ROBEILTON JÚNIOR MENEZES VILELA FRATURAS DE CÔNDILO MANDIBULAR, TRATAMENTO CONSERVADOR E CIRÚRGICO: REVISÃO DE LITERATURA Salvador 2011 ROBEILTON JÚNIOR MENEZES VILELA FRATURAS DE CÔNDILO MANDIBULAR, TRATAMENTO CONSERVADOR E CIRÚRGICO: REVISÃO DE LITERATURA Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial das Faculdades Unidas do Norte de Minas (Núcleo FUNORTE Salvador/IAPPEM), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Área de concentração: Traumatologia Bucomaxilofacial Orientador: Prof. Dr. Alan Paiva Salvador 2011 Cirurgia e Vilela, Robeilton Júnior Menezes. Fraturas de côndilo mandibular, tratamento conservador e cirúrgico: Revisão de literatura. / Robeilton Júnior Menezes Vilela. – Salvador, 2011. 51 f. Área de concentração: Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Orientador: Prof. Dr. Alan Paiva. Monografia – Faculdades Unidas do Norte de Minas (Núcleo FUNORTE Salvador/IAPPEM), Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, 2011. 1. Fratura de mandíbula. 2. DTM. 3. Fratura de côndilo mandibular. I. Paiva, Alan. II. Faculdades Unidas do Norte de Minas. Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. III. Título. Robeilton Júnior Menezes Vilela Fratura de mandíbula, côndilo mandibular, cirúrgico e conservador. FOLHA DE APROVAÇÃO Monografia intitulada “Fraturas de côndilo mandibular, tratamento conservador e cirúrgico: Revisão de literatura”, de autoria de Robeilton Júnior Menezes Vilela, submetida ao Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________ Prof. Dr. Alan Paiva - Funorte/Iappem – Orientador ____________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos Antônio Martins Santos - Funorte/Iappem ____________________________________________________________ Prof. Dr. Onaldo Aguiar – FTC/UFBA Data de defesa: Resultado: "Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe”. LEONARDO DA VINCI RESUMO As fraturas do côndilo mandibular se apresentam com grande frequência dentre as fraturas faciais, sendo muitas vezes de difícil diagnóstico, além de seu plano de tratamento ser um tema bastante controverso na literatura. Os exames imaginológicos são importantes para o diagnóstico e classificação das fraturas condilianas, porém, os achados clínicos são imprescindíveis na indicação de um tratamento cirúrgico ou conservador. Em crianças, o tratamento preconizado das fraturas de côndilo é o método funcional ou conservador, devido à existência de um centro ativo de crescimento e ainda um alto poder de consolidação óssea presente nestes pacientes. A maioria dos cirurgiões prefere o acesso extra-oral para o tratamento cirúrgico dessas fraturas. No presente trabalho foi feito um apanhado geral na literatura sobre as características específicas das fraturas condilianas, bem como a terapêutica a ser adotada. Este trabalho foi realizado com o intuito de avaliar as classificações e as diversas formas de tratamento das fraturas condilianas, devido à grande divergência entre os autores quanto ao método terapêutico ideal para cada tipo de fratura. Conclui-se que não houve diferença funcional significativa para as fraturas de côndilo mandibular tratadas de forma cirúrgica ou conservadora. UNITERMOS: Fratura de mandíbula. DTM. Fratura de côndilo mandibular. 10 ABSTRACT Condylar fractures are often found among facial ruptures being frequently difficult to diagnostic. The treatment plan is considered a controversial literature subject. Imaging exams are essential to diagnostic and classify condylar fractures; however the clinical discoveries can be vital to indicate either a surgical or conservative performance. For children standard condylar treatment has a functional or conservative approach, since for these patients there is still a growth center and a high bone consolidation power. Most surgeons prefer extra-oral surgical to deal with these fractures. In this work a general summary on condylar specific characteristics as overviewed, as well as the issued therapeutic. This work was performed as per evaluating condylar fractures treatment classifications, and the several ways to address its handling, due to author’s divergences regarding ideal therapeutic approach for each fracture nature. In conclusion we can state that there is no significant functional difference as Condylar fractures are often, treatment surgical or conservative. TERMS: Mandible fractures. DTM. Condyle Mandible fractures. 11 LISTA DE ILUSTRAÇÕES 1. A ANATOMIA DA ATM ......................................................................................... 13 2. O LIGAMENTO LATERAL E SUA LOCALIZAÇÃO .............................................. 14 3. INERVAÇÃO E VASCULARIZAÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ......................................................................................... 15 4. A CÁPSULA ARTICULAR FORMANDO O LIGAMENTO TEMPOROMANDIBULAR ......................................................................................... 16 5. A CLASSIFICAÇÃO DE LINDAHL ....................................................................... 23 12 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATM: Articulação temporomandibular DTM: Disfunção temporomandibular BMM: Bloqueio maxilo – mandibular mm: Milímetros º: Graus 13 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10 2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 13 2.1 ANATOMIA DA ATM ........................................................................................... 13 2.2 ACHADOS CLÍNICOS OBSERVADOS ............................................................... 17 2.3 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM ........................................................................... 18 2.4 FRATURA DE CÔNDILO .................................................................................. 19 2.5 DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ........................................................... 20 2.6 CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS DE CÔNDILO ............................................ 21 2.7 TRATAMENTO PARA AS FRATURAS DE CÔNDILO ...................................... 23 2.7.1 TRATAMENTO CONSERVADOR .................................................................... 24 2.7.2 TRATAMENTO CIRÚRGICO .......................................................................... 25 3. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 28 4. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 44 14 1 . INTRODUÇÃO As fraturas de mandíbula são comuns nos traumas faciais devido à sua posição proeminente, o que lhe permite receber grande parte dos traumas do terço inferior da face (MANGANELO-SOUZA e SILVA, 2002). Quando a região mentoniana recebe um impacto, a força é transmitida do mento ao longo da mandíbula para o côndilo, frequentemente, causando uma fratura (ANDRADE FILHO et al., 2003). Entende-se por fratura de côndilo mandibular o surgimento de solução de continuidade no tecido ósseo no nível dos processos condilares da mandíbula. O diagnóstico baseia-se em um exame clínico criterioso associado aos exames de imagens específicos (LEITE SEGUNDO; VASCONCELOS, 2005). O objetivo principal do tratamento das fraturas de côndilo mandibular é a restauração funcional da articulação temporomandibular, da oclusão, além de promover um restabelecimento do contorno facial (MOREIRA, MAZZONETTO; MORAIS, 2000). Uma das grandes dificuldades têm sido a classificação e o desenvolvimento de critérios para o diagnóstico e tratamento das fraturas de côndilo, em que a escolha do tratamento, cirúrgico ou conservador, baseia-se na particularidade de cada caso, assim como no bom senso do profissional (ZIDE, KENT, 1983 e HAYWARD, SCOTT, 1993). O diagnóstico clínico é feito mediante o exame físico que consiste na palpação da região do côndilo mandibular e análise da oclusão dentária, porém, o exame imaginológico complementar faz-se necessário para uma correta eleição de uma terapêutica a ser adotada (CRIVELLO JR, 1990; LOBO et al., 1998 e REIS et al., 2001). Dentre as fraturas faciais, as de mandíbula apresentam grande prevalência, tanto em adulto quanto em crianças. Dessas fraturas mandibulares, as do côndilo merecem atenção especial, não somente pela frequência com que são encontradas, 15 como pela dificuldade e controvérsia do tratamento conservador ou cirúrgico das fraturas condilares (MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002). Devido à grande quantidade de fatores capazes de alterar o resultado do tratamento, a escolha do plano de tratamento deve sempre respeitar as características específicas de cada caso, sendo as crianças, muitas vezes, tratadas de maneira conservadora, devido à presença de um centro ativo de crescimento e à alta capacidade de remodelação óssea (HAYWARD; SCOOT, 1993). O tratamento conservador ou funcional consiste de fisioterapia apropriada, precedida ou não de fixação intermaxilar por breve período de tempo, além de instituição de dieta líquida e pastosa, segundo De Riu et al. (2001), estando tal tratamento indicado em quase todas as fraturas condilares que não apresentarem deslocamentos condilares significativos (GIANNI et al., 1991 e SIEGEL et al., 1991). Em adultos, o tratamento pode ser discutido de acordo com a particularidade de cada caso, tendo sempre um grande cuidado quanto à escolha da terapêutica a ser estabelecida, pois um plano de tratamento estabelecido equivocadamente pode gerar sérias sequelas e complicações, como a limitação de função, adesão do disco articular, perfuração do disco, osteoartrite, dor crônica, má união do traço de fratura, alterações do crescimento mandibular e anquilose, que muitas vezes aterroriza o convívio social do paciente, tornando-se irreparáveis e permanecendo por toda vida. Nas fraturas do côndilo com deslocamento em relação à fossa mandibular associado à disfunção mandibular e oclusal, a indicação é o tratamento cirúrgico com fixação do côndilo para o restabelecimento da dimensão vertical (MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002). A grande maioria dos cirurgiões prefere o acesso extra-oral para o tratamento cirúrgico das fraturas do côndilo. A fixação interna rígida tem sido mais empregada em relação à osteossíntese a fio de aço, visto que a mesma promove a consolidação óssea primária sem a necessidade de bloqueio maxilo-mandibular no pós-operatório, resultando em maior benefício para o paciente (ELLIS III; DEAN, 1993). A escolha do acesso cirúrgico depende do sistema de fixação selecionado e o tipo da fratura. Sabe-se, no entanto, que a estrutura responsável pela hesitação na 16 escolha do acesso cirúrgico é o nervo facial. As duas vias mais frequentemente utilizadas, a pré-auricular e submandibular, possuem uma relação anatômica direta com seus ramos aurículo temporal e marginal da mandíbula, respectivamente (ELLIS III; DEAN, 1993 e MOREIRA; MAZZONETTO; MORAES, 2000). Dessa forma, objetiva-se, neste trabalho, expor, após pesquisa bibliográfica em artigos de revistas especializadas, sites de busca, livro texto e em artigos na íntegra disponíveis em bibliotecas virtuais, as classificações e as formas de tratamento das fraturas de côndilo mandibular, devido à grande discussão entre os autores quanto ao método terapêutico ideal para cada caso. 17 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ANATOMIA DA ATM A anatomia da articulação têmporo-mandibular é muito complexa e está muito associada à sua função mastigatória e de fonação (KREUTZIEGER, 1984). Segundo Lyra Filho, Blasco e Cohen (1985), a mandíbula é o único osso que possui mobilidade no complexo estrutural da face, sendo dividida em três partes principais: a sínfise mentoniana, o corpo mandibular e dois ramos, onde se localizam os processos coronóides e condilares. A ATM é uma junta na qual o côndilo mandibular se move livremente tanto no movimento de rotação como na translação, respeitando os limites da fossa glenóide. A articulação é separada pelo disco articular, formando o espaço articular superior e espaço articular inferior (FIGURA 1). Esses espaços, a cavidade glenóide e a cabeça da mandíbula são revestidos por uma densa fibrocartilagem e um líquido conhecido como líquido sinovial que é encontrado nos espaços superior e inferior da articulação (DUBRUL, 1980). Fig. 1: Anatomia da ATM. Fonte: Netter e Frank (2006). 18 O ligamento medial é descrito como de pequeno volume e de funções duvidosas ou discutíveis, desprendendo-se da base da espinha do osso esfenóide e, descendo obliquamente para trás e para fora, inserindo-se na parte póstero-medial do colo da mandíbula (FIGÚN; GARINO, 1989 apud MARZOLA, 2005). Todavia, o ligamento lateral limita os movimentos da cabeça da mandíbula, sendo descrito como um reforço da cápsula que se insere superiormente no tubérculo articular, na ponte zigomática (FIGURA 2) (MARZOLA, 2005). Fig. 2: O ligamento lateral e sua localização. Fonte: Netter e Frank (2006). Como a área da ATM é ricamente vascularizada e inervada, vários cuidados devem ser tomados no momento dos acessos cirúrgicos a essas regiões. Além disso, um conhecimento da anatomia vascular se torna imprescindível a fim de evitar o dano no suprimento sanguíneo do côndilo e das outras estruturas da ATM, já que a necrose avascular é uma complicação séria nos casos de tratamentos das fraturas condilares (FIGURA 3) (DINGMAN et al., 1964). 19 Fig. 3: Inervação e vascularização da Articulação Temporomandibular. Fonte: Kanemani, Rombach e Quinn (2005). Toda a articulação é envolta por uma cápsula fibrosa que se espessa lateralmente formando o ligamento têmporo-mandibular (FIGURA 4). O aumento da espessura lateral promove uma maior resistência contra o deslocamento lateral na maioria das fraturas. Na região medial essa cápsula é relativamente fina fazendo com que o deslocamento medial do segmento proximal fraturado seja muito mais comum (KANEMANI; ROMBACH; QUINN, 2005). 20 Fig. 4: A cápsula articular, formando o ligamento temporomandibular. Fonte: kanemani, Rombach e Quinn (2005). Devido à grande lassidão da cápsula articular, é permitida uma considerável amplitude de movimentos e até luxações da cabeça da mandíbula sem que haja seu rompimento (GERHARDT DE OLIVEIRA et al., 2007). O disco articular tem formato bicôncavo e é formado por um tecido denso fibroso. Verifica-se, ainda, que a porção central do disco é muito fina e avascular. Anteriormente, o disco se insere na eminência articular e no ventre superior do músculo pterigóideo lateral. Na região anteroinferior, o disco se junta ao pescoço condilar bem acima da inserção do músculo pterigóideo lateral. A parte anterior do disco articular é altamente vascularizada por artérias e veias, oriundas das porções musculares presentes na região. Posteriormente, o disco se insere na placa timpânica do osso temporal e na região posterior do pescoço condílico. Nas porções mediais e laterais, os limites são conferidos pelas porções mediais e laterais da cabeça do côndilo (PUTZ, 2008). De acordo com Leite Segundo e Vasconcelos (2005), as fraturas da mandíbula são relativamente frequentes nos traumatismos faciais devido a sua 21 posição proeminente, o que lhe permite receber grande parte dos traumas do terço inferior da face. 2.2 ACHADOS CLÍNICOS OBSERVADOS Segundo Kanemani, Rombach e Quinn (2005), o paciente com fratura do processo condilar apresentará um ou mais sinais e sintomas, porém, os mais comuns são: 1) Evidência do trauma que inclui contusões faciais, lacerações, abrasões na região de mento ou equimoses e hematomas na área de articulação têmporomandibular. Esses achados nos farão suspeitar não somente de fratura na área traumatizada diretamente, como também lesões à distância nas regiões contralaterais ou ipsilaterais da ATM; 2) Sangramentos localizados na área de canal auditivo externo podem indicar deslocamento posterior do côndilo fraturado com rompimento da placa timpânica posterior; 3) Edema ou aumento de volume na região da ATM pode indicar um sangramento na região ou pode ser causado pelo próprio côndilo mandibular deslocado para região lateral podendo ser visível diretamente através da pele fina da região; 4) Assimetria facial pode ocorrer devido ao encurtamento de um dos lados do ramo mandibular no caso de fraturas em que o segmento proximal se desalinhou com o segmento distal; 5) Dor na palpação da região têmporo-mandibular ou sensação álgica no momento de realização de abertura ou fechamento de boca; 6) Crepitação na ATM afetada no momento dos movimentos excursórios; 7) Maloclusão que se mostra como um dos principais sinais de fratura condilar e acontece por contato prematuro na área de molares ipsilateral ao côndilo fraturado, causando uma mordida aberta no lado contralateral. No caso de fraturas bilaterais, pode-se observar mordida aberta anterior sem desvio mandibular; 8) Trismo que pode ser associado a um espasmo muscular que se associa à dor, o que limita bastante a abertura de boca. 22 De acordo com Manganelo-Souza e Silva (2002), os sinais e sintomas da fratura de côndilo são: dor, limitação dos movimentos mandibulares, oclusão dentária alterada, assimetria facial (à custa de um desvio do mento para o lado fraturado) e retroposicionamento mandibular (nas fraturas bilaterais). Segundo Birolini, Utiyama e Steinman (1993), os sinais e os sintomas presentes são numerosos, sendo descritos, pelos autores, irregularidades nas superfícies ósseas, mobilidade anormal e crepitação. Dingman e Nativing (2004) citam que o exame clínico pode não revelar anormalidade evidente de oclusão, mas o paciente pode observar que os dentes não ocluem como anteriormente à fratura e pode sentir dor durante a mastigação. Com exames mais detalhados, pode-se notar sensibilidade à pressão sobre a pele ou mucosa e equimose. Para Crivello Jr. (1990), pacientes com fratura de mandíbula apresentam dor de intensidade variável na região articular, limitação de abertura bucal, maloclusão, desvios durante o movimento mandibular, imobilidade condilar à abertura bucal e otorragia. Consoante Throckmorton, Talwar e Ellis III (1999), pacientes com fraturas de côndilo apresentam alterações nos movimentos exclusivos da mandíbula, redução na força máxima de mordida e alterações na atividade muscular regional. De acordo com Digman e Nativing (2004), pacientes com fratura de côndilo apresentam edema local, equimose e sialorréia. 2.3 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM De acordo com Tavano (1998), a interpretação adequada das radiografias exige um profundo conhecimento da anatomia radiográfica da região estudada. 23 O uso de tomografia é indicado, principalmente, nos casos de trauma em que o paciente, normalmente, já foi submetido a uma incidência convencional de Towne ou a uma panorâmica, realizada pelo socorrista, e nos casos de anquilose, radiografias transcranianas e de ressonância magnética, segundo Marzola (1970). As tomografias computadorizadas (TC) de alta resolução e de secção fina são capazes de demonstrar as estruturas de tecidos moles relacionadas à ATM, afirma Marzola (2005). A cintilografia óssea poderá ser de ajuda no diagnóstico de outras desordens da articulação, como, por exemplo, na osteocondromatose, na artrite supurativa, no carcinoma secundário, na displasia fibrosa, além de em cistos ósseos aneurismáticos. Choi, Yi e Yoo (2001) e Amaratunga (1987) afirmam que os exames radiográficos e a ressonância magnética podem confirmar a presença da fratura e o nível da mesma. 2.4 FRATURA DE CÔNDILO Schon et al. (2002; 2003) verificaram que quando a região mentoniana recebe um impacto, a força é transmitida do mento ao longo da mandíbula para o côndilo, frequentemente, causando uma fratura. Para Luz e Araújo (2001) e Choi, Huh e Yoo (2003), as fraturas do processo condilar são encontradas com mais frequência em crianças e adolescentes, porém, em adultos, a idade varia entre 21 e 45 anos. De acordo com Schon et al. (2002; 2003), as fraturas de côndilo são comuns e englobam cerca de 9 a 45% de todos os casos de fraturas mandibulares. Em relação à prevalência por gênero, a fratura de côndilo mandibular encontra-se maior predisposição pelo sexo masculino (GASSNER et al., 1999; DAVIS, POWELL, MORRISON, 2005 e SPENCER et al., 1999). 24 Segundo Falcão (1999), em estudo retrospectivo de 1.758 fraturas faciais tratadas no Hospital da Restauração em Recife (PE), as fraturas de mandíbula foram as mais frequentes, representando 55% da amostra. Em outro trabalho sobre a localização das fraturas mandibulares, realizado no Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (HSCSP) entre 1996 e 1998, Valente et al. (2003) observaram que aquelas que envolviam os processos condilares da mandíbula representavam, aproximadamente, 24% da amostra. Segundo Andrade Filho et al. (2003), a etiologia das fraturas condilares pode ser classificada em acidentes de tráfego (incluindo automobilístico, ciclístico e atropelamentos), quedas de altura e em nível do chão, violência física, esportes, acidentes de trabalho e outros, com base na Classificação Internacional de Doenças (CID). Os acidentes de tráfego são as causas mais comuns (50%), seguidos das quedas (32,5%) e agressões (12,5%). Apesar de a mandíbula ser um dos locais mais atingidos por traumas faciais, as fraturas do processo condilar, muitas vezes, não são diagnosticadas, em especial, nas regiões do colo e da cabeça condilar (ANDRADE FILHO et al., 2003). 2.5 DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Para Luz e Araújo (2001) e Andrade Filho et al. (2003), as fraturas de côndilo podem levar a alteração não somente no desenvolvimento facial, como na oclusão dentária e na movimentação da articulação têmporo-mandibular (ATM). Assim, o diagnóstico das fraturas e a indicação do tratamento devem ser precisos para evitarem-se as disfunções têmporo-mandibulares ou ainda sequelas mais graves que alterem o crescimento da face e da mandíbula, levando a deformidades mandibulares assimétricas, distúrbios funcionais, necrose condilar ou que impossibilitem a abertura satisfatória da boca, como as anquiloses têmporomandibulares. 25 Segundo Vasconcelos, Porto e Bessa-Nogueira (2008), a anquilose da ATM é uma condição presente em fraturas de côndilo mal tratadas, que pode causar problemas na mastigação, digestão, fala, estética e higiene, o que também pode levar a problemas psicológicos. De acordo com Zarb e Carlsson (2000), o primeiro objetivo do tratamento da DTM, quando se tem uma fratura de côndilo, é o controle da dor e do desconforto através de tratamento medicamentoso e de exercícios, visando a obter o relaxamento muscular; treinar uma função muscular rítmica e coordenada; aumentar a amplitude do movimento mandibular e a força muscular. Conforme Coutinho et al. (2001), as injúrias articulares causadas por grandes traumas que resultam em acúmulo de sangue no espaço articular superior e em uma imobilização da mesma, são importantes fatores patofisiológicos que contribuem para limitar o alcance dos movimentos, promover a rigidez e a dor na articulação. Já segundo Jones e Van Sickels (1991), a imobilização, logo após a injúria, pode promover a retenção do sangue na articulação e, assim, facilitar a adesão sinovial e cartilaginosa. 2.6 CLASSIFICAÇÕES DAS FRATURAS DE CÔNDILO A primeira classificação obtida para fratura de côndilo foi realizada por Wassmund em 1927, e esta foi utilizada por muitos anos. Porém, pela sua complexidade, essas fraturas necessitavam de uma classificação baseada na localização anatômica, na relação da fossa glenóide e da mandíbula com o segmento condilar fraturado, apontam Rombach e Quinn (2005). Mclennan (1952 apud LEITE, 2009) relatou uma classificação para as fraturas de côndilo levando em consideração o real deslocamento dos segmentos fraturados. Ele subdividiu as fraturas em quatro tipos: Fratura tipo I – não deslocada; Fratura tipo II – em galho verde; Fratura tipo III – deslocada; Fratura tipo IV – segmento condilar fora da fossa glenóide. 26 Segundo Leite (2009), em 1977, Lindahl publicou uma classificação para as fraturas de côndilo baseadas em um trabalho em que 123 pacientes apresentavam 138 fraturas condilares em um estudo prospectivo. Para isso, ele levou em consideração a localização anatômica, dividindo-as em cabeça do côndilo, pescoço do côndilo e subcondilar. A relação do segmento fraturado com a mandíbula também foi classificada como deslocada, desviada, deslocada com desvio para medial ou lateral, deslocada com desvio anterior e posterior e sem contato entre fragmentos. Além disso, também classificou a relação do fragmento com a fossa glenóide citando as fraturas como não-deslocada, deslocadas e fora da fossa glenóide (FIGURA 5). Fig. 5: Classificação de LINDAHL. A - Nível da fratura. CH - Cabeça de côndilo. CN - Pescoço do côndilo. SC - Subcondilar. B-G - Relação dos segmentos proximal e distal na linha de fratura. H-J Relação da cabeça condilar com a fossa glenóide. Fonte: Kanemani, Rombach e Quinn (2005). Porém, Melo, Freitas e Abreu (1996) entendem que as fraturas de côndilo podem ser divididas em altas, médias e baixas. Essas fraturas também podem ser classificadas, de acordo com a localização anatômica, em fraturas da cabeça do côndilo, do colo do côndilo e subcondilares (BOS; WARD BOOTH; BONT, 1999). 27 As fraturas do côndilo mandibular podem ser classificadas basicamente em unilaterais ou bilaterais, sem luxação e com luxação (MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002). 2.7 TRATAMENTO PARA FRATURA DE CÔNDILO Dentre as fraturas faciais, as de mandíbula apresentam grande prevalência, tanto em adulto quanto em crianças. Dessas fraturas mandibulares, as do côndilo merecem atenção especial, não somente pela frequência com que são encontradas, como pela dificuldade e controvérsia do tratamento, assim como as sérias sequelas que poderão advir, quando mal conduzido (CRIVELLO JR, 1990; LOBO et al., 1998 e REIS et al., 2001). Segundo Figueiredo et al. (2008), a escolha do tratamento conservador ou cirúrgico está diretamente ligada ao tipo de fratura, à idade do paciente e ao grau de alteração funcional em decorrência da fratura. As opções de tratamentos para as fraturas de côndilos mandibulares incluem técnicas abertas ou fechadas. As técnicas de tratamentos do tipo aberta podem ser realizadas através de acessos extra-orais em pele ou então por vias de acesso intrabucais. Normalmente, quando a técnica aberta é escolhida, ocorre a utilização da fixação rígida através de implantação de placas e parafusos de titânio para o correto posicionamento dos fragmentos ósseos fraturados. No entanto, a escolha de bloqueio intermaxilar associado à técnica aberta pode ser uma boa opção em alguns casos específicos (ASSAEL, 2003). Para Hayward e Scott (1993) e Villarreal et al. (2004), diversos fatores influenciam quanto à decisão do tratamento ser cirúrgico ou não, entre eles: a idade do paciente, a localização da fratura, o grau de deslocamento do segmento fraturado, outras fraturas faciais associadas, presença de dentes, diminuição na altura do ramo e facilidade em estabelecer a oclusão. Uma das grandes dificuldades têm sido a classificação e o desenvolvimento de critérios para o diagnóstico e tratamento. A escolha do tipo de tratamento, 28 cirúrgico ou conservador baseia-se nas alterações condilares e oclusais, estabelecidas a partir do diagnóstico clínico e dos exames radiográficos (ZIDE; KENT, 1983 e HAYWARD; SCOTT, 1993). 2.7.1 TRATAMENTO CONSERVADOR Para Hayward e Scott (1993), a maioria das fraturas de côndilo é tratada de forma incruenta através de bloqueio maxilo-mandibular, fisioterapia elástica, somente observação juntamente com dieta líquida ou associação de ambas. Na maioria dos casos, não é necessário o tratamento cirúrgico em crianças, devido à capacidade de remodelação óssea e crescimento ósseo mandibular, permitindo um tratamento conservador (MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002). O tratamento conservador consiste na utilização do bloqueio maxilomandibular por até 7 dias, seguido de uma intensa fisioterapia pós-operatório para restabelecimento da função mastigatória, asseguram Sugiura et al. (2001). Entretanto, para Schon et al. (2002), o tratamento fechado é recomendado para pacientes com desvio do fragmento menor que aproximadamente 45º, quando a cabeça da mandíbula permanece dentro da cavidade glenóide, quando o paciente apresenta elementos dentários suficientes para o bloqueio maxilo-mandibular ou quando na ausência dos dentes já que existe a possibilidade da utilização de próteses. De acordo com Vasconcelos et al. (2005 apud FIGUEIREDO et al., 2008), nas fraturas em crianças, mesmo com deslocamentos, o tratamento conservador, que consta da instituição de dieta líquida e pastosa, com mobilização imediata, apresenta bons resultados, haja vista a grande capacidade de remodelação do côndilo mandibular. De acordo com De Riu et al. (2001), o tratamento funcional consiste de fisioterapia apropriada, precedida ou não de fixação intermaxilar por breve período 29 de tempo, além de instituição de dieta líquida e pastosa, estando tal tratamento indicado em quase todas as fraturas condilares (intracapsulares ou extracapsulares) que não apresentarem deslocamentos condilares significativos. 2.7.2 TRATAMENTO CIRÚRGICO A grande maioria dos cirurgiões prefere o acesso extra-oral, para o tratamento cirúrgico das fraturas do côndilo. A fixação interna rígida tem sido mais empregada em relação à osteossíntese a fio de aço, visto que a mesma promove a consolidação óssea primária sem a necessidade de bloqueio maxilo-mandibular no pós-operatório, resultando em maior benefício para o paciente (ELLIS III; DEAN, 1993). Segundo Jones e Van Sickels (1991), nos casos em que se suspeita de acúmulo de sangue na ATM, logo após trauma, seguido de imobilização, deve ser considerada a irrigação ou exploração da cavidade articular (artroscopia), conjuntamente com uma imobilização prévia. No tratamento cirúrgico, realiza-se a redução cirúrgica da fratura e posterior fixação através do uso de miniplacas e parafusos de titânio, lag screw ou fios de Kirschner (SUGIURA et al., 2001). Entretanto, para Schon et al. (2002), o tratamento cirúrgico com acesso préauricular, retromandibular ou submandibular pode resultar em injúria ao nervo facial e na criação de cicatrizes visíveis. Segundo Sassi (1997), o tratamento aberto é indicado nos casos de desvio do côndilo maiores que aproximadamente 45º, a cabeça da mandíbula fora da cavidade articular, fraturas cominativas, fragmentos de corpos estranhos intra-articulares e bloqueio à movimentação da ATM. Nas fraturas do côndilo com deslocamento em relação à fossa mandibular, associado à disfunção mandibular e oclusal, a indicação é o tratamento cirúrgico com fixação do côndilo para o (MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002). restabelecimento da dimensão vertical 30 Para Zide e Kent (1983), o tratamento cirúrgico deve ser empregado nos casos de deslocamento da cabeça da mandíbula para a fossa craniana média, impossibilidade de obter oclusão adequada, deslocamento lateral extra-capsular da cabeça da mandíbula e invasão por corpo estranho na ATM, onde tais indicações podem ser aplicadas em crianças e adultos. Apesar de Jeter et al. (1988) utilizarem acesso intra-oral, a grande maioria dos cirurgiões prefere o acesso extra-oral para o tratamento cruento das fraturas de côndilo (apud MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002) De acordo com De Riu et al. (2001), o tratamento cirúrgico é, geralmente, adotado em casos em que a terapia funcional não garante a restituição e a integração do côndilo mandibular e compreende, geralmente, a redução aberta, fixação óssea e fisioterapia, por um a dois meses, sendo os acessos cirúrgicos obtidos através de incisões pré-auricular, submandibular ou retromandibular. Para Gabrielli et al. (2003), nem sempre é fácil definir qual o tipo de fixação adequada ao tratamento das fraturas mandibulares. Conforme os autores, para isso o cirurgião deve ter em mente as indicações ao escolher o sistema de fixacão (seja com placas de 2,4 ou 2,0 mm, mesmo com sistemas lock, ou ainda o BMM isolado). Estas indicações irão depender muito das características da fratura, comportamento do paciente, ausência de doenças sistêmicas, cuidados pós-operatórios e adesão parcial a restrições funcionais no pós-operatório. Para Zide e Kent (1983) e Widmark et al. (1996), o tratamento cirúrgico está indicado, basicamente, em fraturas em adultos com deslocamento maior que 45º na vista frontal, casos de deslocamento da cabeça do côndilo para fora da cavidade glenóide e encurtamento do ramo maior do que 5mm (de acordo com o exame radiográfico), acompanhado de deslocamento. Segundo Coburn et al. (2002), desde a sua introdução no mercado, os parafusos para BMM tornaram-se o método mais comum para estabilização temporária de fraturas mandibulares, apresentando muitas vantagens, como as já citadas, porém, não são tão eficientes quanto as barras quando é necessário o uso de elástico no pós-operatório. Os autores também descrevem casos de 31 complicações com o uso desse sistema, tais como fratura do parafuso, perda dentária e infecções com formação de seqüestro ósseo no local da sua inserção. Justifica-se que estas complicações se devem a pobre técnica cirúrgica empregada, bem como pela inexperiência do cirurgião (MAJUMDAR; BROOK, 2002). Segundo Marcantônio et al. (2000), muitas complicações podem surgir em decorrência da redução aberta de fraturas do processo condilar, tais como: infecção, paralisia facial, fístula salivar, síndrome de Frey, disfunção do nervo auriculotemporal e aparecimento de cicatriz hipertrófica ou quelóide. 32 3. DISCUSSÃO Manganello-Souza e Silva (2002) e Kuramochi, Nosé e Fogaça (2006) concordam que os sinais e sintomas da fratura de côndilo são a dor, limitação dos movimentos mandibulares devido à sintomatologia dolorosa ou limitação mecânica, desvio de linha média durante a abertura de boca, oclusão dentária alterada, assimetria facial (à custa de um desvio do mento para o lado fraturado) e retroposicionamento mandibular nas fraturas bilaterais. A maioria dos autores concorda que o exame clínico pode não revelar anormalidade evidente de oclusão, mas o paciente pode observar que os dentes não ocluem como anteriormente à fratura e pode sentir dor à mastigação. Contudo, com exames mais detalhados, pode-se notar sensibilidade à pressão sobre a pele ou mucosa e equimose (MANGANELO-SOUZA e SILVA, 2002; CRIVELLO Jr., 1990; THROCKMORTON, TALWAR e ELLIS III, 1999). Segundo Oezmen et al. (1998) quando um paciente apresenta fratura de côndilo mandibular, uma avaliação clínica apurada deve ser feita com atenção especial à ATM, seus sinais e sintomas, assim como a história anterior ao trauma para que se possa determinar se suas alterações são decorrentes do próprio trauma ou não, minimizando a possibilidade de erros no tratamento proposto e de consequências futuras negativas devido à imperícia do cirurgião. Em um estudo feito por Andrade Filho et al. (2003), de janeiro de 1993 a janeiro de 1999, em que foram avaliados 40 pacientes vítimas de trauma mandibular com fraturas de côndilo, a presença de dor e estalidos na ATM foram o sintoma e o sinal clínico, respectivamente, que mais se destacaram dentre todas as evidências clínicas presentes em pacientes que apresentavam fraturas de côndilo mandibular. Sabe-se que a anquilose da ATM é uma condição que pode causar problemas na mastigação, digestão, fala, estética e higiene, o que também pode levar a problemas psicológicos. Hackett e Sleeman (2001) concluíram que as radiografias panorâmicas são essenciais para o diagnóstico, pois os côndilos ficam visíveis sem sobreposições de 33 estruturas ósseas. Porém, Kuramochi, Nosé e Fogaça (2006) e Tavano (1998), asseguram que os exames de imagem facilitam o diagnóstico das fraturas condilares, embora, esse diagnóstico seja eminentemente clínico. Marzola (1970), por sua vez, ressalta que os exames radiográficos convencionais são limitados e que as tomografias computadorizadas devem ser utilizadas mais frequentemente em pacientes com fraturas do processo condilar. No entanto, Silva et al. (2003 apud DIB et al., 2009), publicaram que somente com o uso da Tomografia Computadorizada em 3D facilitaria a interpretação da fratura de côndilo e ampliaria a capacidade de diagnóstico, orientando o plano de tratamento correto. Os exames radiográficos e a ressonância magnética podem confirmar a presença da fratura e o nível da mesma, salientam Choi (2001) e Amaratunga (1987). Alguns estudiosos concordam sendo a projeção de Towne para côndilo, radiografia panorâmica e as tomografias computadorizadas as mais sugeridas pela literatura (MARCANTÔNIO et al., 2000; ELLIS III; PALMIERI; THROCKMORTON, 1999 e MELO; FREITAS; ABREU, 1996). Kromer (1953 apud LEITE, 2009) avaliou a diferença entre os tratamentos de 359 casos de fraturas mandibulares comparando os tipos de tratamento aberto ou fechado, e encontrou uma incidência de 25% da amostra para as fraturas condilianas. De acordo com Amaratunga (1987), Gibilisco, Goaz e Peterson (1982, 1995, 1995 apud GALVÃO, 2007), as fraturas de côndilo mandibular, geralmente, ocorrem abaixo da cabeça condilar e o deslocamento é sempre para a posição medial, inferior e anterior, devido à tração do músculo pterigóideo lateral e raramente apresenta um deslocamento lateral, superior e posterior. Portanto, pode ser dito que as fraturas com luxação tendem a ser mais complicadas quanto ao procedimento a ser realizado e à recuperação do paciente. As fraturas condilares apresentam uma alta relação com os traumas na região sinfisária por ocasião do efeito de contragolpe devido à transmissão de forças ao 34 côndilo, permitindo afirmar que os impactos na sínfise são os maiores responsáveis pelas fraturas condilares (MARCANTÔNIO et al., 2000; SCHON et al., 2002, 2003; DINGMAN, NATIVING, 2004; OKUDA, SANTIAGO, 1996, SALGADO et al., 1995 e SANDLER et al., 1996). Olson et al. (1982 apud LEITE, 2009), em seu estudo de revisão, obtiveram uma incidência de 52.4% de fraturas condilares após reavaliação de 580 casos de fraturas localizadas na região mandibular. Já Ellis III (1998), em seu clássico trabalho de revisão de 10 anos de fraturas de mandíbula, observaram, após análise de 2137 casos de fraturas mandibulares, que desse corpus constavam fraturas condilares apenas em 29% dos casos. As sequelas e complicações resultantes da fratura condilar são relacionadas à má oclusão, limitação de função, adesão do disco articular, perfuração do disco, osteoartrite, dor crônica, má união do traço de fratura, alterações do crescimento mandibular e anquilose (SULLIVAN; BANGHART; ANDERSON, 1995 e ELLIS III, 1998). Dos fatores etiológicos mais frequentes, estão os acidentes automobilísticos, quedas e agressões físicas (HAUG, ASSAEL, 2001; MARKER, NIELSEN, BASTIAN, 2000 e SILVENNOINEN et al., 1994). Porém, na literatura encontrada, os fatores etiológicos das fraturas condileanas são basicamente os mesmos, variando apenas a frequência de cada um (HAUG, ASSAEL, 2001; MARKER, NIELSEN, BASTIAN, 2000 e RAVEH et al., 1989). Dentre as fraturas faciais, as de mandíbula apresentam grande prevalência, tanto em adulto quanto em crianças. Dessas fraturas mandibulares, as do côndilo, merecem atenção especial, não somente pela frequência com que são encontradas, como pela dificuldade e controvérsia do tratamento, assim como as sérias sequelas que poderão advir, quando mal conduzido (CRIVELLO JR., 1990; LOBO et al., 1998 e REIS et al., 2001). O diagnóstico das fraturas e a indicação do tratamento devem ser precisos para evitar as disfunções têmporo-mandibulares ou ainda sequelas mais graves que alterem o crescimento da face e da mandíbula, levando a deformidades mandibulares assimétricas, distúrbios funcionais, necrose condilar ou que 35 impossibilitem a abertura satisfatória da boca, como as anquiloses têmporomandibulares (LUZ, ARAÚJO, 2001; ANDRADE FILHO et al., 2003 e HLAWITSCHKA, LOUKOTA, ECKELT, 2005). As fraturas do processo condilar são encontradas com mais frequência em crianças e adolescentes, porém, em adultos, a idade varia entre 21 e 45 anos (LUZ, ARAÚJO, 2001 e CHOI, HUH, YOO, 2003). Apesar de ser o mais pesado e forte osso da face, a mandíbula está propensa a fraturas por alguns motivos particulares: é um arco aberto; está localizado na região inferior da face; mecanismo de hiperextensão e hiperflexão da cabeça em acidentes de trânsito; atrofia-se com a idade. E o côndilo mandibular em particular é a extremidade bilateral da mandíbula, apresentado, na opinião da maioria dos autores, como o local de maior fragilidade do terço inferior da face, devido à proteção fisiológica do nosso corpo para não ocorrer a intrusão do côndilo na fossa craniana pós-trauma em região de sínfise mandibular. Na literatura, os dados relacionados ao gênero demonstram predominância masculina sobre a feminina de 5:1 (GASSNER et al., 1999; DAVIS, POWELL, MORRISON, 2005; SPENCER et al., 1999 e PATROCÍNIO et al., 2005). Apesar de a literatura relatar que os acidentes de tráfego são as principais causas das fraturas de cabeça de mandíbula, é importante ressaltar que no presente estudo a etiologia mais encontrada foi a de causas desconhecidas, seguida pela queda de nível e agressão, acidentes de tráfego e esportes (ANDRADE FILHO et al., 2003 e PATROCÍNIO et al., 2005). Existe uma concordância entre os autores de que o tratamento a ser indicado nas fraturas do côndilo mandibular, depende basicamente da idade do paciente, das funções da articulação e desvios em abertura bucal, visando o bem estar do paciente através do menor trauma possível aliado a uma recuperação satisfatória (ZIDE; KENT, 1983; CRIVELLO JR., 1991 e HAYWARD; SCOTT, 1993). A etiologia das fraturas condilares pode ser classificada em acidentes de tráfego (incluindo automobilístico, ciclístico e atropelamentos), quedas de altura e 36 em nível do chão, violência física, esportes, acidentes de trabalho e outros, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças. De acordo com alguns estudiosos, as fraturas de côndilo mandibular se dividem em intra-capsular, sub-condilar alta ou do colo condilar e sub-condilar baixa (ELLIS III, PALMIERI, THROCKMORTON, 1999; AMARATUNGA, 1987 e CRIVELLO JR., 1990). As fraturas de côndilo mandibular se dividem em intra-capsular quando ocorrem dentro dos limites da articulação temporomandibular ou subcondiliares, quando a fratura ocorre no processo condilar, fora dos limites da cápsula articular (BARROS, MANGANELO-SOUZA, 2000; BOS, WARD BOOTH, BONT, 1999; MARKER, NIELSEN, BASTIAN, 2000 e KURAMOCHI, NOSÉ, FOGAÇA, 2006). As fraturas de côndilo mandibular podem ocorrer na cabeça condilar, no pescoço condilar e na região subcondiliana, essa última bem próxima do início do ramo da mandíbula. Além disso, as fraturas podem ser divididas em não deslocadas, com deslocamento medial/lateral, com deslocamento anterior/posterior ou sem contato entre os fragmentos (STIESCH-SCHOLZ, SCHMIDT, ECKARDT, 2005; CRIVELLO JR., 1991; DALRYMPLE, 1995 e PEREIRA, ANDRADE, 1996). As fraturas de côndilo mandibular podem ser classificadas como unilaterais e bilaterais (MIRANDA, MIYAGUSKO, ANTONINI, 1994; SALGADO et al., 1995 e VALIATI et al., 1998). Apesar do grande número de trabalhos que abordam o assunto, na literatura mundial não existe consenso quanto à indicação do tratamento conservador ou cirúrgico das fraturas condilares em todas as situações. Devido à grande quantidade de fatores capazes de alterar o resultado do tratamento, a escolha do plano de tratamento deve sempre respeitar as características específicas de cada caso (LOBO et al., 1998 e LEIVAS; PAGNONCELLI, 2002). Para Zide e Kent (1983), Hayward e Scott (1993), Villarreal et al. (2004), muitos são os fatores que influenciam na indicação e no prognóstico do tratamento das fraturas da cabeça da mandíbula e estes devem ser considerados antes da eleição final do tipo de tratamento. São eles: o grau de deslocamento do fragmento, 37 idade do paciente, localização da fratura, direção do deslocamento, estado físico, fraturas associadas no terço médio da face, presença e condições da dentição, possibilidade de realizar oclusão adequada, presença de corpos estranhos na ATM e trauma com lesão exposta. Santler et al. (1999), em um estudo comparativo entre o tratamento cirúrgico e conservador com 234 pacientes acometidos por fraturas do processo condilar mandibular, verificaram que 161 desses pacientes foram tratados apenas com o bloqueio maxilo-mandibular, e 62 cirurgicamente. Os pacientes foram avaliados por meio de radiografias panorâmicas e frontais associadas ao exame clínico, encontrando, a partir daí, diferenças significativas em relação à mobilidade, alterações articulares, oclusão, dor muscular ou desordens neurológicas entre os dois tratamentos. Observaram que apenas os pacientes tratados cirurgicamente mostraram mais sensibilidade à dor na abertura máxima de boca e concluíram, também, que a redução aberta está apenas indicada em pacientes com severo deslocamento do processo condilar fraturado. Alguns autores apontam que a grande maioria das fraturas do côndilo mandibular é tratada clinicamente, possibilitando um restabelecimento dos movimentos mandibulares e, principalmente, uma oclusão adequada. Destacaram, também, que a cirurgia deve ser indicada apenas em casos específicos devido à morbidade que pode resultar da mesma (COSTA E SILVA; ANTUNES; CAVALCANTI, 2003 e ANDRADE FILHO et al., 2003). Para Joos e Kleinheinz (1998), o conceito de tratamento conservador em crianças com fratura de côndilo é válido, entretanto, consideram muito difícil tomar decisões de tratamento baseado nas radiografias. Nestes casos, as cirurgias estariam indicadas em pacientes com mais de 8 anos de idade sempre em fraturas com luxação ou cominutivas extra-capsulares, que, obrigatoriamente, apresentem um comprometimento funcional importante ou que não responderam de forma significativa ao tratamento conservador. Porém, em casos de fraturas condilares bilaterais, em que pelo menos uma delas preencha estes requisitos, há indicação cirúrgica para o restabelecimento da dimensão vertical. 38 Baker et al. (1998) realizaram questionário com 58 médicos da Associação Internacional de Cirurgia Oral e Maxilofacial, avaliando estratégias de tratamento para pacientes com fraturas de côndilo. Observou-se consenso no tratamento das fraturas com pouco desvio através do BMM, porém, opiniões diversas em relação ao tratamento, se aberto ou fechado, para as fraturas com deslocamentos do processo condilar. Um estudo foi feito por Sassi (1997) com pacientes que foram tratados de maneira cirúrgica e conservadora levou-o a concluir que quando as fraturas condileanas apresentam ângulo inferior à 45º, estaria indicado o tratamento conservador e, quando as mesmas apresentassem ângulo superior a 45º, o tratamento aberto deveria ser o indicado. A indicação e o tratamento das fraturas do côndilo mandibular ainda são temas controversos, nos dias de hoje, e por isso, diversos autores defendem o método fechado por acreditarem numa remodelação do côndilo mandibular, principalmente, em crianças menores de 12 anos (LINDAHL; HOLLENDER, 1977; DAHLSTRÖM; KAHNBERG; LINDAHL, 1989; FEIFEL; ALBERT-DEUMLICH; RIEDIGER, 1992 e MARKER; NIELSEN; BASTIAN, 2000). As crianças tratadas de fratura de côndilo necessitam de acompanhamento durante toda a sua fase de crescimento, uma vez que podem apresentar comprometimento no desenvolvimento facial em decorrência da fratura. De Riu et al. (2001), acompanhando o tratamento de 64 fraturas de côndilo mandibulares, concluíram que não houve diferença significativa entre os grupos cirúrgicos e os não cirúrgicos na sua fisiologia, no processo de reparo e ressaltaram que o tratamento poderá ser feito tanto pela redução aberta como pela fechada. Diversos fatores influenciam na decisão do tratamento conservador ou cirúrgico, entre eles a idade do paciente, a localização da fratura, o grau de deslocamento do segmento fraturado, outras fraturas faciais associadas, presença de dentes, além da facilidade em estabelecer a oclusão (HAYWARD; SCOTT, 1993). Independente do tratamento adotado é importante que o paciente recupere suas funções articulares o mais breve possível, por meio de fisioterapia precoce. 39 Em caso de tratamento fechado, o bloqueio intermaxilar é feito sem que haja qualquer acesso em pele ou mucosa, levando em consideração, principalmente, a oclusão do paciente em questão. Essa modalidade de tratamento é normalmente mais simples, mais barata, e com menos chances de acidentes operatórios, porém, os resultados em relação a movimentos oclusais são mais imprevisíveis (KANEMANI; ROMBACH; QUINN, 2005). Vários autores concordam que as fraturas de côndilo da mandíbula, altas, sejam tratadas de modo mais conservador, independente da idade, através de terapia medicamentosa e fisioterapia, bem como as fraturas baixas que não venham a apresentar deslocamento do côndilo em relação à cavidade articular. O tratamento conservador está mais indicado em tais fraturas porque o côndilo quase sempre será capaz de manter sua função, ou pelo menos ser induzido a uma remodelação que permita função adequada (CRIVELLO JR., 1991; LOBO et al., 1998; REIS et al., 2001 e MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002). O método conservador mais utilizado em crianças é o ortopédico funcional, sendo capaz de estimular a remodelação óssea e dos tecidos moles ligados a ATM, o que se mostrou dificultado pelo bloqueio intermaxilar (LOBO et al., 1998; OKUDA, SANTIAGO, 1996 e CRIVELLO JR., 1991). No caso de tratamento fechado, o bloqueio intermaxilar é feito sem que haja qualquer acesso em pele ou mucosa levando em consideração, principalmente, a oclusão do paciente em questão. Essa modalidade de tratamento é normalmente mais simples, mais barata, e com menos chances de acidentes operatórios, porém, os resultados em relação aos movimentos oclusais são mais imprevisíveis (KANEMANI, ROMBACH, QUINN, 2005; LOBO et al., 1998; MIRANDA, MIYAGUSKO, ANTONINI, 1994 e SALGADO et al., 1995). Há concordância entre os autores quanto aos resultados obtidos com bloqueio maxilo-mandibular em crianças e adolescentes. São mais favoráveis devido à presença de um centro ativo de crescimento e desenvolvimento, permitindo uma consolidação e remodelação condiliana mais rápida quando comparada com adultos (CRIVELLO JR., 1991; HAYWARD, SCOTT, 1993 e MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002). 40 Marker, Nielsen e Bastian (2000) analisaram 348 pacientes de idades variadas com fraturas do côndilo mandibulares tratados pelo método conservador com BMM ou fisioterapia, e encontraram, após um ano do final do tratamento, 45 pacientes (13%) com queixas fisiológicas menores de redução na abertura máxima interincisal, desvio da abertura de boca ou disfunções da ATM. Referem, ainda, que este tratamento é seguro, não traumático e que as complicações mais frequentes ocorrem em pacientes com fraturas bilaterais e com deslocamento da fossa articular. Conforme alguns autores, as fraturas condilares são mais frequentemente tratadas pelo método conservador. Embora, não se descarte a possibilidade de atrofia dos músculos da mastigação, dificuldades de comunicação e outras implicações sociais (LOBO et al., 1998; MIRANDA, MIYAGUSKO, ANTONINI, 1994; SALGADO et al., 1995). Já outros indicam a terapia conservadora em fraturas que não houve luxação do processo condilar para fora da fossa glenóide (RAVEH et al., 1989; TAKENOSHITA, ISHIBASHI, OKA, 1990). O tratamento conservador da fratura de côndilo está relacionado às complicações como má oclusão, dor e disfunção da articulação temporomandibular (ELLIS III, 1998; HAUG, ASSAEL, 2001 e SUGIURA et al., 2001). Haug e Assael, no artigo supracitado, defendem o tratamento conservador para fraturas de cabeça de côndilo (intracapsulares) e quando o paciente está impossibilitado de submeter-se a anestesia geral. Esse tipo de tratamento consiste de BMM rígido e/ou elástico e fisioterapia para reestabelecimento funcional e estético. O tratamento fechado é recomendado para pacientes com desvio do fragmento menor que 45º; quando a cabeça da mandíbula permanece dentro da cavidade glenóide; quando o paciente apresenta elementos dentários suficientes para o bloqueio maxilo-mandibular ou quando na ausência dos dentes, já que existe a possibilidade da utilização de próteses (DAVIS; POWELL; MORRISON, 2005 e ANDRADE FILHO et al., 2003). 41 Há concordância entre os autores, quanto aos resultados obtidos com bloqueio maxilo-mandibular, fisioterapia e dieta líquida em crianças e adolescentes. São mais favoráveis, devido à presença de um centro ativo de crescimento e desenvolvimento, permitindo uma consolidação e remodelação condilar mais rápida quando comparada com adultos (CRIVELLO JR., 1991; HAYWARD; SCOTT, 1993; MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002; SOUZA; BARROS, 2000 e JOOS; KLEINHEINZ, 1998). Alguns autores concordam, ainda, que as fraturas altas sejam tratadas de modo mais conservador, independente da idade, através de terapia medicamentosa e fisioterapia, bem como as fraturas baixas que não venham a apresentar deslocamento do côndilo em relação à cavidade articular. Justifica-se, assim, que o côndilo quase sempre será capaz de manter sua função, ou pelo menos ser induzido a uma remodelação que permita função adequada (CRIVELLO JR., 1991; LOBO et al., 1998; REIS et al., 2001 e MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002). Segundo Dingmam e Nativing (2004), a imobilização, logo após a fratura, pode promover a retenção do sangue facilitando a adesão sinovial e cartilaginosa, podendo gerar uma anquilose, tornando complexo um tratamento simples por erro na escolha do tratamento a ser desenvolvido. Ellis III, Palmieri e Throckmorton (1999) estudaram a simetria mandibular e facial após o tratamento conservador e tratamento com redução aberta de fraturas condilares. Foram analisados 146 pacientes, tendo sido 81 tratados de forma conservadora e 65 com redução aberta e fixação interna rígida, sendo acompanhados por exames imaginológicos (Panorâmica e Towne) realizados em 6 semanas, 6 meses, 1, 2 e 3 anos após o tratamento. Nos resultados obtidos, foi observado que os pacientes tratados de forma conservadora apresentaram uma significante redução da altura facial posterior e da altura do ramo mandibular no lado afetado e, ainda, uma maior inclinação dos planos oclusal e bigonial, quando comparados com os pacientes tratados com redução aberta, ficando evidente a eficiência do tratamento cirúrgico em pacientes que apresentavam fratura de côndilo mandibular. 42 Salienta-se, ainda, que escolha do acesso cirúrgico depende do sistema de fixação selecionado e o tipo da fratura em que estamos tratando. A estrutura responsável pela hesitação na escolha do acesso cirúrgico é o nervo facial. As duas vias mais frequentemente utilizadas, a pré-auricular e submandibular, possuem uma relação anatômica direta com seus ramos aurículo temporal e marginal da mandíbula, respectivamente (ELLIS, DEAN, 1993; MOREIRA, MAZZONETTO, MORAES, 2000 e SCHON et al., 2002). Diversos autores concordam que a redução cirúrgica nas fraturas subcondilares altas é mais bem executada por uma incisão pré-auricular, pois proporciona exposição apropriada com menor possibilidade de lesão ao nervo facial, visto que os ramos principais dessa estrutura anatômica ficam na extremidade inferior da incisão. O acesso de Risdon é o mais indicado, pelos autores, para as fraturas da região condilar baixa em direção ao ramo, sendo útil na redução de fraturas longas da apófise condilar, mas não sendo indicada nos casos de fragmentos curtos das fraturas subcondilares altas (ELLIS III, 1998; MOREIRA, MAZZONETTO, MORAIS, 2000 e LEIVAS, PAGNONCELLI, 2002). Em relação ao restabelecimento oclusal, há concordância entre os autores de que os melhores resultados são obtidos nos tratamentos cirúrgicos se comparados com os tratamentos não cirúrgicos das fraturas condilares. (ELLIS; DEAN, 1993 e LEIVAS; PAGNONCELLI, 2002). Autores, ainda, concordam que a vantagem do tratamento cirúrgico ao tratamento não cirúrgico, deve-se, possivelmente, à redução anatômica dos fragmentos, estabilidade oclusal, restauração precoce da função, além de proporcionar melhor simetria facial, restabelecendo a dimensão facial posterior nos casos em que ocorre encurtamento mandibular (MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002 e MOREIRA; MAZZONETTO; MORAES, 2000). Behnia, Mohammad e Tehranchi (1997) concluíram, através de achados clínicos, que o uso de ativadores ortodônticos no pós-operatório de redução cruenta de fratura de côndilo pode influenciar e guiar o crescimento mandibular, desempenhando um papel no alcance da coordenação dos arcos e simetria facial, diminuindo as forças sobre a região do enxerto, prevenindo reabsorções, corrigindo 43 o desvio do mento e oclusão, contribuindo, assim, para a obtenção do encapsulamento. Em 2001, Haug e Assael desenvolveram um protocolo com as indicações absolutas e relativas para a redução aberta de fraturas do processo condilar mandibular. As indicações absolutas são recomendadas quando ocorre o deslocamento do côndilo para o interior da fossa craniana média; quando há impossibilidade de obtenção de uma adequada oclusão pela técnica fechada; quando ocorre o deslocamento extracapsular lateral do côndilo; quando existe a presença de corpos estranhos dentro da cápsula articular; presença de obstrução mecânica impedindo a função da articulação têmporo-mandibular ou fraturas expostas que requerem tratamento imediato. Já as indicações relativas são apropriadas para a redução aberta de fraturas do processo condilar mandibular quando ocorrem fraturas condilares bilaterais em pacientes edêntulos; quando o bloqueio não é possível, devido à severa atrofia; quando apresentam fraturas condilares unilaterais ou bilaterais; quando o bloqueio não está recomendado devido à condição médica ou quando a fisioterapia não é possível, e quando apresentam fraturas bilaterais associadas a outros problemas gnatológicos. Nas fraturas do côndilo com deslocamento em relação à fossa mandibular associado à disfunção mandibular e oclusal, a indicação é o tratamento cirúrgico com fixação do côndilo para o restabelecimento da dimensão vertical, afirmam Manganello-Souza e Silva (2002). Apesar de o tratamento cirúrgico ser o mais indicado, ele apresenta dificuldades técnicas, tais como reposicionamento do côndilo mandibular na fossa glenóide, a instalação de placas e parafusos e o potencial risco de dano ao nervo facial ou a artéria maxilar (ELLIS III, 1998 e HAMMER, SCHIER, PREIN, 1997). Raveh et al. (1989) aconselham o tratamento cirúrgico apenas em caso de luxação do processo condilar para fora da fossa glenóide. Porém, Hammer, Schier e Prein (1997) indicam o tratamento cirúrgico do côndilo mandibular em casos de fraturas bilaterais, encurtamento do ramo ascendente da mandíbula e em fraturas de colo de côndilo associadas a fraturas panfaciais. 44 Sugiura et al. (2001) consideraram como indicações cirúrgicas de fraturas de côndilo mandibular, as fraturas com desvio medial maior que 30º, fraturas deslocadas com encurtamento do ramo ascendente mandibular maior que 7mm e má oclusão associada, luxação do côndilo da fossa glenóide e impossibilidade de obter oclusão adequada pela técnica conservadora. Hyde et al. (2002), em sua pesquisa de campo, indicaram o tratamento cirúrgico quando havia deslocamento do côndilo maior que 30º, fraturas com mais de 5mm de cavalgamento entre os cotos ósseos ou completa perda de contato ósseo entre os fragmentos. No entanto, Andrade Filho et al. (2003) afirmam que o tratamento aberto é indicado nos casos de desvio do côndilo maiores que aproximadamente 45º, a cabeça da mandíbula fora da cavidade articular, fraturas cominutivas, fragmentos de corpos estranhos intra-articulares e bloqueio à movimentação da ATM. Ellis III (1998) referiu que a lesão nervosa pode ser encontrada em até 15 % dos casos tratados cirurgicamente, com recuperação em torno de seis meses, porém, lesões definitivas podem ocorrer com prejuízo funcional ao paciente. Segundo Souza e Barros (2000), o melhor acesso cirúrgico do côndilo é o retro-mandibular, já que permite a exposição do campo cirúrgico para a fixação interna rígida, com visualização direta do bordo posterior da mandíbula e afastamento dos ramos da divisão cérvico facial do nervo facial, inclusive o ramo marginal da mandíbula. Schon (2002 apud VASCONCELOS, 2005) estudou o uso do endoscópio em casos de fraturas do côndilo mandibular com deslocamento lateral moderado, o qual apresentou bons resultados. Comparando com o acesso submandibular, a aproximação trans-oral leva menos tempo, além da via intra-oral possibilitar menor risco de dano ao nervo facial e de possibilitar cicatriz imperceptível. A grande maioria dos cirurgiões prefere o acesso extra-oral para o tratamento cirúrgico das fraturas do côndilo. A fixação interna rígida tem sido mais empregada em relação à osteossíntese a fio de aço, visto que a mesma promove a consolidação óssea primária sem a necessidade de bloqueio maxilo-mandibular no pós-operatório resultando em maior benefício para o paciente. 45 Em fraturas de côndilo mandibular, o acesso pré-auricular, retromandibular ou submandibular podem resultar em injúria ao nervo facial e na criação de cicatrizes visíveis, segundo Schon et al. (2002). Atualmente, existem diversos métodos de utilização de fixação rígida para tratamento das fraturas condilares, dentre eles existem os pinos intramedulares, os parafusos de tração do tipo lag screw, as miniplacas de compressão, as miniplacas neutras, a implantação de prótese articular completa, o uso de parafusos de ancoragem axiais, as placas reabsorvíveis e as diversas modalidades de enxertias (ELLIS; DEAN, 1993 e KIM et al., 2008). Diversos autores concordam que a redução cirúrgica nas fraturas subcondilares altas é mais bem executada por uma incisão pré-auricular, pois proporciona exposição apropriada com menor possibilidade de lesão ao nervo facial, visto que os ramos principais dessa estrutura anatômica ficam na extremidade inferior da incisão. (ELLIS III, 1998; MOREIRA, MAZZONETTO, MORAIS, 2000 e LEIVAS, PAGNONCELLI, 2002). O acesso de Risdon é o mais indicado, pelos autores, para as fraturas da região condilar baixa em direção ao ramo, sendo útil na redução de fraturas longas da apófise condilar, mas não sendo indicada nos casos de fragmentos curtos das fraturas subcondilares altas (ELLIS III, 1998; MOREIRA, MAZZONETTO, MORAIS, 2000 e LEIVAS, PAGNONCELLI, 2002). Em relação ao restabelecimento oclusal, há concordância entre os autores de que os melhores resultados sejam obtidos nos tratamentos cirúrgicos comparados com o tratamento não cirúrgicos das fraturas condilares. (ELLIS; DEAN, 1993 e LEIVAS; PAGNONCELLI, 2002). Autores ainda concordam que a vantagem do tratamento cirúrgico sobre o tratamento não cirúrgico, deve-se à redução anatômica dos fragmentos, estabilidade oclusal, restauração precoce da função, além de proporcionar melhor simetria facial, restabelecendo a dimensão facial posterior nos casos em que ocorre encurtamento mandibular (MANGANELLO-SOUZA; SILVA, 2002 e MOREIRA; MAZZONETTO; MORAES, 2000). 46 Em relação ao restabelecimento oclusal, há concordância entre os autores de que os melhores resultados sejam obtidos nos tratamentos cirúrgicos comparados com o tratamento não cirúrgicos das fraturas de côndilo mandibular. No entanto, os pacientes tratados com redução cirúrgica apresentaram baixa incidência de má oclusão, o que poderia estar relacionado aos problemas com redução insuficiente da fratura ou perda prematura de fixação, seja por fratura da placa seja por afrouxamento de parafusos (ELLIS; DEAN, 1993 e LEIVAS; PAGNONCELLI, 2002). Smets et al. (2003) investigaram os resultados do tratamento conservador de fraturas de côndilo mandibular em 60 pacientes com 71 fraturas condilares, com o intuito de estabelecer um protocolo para o tratamento das fraturas condilianas. Este estudo analisou a oclusão, assimetria facial, distância interincisal máxima, sinais de disfunção da ATM e medida da altura do ramo mandibular através de radiografias panorâmicas. Os resultados obtidos foram que em 5 pacientes (8% da amostra), observou-se uma maloclusão inaceitável e com discreta limitação de abertura de boca. Entretanto, 15 pacientes (31% da amostra) apresentaram redução da altura do ramo mandibular superior a 8mm. Concluíram, assim, com este trabalho que para os pacientes com redução de 8mm ou mais da altura do ramo mandibular do lado afetado e/ou considerável deslocamento do fragmento condilar, o tratamento cirúrgico deveria ser o mais indicado. Oezmen et al. (1998) analisaram a relação entre o disco articular e o côndilo, após os tratamentos cirúrgico e conservador de fraturas condilares, através da ressonância magnética. De um total de 133 pacientes, 103 foram tratados de forma conservadora e 30 com redução aberta. Em 30 casos, foram solicitados exames de ressonância magnética no pré-operatório e no pós-operatório, sendo que no restante, apenas no pós-operatório. Nos resultados obtidos, relatou-se que nenhum dos pacientes tratados cirurgicamente apresentou desalinhamento axial ou deformação da cabeça do côndilo, enquanto que em 8 pacientes tratados pela técnica fechada encontrou-se deformação e severa degeneração da cabeça do côndilo. Porém, ao exame clínico de controle, foi observado bons resultados funcionais em todos os casos, independentemente do modo de tratamento, demostrando que o tratamento tanto cirúrgico quanto conservador pode trazer bons resultados. 47 CONCLUSÃO Com base nas informações adquiridas através desta revisão de literatura, conclui-se que a escolha do tratamento para as fraturas de côndilo mandibular é realmente um tema bastante polêmico, principalmente, porque o tipo de fratura, a idade do paciente, o grau do deslocamento, o estado de saúde do paciente, além da presença de outras fraturas faciais associadas devem ser levados em consideração ao se instituir uma conduta terapêutica a ser adotada. O tratamento conservador ou funcional é quase sempre realizado com bloqueio maxilo-mandibular e fisioterapia elástica associada. Em crianças, este tipo de tratamento é o mais indicado, devido à presença de um centro ativo de crescimento e a alta capacidade de remodelação óssea. Os acessos cirúrgicos mais indicados são o pré-auricular e o de Risdon, tendo indicações específicas para cada um a depender das características individuais da fratura. Nestes acessos, deve-se ter cuidado com as lesões dos nervos aurículo temporal e marginal da mandíbula, respectivamente, ramos do nervo facial, que, normalmente, tem recuperação em torno de seis meses, porém lesões definitivas podem ocorrer com prejuízo funcional ao paciente. Ficou evidente nesta revisão de literatura, que não há diferença funcional significativa nos resultados finais dos pacientes que apresentam fratura do côndilo mandibular e são tratados de forma cirúrgica ou conservadora. 48 REFERÊNCIAS AMARATUNGA, N. A. A study of condylar fractures in Sri Lanka patients with special reference to the recent on treatment, healing and sequelae. J Oral and Maxillofac Surg., v. 25, p. 391-397, 1987. ANDRADE FILHO, E. F. et al. 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