RELAÇÃO DOS PAIS COM A ESCOLA
Os
pais,
como
primeiros
responsáveis
pela
educação,
devem
acompanhar o estudo dos filhos em casa e comunicar regularmente com a
escola. De acordo com diversas investigações, uma boa relação da família com
a escola aproxima pais e filhos, melhora a confiança entre pais e professores,
reforça a motivação para estudar, previne a indisciplina e faz subir o
rendimento escolar.
Os pais não precisam de grande preparação científica e pedagógica
para acompanhar o estudo dos filhos. Basta-lhes interesse e alguma
disponibilidade. O que os pais fazem é mais importante do que aquilo que
sabem.
O que podem fazer os pais? Analisemos três boas práticas: conversar
com os filhos, respeitar os professores e dialogar com o diretor de turma.
1. Conversar com os filhos
É um dever dos pais conversar serenamente com os filhos sobre o que
acontece na escola. Como correm as aulas? Há conflitos com os professores
ou com os colegas? Quais são as disciplinas preferidas? E as mais difíceis? Os
pais atentos têm de saber, no mínimo, se os seus filhos andam satisfeitos ou
frustrados.
Os filhos gostam de saber que os pais se interessam pela escola,
embora na adolescência prefiram não ser controlados. Quanto mais novos são
os filhos, mais frequentes terão de ser as conversas. O pretexto da conversa
pode ser a escola, mas o objetivo é acompanhar o desenvolvimento cognitivo,
emocional e moral dos filhos. Há vida para além da escola.
Um bom momento para partilhar as coisas boas que aconteceram na
escola dos filhos e no trabalho dos pais é a hora do jantar, com a família
reunida à mesa, a televisão desligada e os telemóveis em silêncio.
Ver um programa de televisão, durante a refeição, pode estimular a
conversa. Mas é preferível desligar a televisão, para que os pais não mandem
calar os filhos quando querem dar atenção a determinados programas. Em
geral, a televisão ligada perturba a vida familiar e rouba tempo à comunicação.
Se não há comunicação, a relação entre pais e filhos perde qualidade.
2. Respeitar os professores
Os pais têm o direito de escolher uma escola com um bom projeto
educativo e que funcione bem. Mas têm a obrigação de valorizar a escola e
exigir dos filhos assiduidade, pontualidade, disciplina e esforço. Sem esforço,
não há garantia de sucesso.
A responsabilidade dos filhos é estudar em casa, realizar os trabalhos
pedidos e participar ativamente nas aulas. Na sala de aula, devem ter o
material necessário, escutar o professor com atenção, fazer intervenções
oportunas, cooperar com os colegas e tirar apontamentos. A escola é um
espaço de trabalho, não um parque de diversões!
Para além de valorizarem a escola, os pais devem respeitar os
professores e evitar intrometer-se nas questões pedagógicas relacionadas com
as metodologias de ensino e os processos de avaliação. Sabemos que há
subjetividade na avaliação, em todas as disciplinas. Mas criticar os professores,
chamar-lhes “incompetentes” ou “injustos”, de forma precipitada, é uma falta de
bom senso, que contribui para a desmotivação e a indisciplina dos filhos.
Muitas vezes, são os filhos que trazem queixas para casa: “O professor
de Português está sempre a deitar-me abaixo, nunca me ajuda, não gosta de
mim…” Os pais fazem bem em escutar, mas têm de ser prudentes em relação
às “versões” dos filhos. A história pode estar mal contada!
Os pais devem defender os filhos quando eles são, de facto, vítimas de
injustiça. Mas não precisam de comportar-se sempre como seus advogados de
defesa, nem dar ouvidos a tudo o que eles dizem contra os professores.
Se os filhos apresentam queixas repetidas, o melhor será contactar o
diretor de turma, antes de tirar conclusões apressadas. Por vezes, eles não
gostam da exigência de alguns professores e inventam “perseguições” ou
mentem, para fugir às suas responsabilidades. Seria injusto que colhessem
benefícios das suas mentiras!
Há momentos em que os filhos são indisciplinados e faltam ao respeito
aos professores. Nestes casos, o papel dos pais é repreender ou castigar os
filhos pelos seus comportamentos incorretos. Os filhos têm direitos e deveres.
Pais permissivos e demasiado protetores, que desculpam facilmente as
irresponsabilidades dos filhos, destroem a autoridade dos professores e a sua
própria autoridade.
3. Dialogar com o diretor de turma
Uma das boas práticas dos pais é comunicar regularmente com o diretor
de turma. Houve tempo em que os pais só iam à escola quando eram
chamados. E, em geral, só eram chamados quando havia problemas.
Atualmente, os mais responsáveis tomam a iniciativa de se deslocar à escola,
sempre que necessário. Mas ainda há pais ausentes, difíceis de alcançar!
Deve haver comunicação quando há problemas (por exemplo, excesso
de faltas, indisciplina nas aulas ou notas baixas) e mesmo quando tudo parece
correr bem. É importante fazer um esforço para acompanhar a vida dos filhos
na escola. Os pais interessados na comunicação, por mais ocupados que
estejam, têm sempre hipótese de agendar um encontro ou, pelo menos, um
contacto telefónico com o diretor de turma. Quem quer, descobre estratégias
para comunicar (o e-mail também serve). Quem não quer, inventa desculpas!
Nas conversas privadas com o diretor de turma, os pais podem pedir
informações sobre a assiduidade, o comportamento e o aproveitamento dos
filhos. É útil que procurem saber se os filhos estão bem integrados na turma, se
têm uma boa relação com os colegas, se respeitam os professores, se
participam nas aulas com atenção ou se revelam dificuldades em alguma
disciplina. Pais informados são mais eficazes.
Através da comunicação entre os pais e o diretor de turma, é possível
trocar informações, partilhar ideias e concertar estratégias de ação, para
prevenir ou resolver eventuais problemas de desmotivação, indisciplina e
insucesso. A escola e os professores, por melhores que sejam, não
conseguem substituir os pais na educação. O papel dos pais é decisivo na
motivação e na gestão do tempo dos filhos.
A comunicação regular com o diretor de turma não dispensa a
participação nas reuniões gerais de pais. Essas reuniões servem para dar a
conhecer aos pais o aproveitamento e o comportamento da turma e eventuais
decisões do conselho de turma em relação a todos os alunos.
Nem o diretor de turma deve referir-se em público a alunos concretos,
nem os pais devem aproveitar a reunião para falar apenas do seu filho. Casos
individuais são para tratar em encontros privados. Quem faz o contrário, faz
mal.
Evidentemente, os pais têm direito de fazer perguntas e exprimir as suas
opiniões críticas, desde que fundamentadas, sobre os assuntos abordados ou
qualquer outro assunto considerado pertinente para a educação dos filhos.
Compete ao diretor de turma esclarecer dúvidas, registar sugestões
construtivas e, se for caso disso, encaminhar os pais para a direção da escola.
Há diretores de turma que, por vezes, aproveitam as reuniões gerais
para propor pequenos debates sobre temas do interesse de todos (por
exemplo, a disciplina nas aulas, a motivação para o estudo, a gestão do tempo,
os trabalhos de casa ou a prevenção de comportamentos de risco). É uma boa
oportunidade para os pais partilharem experiências e desenvolverem as suas
competências como educadores.
Poucos pais terão hipótese de participar nos órgãos de direção da
escola. Muitos (…) poderão propor iniciativas e colaborar como voluntários em
atividades curriculares ou extracurriculares, de acordo com a sua experiência
profissional e as solicitações da escola. Mas todos deverão acompanhar o
estudo dos filhos em casa e comunicar com o diretor de turma.
A família e a escola são parceiros no processo educativo. A cooperação
entre pais e professores, num clima de diálogo e respeito mútuo, promove a
formação integral dos alunos.
António Estanqueiro (2013). Comunicar com os Filhos – O Papel dos Pais na Educação.
Lisboa: Editorial Presença, pp.63-68.
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