ORÇAMENTOS PARCIAIS DE ACTIVIDADE
E DE MUDANÇA∗
As técnicas dos orçamentos são importantes ferramentas usadas pelos gestores no
planeamento e na tomada de decisões. São muito úteis na análise de alternativas, um
dos passos do processo de tomada de decisão. A técnica dos orçamentos pode ser
utilizada para seleccionar o plano mais lucrativo de entre um conjunto de alternativas e
para testar a rendibilidade de qualquer mudança proposta para um plano. É uma forma
de “experimentar no papel”, antes do plano ou da mudança proposta serem
implementados. De todas as ferramentas usadas pelos gestores, o lápis, o papel e a
calculadora podem bem ser as mais importantes, quando devidamente usadas numa das
técnicas de orçamentos.
Há vários tipos de orçamentos, cada um deles adaptado a um tipo e dimensão particular
de problema de planeamento. O Orçamento Global e o Fluxo de Caixa (Cash Flow)
envolvem tipicamente planos para a empresa no seu todo, ainda que o Fluxo de Caixa
também possa ser usado para avaliar uma nova alternativa de investimento. Os
Orçamentos Parciais para uma Actividade e os Orçamentos de Mudança estão
relacionados, porque se usam para analisar apenas uma parte do negócio, ou uma
mudança relativamente pequena no plano global. São eles o propósito deste texto.
Orçamentos de Actividade
Uma actividade, pode ser definida como a produção (e a forma de a obter) de um único
produto vegetal ou animal; a maioria das empresas agrícolas é constituída pela
combinação de várias actividades. O orçamento de uma actividade é uma estimativa de
todas as receitas e de todas as despesas com ela associadas, e uma estimativa da sua
rendibilidade. Pode ser feito um por cada actividade real ou potencial de um plano,
como a actividade milho grão, trigo, ou vacas leiteiras. Cada um é desenhado com base
numa unidade pequena e comum, como seja um hectare de terra ou uma cabeça
(habitualmente usa-se como unidade a Cabeça Normal, aplicável a qualquer espécie
animal). Isto permite comparações mais fáceis entre o lucro de actividades alternativas e
competitivas. Há algumas diferenças entre os orçamentos para as actividades vegetais e
para as actividades animais, que adiante serão vistas.
Orçamentos para Actividades Vegetais
Os orçamentos de actividade podem ser organizados e apresentados em vários formatos
diferentes, mas contêm tipicamente três secções: receitas, encargos variáveis e encargos
fixos. Na página seguinte, Tabela 1, apresenta-se um exemplo de orçamento para milho,
contendo estas três secções.
∗
- Traduzido e adaptado de:
KAY, Ronald (1986), Farm Management – Planning, Control and Implementation, pp. 65 a 81.
Tab. 1 - Exemplo de Orçamento para a Actividade Milho Grão (valores por ha)
Parcela
Valor por hectare
Receitas:
10 toneladas de milho a 90 € por ton.............................................
900.00 €
Encargos Variáveis:
Sementes...................................................................
Fertilizantes e correctivos.........................................
Pesticidas..................................................................
Combustíveis, Lubrificantes e Reparações...............
Secagem de milho grão.............................................
Transporte.................................................................
Mão de obra a 6 € por hora.......................................
Outros.......................................................................
Juros sobre Encargos variáveis................................
(6% em 6 meses)
59,28 €
123,50 €
49,40 €
60,52 €
44,46 €
24,70 €
64,22 €
12,35 €
13,15 €
Encargos Variáveis Totais..........................................
Margem Bruta.............................................................
451,58 €
448,42 €
Encargos Fixos:
Depreciação, juros, taxas e seguros de máquinas.....
Juros sobre o Capital Terra.......................................
128,44 €
262,50 €
Encargos Fixos Totais.................................................
Encargos Totais...........................................................
Lucro...........................................................................
390,94 €
842,52 €
57,48 €
O primeiro passo para o desenvolvimento de um orçamento de actividade consiste em
estimar a produção total e o preço esperado para o produto. Ambos os valores,
obviamente, têm grande influência na rendibilidade da actividade, pelo que devem ser
estimados com todo o cuidado. A produção esperada deverá ser a produção média
esperada sob condições climatéricas normais, e para o tipo de solo e os níveis de
factores (imputes) a serem usados. Estes níveis de imputes têm de ser considerados,
uma vez que as densidades de sementeira, os níveis de fertilização, o uso de pesticidas,
e as demais práticas agrícolas todas afectam a produção. Uma vez que os orçamentos de
actividade servem para planear para o ano seguinte ou para o futuro, o preço do produto
deverá ser a melhor estimativa possível do gestor para o preço médio no próximo ano
ou nos próximos anos, conforme o horizonte temporal do planeamento.
Seguidamente estimam-se os custos variáveis e alguns, como os relativos a sementes,
fertilizantes e pesticidas, são relativamente simples. As quantidades a serem usadas,
bem como os seus preços, são geralmente conhecidos ou fáceis de conhecer. Outros
custos variáveis, como os relativos aos combustíveis e lubrificantes, reparações nas
máquinas e mão de obra são mais difíceis de estimar, particularmente no que se refere
aos valores por hectare. Estes custos dependem do tipo e dimensão das máquinas, e da
quantidade e tipo de operações agrícolas a serem realizadas. Os registos de anos
anteriores são, conjuntamente com valores publicados em revistas científicas ou boletins
de extensão e divulgação, boas fontes de informação.
Tal como se mostrou no orçamento da Tabela 1, os orçamentos de actividade devem
incluir o Custo de Oportunidade1 sobre o capital investido em encargos variáveis. Este
encargo cobre o período de tempo entre o gasto em capital e a colheita, quando o
rendimento é ou pode ser recebido. Neste exemplo, assumiu-se um período médio de
seis meses. Um custo de oportunidade de 6% foi aplicado aos 438,43 € em encargos
variáveis por seis meses (metade do ano), resultando num encargo extra de 13,15 €. Os
encargos variáveis estimados passam assim a ser de 451,58 €, deixando uma Margem
Bruta2 de 448,42 €.
Os encargos fixos num orçamento de uma actividade vegetal são normalmente os
associados com a mecanização e com o uso da terra. Os custos fixos da mecanização
têm que ser os proporcionalmente atribuíveis à actividade em causa, e reduzidos ao
hectare. O seu montante depende da dimensão, idade e número de máquinas usadas na
produção da actividade, bem como das operações realizadas. Estes custos são
normalmente difíceis de determinar, a menos que todo o trabalho mecanizado seja
alugado ao exterior.
O valor imputado ao uso da terra é o custo de oportunidade da terra, e representa a
retribuição para o seu uso na produção vegetal. Dois métodos podem ser usados para
determinar o seu valor: (1) um custo de oportunidade na forma de juros, sobre o valor
corrente da terra, ou (2) um valor normal de renda para o terreno em causa. No primeiro
método, o valor imputado à terra será o custo de oportunidade do capital, vezes o valor
corrente da terra. Por exemplo, 3,5% vezes 7.500 € por hectare resultariam num custo
de oportunidade de 262,50 € por hectare.
Muitos orçamentos de actividades vegetais baseiam a imputação ao factor terra no
método da renda, por um conjunto variado de razões. Primeiramente, porque de trata do
valor de facto a usar quando a terra está a ser arrendada para a produção vegetal. Em
segundo lugar, quando a terra é de conta própria, o rendimento oriundo da renda é o
único custo de oportunidade no curto prazo. De facto, desde que a terra seja própria, a
única alternativa viável de curto prazo que se coloca ao proprietário é arrendá-la a
terceiros.
Outra razão tem a ver com o aumento do valor da terra nas últimas décadas, e também
com a psicologia do proprietário. Um encargo sobre a terra baseado no custo de
oportunidade real do capital e no valor corrente da terra resulta num encargo
consideravelmente maior do que um baseado no método da renda. E seria também
maior do que o rendimento corrente de um investimento em terra. Isto indica que as
1
NOTA: O Custo de Oportunidade, diz respeito ao montante de rendimento deixado de obter, por não se
fazer a aplicação de um dado recurso na melhor aplicação possível. Nestas circunstâncias costuma usar-se
como referência a taxa de juro paga pelos depósitos bancários. Assumindo que essa taxa fosse de 6%,
calculou-se no exemplo de orçamento apresentado o montante de juros que o empresário receberia se, em
vez de aplicar dinheiro em factores variáveis de produção, o tivesse aplicado no banco. Note-se que se fez
esse cálculo para um período de empate de capital de apenas seis meses, já que de facto a cultura do
milho não implica um empate de dinheiro superior a esse período. Repare-se que desta forma, o montante
considerado, aqui chamado de custo de oportunidade ou de juros sobre os encargos variáveis, funciona
como o montante mínimo de remuneração que o empresário está disposto a aceitar para os seus capitais
empregues em encargos variáveis. O mesmo tipo de raciocínio se poderia fazer para qualquer outro tipo
de capitais.
2
Note que, por definição, a Margem Bruta é o montante que sobra do Rendimento Bruto depois de
subtraídos os Encargos Variáveis ( MB = RB – EV ).
pessoas possuem terra por razões que não têm apenas a ver com o desejo de receber
retornos elevados sobre os seus investimentos. Exemplos poderiam ser a satisfação e o
prestígio pessoais, orgulho na propriedade, e a perspectiva de inflação continuada no
valor das terras.
Interpretação do Orçamento de Actividade. O exemplo de orçamento de actividade
para Milho Grão que se apresentou na Tabela 1 indica um lucro de 57,48 € por hectare,
uma vez cobertos todos os custos. Contudo isto pode não ser o lucro máximo possível
para um hectare de milho. Um orçamento de actividade representa apenas um ponto
numa função de produção. Por exemplo, mudar o nível de fertilização alteraria o seu
custo, a produção, o rendimento bruto e, portanto, o lucro esperado. De facto, existe um
orçamento de actividade para cada ponto de uma função de produção, pelo que um
orçamento não pode determinar automaticamente o nível de utilização de factores que
conduz à maximização do lucro. Esta tarefa poderá ser realizada primeiro, sendo então
os níveis de utilização de factores encontrados utilizados para completar o orçamento.
O lucro estimado, pode ser comparado com o lucro por hectare estimado para outras
actividades, e usado na escolha das actividades ou combinações de actividades mais
lucrativas a serem implementadas em cada ano. Contudo, estes valores do lucro devem
ser devidamente interpretados, uma vez que representam o lucro sobre todos os custos,
incluindo o custo de oportunidade sobre os factores próprios.
Observem-se de novo os números da Tabela 1, e repare-se que há um encargo relativo a
cada factor adquirido, tal como um custo de oportunidade sobre o capital usado como
factores variáveis; um encargo de 6 € por hora sobre todo o trabalho, quer alugado, quer
próprio; um custo de oportunidade sobre o investimento em maquinaria; e um custo
referente à terra. Os previstos 57,48 € de lucro por hectare são de facto um retorno, após
cobertura de todos os custos, podendo assim ser vistos como lucro “puro”. Visto de
outra maneira, qualquer orçamento de actividade com um lucro estimado de zero não é
tão mau como pode parecer à primeira. Todo o trabalho necessário na empresa está a ser
remunerado a um valor horário igual ao estabelecido no orçamento, enquanto todo o
capital necessário está a ganhar o seu custo de oportunidade.
O orçamento da Tabela 1 não inclui um encargo para a gestão. Portanto, outra
interpretação para o lucro estimado pode ser considerá-lo como a remuneração do factor
gestão.
Análise de Limiares de Rendibilidade.
Os orçamentos de actividade podem ser
usados para realizar análises de limiares de rendibilidade, quer relativamente aos preços,
quer relativamente às produções. A expressão para calcular o Limiar de Rendibilidade
relativamente à produção é:
Limiar de Rendibilidade =
Custos Totais
Preço do Produto
Representa a produção necessária para cobrir apenas todos os custos, para um
determinado preço do produto. Para o exemplo da Tabela 1 seria 842,52 € ÷ 90 €, ou
seja, 9,361 toneladas por hectare. Uma vez que o preço do produto é apenas uma
estimativa do preço esperado, o Limiar de Rendibilidade em relação à produção pode
ser calculado para uma gama de preços possíveis, como se mostra de seguida:
Preço por tonelada,
em Euros (€)
80
85
90
95
Limiar de Rendibilidade,
em toneladas
10,531
9,912
9,361
8,868
O Limiar de Rendibilidade em relação ao preço, ou o preço do produto necessário para
cobrir todos os custos para um dado nível de produção, é dado pela expressão:
Limiar de Rendibilidade =
Custos Totais
Produção Esperada
Continuando com o mesmo exemplo, o da Tabela 1, o Limiar de Rendibilidade seria
842,52 € ÷ 10 toneladas, ou 84,252 € por tonelada. Este limiar também pode ser
calculado para uma gama de produções possíveis, como aqui se mostra:
Produção
em toneladas
8
9
10
11
Limiar de Rendibilidade,
em Euros (€)
105,315
93,613
84,252
76,592
Uma vez que quer a produção quer o preço do produto no orçamento de actividade são
estimativas e não valores reais, o cálculo destes limiares de rendibilidade pode ajudar ao
processo de tomada de decisão do gestor. Estudando as várias combinações de limiares
relativamente à produção e ao preço, os gestores podem formular as suas próprias
expectativas sobre a probabilidade de obtenção de uma combinação de preço e produção
capaz de cobrir a totalidade dos custos. Note-se que os limiares de rendibilidade
também podem ser calculados com base nos custos variáveis.
Custo de Produção.
Este é um termo usado para descrever o custo médio de
produção de uma unidade de determinado produto. O custo de produção estimado
calcula-se dividindo o custo total por hectare pela produção esperada. Por exemplo na
tabela 1, o custo de produção para o milho seria de 842,52 € ÷ 10 toneladas, ou uns
estimados 84,252 € por tonelada. Note-se que o custo de produção é igual ao Limiar de
Rendibilidade em relação ao preço. Tal como com este, o custo de produção variará não
só com variações nos custos estimados, mas também com variações na produção.
Apesar de cada vez ser um conceito mais usado e generalizado, o custo de produção só
é válido se os custos e as produções usadas no orçamento também o forem. Uma vez
que há grandes diferenças ao nível dos custos e das produtividades3, os custos de
3
Até aqui temos falado sempre de “produção” e não de “produtividade”. Produtividade não é mais que a
quantidade produzida (a produção) por unidade de factor consumido. O factor considerado tem sido a
terra, pelo que a produtividade é a quantidade produzida por hectare de terra. Como nos orçamentos até
aqui estudados todos os valores se reportam ao hectare, há de facto coincidência entre o valor “produção”
e o valor “produtividade”. Convém contudo não esquecer de que se tratam de conceitos diferentes.
produção reais de cada actividade são diferentes de empresa para empresa, ou de região
para região.
Uso dos Orçamentos Parciais de Actividade.
Um orçamento parcial de uma
actividade, e os cálculos realizados sobre os resultados dele obtidos, têm também outros
usos potenciais. O custo de produção é muitas vezes discutido como sendo uma boa
maneira de ajudar a definir as políticas de apoio ao rendimento dos produtores. Este
conceito também é útil para a comercialização do produto. Sempre que o preço de
mercado está acima do custo de produção, há um lucro que pode ser obtido. Isto pode
ser usado como um sinal para vender pelo menos parte da produção, talvez até antes da
colheita, já que o lucro sobre a quantidade vendida fica desde logo assegurado.
Os orçamentos de actividade podem também ser usados para determinar o valor
máximo de renda a pagar pela terra. Suponhamos que um orçamento é preparado sem
nele se incluir o encargo atribuído à terra. O lucro esperado por hectare representa a
renda máxima que pode ser paga, antes que o lucro esperado se torne negativo.
Orçamentos para Actividades Animais
Os orçamentos para as actividades animais seguem o mesmo formato geral dos das
actividades vegetais, mas são normalmente mais difíceis de completar. Em primeiro
lugar porque há o problema de determinar uma série de “outputs”, como sejam os
vitelos e as vacas de refugo no caso da actividade de recria para engorda; leite, vitelos e
vacas de refugo na actividade leiteira; cordeiros, lã e ovelhas de refugo no caso da
actividade ovelhas para carne. Um segundo problema tem a ver com uma valorização
correcta dos custos de criação ou compra de animais para substituição e manutenção dos
efectivos ao longo do tempo. E um terceiro problema tem a ver com a valorização dos
alimentos produzidos na exploração e fornecidos aos animais (auto-utilizados). Este
último problema é particularmente difícil no caso das pastagens ou dos resíduos de
outras actividades vegetais, que podem ter pouco ou nenhum valor se não forem
consumidos pelos animais.
O exemplo de orçamento para uma actividade vacas/vitelos ilustrado na Tabela 2,
evidencia os problemas até aqui falados. Este orçamento é para uma vaca para carne,
portanto deverá conter um valor que represente a sua fatia no rendimento proveniente
das vendas de vitelos, vitelas e vacas de refugo. Assumindo que cada vaca possa
produzir 0,9 crias por ano, haverá 0,45 vitelos e 0,45 vitelas produzidos por vaca. A
taxa de substituição de 10% significa que 0,1 vacas de refugo são vendidas anualmente
por cada vaca da manada e que 0,1 vitelas devem ser retidas como substitutas. O
resultado final será de 0,45 vitelos, 0,35 vitelas e 0,10 vacas de refugo vendidas por ano
e por vaca. Por questões de simplicidade, o orçamento assume uma taxa de mortalidade
de zero.
Muitos dos custos variáveis incluídos são facilmente compreensíveis, mas alguns
merecem alguma explicação. Todos os alimentos comprados são considerados ao seu
custo estimado de compra, mas os alimentos produzidos na exploração, como o feno,
devem ser valorizados de acordo com o seu valor potencial de mercado. Este é assim o
custo de oportunidade pela utilização do feno nesta actividade. O valor relativo à
manutenção de pastagens cobre coisas como os fertilizantes, sementes e pesticidas
usados nessas mesmas pastagens.
Tab. 2 - Exemplo de Orçamento para a Actividade Vacas/Vitelos (uma cabeça)
Parcela
Valor por hectare
Receitas:
Novilho (0,45 cabeças a 225 kg a 1,4 € o kg)..........
141,75 €
Novilha (0,35 cabeças a 210 kg a 1,3 € o kg)...........
95,55 €
Vaca de refugo (0,1 cabeças a 450 kg a 1 € o kg)....
45,00 €
Total............................................................................
282,30 €
Encargos Variáveis:
Sal e Minerais...........................................................
Alimentos comprados...............................................
Feno..........................................................................
Manutenção de Pastagens.........................................
Veterinário e Medicamentos.....................................
Reparações (vedações, construções, equipamentos)
Custos de mecanização.............................................
Transportes e marketing...........................................
Mão de obra..............................................................
Outros.......................................................................
Juros sobre Encargos variáveis (6% em 6 meses)....
2,50 €
11,50 €
34,00 €
16,00 €
6,00 €
5,25 €
4,50 €
6,00 €
24,00 €
5,00 €
3,44 €
Encargos Variáveis Totais..........................................
Margem Bruta.............................................................
118,19 €
164,11 €
Encargos Fixos:
Juros sobre o Capital Terra.......................................
Depreciação – touro..................................................
Depreciação – vedações, construções, equipamento
Juros sobre investimento em animais.......................
Juros sobre vedações, construções, equipamento.....
85,00 €
5,50 €
5,20 €
32,50 €
8,30 €
Encargos Fixos Totais.................................................
Encargos Totais...........................................................
Lucro...........................................................................
136,50 €
254,69 €
27,61 €
Um encargo proporcional para reparações de vedações, construções e equipamentos
utilizados pelas vacas deve ser incluído, tal como uma fatia dos custos das máquinas
usadas por essa actividade. Juros sobre os custos variáveis são também considerados na
última parcela destes, da mesma maneira e pelas mesmas razões que nas actividades
vegetais. Os custos variáveis de manutenção dos animais de substituição devem ser
imputados de forma proporcional a cada vaca, e incluídos no orçamento.
Os custos fixos deste orçamento incluem um montante sobre a terra, depreciação do
touro, das instalações e equipamentos e um custo de oportunidade na forma de juros
sobre o capital investido em animais, instalações e equipamentos. O montante sobre a
terra pode ser calculado quer como uma renda em dinheiro, quer como um custo de
oportunidade sobre o valor da terra. Este custo deve reflectir a área de facto ocupada por
cada vaca e pela sua fatia de animais de substituição.
A depreciação do touro representa uma parte percentual da desvalorização anual do
mesmo. Se se comprassem vacas para substituição, em vez de serem criadas na
empresa, um valor relativo à depreciação da vaca também teria de ser considerado de
forma semelhante. Esta depreciação anual serve para cobrir o custo de compra das vacas
de substituição (ou do touro). Pode ser estimado dividindo a diferença entre o custo de
substituição e o preço de venda das vacas de refugo pelo número médio de anos de
permanência de uma vaca na exploração.
Os últimos custos fixos são juros que representam o custo de oportunidade do capital
investido na vaca, na sua fracção do touro e dos animais de substituição, e no
equipamento e construções por ela usadas. Isto representa uma parcela normalmente
avultada, uma vez que os investimentos por vaca são quase sempre grandes.
Interpretação e análise. Tal como nos orçamentos de actividades vegetais, o lucro
estimado para uma actividade animal pode ser igualmente interpretado como a
remuneração da gestão, sempre que um valor relativo a esta não é incluído no
orçamento. Todos os custos para além da gestão foram incluídos no orçamento a custos
reais ou a custos de oportunidade.
Um orçamento de actividade também pode ser analisado em termos de custos em
dinheiro (ou encargos reais) versus encargos atribuídos4 e custos totais versos saídas
reais de dinheiro. Se o dono desta manada de vacas for o dono de toda a terra e animais
sem dívidas, os custos fixos são todos atribuídos (depreciações e custos de
oportunidade). No caso em que todo o trabalho é fornecido pelo proprietário, o valor
imputado à mão de obra também se torna num encargo atribuído sob a forma de custo
de oportunidade. Nestas condições as despesas reais em dinheiro tornam-se inferiores a
100 € no exemplo da Tabela 2, e poderiam ser ainda inferiores se o custo de fazer o feno
fosse inferior ao seu preço de marcado usado no orçamento. No outro extremo, em que
toda a mão de obra é paga e em que há uma dívida elevada sobre a terra e o gado, só a
depreciação seria um encargo atribuído. Dependendo do tamanho do serviço de dívida
anual, as necessidades totais de dinheiro para despesas operacionais (ou encargos
variáveis), juros e amortização da dívida, podem igualar ou mesmo exceder os custos
totais indicados na Tabela 2.
Limiares de Rendibilidade e Custo de Produção.
Os limiares de rendibilidade
relativamente aos preços e à produção para o orçamento de uma actividade animal com
um único produto são calculados do mesmo modo que o explicado que o explicado para
as actividades vegetais. Para o exemplo da Tabela 2, bem como para outras actividades
animais com produtos múltiplos, os cálculos podem implicar algumas tentativas e erros.
O problema reside em manter uma relação apropriada entre os preços e produções de
cada um dos produtos. Um conjunto possível de limiares relativamente aos preços para
o exemplo atrás referido, que mantém uma diferença de 0,1 € entre o preço da carne de
novilho e da carne de novilha, e uma diferença de 0,3 € entre a carne de novilha e carne
de vaca, seria 1,274 € para o kg de novilho, 1,174 € para o kg de novilha e 0,874 € para
o kg de vaca. Outros conjuntos de limiares relativamente aos preços são possíveis de
determinar se as relações entre os preços dos três produtos forem alteradas. Vejamos
brevemente como se chega àqueles limiares:
4
Encargos Atribuídos são aqueles que não correspondem a um gasto efectivo em dinheiro, como
acontece por exemplo com os custos de oportunidade na forma de juros.
1. Se o que se pretende é o limiar de rendibilidade relativamente aos
preços, então temos de procurar os preços do produtos que conduzam a
um Total de Receitas igual ao Total de Encargos.
2. O Total de Receitas resulta da venda de carne de novilho, de novilha e
de vaca nas seguintes quantidades:
a. Carne de novilho: 0,45 cabeças × 225 kg/cabeça = 101,25 kg
b. Carne de novilha: 0,35 cabeças × 210 kg/cabeça = 73,5 kg
c. Carne de vaca: 0,1 cabeças × 450 kg/cabeça = 45 kg
3. A diferença de preços entre carnes, a manter, é de 0,1 € entre a carne de
novilho e a de novilha, e de 0,3 € entre a carne de novilha e a de vaca.
4. Se considerarmos x como o preço que procuramos para o kg da carne de
novilha, teremos então que resolver a seguinte expressão:
(101,25 × (x + 0,1)) + (73,5 × x ) + (45 × (x − 0,3)) = 254,69
5. Repare-se que do lado esquerdo da igualdade estão os kg de carne
vendidos multiplicados pelos seus possíveis preços, e do lado direito
está o Total de Encargos considerado no orçamento. Ficaremos então
com:
101, 25 x + 10,125 + 73,5 x + 45 x − 13,5 = 254,69
219,75 x = 258,065
x = 1,174
6. Se 1,174 € é o limiar para o preço da carne de novilha, então o limiar
para o preço da carne de novilho será 1,174 + 0,1 = 1,274 €, e para a
carne de vaca será 1,174 – 0,3 = 0,874 €.
7. Feitas as contas, as receitas obtidas com estes novos preços seriam de:
1, 274 × 101,25 = 128,9925
1,174 × 73,5 = 86, 289
0,874 × 45 = 39,33
128,9925 + 86,289 + 39,33 = 254,61
8. Ou seja, obtém-se um valor Total de Receitas, praticamente igual ao
valor do Total de Encargos, isto é, encontramo-nos num limiar de
rendibilidade.
Orçamentos de Mudança
Um orçamento parcial de mudança é usado para calcular a alteração esperada no lucro
em virtude de uma mudança proposta na empresa. Difere dos orçamentos parciais de
actividade uma vez que nele várias actividades podem estar envolvidas na mudança, e
não serve para preparar o plano para a globalidade da empresa. Os orçamentos parciais
de mudança situam-se portanto entre os orçamentos parciais de actividade e o plano
global da empresa. É útil pesar nos orçamentos de actividade como um tipo de análise
marginal, uma vez que estão melhor adaptados a mudanças relativamente pequenas no
plano global da empresa.
Um orçamento parcial contém apenas aqueles itens das receitas e das despesas que vão
mudar, se as modificações propostas ao plano forem implementadas. Só as mudanças
no rendimento e nos encargos são incluídas, em vez dos valores globais. O resultado
final é uma estimativa do acréscimo ou do decréscimo do lucro. Para fazer esta
estimativa, um orçamento de mudança procura sempre as respostas a quatro questões
relacionadas com a mudança proposta:
1
2
3
4
Que custos novos ou adicionais vão ocorrer ?
Que parte do rendimento actual será perdido ou reduzido ?
Que rendimentos novos ou adicionais virão a ser recebidos ?
que parte dos custos actuais serão reduzidos ou eliminados ?
As duas primeiras questões identificam mudanças que conduzem à redução do lucro,
reduzindo os rendimentos ou aumentando os custos. De forma similar, as duas últimas
questões identificam aspectos que aumentam os lucros, gerando rendimentos adicionais
ou baixando os custos. Por comparação entre a redução total do lucro encontrada pela
resposta às duas primeiras perguntas e o aumento total de lucro evidenciado pela
resposta às duas últimas, o benefício líquido da mudança pode ser calculado. Um valor
positivo indica que a mudança no plano será vantajosa. Contudo, o gestor pode estar
interessado em considerar outros factores, tais como o risco, a incerteza ou a
necessidade de capital provenientes da mudança.
Um orçamento de mudança pode ser usado para analisar uma mudança de longo prazo,
tal como comprar ou alugar mais alguns hectares de terra, ou uma mudança de curto
prazo tal como a possível alteração do esquema de rotações durante um ano, em virtude
de alterações climáticas ou de preços. São fundamentalmente de três tipos as mudanças
de plano ou de organização adaptadas à análise através de um orçamento de mudança:
1
2
3
Substituição de Actividades. Isto inclui a substituição completa ou parcial de
uma actividade por outra. Exemplos poderiam ser substituir 5 hectares de
milho por 5 hectares de girassol, substituir as vacas leiteiras por engorda de
bovinos ou substituir a produção de trigo por prados temporários.
Substituição de inputs ou alteração dos seus níveis de aplicação. As
mudanças que resultam da substituição de um input por outro ou da alteração
na quantidade de input a ser usada são facilmente analisadas por um
orçamento de mudança. Exemplos seriam a substituição de mão de obra por
mecanização através da compra de uma máquina maior, mudar os níveis de
alimentação do gado, comprar uma máquina de colheita em vez de contratar
quem a faça, aumentar ou diminuir o uso de fertilizantes ou pesticidas.
Dimensão ou Escala de uma Operação. Incluídas nesta categoria estariam
mudanças na dimensão total da empresa, ou na dimensão de uma única
actividade. Comprar ou alugar mais terra, comprar mais vacas leiteiras, ou
aumentar a exploração suína seriam alguns exemplos.
Estes três tipos de mudanças não são mutuamente exclusivas, uma vez que qualquer
proposta de alterações pode incluir uma combinação de duas ou mais.. É importante
relembrar que os orçamentos de mudança apenas comparam duas alternativas. Nenhuma
das duas é necessariamente a melhor de todas as alternativas possíveis.
O Formato dos Orçamentos de Mudança
Um formato normalmente usado para os orçamentos parciais de mudança é o indicado
na Tabela 3. Outros formatos com uma organização ligeiramente diferente são também
usados, mas todos contêm de alguma forma as quatro alíneas organizadoras da
informação relacionada com as quatro perguntas atrás apresentadas.
Tab. 3 – O Formato de um Orçamento Parcial de Mudança
Orçamento Parcial de Mudança
Mudança Proposta:
Custos
a) Custos Novos ou Adicionais
Benefícios
c) Rendimentos Novos ou Adicionais
Subtotal: ____________
Subtotal: ____________
b) Rendimento deixado de obter
d) Custos deixados de ter
Subtotal: ____________
Total (a+b) : ____________
Subtotal: ____________
Total (c+d) : ____________
Benefício Líquido = (c+d)-(a+b) = ________________
Custos Novos ou Adicionais. A mudança proposta pode causar custos adicionais por
causa de uma actividade nova ou ampliada que requer a compra de mais factores de
produção, ou por um novo factor ter de ser adquirido como substituto de outro. Quer os
custos fixos adicionais quer os custos variáveis adicionais devem ser considerados. Se a
mudança proposta incluir a compra de maquinaria, edifícios, terra ou animais
reprodutores, então haverá que considerar novos custos fixos. Estes devem representar
valores médios anuais, pelo que as amortizações devem ser calculadas por um método
que conduza a depreciações anuais constantes. Os custos de oportunidade para qualquer
investimento em capital também devem ser considerados como custos novos.
Rendimento deixado de obter.
O rendimento pode ser reduzido se a mudança
proposta eliminar uma actividade, reduzir a dimensão de uma actividade ou reduzir a
produção ou a produtividade de uma actividade. Uma estimativa adequada da redução
do rendimento implica grande cuidado na estimativa das produções médias, das
produtividades ou das alterações a estes valores, bem como nos preços dos produtos.
Rendimentos Novos ou Adicionais.
Uma mudança pode originar um aumento no
rendimento total da empresa, se uma nova actividade for introduzida, se uma actividade
for expandida, ou se a mudança implicar um aumento nas produções ou nas
produtividades. Tal como em todas as parcelas de um orçamento de mudança, só o
rendimento adicional previsto como consequência da mudança é que é incluído nesta
secção, e não o rendimento total. Correcção nas previsões dos preços dos produtos e das
produções é um aspecto importante para completar esta secção, tal como foi para
estimar o rendimento deixado de obter.
Custos deixados de ter. Quer os custos fixos quer os variáveis podem ser reduzidos
pela mudança proposta. Os custos fixos de depreciação, e juros ou custos de
oportunidade sobre o investimento, são reduzidos se a mudança implicar a redução ou
eliminação de investimentos em maquinaria, equipamentos, construções, animais
reprodutores ou terra. Além disso, os custos variáveis são reduzidos se uma actividade
for eliminada ou reduzida na sua dimensão, ou se houver alguma mudança na tecnologia
ou método de produção que diminua as necessidades de factores variáveis de produção.
A redução de custos associada com uma menor necessidade de mão de obra tem de ser
cuidadosamente avaliada. Os custos só serão reduzidos se for empregue menos mão de
obra eventual e os custos totais com mão de obra diminuírem. Quando a mão de obra é
fornecida pelo gestor e família, e por pessoal permanente, os custos totais mantêm-se
iguais a não ser que pelo menos um empregado seja dispensado. Frequentemente,
mudanças que podem reduzir as necessidade de mão de obra em centenas de horas por
ano acabam por não reduzir os custos totais em mão de obra porque a força global de
trabalho disponível é mantida. Contudo, se a mão de obra libertada for lucrativamente
usada noutras tarefas ou actividades, o rendimento adicional por ela gerado deve ser
incluído na secção respectiva.
Exemplos de Orçamentos Parciais de Mudança
Dois exemplos servirão para ilustrar os procedimentos e o uso dos orçamentos parciais
de mudança. A Tabela 4 mostra um orçamento relativamente simples, para analisar a
rendibilidade da compra de uma ceifeira debulhadora para substituir a prática corrente
de aluguer de uma máquina idêntica com o respectivo operador, na colheita de 300
hectares de trigo.
Todos os valores do orçamento são custos médios anuais, e o resultado é o ganho
líquido anual resultante da mudança prevista. A compra da ceifeira conduz ao aumento
dos custos fixos, e introduz os custos variáveis operacionais que lhe estão associados.
Os custos fixos adicionais para amortizações, juros, impostos e seguros somam um total
de 12.100 €. Os novos custos variáveis têm a ver com as reparações, os combustíveis, os
lubrificantes e alguma mão de obra adicional. Uma vez que não se esperam quebras de
produção por causa da mudança, o total dos custos adicionais e da redução do
rendimento será de 14.000 €.
Não se inclui nenhum rendimento adicional neste exemplo, ainda que algum pudesse
ocorrer se se considerasse que a ceifa passava a ser feita no momento mais correcto e
que as perdas no campo passavam a ser menores. Porque estes aspectos são difíceis de
determinar, ficaram excluídos do exemplo. O único custo deixado de ter diz respeito ao
desaparecimento do pagamento do aluguer da máquina, que era de 12.000 €, pelo que a
soma do rendimento adicional e dos custos deixados de ter será também de 12.000 €.
Este exemplo mostra que comprar uma ceifeira, em vez de alugá-la, reduz o lucro anual
da empresa em 2.000 €.
Tab. 4 – Orçamento Parcial de Mudança – Alugar ou Comprar uma Ceifeira
Orçamento Parcial de Mudança
Mudança Proposta: Compra de ceifeira debulhadora versus aluguer (em 300 ha de trigo)
Custos
a) Custos Novos ou Adicionais
Custos Fixos
Amortizações
Juros
Impostos e Taxas
Seguros
Custos Variáveis
Reparações
Combustíveis e Lubrif.
Mão de Obra
Subtotal:
b) Rendimento deixado de obter
Nenhum
Subtotal:
Total (a+b) :
Benefícios
c) Rendimentos Novos ou Adicionais
Nenhum
8.000 €
4.000 €
50 €
50 €
800 €
600 €
500 €
14.000 €
0€
14.000 €
Subtotal:
d) Custos deixados de ter
Aluguer da Ceifeira Debulhadora
300 ha a 40 €
Subtotal:
Total (c+d) :
0€
12.000 €
12.000 €
12.000 €
Benefício Líquido = (c+d)-(a+b) = - 2.000 €
Um orçamento parcial de mudança pode ser usado para análises mais completas. Uma
questão poderia ser: quanto teria de crescer o valor do aluguer da máquina para que a
opção pela compra se tornasse a mais favorável ? O valor do aluguer teria de crescer em
2.000 € (para que o benefício líquido final fosse nulo), o que em 300 hectares
representaria 6,67 € por hectare. Portanto, uma taxa de aluguer de 46,67 € por hectare
representa o limiar de rendibilidade relativamente ao valor do aluguer por hectare da
ceifeira. Um valor acima deste tornaria vantajosa a opção pela compra da máquina.
Outra pergunta poderia ser: e se a máquina fosse comprada para também alugar para
fora ? Nesse caso o orçamento de mudança teria de incluir rendimentos adicionais daí
oriundos, e custos variáveis adicionais que aumentariam directamente com o número de
hectares trabalhados para fora. Se os custos variáveis fossem de 10 € por hectare e a
taxa de aluguer fosse de 40 € por hectare, o ganho líquido por hectare seria de 30 € por
hectare. Dividindo os 2.000 € (necessários para anular o benefício líquido no
orçamento) por estes 30 €, obter-se-ia um limiar de rendibilidade de 66,7 hectares.
Qualquer aluguer da máquina para fora, acima do 66,7 ha, aumentaria o benefício da
compra da máquina em 30 € por cada hectare adicional.
Um segundo exemplo mais detalhado é mostrado na Tabela 5, onde se propõe o
aumento em cinquenta vacas reprodutoras (para carne) a um efectivo já existente.
Contudo, por não haver alimentos forrageiros suficientes, 40 hectares actualmente
dedicados a cereais têm de passar a ser usados na produção forrageira.
Tab. 5 – Orçamento Parcial de Mudança – Aumento de 50 vacas no efectivo
Orçamento Parcial de Mudança
Mudança Proposta: Acrescentar 50 vacas e converter 40 ha de cereais para forragens
Custos
a) Custos Novos ou Adicionais
Custos Fixos
Juros sobre o efectivo
Desvalorização do Touro
Impostos e Taxas
Custos Variáveis
Veterinário e Medicamentos
Alimentos e Feno
Transportes
Vários
Fert. e Manut. da Pastagem
Juros sobre custos variáveis
Subtotal:
b) Rendimento deixado de obter
Produção de cereais
88 ton a 120 €
Subtotal:
Total (a+b) :
Benefícios
2.500 €
300 €
100 €
500 €
2.000 €
200 €
100 €
1.500 €
215 €
7.410 €
10.560 €
10.560 €
17.970 €
c) Rendimentos Novos ou Adicionais
6 vacas de refugo
23 novilhos
225 kg a 1,4 €
17 novilhas
210 kg a 1,3 €
Subtotal:
d) Custos deixados de ter
Fertilizantes
Sementes
Herbicidas
Custos de mecanização
Juros sobre custos variáveis
Subtotal:
Total (c+d) :
2.400 €
7.245 €
4.641 €
14.286 €
2.500 €
1.000 €
600 €
800 €
245 €
5.145 €
19.431 €
Benefício Líquido = (c+d)-(a+b) = 1.461 €
Há custos fixos adicionais que incluem juros sobre o aumento de investimento em
vacas, desvalorização dos touros, e maiores impostos e seguros. Assume-se que as
substituições no efectivo aumentam, pelo que não se consideram desvalorizações nas
vacas. Os custos variáveis também aumentam conforme indicado, incluindo um valor
para os custos de manutenção e fertilização dos novos 40 hectares de pastagens. O
rendimento dos cereais actualmente produzidos nos 40 hectares também deixa de ser
recebido, estimando-se que esta redução seja de 10.560 €, ficando o total dos custos
adicionais e do rendimento deixado de receber em 17.970 €.
Os rendimentos adicionais provêm da venda de vacas de refugo, de novilhos e de
novilhas. Alguns aspectos são importantes na estimativa deste rendimento,
conjuntamente com os cuidados na estimativa dos preços e dos pesos. Em primeiro
lugar é irrealista assumir que cada vaca dará uma cria por ano, pelo que este exemplo
assume apenas 46 crias das novas 50 vacas. Em segundo lugar, este exemplo assume
que as substituições aumentam, em vez de serem compradas, pelo que 6 novilhas devem
ser retidas em cada ano para substituição das seis vacas refugadas e vendidas. Isto
reflecte-se em apenas 17 novilhas vendidas, por comparação com os 23 novilhos.
Os custos deixados de ter incluem os que deixam de ocorrer nos 40 hectares de cereais.
Não se incluem reduções nos custos fixos das máquinas uma vez que não se consideram
alterações no parque de máquinas após a mudança. Os custos com mão de obra também
são considerados como inalterados.
O rendimento adicional e os custos deixados de ter somam 19.431 €, ou seja, mais 1.461
€ do que os custos adicionais e os rendimentos deixados de obter, indicando que a
mudança proposta conduz a um ligeiro aumento do rendimento. Contudo, um aumento
tão pequeno pode tornar-se facilmente negativo devido a pequenas mudanças nos preços
e nas produções. Isto aponta para a necessidade de estimar estes valores com toda a
correcção e também para a necessidade de calcular limiares de rendibilidade
relativamente a preços e a produções. Outro factor a ser considerado na decisão final
tem a ver com as necessidades adicionais de investimentos em capital para vacas e
touros. Ainda que um custo de oportunidade sobre este capital tenha sido incluído no
orçamento, pode haver outros efeitos laterais. A capacidade de endividamento e de
pagamento de dívidas pode ser afectada e, para uma empresa com pouco capital, o
capital disponível para uso noutras actividades pode-se tornar demasiado limitado.
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Orç. Parciais 1