A Percepção dos Empreendedores sobre os Fatores
Macroambientais que Facilitam e Dificultam a Prática do
Ecoturismo no Estado do Rio de Janeiro
MARCOS COHEN
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
ISABELA DA SILVA MEDEIROS
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
A Percepção dos Empreendedores sobre os Fatores Macroambientais que Facilitam e
Dificultam a Prática do Ecoturismo no Estado do Rio de Janeiro
Resumo
Este estudo tem como objetivo identificar e avaliar os fatores que facilitam e dificultam a
Prática do Ecoturismo no Estado do Rio de Janeiro de acordo com a percepção dos
empreendedores deste setor e também verificar se suas ações são coerentes com as definições
oficiais desse setor de atividade turística. O ecoturismo no estado do Rio de Janeiro foi
escolhido como objeto central deste estudo por estar vivenciando um período favorável,
devido aos Jogos Olímpicos Rio 2016. Esta pesquisa é classificada como empírica e
quantitativa. Os dados foram obtidos por meio de questionários e foram tratados com o
auxílio da ferramenta SPSS. Após análise dos dados, foi possível identificar o perfil dos
respondentes e verificar que os ambientes socioculturais e ecológicos são facilitadores do
crescimento das organizações da amostra e que o ambiente político-legal é um limitador.
Ademais, foi constatado que as empresas ecoturísticas da amostra praticam ações sustentáveis
e contribuem para a sustentabilidade do estado do Rio de Janeiro, nos aspectos sociais,
ambientais e econômico.
Palavras-Chave: Ecoturismo, Fatores Macroambientais, Sustentabilidade, Rio de Janeiro.
Abstract
This study aims to identify and assess the factors that facilitate and hinder the practice of
Ecotourism in the state of Rio de Janeiro according to the perception of entrepreneurs in this
sector and also check if their actions are consistent with the official definitions of this sector
of tourism . Ecotourism in the state of Rio de Janeiro was chosen as the central object of this
study to be experiencing a favorable period due to the Olympic Games Rio 2016. This
empirical research is classified as quantitative. Data were obtained through questionnaires and
were treated with the aid of SPSS tool. After analyzing the data, it was possible to identify the
profile of the respondents and found that the sociocultural and ecological environments are
facilitating the growth of the sampled organizations and that political and legal environment is
a limiter. It was also found that ecotourism companies in the sample practice sustainable
actions and contribute to the sustainability of the state of Rio de Janeiro, considering social,
environmental and economic aspects.
Key-words: Ecotourism, macro-environmental factors, Sustainability, Rio de Janeiro.
1
1. Introdução
À medida que a sociedade foi tomando conhecimento da crise socioambiental, as
empresas, que estavam entre os principais responsáveis pela atual crise ambiental, passaram a
ser pressionadas a reverem e reinventarem seus processos e produtos, sob pena de pesadas
multas ou perda de reputação junto aos consumidores (SOUZA, 2002). As questões
relacionadas ao meio ambiente foram introduzidas nas decisões empresariais assim como
novos conceitos e oportunidades de negócios que surgem estimuladas pela crise ambiental
(BARBIERI, 2007).
Com a disseminação da consciência ambiental, grande parcela dos consumidores
tornou-se proativa e passou a exigir uma postura responsável das empresas que produzem
seus bens de consumo. Pesquisas realizadas pelo Instituto Akatu (2013) e Holanda, Araújo e
De Francisco (2013) sobre a percepção do consumidor em relação a empresas que praticam
atitudes alinhadas ao discurso do desenvolvimento sustentável concluíram que, apesar de
sensível ao preço, o consumidor valoriza e, muitas vezes, opta por empresas que estão
alinhadas ao discurso sustentável. Na pesquisa do Akatu (2013), 62% dos brasileiros
afirmaram que os consumidores deveriam pressionar as empresas para que elas minimizem os
efeitos nocivos de sua produção e gostariam que fossem criadas leis para exigir que as
empresas fornecessem instruções adequadas sobre o descarte do produto. Na pesquisa de
Holanda, Araújo e De Francisco (2013), 59% dos entrevistados relataram valorizar empresas
que evitam danos ao meio ambiente.
Essas mudanças de comportamento do consumidor contribuem para a mudança de
postura empresarial. Com o avanço das discussões sobre as questões ambientais e a
valorização dos produtos ecologicamente corretos, surgiu uma nova esfera de negócios
estimulante para o investimento em negócios sustentáveis como diferencial competitivo
(BOLDRIN E BOLDRIN, 2003). Para se alcançar os objetivos do desenvolvimento
sustentável, é essencial haver uma reestruturação da economia, alinhando suas ambições aos
princípios ecológicos. Segundo Brown (2003), dessa mudança nascerá uma nova economia,
uma ecoeconomia. A ecoeconomia traz à tona a necessidade de novos negócios e novos
métodos inovadores para a obtenção de uma mudança real na economia mundial (BROWN,
2003). Nesse cenário de negócios carentes de um viés sustentável, se aplicam os conceitos de
empreendedorismo sustentável e empreendedorismo ambiental.
O empreendedorismo, por sua natureza inovadora, relaciona-se com as oportunidades
de negócios demandadas pela crise socioambiental. Nasce da interseção do desenvolvimento
sustentável e do empreendedorismo, o conceito de empreendedorismo sustentável, que é
definido por combinar, em um mesmo empreendimento, as dimensões econômica, social e
ambiental (BRUNELLI E COHEN, 2012). Brunelli e Cohen (2012) também constatam que o
conceito de empreendedorismo ambiental surgiu da necessidade da inserção de um modelo de
gestão empresarial que visa o aumento das vantagens competitivas por meio de práticas
ambientais.
Os negócios ligados diretamente à solução de problemas ambientais, ou otimização
dos métodos de produção, são denominados econegócios (INSTITUTO INOVAÇÃO, 2003).
Borges et al. (2011) classificam os econegócios em quatro categorias: 1- Turismo e lazer na
natureza; 2- Produtos ecoeficientes; 3- Agricultura orgânica e extrativismo; 4- Reciclagem e
reutilização. A categoria adotada para esse estudo é o turismo e lazer na natureza, que
abrangem as atividades que possuem a necessidade de um ambiente natural para a sua
execução. Visto que a definição de Borges et al. (2011) na categoria “turismo e lazer na
natureza” ofereceu uma visão muito ampla, esse estudo optou por utilizar como parâmetro o
conceito de ecoturismo definido pela Embratur (2005, p.29). Esse conceito explicita o
1
ecoturismo como o “Segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o
patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das
populações envolvidas”.
Nesse contexto, este estudo pretende levantar informações sobre o segmento de
ecoturismo no Rio de Janeiro, buscando responder à seguintes perguntas de pesquisa:
1. Quais fatores macroambientais facilitam ou dificultam a criação e operação de
empresas de ecoturismo no estado do Rio de Janeiro na percepção dos ecoempreendedores?
2. As empresas do setor de ecoturismo estão realmente praticando ações sustentáveis
que correspondam à definição dessa atividade?
A motivação para a escolha do segmento de ecoturismo dentro das opções de
segmentos de econegócios sugerida por Borges et al. (2011) foi o momento propício que o
estado do Rio de Janeiro vive em relação às atividades turísticas. A proximidade dos Jogos
Olímpicos Rio 2016, desperta ansiedades relacionadas à perspectiva do turismo e do
ecoturismo carioca (GALÃO, 2013). No segmento do ecoturismo brasileiro, a Embratur
(2005) calculou que o crescimento estava a uma taxa média de 10 a 15% ao ano. Outro ponto
positivo que a EMBRATUR (2005) levanta são as riquezas naturais brasileiras, que
favorecem o segmento, oferecendo as condições necessárias para a realização das atividades
ecoturísticas. Ademais, a sustentabilidade faz parte do discurso dos eventos, a Copa do
Mundo e os Jogos Olímpicos Rio 2016, podendo gerar uma demanda por locais que seguem
as diretrizes do ecoturismo (GALÃO, 2013).
2.Revisão Bibliográfica
2.1. Empreendedorismo como Fonte de Desenvolvimento Sustentável
A crise ambiental atual decorre, entre outros motivos, da dificuldade de compatibilizar
a capacidade de regeneração do meio ambiente com a velocidade da exploração de seus
recursos naturais no ritmo observado a partir da segunda metade do século XX. Para Brown
(2003), esse cenário de busca incessante pela exploração dos recursos naturais em
contrapartida com a baixa capacidade do meio de se restabelecer é um desestabilizador da
natureza em sua totalidade.
No relatório “Nosso Futuro Comum” (ou Relatório Brundtland), que estabeleceu os
princípios para a viabilização de um novo conceito de desenvolvimento, chamado de
sustentável (LAYRARGUES, 1997), um ponto importante a ser lembrado foi o alerta sobre os
recursos naturais serem limitados. Assim, o desenvolvimento sustentável tem como objetivos
integrar e compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com a conservação ambiental
(CMMAD, 1991). Por outro lado, como observado por Brown (2003), é necessário haver uma
mudança de comportamento na qual os recursos naturais seriam tratados como finitos e,
quando um recurso começasse a dar sinais de queda na oferta, investimentos alternativos
equilibrariam o consumo e a oferta por tal bem. Com isso, o aumento do consumo não teria
um efeito agressor como supõe Layrargues (1997) em sua crítica ao possível aumento de
consumo presente no cenário proposto pelo conceito de desenvolvimento sustentável.
Nesse contexto, Brown (2003) propõe o conceito de uma ecoeconomia, na qual as
principais mudanças seriam a estabilização da população; a mudança na matriz energética
atual; a reestruturação do modelo linear de descarte para um modelo cíclico de reutilização e
reciclagem; mudanças nas práticas agrícolas, respeitando o solo e dando fim ao desmatamento
que ocorre na produção de alimentos. Por fim, a ideia central da ecoeconomia é a
reestruturação econômica alinhada aos princípios ecológicos promovendo mudanças reais
enquanto tem-se tempo disponível (BROWN, 2003).
Uma forma de estimular as empresas a se engajarem no conceito de desenvolvimento
sustentável é o movimento de conscientização do consumidor. A população mais consciente
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dos processos mercadológicos, das ações e de práticas das empresas, negativas e positivas, em
determinados segmentos, passa a ter, cada vez mais, uma atitude proativa na escolha de seus
produtos e serviços (GUIMARÃES, 2006). Diante dessa realidade, o mercado produtor passa
a verificar a necessidade de se reinventar para acompanhar as mudanças no comportamento
do consumidor. Apesar de esse movimento ser lento, pesquisas já comprovam que o
consumidor no processo decisório dá preferência para empresas que se apresentam como
sustentáveis (DIAS, 2009).
A crise socioambiental mundial tem provocado um movimento de conscientização do
consumidor em relação aos efeitos destrutivos dos processos empresariais e a consequência
negativa de adquirir produtos que agridem o meio ambiente. Estas mudanças de
comportamento do consumidor contribuíram para que as empresas preocupadas em manter a
sua imagem e lucratividade acirrassem suas disputas, vinculando estrategicamente seu
discurso empresarial aos conceitos ecológicos. Entretanto, para agir, o mercado produtor
precisa passar por um processo árduo de mudança e precisa se reinventar para acompanhar as
exigências do consumidor. As mudanças necessárias para atingir um modelo ideal de
economia ambientalmente sustentável envolvem a transformação de negócios, criação de
novas indústrias, reestruturação de fábricas e treinamento de profissionais (MEDEIROS E
BRUNELLI, 2013). As empresas que se comprometem com a sustentabilidade, além de
manterem a sua imagem intacta perante a sociedade, fortalecem a sua empresa em períodos de
crise. Hrdlicka e Kruglianskas (2010) identificaram que durante a crise financeira global de
2008, as empresas que demonstravam comprometimento com a sustentabilidade e utilizavam
seus princípios em sua estratégia de negócios, tiveram resultados melhores em comparação a
seus concorrentes que não consideravam a sustentabilidade em sua estratégia.
As oportunidades oriundas da crise socioambiental e do conceito de desenvolvimento
sustentável estão intimamente ligadas ao empreendedorismo. Dornelas (2009, p.35) afirma
que “empreendedorismo significa fazer algo novo, diferente, mudar a situação atual e buscar,
de forma incessante, novas oportunidades de negócio, tendo como foco a inovação e a
criação de valor”. Baron e Shane (2007, p. 7) afirmam que “o empreendedorismo requer a
criação ou o reconhecimento de uma aplicação comercial para uma coisa nova”, porém é
imprescindível que ofereça benefícios comerciais. Uma ideia interessante, porém não
comercializável, não pode ser conceituada como empreendedorismo.
O empreendedorismo sustentável pode ter origem na identificação de uma
oportunidade ou ser um empreendimento originado da necessidade de o empreendedor
complementar a sua renda. Contudo, ele necessita atender os requisitos do triple bottom line,
teoria criada por John Elkington, que prevê o alcance das dimensões do desenvolvimento
sustentável otimizando o crescimento econômico (ROSEMBLUM, 2008). Assim o
empreendedorismo sustentável é definido por combinar, em um mesmo empreendimento a
dimensão econômica, social e ambiental (HOCKERTS E WÜSTENHAGEN, 2010;
BRUNELLI E COHEN, 2012).
Um visão mais limitada é a do empreendedorismo ambiental ou
ecoempreendedorismo. Para Schaltegger (2002), duas definições de empreendedorismo
ambiental são possíveis: a primeira se limita a empresas start-up inovadoras fornecendo
produtos e serviços ambientais. A outra inclui empresas estabelecidas e intra-empreendedoras
e entende o ecoempreendedorismo como uma forma inovadora de fazer negócios, orientada
ao mercado e com o objetivo de criar valor por meio de produtos ambientais inovadores.
Nesse caso, as mudanças iniciam-se nas inovações nos próprios modelos de negócio,
configurando o que a literatura começa a chamar de econegócios. Os econegócios são
definidos pelo Instituto Inovação (2007, p.2) como o “segmento de mercado que reúne
produtos e serviços que se propõem solucionar problemas ambientais ou que utilizem
3
métodos mais racionais de exploração dos recursos naturais para a produção de bens e
serviços”.
2.2. Ecoturismo
No Brasil, o turismo corresponde a 3,6% do PIB e obteve um faturamento de R$ 127
bilhões no ano de 2011 (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2012). A Secretaria de Turismo do
Estado do Rio de Janeiro pontuou que, em 2012, o fluxo de turistas no território carioca
superou 2,6 milhões e gerou ao Estado R$ 4,12 bilhões (REVISTA ECOTURISMO, 2012).
Segundo a Secretaria de Turismo (2011), o estado do Rio de Janeiro é o maior impulsionador
do turismo no país sendo o destino de 31% dos 5,4 milhões de estrangeiros que visitaram o
país até o fim do ano de 2011. Outro ponto positivo que a Embratur (2005) levanta são as
riquezas naturais brasileiras, que favorecem o segmento oferecendo condições necessárias
para a realização das atividades ecoturísticas.
Borges et al. (2011) classificam os econegócios em quatro categorias: 1- Turismo e
lazer na natureza; 2- Produtos ecoeficientes; 3- Agricultura orgânica e extrativismo; 4Reciclagem e reutilização. Os produtos ecoeficientes visam à redução dos danos que os bens
de consumo causam ao meio ambiente. O turismo e lazer na natureza abrangem as atividades
que possuem a necessidade de um ambiente natural para a sua execução. A agricultura
orgânica e extrativismo são opções que levam a população a uma vida alimentar mais
saudável e a preservação das florestas. A reciclagem e reutilização aumentam o ciclo de uso
dos produtos, que deixam de se tornarem resíduos e se transformam em matéria prima para
um novo produto.
O ecoturismo é definido pela Embratur (2005, p.29) como o “Segmento da atividade
turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua
conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação
do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas”. Rocktaeschel (2006, p.23)
adiciona o viés cultural em sua definição de ecoturismo, observando que “o ecoturismo
pressupõe a agregação dos valores culturais e históricos ao componente ambiental”. O autor
observa que essa relação com a cultura local personaliza a atividade e aumenta as chances de
sucesso.
Borges et al. (2011, p.85) consideram como turismo e lazer na natureza todas as
“viagens, atividades, atrativos e pousadas em ambientes naturais”. Ruschmann (1997), por
sua vez, observa a relação do desenvolvimento e da sustentabilidade no setor de turismo
utilizando o conceito do World Commission on Environment and Development (1987) de que
o desenvolvimento sustentável do turismo é “aquele que atende às necessidades dos turistas
atuais, sem comprometer a possibilidade do usufruto dos recursos pelas gerações futuras”.
O ecoturismo possui uma característica intrinsecamente contraditória. Possui a
capacidade de gerar grandes oportunidades para a conservação das áreas naturais, mas, ao
mesmo tempo, traz embutidos em suas atividades os riscos do turismo que pode destruir a
natureza. Tendo isso em mente, Ross e Wall (1999) afirmam que o ecoturismo deve ter como
objetivo principal a garantia dos meios para a conservação de áreas naturais, através da
geração de receitas, educação ambiental e envolvimento das populações locais.
O perfil do consumidor de ecoturismo também difere daquele dos consumidores do
turismo convencional ou de aventura e as empresas que não ofertam atividades de acordo com
o segmento do seu negócio correm o risco de perder a credibilidade e as oportunidades do
mercado (URT E BASSINELLO, 2010). Por exemplo, Galão (2013) define que os eco-hotéis
são aqueles que proporcionam um serviço de qualidade ao turista ao mesmo tempo em que
utilizam efetivamente as práticas ambientais. O autor observa que os eco-hotéis necessitam de
4
um investimento inicial, porém o resultado em médio prazo é a redução dos custos e o
aumento dos lucros.
Todavia, o ecoturismo é, muitas vezes, confundido com o turismo convencional ou de
aventura, o que prejudica o planejamento e a execução de um serviço de qualidade dentro dos
padrões de cada segmento (URT E BASSINELLO, 2010). Salvati (2002) alerta para as
diferenças entre o turismo em áreas naturais e o ecoturismo. O ecoturismo possui um
compromisso de utilizar o meio ambiente com consciência, provocando o mínimo impacto
possível. O autor levanta uma questão importante para o segmento: o de que o turismo em
áreas naturais possui uma grande demanda que busca primordialmente uma atividade ao ar
livre sem se preocupar com a questão ambiental. Em contrapartida a esse dado, informações
mais recentes da PNUMA (2011) demonstram uma mudança desse comportamento
irresponsável, declarando que o ecoturismo cresce mundialmente em torno de 34% ao ano e
três vezes mais do que o turismo convencional. O aumento da procura por ecoturismo, aliado
ao compromisso das empresas de oferecer um ecoturismo dentro das diretrizes necessárias
para a sua execução, irá se configurar na busca por um desenvolvimento ecoturístico
sustentável, gerando, como conclui o PNUMA (2011), atividades com poucos danos ao meio
ambiente, o desenvolvimento de economias locais e a redução da pobreza.
Uma empresa que se propõe realizar a sua atividade de turismo alinhada às diretrizes
do desenvolvimento sustentável deve estar ciente do que representam os conceitos abordados
de turismo na natureza e seu desenvolvimento. Para Ruschmann (1997), a peça fundamental
para o desenvolvimento de um econegócio na área de ecoturismo é o planejamento. Para ele, a
atividade turística deve estar em sintonia com o meio ambiente em que se propõe trabalhar e
os recursos físicos, sociais e culturais da região devem proporcionar um meio de o negócio se
desenvolver sem que destrua a sua origem (RUSCHMANN, 1997).
Ross e Wall (1999) enfatizam que o ecoturismo só se torna viável se houver efetivo
gerenciamento do processo, através de adequados arranjos institucionais e compromissos
administrativos, que incluem a formulação de políticas e de estratégias de gerenciamento e o
envolvimento de uma ampla gama de organizações, incluindo as organizações não
governamentais (ONGs) e agências de desenvolvimento e conservação em áreas de
desenvolvimento. Outro fator fundamental para o sucesso da operação seria a qualidade das
políticas empregadas para proteção da área ambiental, bem como das pessoas encarregadas de
sua execução. Ross e Wall (1999) destacam o papel das ONGs, dos times de pesquisa e das
agências de desenvolvimento em países em desenvolvimento, como fornecedoras de recursos
qualificados, bases de dados e conhecimento em geral sobre o ecoturismo.
A população do entorno é parte da cultura do local e deve receber atenção, proteção e
incentivo assim como o meio ambiente. Considerar o aspecto social do desenvolvimento
sustentável também está relacionado a estar atento aos moradores que são impactados pela
presença das atividades turísticas no território que habitam. Swarbrooke (2000, apud
GOULART, 2004) afirma que “ecoturismo significa simplesmente que a principal motivação
para a viagem é o desejo de ver ecossistemas em seu estado natural, sua vida selvagem assim
como sua população nativa.” Esses argumentos incluem a variável população no conceito de
uma atividade ecoturística. De forma similar, Parker e Khare (2005) identificaram três
categorias de fatores de sucesso para um empreendimento ecoturístico: ambientais (qualidade
do meio ambiente, a delimitação do local de visitação, água), comunitários (diálogo e
parcerias com a comunidade, combate à pobreza e inclusão social) e econômicos (ambiente
político nacional, sistemas jurídicos e de segurança adequados, infraestrutura e políticas
governamentais) .
Os estudos no campo do ecoturismo contribuem para que, ampliando a discussão,
aumentem os investimentos no setor. Em contrapartida, os locais que são reconhecidos e
5
estudados podem, se não houver políticas de controle, vivenciar um turismo de massa. O
turismo de massa é prejudicial em áreas de proteção ambiental e corrompem a população
local, deturpando sua identidade. É imprescindível que se avalie e controle o estimulo a
visitação de ambientes naturais (GOULART, 2004).
O mercado de ecoturismo está passando por mudanças que pressionam as
organizações do ramo a inovarem para sobreviverem aos impactos das transformações
(RUSCHMANN, 1997). Segundo Ruschmann (1997), as inovações não devem ser restritas ao
marketing ou ao produto, deve-se inovar desde o planejamento do negócio, elaborando
estratégias que garantirão o sucesso do ecoturismo da concepção a maturidade, pensando em
todos os estágios do ciclo de vida do negócio.
As empresas de turismo que se adequarem à conservação do meio ambiente se
destacarão da concorrência. Isso ocorre, pois os consumidores estão sendo cada vez mais
impactados pelos acidentes naturais e percebem com mais intensidade os efeitos que as
empresas e eles próprios estão causando nos ambientes naturais (RUSCHMANN, 1997).
Além disso, Ruschmann (1997) reforça que o custo acrescido ao ecoturismo pode ser
repassado ao preço das viagens e passeios sem perdas de lucratividade, pois o cliente arca
com essas despesas sem resistência ao perceber o valor que sua atitude traz ao meio em que
está inserido. É importante ressaltar que o consumidor que busca o ecoturismo tem grande
motivação na preservação do meio em que realizará a atividade, sendo esse um fator crítico
que deve ser respeitado para o sucesso das empresas que ofertam atividades ecoturísticas
(URT E BASSINELLO, 2010).
A ABNT (2006), no sentido de normalizar as atividades turísticas, criou a norma
ABNT NBR 15401:2006 que estabelece critérios para as empresas que possuam interesse de
se enquadrar no segmento de ecoturismo. Apesar de a norma ser relacionada diretamente ao
setor de meios de hospedagem, a norma traz informações sobre os princípios sustentáveis que
podem ser seguidos por quaisquer empresas no segmento do ecoturismo. Tais princípios são:
respeito à legislação vigente; garantia aos direitos das populações locais; conservação do
ambiente natural e sua biodiversidade, consideração pelo patrimônio cultural e valores locais;
estímulo ao desenvolvimento socioeconômico dos destinos turísticos; garantia da qualidade
dos produtos, processos e atitudes e o planejamento e gestão responsáveis (ABNT, 2006).
Esses princípios podem ser adotados como metas para as empresas de ecoturismo e as ações
dentro desses parâmetros que já são realizadas podem ser divulgadas favorecendo a
propagação da atitude proativa do seu negócio.
3. Metodologia
Para entender os principais fatores que afetam os empreendimentos de ecoturismo no
estado do Rio de Janeiro, o estudo adotou um enfoque descritivo (Gil, 1996), utilizando o
método quantitativo para responder a pergunta de pesquisa.
Na primeira etapa da pesquisa se realizou uma pesquisa bibliográfica (livros, artigos
de jornais e revistas, etc.) e uma pesquisa telematizada de organizações e empresas que lidam
com o tema. Na segunda etapa, realizou-se uma pesquisa telematizada com o objetivo de criar
uma base de dados de empresas do ramo de ecoturismo atuando no estado do RJ. Seguindo a
definição de Salvati (2002), buscaram-se operadoras de turismo que atuassem com as
atividades: acampamento (camping), asa delta, paraquedismo, parapente, paraglyder e
balonismo, bóia-cross (acquaraid), caminhadas e travessias (hikking / trekking), cannyoning e
cachoeirismo (cascading), canoagem (canoeing, cayaking) e rafting, ciclismo e mountain
biking, mergulho livre e autônomo (diving) e flutuação (snorkerling), montanhismo,
observação astronômica, observação da fauna, flora, safári fotográfico, observação de
pássaros (birdwatching), passeio equestre, enduro equestre, pesca amadora e esportiva, visita
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em cavernas, espeleomergulho, visitas às comunidades locais e tradicionais e city tour.
Seguindo a definição do Borges et al. (2011) buscaram-se hotéis que divulgassem em seus
sites uma preocupação sustentável ou que fossem classificados por sites especializados como
hotéis ecoturísticos. As hospedagens foram classificadas em: Campings Ecológicos, Eco
Hotel, Pousada Natural e Sitio Agroecológico e Sustentável. Essa classificação surgiu da
observação da repetição desses termos quando se referiam à hospedagem sustentável nos sites
especializados em turismo. Foram levantadas 265 hospedagens consideradas ecoturísticas. A
estratégia utilizada para obtenção desses dados foi a busca nos sites Green Maps, Portal
ecohospedagem, Greenmarket, EcoViagem, Viajeaqui Abril, Hotéis e Pousadas e a pesquisa
por palavras "Eco-Hotel" no Google.
A terceira etapa consistiu em uma pesquisa quantitativa com aplicação de um
questionário via internet (com uso da plataforma Qualtrics) a fim de identificar os fatores que
dificultam ou facilitam sua criação e operação. Na primeira versão do questionário foi
utilizada a norma ABNT NBR 15401:2006 como diretriz para elaboração das questões, O
questionário foi refinado e pré-testado com ajuda de especialistas da área de turismo e
ecoturismo. Foram contatados 346 empreendedores ou responsáveis pela administração do
negócio por telefone ou e-mail, seguindo-se um follow–up telefônico. O resultado final foram
34 respostas completas e 05 questionários com respostas muito incompletas, que acabaram
sendo excluídos. O questionário colocado na internet em janeiro de 2014 e retirado em maio
de 2014 para realização das análises quantitativas. Um dos fatores constatados para a baixa
taxa resposta foi o período de alta estação e a proximidade da copa do mundo, que ocuparam
os donos dos empreendimentos e seus representantes gerenciais.
A quarta etapa consistiu na análise dos resultados coletados. A análise quantitativa foi
feita com base em estatística descritiva por meio do programa SPSS-18.0. O primeiro passo
no tratamento dos dados foi realizar uma análise descritiva para organizar e sintetizar. Na
construção das tabelas importadas pelo programa SPSS foram eliminados todos os
respondentes que não se autoclassificavam no segmento de negócio ecoturístico e foram
eliminadas as respostas onde era informado que a variável em questão não se aplicava ao
negócio, tendo-se reduzido a amostra final a 27 questionários. O reduzido tamanho da amostra
é uma limitação. O questionário é composto de questões de múltiplas escolhas utilizando
escalas do tipo Likert, tendo sido atribuído uma escala numérica para as respostas, onde, em
algumas perguntas, 5 (cinco) representa alto grau de concordância, o 3 (três) representa a
neutralidade do respondente (média) e 1 (um) significa alto grau de discordância. Em outras
perguntas, 5 representa “Sempre”, 3 representa “às vezes” (média) e 1 representa “nunca”. As
questões não respondidas foram tratadas como missing values. Foram excluídas as respostas
que continham “Não se aplica”. Por fim, se realizaram os testes de normalidade, tendo sido
mantidas apenas as variáveis que apresentavam distribuição normal. Calcularam-se as médias
das médias das variáveis, com o objetivo de verificar qual a tendência dos respondentes e, por
fim, realizou-se o Teste T para tentar rejeitar a hipótese nula de que a média das novas
variáveis (médias) era igual a 3,0 (ponto de indiferença da escala usada de 1 a 5), com um
erro máximo aceitável de 5% (nível de significância do teste). Assim, se puderam identificar
fatores que favoreciam os negócios (média maior que 3,0 estatisticamente significante) ou
fatores que dificultavam (média menor que 3,0). O mesmo teste foi realizado para as
variáveis que mediam as ações de sustentabilidade praticadas pelos econegócios da amostra.
4. Apresentação e Análise dos Resultados
A amostra inicial a foi identificada através de uma pesquisa telematizada, e esse
método contribuiu para aumentar o alcance da identificação das empresas dentro de todo o
estado do Rio de Janeiro. Verificou-se a distribuição geográfica de empresas de ecoturismo do
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estado do Rio de Janeiro dentro da amostra inicial de 346 empresas que constavam da base de
dados como sendo:. Rio de Janeiro – 23% , Búzios -8%, Arraial do Cabo 10%, poaraty 9%
Angra dos Reis 8% e 36% outras localidades.
Na amostra final, buscou-se inicialmente verificar a caracterização dos econegócios.
Foi predefinido, seguindo o critério adotado para o levantamento dos dados, que as empresas
estariam dentro dos grupos meio de hospedagem, agência de viagem, operadora de turismo e,
caso a organização entendesse que ela não está inserida nesses grupos, ela criaria a sua
classificação digitando o seu segmento. Como resultado, se observou que 64% dos
respondentes são meios de hospedagens, 9% são agências de viagens, 12% são operadoras de
turismo e 15 % especificaram o seu segmento como “outros”.
Na pergunta “Como você classifica o principal segmento de atuação da sua empresa?”,
41% dos respondentes classificaram o seu negócio como ecoturístico, 16% como turismo de
aventura, 6% como turismo rural e 38% relatou que seu negócio está incluído em outros
segmentos. Na seção 3 foi definido que seriam seguidas as classificações de ecoturismo
definidas por Salvati (2002), que inclui turismo rural, de aventura e cultural, entre outros,
como sendo tipos de ecoturismo.
Para avaliar o porte das empresas da amostra foram utilizadas as classificações MEI
(Microempreendedor Individual), Microempresa, Pequena empresa, Media empresa e Grande
empresa. Concluiu-se que os empreendimentos da amostra são em maioria de pequeno porte.
A amostra ficou dividida em: 26% MEI (Microempreendedor Individual), 59%
Microempresa, 15% Pequena empresa. Essa constatação está atrelada às dificuldades de uma
empresa de ecoturismo se inserir no mercado. Fazendo o cruzamento dos dados da
caracterização do negócio com a classificação do porte da organização, conclui-se que os
meios de hospedagem são em sua maioria microempresas compreendendo 36% da amostra, as
agências de viagem são em sua totalidade microempresas totalizando 9% e as operadoras de
turismo seguem o padrão tendo um maior número de empresas do porte microempresa (12%),
como se vê na figura 1.
8
Figura 1 – Caracterização do negócio X Classificação do porte.
Fonte: Elaborado pelos autores com dados da pesquisa (2014)
Na pergunta “Sua empresa possui alguma certificação (nacional e/ou internacional) de
empresa sustentável ou de ecoturismo?”, buscou-se verificar se na amostra do estudo existiam
empresas com certificações relacionadas ao ecoturismo. Como resultado obteve-se um
percentual de 82% das empresas que não possuem nenhuma certificação.
Com as perguntas sobre as tendências do mercado foi possível verificar (figura 2) que
a amostra concorda que existe uma tendência em aumentar a demanda de ecoturismo na
região de atuação (média 3,96), concorda que existe uma tendência em aumentar a oferta de
serviços ecoturísticos (média 3,63), e também que existe uma tendência em aumentar a
capacitação dos serviços oferecidos na região (média 3,11). No entanto, os respondentes
tendem a achar que não há uma tendência de um maior apoio governamental às ações
ecoturísticas (média 2,56). Especificamente para este último resultado, o teste T contra a
média 3,0 (não concordo nem discordo) apresentou significância de 0,016, o que permite
afirmar que esta percepção é diferente de uma visão neutra.
Figura 2– Tendências do mercado ecoturístico. (2014).
Fonte: Elaborado pelos autores com dados da pesquisa (2014)
Para avaliar se as variáveis, que nesse estudo se tratavam das questões referentes às
ações empresariais e das questões referentes aos facilitadores e limitadores do estudo, seguem
uma distribuição normal foi aplicado no segundo passo, o teste Kolmogorov-Smirnov. O
objetivo desse teste é identificar se existem evidências estatísticas para rejeitar a hipótese nula
(H0) de normalidade dos dados ao nível de significância de 5%. Foram retiradas do estudo 12
variáveis que identificavam possíveis fatores influenciadores do ecoturismo por não
apresentarem distribuição normal (hipótese nula rejeitada), tendo sido utilizadas 46 variáveis,
que apresentaram distribuição normal (5 referentes a fatores do ambiente ecológico, 5 do
ambiente sociocultural, 4 do ambiente de pesquisa e desenvolvimento, e do ambiente
demográfico, 15 do ambiente econômico e 14 do ambiente político-legal.
Foram então calculadas as médias das variáveis para cada um dos 27 respondentes
restantes da amostra. A partir dos dados obtidos, calcularam-se as médias das médias das
variáveis formando os fatores apresentados na tabela 1.
9
One-Sample Statistics
Desvio
Erro padrão
padrão
médio
3,6372
,98962
,19408
24
3,8889
,76600
,15636
MEDIA_AÇÕES_SUST_SOCIAIS
25
3,9900
,74548
,14910
MEDIA_AÇÕES_SUST_ECONOMICAS
26
3,6186
,86576
,16979
MEDIA_FACILIDADE_POLITEIS
25
2,6628
,73891
,14778
MEDIA_FACILIDADE_ECONOMICO
26
2,7376
,72039
,14128
MEDIA_FACILIDADE_ECOLOGICO
25
3,4000
,95743
,19149
MEDIA_FACILIDADE_SOCIOCULTUR
26
3,5769
1,16831
,22913
MEDIA_FACILIDADE_DEMOGRAFICOS
25
2,6200
1,01325
Tabela 1 - One-Sample Statistics Fonte: SPSS (2014)
,20265
N
Média
MEDIA_FREQ_AÇOES_RSA
26
MEDIA_AÇÕES_SUST_AMBIENTAIS
Para os fatores determinados para esse estudo, aplicou-se o Teste T. O objetivo foi
verificar a possibilidade de rejeitar a hipótese nula de que as médias das novas variáveis são
iguais a 3,0, considerando que foi atribuída uma escala de 1 a 5 as respostas da pesquisa. As
análises desse estudo utilizaram um nível de significância de 5% e mostradas na tabela 2.
One-Sample Test
Test Value = 3
t
DF
Nível de
sifnific.
Sig. (2tailed)
Mean
Difference
MEDIA_FREQ_AÇOES_
3,283
25
0,003
,63718
RSA
MEDIA_AÇÕES_SUST_
5,685
23
0,000
,88889
AMBIENTAIS
MEDIA_AÇÕES_SUST_
6,640
24
0,000
,99000
SOCIAIS
MEDIA_AÇÕES_SUST_
3,643
25
0,001
,61859
ECONOMICAS
MEDIA_FACILIDADE_
-2,282
24
0,032
-,33721
POLIT
MEDIA_FACILIDADE_
-1,857
25
0,075
-,26241
ECONOMICO
MEDIA_FACILIDADE_
2,089
24
0,047
,40000
ECOLOGICO
MEDIA_FACILIDADE_
2,518
25
0,019
,57692
SOCIOCULTUR
MEDIA_FACILIDADE_
-1,875
24
0,073
-,38000
DEMOGRAFICOS
Tabela 2.- One-Sample Test. Fonte: SPSS (2014)
10
95% Confidence
Interval of the
Difference
Lower
Upper
,2375
1,0369
,5654
1,2123
,6823
1,2977
,2689
,9683
-,6422
-,0322
-,5534
,0286
,0048
,7952
,1050
1,0488
-,7982
,0382
Como resultado do teste T observa-se que não foi possível rejeitar a hipótese nula para
dois fatores - econômico (média 2,73) e demográfico (média 2,62), significando que para
estes fatores não é possível afirmar que os respondentes da amostra os achem fatores
facilitadores ou limitadores. Os dados da pesquisa foram trabalhados e sintetizados na tabela
3. Observa-se que a amostra desse estudo entende que o ambiente sociocultural (média 3,57) e
o ambiente ecológico (3,40) tendem para facilitadores, enquanto o ambiente politico-legal
tende a ser um fator limitador (média 2,66).
FACILITADORES OU LIMITADORES DO CRESCIMENTO DA ORGANIZAÇÃO
FATORES
MÉDIA DOS
FATORES
(One-Sample
Statistics)
NÍVEL
SIGNIFICÂNCIA
DO TESTE T
(One-Sample
Test)
AMBIENTE
ECOLÓGICO
AMBIENTE
SOCIOCULTURAL
AMBIENTE
POLÍTICOLEGAL
3,40
3,57
2,66
2,62
2,73
0,047
0,019
0,032
0,073
0,075
AMBIENTE
AMBIENTE
DEMOGRÁFICO ECONÔMICO
REJEITA
REJEITA
REJEITA
NÃO REJEITA
HIPÓTESE
HIPÓTESE
HIPÓTESE
HIPÓTESE
RESULTADO
NULA DE
NULA DE
NULA DE
NULA DE
MÉDIA =3,0
MÉDIA =3,0
MÉDIA =3,0
MÉDIA =3,0
FATOR
FATOR
FATOR
FATOR
SIGNIFICADO TENDENDO A TENDENDO A TENDENDO A TENDENDO A
FACILITADOR FACILITADOR LIMITADOR
LIMITADOR
Tabela 3 - Facilitadores ou limitadores do crescimento da organização.
Fonte: Elaborado por esta autora com dados da pesquisa (2014)
NÃO REJEITA
HIPÓTESE
NULA DE
MÉDIA =3,0
FATOR
TENDENDO A
LIMITADOR
Na tabela 4, observa-se que, na média, a amostra deste estudo concorda, parcialmente
ou totalmente, que suas empresas possuem ações sociais, ambientais e econômicas de
monitoramento efetivas.
Pode-se interpretar que as empresas da amostra estariam agindo de acordo com a
definição de ecoturismo pela ABNT (2006) e outros autores, contribuindo para a
alavancagem do desenvolvimento sustentável no estado do Rio de Janeiro por meio de suas
ações de ecoturismo sustentável. Nesta análise, todos os fatores testados obedeceram aos
critérios do teste T para rejeitar a hipótese nula de média igual a 3,0.
11
FATORES
AÇÕES EMPRESARIAIS DE SUSTENTABILIDADE
ASPECTO DAS
AÇÕES
ASPECTO DAS
ASPECTO DAS
ECONÔMICAS
AÇÕES SOCIAIS
AÇÕES AMBIENTAIS
E DE
MONITORAMENTO
MÉDIA DOS
FATORES
(One-Sample
Statistics)
4,0
3,9
3,6
NÍVEL
SIGNIFICÂNCIA
DO TESTE T
(One-Sample Test)
0,0
0,0
0,0
RESULTADO
REJEITA HIPÓTESE
NULA DE MÉDIA
=3,0
REJEITA HIPÓTESE
NULA DE MÉDIA
=3,0
REJEITA HIPÓTESE
NULA DE MÉDIA
=3,0
SIGNIFICADO
FATOR TENDENDO
A CONCORDÂNCIA
FATOR TENDENDO
A CONCORDÂNCIA
FATOR TENDENDO
A CONCORDÂNCIA
Tabela 4 - Ações empresariais de sustentabilidade.
Fonte: Elaborado por esta autora com dados da pesquisa (2014)
5. Conclusões e Considerações Finais
Em relação ao primeiro objetivo de responder à questão: “Quais fatores
macroambientais facilitam ou dificultam a criação e operação de empresas de ecoturismo no
estado do Rio de Janeiro na percepção dos ecoempreendedores?”, encontrou-se para a amostra
que os conjuntos de fatores (cada um formado por diferentes variáveis) ecológicos e
socioculturais atuam como facilitadores. Tal resultado encontra respaldo tanto no fato de ser
o Rio de Janeiro um estado famoso por suas belezas naturais e por sua cultura musical e
festiva, quanto no referencial teórico desse estudo onde se encontram as questões sociais e
ambientais sendo exploradas pelos meios de comunicação e aumentando a conscientização da
população (ROSS e WALL, 1999; PARKER e KHARE, 20005; GUIMARÃES, 2006). O
aumento da consciência dos impactos das organizações no aspecto social e ambiental favorece
as empresas que exploram a sustentabilidade no seu empreendimento. Pode-se especular que
o motivo do ambiente político-legal ter sido considerado um limitador pode ser explicado
pelas dificuldades das empresas de adquirirem certificações e pelas notas baixas referentes às
questões sobre apoio governamental. Na própria figura 2, os empreendedores da amostra não
identificaram uma tendência de aumento do apoio governamental ao ecoturismo em suas
respectivas regiões.
Ainda que o fator econômico não tenha sido caracterizado estatisticamente como
limitador, a média baixa (2,73) se pode especular que as dificuldades encontradas pelas micro
e pequenas empresas (imensa maioria da amostra) no país não sejam exceção no setor do
ecoturismo.
Os problemas socioambientais suscitam questões sobre novos métodos de negócios.
Os econegócios surgem como oportunidades e como solução de alguns dos aspectos da crise
socioambiental. Alguns autores reconhecem que o ecoturismo possui um compromisso de
utilizar o meio ambiente com consciência, provocando o mínimo impacto possível
(SALVATI, 2002; RUSCHMANN, 1997). Para aprofundar a análise dessa afirmativa,
investigou-se o cenário do ecoturismo no estado do Rio de Janeiro, buscando verificar se
existe conformidade entre os princípios do ecoturismo e as ações das empresas do estado.
12
Assim, quando o estudo se propôs a verificar se as empresas da amostra praticam um
ecoturismo realmente sustentável, conforme preconizado pela EMBRATUR (2005) e
principais autores citados na seção 2.2, se tinha como parâmetro que o turismo é um dos
maiores segmentos do mundo e que tem potencial de impulsionar impactos na dimensão
ambiental, sociocultural e econômica (ABNT, 2006). Essa premissa se mostrou verdadeira
para a amostra deste estudo, nos aspectos sociais, ambientais, econômicos e de
monitoramento. Todas as médias foram maiores que 3,0 tendendo à concordância de que
praticavam as ações questionadas, o que sugere que as empresas da amostra atuam dentro dos
princípios do desenvolvimento sustentável. É evidente que se pode colocar como limitação
desse estudo o fato de ter-se baseado somente em afirmações dos empreendedores e seus
gestores e não de visitas in loco para auditar as condições de operação daqueles negócios.
Ao final, destaca-se que a atuação das empresas de ecoturismo da amostra sugere uma
contribuição das mesmas nos aspectos sociais, ambientais, econômicos e no aspecto gerencial
das organizações, culminando no avanço do desenvolvimento sustentável no estado do Rio de
Janeiro.
Para concluir, sugere-se aumentar o tamanho da amostra e que os próximos estudos
que se proponham a analisar a perspectiva do mercado de ecoturismo delimitem seu estudo a
pequenas áreas a fim de elaborar uma pesquisa com aspectos qualitativos mais aprofundados.
6. Referências
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A Percepção dos Empreendedores sobre os Fatores