PORTUGUÊS - 3o ANO MÓDULO 56 PRODUÇÃO LITERÁRIA: PARNASIANISMO E SIMBOLISMO Como pode cair no enem (ENEM) Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Mal secreto Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! (CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.) Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que: a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada. b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social. c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja. d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo. e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social. Fixação 1) (ENEM) Uma boca de estrelas dando beijo é, meu amigo, assunto p’ra um poema. Ouvir estrelas “Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, que, para ouvi-las, muita vez desperto e abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda noite, enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto, inda as procuro pelo céu deserto. Direi agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas”. (BILAC, Olavo. Ouvir estrelas. In: Tarde, 1919.) Ouvir estrelas Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo que estás beirando a maluquice extrema. No entanto o certo é o que não perco o ensejo De ouvi-las nos programas de cinema. Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo que mais eu gozo se escabroso é o tema. Direis agora: Mas, enfim, meu caro, As estrelas que dizem? Que sentido Têm suas frases de sabor tão raro? Amigo, aprende inglês para entendê-las, Pois só sabendo inglês se tem ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas. (TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: Becker, I. Humor e humorismo: Antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961.) A partir da comparação entre os poemas, verifica--se que: a) no texto de Bilac, a construção do eixo temático se deu em linguagem denotativa, enquanto no de Tigre, em linguagem conotativa. b) no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes, e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis aos que as ouvem e as entendem. c) no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais trabalhada, como se observa no uso de estruturas como “dir-vos-ei sem pejo” e “entendê-las”. d) no texto de Tigre, percebe-se o uso da linguagem metalinguística no trecho “Uma boca de estrelas dando beijo/ é, meu amigo, assunto p’ra um poema.” e) no texto de Tigre, a visão romântica apresentada para alcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe de seu poema com a recomendação de compreensão de outras línguas. F Fixação 2) (UFF) 3 A Pátria Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, É um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera, Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha... Quem com o seu suor a fecunda e umedece, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste! G (Olavo Bilac) • As estéticas literárias, embora costumem ser datadas nos livros didáticos com início e término pós--determinados,d não se deixam aprisionar pela rigidez cronológica. Assinale o comentário adequado em relação à expressão estética do poema A Pátria, de Olavo Bilac (1865-1918). a a) O poema transcende a estética parnasiana ao tratar a temática da exaltação da terra, segundo a estética romântica.b b) O poema exemplifica os preceitos da estética parnasiana e valoriza a forma na expressão comedida do sentimento nacional.c c c) O poema se antecipa ao discurso crítico da identidade nacional - tema central da estética modernista. d) O poema se insere nas fronteiras rígidas da estética parnasiana, dando ênfase à permanência do ideário estético,d d no eixo temporal das escolas literárias. e) O poema reflete os valores essenciais e perenes da realidade, distanciando-se de um compromisso com a afirmaçãoe n da nacionalidade. Fixação 3) (UFF) Não ser selvagem! Que sou eu senão um selvagem, ligeiramente polido, com uma tênue camada de verniz por fora? Quatrocentos anos de civilização, outras raças, outros costumes. E eu disse que não sabia o que se passava na alma de um caeté! Provavelmente o que se passa na minha, com algumas diferenças. Um caeté de olhos azuis, que fala português ruim, sabe escrituração mercantil, lê jornais, ouve missas. É isto, um caeté. Estes desejos excessivos que desaparecem bruscamente... Esta inconstância que me faz doidejar em torno de um soneto incompleto, um artigo que se esquiva, um romance que não posso acabar... O hábito de vagabundear por aqui, por ali, por acolá, da pensão para o Bacurau, da Semana para a casa de Vitorino, aos domingos pelos arrabaldes: e depois dias extensos de preguiça e tédio passados no quarto, aborrecimentos sem motivo que me atiram para a cama, embrutecido e pesado... Esta inteligência confusa, pronta a receber sem exame o que lhe impingem... a timidez que me obriga a ficar cinco minutos diante de uma senhora, torcendo as mãos com angústia... Explosões súbitas de dor teatral, logo substituídas por indiferença completa... admiração exagerada às coisas brilhantes, ao período sonoro, às missangas literárias, o que me induz a pendurar no que escrevo adjetivos, que depois risco... Diferenças também, é claro. Outras raças, outros costumes, quatrocentos anos. Mas no íntimo, um caeté. Um caeté descrente. Descrente? Engano. Não há mais crédulo que eu. E esta exaltação, quase veneração, com que ouço falar em artistas que não conheço, filósofos que não sei se existiram! Ateu! Não é verdade. Tenho passado a vida a criar deuses que morrem logo, ídolos que depois derrubo - uma estrela no céu, algumas mulheres na terra ... (Caetés, Graciliano Ramos) Glossário: • Caetés: grupo indígena, hoje considerado extinto, que, no século XVI, habitava a região litorânea nordestina da foz do Rio São Francisco até a foz do Rio Paraíba. Os fragmentos anterior podem ser lidos como uma referência crítica de revisão de diversos momentos da constituição da literatura, através de observações do narrador sobre a identidade brasileira. Assinale a opção que caracteriza uma referência do narrador ao Parnasianismo: a) “a timidez que me obriga a ficar cinco minutos diante de uma senhora, torcendo as mãos com angústia...” b) “Não ser selvagem! Que sou eu senão um selvagem, ligeiramente polido, com uma tênue camada de verniz por fora?” c) “Um caeté de olhos azuis, que fala português ruim, sabe escrituração mercantil, lê jornais, ouve missas. É isto, um caeté.” d) “Diferenças também, é claro. Outras raças, outros costumes, quatrocentos anos. Mas no íntimo, um caeté. Um caeté descrente.” e) “(...) admiração exagerada às coisas brilhantes, ao período sonoro, às missangas literárias, o que me induz a pendurar no que escrevo adjetivos, que depois risco...” Fixação Leia a estrofe abaixo para responder às questões 4 e 5. Mal secreto Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! (Raimundo Correia) 4) (UNIRIO) Assinale a opção em que a correspondência movimento literário — característica que se refere ao fragmento de Raimundo Correia. a) Parnasianismo - rigidez formal. b) Simbolismo - transcendentalismo. c) Romantismo - sentimentalismo. d) Modernismo - liberdade formal. e) Realismo - objetivismo. Fixação 5) (UNIRIO) O fragmento apresentado no texto contém uma oposição semântica fundamental entre o(a): a) eu lírico e o ser humano em geral. b) eu lírico e as pessoas que o invejam. c) ser que chora e os demais seres humanos. d) íntimo do ser humano e sua aparência. e) realidade exterior e o desejo humano. Fixação 6) (UFRRJ) Leia o fragmento a seguir do poema Evocações, de Alphonsus de Guimaraens: Na primavera que era a derradeira, Mãos estendidas a pedir esmola Da estrada fui postar-me à beira. Brilhava o sol e o arco-íris era a estola Maravilhosamente no ar suspensa Como se sabe, Alphonsus de Guimaraens é tido como um dos mais importantes representantes do Simbolismo no Brasil. No fragmento acima, pode-se destacar a seguinte característica da escola à qual pertence: a) bucolismo, que se caracteriza pela participação ativa da natureza nas ações narradas. b) intensa movimentação e alta tensão dramática. c) concretismo e realismo nas descrições. d) foco no instante, na cena particular e na impressão que causa. e) tom poético melancólico, apresentando a natureza como cúmplice na tristeza. Fixação - Texto para as questões 7 e 8. Epígrafe Murmúrio de água na clepsidra gotejante, Lentas gotas de som no relógio da torre, Fio de areia na ampulheta vigilante, Leve sombra azulando a pedra do quadrante Assim se escoa a hora, assim se vive e morre... Homem, que fazes tu? Para que tanta lida, Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? Procuremos somente a Beleza, que a vida É um punhado infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que [ passa... (Eugênio de Castro. Antologia pessoal da poesia portuguesa) Glossário: 1) Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto; tema. 2) Clepsidra: relógio de água. 3) Pedra do quadrante: parte superior de um relógio de Sol. 7) (ENEM) Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas (versos 6 e 7) é a: a) infantilidade do ser humano. b) destruição da natureza. c) exaltação da violência. d) inutilidade do trabalho. e) brevidade da vida. Fixação 8) (ENEM) A imagem contida em “lentas gotas de som” (verso 2) é retomada na segunda estrofe por meio da expressão: a) tanta ameaça. b) som de bronze. c) punhado de areia. d) sombra que passa. e) somente a Beleza. Fixação -9) UFRJ O assinalado Tu és o louco da imortal loucura, o louco da loucura mais suprema. A terra é sempre a tua negra algema, prende-te nela a extrema Desventura. Mas essa mesma algema de amargura, mas essa mesma Desventura extrema faz que tu’alma suplicando gema e rebente em estrelas de ternura. Tu és Poeta, o grande Assinalado que povoas o mundo despovoado de belezas eternas, pouco a pouco. Na Natureza prodigiosa e rica toda a audácia dos nervos justifica os teus espasmos imortais de louco! (SOUSA, Cruz e. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1981. p. 135) O título do texto, O assinalado, remete a uma concepção de poeta que se associa, a um só tempo, às correntes estéticas do Simbolismo e do Romantismo. Apresente essa concepção. Proposto 1) (UERJ) É que sou um poeta E na banalidade larga dos meus cantos Fundir-se-ão de mãos dadas alegrias e tristuras, Toda as coisas finitas Em rondas aladas sobrenaturais. [bens e males, O fragmento do poema de Mário de Andrade expressa um tipo de proposta que difere do projeto parnasiano de trabalhar com temas sérios, clássicos ou grandiosos. a) Redigindo sua resposta em, no máximo, duas frases completas, aponte a diferença entre o projeto parnasiano e o que está expresso no fragmento acima. b) Explique, em uma frase completa, a atitude do autor do texto quanto à metrificação e relacione-a ao estilo de época a que pertence esse texto. Proposto 2) (UFRJ) Desdéns Realçam no marfim da ventarola As tuas unhas de coral felinas Garras com que, a sorrir, tu me assassinas, Bela e feroz... O sândalo se evola; O ar cheiroso em redor se desenrola; Pulsam os seios, arfam as narinas... Sobre o espaldar de seda o torso inclinas Numa indolência mórbida, espanhola... Como eu sou infeliz! Como é sangrenta Essa mão impiedosa que me arranca A vida aos poucos, nesta morte lenta! Essa mão de fidalga, fina e branca; Essa mão, que me atrai e me afugenta, Que eu afago, que eu beijo, e que me espanca! (Raimundo Correia) Alguns críticos consideram os parnasianos como poetas românticos com vestimenta clássica. Justifique a observação com base no texto de Raimundo Correia. Proposto 3) (UFRJ) Pátria Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho! E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde, E subo do teu cerne ao céu de galho em galho! Dos teus líquens, dos teus cipós, da tua fronde, Do ninho que gorjeia em teu doce agasalho, Do fruto a amadurar que em teu seio se esconde, De ti, – rebento em luz e em cânticos me espalho! Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes, No alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto! E eu, morto, – sendo tu cheia de cicatrizes, Tu, golpeada e insultada, – eu tremerei sepulto: E os meus ossos no chão, como as tuas raízes, Se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto! (BILAC, Olavo. Poesias. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1977, p. 267.) No texto, o eu lírico aparece metamorfoseado em elementos da natureza, ligados à ideia de Pátria. Tal atitude estaria em sintonia com os princípios parnasianos? Justifique sua resposta. Proposto 4) (UFRJ) O Soneto Nas formas voluptuosas o soneto tem fascinante, cálida fragrância e as leves, langues curvas de elegância de extravagante e mórbido esqueleto. A graça nobre e grave do quarteto recebe a original intolerância, toda a sutil, secreta extravagância que transborda terceto por terceto. E como um singular polichinelo Ondula, ondeia, curioso e belo, O Soneto, nas formas caprichosas. As rimas dão-lhe a púrpura vetusta e na mais rara procissão augusta surge o Sonho das almas dolorosas... (Cruz e Souza, Poesia completa.) Dentre os recursos utilizados pela estética simbolista, destaca-se o uso da aliteração. a) Transcreva da 1a estrofe do soneto de Cruz e Souza o verso que apresenta, com maior frequência, esse recurso. b) Cite a característica do Simbolismo com que esse recurso se relaciona diretamente. Proposto 5) (UFRJ) Eu não busco saber o inevitável das espirais da tua vã matéria. Não quero cogitar da paz funérea que envolve todo o ser inconsolável. Divina Bem sei que no teu círculo maleável de vida transitória e mágoa séria há manchas dessa orgânica miséria do mundo contingente, imponderável. Mas o que eu amo no teu ser obscuro é o evangélico mistério puro do sacrifício que te torna heroína. São certos raios da tu’alma ansiosa é certa luz misericordiosa, é certa auréola que te fez divina! (Cruz e Souza) De acordo com a concepção simbolista, o corpo representa um obstáculo ao verdadeiro desenvolvimento do homem. a) Transcreva do texto o verso que melhor condensa tal marca de estilo. b) Explique a relação entre esse verso e a quarta estrofe do poema em termos semânticos. Proposto 6) As pombas Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada... E à tarde, quando a rígida noitada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada... Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um céleres voam, Como voam as pombas dos pombais; No azul da adolescência as asas soltam Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais... O poema de Raimundo Correia ilustra o Parnasianismo brasileiro. Dele, podem-se depreender as seguintes características desse movimento literário: a) soneto em versos decassílabos, com predominância de descrição e vocabulário seleto. b) versos livres, com predominância de narração e ênfase nos aspectos sonoros. c) versos sem rima, liberdade na expressão dos sentimentos e recorrência às imagens. d) soneto com versos livres, exploração do plano imagético e sonoro. e) soneto com rimas raras, com descrição e presença da mitologia. Proposto Da virgindade ─ casquinantes momos Rindo da carne já votada à incúria. 7) Leia os poemas de Cora Coralina e de Cruz e Sousa. Votada cedo ao lânguido abandono, Aos mórbidos delíquios como ao sono, Do gozo haurindo os venenosos sucos. Todas as vidas [...] Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d’água e sabão. [...] Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. [...] Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... [...] Todas as vidas dentro de mim. Na minha vida a vida mera das obscuras. (CORALINA, Cora. Melhores poemas., Seleção de Darcy França Denófrio. São Paulo: Global, 2004. p. 253-255. [Coleção melhores poemas].) Afra Ressurges dos mistérios da luxúria, Afra, tentada pelos verdes pomos, Entre os silfos magnéticos e os gnomos Maravilhosos da paixão purpúrea. Carne explosiva em pólvoras e fúria De desejos pagãos, por entre assomos Sonho-te a deusa das lascivas pompas, A proclamar, impávida, por trompas Amores mais estéreis que os eunucos! (SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 24-25.) Glossário: 1) silfos: espíritos elementares do ar 2) assomos: ímpeto, impulso 3) casquinantes: relativo à gargalhada, risada de escárnio 4) momos: ator que representa comédia 5) incúria: falta de cuidado 6) delíquios: desfalecimento, desmaio 7) haurindo: extraindo, colhendo, consumindo Nos poemas apresentados, os autores tematizam a mulher com perspectivas diferenciadas no que diz respeito, respectivamente, à: a) preocupação com a cor local e à fuga da realidade em situações espirituais. b) perspectiva referencial dada ao tema e ao enquadramento conceptista das imagens. c) ênfase no misticismo africano e à descrição fantástica do corpo da mulher. d) musicalidade recorrente para a composição dos perfis e ao entrelaçamento de poesia e prosa. e) valorização de condições sociais marginalizadas e à construção erotizada da figura feminina. Proposto 8) Leia os seguintes versos: Mais claro e fino do que as finas pratas O som da tua voz deliciava... Na dolência velada das sonatas Como um perfume a tudo perfumava. Era um som feito luz, eram volatas Em lânguida espiral que iluminava, Brancas sonoridades de cascatas... Tanta harmonia melancolizava. (SOUZA, Cruz e. Cristais. in Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p. 86.) Assinale a alternativa que reúne as características simbolistas presentes no texto: a) Sinestesia, aliteração, sugestão. b) Clareza, perfeição formal, objetividade. c) Aliteração, objetividade, ritmo constante. d) Perfeição formal, clareza, sinestesia. e) Perfeição formal, objetividade, sinestesia. Proposto Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?! (CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura /Fundação Banco do Brasil, 1993.) 9) (ENEM) Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são: a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.