CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,8% DO PIB EM 2005, CRESCENDO 1 PONTO PERCENTUAL CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,8% DO PIB EM 2005, CRESCENDO 1 PONTO PERCENTUAL 1 Gilberto Luiz do Amaral 2 João Eloi Olenike 3 O valor nominal do PIB em 2005, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, totalizou R$ 1.938.810 milhões (R$ 1,94 trilhão), sendo que a carga tributária brasileira em relação a este índice atingiu 37,80%, representando um crescimento de 1,00 ponto percentual em relação a 2004. O total da arrecadação tributária nos três níveis foi de R$ 732,87 bilhões (em 2004 R$ 650,15 bi), sendo R$ 514,42 bilhões (em 2004 R$ 454,31 bi) de tributos federais, R$ 187,87 bilhões (em 2004 R$ 166,15 bi) de tributos estaduais e R$ 30,57 bilhões (em 2004 R$ 29,70 bi) de tributos municipais. Em relação ao PIB, os tributos federais representam 26,53% (em 2004 = 25,72%), os estaduais 9,69% (em 2004 = 9,40%) e os municipais 1,58% (em 2004 = 1,68%). Do total da arrecadação tributária, os tributos federais são responsáveis por 70,19% (em 2004 = 69,88%), os estaduais por 25,64 (em 2004 = 25,56) e os municipais por 4,17 (em 2003 = 4,57). O crescimento nominal da arrecadação tributária foi de R$ 82,72 bi, enquanto que o crescimento real (excluída a inflação medida pelo IPCA) foi de R$ 46 bilhões em 2004. O crescimento da arrecadação tributária em relação ao PIB foi de R$ 19,5 bilhões. 1 Estudo e Pesquisa de Responsabilidade: IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, uma entidade criada em 11/12/92, cujo objetivo é a difusão de sistemas de economia legal de impostos; divulgação científica do tema; estudo de informações técnicas para a apuração e comparação da carga tributária individual e dos diversos setores da economia; e, análise dos dados oficiais sobre os tributos cobrados no Brasil. Página na internet: http://www.ibpt.com.br ; e ABDC – Associação Brasileira de Defesa do Contribuinte: fundada em 19/12/1988, estão entre os seus objetivos: defender os contribuintes brasileiros contra os altos tributos vigentes no país, com a finalidade de exigir do poder público a diminuição da carga tributária, e o devido retorno em prestação de serviços; posicionar-se contra o aumento dos tributos e a criação de novos tributos, exigindo do poder público demonstrações financeiras que evidenciem a aplicação correta dos recursos públicos. Página na intenet: http://www.contribuinte.org.br 2 Advogado tributarista, auditor, consultor de empresas, professor de pós-graduação em direito e planejamento tributário; e-mail: [email protected] 3 Tributarista, contador, auditor, professor de contabilidade e planejamento tributário; e:mail: [email protected] Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006: 124 - 135 Amaral, Gilberto Luiz do e Olenike, João Eloi TABELA 1: ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS – R$ BILHÕES TRIBUTOS IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO 2002 2003 2004 2005 7,97 8,14 9,20 9,09 IPI 19,80 19,67 22,82 26,37 IMPOSTO SOBRE A RENDA IOF - IMP. SOBRE OPER. FINANCEIRAS ITR - IMP. TERRITORIAL RURAL 85,80 4,02 0,25 93,02 4,45 0,29 102,80 5,25 0,29 124,56 6,11 0,32 CPMF - CONTRIB. MOVIM. FINANCEIRA 20,37 23,05 26,43 29,25 COFINS - CONTRIB. SEGURIDADE SOCIAL 52,27 59,56 76,61 87,85 PIS / PASEP 12,87 17,34 19,39 22,04 CSSL - CONT. SOCIAL LUCRO LÍQUIDO CIDE – COMBUSTÍVEIS SEGUR. SOCIAL SERVIDOR FUNDAF 13,36 7,24 4,42 0,34 16,75 7,50 4,45 0,32 19,55 7,67 4,65 0,30 26,31 7,69 3,75 0,31 OUTRAS RECEITAS 14,30 24,65 30,11 22,63 243,01 279,20 325,09 366,27 76,08 86,59 101,13 115,96 319,09 365,79 426,21 482,22 22,42 24,90 28,10 32,20 TOTAL TRIBUTOS FEDERAIS 341,51 390,69 454,31 514,42 ICMS PREVIDÊNCIAS ESTADUAIS 105,65 6,23 119,45 6,93 138,26 12,50 154,87 14,73 10,32 12,99 15,38 18,27 122,20 139,37 166,15 187,87 17,32 21,35 26,92 27,55 1,37 1,64 2,77 3,02 18,70 22,99 29,70 30,57 482,40 553,05 650,15 732,87 TOTAL DA RECEITA FEDERAL INSS - PREVIDÊNCIA SOCIAL TOTAL DA RECEITA FEDERAL + INSS FGTS OUTROS TRIBUTOS ESTADUAIS TOTAL TRIBUTOS ESTADUAIS TRIBUTOS MUNICIPAIS PREVIDÊNCIAS MUNICIPAIS TOTAL TRIBUTOS MUNICIPAIS TOTAL PIB 1.346,03 1.556,18 36,80% 1.938,81 35,84% 2002 2003 2004 2005 ARRECADAÇÃO PER CAPTA 2.738,95 3.095,34 3.587,51 3.987,46 Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 35,54% 1.766,62 CARGA TRIBUTÁRIA / PIB 37,80% 125 CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,8% DO PIB EM 2005, CRESCENDO 1 PONTO PERCENTUAL TABELA 2: ARRECADAÇÃO MÉDIA 2002 MÉDIA POR DIA MÉDIA POR HORA MÉDIA POR MINUTO MÉDIA POR SEGUNDO 2003 2004 2005 1.321.657.362,16 1.515.200.397,51 1.776.371.533,25 2.007.856.488,97 55.069.056,76 63.133.349,90 74.015.480,55 83.660.687,04 917.817,61 1.052.222,50 1.233.591,34 1.394.344,78 15.296,96 17.537,04 20.559,86 23.239,08 TABELA 3: ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS – % DO PIB TRIBUTOS IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO IPI IMPOSTO SOBRE A RENDA IOF - IMP. SOBRE OPER. FINANCEIRAS ITR - IMP. TERRITORIAL RURAL CPMF - CONTRIB. MOVIM. FINANCEIRA COFINS - CONTRIB. SEGURIDADE SOCIAL PIS / PASEP CSSL - CONT. SOCIAL LUCRO LÍQUIDO CIDE – COMBUSTÍVEIS SEGUR. SOCIAL SERVIDOR FUNDAF OUTRAS RECEITAS TOTAL DA RECEITA FEDERAL INSS - PREVIDÊNCIA SOCIAL TOTAL DA RECEITA FEDERAL + INSS FGTS TOTAL TRIBUTOS FEDERAIS ICMS PREVIDÊNCIAS ESTADUAIS OUTROS TRIBUTOS ESTADUAIS TOTAL TRIBUTOS ESTADUAIS TRIBUTOS MUNICIPAIS PREVIDÊNCIAS MUNICIPAIS TOTAL TRIBUTOS MUNICIPAIS TOTAL Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 2002 0,59% 1,47% 6,37% 0,30% 0,02% 1,51% 3,88% 0,96% 0,99% 0,54% 0,33% 0,03% 1,06% 18,05% 5,65% 23,71% 1,67% 25,37% 7,85% 0,46% 0,77% 9,08% 1,29% 0,10% 1,39% 2003 0,52% 1,26% 5,98% 0,29% 0,02% 1,48% 3,83% 1,11% 1,08% 0,48% 0,29% 0,02% 1,58% 17,94% 5,56% 23,51% 1,60% 25,11% 7,68% 0,45% 0,83% 8,96% 1,37% 0,11% 1,48% 2004 0,52% 1,29% 5,82% 0,30% 0,02% 1,50% 4,34% 1,10% 1,11% 0,43% 0,26% 0,02% 1,70% 18,40% 5,72% 24,13% 1,59% 25,72% 7,83% 0,71% 0,87% 9,40% 1,52% 0,16% 1,68% 2005 0,47% 1,36% 6,42% 0,31% 0,02% 1,51% 4,53% 1,14% 1,36% 0,40% 0,19% 0,02% 1,17% 18,89% 5,98% 24,87% 1,66% 26,53% 7,99% 0,76% 0,94% 9,69% 1,42% 0,16% 1,58% 35,84% 35,54% 36,80% 37,80% 126 Amaral, Gilberto Luiz do e Olenike, João Eloi QUADRO 1: CARGA TRIBUTÁRIA INTERNA SOBRE O VALOR ADICIONADO CARGA TRIBUTÁRIA SOBRE O PIB (EXCLUÍDAS AS EXPORTAÇÕES) CHEGA A QUASE 41% • Excluídas as exportações, a carga tributária cresce 10,8 pontos percentuais sobre o PIB em 11 anos. • Carga tributária total cresceu 8,58 pontos percentuais no mesmo período. • Com o aumento das exportações, pessoas e empresas que atuam somente no mercado interno suportam a elevação da carga. • Exportações são desoneradas de PIS, COFINS, ICMS, IPI e ISS. Dentre os componentes da demanda na formação do PIB – Produto Interno Bruto (calculado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as exportações representam o volume de bens e serviços produzidos no país e vendidos para o mercado externo. Somam-se a elas o consumo das famílias, consumo do governo, formação bruta de capital fixo e a variação de estoques, sendo que as importações são diminuídas do somatório. As exportações são desoneradas (imunidade e isenções) dos tributos incidentes sobre vendas: PIS, COFINS, ICMS, IPI e ISS. Estes tributos representam em média 44,57% da carga tributária total. Dessa forma, os tributos que oneram o cálculo das exportações são aqueles sobre folha de pagamento, CPMF, IOF, IRPJ, CSLL, etc. CARGA TRIBUTÁRIA SOBRE O MERCADO INTERNO BRASILEIRO O mercado interno brasileiro, ou seja, o conjunto de empresas e pessoas que somente dirigem suas atividades para dentro do Brasil, tem assumido um ônus tributário bem maior que a média da tributação em relação do PIB total. Enquanto que o PIB total teve um crescimento nominal médio anual de 11,74% no período de 1995 a 2005, as exportações cresceram em média 21,85%. Isto representa que, neste período, o PIB nominal cresceu 2,01 vezes, enquanto que as exportações em valores nominais cresceram 6,83 vezes. Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 127 CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,8% DO PIB EM 2005, CRESCENDO 1 PONTO PERCENTUAL PARTICIPAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES NO PIB TOTAL Em 1995, as exportações representavam 7,72% do total do PIB. Em 2004, esta relação passou para 17,50%. Acompanhe a evolução: TABELA 4: PERCENTUAL DAS EXPORTAÇÕES NO PIB POR ANO ANO PERCENTUAL DAS EXPORTAÇÕES NO PIB 1995 7,72% 6,99% 7,51% 7,42% 10,28% 10,66% 13,22% 15,49% 16,38% 18,02% 17,50% 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 CARGA TRIBUTÁRIA EM RELAÇÃO AO PIB (EXCLUÍDAS AS EXPORTAÇÕES) Em face do aumento significativo das exportações, o mercado interno brasileiro tem assumido o ônus do aumento da carga tributária, ao longo dos anos. Diminuindo-se do PIB o valor das exportações, identificamos o somatório das riquezas produzidas no Brasil, e voltadas ao mercado interno. Enquanto que a carga tributária em relação ao PIB total cresceu 8,58 pontos percentuais de 1995 a 2005, passando de 28,92% para 37,50%, a carga tributária sobre o mercado interno brasileiro passou de 30% para 40,80% no mesmo período, ou seja, um crescimento de 10,80 pontos percentuais. Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 128 Amaral, Gilberto Luiz do e Olenike, João Eloi TABELA 5: ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA GERAL EM MILHÕES DE CRUZEIROS (1991 E 1992)/ EM MILHÕES DE CRUZEIROS REAIS EM 1993; R$ MILHÕES (1994 EM DIANTE) PIB ANO VALOR (A) TOTAL (B) PIB ' 1994 477.920 ' 1995 646.192 ' 1996 778.887 ' 1997 870.743 ' 1998 914.188 ' 1999 973.846 ' 2000 1.101.255 ' 2001 1.198.736 ' 2002 1.346.028 ' 2003 1.556.182 ' 2004 1.766.621 ' 2005 1.947.413 MÉDI A ANUA L % CARGA ARRECADA ARRECADA TRIBUTÁRIA PIB TOTAL ÇÃO TOTAL ÇÃO TOTAL SOBRE O PIB MENOS ARREC. MENOS EXPORTAEXPORTAÇÕES ÇÕES – VALOR EXPORTAVALOR – VALOR ÇÕES (E) (G) (F) (H) (I) CRESC. EXPORTA- CRESC. NOMINAL ÇÕES NOMINAL (C) 20,53% 11,79% 4,99% 6,53% 13,08% 8,85% 12,29% 15,61% 13,52% 10,23% VALOR (D) 45.465 49.917 54.430 65.356 67.862 100.136 117.423 158.501 208.489 254.832 318.387 340.817 11,74% 9,04% 20,07% 3,83% 47,56% 17,26% 34,98% 31,54% 22,23% 24,94% 7,04% 596.275 724.457 805.387 846.326 873.710 983.832 1.040.235 1.137.539 1.301.350 1.448.234 1.606.596* 186.858 178.858 212.581 204.347 239.191 229.240 268.117 257.086 304.941 287.562 361.696 340.320 403.745 374.156 482.361 440.951 553.179 502.972 650.149 585.725 730.279* 655.537* 28,61% 28,92% 27,29% 27,47% 29,33% 31,31% 32,84% 33,68% 35,84% 35,54% 36,80% 37,50%* % CARGA TRIBUTÁRI A SOBRE PIB LIQ. DAS EXPORTA ÇÕES (J) 30,00% 28,21% 28,46% 30,38% 32,91% 34,59% 35,97% 38,76% 38,65% 40,44% 40,80%* 21,85% Legenda da Tabela 5: Coluna A: Ano Coluna B: Valor nominal do PIB, divulgado pelo IBGE Coluna C: Crescimento porcentual do PIB nominal em relação ao ano anterior Coluna D: Valor das Exportações, contida no PIB Coluna E: Crescimento porcentual das exportações em relação ao ano anterior Coluna F: PIB nominal menos valor das Exportações (B-D) Coluna G:Total da arrecadação tributária, nos três níveis Coluna H: Arrecadação tributária menos Arrecadação tributária incidente sobre as exportações Coluna I: Carga Tributária total em relação ao PIB total (G/B) Coluna J: Carga Tributária sobre o PIB líquido das exportações (H/B) Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 129 CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,8% DO PIB EM 2005, CRESCENDO 1 PONTO PERCENTUAL TABELA 6: EVOLUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA GERAL: EM US$ MILHÕES (1986 A 1991)/ R$ MILHÕES (1992 EM DIANTE) ANO ' 1986 TRIBUTOS TRIBUTOS TRIBUTOS TOTAL FEDERAIS ESTADUAIS MUNICIPAIS ARRECADAÇÃO PIB % S/ PIB 337.832 56.386 17.160 2.095 75.641 22,39% ' 1987 360.810 ' 1988 371.999 ' 1989 399.647 ' 1990 398.747 ' 1991 405.679 ' 1992 355.453 ' 1993 429.968 ' 1994 477.920 ' 1995 646.192 ' 1996 778.887 ' 1997 870.743 ' 1998 914.188 ' 1999 973.846 ' 2000 1.101.255 ' 2001 1.198.736 ' 2002 1.346.028 2003 1.556.182 2004 1.766.621 2005 1.938.810 55.048 55.542 58.544 79.352 65.386 60.437 79.510 98.199 124.695 139.484 158.566 181.828 210.691 250.302 278.599 341.007 391.052 454.313 514.417 16.015 16.656 27.613 36.219 29.686 26.297 25.398 34.334 53.139 62.980 69.320 72.070 79.154 95.383 108.262 115.810 139.137 166.117 187.873 2.093 2.232 2.398 3.684 4.781 3.480 2.971 4.200 9.024 10.116 11.305 14.219 15.096 16.011 16.884 19.754 22.990 29.705 30.574 73.156 74.430 88.555 119.255 99.853 90.214 107.879 136.733 186.858 212.581 239.191 268.117 304.941 361.696 403.745 482.361 553.179 650.135 732.864 20,28% 20,01% 22,16% 29,91% 24,61% 25,38% 25,09% 28,61% 28,92% 27,29% 27,47% 29,33% 31,64% 32,84% 33,68% 35,84% 35,54% 36,80%* 37,80% CRESCIM. C.TRIBUT. ANO ANT. - 2,11 PONTO PERCENTUAL -0,27 P.P. 2,15 P.P. 7,75 P.P. -5,3 P.P. 0,77 P.P. -0,29 P.P. 3,52 P.P. 0,31 P.P. -1,63 P.P. 0,18 P.P. 1,86 P.P. 1,98 P.P. 1,53 P.P. 0,84 P.P. 2,16 P.P. -0,30 P.P. 1,26 P.P. 1,00 P.P. ARRECADAÇÃO DA RECEITA FEDERAL EM RELAÇÃO AO PIB Mesmo que sejam consideradas somente as receitas administradas pela Receita Federal, há crescimento da carga tributária, passando de 18,05% em 2002 para 18,78% em 2005, como se verifica abaixo: TABELA 7: ARRECADAÇÃO DA RECEITA FEDERAL EM RELAÇÃO AO PIB ANO 2002 2003 2004 2005 ARRECADAÇÃO RECEITA FEDERAL 243.005 273.358 322.555 364.136 Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 PIB % SOBRE O PIB 1.346.028 1.556.182 1.766.621 1.938,81 18,05% 17,94% 18,25% 18,78% 130 Amaral, Gilberto Luiz do e Olenike, João Eloi CARGA TRIBUTÁRIA MUNDIAL O quadro abaixo indica que o Brasil tem a carga tributária maior do que 13 países (dos 16) que compõem as maiores economias mundiais. Somente França e Itália têm cargas tributárias maiores do que a brasileira. Outros países que têm cargas tributárias maiores, como Suécia e Noruega não têm economias maiores que a brasileira. TABELA 8: CARGA TRIBUTÁRIA MUNDIAL, EM RELAÇÃO AO PIB PAÍS SUÉCIA NORUEGA FRANÇA ITÁLIA BRASIL (IBPT) BRASIL (REC. FEDERAL) ALEMANHA TURQUIA CANADÁ ESPANHA NOVA ZELÂNDIA SUÍÇA PORTUGAL POLÔNIA AUSTRÁLIA REINO UNIDO ESTADOS UNIDOS IRLANDA JAPÃO CORÉIA DO SUL MÉXICO ARGENTINA CHILE CHINA RÚSSIA MÉDIA DOS PAÍSES OCDE* MÉDIA DOS PAÍSES OCDE EUROPA* MÉDIA DOS PAÍSES OCDE AMÉRICA DO NORTE 1985 48,2% 43,1% 43,8% 34,4% 20,8% 20,2% 37,2% 15,4% 32,5% 27,8% 31,3% 25,8% 26,6% 1995 48,5% 41,1% 43,9% 41,2% 28,9% 28,7% 38,2% 22,6% 35,6% 32,8% 37,0% 27,8% 33,6% 37,0% 29,6% 35,0% 27,9% 32,8% 27,8% 19,4% 16,7% 16,8% 18,7% 18,9% 19,7% 2000 53,8% 43,2% 45,2% 43,2% 32,8% 32,5% 37,8% 32,3% 35,6% 35,2% 33,4% 30,5% 36,4% 32,5% 31,8% 37,4% 29,9% 32,2% 27,1% 23,6% 18,5% 17,4% 17,3% 16,3% 16,1% 2003 50,6% 43,4% 43,4% 43,1% 35,5% 34,9% 35,5% 32,8% 33,8% 34,9% 34,9% 29,5% 37,1% 34,2% 31,6% 35,6% 25,6% 29,7% 25,3% 25,3% 19,0% 20,7% 18,1% 16,7% 16,9% 2004 50,7% 44,9% 43,7% 42,2% 36,8% 35,91% 34,6% 31,1% 33,0% 35,1% 35,4% 29,4% 33,6% 35,9% 37,2% 36,3% 36,1% 36,6% 38,5% 39,9% 38,9% 39,1% 25,0% 26,7% 28,0% 26,1% 25,6% 29,1% 37,7% 25,6% 35,0% 27,4% 16,0% 17,0% 15,3% 19,8% Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 36,1% 25,4% 30,02 24,6% 18,5% 21,9% 19,2% 16,7% 16,9% 131 CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,8% DO PIB EM 2005, CRESCENDO 1 PONTO PERCENTUAL TABELA 9: COMPARAÇÃO/RANKING DOS PAÍSES PAÍSES NORUEGA ISLÂNDIA AUSTRÁLIA LUXEMBURGO CANADÁ SUÉCIA IRLANDA SUIÇA BÉLGICA ESTADOS UNIDOS JAPÃO HOLANDA REINO UNIDO FRANÇA ITÁLIA ALEMANHA PORTUGAL BRASIL AFRICA DO SUL ARGENTINA MÉXICO RÚSSIA ÍNDIA CHINA CHILE CORÉIA DO SUL URUGUAI CUBA PERÚ VENEZUELA BOLÍVIA IDH 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 15º 16º 18º 20º 27º 63º 120º 34º 53º 62º 127º 85º 54º 26º 46º 52º 79º 75º 113º CORRUPÇÃO 8º 1º 9º 13º 14º 6º 19º 7º 20º 17º 21º 11º 12º 18º 40º 16º 26º 62º 46º 97º 65º 126º 88º 78º 21º 40º 32º 59º 65º 130º 117º BUROCRACIA 5º 12º 6º N/T 4º 14º 11º 17º 18º 3º 10º 24º 9º 32º 38º 19º 35º 119º 28º 77º 73º 79º N/T 91º 25º 27º 49º N/T 71º 64º 78º DIAS TRABALHADOS PARA PAGAR TRIBUTOS O contribuinte brasileiro estará trabalhando até o dia 25 de maio, somente para pagar os tributos (impostos, taxas e contribuições) exigidos pelos governos federal, estadual e municipal. A tributação incidente sobre os rendimentos (salários, honorários, etc.) é formada, principalmente, pelo Imposto de Renda Pessoa Física, pela contribuição previdenciária (INSS, previdências oficiais) e pelas contribuições sindicais. Além disso, o cidadão paga a tributação sobre o consumo – já inclusa no preço dos produtos e serviços – (PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS, etc) e, também, a tributação sobre o patrimônio (IPTU, IPVA, ITCMD, ITBI, ITR). Arca, ainda, com Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 132 Amaral, Gilberto Luiz do e Olenike, João Eloi outras tributações, como taxas (limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos) e contribuições (iluminação pública,...). Em 2003, do seu rendimento bruto, o contribuinte brasileiro teve que destinar em média 36,98% para pagar a tributação sobre os rendimentos, consumo, patrimônio e outros. Em 2004 comprometeu 37,81%, em 2005 destinou 38,35% e em 2006 destinará 39,72%. Assim, no ano em curso, dos 12 meses do ano, o cidadão tem que trabalhar 4 meses e 25 dias, somente para pagar toda esta carga tributária. Veja o quadro abaixo, que apresenta os dias médios trabalhados por ano somente para pagar tributos: TABELA 10: COMPARAÇÃO DOS DIAS TRABALHADOS NO DECORRER DAS ÚLTIMAS DÉCADAS NO BRASIL ANO 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 DIAS 82 74 73 81 109 90 93 92 104 106 100 100 107 115 121 130 133 135 138 140 145 MESES 2 meses e 22 dias 2 meses e 14 dias 2 meses e 13 dias 2 meses e 21 dias 3 meses e 19 dias 3 meses 3 meses e 3 dias 3 meses e 2 dias 3 meses e 14 dias 3 meses e 16 dias 3 meses e 10 dias 3 meses e 10 dias 3 meses e 17 dias 3 meses e 25 dias 4 meses e 1 dia 4 meses e 10 dias 4 meses e 13 dias 4 meses e 15 dias 4 meses e 18 dias 4 meses e 20 dias 4 meses e 25 dias Observação sobre a TABELA 10: Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 • década de 70 = 76 dias ou 2 meses e 16 dias • década de 80 = 77 dias ou 2 meses e 17 dias • década de 90 = 102 dias ou 3 meses e 12 dias 133 CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,8% DO PIB EM 2005, CRESCENDO 1 PONTO PERCENTUAL Utilizando-se a mesma metodologia, os cidadãos de outros países trabalham os seguintes dias para pagar tributos: TABELA 11: COMPARAÇÃO DOS DIAS TRABALHADOS COM OUTROS PAÍSES PAÍS DIAS TRABALHADOS Suécia 185 dias França 149 dias Espanha 137 dias EUA 102 dias Argentina 97 dias Chile 92 dias México 91 dias METODOLOGIA DO ESTUDO E BASE DE DADOS O IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário faz o acompanhamento regular da carga tributária. No setor público a Secretaria para Assuntos Fiscais do BNDES (www.federativo.bndes.gov.br), o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (www.ibge.gov.br), a Secretaria da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br) e o TCU – Tribunal de Contas da União (www.tcu.gov.br) fazem o mesmo levantamento. Mas, a falta de uma metodologia oficial de cálculo faz com que cada uma das entidades ou órgãos utilize critérios diferentes entre si, havendo diferenças entre os resultados, sem contudo comprometer os objetivos de cada um deles, que é prestar informações sobre o montante de recursos transferidos da economia para os poderes públicos federal, estaduais e municipais. Assim como a inflação é medida por diversos índices, calculados por entidades públicas e privadas, as estatísticas da carga tributária permitem à sociedade não ficar refém de pesquisas governamentais. As diferenças entre as metodologias dos estudos residem em alguns fatores, com a constatação que todos os levantamentos utilizam a mesma base de dados para o cálculo das arrecadações federais (Secretaria da Receita Federal, INSS e Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 134 Amaral, Gilberto Luiz do e Olenike, João Eloi Caixa Econômica Federal) e estaduais (CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária): a) Receita Federal: não considera os valores recolhidos a título de multas, juros e correção monetária; estima as arrecadações tributárias municipais; não considera as arrecadações a titulo de contribuições sindicais, a entidades de fiscalização do exercício profissional e custas judiciais; b) IBGE: não considera as taxas e contribuições de melhoria que tenham como contrapartida a prestação de serviços; desconsidera totalmente os valores relativos à contribuição para a previdência dos servidores federais estatutários e militares; c) SF – BNDES: faz uma estimativa dos tributos municipais, através de um levantamento preliminar das arrecadações das três principais capitais (São Paulo, Rio de Janeiro de Janeiro de Belo Horizonte); e, faz uma estimativa dos valores de outros tributos cuja arrecadação não é conhecida, utilizando a mesma variação dos tributos conhecidos; d) IBPT – considera todos os valores arrecadados pelas três esferas de governo (tributos mais multas, juros e correção), inclusive receitas de contribuições sindicais, a entidades de fiscalização do exercício profissional e custas judiciais. Para o levantamento das arrecadações estaduais e do Distrito Federal utiliza como base de dados, além do CONFAZ, os valores divulgados pelas Secretarias Estaduais de Fazenda e Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, pois alguns estados demoram a entregar seus relatórios ao CONFAZ. Quanto às arrecadações municipais, faz um acompanhamento dos números divulgados por 845 municípios, que divulgam seus números em atenção à Lei de Responsabilidade Fiscal, e também através dos números divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional e dos Tribunais de Contas dos Estados. Gestão & Conhecimento, v. 4, n.1 , jan./jun. 2006 135