INSTITUTO OCTÁVIO MAGALHÃES – LACEN/MG DIVISÃO DE EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DE DOENÇAS SERVIÇO DE DOENÇAS PARASITÁRIAS/LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA NACIONAL PARA DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL Uso do teste rápido imunocromatográfico IT LEISH® para o imunodiagnóstico da leishmaniose visceral humana (LVH). Fevereiro 2015 1-Requisitos para uso A vigilância em saúde do município, articulada com as secretarias de vigilância em saúde estadual e federal, decidirão quais as unidades de saúde deverão receber o teste rápido, de acordo com a demanda local, apresentada pelos serviços de atenção primária em saúde. Um responsável deve ser designado para supervisionar o uso dos testes, de acordo com os critérios estabelecidos abaixo. 2-Critérios O teste rápido será realizado mediante pedido médico acompanhado da ficha do SINAN devidamente preenchida. O médico do serviço deve avaliar a presença dos seguintes critérios clínicos para definição de caso suspeito para leishmaniose visceral humana (LVH), nos pacientes de qualquer idade, provenientes ou não de área endêmica: 1-Febre de duração igual ou superior a 7 dias associada a esplenomegalia. 2-Febre de duração igual ou superior a 7 dias associada a hepatomegalia. 3-Febre de duração igual ou superior a 7 dias, associada a qualquer citopenia (anemia, leucopenia, plaquetopenia ou pancitopenia), palidez e emagrecimento. 3- Procedimentos O teste rápido IT LEISH® poderá ser realizado à beira do leito do paciente utilizando sangue total coletado em polpa digital ou em ambiente laboratorial utilizando esta mesma amostra biológica ou soro, plasma e sangue total venoso. A execução detalhada do teste poderá ser observada no instrutivo anexo bem como no folheto de instrução do kit diagnóstico. 3-Interpretação dos resultados 3.1 Resultado reagente Nos estudos de validação, IT LEISH® apresentou especificidade em torno de 97% e alto valor preditivo positivo, garantindo ao teste alta confiabilidade e baixa chance de resultados falsopositivos. Portanto, um resultado IT LEISH® reagente associado à clínica e à epidemiologia da LVH é capaz de definir o diagnóstico e, consequentemente, a liberação do tratamento para o paciente. Entretanto, é importante ressaltar que a sorologia positiva deve ser interpretada como evidência de contato prévio com o agente infeccioso, não necessariamente doença ativa. Espera-se um percentual de pessoas assintomáticas com sorologia positiva em áreas com transmissão para LVH, o que significa contato com o agente, sem o desenvolvimento de doença. Da mesma forma, a sorologia permanece positiva após o tratamento de LVH por período indeterminado, havendo ainda a possibilidade de reação cruzada com outras condições infecciosas, como por exemplo, doença de Chagas. Assim, é necessário reforçar que o teste IT LEISH® somente deverá ser realizado em pacientes com suspeita clínica da LVH conforme definição já apresentada no item 2 deste documento e que o tratamento só deverá ser iniciado com segurança do diagnóstico, considerando hemograma e demais exames, a cada caso. 3.2 Resultado não reagente Nos estudos de validação, o IT LEISH® apresentou sensibilidade em torno de 93%. O que significa que cerca de 7% dos pacientes poderão apresentar resultados falso-negativos. Estudos com pacientes portadores de infecção pelo HIV apresentam percentual ainda mais alto de falsos-negativos com os testes sorológicos para LVH. Diante desta avaliação, quando a suspeita clínica permanecer, mesmo após resultado não reagente, entrar em contato com o Laboratório Central de Saúde Pública-LACEN ou laboratório pertencente à rede LACEN de diagnóstico, para continuar a investigação laboratorial. Para esclarecimento destes casos é importante reunir todos os dados clínicos e epidemiológicos possíveis. Dentre os dados clínicos e epidemiológicos relevantes podemos destacar: idade, status imunitário, data de início dos sintomas, co-infecção Leishmania/HIV ou outras co-morbidades, local provável da infecção, hemograma e demais exames complementares. É importante lembrar que tal como em paciente imunossuprimido, em menores de dois anos de idade, os métodos imunológicos geralmente têm menor desempenho. Nestes casos, estão indicados os exames parasitológicos, como a pesquisa direta do parasita através do exame do aspirado da medula óssea em lâmina ou exames parasitológicos indiretos (cultivo de aspirado de medula óssea) e/ou a investigação do DNA de Leishmania spp. por técnicas de biologia molecular, usando como amostra sangue total colhido com EDTA ou aspirado de medula óssea. A rede LACEN poderá auxiliar a equipe médica na escolha da melhor técnica de diagnóstico laboratorial, aplicável a cada caso clínico. O envio da amostra biológica para o laboratório deverá sempre ser acompanhado da ficha do SINAN, corretamente preenchida. O Serviço de Doenças Parasitárias em conjunto com a Comunicação Social da Fundação Ezequiel Dias elaborou um vídeo para auxiliar na execução do teste. Ele poderá ser acessado em www.funed.mg.gov.br, abrir aba multimídia, clicar no link youtube.com/acsfuned. Selecionar entre os vídeos disponíveis o vídeo: “Capacitação It Leish LVH”. 4. Referências Bibliográficas Cota G.F.; de Sousa M.R.; de Freitas Nogueira B.M.; Gomes L.I.; Oliveira E.; Machado de Assis T.S.; de Mendonça A.L.; Pinto B.F.; Saliba J.W.; Rabello A. Comparison of parasitological, serological, and molecular tests for visceral leishmaniasis in HIV-infected patients: a cross-sectional delayed-type study. Am J Trop Med Hyg., 89(3): 570-7, 2013. Machado de Assis, T.S.; Braga, A.S.C.; Pedras, M.J.; Barral, A.M.P., Siqueira, I.C.; Costa, C.H.N.; Costa, D.L.; Holanda, T.A.; Soares, V.Y.R.; Biá, M.; Caldas, A.J.M.; Romero, G.A.S.; Rabello, A. Validação do teste imunocromatográfico rápido IT-LEISH® para o diagnóstico da Leishmaniose Visceral Humana. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 17(2):107116, 2008. Machado de Assis, T.S; Rabello, A.; Werneck, G.L. Predictive Models for the Diagnostic of Human Visceral Leishmaniasis in Brazil. Plos, 6 (2), 2012. Machado de Assis TS, Rabello A, Werneck GL. Latent class analysis of diagnostic tests for visceral leishmaniasis in Brazil. Trop Med Int Health, 17(10):1202-7, 2012. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Manual de vigilância e controle da Leishmaniose visceral. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006. 120p. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Leishmaniose visceral: recomendações clínicas para redução da letalidade. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde 2011.78 p. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Visceral leishmaniasis rapid diagnostic test performance, Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases, 2011. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte- Nota Técnica da Gerencia de Epidemiologia 01/2010- Assunto: Teste rápido por imunocromatografia para diagnóstico da leishmaniose visceral humana.