uma das partes menos apaixonantes da função de um chefe de produto ou de um director de marketing. Contudo, todas as decisões sobre os preços, quer sejam tácticas ou estratégicas, partem de um conjunto complexo de factores, que se podem agrupar à volta de três factores: os custos, a procura e a concorrência. Existe o hábito, nas empresas, de repartir os custos por produtos para fixar o preço de venda, o que parece ser, a priori, uma sequência completamente lógica. O marketing introduziu um outro ponto de vista: é preciso partir da procura, para saber a que preço o consumidor está pronto a comprar, e em que quantidades. Conhecendo este preço, que se designa por preço psicológico ou preço de aceitação, calcula-se a margem que ele deixa, tendo em conta o preço de custo. Se esta margem é negativa ou insuficiente, é preciso reduzir o preço de custo ou renunciar à comercialização do produto. As duas abordagens, através do custo e através da procura, não são antagónicas, são complementares, e devem, além disso, ter em consideração a política de preços da concorrência. Na prática, as empresas raramente seguem uma abordagem completa. Elas têm tendência, segundo os casos e o grau de sofisticação da sua gestão, em fixar os preços a partir de elementos parciais do preço de custo, a partir do preço do concorrente mais importante, ou mesmo a partir da ideia, muitas vezes vaga, que têm da sensibilidade dos consumidores. A relação entre os preços e a rentabilidade é difícil de determinar, pois os preços determinam a rentabilidade, que é função do preço de custo, ele próprio função das quantidades vendidas, que dependem do preço. 6. Política de Comunicação A definição de uma política de comunicação e marketing tem por objectivo posicionar a empresa, planear e orientar acções para a criação de trocas produtivas com a envolvente social. Assim, a política de comunicação e marketing deve definir as estratégias e canais para uma comunicação eficiente. A Comunicação pode ser definida como o conjunto de sinais emitidos pela empresa em direcção aos seus clientes, aos distribuidores, aos lÍderes de opinião, aos prescritores e a todos os outros alvos. A Publicidade é um dos meios para o atingir, mas não é o único. Existem outros, como as relações públicas, a força de vendas, o packaging dos produtos, as promoções de vendas, o merchandising, etc. Cada instrumento é mais ou menos eficaz, segundo o tipo de produtos a promover, a natureza do objectivo a atingir, a distribuição a utilizar ou o orçamento disponível. Assim, a comunicação surge hoje em dia como um elemento essencial para a vida e o negócio de qualquer empresa. Mais do que isso, a comunicação – ou a matéria-prima que lhe dá origem, a informação – é uma força estruturante da nossa sociedade. Entramos assim na “sociedade de informação”. A realidade é que os desenvolvimentos permitidos pelas novas tecnologias transcenderam em muito o âmbito das mesmas e criaram as bases de uma verdadeira revolução em tudo comparável à revolução industrial. Actualmente, cada indivíduo tornou-se no “centro dos acontecimentos”, ao poder ligar-se à imensa rede de circulação de informação que nos rodeia (não apenas a internet, mas também os telemóveis, a televisão digital e os diversos conteúdos e serviços que circulam nestes suportes) e fazer as suas próprias escolhas, juntar-se a quem tenha interesses semelhantes, apresentar ao mundo as suas ideias. Concluindo, comunicar é, decididamente, (saber) optar. 6.2. O Processo de Informação Comunicar é tornar comum uma informação, uma ideia, uma atitude. Para tal, são necessários os quatro elementos apresentados na figura seguinte: Na definição da política de comunicação deve-se ter em consideração quem comunica, a quem, o que comunica, como e com que resultados. A resposta a estas questões permite um bom diagnóstico da comunicação da empresa, que será ainda mais completo se lhe juntarmos o estudo do orçamento de comunicação e a análise das acções da concorrência. 6.3. Princípios essenciais para uma boa comunicação de marketing Para uma boa comunicação de marketing deve-se atender a determinados princípios-chave: Não querer dizer demais - Quanto mais complexa é a mensagem emitida menos oportunidades tem de ser percebida, compreendida e retida pelo receptor; A repetição e a redundância - É necessário repetir a mesma mensagem, vezes sem conta, para que ela tenha uma hipótese de se impor num universo tão concorrencial; A continuidade e a duração - Todos os grandes exemplos de comunicação com sucesso têm em comum a continuidade: o mesmo posicionamento, a mesma promessa, o mesmo estilo, muitas vezes os mesmos media e por vezes a mesma agência; A coerência global - É necessário assegurar a unidade ou pelos menos a coerência das mensagens emitidas, que devem ser convergentes ou complementares, e não contraditórias: a comunicação institucional e as comunicações de produto devem apoiar-se mutuamente; A obrigação da verdade - Devem ser respeitados os princípios de verdade do produto, da empresa e dos consumidores. 6.4. A Arquitectura da Comunicação a arquitectura de uma política de comunicação sistema de identificação política de nomes e marcas sistema de identificação sonora e visual: logotipo e linha gráfica o sistema de comunicação sistema de comunicação de pertença sistema de comunicação comercial emissor mensagem receptor da notoriedade à imagem e à venda inside/outside publicidade “produtos e marcas” promoção do vendas marketing directo merchandising inside/outside atendimento pessoal atendimento telefónico feed-back comunicação externa comunicação institucional comunicação financeira comunicação de recrutamento comunicação interna comunicação biunívoca com os colaboradores sistema de auditoria e controlo estudo da comunicação da empresa e da dos seus concorrentes controlo da eficácia dos programas 21 caderno técnico · Marketing 6.1. Introdução PRINCIPAIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DA EMPRESA caderno técnico · Marketing 22 Vários são os meios de comunicação à disposição da empresa. De entre aqueles que são controlados internamente destacam-se a publicidade, seja através da utilização dos mass media ou da Internet, e a publicidade nos pontos de venda; a comunicação não publicitária, como é o caso das relações públicas, o sponsoring e as publicações e sites institucionais; e outros meios de acção de marketing com forte conteúdo de comunicação como a força de vendas e o merchandising. Em relação às fontes não controladas pela empresa destacam-se os prescritores, os distribuidores, a imprensa, o passa-palavra e os news groups na Internet. 6.5. Elaboração de uma estratégia de Comunicação Etapas para a elaboração da Estratégia de Comunicação 1. Auditoria de Comunicação • Diagnóstico sobre os subsistemas de comunicação; • Hierarquização dos principais problemas de comunicação. A COMUNICAÇÃO AO NÍVEL DO MARKETING – AS OPÇÕES DA COMUNICAÇÃO INVESTIMENTOS PUBLICITÁRIOS • imprensa • tv • outdoors • rádio • cinema • internet nos media ou above the line INVESTIMENTOS DE PROMOÇÃO E OUTROS • marketing directo • patrocínio, Mecenato • relações públicas • salões, feiras, exposições • promoções • internet fora dos media ou below the line Privilegiar as despesas de comunicação com os media é acentuar o esforço pull, é desenvolver uma imagem, ou seja é apostar numa política a médio e longo prazo. Privilegiar o below the line, isto é, a promoção, é jogar no curto prazo e no rendimento imediato, mais do que na notoriedade da imagem. Uma vez compreendido o objectivo da informação poderemos constituir o mix de comunicação a utilizar. Cada um dos meios de comunicação é mais ou menos bem adaptado a diferentes alvos e a diferentes objectivos. A COMUNICAÇÃO AO NÍVEL DA EMPRESA 2. Definição de uma política de comunicação • Esquema director da imagem a médio/longo prazo; • Definição do papel da comunicação de marketing no sistema de comunicação da empresa. 3. Da estratégia de Marketing à Estratégia de Comunicação • Definição do papel da comunicação no marketing-mix; • Objectivos da Comunicação; • Alvos da Comunicação; • Escolha de um conceito de comunicação. 4. Mix da Comunicação • Ponderação entre os diferentes meios de comunicação a utilizar; •Estratégia de comunicação: orçamento global e repartição de acordo com as técnicas utilizadas. 5. Concepção dos Programas de Comunicação • Publicidade nos media; • Comunicação “vencedora”: promoção, marketing directo, embalagem, merchandizing, etc.; • Relações públicas, mecenato, relações com a imprensa. 6. Realização dos Programas 7. Medição dos resultados e correcção dos desvios A empresa pode também ser um importante vector de comunicação: por um lado pela sua aparência exterior (ou sua «identidade visual»), por outro, através do seu pessoal e dirigentes. A identidade visual da empresa A identidade visual da empresa é tudo o que o público, especialmente os clientes, podem ver dela. Os principais elementos de identidade visual de uma empresa são os locais e os símbolos gráficos. • Os locais da empresa: a sua importância como vector de comunicação é particularmente importante nas empresas de serviços, como os bancos, que recebem frequentemente os seus clientes. Nestes casos, a arquitectura exterior dos locais, a sua arrumação interior, a decoração e o mobiliário têm um papel importante na formação da imagem da empresa, sugerindo, conforme o caso, o prestígio, a segurança, a discrição, a eficácia, o modernismo ou a tradição. • Os símbolos gráficos: trata-se essencialmente do logotipo, que se encontra no papel de carta, no packaging, nos camiões de entrega, etc. Procura-se dar uma coerência e uma atractividade a todos estes factores de comunicação através das técnicas de sinalética. Trata-se de construir um «sistema de identificação visual e sonoro - escolha dos nomes, política de marcas, criação de uma identidade gráfica: logótipo códigos de cores, linha gráfica, livro de normas a respeitar, etc.» As decisões acerca da sinalética devem ser estritamente respeitadas. 7. Políticas de Distribuição “Canais de distribuição” é uma das áreas mais importantes do marketing e de vendas. É também uma das mais complexas. A área de vendas por meio de canais indirectos é altamente dinâmica, oferecendo um dos maiores desafios para os profissionais de marketing e vendas. Os mercados estão em rápida mudança, fazendo com que oportunidades de negócio surjam tão rapidamente que a arquitectura do canal de uma empresa pode transformar-se completamente em menos de um ano. Compreender as razões pelas quais muitas estratégias de canais são bem-sucedidas ou fracassam é vital para se reduzir custos e ganhar eficiência na implementação de sistemas de vendas indirectas. 7.2. Os Distribuidores O CONCEITO DE DISTRIBUIÇÃO O conceito de distribuição pode ser decomposto e interpretado segundo duas perspectivas distintas – na perspectiva da distribuição física (aspectos logísticos, transporte, etc.), e na perspectiva das variáveis que compõem o marketing-mix dos produtores. A distribuição deverá ser analisada tendo sempre em consideração as variáveis produto, preço e comunicação, sabendo que qualquer decisão tomada sobre cada uma das restantes variáveis tem efeitos directos na distribuição, sendo o inverso também verdadeiro. rentabilidade. No entanto, as bases do seu funcionamento regem-se pela rentabilidade dos distribuidores e, consequentemente, do capital investido. Na realidade, para o produtor, qualquer acção desenvolvida sobre os preços, os produtos, a política de promoção, de comunicação, ou serviços, poderá ter repercussão imediata sobre a rentabilidade da distribuição. No entanto, em função das políticas que mais interessam a cada canal, os produtores deverão dirigir prioritariamente as suas acções para uma ou outra variável. 7.3. A remuneração da distribuição A análise das formas de remuneração dos distribuidores em função das margens, pode ser caracterizada pela margem – para desenvolverem as suas funções, os distribuidores necessitam de uma margem, que serve para cobrir os custos de distribuição física (custos operacionais), os custos comerciais (marketing, publicidade, vendas e serviços), os custos financeiros e o lucro do distribuidor; pela facturação – para tentar controlar as margens, alguns produtores têm tendência a facturar aos intermediários o preço de venda ao público (exemplo: electrodomésticos) e, em seguida, conceder um desconto equivalente à margem desejada. Deve ter-se em consideração a Lei da Concorrência que impede os produtores de fixar preços aos seus distribuidores; e pelos descontos – para além das margens propriamente ditas, os produtores podem acordar outro tipo de condições, que se podem dividir em dois grupos: as condições gerais, que fazem parte das tabelas de preços, e as condições negociadas com cada distribuidor. FUNÇÕES DOS DISTRIBUIDORES Independentemente do facto de serem realizadas por intermediários ou pelos próprios produtores, as funções da distribuição podem ser divididas em dois tipos principais: a distribuição física e os serviços. A decomposição das funções da distribuição permite pôr em evidência o objecto da distribuição – saber qual a entidade que está em melhores condições para assegurar essas funções: o próprio produtor, os armazenistas, os prestadores de serviços (como os transportadores), os retalhistas ou os próprios consumidores. As funções dos distribuidores ao nível físico podem dividir-se em funções de transporte, armazenamento e manutenção. Ao nível dos serviços prestados têm como funções a constituição de uma oferta comercial, a recolha e transmissão de informações, a venda, o pós-venda e as funções financeiras que facilitam o pagamento aos clientes. 7.4. A selecção de um canal grossista retalhista retalhista PRODUTOR venda directa grossista CONSUMIDOR instalador retalhista agente importador 7.4.1. Tipos de canais CARACTERIZAÇÃO DOS DISTRIBUIDORES Os mecanismos de funcionamento dos intervenientes nos canais de distribuição assentam sob modelos económicos de Existem diversas formas de classificar os canais de distribuição em função da especificidade de cada sector ou das características de cada negócio. 23 caderno técnico · Marketing 7.1. Enquadramento caderno técnico · Marketing 24 Uma rápida aproximação às tipificações mais correntes indica-nos que os canais podem ser classificados pela respectiva extensão (curto ou longo), pelo sortido, pela dimensão da superfície de venda, pelo tipo de organização, pelas margens praticadas, etc. No entanto, atendendo às necessidades específicas de condução e gestão dos canais de distribuição, é conveniente classificá-Ios de acordo com os seguintes critérios. Locais de venda – A agregação dos canais de distribuição por locais de venda pode ser decomposta em função da existência ou da ausência de um ponto de venda (loja) e/ou de contacto directo com o interlocutor (vendedor). Métodos de venda – As condicionantes ligadas à modalidade de entrega do produto ao cliente – ou as vantagens daí resultantes – constituem um factor a considerar na escolha do canal que mais interessa à empresa, em função dos métodos de venda com entrega imediata ou diferida. Tipos de produtos – A identificação do canal de distribuição mais adequado à especificidade de cada empresa/negócio pode ainda ser ponderada com base na tipificação e posicionamento dos produtos a distribuir. Genericamente, esta agregação é decomposta em produtos de comodidade, de comparação e de convicção. Sistemas verticais/horizontais de marketing – A diversificação das formas de intermediação é consequência da incessante busca de novos patamares de racionalidade económica no âmbito dos modelos de gestão dos circuitos de distribuição. Para além dos circuitos tradicionais, através dos quais produtores, grossistas e retalhistas negoceiam o melhor possível as condições de venda e de compra, merecem uma nota de registo as novas formas de organização decorrentes dos sistemas verticais e horizontais de marketing. Sistemas verticais de marketing – Os sistemas verticais de marketing caracterizam-se por serem circuitos centralizados, visando reduzir custos de exploração e optimizar a relação com o mercado. Por definição, os sistemas verticais podem ser integrados, controlados e contratuais. Sistemas horizontais de marketing – O objectivo deste tipo de canais de distribuição é o estabelecimento de alianças provisórias ou permanentes entre várias empresas que trabalham no mesmo sector e que possuem vocações idênticas. Estas alianças podem materializar a colaboração em determinadas funções (exemplo, compras, transportes) ou até passar pela criação de filiais comuns. É o caso das cooperativas alimentares de pequenos retalhistas de uma região. 7.4.2.Distribuição directa e indirecta As funções da distribuição podem ser executadas pelo próprio produtor (distribuição directa) ou entregues a agentes terceiros especializados, designados canais de distribuição (distribuição indirecta). Ao equacionar as vantagens e inconvenientes inerentes a cada uma daquelas opções, há que considerar as respectivas vantagens e inconvenientes específicos que sumariamente são apresentados no quadro abaixo. Apresentadas as principais condicionantes da distribuição directa e/ou indirecta, a análise deve então centrar-se na avaliação da extensão adequada do canal (curto ou longo). Para facilitar esta análise são apresentados no quadro a seguir os principais factores condicionantes da extensão do canal, devendo estes factores devem ser ponderados em função das características de cada empresa. VANTAGENS E INCONVENIENTES DAS OPÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO DIRECTA INDIRECTA Investimento Exige um investimento financeiro elevado e de longo prazo Exige menos recursos financeiros, o que confere flexibilidade Controlo Permite um maior controlo sobre a venda e o serviço Delega funções de venda e serviço a terceiros Conhecimento produto/mercados Produtor conhece melhor os seus produtos (imagem de especialista) O distribuidor conhece melhor os seus mercados específicos (mais perto dos clientes) Recolha de informação Contacto mais estreito com o mercado permite uma melhor recolha de informações sobre o terreno O distribuir pode constituir uma barreira que impede a passagem de informações sobre o mercado Recursos Humanos Requer recursos humanos próprios para assegurar as funções de distribuição As funções são asseguradas pelos recursos humanos de terceiros Uma empresa que pretende efectuar a selecção de distribuidores deve, em primeiro lugar, estabelecer com clareza como serão suas políticas de distribuição e como elas se vão desenvolver, assim como a forma como estas políticas se relacionam com as outras políticas comerciais da empresa. Políticas de produtos – para a maioria dos produtos (bens de consumo de uso ordinário) é aconselhável que a distribuição seja a mais abrangente possível. Por outro lado, para produtos de segmento de mercado alto (artigos de luxo), é mais conveniente procurar um efeito de imagem e uma adaptação dos canais e pontos de venda, diferentes desses de carácter volumoso. Políticas de preços – É necessário identificar os canais de distribuição que, em condições semelhantes, trabalhem com margens comerciais mais altas. As modalidades de distribuição, de acordo com os pontos de venda são três: 1. Aberta ou intensiva – quando o exportador quer colocar a maior quantidade possível de produtos, em um número maior de pontos de venda para, logicamente, conseguir uma alta comunicação com o mercado consumidor. 2. Selectiva – o exportador reduz o número de armazenistas para adquirir uma cooperação maior. 3. Direito exclusivo – o exportador opta por um único comerciante, distribuidor ou armazenista e não permite a comercialização de outros produtos da mesma família. FACTORES CONDICIONANTES DA EXTENSÃO DO CANAL CANAL MAIS CURTO CANAL MAIS LONGO Produtos de valor unitário elevado Produtos de baixo valor unitário Linha de produtos larga Um único produto a distribuir Bens industriais Bens de consumo Produtos tecnicamente complexos Produtos tecnicamente simples Produtos não perecíveis Produtos perecíveis Produtos no início do ciclo de vida Produtos no fim do ciclo de vida Produtos com imagem forte Produtos indiferenciados Inexistência de intermediários competentes Existência de intermediários competentes Produtos que necessitam de serviços Produtos que não necessitam de serviços Concentração (geográfica) dos clientes Dispersão (geográfica) dos clientes Reduzida frequência de compra Elevada frequência de compra Pequeno número de clientes Grande número de clientes Pequeno número de concorrentes Grande número de concorrentes Produtos fabricados por encomenda Stock de produtos Prazo de entrega longo Entrega imediata 25 caderno técnico · Marketing 7.5. Preparação Organizacional 8. Função Vendas 8.1. Organização da força de vendas caderno técnico · Marketing 26 8.1.1. As funções da força de vendas As funções da força de vendas podem ser classificadas face ao tipo de actividade a desenvolver, segundo os níveis de desenvolvimento dos clientes e as tarefas específicas a executar. Segundo os níveis de desenvolvimento dos clientes – segundo esta orientação, as funções da força de vendas serão diferentes se se tratar de um cliente potencial (prospecto) ou se for um cliente já antigo e fiel à empresa. A classificação dos clientes pode assumir cinco categorias: Prospectos em que as funções da força de vendas são a sua identificação, a avaliação do seu potencial e a abordagem; os Adormecidos, em que a força de vendas deverá conquistar, recuperar e dinamizar; os Ocasionais, em que se deverá fidelizar e dinamizar, os Bons clientes que deverão ser desenvolvidos e dinamizados; e os clientes com Interesse Estratégico que devem ser mantidos. Segundo as tarefas específicas a executar – segundo esta perspectiva, as funções da força de vendas podem assumir as seguintes atribuições: Prospecção; Informação e comunicação ao cliente; Feedback de informações do terreno; Formação dos distribuidores; Preparação e execução de uma proposta específica (trabalho sob medida); Apoio/ajuda à revenda; Serviços pós-venda e Acompanhamento de cobranças. económica. Segundo este critério, o vendedor é responsável pela venda de todos os produtos a todos os tipos de clientes num território determinado. A divisão geográfica tem a vantagem de ser objectiva e de minimizar os custos de deslocação de cada membro da força de vendas. No entanto, obriga a que o vendedor seja conhecedor de todos os produtos da empresa. A organização da força de vendas em função da estrutura dos produtos revela-se mais apropriada, no caso da gama de produtos ser mais heterogénea e exigir aos vendedores conhecimentos técnicos mais específicos. A estrutura por clientes adquire especial relevância quando existem vários tipos de clientes com necessidades marcadamente distintas e comportamentos de compra específicos. 8.1.4. Tipo de contrato de vendedores A força de vendas pode integrar vendedores cuja relação com a empresa pode ser caracterizada em função de dois estatutos. Os vendedores exclusivos (com contrato e vínculo à empresa) e os vendedores comissionistas. Este estatuto tem a vantagem de ser mais flexível porque não apresenta custos fixos, apesar de suscitar dificuldades acrescidas na gestão e controlo da actividade de vendas. 8. 2. Planear as actividades de venda 8.1.2. A capacidade da força de vendas A dimensão da força de vendas é essencialmente determinada pelos objectivos do volume de vendas a realizar e, tendo em consideração as características do produto/serviço, pela incidência do número de visitas necessárias à concretização desses objectivos. O número de visitas, por sua vez, é calculado em função do número de clientes em carteira e em função da frequência das visitas a efectuar aos clientes, sabendo-se que a frequência de visitas varia consoante o tipo de produto e/ou serviço (característica da empresa) e os próprios clientes. Para além dos aspectos referidos devem-se ter em conta alguns factores externos à empresa que intervêm no cálculo da dimensão da força de vendas, tais como, entre outros, a pressão concorrencial, a eficiência da força de vendas e as tendências do mercado. 8.1.3. A estrutura da força de vendas De acordo com os modelos de organização mais utilizados, a estrutura da força de vendas pode ser estabelecida por área geográfica, por produtos ou por clientes. A estrutura por área geográfica é a mais simples e a mais Uma das atribuições centrais do gestor de vendas, pelo forte impacto que tem nos resultados, reside no planeamento da actividade de vendas. Quando a equipa já se encontra rodada e em "velocidade de cruzeiro" o plano das actividades de venda deve ser concebido até ao momento em que se prepara o plano de acção e o orçamento do ano subsequente. Para a elaboração do planeamento das actividades de venda há que equacionar, sucessivamente, a definição de objectivos face à estratégia estabelecida, o planeamento da actividade e o controlo periódico da performance dos vendedores. 8.2.1. Definir objectivos O estabelecimento de objectivos constitui um dos aspectos mais críticos do planeamento de vendas, porque se traduz na definição de metas individuais e da equipa que constituem o referencial central do desempenho na actividade de vendas. A definição de objectivos facilita ainda, à posteriori, a detecção de desvios e a consequente análise por área geográfica, por sector, por tipo de clientes ou por vendedor. Em muitas empresas a fixação de objectivos está directamente relacionada com a componente variável da remuneração dos 8.2.2.As actividades de vendas Sobretudo para os clientes cuja vontade de compra não é possível controlar deve ser efectuado o planeamento da actividade de venda de um modo mais eficaz. Assim, o esforço de gestão das equipas de vendas deve incidir nas actividades a montante da venda, porque estas determinam forçosamente os resultados alcançados. A actividade de vendas pode apresentar características diversas. Algumas delas têm um impacte significativo sobre as vendas na quase totalidade das empresas, tais como o número de visitas a realizar, a preparação dos contactos, a elaboração de propostas e a calendarização dos acompanhamentos a vendedores. Há, contudo, outro tipo de actividades que são específicas à natureza de actuação de cada sector, como sejam o número de telefonemas e de marcação de entrevistas no sector segurador, o número de demonstrações nos bens de equipamento, o número de propostas nos equipamentos de escritório, o espaço e a posição ocupada nas prateleiras das lojas nas empresas produtoras de bens de grande consumo e o número e valor das retomas no sector automóvel. O planeamento das actividades deve ser acompanhado pela definição de padrões de performance para a equipa de vendas, para que cada vendedor tenha uma ideia clara do que a empresa espera dele no âmbito da sua actividade diária. As actividades de vendas devem ser apoiadas por um sistema de informação que permita ao vendedor avaliar a sua própria actividade e, simultaneamente, sirva ao responsável de vendas para controlar a evolução da actividade diária respectiva. Por outro lado, o sistema de informação permitirá efectuar a análise do desempenho regular da equipa e daí retirar conclusões sobre as medidas a tomar para incrementar os resultados. Este sistema de informação pode integrar, por exemplo, os seguintes suportes básicos - plano diário, caracterização de cliente, check-list de preparação de entrevista, folha de levantamento de informações sobre a concorrência, folha de planeamento semanal da actividade e relatório diário da actividade. Cabe referir que se torna fundamental que o gestor de vendas avalie continuamente as actividades dos vendedores. De nada serve estabelecer padrões de performance se em seguida não existir uma verificação regular. 8.3. Acompanhamento da actividade de vendas O controlo da actividade de vendas e os múltiplos indicadores de performance neste domínio são de capital importância. Para conhecer os pontos fortes e fracos de cada vendedor e, consequentemente, da equipa de vendas, é necessário efectuar a avaliação da performance. As vantagens de constituir um sistema de controlo da actividade de vendas repercutem-se tanto ao nível do desempenho do vendedor, como no plano da gestão da força de vendas. No entanto, para que se possa obter um acompanhamento eficaz da actividade de vendas, torna-se indispensável ter presentes dois pressupostos – o ambiente e as condições em que o controlo irá ser efectuado e os métodos de controlo utilizados. 8.3.1. Pressupostos para um acompanhamento de vendas eficaz O sucesso de qualquer política de acompanhamento de vendas passa pela sua aceitação junto da equipa de vendas, pelo que a sua implementação deve ser cuidada e preparada não só pelos responsáveis da organização, mas também com o recurso aos próprios intervenientes, responsáveis pelas vendas e sobretudo vendedores. 8.3.2. Os métodos de acompanhamento utilizados O sistema de auto controlo – O acompanhamento efectuado pelo próprio vendedor, sendo as principais vantagens o aumento do sentido de responsabilidade e a introdução de maior eficácia de controlo sobre a actividade/tempo de cada vendedor; e a elevação da motivação dos vendedores, porque apreciam, em primeiro lugar, a sua performance. O sistema de acompanhamento pelo responsável directo – Consiste numa forma de acompanhamento efectuado pelo responsável directo através do controlo regular dos seus vendedores, apercebendo-se, no terreno, da qualidade do seu trabalho. É uma apreciação sobre a forma de executar as práticas utilizadas, e não sobre os resultados. O sistema de acompanhamento por informações – Este sistema vulgarmente utilizado permite efectuar à posteriori a análise de informação qualitativa e quantitativa de uma forma sistemática e objectiva, a fim de servir de base a acções correctivas apropriadas. O sistema de acompanhamento por parte do responsável directo através de amostragem – Em situações específicas, esta forma de controlo deve ser realizada a fim de permitir ao responsável directo avaliar da concretização ou não das suas directrizes, assumir diversas formas, como por exemplo, pedir aos vendedores que enviem dos locais onde se encontram, relatórios por fax ou que os mesmos efectuem telefonemas periódicos. 27 caderno técnico · Marketing vendedores, tendo, por isso, forte repercussão na motivação da equipa de vendas. 9. Marketing Directo 9.1.Introdução caderno técnico · Marketing 28 O marketing directo surgiu tendo como objecto a venda de livros. Entretanto, foi alargando o seu âmbito de acção para outras áreas como a venda de vestuário ou até mesmo de serviços financeiros. Podemos hoje identificar um conjunto diversificado de sectores de actividade que recorrem habitualmente ao marketing directo (governo, editoras, serviços financeiros, retalho), e os países mais desenvolvidos indicam-nos que muitos mais sectores utilizarão este meio de comunicação para contactar com os seus alvos. O objectivo prioritário das empresas passou a ser, e uma vez conquistado um cliente, o da sua fidelização, o torná-lo, doravante, um cliente activo. Para tal é necessário ter um conhecimento mais preciso de cada um. Torna-se imprescindível comunicar, de forma cada vez mais personalizada com o cliente, de forma a conhecer melhor as suas necessidades e as suas preferências, com o objectivo de, finalmente, se poder oferecer a solução que lhe é mais adequada. É neste contexto que o marketing one-to-one surge como o método de marketing mais eficaz, que tende progressivamente a substituir o marketing de massas. Na realidade, as características próprias do marketing directo posicionam-no como «o meio certo» sempre que se pretende atingir um segmento específico de mercado bem definido. O marketing directo é selectivo, personalizado, apela à acção e as campanhas de marketing directo são mensuráveis. 9.2. As principais formas do marketing directo As principais formas do marketing directo são: • O correio directo (direct mail ou mailing); • O telemarketing também denominado por marketing telefónico; • Direct response advertising (DRA), que consiste em apresentar produtos, quer numa emissão televisiva, quer através de anúncios de imprensa, possibilitando uma resposta/encomenda imediata por telefone. A venda por correspondência e à distância (VPCD) esteve na origem do marketing directo. Utiliza, principalmente, as técnicas do mailing, mas também as do telefone e telemática (videotexto, Internet e televisão interactiva) e pode apresentar-se de cinco formas principais - o envio periódico de catálogos, a venda por clubes, a venda por correspondência ou coup par coup (one-shot), o comércio electrónico, e o Kiosk marketing. 9.3. As especificidades das técnicas de marketing directo Apesar de apresentarem algumas diferenças entre elas, as técnicas de marketing directo evidenciam um certo número de características comuns: • São fundamentalmente um meio de comunicação, e são complementares de outras acções de marketing, como a distribuição; • Destinam-se a estabelecer relações directas, personalizadas e continuadas entre uma empresa e os seus clientes ou prospects; • São interactivas, na medida em que permitem uma comunicação nos dois sentidos; • Têm sempre por objectivo a obtenção de uma resposta concreta e imediata; • São mensuráveis, pelo que permitem tirar conclusões sobre a sua eficácia e rentabilidade; • São selectivas, uma vez que se dirigem a um target bem determinado e pré-definido. 9.4. Legislação A rápida e crescente evolução das técnicas de marketing directo tem levantado vários problemas éticos e deu origem a legislação e códigos de conduta que visam proteger os cidadãos das acções empreendidas pelas empresas, que nem sempre respeitam os seus direitos. A área mais delicada situa-se ao nível da base de dados, por vezes obtidas de modo ilícito. Assim, foi constituída em 1994 a Comissão Nacional de Protecção de Dados Pessoais Informatizados, uma entidade pública independente que tem como competências controlar o processamento automatizado de dados pessoais, em rigoroso respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos consagradas na Constituição e na Lei nº 67/98. Qualquer empresa que queira constituir uma base de dados pessoais, é obrigada a legalizá-la, apresentando uma proposta junto desta Comissão. A publicidade domiciliária por via postal, distribuição directa, telefone e telecópia foi regulamentada recentemente (Lei nº 6/99), estando a ser adaptadas medidas que restringem a sua utilização por parte das empresas e organizações. 9.5. Importância crescente do marketing directo A abrangência do marketing directo é bastante elevada, tanto na diversidade dos meios a que recorre, como no número de empresas que o utilizam, como, ainda, na multiplicidade de objectivos que serve. 9.6. Factores essenciais para a implementação do marketing directo 9.6.1. A base de dados Uma base de dados bem desenvolvida é, sem dúvida, um dos maiores activos de qualquer empresa e uma ferramenta fundamental para o marketing directo, pois cada cliente que se ganha representa um investimento que deve ser rentabilizado. Assim, o conhecimento dos hábitos e comportamentos dos clientes, passíveis de ser registados numa base de dados, permite individualizar a comunicação e as ofertas comerciais, tendo como consequência uma melhor taxa de resposta e uma maior satisfação do cliente. Podemos então definir a base de dados como um conjunto sistematizado de informação, processada informaticamente em ficheiros, sobre cada cliente ou prospect, organizada de uma forma sistemática e de acordo com as necessidades específicas de cada organização FONTES PARA A CONSTRUÇÃO DAS BASES DE DADOS Existem duas formas distintas de constituir uma base de dados: a criação da base própria da empresa e o recurso ao serviço de terceiros. Relativamente à hipótese da compra da base de dados existem as seguintes alternativas: a compra de ficheiros externos, o aluguer, a troca de ficheiros. Existem ainda outras alternativas para a constituição das bases de dados: listas em livre acesso (por exemplo as listas telefónicas, listas de antigos alunos, anuários, associações profissionais, listas de eleitores, censos, etc.), e os mass-media. A GESTÃO E A UTILIZAÇÃO DAS BASES DE DADOS As bases de dados têm por função base a concentração da informação necessária para despoletar o contacto (nome, morada e nº de telefone). Esta informação restrita sobre o alvo deve ser actualizada periodicamente, na medida em que se altera com frequência e o custo de contactos não conseguidos por mau endereçamento não é desprezível. Mas, para além desta função, as bases de dados permitem o registo de muitas outras informações sobre o perfil, as preferências, o histórico de contactos, o histórico comercial (frequência de compras, valor médio de compras, etc.), os gostos, o nível de vida, etc. dos clientes/prospects, cuja «alimentação» deve ser feita à medida que essa informação é recolhida, o que vai acontecendo a par do desenvolvimento do contacto entre a organização e o seu público. A gestão desta informação permite a progressiva segmentação, cada vez mais fina, o que possibilita o desenvolvimento de acções cada vez mais precisas e adequadas e, por consequência, potencialmente mais certeiras e rentáveis. 9.6.2. Os meios de comunicação utilizados no contacto com o cliente O Direct Mail – O direct mailing é o principal media do marketing directo, a ponto de ser por vezes confundido com ele. A carta é a peça mais importante do mailing, pois tem por objectivo criar uma relação de confiança com o potencial cliente. Mas uma boa carta só é lida se o sobrescrito conseguir despertar a curiosidade do cliente ao mesmo tempo que reforça a credibilidade da empresa. O sobrescrito deverá ter um papel semelhante ao da embalagem de um produto em livre-serviço ou à apresentação pessoal de um vendedor. Para além da carta poderá conter um folheto que apresenta o produto ou serviço que se pretende promover de forma mais pormenorizada, podendo conter um envelope ou postal RSF, sobrescrito selado ou número telefónico gratuito (número verde), que fomentam a participação em concursos. Todas estas peças de um mailing e acções complementares (concurso, acções de animação) devem suscitar um grande envolvimento dos clientes potenciais, pelo que a criatividade e a interactividade são fundamentais na preparação de uma campanha deste tipo. O tom e o tema da mensagem devem ser comuns a todas as peças de um mesmo mailing, devendo adaptar-se a exploração dessa mensagem às características de cada uma das peças, respeitando o processo da criação publicitária. O Telemarketing – O telemarketing (marketing directo por telefone) surge como o meio de marketing directo «mais nobre», na medida em que a interactividade é feita em tempo real. Apresenta-se como um meio mais oneroso que o mailing, já que envolve 29 caderno técnico · Marketing Em Portugal, este conceito deixou de ser «uma forma de vender livros pelo correio» e tornou-se um processo de comunicação incontestável, ao qual recorrem cada vez mais organizações de diferentes sectores. Inicialmente, apenas algumas empresas recorriam às técnicas de marketing directo, de uma maneira exclusiva, para vender os seus produtos. Actualmente, são muitas as empresas que utilizam o marketing directo complementarmente com outros meios de comunicação ou de venda. A esta utilização estratégica de diversos meios, atribui-se geralmente o nome de Integrate Direct Marketing (IDM), que pretende criar uma estratégia de marketing directo global, onde a informação em cada um dos meios complementa a dos outros meios. caderno técnico · Marketing 30 mais tempo, não está garantido à partida que se fale com o interlocutor válido na primeira tentativa e exige formação e treino específico dos operadores. A interactividade permite-lhe obter resultados mais rápidos do que outros meios de comunicação que funcionam essencialmente num só sentido. Mass Media – Além do mailing e do telemarketing, o marketing directo utiliza vários meios de comunicação. Uns servem unicamente para constituir o ficheiro (ou seja para recrutar os seus membros), outros servem, ao mesmo tempo, para recrutar e para expedir mensagens. O mass media mais utilizado no marketing directo é a imprensa, nomeadamente as revistas, o que se justifica pelo facto de não serem media massificados, mas de permitirem uma pré-segmentação. O objectivo da utilização destes media é, normalmente, o de enriquecer as bases de dados permitindo maior precisão na segmentação dos prospects por forma a optimizar as acções de marketing directo. A utilização destes suportes consiste em neles inserir anúncios comportando uma oferta específica acompanhada de um cupão-resposta que os leitores são convidados a enviar à empresa. A redacção e a apresentação dos anúncios deste género são muito diferentes dos anúncios publicitários clássicos, uma vez que têm por objectivo exercer no leitor uma «passagem à acção», isto é, uma resposta imediata e concreta, (normalmente o pedido de informações específicas sobre determinado produto ou serviço, que nos vai permitir acrescentar prospects ou conhecer os seus interesses e apetência para determinado tipo de oferta) sendo o copy sempre individualizado. 9.7. A análise da rendibilidade das operações de marketing directo despesas de expedição, entrega e cobrança destes produtos. 9.7.2. Os cálculos de rendimento O rendimento de uma operação de recrutamento é o número de destinatários conquistados após esta operação, relacionado quer com o custo da operação, quer, no caso de um recrutamento por mailing, com o número de pessoas abrangida. No primeiro caso, designa-se por taxa de retorno. O rendimento de uma oferta específica pode calcular-se quer pelo número de clientes que adquiriram o produto, quer pelo número de artigos comprados quer pelo volume de negócios. 9.7.3. Os cálculos de rendibilidade Com base na comparação entre os custos e as receitas, pode-se calcular a rendibilidade de um media, de uma oferta, ou mesmo a rendibilidade individual, sobre um período de tempo determinado, de cada um dos destinatários que constam no ficheiro. Tendo em conta os custos unitários de recrutamento – que podem atingir vários milhares de escudos – um cliente só se torna rendível após um certo volume de compras, que pode ser calculado. Tal cálculo permite identificar os clientes que deverão ser eliminados do ficheiro ou ser objecto de ofertas menos frequentes ou menos dispendiosas e determinar as características específicas dos destinatários mais interessantes, com vista a orientar os posteriores recrutamentos para as categorias de destinatários que possuam essas características. 9.7.4. Os testes As operações de marketing directo prestam-se melhor às análises de rendibilidade do que as de marketing de massa, pois no marketing directo é sempre possível medir com precisão os custos e as receitas imputáveis a um media, a uma oferta, a uma categoria de destinatários, etc. 9.7.1. Os custos Os principais custos do marketing directo são as despesas de aquisição de endereços, tais como o aluguer de ficheiros ou a colocação de anúncios nos mass media, dividindo o montante destas despesas pelo número de endereços obtidos, calcula-se o «custo de recrutamento» de um destinatário; os custos de gestão informática da base de dados; o recrutamento, formação e salários dos operadores de telemarketing; a concepção (criativa) das peças a incluir no mailing; a produção gráfica das peças promocionais; as despesas de envio das mensagens (franquia dos mailings, duração das chamadas telefónicas, custos de pessoal, tratamento das respostas, etc.); o preço de custo dos produtos vendidos e as As empresas que praticam o marketing directo levam a efeito numerosos testes com vista a prever e aumentar o rendimento das suas próprias operações ou decidir pelo seu cancelamento. Estes testes podem ter como objectivo a comparação do rendimento de vários suportes de imprensa, ou ainda, para um mesmo suporte, de vários formatos de anúncio, a comparação do rendimento de várias redacções ou de várias apresentações tipográficas de um mailing, a comparação do rendimento de diversas frequências de expedição de um catálogo para destinatários de uma determinada categoria, e a comparação do rendimento da frequência de contactos de uma operação de telemarketing, etc. Em função do custo e da eficácia dos diferentes meios de venda, é habitual as empresas lançarem campanhas apoiadas em publicidade de televisão ou imprensa, que, numa primeira vaga, desencadeiam uma acção de mailing; a acção pode prosseguir com uma campanha de telemarketing junto dos destinatários que tiverem uma resposta positiva ao mailing, podendo ainda ser concluída com a intervenção da força de vendas junto de potenciais clientes interessados no produto/serviço proposto. 10. Política e Gestão de Marca Uma marca é um nome, um termo, um sinal, símbolo, desenho ou uma combinação destes conceitos, criada com a intenção de identificar produtos e serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores e promover a sua diferenciação dos concorrentes. Nos últimos anos, verificou-se uma verdadeira moda de marcas no mundo do marketing e há quem já não consiga imaginar o marketing senão através da mais-valia ligada às marcas. A marca acrescenta valor ao produto. Valoriza-o fortemente. Em caso algum, as políticas de marcas devem negligenciar os seus produtos. O conceito de marca é transmitido através de quarto níveis de requisitos: os atributos dos produtos, os benefícios, os valores e a personalidade que a marca projecta. O papel da marca funciona também como garantia da segurança dos consumidores, da verdade do produto e como declaração de responsabilidade do produtor em relação àquilo que produz. VALOR DA MARCA Embora a marca seja a ferramenta do marketing, foram os financeiros que, nos anos 80, chamaram a atenção para o valor das marcas e para a necessidade de conceber estratégias de marcas, a longo prazo. Foi através da reestruturação de grupos e em situações de venda de marcas que se teve consciência do seu valor monetário. O valor e peso que as marcas têm no mercado é muito variável. A maioria são largamente desconhecidas dos consumidores, outras têm um levado grau de identificação e consciencialização dos consumidores, outras ainda merecem a preferência dos consumidores e finalmente algumas conseguem um elevado nível de lealdade. Muitas empresas à volta do mundo investem largas somas de dinheiro cada ano para criar consciência de marca e lealdade nos consumidores. Marcas poderosas promovem vantagens competitivas no mercado tornando-se super marcas, através do reconhecimento instantâneo da maioria da população nos mercados interno e internacional. 10.2.Os tipos de marca Existem três categorias principais de marcas: a marca institucional, a marca produto e a marca umbrella. a) A marca institucional É a razão social da empresa, tornada marca da empresa (ou «corporate brand»). As utilizações da marca institucional podem apresentar-se como a marca institucional pura, marca institucional umbrella ou marca institucional híbrida. 1-marca institucional pura - Não aparece nos produtos da empresa que são comercializados com marcas próprias. 2-marca institucional umbrella - Esta categoria tem simultaneamente uma função marketing e institucional. Neste caso, a marca da empresa identifica as actividades «corporate» e todos os produtos da empresa. 3-marca institucional híbrida - A marca da empresa identifica as actividades institucionais (corporate) e uma parte dos produtos, tendo os outros, marcas próprias. b) A marca produto A cada produto corresponde um posicionamento e uma marca específica. A marca produto é, muitas vezes, uma marca de gama que pode abarcar variedades e formatos diferentes de produtos. c) A marca umbrella Contrariamente à marca produto, que é específica para cada produto, ou cada gama de produtos, a marca umbrella identifica várias categorias de produtos muito diferentes. d) Outros tipos de marcas Outros tipos de marcas existem, como as marcas derivadas das marcas produto e das marcas umbrella em que a terminologia das marcas é muito variada, mas os diferentes tipos de marcas podem estar, na maioria das vezes, ligadas quer à família das marcas produto, quer à das marcas umbrella. A marca genérica, como consequência do seu êxito, uma marca, produto ou umbrella pode ter uma tal notoriedade, que os consumidores comecem a designar, pelo seu nome de marca, qualquer tipo de produto que ela identifica, o que pode ser um risco pela dificuldade de diferenciação. E a Classificação (label) que é atribuída aos produtos cuja origem, processo de fabrico e perflrmances resultam de um caderno de encargos estabelecido por uma organização pública ou profissional. 10.3. Identidade de uma marca Tal como uma pessoa, uma marca tem uma identidade física ou formal. Como uma pessoa, ela tem um carácter, uma personalidade ligada à sua história e aos seus valores fundamentais. É o que se chama a identidade cultural da marca. RECEPTOR imagem como a marca é identificada notoriedade presença da marca no nosso espírito EMISSOR identidade o que a marca é ESTRATÉGIA posicionamento como se pretende que a marca seja conhecida 31 caderno técnico · Marketing 10.1. Conceito de marca IDENTIDADE FÍSICA DA MARCA caderno técnico · Marketing 32 A marca designa-se sob um conjunto de sinais, formas, cores e mesmo nalguns casos sons. Todos os sentidos físicos dos consumidores podem e devem ser aproveitados para centrar a atenção na marca, para facilitar a sua identificação e para transmitir as promessas feitas ao consumidor. a) O nome b) A embalagem e o design do produto c) Os componentes de marca – Logótipo, jingle, símbolos, assinatura, grafismo. IDENTIDADE PSICOLÓGICA DA MARCA: CARÁCTER, TERRITÓRIO E VALORES Uma marca descreve-se não apenas pelos seus aspectos físicos, mas também pelo seu carácter, pelo seu território (no caso de uma pessoa, dir-se-ia pela sua classe social) e pelos seus valores fundamentais (a sua cultura). O carácter revela os traços salientes da psicologia da marca. Uma marca deve permanecer simples e constante, sob pena de confundir a sua imagem. A personalidade de uma marca não deve ser demasiado complexa, e é inútil querer dar-lhe um grande número de dimensões psicológicas. Os consumidores farão rapidamente a triagem, simplificando os excessos. O território de uma marca é o espaço do mercado ou mercados onde a marca se pretende legitimar. Os valores culturais fundamentais de uma marca levam à noção de cultura de empresa, sendo esta representada pelos valores fundamentais que a caracterizam. 10.4. A notoriedade A notoriedade mede a memória ou lembrança espontânea ou assistida de uma marca. Supõe que o consumidor é capaz de ligar o nome de uma marca a um produto ou a um domínio maior de actividades da marca. OS DIFERENTES TIPOS DE NOTORIEDADE Podem classificar-se em quatro tipos de notoriedade consoante o grau de reconhecimento. 10.5. A imagem da marca AS CARACTERÍSTICAS DE UMA IMAGEM DE MARCA Uma imagem é um conjunto simplificado e relativamente estável de percepções e de associações mentais ligadas a um produto, uma empresa, um indivíduo, etc. Em relação à imagem de marca, traduz-se num conjunto de representações mentais, pessoais e subjectivas, estáveis, selectivas e simplificadoras. Entre as características que definem uma imagem de marca, destacam-se a imagem como conjunto de representações mentais, estando aqui presentes a dimensão e valor de uma imagem, a imagem espontânea e a imagem latente e o conteúdo e principais componentes das representações mentais. A imagem é uma questão pessoal e subjectiva, é um conjunto de representações mentais válido para um indivíduo. Pode ser muito diferente de pessoa para pessoa. O que se mede em marketing é uma imagem média. Procura-se estabelecer o perfil mais difundido no mercado. Uma imagem é uma representação relativamente estável, a imagem é a expressão dos conhecimentos e atitudes dos consumidores relativamente à marca. Sabe-se que as atitudes são relativamente estáveis. A satisfação ou insatisfação dos consumidores traduz geralmente sentimentos fugazes, que só afectam a imagem pela repetição de experiências com o mesmo sentido, ou quando a sua intensidade é muito forte. Uma imagem é selectiva e simplificadora, as imagens representam as sínteses que os consumidores fazem das marcas, para simplificar a sua percepção de múltiplos produtos, muitas vezes muito próximos, o que facilita a sua tarefa dos consumidores. O ESTUDO DA IMAGEM DE MARCA A análise de uma imagem supõe que, em primeiro lugar, se identifique o que se vai estudar e o uso que se deve fazer dos dados recolhidos. Deve ser definido o objecto e o campo de estudo da imagem (tipo de imagem, objectivo que se persegue, públicos a estudar), deve-se ter em atenção as fases de um estudo de imagem (estudo qualitativo e quantitativo), e efectuar a análise dos dados e a apresentação dos resultados de um estudo de imagem. 10.6. Políticas de marca a pirâmide da notoriedade marca cotada ao 1º nível marca presente no espírito marca reconhecida marca desconhecida notoriedade top of mind notoriedade espontânea notoriedade assistida ausência de notoriedade ELABORAÇÃO DE UMA ARQUITECTURA DE MARCA PARA O CONJUNTO DE UM PORTFÓLIO DE PRODUTOS a) Escolha de uma marca umbrella ou de marcas produtos Foram inventariados dois tipos principais de marcas, sendo as outras apenas variantes – as marcas umbrella e as marcas produtos. As vantagens das marcas umbrella apontam para um custo reduzido pois, por definição, não há necessidade de investir numa marca para lançar uma nova gama de produto; e para a b) Marcas globais e marcas locais Em sentido estrito, uma marca global é uma marca utilizada da mesma maneira em todos os países do mundo, isto é, com o mesmo posicionamento, os mesmos produtos e a mesma comunicação. A lógica económica dos grandes grupos tende para o desenvolvimento das marcas globais, o que nem sempre é possível. A marca global implica que a marca e o seu marketing sejam idênticos em todos os países – mesmo posicionamento, mesmos produtos, mesma comunicação e mesmos princípios de distribuição. A marca local existe quando as marcas são muito específicas e existem poucas vantagens em ter a marca em todo o lado. É difícil, mesmo impossível, quando as empresas se desenvolvem externamente comprando marcas nacionais. Destacam-se ainda a marca «glocal» (global + local) que se encontra animada por uma estratégia global, mas com importantes ajustamentos ao plano local e os sistemas híbridos caracterizados por uma dupla marca – a marca local caucionada por uma marca-mãe global. AS POLÍTICAS DE EVOLUÇÃO DAS MARCAS a) A extensão da marca Consiste em utilizar a mesma marca para produtos diferentes. Tem a vantagem dos produtos abrangidos beneficiarem imediatamente e sem investimento, da notoriedade e imagem de marca. A EXTENSÃO DA MARCA E OS SEUS EFEITOS boa a marca ajuda a extensão má a marca fica danificada por extensões impensadas excelente a extensão valoriza a marca EXTENSÃO DA MARCA negativa a marca prejudica a extensão lamentável perde-se a oportunidade de criar uma nova marca b) As dimensões da extensão da marca Para além do núcleo identificador da marca, podem ser identificadas três zonas de extensão: núcleo externo das associações espontâneas, zona de potencialidades latentes e zona interdita. c) A revitalização de marcas envelhecidas Podem apresentar-se dois casos distintos: uma marca em declínio e uma marca antiga que foi célebre e que está desactivada há muito. No primeiro caso o diagnóstico é, geralmente, fácil de estabelecer. A marca não recruta novos consumidores porque a sua comunicação não soube evoluir, porque o produto não é actual, porque falhou no desenvolvimento da grande distribuição moderna, etc. Erro a não cometer é querer rejuvenescer radicalmente a marca, transformando-a através de uma comunicação completamente nova. Há o risco de violentar a identidade da marca, de conquistar poucos consumidores novos e de perder velhos, que eram os alimentadores da marca e que nunca mais a reconhecerão. É necessário definir cuidadosamente o núcleo identificador da marca e não lhe tocar. 10.7. Licenciamento das marcas O licenciamento das marcas baseia-se na rentabilização da marca através do desejo de identificação do consumidor com a imagem e personalidade da mesma. Os licenciadores – detentores das marcas ou direitos – licenciam a utilização das marcas, imagens, símbolos, personagens, etc. a terceiros, por períodos e em condições definidas, para que estes possam rentabilizar, de alguma forma, a sua actividade ao associarem-se à imagem do objecto licenciado. O licenciamento pode desenvolver-se segundo duas fórmulas: funcionando como extensão da marca, pelo licenciador, a produtos que sem esta associação seriam completamente indiferenciados, não existindo uma relação directa entre a marca registada e o produto do licenciado ou funcionando através da associação da marca a uma outra marca já existente. Neste caso, há que verificar se existe uma compatibilidade entre a marca licenciada e os produtos a que esta será associada. Esta fórmula visa «alavancar» as vendas de um produto já existente ou facilitar a introdução de novos produtos no mercado. Em ambos os casos, a marca veicula uma percepção de acréscimo de valor ao produto a que está associada na percepção do consumidor. 33 caderno técnico · Marketing concentração dos investimentos sobre uma só marca permitindo desenvolver marcas poderosas à escala nacional, europeia, mundial e os novos produtos comercializados sob uma marca contribuem para reforçar a sua notoriedade. Como inconvenientes a marca umbrella dilui a imagem, enquanto as marcas específicas para cada gama de produtos permitem posicionamentos bem diferenciados, compromete as extensões de gama, favorece a contaminação de uma crise pontual ao conjunto dos produtos, e não permite valorizar o capital marca, aquando da cedência de uma parte do portfólio de produtos. 11. O que é o CRM? 11.1. Introdução caderno técnico · Marketing 34 O CRM (Customer Relationship Management) é um dos mais recentes conceitos na evolução das ferramentas capazes de fazer diferença na disputa implacável entre as empresas por mais competitividade nos negócios e no seu relacionamento com os clientes. Uma iniciativa CRM tem como objectivo criar o melhor relacionamento possível com o cliente, em todo o seu ciclo de vida com a empresa, e não apenas na venda. Não é em absoluto uma ideia nova, uma vez que muitas empresas sempre pretenderam criar um bom relacionamento com os seus clientes. O que está a despertar tanto interesse actualmente é a disponibilização de tecnologias que facilitam esta actividade. A proposta do CRM é desenvolver um processo contínuo e evolutivo de conhecimento e comunicação interactiva com os clientes. conhecer o Cliente acções de marketing vendas planeamento marketing O CRM é um ciclo, onde três etapas básicas são continuamente activadas. A primeira é o conhecimento do cliente: quem é ele, o que quer e o que compra. Para esta etapa, as Tecnologias de Informação (TI) são fundamentais, principalmente as tecnologias e processos de Business Intelligence e DataWarehousing. A segunda etapa é o planeamento de campanhas de marketing e interacção com o cliente, baseadas no conhecimento obtido na primeira fase. E, finalmente, a terceira fase, onde são efectivadas as acções de marketing e vendas. E o ciclo deve repetir-se continuamente, procurando sempre o aperfeiçoamento do processo. As TI são a base do CRM. Diversas tecnologias devem ser integradas, tais como, software de Call_Center, sites Internet, ERP, Data Warehouse, Data Mining e ferramentas OLAP. Mas, o factor crítico de sucesso é o desenvolvimento do processo como um todo. Um CRM é muito mais que um conjunto de software. Para se dispor de informações actualizadas sobre clientes é necessário um Data Warehouse, que não é desenvolvido de um dia para o outro, e sistemas aplicacionais adequados que permitam uma visão integrada dos processos de negócios, como os ERPs, que também não são implementados rapidamente. É também necessário dispor de sistemas de interacção com os clientes, como um call center automatizado. As promessas do CRM são absolutamente cativantes: identificar quais são os clientes mais valiosos, permitindo criar um relacionamento intenso com eles, aumento da sua fidelização, e consequentemente, melhorando os resultados financeiros da organização. 11.2. Como implementar o CRM O primeiro alerta: CRM não é uma simples questão de implementação de tecnologia. Sem tecnologia não se implementa um CRM com sucesso, mas apenas com tecnologia também não se chega a lugar nenhum. O sucesso ou fracasso de uma iniciativa CRM depende principalmente de como as questões relativas a processos e pessoas serão tratadas no projecto. O CRM transforma todo o sector de marketing, sua organização, processos de trabalho e obviamente as pessoas e suas capacidades. Implementar CRM neste contexto significa redesenhar a organização, mudando o seu foco de produto para o cliente. Significa, na prática, transformar pessoas, processos, organização e tecnologia. A transição do marketing de massas para o marketing de relacionamento é muito simples no papel, mas muito difícil na prática. De uma maneira geral, os sectores de marketing estão acostumados a desenvolver campanhas sem um foco específico nos clientes, mas apenas baseados em segmentos simplistas, como grandes e pequenas contas, classes sócio-económicas, pessoas físicas ou jurídicas e assim por diante. Implementar o marketing de relacionamento exige informações sobre clientes, num nível que não existe hoje na maioria das organizações, e pessoal de marketing que tenha capacidade para analisar essas informações. Estes profissionais terão que ter condições de não só saber desenvolver queries OLAP (e no futuro usar data miníng), mas principalmente saber interpretar os seus resultados e aplicá-los. O foco do CRM é o marketing. Embora a área das TI tenha um papel importantíssimo, pois deve fornecer a infra-estrutura de tecnologia (software e hardware), ela não deve ser a patrocinadora do processo. Quem conhece e pode direccionar a iniciativa CRM é, sem sombra de dúvida, o sector do marketing. REQUISITOS PARA UMA BEM SUCEDIDA INICIATIVA DE CRM Primeiro, dispor das informações adequadas sobre os clientes. Um CRM pode ser considerado um data mart de marketing, com informações específicas sobre clientes. Segundo, é necessário um QUAL O OBJECTIVO DO CRM O CRM deve ser visto como um conceito para obter o melhor relacionamento com os clientes e não como um produto ou uma tecnologia. O seu objectivo é aumentar, proteger e reter relacionamentos com os clientes já existentes. Diversos estudos demonstram que é muito mais caro para uma empresa obter um novo cliente do que manter um cliente antigo. Cada vez mais as empresas estão a tomar consciência de que não adianta fazer grandes despesas com campanhas publicitárias e de marketing se não for possível reter os clientes fiéis aos seus produtos/serviços. A estratégia é obter a fidelidade, fornecer serviços personalizados, adquirir um melhor conhecimento dos clientes e diferenciar-se da concorrência. Através da melhor compreensão das necessidades dos clientes é possível a segmentação do mercado para identificar onde podem ser construídas relações lucrativas permanentes. Dentro deste novo paradigma de relacionamento comercial, tornam-se necessárias algumas actividades: identificar, atrair e conservar os clientes mais importantes; calcular métricas para cada cliente: lucro, satisfação, potencial de interrupção do relacionamento comercial; acompanhar o lucro gerado pelos clientes; realizar actividades específicas para manter os clientes; gerir uma série contínua de interacções com os clientes; medir a relação comercial com os clientes dos diferentes produtos/serviços ou grupos de produtos/serviços e acompanhar o apoio dado aos clientes. O e-Business é um dos principais conceitos que estão a trazer à tona, neste momento, a discussão sobre CRM. Pode definir-se o e-Business (seja business-to-consumer ou business-to-business) como a aplicação de tecnologias para facilitar relações de negócios. Essas tecnologias, tais como, Web, sistemas de telefonia avançados, palmtops, computadores hand-held, TV interactiva, quiosques de auto-serviço e smart-cards, devem ser suportadas por bases de dados integradas, caII-centers e sistemas transaccionais seguros. Para a implementação do e-Business são necessários sistemas que, de forma transparente e confiável, façam interagir diferentes empresas situadas eventualmente em diferentes fusos horários e/ou áreas geográficas. As soluções de e-Business devem poder fornecer um conhecimento detalhado sobre as necessidades dos utilizadores e os meios para transformar este conhecimento numa vantagem competitiva. Entre os principais benefícios estão o aumento de vendas a menor custo, a satisfação dos clientes e a sua lealdade efectivada pela maior frequência nas compras. O sucesso da sua implementação depende de estratégias que criem e sustentem relacionamentos de negócios electronicamente. Com os conceitos de CRM e e-Business pretende-se sincronizar o atendimento com os clientes através de diversos canais de comunicação utilizando múltiplas tecnologias (sítes na Web, emails, sistema direccionado de chamadas telefónicas, etc.). Assim, torna-se possível acompanhar as interacções (relacionamentos) via telefone ou pessoalmente através do seu registo electrónico. Essas interacções podem ser de diversos tipos, incluindo solicitações e/ou reclamações. Além das informações de relacionamento, é fundamental a integração com transacções actuais e passadas, bem como com as preferências dos utilizadores, obtendo-se assim uma visão unificada de cada cliente. Trabalhar somente com um desses subconjuntos de informações não permite a visualização dos relacionamentos de uma forma global, de modo a serem utilizadas, de forma vantajosa, em interacções futuras. 11.3. Conceito de Marketing one to one Complementando os conceitos de CRM e e-Business, temos o conceito do Marketing one to one ou marketing personalizado, cujas premissas são: • Identificar os clientes; • Diferenciar os clientes em segmentos; • Interagir de forma diferenciada em função dos segmentos; • Customizar progressivamente a interacção. No relacionamento one to one surge o conceito de "Comunidades", que podem ser encaradas como segmentos de mercado e são, normalmente, definidas pela similaridade de valores de atributos de grupos de clientes. Esses atributos podem ser: valor do cliente, função na empresa, segmento de negócio, região, demografia, estilo de vida e dados psicográficos. Quanto mais se adequarem às necessidades dos utilizadores, melhor estarão definidas as comunidades. Estas definições de comunidades (que são colectivamente exclusivas) devem ajudar a melhor direccionar produtos e conteúdos. O cliente deve facilmente identificar-se com uma das comunidades. A importância das comunidades deve estar baseada nos objectivos da empresa para cada uma delas. Como regra geral, pode dizer-se que a personalização começa pelo marketing voltado para as comunidades para, num segundo momento, alcançar o relacionamento "one to one", ou seja, o relacionamento de uma empresa com um cliente específico de forma personalizada. CLENTE SATISFEITO, A BASE PARA A SOBREVIVÊNCIA Nesta última década, a maioria das empresas reduziu os seus custos e reestruturou processos e operações para alcançar os objectivos financeiros pretendidos. Como resultado, estas empresas desenvolveram um comportamento com uma visão interna para 35 caderno técnico · Marketing projecto CRM bem consistente. Significa centrar na organização, processos e pessoas de marketing. Significa também integrar sistemas aplicacionais com o data mart CRM. caderno técnico · Marketing 36 a empresa, objectivando a satisfação dos seus accionistas. O corte nos custos e a reengenharia de processos acabaram por resultar na perda do foco no cliente, o que começou a mostrar ser um grande erro. Afinal, o cliente é a fonte dos rendimentos das empresas. A partir dessa conclusão que hoje parece óbvia, as empresas passaram a focar-se no atendimento diferenciado do cliente, como forma de obter sucesso nos seus empreendimentos. As tácticas de atendimento em tempo real, preciso e principalmente individualizado, são os principais pontos da estratégia de CRM (Customer Relationship Management). O RESULTADO DE UMA INICIATIVA CRM O factor chave da implementação do CRM é a diferenciação dos serviços e benefícios dados aos clientes de acordo com o valor de cada cliente. Se não se conhecer a rentabilidade de cada cliente, a empresa poderá estará a desperdiçar recursos valiosos. No entanto, embora conhecer a rentabilidade individual de cada cliente seja um bom principio, não é suficiente. O importante é o que se faz com essa informação. É assim essencial que todos os participantes na relação com o Cliente utilizem essa informação de uma forma efectiva e no interesse global da empresa. AUTO-DIAGNÓSTICO PARA DEFINIÇÃO DO ESFORÇO NECESSÁRIO À IMPLEMENTAÇÃO DE UMA INICIATIVA CRM Muitas empresas preocupam-se em fazer a sua primeira venda a um cliente, mas não se esforçam por preservá-lo. Infelizmente, para elas, existirão muitas oportunidades de o perder para a concorrência. E cada novo cliente tem um custo de aquisição bastante alto em relação ao custo de mantê-lo como cliente por um longo período. O questionário de auto-avaliação abaixo pode mostrar como a sua empresa está preparada para uma iniciativa CRM: • A sua empresa esforça-se por atrair e manter apenas os clientes mais lucrativos? • Como é que ela define e avalia um cliente lucrativo? • Como é que ela identifica os clientes lucrativos? • Que análises de rendibilidade são efectuadas com relação à base de clientes? • Que atitudes são tomadas em relação a clientes não lucrativos? • São medidos e avaliados os custos de aquisição de novos clientes? • Existem estratégias de marketing diferenciadas para aquisição e retenção de clientes? • Todos os canais de contacto com os clientes estão adequadamente integrados? • Como é que a sua empresa define e avalia um cliente fiel? Como é medido o nível de fidelidade da base de clientes? • Que incentivos a sua empresa oferece para preservar um cliente fiel? • A empresa conhece os padrões de compra dos seus clientes? • São sistematicamente efectuadas pesquisas de satisfação na base de clientes? • A alta administração preocupa-se em avaliar índices de fidelização, custos de aquisição de novos clientes, índices de rendibilidade e assim por diante? OS DEZ ERROS FATAIS PARA UMA INICIATIVA DE CRM Ponto-chave Todas as funções associadas de CRM – Vendas, marketing, serviço pós venda e gestão – apenas necessitam ser automatizadas, sem necessidade de análise prévia. Se não se realizar uma análise prévia do processo de Negócio, dificilmente se conseguirá implementar um efectivo sistema automático de CRM. A participação da Gestão de Topo na implementação do CRM, apenas é necessária quando o software estiver seleccionado e as funcionalidades estiverem a funcionar, uma vez que se trata de uma compra de software e existem outros quadros mais qualificados para esta selecção que a Gestão de Topo. Se não se compreender a orientação estratégica da Gestão de topo para o CRM, corre-se o risco de escolher o tipo errado de aplicação. Na maioria dos casos de sucesso, o sistema de CRM foi abordado como um facilitador do negócio e não como uma mera ferramenta tecnológica. O CRM a implementar deve responder a todas as necessidades dos elementos da Empresa. Como tal apenas se implementará o sistema de CRM que preencha 100 das necessidades da Empresa. O senso comum diz-nos que é impossível “agradar a Gregos e Troianos” simultaneamente. Automatizar um processo ineficiente é custo desnecessário. Escolher um dos sistemas de CRM mais vendidos no mercado. Trata-se de um sistema de Gestão de contactos. As aplicações não são todas iguais, nem permitem evoluir de acordo com o crescimento do negócio. Será suficiente implementar apenas as funcionalidades standard do sistema CRM adquirido. As empresas que assumem que soluções padrão responderam às suas necessidades, tendem a ficar desapontadas. A gestão do Projecto apenas deverá ser definida na fase de implementação do sistema. A imposição da utilização de um sistema em que os utilizadores não participaram na fase inicial de implementação, tende a ser boicotada. Uma vez implementado o CRM, os utilizadores do sistema reconhecem as vantagens da sua utilização, e participarão activamente. Após a euforia inicial com a introdução de um novo sistema, as pessoas voltam normalmente para as sua rotina habitual, vendo a nova ferramenta tecnológica como um constrangimento adicional. Não devemos fazer os Vendedores perderem tempo em acções de formação sobre CRM. Esperar que os utilizadores compreendam a utilização do novo sistema e o processo de trabalho que lhe está associado simultaneamente, em paralelo com as suas responsabilidades habituais, é uma receita para o insucesso. Os sistemas de CRM não necessitam de administração, depois de implementados. Deixar a gestão a longo prazo do sistema de CRM para o departamento de TI, pode ser considerado desastroso, caso exista pessoal a menos, esteja afastado do processo de Negócio da Empresa, ou possua poucos conhecimentos sobre as iniciativas de Marketing e de Vendas. Após a conclusão da implementação do sistema de CRM, a sua gestão deverá ser entregue a outro elemento que garanta que o sistema cumpra as expectativas. Se abandonado, as iniciativas de CRM perderem qualquer tipo de impacto. 37 caderno técnico · Marketing Erro Fatal 12. Estratégia e Plano de Marketing 12.1. Introdução caderno técnico · Marketing 38 O Plano de Marketing permite detectar as oportunidades, ameaças, pontos fortes e fracos, permite promover a gestão por objectivos, basear a tomada de decisão em factos, fixar objectivos concretos, identificar o que medir, quantifica desvios e a sua correlação com o processo, quantifica resultados, reduz a possibilidade de ocorrência de insucessos, cria mecanismos de controlo e optimização de recursos e consequentemente dos resultados. O plano de marketing assume assim uma relevância estratégica determinante na gestão das oportunidades e ameaças concorrenciais. Cabe-lhe equacionar a posição competitiva no passado e no presente. O seu controlo é determinante para o sucesso dos objectivos pretendidos bem como para os respectivos resultados. 12.2. Estratégia e objectivos de marketing Tal como qualquer outro objectivo empresarial, os objectivos de marketing devem constituir uma orientação para a actividade da empresa e para as pessoas que os definem. Os objectivos devem ser ambiciosos, mas simultaneamente realistas, concretos e mensuráveis, definidos no tempo e repartidos por objectivos parciais fáceis de transmitir e de assimilar e ainda consensuais (se possível). Uma boa mnemónica para não esquecer os requisitos de uma boa definição do que é um objectivo é a palavra "DREAM": • D - Datado • R - Realizável • E - Específico • A - Ambicioso • M - Mensurável No âmbito do plano de marketing é possível diferenciar os objectivos de marketing em objectivos gerais e específicos, sendo que os objectivos gerais se entendem como aqueles que estão relacionados com a actividade global de um departamento de marketing e os objectivos específicos aqueles que concorrem para os objectivos gerais e estão ligados a cada um dos subplanos ao nível do produto, preço, distribuição, comunicação e das actividades de vendas. A determinação dos objectivos por parte da empresa resulta da síntese de um conjunto de factores de onde se destacam o histórico, as informações provenientes do "terreno", a análise prospectiva dos clientes, a análise prospectiva dos concorrentes e ainda a vontade dos dirigentes. Após a definição dos objectivos de marketing, a empresa deve escolher as estratégias de marketing adequadas à realização desses objectivos. As estratégias de marketing podem ser decompostas em três grandes tipos: • As estratégias de desenvolvimento que visam desenvolver a procura global. As estratégias de desenvolvimento podem ser conseguidas através da conquista de novos clientes (estratégias extensivas) ou do aumento de consumo dos clientes actuais (estratégias intensivas); • As estratégias concorrenciais que pretendem conquistar vendas à custa de marcas ou produtos existentes no mercado. As estratégias concorrenciais são as que têm maior frequência de ocorrência em mercados abertos, dado que, normalmente, nestes mercados o crescimento é conseguido através da conquista de posições à concorrência; • As estratégias de fidelização que habitualmente são paralelas às estratégias anteriores e que, para além de visarem a expansão das vendas através do esforço de captação de novos clientes, preconizam a manutenção do volume de negócios gerado pelos clientes actuais, evitando assim que estes sejam seduzidos pela concorrência. 12.3. Plano de marketing O Plano de Marketing tem por finalidade orientar as estratégias das empresas e das instituições interessadas em obter maior eficiência, eficácia e efectividade nas actividades orientadas para o marketing. No contexto actual, a busca da conquista e satisfação contínua do cliente é o factor-chave que mais contribui para o sucesso e longevidade das empresas. O plano de marketing assume assim uma relevância estratégica determinante na gestão das oportunidades e ameaças concorrenciais. Cabe-lhe equacionar a posição competitiva no passado e no presente. Cabe-lhe identificar as melhores oportunidades e abordagens comerciais. Cabe-lhe estabelecer os objectivos e as estratégias futuras para reforçar as vantagens competitivas, sempre na perspectiva de maximizar a satisfação do cliente de forma continuada e sustentada. E cabe-lhe definir os meios, atribuir responsabilidades e prever os mecanismos de avaliação dos resultados das actividades projectadas. 12.3.1. Vantagens e inconvenientes do Planeamento de Marketing As vantagens da implementação de um processo de planeamento de marketing situam-se a diferentes níveis: • A análise sistemática interna e externa produz uma no plano estratégico, dispor de informação correcta e actualizada e vontade e motivação dos responsáveis para percorrerem as diferentes fases demonstrando flexibilidade e um verdadeiro comprometimento em relação à aplicação do plano de marketing. Se é verdade que existem vantagens evidentes na implementação de um processo de planeamento de marketing, também é verdade que podem ocorrer erros ou deformações cuja incidência pode afectar o desempenho da empresa. Pela sua frequência e nocividade, salientam-se: • Afastamento do plano de marketing face à realidade do "terreno"; • Tempo despendido na elaboração do plano por um elevado número de colaboradores; • Rigidez do plano de marketing. O planeamento de marketing deve ser equacionado a dois níveis: o estratégico e o táctico. A divisão entre estes dois níveis de planeamento resulta das suas abordagens específicas, dos instrumentos e técnicas utilizados, dos intervenientes e do seu período de duração. A diferenciação entre estes dois níveis de planeamento resulta ainda do impacte respectivo sobre a evolução da empresa. No caso do planeamento estratégico, o impacte das suas medidas, quer incidam num realinhamento dos segmentos de mercado, quer numa redefinição dos circuitos de distribuição ou do tipo de comunicação, tem uma repercussão que ultrapassa aquele que é típico das acções de marketing tácticas, como se ilustra nos exemplos do quadro anterior. O plano de marketing estratégico, apesar de apontar para um Para que o processo de planeamento de marketing tenha consistência e eficácia, é indispensável que se encontre reunido um conjunto de requisitos, nomeadamente a fixação de objectivos claros 12.3.2. Planeamento de marketing estratégico e táctico TIPOS DE PLANEAMENTO DE MARKETING Estratégico Táctico Instrumentos e técnicas - Modelos de Harvard (SWOT) BCG, McKinsey - Técnicas de segmentação e posicionamento - Instrumentos de marketing-mix com impacte estratégico - Instrumentos de marketing-mix que permitem operacionalizar acções de marketing Intervenientes Conduzido pelo director de marketing envolve os directores das áreas funcionais e os responsáveis de marketing e vendas com responsabilidades estratégicas (ex.: gestores de produto) Conduzido pelo director de marketing envolve todos os colaboradores das áreas de marketing e de vendas envolvidos nas acções Duração Três a cinco anos Habitualmente um ano Exemplos de acções de marketing com âmbito estratégico e com âmbito táctico Ex.: Introdução de novas promessas publicitárias Ex.: Definição de um novo tipo de embalagem Ex.: Decisão de passar a utilizar terceiros na rede de assistência Ex.: Campanha promocional Ex.: Ajustamento de embalagem Ex.: Alargamento da rede de distribuição 39 caderno técnico · Marketing melhor compreensão e leitura do contexto em que a empresa actua; • A fixação de objectivos conduz a uma mais marcada orientação para os resultados; • A articulação das iniciativas planeadas promove um maior envolvimento das equipas e dos diversos departamentos; • Os mecanismos de controlo de resultados facilitam a detecção e correcção de desvios. ciclo de vida mais longo do que o táctico (entre três a cinco anos ou mais), deve ser revisto anualmente. caderno técnico · Marketing 40 12.3.3. Fases de elaboração do plano de marketing O processo de elaboração, implementação e avaliação de um plano de marketing reparte-se tipicamente pelas seguintes fases: • 1ª Fase - Análise interna e externa da empresa para detecção dos pontos fortes e fracos e das oportunidades e ameaças; • 2ª Fase - Avaliação competitiva global da empresa; • 3ª Fase - Escolha das orientações estratégicas da empresa; • 4ª Fase - Determinação das estratégias e objectivos de marketing; • 5ª Fase - Determinação das políticas ao nível das diferentes variáveis de marketing; • 6ª Fase - Implementação do plano de marketing; • 7ª Fase - Avaliação e controlo do plano de marketing. 12.3.4. Implementação do plano de marketing ATRIBUIÇÃO DE TAREFAS E RESPONSABILIDADES Ponderar quem deve, interna ou externamente, pela sua competência e qualidade de desempenho, executar determinada tarefa emergente do plano de marketing constitui uma atribuição crítica do responsável de marketing. Em matéria tão sensível, a indigitação inadequada de um colaborador interno ou de um prestador externo de serviços (por exemplo uma agência de publicidade) pode condenar a qualidade do output final ou do resultado pretendido. A selecção deve basear-se na avaliação de indicadores de desempenho exibidos por um colaborador interno ou externo na execução de anteriores tarefas similares. O responsável de marketing deverá ainda examinar três alternativas possíveis a quem atribuir uma determinada tarefa, especialmente se a consecução desta produzir forte impacte potencial nos resultados. DEFINIÇÃO DE PRAZOS E CRONOGRAMAS Outra condição fundamental para cumprir os objectivos sustentados no plano de marketing resulta da meticulosa coordenação dos prazos de execução de todas as iniciativas e acções planeadas. Considerando a acentuada interdependência existente entre as variáveis do marketing-mix, haverá sempre acções cuja execução deverá ser precedida por iniciativas noutras frentes. Será o caso do envio de uma nova tabela de preços aos distribuidores que poderá recomendar um contacto telefónico subsequente por parte dos vendedores a fim de esclarecer eventuais dúvidas. AVALIAÇÃO E CONTROLO Numa óptica de concretizar o plano de marketing convém distinguir a etapa de avaliação da etapa de controlo. Apesar de separadas por uma fronteira difusa, o processo de avaliação visa identificar a evolução do desempenho de cada uma das variáveis do mix. Por sua vez, o processo de controlo, comparando a par e passo a situação real face aos objectivos, configura ainda as medidas correctivas a introduzir quando da ocorrência de desvios. O processo de avaliação integra uma componente qualitativa e outra quantitativa. No plano qualitativo, ainda que não haja fórmulas universais para aferir do mérito ou demérito do plano de marketing, há certos princípios básicos a respeitar: o princípio da coerência que deve ser observado na execução das políticas subjacentes às variáveis do mix, a necessidade de adaptar as variáveis do mix ao contexto concorrencial e à situação da própria empresa, o plano de marketing deverá assentar em vantagens face à concorrência nem que seja parcialmente, o plano de marketing deve observar a regra da prudência e segurança sabendose que os múltiplos cenários visados no plano se baseiam em pressupostos que poderão evoluir de forma distinta dos inicialmente previstos. Finalmente, numa perspectiva integrada do mix, os principais critérios quantitativos a observar na avaliação são o volume de vendas, as quotas do mercado e os resultados conforme decorre do quadro seguinte.