FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA – UNIVEN CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS ANDERSON ARAÚJO COSTA FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE APLICÁVEIS NA CULTURA DO MAMÃO, NO MUNICÍPIO DE PINHEIROS-ES. NOVA VENÉCIA 2003 ANDERSON ARAÚJO COSTA FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE APLICÁVEIS NA CULTURA DO MAMÃO, NO MUNICÍPIO DE PINHEIROS-ES. Monografia de conclusão do Curso de Administração de Empresas – Projeto de Graduação – apresentado a Faculdade Capixaba de Nova Venécia -, sob orientação da Professora Cíntia Tavares do Carmo. NOVA VENÉCIA 2003 Ficha catalográfica C837f Costa, Anderson Araújo. Ferramentas de controle da qualidade aplicáveis na cultura do mamão no município de Pinheiros ES. Nova Venécia, UNIVEN. – – 2003. f., enc. Orientador: Cíntia Tavares do Carmo. Monografia (Graduação em Administração de Empresas) – – Faculdade Capixaba de Nova Venécia. Curso de Administração de Empresas . I.Título. 1. Qualidade total qualidade 2. Controle de CDD – 658.562 ANDERSON ARAÚJO COSTA FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE APLICÁVEIS NA CULTURA DO MAMÃO, NO MUNICÍPIO DE PINHEIROS-ES. Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Administração de Empresas, da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Administração de Empresas. Aprovada em 16 de dezembro de 2003. COMISSÃO EXAMINADORA Profª Cíntia Tavares do Carmo Faculdade Capixaba de Nova Venécia Prof. Aldo Ambrósio Faculdade Capixaba de Nova Venécia Prof. Mateus Miguel Salvador Toscano Faculdade Capixaba de Nova Venécia Agradeço a Deus, por ter guiado os meus passos. A toda minha família, em especial aos meus pais pela confiança e apoio durante toda esta caminhada. A minha irmã Andrea, muito obrigado pela força. Eterna gratidão também a minha professora e orientadora Cíntia Tavares do Carmo, pela paciência, conhecimento transmitido e dedicação. A todos meus colegas que contribuíram direta ou indiretamente para que esse trabalho fosse concluído. A minha namorada Sirlane pelo incentivo e presença nos momentos difíceis e, principalmente por me fazer muito feliz. “A qualidade não é um acidente, ela é sempre o resultado do esforço inteligente. É fruto da vontade de produzir algo superior”. John Rushin RESUMO COSTA, Anderson Araújo. Ferramentas de controle da qualidade aplicáveis na cultura do mamão, no município de Pinheiros-ES. Nova Venécia, 2003. 72 f.. Monografia (Graduação em Administração de Empresas) – Faculdade Capixaba de Nova Venécia, UNIVEN. A qualidade deixou de ser um diferencial e tornou-se pré-requisito nos mais diversos setores da economia (indústria, serviços, agricultura). De modo geral, todas as empresas, vinculadas aos mais diversos setores da economia, têm sido pressionadas a adotar posturas de mercado cada vez mais voltadas ao atendimento dos desejos do consumidor. O presente trabalho busca auxiliar os produtores no processo de melhoria contínua da produção de mamão, com o intuito de trazer um maior desenvolvimento para região, fazendo o setor tornar-se mais competitivo. O tema abordado é ferramentas de controle da qualidade aplicáveis na cultura do mamão, no município de Pinheiros. Neste sentido, foi feita uma listagem de todas as ferramentas disponíveis, analisando e escolhendo aquelas que melhor se aplicasse na área em estudo. Palavras-chave: Produção; Qualidade total; Ferramentas de Controle da Qualidade; Mamão LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Estrutura do diagrama de causa e efeito .................................. 26 Figura 2 - Conceito de distribuição e sua relação com a estabilidade do 28 processo. (Adaptado de Berger, R.W & Hart, T. 1986) .......................................... Figura 3 - Histograma (medidas do diâmetro de 22 eixos) ................................... 29 Figura 4 - Modelo de folha de checagem - operações de inspeção ...................... 31 Figura 5 - Modelo de folha de checagem - defeitos do eixo .................................. 31 Figura 6 - Exemplo de fluxograma ......................................................................... 33 Figura 7 - Diagrama de dispersão .......................................................................... 34 Figura 8 - Tipos de kanban .................................................................................... 38 Figura 9 - Fluxograma do processo de produção do mamão ................................ 50 Figura 10 - Etapas da metodologia a ser aplicada ................................................. 66 b SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................... 11 1.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................... 11 1.2 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA ................................... 12 1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................. 13 1.4 OBJETIVOS ................................................................................... 13 1.5 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ................................................... 13 1.6 HIPÓTESES OU SUPOSIÇÕES ................................................... 14 1.7 METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................... 15 1.8 APRESENTAÇÃO DOS CONTEÚDOS ......................................... 15 2 A ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE ........................................... 17 2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ....................................................... 17 2.2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DA QUALIDADE ......................... 19 2.3 O CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL – TQC ........................... 22 2.4 AS FERRAMENTAS DA QUALIDADE TOTAL .............................. 24 2.5 FERRAMENTAS TRADICIONAIS DA QUALIDADE TOTAL ......... 25 2.5.1 Diagrama causa-efeito .............................................................. 25 2.5.2 Histograma ................................................................................ 28 2.5.3 Gráficos de controle ................................................................. 30 2.5.4 Folhas de checagem ................................................................. 30 2.5.6 Fluxogramas .............................................................................. 31 2.5.7 Diagrama de dispersão ............................................................ 32 2.6 FERRAMENTAS DERIVADAS DAS NOVAS ESTRUTURAS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ...................................................... 33 2.6.1 Perda zero .................................................................................. 34 2.6.2 Células de produção ................................................................. 35 2.6.3 Kanban ....................................................................................... 36 2.6.4 Manutenção produtiva total (MPT) ou Total productive maintenance (TPM) ............................................................................ 37 2.6.5 Círculos da qualidade ............................................................... 39 2.6.6 Jidoka (ou “automação”) ......................................................... 40 2.6.7 Qualidade na origem ................................................................ 41 2.7 NOVAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE .................................. 41 2.7.1 Diagrama matriz ........................................................................ 42 2.7.2 Matriz de análise de dados ...................................................... 42 2.7.3 Diagrama seta ........................................................................... 43 2.7.4 Diagrama de dependência ....................................................... 43 2.7.5 Diagrama árvore ........................................................................ 44 2.7.6 Diagrama de similaridade ........................................................ 45 2.7.7 Diagrama de programação de decisão ................................... 46 3 SISTEMA DE PRODUÇÃO DE MAMÃO NO MUNICÍPIO DE PINHEIROS ......................................................................................... 47 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO ........................................... 47 3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE CULTIVO .......................... 47 3.3 O PROCESSO PRODUÇÃO ......................................................... 48 3.4 OS CONTROLES DA PRODUÇÃO ............................................... 52 4 ANÁLISE E SELEÇÃO DAS FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE PARA MELHORIA DA PRODUÇÃO ...................... 57 4.1 FLUXOGRAMAS ........................................................................... 57 4.2 CÉLULAS DE PRODUÇÃO ........................................................... 58 4.3 QUALIDADE NA ORIGEM ............................................................. 59 4.4 KANBAN ........................................................................................ 60 4.5 DIAGRAMA DE DEPENDÊNCIA ................................................... 62 4.6 DIAGRAMA DE PROGRAMA DE DECISÃO ................................. 63 5 METODOLOGIA PARA USO DAS FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE ............................................................ 65 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .......................................... 68 7 REFERÊNCIAS ................................................................................ 70 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Com o processo de globalização da economia, a concorrência deixou de ser local e/ou regional e passou a ser global, ou seja, um produto/serviço tem concorrentes em vários lugares do mundo. Com o aumento da competitividade, as empresas têm que utilizar métodos e/ou ferramentas que possam ser implementados por todos em direção a sobrevivência da empresa. Esses métodos devem ser aprendidos e praticados por todos na busca do aperfeiçoamento contínuo. A qualidade deixou de ser um diferencial e tornou-se pré-requisito nos mais diversos setores da economia (indústria, serviços, agricultura). A busca pela qualidade envolve todos os processos organizacionais e exige comprometimento total. O seu conceito evolui do controle localizado para a ação de garantia de qualidade quando se passa a entender que é fundamental ter qualidade desde a fase de implementação do projeto de um produto, passando pela qualidade dos fornecedores, matéria-prima, das equipes e dos diversos fluxos da organização: dinheiro, informações e produção. Incorporando principalmente a idéia da qualidade se ele não atende ao mercado. A abertura de mercado e a queda de barreiras comerciais afetam diretamente a agricultura. Os consumidores têm a disposição maior opção de produtos originários de diferentes regiões e se tornam cada dia mais bem informados, exigindo ao mesmo tempo, preço e qualidade. Decorrente das transformações sócio-econômicas que vêm ocorrendo, é imprescindível implantar novas formas de gerenciamento em todos os âmbitos de uma empresa, não excluindo as do setor agrícola. O sucesso da implantação da Qualidade Total na indústria, serviços e outros é amplamente conhecido, porém o uso dessa ferramenta na área da agricultura ainda é pouco usada. O Brasil é uma grande potência mundial nesse segmento, mas tem que buscar cada vez mais 12 desenvolver um espírito de envolvimento com a qualidade total nos produtores rurais dos mais diversos segmentos agrícolas, pois assim os produtos brasileiros terão uma aceitabilidade maior do mercado externo. De modo geral, todas as empresas, vinculadas aos mais diversos setores da economia, têm sido pressionadas a adotar posturas de mercado cada vez mais voltadas ao atendimento dos desejos do consumidor, sendo que a satisfação destas necessidades extrapolam, nos dias de hoje, o simples fornecimento de um produto/serviço. Com isso pode-se dizer que a sociedade preocupa-se, de forma crescente, não apenas com a mercadoria que lhe é oferecida, em termos de apresentação, qualidade do conteúdo e garantia de assistência ao comprador, mas também com seu processo de produção, perfil da empresa que a produz e efeitos sobre o meio ambiente. 1.2 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA A agricultura de um modo geral tem grande influência na economia do município de Pinheiros. Dessa forma, ao tentar melhorar os processos produtivos do mamão os resultados alcançados serão melhores do que os apresentado atualmente. Com isso pretende-se que, futuramente, a fruticultura local apresente uma maior competitividade em relação ao mercado nacional e internacional, pois cada vez mais os consumidores tem exigido produtos com qualidade. Um bom produto não depende somente da sua condução durante a produção, sendo assim para que ele chegue às mãos do consumidor com elevada qualidade, os tratamentos e as técnicas de colheita, embalagem e transportes são essenciais. A fruticultura desenvolvida de forma moderna é a grande alternativa atual de investimento econômico, contribuindo para a geração de renda do segmento agrícola, ampliando a competitividade das agroindústrias de alimentos, possibilitando a criação de novos empregos no setor rural e permitindo a geração de divisas do enfrentamento da competição internacional. 13 Apesar da importância comprovada e dos avanços conseguidos, as frutas brasileiras ainda apresentam elevadas perdas e baixa qualidade, em decorrência da falta de um gerenciamento do agronegócio, em todos os processos produtivos, com grandes prejuízos para os produtores e preços elevados para os consumidores. O desafio é produzir mais e melhor com menos custos, oferecendo, aos clientes e consumidores, produtos de qualidade a preços competitivos. 1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA As ferramentas da qualidade têm a finalidade de servirem como instrumentos para a coleta, disposição e o processamento das informações que serão usadas na manutenção e na melhoria dos resultados dos processos de uma empresa. Neste sentido, a presente pesquisa procura abordar as diversas ferramentas de controle da qualidade e as disponibilizará para os produtores de mamão do município de Pinheiros, com o intuito de trazer uma melhoria contínua na produção e comercialização do produto. 1.4 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Este trabalho aborda o seguinte problema de pesquisa: “QUAIS AS FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE PODEM SER APLICÁVEIS NA CULTURA DO MAMÃO, NO MUNICÍPIO DE PINHEIROS?”. 1.5 OBJETIVOS Objetivo geral Indicar para os produtores de mamão, ferramentas de controle da qualidade que trarão melhoria contínua na produção e comercialização dos seus produtos. 14 Objetivos específicos Identificar as principais ferramentas de controle da qualidade existentes, e que são compatíveis com a área em estudo. Selecionar as ferramentas de controle da qualidade aplicáveis na área em estudo; Propor uma metodologia a ser aplicada junto aos produtores. 1.6 HIPÓTESES (OU SUPOSIÇÕES) DE ESTUDO De acordo com PRETI (2001, p.33) “hipótese é a tentativa de dar antecipadamente uma resposta, uma solução ao problema levantado”. E ainda segundo MARCONI e LAKATOS (1996, p.26), [...] é uma proposição que se faz na tentativa de verificar a validade de resposta existente para um problema. É uma suposição que antecede a constatação dos fatos e tem como característica uma formulação provisória; deve ser testada para determinar sua validade. Correta ou errada, de acordo ou contrária ao senso-comum, a hipótese sempre conduz a uma verificação empírica. Com o propósito de explicar certos fatos e ao mesmo tempo orientar a busca de outras informações relacionadas a ferramentas de controle da qualidade aplicáveis na cultura do mamão, a presente pesquisa trabalhará com as seguintes hipóteses: Se o produtor utilizar ferramentas de controle da qualidade eficientes, que retorno positivo ele terá? – O seu produto terá uma melhor aceitação no mercado, pois estará de acordo com as expectativas dos consumidores. Ao utilizar ferramentas que possibilitarão uma melhoria contínua no seu processo produtivo, quais serão as chances do produtor ter seu produto comercializado no mercado internacional? – A probabilidade aumentará substancialmente, pelo simples fato de que o mercado externo exige não só produtos com qualidade, bem como o seu processo utilizado na produção destes produtos, o perfil da empresa que os produz e os efeitos desses sobre o meio ambiente. 15 1.7 METODOLOGIA DE PESQUISA Esta é uma pesquisa bibliográfica, que de acordo com Manzo (apud MARCONI e LAKATOS 1996, p.66) “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente”. E ainda segundo Vergara (2000, p.48), [...] é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma. O material publicado pode ser fonte primária ou secundária. Sendo assim, a pesquisa bibliográfica é o método mais indicado para a presente pesquisa, pois não é mera reprodução do que já foi escrito sobre determinado assunto, mas favorece uma análise de um tema sob um novo foco ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. Esta pesquisa terá uma abordagem qualitativa realizada através de consulta a livros, artigos (revista e internet), e será baseada também em relatório de estágio supervisionado de fonte primária, o que nos oferece a possibilidade de procurar responder quais as ferramentas de controle da qualidade podem ser aplicáveis na cultura do mamão no município de Pinheiros-ES. 1.8 APRESENTAÇÃO DOS CONTEÚDOS O presente trabalho encontra-se dividido em sete partes, a saber, sendo que a primeira parte aborda o problema, a justificativa do tema, os objetivos e a metodologia. Na segunda parte está o referencial teórico, onde abordou-se conceitos e definições da administração da qualidade, bem como a sua evolução até chegar-se ao TQC. Nesta etapa também foram apresentadas as ferramentas de controle da qualidade existentes. 16 Na terceira etapa mostra-se o sistema de produção de mamão do município de Pinheiros, abordando também a caracterização do município e das áreas de cultivo, o processo e controles de produção utilizados. Já na quarta parte faz-se a análise das ferramentas de controle da qualidade que podem ser aplicadas no processo, proporcionando assim uma melhoria na produção. A quinta fase apresenta uma metodologia a ser seguida com o intuito de conscientizar e auxiliar os produtores a utilizarem as ferramentas analisadas em sua produção. Já na penúltima parte encontra-se a conclusão e recomendações, sendo que na sétima estão as referências que foram utilizadas para a elaboração desta pesquisa, ou seja, o que realmente deu base para a realização deste estudo. 17 2 ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE 2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES O termo qualidade é, atualmente, um dos temas mais debatidos e difundidos junto à sociedade, aparecendo ao lado de outros como produtividade, globalização, competitividade, integração, qualidade de vida, ecologia, dentre outros. Entretanto, embora bastante comentado, existe pouca compreensão do que seja, efetivamente, qualidade. No primeiro momento, qualidade nos parece algo fácil de explicar: pode ser um produto com qualidade, um funcionário com qualidade. No entanto, apresenta um significado distinto e peculiar para cada indivíduo. A palavra qualidade é tanto aplicada como atributo de produtos que satisfazem a quem se destinam (clientes); quanto é definida como um modo de organização de empresas que objetivam produzir produtos com o atributo qualidade. O conceito de qualidade é importante e surge de maneira bastante forte em 1970, com o renascimento da indústria japonesa que, seguindo os preceitos do consultor americano W. E. Deming faz da qualidade uma arma para vantagem competitiva. (MARTINS E LAUGENI, 2001, p.388). Essa palavra tem vários significados. Para Crosby (1992), “qualidade é a conformidade com as especificações”, quando você procura fazer certo da primeira vez, deve ficar claro para todos. A qualidade se encontra na prevenção que, por sua vez, se origina do treinamento, disciplina, exemplo, liderança e persistência. O padrão do desempenho da qualidade é o defeito zero, ou seja, erros não são tolerados. A medida da qualidade é o preço da não-conformidade. Deming (1990) relata que qualidade “não é um luxo, mas sim, aquilo que o cliente deseja sempre, quer e de que necessita”. Como os desejos dos clientes estão 18 sempre mudando, a solução para conceituar qualidade é definir constantemente as especificações. Para Feigenbaum (1994), a qualidade “é um modo de vida corporativo, uma maneira de gerenciar que requer a participação de todos, pois o controle de qualidade total produz impacto por toda empresa”. A qualidade total deve ser guiada para excelência e não pelos defeitos. Já para Juran (1991, p.16), “a função da qualidade é o conjunto das atividades através das quais atingimos a adequação ao uso, não importando em que parte da Organização essas atividades são executadas”. Um dos significados de qualidade é o desempenho do produto cujas características proporcionam a satisfação dos clientes que irão comprá-lo. Seria, por outro lado, a ausência de deficiências, pois estas geram insatisfação e reclamações. Qualidade é um esforço amplamente compensador por muitas razões: reduz custos, porque racionaliza processos; diminui os desperdícios; elimina o retrabalho e acaba com a burocracia e os controles desnecessários; dá o direcionamento certo, pois o compromisso com a qualidade estreita os laços da empresa com sua clientela em permanente e sistemática troca de informações, o que conduz a aperfeiçoamentos e inovações de sucesso garantido; a sua prática amplia a percepção do empresário para novos negócios, novas oportunidades e qualifica a empresa para novos mercados. Esses são resultados do permanente enfoque no cliente e em todas as suas necessidades e aspirações. A ampliação da lucratividade da empresa traz retorno compensador sem que isso signifique necessariamente preços mais elevados e maiores encargos para a sociedade. O que é muito bom para coletividade e ótimo para o empresário de visão. O quadro 1 mostra as principais idéias e contribuições de alguns estudiosos da administração da qualidade 19 AUTORES SHEWHART, DODGE E ROMIG FEIGENBAUM DEMING JURAN ISHIKAWA PRINCIPAIS IDÉIAS E CONTRIBUIÇÕES - Cartas de controle - Controle estatístico da qualidade e controle estatístico do processo - Técnicas de amostragem - Ciclo PDCA - Departamento - Sistema da qualidade - Qualidade Total - 14 pontos - Ênfase no fazer certo da primeira vez - Qualidade desde os fornecedores até o cliente final - Trilogia da qualidade (planejamento, controle, aprimoramento) - Qualidade Total - Círculos da Qualidade QUADRO 1 – PRINCIPAIS INTÉRPRETES DA ESCOLA DA QUALIDADE Fonte: Maximiano (2000, p.185) Um ponto comum entre as várias definições de qualidade é a adequação ao uso do produto do ponto de vista do cliente, sendo cinco as dimensões da Qualidade Total: qualidade intrínseca, custo, entrega, moral e segurança. As pessoas atingidas por tais dimensões, conhecidas também como stakeholders, são: clientes, acionistas, funcionários e a sociedade (YUKI, 1998). 2.2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DA QUALIDADE A evolução do conceito de qualidade sempre acompanha o ritmo das mudanças. De início, foi utilizado o termo Controle de Qualidade que se valia de técnicas de controle estatístico visando à redução da quantidade de produtos defeituosos. Após a Segunda Guerra Mundial, utilizou-se o controle de processos, que englobava toda a produção, do projeto ao acabamento, focando a segurança e o alcance do erro zero. Esse conceito de Controle do Processo evoluiu para Garantia da Qualidade, com a sistematização através de normas escritas, dos padrões e requisitos, em cada etapa do processo produtivo, de forma a garantir boa e uniforme qualidade. A sociedade tem passado, ao longo dos anos, por grandes transformações, que exigiram a substituição de antigos padrões por novos. Podemos citar como exemplos disso a Revolução Francesa, que marcou a transição do feudalismo para o capitalismo; a queda do muro de Berlim; a abertura da URSS para a economia mundial; e intensa e gradativamente as inovações tecnológicas. Da mesma forma 20 que as mudanças ocorrem na sociedade, pode-se observar também, transformações nas empresas, ressaltando que estas são compostas por pessoas. Entretanto, a prática sistemática da busca da qualidade de produtos e processos surge somente a partir do início do século XX, com os trabalhos de Taylor e pela aplicação de seus preceitos por Henry Ford. De início a qualidade era significado de inspeção. Com a produção em massa de diferentes componentes de um produto e de sua montagem em linha, a inspeção formal tornou-se necessária, em suma, da necessidade de fabricar peças padronizadas e intercambiáveis (TERBOUL, 1991). Nesse sentido, o objetivo da Administração Científica de Taylor pode ser expressa como um esforço no sentido de aperfeiçoar a qualidade de produtos, em que se prescrevem a padronização, a divisão do trabalho e a especialização como meio de obtenção de obediência, eficiência, eficácia e alta qualidade na produção em massa. Taylor foi o responsável por tornar legítimo a atividade de inspeção, lembrando que, em sua visão, “o trabalho precisa ser feito com rapidez e qualidade, e o inspetor deveria ser o responsável por esse processo” (RODRIGUES E AMORIM, 1995, p.263). Na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos criaram um departamento com a missão de ajudar a indústria bélica obter qualidade desejada. Para isso, utilizaram treinamentos no uso de ferramentas da estatística, gráficos de controle e tabelas de amostragem, baseados na teoria da probabilidade. Até este momento, o controle da qualidade se dava ainda, quase que exclusivamente através da inspeção final, ou seja, no produto acabado. “Com a utilização do controle da qualidade [...] os Estados Unidos conseguiram produzir suprimentos militares mais baratos e em grande quantidade” (ISHIKAWA, 1997, p.13). No final da década de 40, o controle da qualidade já era visto como parte essencial do processo de produção, e a inclusão de instrumentos, aparelhos de medição e métodos cada substantivamente vez suas mais sofisticados responsabilidades. fizeram “Seus com que métodos aumentassem eram, porém, 21 basicamente estatísticos e seu impacto confinou-se em grande parte à fábrica” (GARVIN, 1992, p.13). Com o fim da guerra, o foco das indústrias americanas voltou-se para quantidade em detrimento da qualidade dos produtos. E anos mais tarde, por volta de 1950, as técnicas de gerência e produção desenvolvidas e utilizadas no período da guerra estavam esquecidas. No mesmo período, pós-guerra, o Japão se encontrava numa situação bastante diferente da dos Estados Unidos. Por ser um país pequeno, com uma densidade demográfica alta e estar destruído pela guerra começou a enfrentar uma grande crise econômica e social. Com o intuito de reorganizar a economia japonesa, o governo começou a enviar grupos para o exterior em busca de técnicas e métodos com o objetivo de alcançar a qualidade e a produtividade para o setor industrial. Descobriram então a literatura estrangeira sobre a qualidade, e convidaram dois especialistas americanos, Deming e Duran, discípulos de Shewhart (MAXIMIANO, 2000), para transmitirem seus conhecimentos na área. A partir da implantação das idéias e conceitos, surgem resultados positivos. Com o redirecionamento da indústria japonesa, Deming (1986) torna-se um dos mais conhecidos estudiosos da qualidade total, suas prescrições são filosóficas, mais voltadas para o lado humanístico, nas quais advoga uma maior participação do trabalhador no processo decisório da organização. Já na década de 60, ocorreu uma mudança de atitude importante, no que se refere a garantia da qualidade, a partir da tomada de consciência de custos altos no departamento de controle da qualidade, Feigenbaum (1994) busca uma resposta para tal problema ao abordar a qualidade como uma estratégia que requer a percepção de todos na empresa, pois, para o autor, a qualidade é um trabalho que deve ser executado por todos os membros. 22 2.3 O CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL - TQC O Controle da Qualidade Total – TQC (“Total Quality Control”) é um sistema gerencial que se baseia na “participação de todas as áreas e de todos os funcionários de uma organização, no estudo e na condução do Controle da Qualidade”. Seu núcleo é, portanto, o Controle da Qualidade, o qual é definido, segundo a norma japonesa JIS Z 8101, como “sistema de técnicas que permitem a produção econômica de bens e serviços que satisfaçam às necessidades do consumidor” (WERKEMA, 1995). O modelo de Controle de Qualidade Total faz com que as empresas mudem de forma bastante significativa e profunda. A sua implantação envolve a totalidade das pessoas da empresa, podendo levar de dois a três anos, numa empresa de médio porte, somente para capacitação das mudanças e organização de todo processo. De acordo com Campos (1992, p.15): [...] numa era de economia global não é mais possível garantir a sobrevivência da empresa apenas exigindo que as pessoas façam o melhor que puderem ou cobrando apenas resultados. Hoje são necessários métodos que possam ser utilizados por todos em direção aos objetivos de sobrevivência da empresa; estes métodos devem ser aprendidos e praticados por todos. Este é o princípio da abordagem gerencial do TQC. Segundo a definição de Ishikawa (apud WERKEMA, 1995, p.09), “praticar um bom controle da qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto de qualidade que seja mais econômico, mais útil e sempre satisfatório par o consumidor”. Vale ressaltar que para alcançar esse objetivo, faz-se necessário que todos dentro da organização busquem trilhar pelo mesmo caminho. Segundo Campos (1992, p. 41), [...] o controle da qualidade total é um novo modelo gerencial centrado no controle do processo, tendo como meta à satisfação das necessidades das pessoas. O objetivo mais importante deste “controle” é garantir a qualidade do “seu produto” (seja ele qual for) para o seu cliente externo ou interno. 23 Continuando, este autor afirma que o controle de qualidade pode ser abordado mediante objetivos: a) Planejar a qualidade desejada pelos clientes; saber de suas necessidades, traduzir estas necessidades em características mensuráveis, de tal forma que seja possível gerenciar o processo de atingi-las; b) Manter a qualidade desejada pelo cliente, cumprindo padrões e atuando na causa dos desvios; c) Melhorar a qualidade desejada pelo cliente; nesse caso é preciso localizar os ‘resultados indesejáveis’ (problemas) e utilizar o ‘método de solução de problemas para melhora-los’. Na busca de eliminar as causas fundamentais dos problemas e garantir a qualidade do seu produto (seja ele qual for). É necessário fazer o controle de qualidade, atividade em que se verifica se o produto atende às especificações estabelecidas. Os parâmetros utilizados para especificação são avaliados e medidos, e verificado se estão dentro dos valores admitidos como aceitáveis. Essas atividades são elaboradas buscando dar aviso antecipado de tendências negativas no processo que possibilitem a tomada de uma ação corretiva antes que um produto defeituoso seja fabricado. O controle de Qualidade Total ou excelência empresarial é a existência de pessoas qualificadas para produzir qualidade, capacitadas e treinadas para realizar suas atividades da melhor forma possível, Campos (1992) diz que o objetivo principal de uma empresa pode ser atingido pela prática do Controle da Qualidade Total, por ter as seguintes características básicas: Orientação pelo cliente; Qualidade em primeiro lugar; Ação orientada por prioridades; Controle de processos; Respeito pelo empregado como ser humano; Comprometimento da alta direção. 24 A sociedade atual preocupa-se, de forma crescente, não apenas com a mercadoria que lhe é oferecida, em termos de apresentação, qualidade do conteúdo e garantia de assistência ao comprador, mas também com seu processo de produção, perfil da empresa que a produz e efeitos sobre o meio ambiente. Hoje, existe uma crescente busca e valorização para alimentos que proporcionem melhorias na qualidade de vida e bem estar das pessoas, priorizando a saúde humana e respeitando o meio ambiente. Garantir que um produto/serviço esteja conforme as especificações é uma tarefa chave de produção. A mudança nos conceitos de produção exige um trabalho multidisciplinar e o envolvimento de toda a cadeia produtiva para permitir que se coloque a disposição da sociedade frutas saudáveis e, que haja garantias de sustentabilidade do setor. 2.4 AS FERRAMENTAS DA QUALIDADE TOTAL A implantação da qualidade total, em qualquer segmento, só é possível através do desenvolvimento de métodos e técnicas que mostrem a grande contribuição que a qualidade traz a organização. O primeiro conjunto de técnicas da Qualidade Total envolve as “ferramentas”, que segundo Paladini (1997, p.66): [...] são dispositivos, procedimentos gráficos, numéricos ou analíticos, formulações práticas, esquemas de funcionamento, mecanismos de operação, enfim métodos estruturados para viabilizar a implantação da Qualidade Total. Normalmente, cada ferramenta refere-se uma área específica do projeto ou do funcionamento do sistema de qualidade ou, ainda, da avaliação de seu desempenho. As ferramentas dispõem de ênfase específica, que pode referir-se a uma análise prática do processo produtivo para, por exemplo, determinar previsões acerca de seu desenvolvimento; ou a análise da ação de concorrentes em uma mesma faixa de mercado ou, ainda, a como melhor atender um grupo de consumidores. Prosseguindo, esse autor afirma que existem muitas ferramentas em uso para a implantação da Qualidade Total, só que as mais conhecidas podem ser agrupadas em três classes: 25 Ferramentas tradicionais; As derivadas de novas estruturas dos sistemas produtivos; e As “novas ferramentas da qualidade”. Como o próprio conceito de qualidade, as técnicas e/ou ferramentas tiveram grande evolução nos últimos anos. Partiram de modelos estatísticos elementares, para matrizes que, parecem complexas pela grande abrangência e diversidade de informações requeridas para funcionarem, são de simples compreensão, fácil manuseio e produzem resultados gratificantes. 2.5 FERRAMENTAS TRADICIONAIS DA QUALIDADE TOTAL São consideradas ferramentas tradicionais aquelas que foram desenvolvidas há mais tempo, ou aquelas trazidas de outras ciências ou áreas de conhecimento (PALADINI, 1997). Nota-se nestas ferramentas a forte ênfase para o Controle da Qualidade, com ações voltadas para a avaliação da qualidade em processos e produtos. As sete ferramentas tradicionais da qualidade total mais utilizadas são: Diagrama de causa-efeito; Histogramas; Gráficos de controle; Folhas de checagem Gráficos de pareto; Fluxogramas; Diagramas de dispersão. 2.5.1 Diagrama causa-efeito É conhecido também como gráfico de Ishikawa (que o criou, em 1943) ou como gráfico de espinha de peixe, por ter uma forma similar a uma espinha de peixe. O 26 eixo principal mostra um fluxo de informações e as espinhas, que ligam ao fluxo, representam as contribuições secundárias ao processo que está analisando. Ele permite identificar as causas que contribuíram para determinados efeitos. Segundo Werkema (1995, p. 01), [...] o diagrama de Causa e Efeito é uma ferramenta utilizada para apresentar a relação existente entre um resultado de um processo (efeito) e os fatores (causas) do processo que por razões técnicas, possam afetar o resultado considerado. De acordo com Paladini (1997, p.68), “a construção do diagrama Causa-efeito começa com a identificação do efeito que se pretende considerar, colocando-o no lado direito do diagrama”. A figura 1 apresenta um modelo de um diagrama de causa e efeito, relacionando as etapas que devem ser seguidas durante a construção do mesmo. Figura 1 - Estrutura do diagrama de causa e efeito Fonte: Werkema, 1995 Conforme Paladini (1997, p.68), para sugerir e listar causas, faz-se necessário formar uma equipe, observando os seguintes critérios: 27 [...] 1 – Todas as causas possíveis, prováveis e até remotas, que passarem na cabeça dos integrantes do grupo, são mencionadas e anotadas. 2 – A prioridade é o número de idéias que conduzam a causas, e não se impõe que nenhum participante identifique apenas causas plenamente viáveis ou com altíssima probabilidade de conduzir o efeito. 3 – São aceitas idéias decorrentes de idéias já citadas. 4 – Não há restrição às ações dos participantes. Causas propostas não são criticadas, alteradas, eliminadas ou proibidas. 5 – O objetivo não é apenas formular o efeito (problema), mas eliminar causas que o geram. Deseja-se, assim, identificar soluções para problemas e não apenas identificá-los (para isto a equipe se reuniu). Depois de ter o problema definido e pronto a lista de idéia de como solucioná-lo, as causas primordiais são separadas daquelas de segundo plano, isso pode ser feito através da utilização da análise dos “por que, o que, onde, quando, quem e como” (PALADINI, 1997). Para que seja construído um diagrama completo, faz-se necessário buscar a participação do maior número possível de pessoas envolvidas com o processo e que as causas relevantes não seja omitidas. Para levantar quais as causas do problema, é interessante que a técnica chamada de brainstorming seja utilizada durante a reunião. De acordo com Werkema (1995, p.102) brainstorming “tem o objetivo de auxiliar um grupo de pessoas a produzir o máximo possível de idéias em um curto período de tempo”. Essa técnica é também conhecida como “tempestade de idéias”. Primeiro procura-se definir a característica da qualidade ou o problema a ser analisado, escrevendo dentro de um retângulo que deve ser localizado do lado direito da folha de papel, em seguida trace a espinha dorsal, que deve ser direcionada da esquerda para direita até o retângulo. Depois desse processo deve-se relacionar dentro de retângulos, como espinhas médias, as causas primárias que estão afetando diretamente a característica da qualidade ou o problema; as terciárias que afetam as secundárias devem ser relacionadas como espinhas pequenas. Antes de registrar outras informações que devem constar no diagrama, tais como: título, data da construção do diagrama e o nome dos responsáveis, é interessante identificar as causas que parecem desempenhar um efeito maior sobre a característica da qualidade. 28 2.5.2 Histogramas Segundo Paladini (1997), os histogramas são instrumentos muito conhecidos na Estatística Clássica. Eles descrevem as freqüências com que variam os processos e a forma que assume a distribuição dos dados da população como um todo. Em Werkema (1995, p.119), encontra-se que: [...] o histograma é um gráfico de barras no qual o eixo horizontal, subdividido em vários pequenos intervalos, apresenta os valores assumidos por uma variável de interesse. Para cada um destes intervalos é construída uma barra vertical, cuja área deve ser proporcional ao número de observações na amostra cujos valores pertencem ao intervalo correspondente. Na figura 2 podemos observar a ilustração do conceito de distribuição e sua relação com a estabilidade do processo. Figura 2 - Conceito de distribuição e sua relação com a estabilidade do processo. (Adaptado de Berger, R.W & Hart, T. (1986) ). Fonte: Werkema, 1995. 29 O histograma tem como objetivo conhecer algumas características da distribuição associada a alguma população de interesse. Portanto, quanto maior for o tamanho da amostra, maior será a quantidade de informação obtida com essa distribuição. É importante ressaltar que a distribuição tem como objetivo demonstrar o padrão da variação de todos os resultados que podem ser produzidos por um processo sob controle, representando, portanto o padrão de variação de uma população. Sendo assim, pode-se dizer que os conceitos de população e distribuição, em estatística, são interligados (WERKEMA,1995). A figura 3 mostra um exemplo de histograma, ele pode ser feito a partir de um conjunto de dados representativos de fenômenos ou da população. 10 08 06 04 02 - 90 92 94 96 98 100 102 104 Medidas Figura 3 - Histograma (medidas do diâmetro de 22 eixos em cm) Fonte: Paladini, 1997. Para construir um histograma é bastante simples, pois basta marcar, na reta horizontal as medidas; na reta vertical, são escritas as freqüências de ocorrências dos intervalos ou das medidas. A construção da curva de dados irá aparecer em cima dos retângulos erguidos, a partir dos intervalos de medidas (PALADINI, 1997). 30 2.5.3 Gráficos de controle Os gráficos de controle foram desenvolvidos por Shewhart, na década de 20, são modelos que buscam especificar as limitações superiores e inferiores dentro dos quais medidas estatísticas associadas a uma dada população são localizadas (PALADINI, 1997). Em uma linha central coloca-se a tendência da população; já as curvas irão determinar a evolução histórica de seu comportamento e a tendência futura. Segundo Werkema (1997, p.198), “os gráficos (cartas) de controle são ferramentas para o monitoramento da variabilidade e para a avaliação da estabilidade de um processo”. 2.5.4 Folhas de checagem São dispositivos utilizados para registrar os dados. Elas são estruturadas de acordo com as exigências de cada usuário, e por isso, mostra extrema elasticidade de preparação, utilização e interpretação, no entanto, não devem ser confundidas com checklists, que são listagens de itens a serem verificados (PALADINI, 1997). Em Paladini (1997, p.70) encontramos que: [...] são representações gráficas de situações que requerem grande organização de dados. Da maneira como é feita, a folha exige atenção à coleta de dados, segurança e precisão nas contagens feitas. Apesar deste cuidado, é fácil construí-la e interpreta-la. O modelo visual que a folha determina permite rápida percepção da realidade que ela espelha e imediata interpretação da situação. Vale ressaltar que não existe um modelo geral e único para as folhas de checagem, elas resultam de cada aplicação feita. Nas figuras 4 e 5 pode-se observar dois exemplos típicos de folhas de checagem. 31 FOLHA DE CHECAGEM – OPERAÇÕES DE INSPEÇÃO Data: 10/03 Identificação: Jane Produto: MOTOR AH2 Período: 12:00-24:00 Área: MONTAGEM 10 Horas OPERAÇÕES CHECAGEM 1. Eixos ///// 2. Hélices ////// 3. Vibrador /// 4. Suporte /////// TOTAL TOTAL 5 6 3 7 21 DEFEITOS 0 2 1 0 3 OBSERVAÇÃO Figura 4 - Modelo de folha de checagem - operações de inspeção Fonte: Paladini, 1997. Sendo que na figura 4 observa-se que as atividades a serem executadas em um período de 12 horas. A figura 4 estão relacionados os defeitos que são observados a cada checagem de um equipamento. FOLHA DE CHECAGEM – DEFEITOS DO EIXO Data: 10/03 Identificação: Produto: MOTOR AH2 Período: 12:00-24:00 Alberto Área: MONTAGEM 10 Horas DEFEITOS 1. Flexão 2. Riscos 3. Furos 4. Manchas TOTAL CHECAGEM ///// /// //// // DEFEITOS OBSERVADOS 0-1-0-0-1 1-0-0 0-0-0-1 0-2 TOTAL 2 1 1 2 6 Figura 5 - Modelo de folha de checagem - defeitos do eixo Fonte: Paladini, 1997. A função destas folhas de checagem é registrar todos os mecanismos utilizados na realização de uma determinada tarefa ou atividade. Permitindo assim, depois de concluída, uma melhor visualização do que realmente acontece e uma correta interpretação de toda situação. 2.5.5 Gráfico de pareto Segundo Werkema (1995, p.75), “o gráfico de Pareto é um gráfico de barras verticais 32 que dispõe a informação de fora a tornar evidente e visual a priorização de temas”. Lembrando que as informações igualmente organizadas também tornam possível a colocação de metas numéricas viáveis de serem alcançadas. “O modelo econômico de Pareto foi revelado para a área da Qualidade sob a forma ‘alguns elementos são vitais; muitos, apenas triviais’, por Juran” segundo Paladini (1997, p.71). O digrama de Pareto sugere que deve-se prestar bastante atenção nos elementos críticos. E para isso deve ser utilizado um modelo gráfico que os organiza em ordem decrescente de importância, sempre a partir da esquerda. Os princípios sob estudo são estabelecidos a uma escala de valor, formado de medidas em unidades financeiras, freqüências de ocorrência, percentuais, número de itens, etc. O diagrama de Pareto mostra categorias, classes e grupos e elementos (PALADINI, 1997). 2.5.6 Fluxogramas Os fluxogramas representam graficamente cada etapa pela qual passa um processo. Em Paladini (1997, p.72), encontramos que: [...] os fluxogramas são ferramentas recomendadas em qualquer atividade de programação computacional. Sua utilização na área da qualidade referese à determinação de um fluxo de operações bem definido. O fluxo permite visão global do processo por onde passa o produto e, ao mesmo tempo, ressalta operações críticas ou situações em que haja cruzamento de vários fluxos (que pode, por exemplo, constituir-se em ponto de congestionamento). Os fluxogramas tendem a empregar símbolos padrões que irão identificar cada operação básica ou secundária de um processo. Como se pode observar na figura 6. 33 Figura 6 - Exemplo de fluxograma Fonte: Paladini (1997, p. 73) Os Fluxogramas são ferramentas que têm como finalidade maior a grande facilidade visual. Com ele poderá ser identificados os pontos críticos do processo que precisam ser revisados. 2.5.7 Diagrama de dispersão De acordo com Werkema (1995, p.175) “o diagrama de dispersão é um gráfico utilizado para visualização do tipo de relacionamento existente entre duas variáveis”. A compreensão dos tipos de ligações existentes entre as variáveis associadas a um processo contribui para acrescentar a eficiência dos métodos de controle do processo, facilitando a identificação de possíveis problemas e para o planejamento das ações de melhoria a serem optadas. 34 Segundo Paladini (1997, p. 74), os diagramas de dispersão resultam de: [...] simplificações efetuadas em procedimentos estatísticos usuais e são usuais e são modelos que permitem rápido relacionamento entre causas e efeitos. O diagrama cruza informações de dois elementos para os quais se estuda a existência (ou não) de uma relação. Pode-se observar na figura 7 um exemplo de diagrama de dispersão, que mostra a relação direta (consumo de energia e a velocidade de operação do motor, quanto mais rápido mais gastos); e uma relação inversa (velocidade de operação do motor e a vida útil de uma ferramenta: maior desgaste, menor vida útil). Figura 7 - Diagrama de dispersão Fonte: Paladini, 1997. Para construir um diagrama de dispersão, é necessário apenas que os dados sejam coletados sob a forma de pares ordenados. Existe situação em que torna-se difícil a associação entre as variáveis a algum padrão (PALADINI, 1997). 2.6 FERRAMENTAS DERIVADAS DAS NOVAS ESTRUTURAS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Percebe-se que nos últimos anos, têm sido desenvolvidas e implantadas novas estruturas de Sistemas de Produção, o modelo Just in time, de origem japonesa é o mais conhecido. Essas estruturas requerem e tem a capacidade de possibilitar o 35 projeto e aplicação de ferramentas próprias. Existem aquelas que mudam, por sua igualdade de uso e objetivo, para o contexto da Qualidade Total (PALADINI, 1997). Estas ferramentas têm uma ênfase diferente das tradicionais. Pois de acordo com Paladini (1997, p. 76): [...] sua prioridade é organizar o processo produtivo; o objetivo, produzir qualidade em um esforço contínuo e bem estruturado. Observem-se as diferenças que marcam a evolução das ferramentas: de conhecer o processo para organiza-lo; de controlar a qualidade para produzi-la. As sete ferramentas de controle da Qualidade Total derivadas das novas estruturas dos sistemas de produção são: Perda zero; Células de produção; Kanban; Manutenção produtiva total (MPT) ou Total productive maintenance (TPM); Círculos da qualidade; JIDOKA (ou “automação”); Qualidade na origem 2.6.1 Perda zero Paladini (1997) diz que perda zero é “um método destinado a eliminar quaisquer perdas que possam ocorrer no processo produtivo”. Ele afirma também (1997, p. 100) que: [...] trata-se de um conjunto bem organizado de esforços que visam eliminar desperdícios. Num primeiro momento, a meta desta estratégia é eliminar erros, falhas, refugos, defeitos etc. A seguir, considera-se que tudo o que for essencial para a produção é perda e parte-se, então, para racionalização global do processo. A definição japonesa para o programa de Zero Defeito é diferente do modelo americano, que é direcionado quase que na totalidade para a abordagem 36 promocional da qualidade. O conceito do modelo zero defeito, no Japão, segue à risca a proposta formulada por Crosby (apud PALADINI, 1997, p.123): [...] (a) Zero Defeito é um padrão de desempenho. Isto significa uma referência básica; um objetivo a perseguir; um alvo a ser atingido. (b) A filosofia Zero Defeito envolve atitudes (e não idéias ou conceitos vagos). Isto pressupõe ações, comportamentos, resultados. (c) A atitude Zero Defeito tem dupla característica: 1. As pessoas devem aceitar a idéia de que o defeito é inaceitável não importa onde ou como ele ocorra. Não se admite, assim, que numa situação o defeito seja tolerável e noutra, não. 2. Não é verdade que as pessoas, sendo seres humanos, são sempre sujeitas a erros. As pessoas são seres vivos, que evoluem continuamente; devem, por isso, aspirar a perfeição, a absoluta ausência de falhas e imperfeições. (d) O movimento em direção ao Zero Defeito começa com a análise dos erros cometidos. A seguir, questiona-se por que eles foram cometidos e passa-se a acompanhar a evolução das causas de erros para garantir que elas não serão criadas. Com isso, os erros são evitados. (e) Em nenhuma hipótese deve-se aceitar que o objetivo proposto é aproximar-se de zero defeito. O objetivo é: zero defeito. Portanto, o padrão de desempenho a considerar não é cometer erros próximos de zero, mas não cometer erros. Sendo assim o programa Zero Defeito japonês, procurar focar-se na prevenção de defeitos. 2.6.2 Células de produção Segundo Paladini (1997, p. 76), as células de produção consiste em uma “organização do processo produtivo em que pequenas fábricas, de forma a transformar setores da empresa em clientes e fornecedores uns dos outros”. As células de produção referem-se a uma nova organização interna da fábrica, com conceitos claros dos diversos setores, suas utilidades e especificidades, e, sua relação com os demais setores da fábrica. Confome Paladini (1997, p.100) as células de produção conferiram: [...] grande flexibilidade ao processo (em oposição às técnicas convencionais de harmonização das linhas seqüenciais de produção); permitiram um fluxo contínuo de produção (em oposição aos esquemas tradicionais de ordens de produção e cargas de máquinas); estruturaram a movimentação racional de materiais (em oposição aos layouts que requeriam processos internos de transportes); passaram a empregar 37 máquinas menores e com ampla utilização (em oposição às máquinas de grande porte, voltadas para operações específicas); projetaram o layout centrado nos grupos (em oposição ao layout tradicional, de processo); criaram ações de complementaridade de atividades de setores (em oposição a independência de cada um). As células de produção geraram minifábricas, com novos conceitos para a relação cliente-consumidor. Resultam desta nova organização layouts compactados, com fluxo rápido de produção e intenso inter-relacionamento entre setores. Trata-se de uma nova organização do processo. 2.6.3 Kanban O kanban é um modelo característico do sistema just in time (JIT) e de acordo com Ladeira (1997, p.29) “é uma filosofia de produção que se consolidou no Japão na metade da década de 70, com o propósito de substituir os métodos ortodoxos da produção em massa e superar suas maiores contradições no plano de produção“, no entanto o Kanban sobrevive com luz própria, servindo para esclarecer a execução da filosofia, mostrando com clareza sua utilidade, viabilidade e aplicabilidade. Paladini (1997, p.76) define este sistema como sendo “uma técnica para programação e controle da produção, em geral associada à minimização de estoques (decorrência de seu uso)”. Essa técnica utiliza os chamados “cartões de autorização” para indicar com precisão a quantidade e a procedência das peças em produção, em movimentação ou sofrendo operações complementares na fábrica. Conforme Paladini (1997, p.101), o sistema Kanban pode ser entendido, em último caso como: [...] um conjunto de procedimentos organizados que apresentam características típicas de partes de um sistema, como é o caso de objetivos comuns a todas elas e das formas bem definidas de interação entre elas, como também uma clara definição dos elementos de entrada, saída e realimentação. Esse mesmo autor afirma também que estes procedimentos estão ligados à técnica kanban, em si, e sua estruturação deve-se a dois fatos comprovados na prática: 38 [...] (a) Não se pode aplicar a técnica dos cartões sem que haja uma profunda reorganização da empresa e, em particular, do processo produtivo. São necessárias definições muito claras em termos do que produzir, onde produzir e como produzir. Puxando-se a produção a partir da frente, isto é, das fases seguintes, cada operação deve precisar o que é necessário das operações anteriores para que ela, por sua vez, possa atender à operação seguinte. É necessário, assim, conhecer suas necessidades de desempenho (operação em si) e suas condições de atendimento (ao cliente interno subseqüente ou, se for o caso, ao próprio cliente externo). O sistema kanban é um pré-requisito da técnica de mesmo nome. (b) Iniciada a utilização da técnica, há a necessidade de acompanhamento das atividades desenvolvidas, avaliação contínua das operações e determinação de melhorias a serem implantadas. São evolutivas, próprias de estruturas que disponham de processos de realimentação – ou seja, de sistemas. Os princípios do just in time estão presentes no Kanban: eliminação de perdas; redução da movimentação de materiais; realização da atividade apenas quando ela for requerida; minimização de estoques; flexibilização da produção; racionalização de atividades em geral. Naturalmente, o Kanban busca uma filosofia de trabalho com qualidade – que também é uma meta do just in time. A figura 8 mostra alguns dos tipos de Kanban. Figura 8 - Tipos de kanban Fonte: Taveira (2003) Na figura acima constata-se que o sistema Kanban divide-se em ordem de produção e de requisição. Sendo que o primeiro desdobra-se em produção genérico e etiqueta kanban (para lotes de produção); o segundo divide-se em requisição entre processos e o de fornecedor. 39 2.6.4 Manutenção produtiva total (MPT) ou Total productive maintenance (TPM) Conforme Paladini (1997, p. 106), o programa de manutenção produtiva total foi desenvolvido através de um grupo de conceitos evolutivos. Ele diz que: [...] A manutenção produtiva total, conhecida pela sigla (TPM), mostra a evolução do conceito de manutenção no processo produtivo. Começa pela idéia de que manutenção corretiva não é manutenção, é conserto. Manutenção é o esforço feito para manter funcionários e não para voltar a fazer funcionários. Assim, a única manutenção que existe é a preventiva, que envolve, exatamente, garantir o pleno funcionamento do equipamento. A manutenção produtiva caminha na mesma direção, com uma diferença básica: nos modelos de manutenção tradicional, quem faz a manutenção é o setor competente; na manutenção produtiva, o equipamento passa a ser responsabilidade do operador. Isto significa que a empresa confia o equipamento a uma pessoa (e espera que ela zele por ele como se fosse seu). Por extensão, a manutenção produtiva total objetiva maximizar a eficiência do equipamento, garantindo sua plena utilização. O programa de Manutenção produtiva inclui, também, atividades de checklist feitas pelos próprios operadores da máquina e mecanismos de rápido atendimento quando necessários. Isso faz com que o círculo de decisões relativas aos equipamentos amplie-se. Existe um grande envolvimento dos operadores de máquinas e equipamentos nos processos manutenção. Em termos organizacionais, trata-se de um modelo que associa as máquinas aos operadores que as utilizam, fazendo com que eles sejam os responsáveis por elas. 2.6.5 Círculos da qualidade Os círculos de controle da qualidade é conhecido também como CCQ, e têm um grande espaço em programas de participação dos trabalhadores, e nos Estados Unidos são conhecidos como Quality of Work Life (QWL) que de acordo com. Laranjeira (apud CATTANI, 1999, p. 40) tem como objetivo “envolver os empregados no processo produtivo” buscando estimular formas de organização do trabalho e de tomada de decisões que venham a aumentar a satisfação e o saber de cada colaborador. Segundo Paladini (1997,p. 76) os círculos da qualidade é a 40 “organização de mão-de-obra em pequenos grupos, equipes ou times, tornando-os participantes da produção da qualidade”. Laranjeira (apud CATTANI, 1999, p. 40) afirma também que os círculos de controle da qualidade funcionam “como instrumentos para solução de problemas de produção, tais como qualidade e produtividade”. Porém, é interessante que os objetivos desse programa esteja sempre em sintonia com os interesses da empresa. O mesmo autor enfatiza ainda que esse programa “enfatiza a importância do grupo”, o que faz surgir grande preocupação com treinamentos em técnicas que possibilitem um maior desenvolvimento das habilidades de comunicação e de solução de problemas. 2.6.6 Jidoka (ou “automação”) Segundo Ladeira (1997, p.30), o termo japonês Jidoka significa “automação, ou seja, o controle autônomo de defeitos ou de irregularidades nos processos de produção, por intermédio admissão de diversos mecanismos e dispositivos de controle nas ferramentas e instrumentos”. Segundo Paladini (1997, p.76) Jidoka é uma “técnica destinada a permitir que os operários se autogerenciem, controlando seu próprio trabalho”. E afirma ainda que é um processo que tem como objetivo “evitar anormalidades, eliminando as causas que viabilizam sua ocorrência”. E isso permite “a ação do homem na automação com baixos custos”. No entanto, apesar de a automação requerer um certo nível de automatização, não está em absoluto restrita a ele. Na realidade, paralelamente a esse tipo de controle no nível dos processos da máquina. 41 2.6.7 Qualidade na origem De acordo com Paladini (1997, p. 76) a qualidade na origem é um “mecanismo que visa motivar a produção da qualidade logo no primeiro esforço de produção de produção, durante a execução do processo”. Diz respeito a uma ferramenta que deu origem à filosofia de “produção da qualidade”, substituindo o “simples controle ou avaliação”. 2.7 AS NOVAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE Nos anos 70 começou a se desenvolver as chamadas novas ferramentas da qualidade, no Japão. O mais provável é que tenha acontecido quando a Sociedade para o Desenvolvimento da Qualidade Total (STQD), tentou organizar as técnicas, estratégias e metodologias que as empresas no Japão, Estados Unidos e Europa estavam desenvolvendo. O princípio básico para que a técnica fosse aceita como ferramenta para a qualidade era sua efetiva implantação e que produzisse resultados bem conhecidos (PALADINI, 1997). De acordo com Paladini (1997, p. 76), existe nas novas ferramentas da qualidade, “duas estruturas básicas: matrizes (organização planar de informações, com representações precisas e bem definidas) e diagramas (um modelo de fluxo de informações similar aquele utilizado nas ferramentas tradicionais).” As chamadas de “novas ferramentas da qualidade” são também sete: Diagrama-matriz; Matriz de análise de dados; Diagrama seta; Diagrama de dependência; Diagrama árvore; Diagrama de similaridade; e Diagrama de programação da decisão. 42 As novas ferramentas da qualidade, estão voltadas para otimização do processo, ou seja, para o desenvolvimento de estratégias que analisam a situação e determinam as formas mais adequadas possível para envolver seus elementos na busca de um dado objetivo. De acordo com Paladini (1997, p. 77): [...] há uma preocupação constante, entretanto, no desenvolvimento e aplicação de cada ferramenta: busca-se otimizar, também, a maneira como se analisa o processo, como se definem soluções para problemas observadas, como se aplicam tais soluções e se avaliam resultados, isto é, prioriza-se a qualidade na própria ferramenta. Além disso, as ferramentas deste grupo buscam focalizar mais na produção e no controle da qualidade em nível do processo, inserindo-se, como processo, as próprias ferramentas de produção da qualidade (PALADINI, 1997). 2.7.1 Diagrama-matriz É uma estrutura que estabelece informações que representam responsabilidades, ações, propriedades ou atributos inter-relacionados. De acordo com Paladini (1997, p. 77) “a estrutura tende a enfatizar a relação entre os elementos, mostrando como se opera esta relação por destaque conferido às conexões relevantes do diagrama”, completa dizendo ainda que “este destaque utiliza simbologia própria, que permite rápida visualização da estrutura”. 2.7.2 Matriz de análise de dados Segundo Paladini (1997, p. 77) matriz de análise de dados é um “arranjo de dados que facilita a análise das variáveis que intervêm em um processo, ressaltando suas características mais notáveis”. Quando procura referência sobre à determinação do perfil de um com conjunto de clientes, utiliza-se essa ferramenta. Esse mesmo autor afirma ainda que a “matriz determina as contribuições individuais para o resultado final do processo”. 43 2.7.3 Diagrama seta De acordo com Paladini (1997, p. 77) o diagrama seta é “uma ferramenta destinada a programação e execução de atividades” e só pode ser utilizado “se todas as informações associadas à execução das atividades se desenvolvem, o diagrama mostra como causas e efeitos se relacionam”. O diagrama é parecido com os métodos de planejamentos de atividades que mostra mútua dependência. O PERT/CPM é o método que mais se aproxima do diagrama de seta, porém o caráter participativo do diagrama muda o que poderia ser chamado de “caixas pretas” do PERT/CPM, o que torna está ferramenta mais útil em problemas industriais. Em Tubino (2000, p. 169) encontra-se que PERT/CPM são: [...] duas técnicas, desenvolvidas independentemente na década de 50, que buscaram solucinar problemas de PCP em projetos de grande porte. Devido às soluções semelhantes encontradas, atualmente são conhecidas, simplesmente, como técnica PERT/CPM. Com o uso desta técnica os gestores conseguem ter uma visão gráfica das atividades que compõe o processo, com estimativa de quanto tempo determinada atividade irá precisar, identificando também as tarefas críticas para o cumprimento do prazo de conclusão, e as não-críticas (TUBINO, 1997). 2.7.4 Diagrama de dependência O diagrama de dependência tem como função básica, explorar a estrutura lógica de um conjunto de atividades coligadas a determinado assunto. O foco da ferramenta, no entanto, é a de apartar causas e efeito, formando uma relação “antecedenteconsequente” que autoriza excelente organização das ações a desenvolver (PALADINI, 1997). 44 2.7.5 Diagrama árvore Em Paladini (1997, p. 81) consta que o diagrama árvore “é uma ferramenta que detalha a programação de atividades requeridas para que uma meta seja atingida, procurando-se determinar como estes objetivo pode ser alcançado”. Este mesmo autor cita como exemplos típicos de situações onde o diagrama pode ser empregado: [...] (a) Diagnóstico do processo produtivo: o objetivo é determinar, por exemplo, níveis de desempenho de um conjunto de operações interligadas. A questão é definir por onde começar a atividade. Depois que o diagnóstico foi iniciado, deseja-se saber o que fazer a seguir. O diagrama permite a determinação da primeira ação a desenvolver e das ações que se seguem a partir de um ponto. (b) Estabelecidos níveis de desempenho para um conjunto de fornecedores deseja-se saber, após certo tempo, quais valores foram já atingidos, e por quem, quais ainda faltam e quais são os níveis críticos, estejam eles atingidos ou não. (c) O atendimento pleno de um grupo de clientes depende da satisfação de algumas necessidades detectadas. O problema é que não se consegue entender, exatamente, que necessidades são estas e, principalmente, como transforma-las em um conjunto bem definido de especificações técnicas em nível de projeto. (d) Alterações no desempenho do produto acabado podem ser devidas não apenas a uma, mas a vários grupos de causas. Não se trata, assim, de uma simples relação causa-efeito. O diagrama árvore pode ser entendido como uma generalização do diagrama causa-efeito. Sendo assim, conforme Paladini (1997, p. 81) o diagrama árvore pode ser útil para: [...] (a) Determinar a atividade inicial de um conjunto de ações destinadas a atingir certo objetivo. (b) Determinar as atividades que se seguem, em um processo, a partir de certo momento de seu desenvolvimento. (c) Identificar níveis críticos de operação de um processo. (d) Identificar o nível de atendimento a determinados objetivos. (e) Traduzir, em termos objetivos, expressões de necessidades ou preferências que na são bem determinadas. (f) Identificar que efeitos são devidos a uma grande e complexa rede de causas, algumas delas reunidas em grupos independentes. Com a implantação do diagrama árvore é possível que o processo produtivo seja visualizado da melhor forma, pois um dos objetivos dessa ferramenta é justamente mostrar qual o grau de dependência das atividades inter-relacionadas. 45 2.7.6 Diagrama de similaridade O diagrama define níveis de similaridades entre informações relativas a um dado processo ou produto. Além disso, é uma ferramenta que exige um grau maior de criatividade do que da lógica, pois de acordo com Paladini (1997, p. 85) procura “agrupar informações que parecem pouco relacionadas em situações em que procura determinar níveis de importância entre si”. Por trabalhar com informações que se completam, as equipes responsáveis pelo desenvolvimento do diagrama terão que ser divididas de acordo como a experiência prática, conhecimentos e áreas de atuação. O que permite que um problema seja analisado por vários pontos de vista, fazendo com que todas as dimensões que a questão apresenta sejam selecionadas (PALADINI, 1997). De acordo com Paladini (1997, p. 85): [...] o diagrama de similaridades é particularmente útil quando se deseja romper com a velha cultura da empresa, isto é, deseja-se buscar soluções novas, diferentes dos caminhos que estamos acostumados a trilhar. Por isso, sempre que um problema é proposto ele deve ser formulado de forma a mais concisa possível, de modo que não induza um retorno às soluções antigas, já tentadas, e destinadas à repetição de um comportamento usual: empurrar o problema com a barriga. Esta ferramenta obtém maior resultado quando existe uma grande diversificação de informações e fontes de coleta, pois isso facilita no momento da elaboração do diagrama que tem como objetivo propor maneiras simplificadas e eficientes de solucionar os problemas. 2.7.7 Diagrama de programação da decisão Paladini (1997, p. 77) define diagrama de programação da decisão como sendo um “modelo gráfico onde são esquematizadas possíveis decorrências de decisões relativas à solução de um problema”. Uma das tendências deste diagrama é a de detectar situações imprevisíveis, o que possibilita anteceder a sua ocorrência ou, se for inevitável, enumerar as ações para minimizar seus efeitos (PALADINI, 1997). 46 A aplicação dos diagramas de programação da decisão é exemplificada por uma análise feita com o intuito de melhorar a qualidade a partir da avaliação de posturas gerenciais (PALADINI, 1997). 47 3 O SISTEMA DE PRODUÇÃO DE MAMÃO NO MUNICÍPIO DE PINHEIROS 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO O município de Pinheiros tem uma localização privilegiada, na parte central do Extremo Norte capixaba, o município é o portal de entrada para a micro-região, sendo também passagem obrigatória para quem se dirige a algumas cidades de Minas Gerais. Apesar de conservar as características de cidade tipicamente de interior, Pinheiros oferece uma boa infra-estrutura e vantagens que favorecem a realização de investimentos nos diversos setores, especialmente na agroindústria. Distante 296 quilômetros da capital do estado, o município é cortado pela rodovia BR 101, na altura da localidade de Lagoa Seca. A sua sede, entretanto está situada há 42 quilômetros da BR, com acesso asfáltica. Pinheiros ocupa uma área de 971 metros quadrados, com uma população de 21.323 habitantes (estimativa IBGE/2002), sendo que 7.350 habitantes residem na zona rural e 13.973 na zona urbana. O município possui baixa densidade demográfica – 22 habitantes por quilômetro quadrado – enquanto que o índice no Estado é de, aproximadamente, 60 habitantes por quilometro quadrado. Em relação ao grau de urbanização, Pinheiros apresenta um índice de 65% (A GAZETA, 2003). 3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE CULTIVO Por ser um município de solo rico em matéria orgânica, caracteriza-se pela alta fertilidade. Tornando assim, um dos maiores produtores de frutas tropicais do Brasil ocupando o 1º lugar no ranking estadual, com destaque para o cultivo do mamão, que é a fruta mais produzida, ocupando atualmente uma área de 3600 hectares, com uma produtividade média de 100 toneladas por hectare. 48 3.3 O PROCESSO DE PRODUÇÃO Segundo Tubino (200, p.369) o processo produtivo também inclui “o movimento dos materiais dentro das fábricas”. Transportando para a área em estudo, engloba a movimentação do mamão dentro das unidades produtoras. Este capítulo aborda todo o processo de produção do mamão, desde a escolha da área para o plantio, até o momento da comercialização. Por fim apresenta também um fluxograma que permite uma visualização do processo como um todo. O primeiro passo para se produzir o mamão é justamente o de escolher a área a ser plantada. As lavouras de mamão devem ser cultivadas, preferencialmente, em áreas que não foram cultivadas, procurando locais mais ameno, evitando sempre encostas e morros (no máximo com 8% de declividade). É interessante também que ao escolher o local, procure lugares distantes de plantio de abóboras e melancias, pois essas culturas são grandes hospedeiras de viroses, o que prejudica a produção do mamão. Depois de escolhido a área, o próximo passo é fazer a análise de solo, nesta etapa faz-se análise fisicoquímica e biológica do solo com o objetivo de verificar se o mesmo possui os nutrientes necessários para que o mamão possa ter um bom desenvolvimento. Após concluir essa fase, começa então a preparação do solo, que consiste em arar, gradear a terra (se preciso fazer também a escarificação do solo, que é subsolagem), adubar a área, usando defensivos que fornecem nutrientes as plantas através do solo (usar adubação química e orgânica). Neste período também, busca-se escolher o melhor sistema de irrigação, ou seja, opta pelo sistema que possibilite administrar a quantidade de água em função da demanda da cultura e capacidade de retenção da água pelo solo. 49 Para o plantio, fica a critério do produtor escolher o tipo de mamão a ser plantado, optando por aquele que melhor se adeque ao solo em relação às mudas, o produtor rural pode optar por prepará-las, lembrando sempre em utilizar sementes de boa qualidade, que seja adaptada para região e que tenha registro de procedência, também pode decidir em adquirir as mudas em viveiros especialistas na comercialização de mudas. Depois de concluir mais essa etapa, inicia-se o plantio e em cada cova planta-se três mudas, com o objetivo de, mais adiante, escolher uma que seja hermafrodita, pois as plantas femininas produzem frutos redondos, o que se torna impróprio para determinados mercados, já as plantas masculinas não podem ser consumidas pelo simples fato de não se desenvolverem totalmente, sendo assim, as plantas com dupla sexualidade apresentam frutos com qualidade superior. Pelo fato de a produção de mamão ser muito exigente em práticas culturais, é de extrema necessidade que se tenha um acompanhamento de um engenheiro agrônomo, pois assim a unidade produtora terá uma assessoria o que possibilitará melhores resultados na produção. O mamão estará em condições de ser colhido e comercializado com um prazo aproximadamente de 06 a 07 meses. No entanto, neste período de espera existe a necessidade de um acompanhamento, com respeito às práticas agrícolas e controle de pragas. A rotina de colheita, transporte e embalagem começam com um agrupamento de no mínimo 04 pessoas (por cada caminhão a ser carregado), e estes terão a função de retirar o mamão através de torção da haste, fazendo assim o primeiro processo de controle da qualidade que é a pré-seleção, ou seja, só é colhido os frutos que preencham as características requisitadas por cada mercado consumidor, em seguida o mamão é lançando até a carroceria do trator. Logo após é transportado até o galpão, onde está outra equipe responsável para embalar os frutos, fazendo também uma outra seleção, descartando aqueles que foram danificados no transporte da lavoura para o galpão. Os frutos que estiverem 50 bons são embrulhados em jornais e podem ser colocados a granel diretamente no caminhão, ou alocados em caixas de madeira para serem transportados até os locais programados para receber a mercadoria. Na figura 09 é apresentado um fluxograma, é uma ferramenta que apresenta uma facilidade visual para a análise do processo produtivo. Isso possibilita a rápida localização de ações específicas, como por exemplo, atividades de controle na figura. O quadro 2 apresentado após a figura 9 indica a legenda dos símbolos utilizados para a sua elaboração do fluxograma. Escolha do tipo de mamão Inicio Escolha da área do plantio Sim Análise do solo Preparar mudas? Preparar solo e estufa para mudas Compra das mudas Plantar e cuidar das mudas Não Não Solo Ok? Sim Sim Mudas Ok? Preparação do Solo Não Seleção das Mudas Não Muda Boa? Sim 01 Rejeita 51 01 Descarta para reaproveitamento (refugo) 02 Não Plantação de três mudas em cada cova Fruto bom? Sim Muda Hermafrodita? Não Rejeita Embrulha com jornal Sim Limpeza e acompanhamento da área cultivada Fruto apto para colheita? Coloca na caixa de madeira Não Coloca a granel direto no caminhão Sim Colhedor retira o mamão por torção da haste Destino Transporta o mamão da lavoura até o galpão Embalador seleciona os frutos de acordo com as especificações do mercado 02 Figura 9 - Fluxograma do processo de produção do mamão 52 Operação Ou Expedição Armazenagem Decisão Conector Transporte Fluxo do mamão QUADRO 2 - LEGENDA 3.4 OS CONTROLES DA PRODUÇÃO Uma pesquisa realizada com os produtores de mamão no município de Pinheiros, no ano de 2002, que tinha como foco principal à análise dos aspectos relacionados à qualidade nas fases de colheita, transportes e embalagem do mamão, constatou-se que algumas unidades produtoras têm uma preocupação em produzir com qualidade, mas, infelizmente, ainda existem produtores que não estão dando a devida importância para esse aspecto, que deixou de ser diferencial e passou a ser requisito básico para os consumidores atuais, que é a qualidade. Por ser uma pesquisa de objeto definido, as informações foram coletadas por meio de questionários que continham os seguintes tópicos: • Qual o sistema de colheita adotado? • É oferecido algum treinamento para os colhedores de mamão? • A mão-de-obra utilizada para a colheita do mamão é fixa? • Como são selecionados os frutos? • Como os frutos são transportados da lavoura para o galpão? • No transporte dos frutos colhidos é utilizado algum tipo de cuidado para a proteção destes? • Qual o tipo de embalagem utilizada para a comercialização? 53 • É adotado algum tipo de processo de controle de qualidade? No primeiro item questionado, 100% dos entrevistados afirmaram que o sistema de colheita utilizado é manual com despejo direto na carreta/carroceria. Verificou-se também que na colheita manual, os frutos são destacados por meio de torção até a ruptura da haste que sustenta o mamão. A colheita por torção muitas vezes causa a ruptura dos tecidos do fruto em torno da região de inserção da haste, aumentando a superfície exposta à infecção por fungos causadores de podridão. Após a retirada do fruto, os colhedores lançam na carreta/carroceria, causando lesões, pois a casca do mamão é muito fina facilmente danificável. Para minimizar as perdas, faz-se necessário que os frutos sejam transportados com uma velocidade baixa da lavoura até o barracão de embalagem, e evitar o transporte a granel. Quanto ao treinamento, nenhum dos entrevistados oferecem capacitação para os colhedores de mamão. Esse é um fator de grande relevância quanto à qualidade no processo de colheita. É necessário que a partir da identificação e classificação das carências de qualificação da cadeia produtiva do mamão, trabalho que deve ser desenvolvido junto às associações de produtores, estabelecer estratégias de ação para solucionálos. A qualidade do resultado depende muito do recrutamento, da formação e da conservação do quadro de funcionários, que é o seu mais importante ativo. Um programa geral de qualificação da mão-de-obra incorporaria a capacitação de cada especialidade envolvida desde a lavoura até os galpões de embalagem. Ainda referente à mão-de-obra utilizada na colheita do mamão, foi constatado que todos entrevistados utilizam mão-de-obra fixa. 54 Desta forma, o custo/benefício relacionado com a capacitação dos funcionários será válido por terem mão-de-obra fixa e conseguirem diminuir as perdas e melhorar a sua qualidade. No quesito, como são selecionados os frutos, foi elaborada uma pergunta aberta e de acordo com os entrevistados, os frutos são selecionados baseados na mudança de coloração da casca (maturação), seu tamanho e defeitos; e ainda de acordo com o clima da região consumidora, distância do local de comercialização e a sazonalidade do produto. O fruto do mamoeiro atinge a completa maturação, na planta, quatro a seis meses após a abertura da flor. Não é recomendável, porém, deixar os frutos amadurecerem na planta por causa do risco de sobremadurecimento e ataque de pássaros. O fruto do mamão apresenta padrão respiratório climatérico, isso significa que o processo de maturação continua após a colheita. No entanto, o fruto pode não amadurecer normalmente se colhido imaturo. Segundo a EMBRAPA (1998, p.74), o critério mais simplificado para determinar o ponto de colheita do mamão “baseia-se na mudança de coloração da casca que passa de verde a verde claro, com ou sem estrias amareladas, partindo da base até a haste (pedúnculo)”. Na pesquisa, quando questionados sobre como os frutos são transportados da lavoura para o galpão, se em caixas plásticas de colheitas ou a granel sobre a carreta/carroceria, ou outros meios, 100% dos entrevistados afirmaram que transportam os frutos a granel sobre a carreta/carroceria. Foi verificado entre os entrevistados que é rotineira a prática do transporte do mamão a granel, sem a preocupação de proteção individual ao fruto. Isso acontece entre as lavouras e os galpões de embalagem e também no transporte da fruta para as CEASAs (Central de Abastecimento). Somente com a participação de todos os elementos de uma cadeia de produção é possível atender às exigências dos consumidores, oferecendo produtos de qualidade. 55 Esses hábitos prejudicam a qualidade do mamão, provocando danos e perdas e a sua conseqüente desvalorização. O produto torna-se de má aparência e baixa qualidade, principalmente devidos às marcas, deformações, etc., causadas por pancadas, com pressão dos frutos. No transporte dos frutos colhidos, dos seis (06) produtores entrevistados, apenas um (01) afirma não utilizar algum tipo de cuidado para proteção destes, enquanto que duas (02) unidades produtoras utilizam serpilha (fitas de madeira), as outras fazem respectivamente o uso de capim, jornal e taboa no fundo da carroça. Quanto ao tipo de embalagem utilizada para comercialização constatou-se que três (03) os produtores utilizam caixa de madeira, caixa plástica e a granel; e os outros três (03) fazem uso de caixa de madeira e a granel, nenhum deles utilizam caixa de papelão. De maneira geral, a atividade de embalar e acondicionar o mamão em caixas de madeira é realizada pela maioria das vezes por comerciantes das CEASAs, e não pelo produtor, o que gera pelo menos três aspectos negativos para o setor: o primeiro se refere ao uso das caixas de madeira (de variadas características e dimensões) prejudicando o aspecto visual e constitutivo da fruta, conferindo a ela uma aparência depreciativa. O segundo, refere-se à utilização de folhas de jornal usadas, que são impregnadas por componentes à base de chumbo da tinta de impressão, nocivos à saúde. O terceiro é que a atividade de embalar a fruta, que possibilita maiores ganhos financeiros, não tem beneficiado o produtor já que tem sido realizada pelos citados comerciantes. Apesar de ser retornável e resistente, a caixa de madeira possui superfície áspera, aberturas laterais cortantes e pode funcionar como foco de doenças. Sua profundidade excessiva suporta volumes superiores aos recomendáveis, comprometendo a durabilidade e a qualidade do produto (SEBRAE/ES, 2001). 56 Quanto a questão de utilizar algum tipo de processo de controle da qualidade, 50% dos entrevistados afirmaram que fazem o controle de seleção no momento de embalar e outras utilizam produtos pós-colheita, sendo que a outra metade não utiliza nenhum tipo de controle. Essa classificação permite que o produto seja separado (selecionado, classificado) segundo a variedade, o tamanho e o limite tolerado de defeitos, e “o mercado remunera melhor aquele que classifica melhor”. Para finalizar esta pesquisa os entrevistados foram questionados se nos trabalhos realizados existe assessoria por parte da INCAPER (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), o resultado mostrou que apenas um (01) dos entrevistados afirma receber assessoria deste órgão enquanto os outros alegaram não receber auxílio técnico. Segundo os produtores entrevistados, embora haja a procura de assessoria da Incaper, não obtém êxito, pois segundo eles, os técnicos desse órgão público apresentam dificuldade de deslocamento até as lavouras, devido a indisponibilidade de tempo e veículo. De acordo com a Incaper, como os grandes produtores possuem assessoria de um engenheiro agrônomo ou técnico agrícola não existe muita necessidade de acompanhar suas atividades, sendo seu trabalho mais voltado para a divulgação dos produtos e elaboração de projetos de construção de barragens para irrigação das lavouras. Portanto no atual momento novos produtores, com pequena produção, estão ingressando nesse ramo de atividade, exigindo assim assessoria técnica da Incaper por não terem condições de manter em seu quadro de funcionários um agrônomo ou um técnico agrícola. 57 4 ANÁLISE E SELEÇÃO DAS FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE PARA A MELHORIA DA PRODUÇÃO Depois de realizada a análise das ferramentas de controle da qualidade expresso no capítulo 2 que podem ser aplicadas na produção do mamão para possibilitar uma melhoria no desenvolvimento desta cultura, seis delas foram selecionadas: Fluxogramas; Células de produção; Qualidade na origem; Kanban; Diagrama de dependência; e Diagrama de programa de decisão. A seguir está explicitada a aplicabilidade de cada ferramenta na produção do mamão no município de Pinheiros-ES. 4.1 FLUXOGRAMAS A utilização desta ferramenta na área da qualidade total está relacionada diretamente com a determinação de um fluxo de operações, de forma precisa. A elaboração e implantação do fluxograma no processo produtivo possibilita uma visão geral de todo o processo por onde o produto transita, isto facilita a localização de ações específicas de cada operação. Além de permitir uma melhor visualização do processo, essa ferramenta indica também os locais onde existe operações críticas ou momentos onde ocorre uma encruzilhada de vários fluxos, que pode apresentar um “gargalo” na produção. Na seção 3.3, referente ao processo de produção do mamão, observa-se a aplicação desta ferramenta, que foi elaborada com o intuito de demonstrar eficientemente todo o processo produtivo do mamão, que se inicia com a escolha da 58 área para o plantio até o momento em que os caminhões deixam as lavouras carregados da fruta com destino aos CEASA’s, que funcionam como centros de distribuição do mamão para os varejistas. No fluxograma da figura 9 apresentado na seção 3.3 verifica-se que o fluxo tem uma seqüência lógica e que não apresenta congestionamentos na produção, no entanto, vale ressaltar que a maneira como cada operação é conduzida afeta diretamente o fruto, que por sinal possui casca bastante fina o que torna fácil a sua danificação. Para que o mamão seja conservado, é interessante que os métodos utilizados para o transporte da lavoura para o galpão, e do galpão para os centros de distribuição sejam repensados, pois os métodos utilizados atualmente provocam danos causando baixa qualidade do fruto. As unidades produtoras devem também procurar novos meios para embalarem o mamão, pois na forma a granel e em caixas de madeiras, o fruto também sofre pequenas lesões, durante o manuseio, abrindo assim portas de entrada para microorganismos (EMBRAPA – Empresa brasileira de pesquisa e agropecuária) 4.2 CÉLULAS DE PRODUÇÃO As células de produção são utilizadas com o objetivo de organizar, da melhor forma possível, o processo produtivo transformando os setores da empresa em clientes e fornecedores uns dos outros. Trazendo a utilização desta ferramenta para a área de plantação, cultivo, colheita e transporte do mamão, sugere-se que os produtores façam uma divisão do trabalho, estabelecendo as funções e as atividades específicas, de forma que não ocorra tempo ocioso, ou seja, que cada grupo possa suprir a necessidade um do outro, no lugar e momento certo. Ao analisar o processo produtivo do mamão, percebe-se que esta ferramenta já vem sendo utilizada, no entanto de forma não bastante correta, pois em vários momentos 59 os embaladores ficam parados esperando que o mamão seja colhido para então começarem a embrulhar e a alocar os frutos no meio de transporte a ser utilizado. Para que estes pequenos problemas de atraso sejam solucionados, através das células da produção, é importante que as tarefas e atividades sejam bem distribuídas e programadas. Isso pode ser feito com reuniões, buscando a participação de todos envolvidos no processo, e mostrando a melhor maneira para se fazer às operações. Um exemplo disso é no momento de fazer a colheita para uma carga, os colhedores devem encontrar os frutos saudáveis nos pés de mamão, e isso é de responsabilidade da equipe de monitoração da lavoura, que busca combater todos os tipos de pragas e viroses que venham contra a plantação. E para que os embaladores não fiquem “parados”, aguardando a chegada de uma nova carreta com mamãos para serem embalados, faz-se necessário que duas equipes façam o trabalho da colheita, e estas devem buscar uma sintonia perfeita, cronometrando o tempo, para que quando uma está trazendo os frutos da lavoura para o galpão a outra faça o percurso no sentido contrário. A implantação desta ferramenta possibilitará as unidades produtoras uma nova organização da produção, o que será responsável por reformar o sistema produtivo, facilitando assim o fluxo, tornando-o mais rápido com um maior inter-relacionamento entre as diversas áreas. 4.3 QUALIDADE NA ORIGEM A qualidade na origem é um mecanismo que busca motivar a produção da qualidade logo no primeiro esforço de produção. Sendo assim, a utilização desta ferramenta é imprescindível, não só no setor em estudo, mas também nas diversas áreas, pois a qualidade a muito tempo deixou de ser um diferencial competitivo e passou a ser pré-requisito em qualquer setor. 60 É de grande importância que os produtores procurem caminhos que os levem para uma melhor aproximação com a qualidade, que deve começar no primeiro momento, e é justamente na escolha da área a ser cultivada, procurando preencher os requisitos estabelecidos pelos especialistas e órgãos competentes da área, tais como: lugares com baixa declividade, longe de culturas que são hospedeiros de viroses que danificam a plantação e que preferencialmente nunca tenha plantado mamão. Vale ressaltar também que as demais etapas devem receber bons tratos, o essencial é que busquem parceria com o INCAPER, para que o mesmo forneça um profissional para o acompanhamento técnico da lavoura ou até mesmo a contratação direta de um engenheiro agrônomo. Agindo assim evita-se problemas maiores na produção, pois o agrônomo terá capacidade para gerenciar da melhor forma quais os cuidados que a plantação necessita para proporcionar os retornos desejáveis ao produtor. Ao optar por essa assessoria as unidades produtoras terão um auxílio maior para fazer da melhor forma possível as práticas agrícolas, respondendo questões como: Qual a melhor adubação a ser feita? Quais defensivos agrícolas devem ser utilizados? Qual tipo de irrigação optar? entre outros. A qualidade das frutas passou a ser uma exigência dos mercados consumidores, que buscam, além do aspecto externo, a garantia da qualidade interna, condições estas que podem ser proporcionadas pela utilização de forma eficiente da ferramenta qualidade na origem. 4.4 KANBAN O kanban por ser uma ferramenta desenvolvida no Japão é bastante simples, e tem a tendência de eliminar ações que podem comprometer a eficiência do processo. Vale ressaltar que o Kanban pode ser formalizado não apenas como uma técnica ou método, mas pode ser também um sistema que esteja voltado para a produtividade do processo o que reflete diretamente nas áreas da qualidade e custos. 61 Esta técnica utiliza uma estratégia de produção puxada a partir da frente, ou seja, das fases seguintes, para que uma operação passe a atender a próxima etapa, fazse mister que as atividades anteriores tenham sido executadas. Trazendo para a aplicação na produção do mamão, os “cartões de autorização” podem ser utilizados para identificar que tipo de mamão está disponível para que seja embalado, visto que na maioria das vezes, são feitas várias cargas simultaneamente no mesmo galpão, então os cartões poderão servir para identificar os frutos que estão no trator para serem alocados no caminhão, essa identificação poderá ser por grau de maturação, tipo de mamão, para que as necessidades de cada mercado consumidor possam ser atendidas. Visto que no Kanban estão presentes os princípios do just in time tais como: eliminação de perdas; redução da movimentação de materiais; flexibilização da produção; racionalização de atividades em geral; entre outros. É interessante que o processo produtivo seja reconsiderado, levando em consideração a eliminação dos gargalos existentes no decorrer do processo. Para eliminar as perdas, o processo de transporte de mamão a granel, por ser responsável pelas elevadas perdas que ocorrem entre a produção e o consumo é a fase que necessita de uma atenção maior, para que outro meio de transporte seja utilizado com o objetivo de solucionar esse problema. O produtor poderá optar por transportar os frutos em caixas de papelão ou de plástico, que apesar de ter um custo maior pode possibilitar um retorno maior em termos de satisfação dos clientes, que passarão a receber frutos com uma melhor aparência. Os principais problemas para redução das perdas pós-colheita de mamão são decorrentes de manejo impróprio da cultura na pré-colheita, colheita em estágio inadequado de maturação, técnicas não integradas de controle de doenças e condições que não são adequadas para transportar e armazenar os frutos. Como a qualidade dos frutos é afetada por esses fatores, inerentes ao sistema produtivo, fazse necessário o ajuste dos mesmos para as condições regionais de produção para determinada cultura. 62 Em síntese, não existem estudos sistemáticos sobre o impacto desses fatores na qualidade, bem como um sistema de produção e manuseio adequado de frutos de mamoeiro (EMBRAPA, 1998). É possível que ao implantar o Kanban possam aparecer exigências que dificultam a sua aplicação, no entanto não é bom que essas restrições sejam vistas com desvantagens do Kanban, pois na verdade são elementos que funcionam como balizares no momento da implantação da Qualidade Total, principalmente, pela eficiência que possibilitam nas atividades básicas de cada processo. 4.5 DIAGRAMA DE DEPENDÊNCIA O diagrama de dependência está voltado para exploração da estrutura básica de um grupo de atividades correspondentes a determinada questão. No entanto busca-se uma separação das causas e dos efeitos, o que forma uma relação antecedendeconsequente que permite perfeita organização das ações a serem desenvolvidas. Para construir um diagrama de dependência deve-se começar estabelecendo um problema a ser considerado, que no caso da produção de mamão pode ser a maneira como é feita a colheita, ou seja, as técnicas usadas no manuseio e transporte da fruta até os galpões de embalagem. Depois de definir qual o problema a ser estudado, começa então a se verificar quais as prováveis causas e conseqüências do problema em questão, que nesse caso podem ser citado como causas: falta de treinamento da mão-de-obra; indisponibilização de estudos voltados para essa área, por parte dos órgãos governamentais competentes; entre outros. E como conseqüências podem-se listadas: frutos danificados; perda elevada da produção; entre outros. Ao final pretende-se procurar uma estruturação melhor do problema básico, ou seja, um conceito preciso do que seja efeitos e causas. Após serem implantadas as melhorias necessárias, o diagrama pode ser refeito, 63 eliminando as causas primárias já listadas, acrescentando outras observadas e fazendo as alterações que supunham ser relevantes e a prática demonstrou não ser. 4.6 DIAGRAMA DE PROGRAMA DE DECISÃO Um dos objetivos do diagrama de programa de decisão é justamente o de eliminar o acontecimento de componentes inesperados e se possível minimizar sua influência no processo. O diagrama procura identificar situações não esperadas, o que dá a possibilidade de tomar uma decisão antecipada, caso sua ocorrência seja inevitável , é aconselhável listar todas as ações que poderam ajudar a minimizar seus efeitos. Essa ferramenta no processo produtivo do mamão poderá ser aplicada na área onde os acontecimentos não dependem pura e exclusivamente do produtor ou da unidade produtora, ou seja, no ambiente externo. Um exemplo disso é o fato da possibilidade de se trabalhar com seguros de carga, pois pelo fato de as rodovias estaduais e federais estarem sucateadas e não oferecerem nenhuma segurança aos usuários o transporte fica ameaçado, podendo ocorrer acidentes levando a perda total da carga. Outra atitude também poderá ser o da busca de maiores informações sobre a metereologia da região, o que possibilita um bom planejamento sobre melhores técnicas e práticas agrícolas, como por exemplo, o tipo de irrigação a ser utilizado. Um outro fator que chama a atenção é que essa ferramenta poderia auxiliar na solução, é o fato de que em alguns períodos do ano o mamão simplesmente tornase escasso no mercado, fazendo com que o preço tenha um grande aumento. Neste sentido, é válido que os produtores façam um planejamento caso isso ocorra eles tenham produtos disponíveis para o mercado consumidor, e geralmente esse fato acontece nos mesmos períodos, o que facilita o processo. Essa questão pode ser resolvida se as unidades produtoras passarem a colher o fruto na hora exata e indicada pelos especialistas, ou seja, no grau de maturação mais indicado. Pois o que normalmente acontece é que no momento em que o preço do produto tem um pequeno ajuste, a procura aumenta e o produtor passa a colher o 64 mamão de todos os tipos e em qualquer estágio de maturação, utilizando produtos químicos naqueles frutos que estão verdes para que alcancem o grau esperado. Essas ferramentas apresentadas acima podem ter grande utilidade para que os produtores de mamão melhorem o sistema produtivo desse produto. Desde que sejam utilizadas de maneira correta, e que haja um comprometimento de todas as partes envolvidas com o bom andamento dessa implementação. 65 5 METODOLOGIA PARA O USO DAS FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE Para que as ferramentas de controle da qualidade analisadas no processo possam obter o resultado desejado, faz-se mister que seja realizado um bom trabalho de conscientização juntamente com os produtores, engenheiros agrônomos, gerentes, enfim todos os envolvidos no processo, para que os mesmos possam assimilar melhor o que se pretende alcançar com esse trabalho. Neste sentido, será elaborada uma cartilha, que esteja conforme as normas da ABNT, que contenha gráficos, figuras ilustrativas, exemplos explícitos com dicas de como essas ferramentas podem ser implantadas na produção do mamão. Vale ressaltar que essa metodologia deverá conter uma linguagem simples possibilitando um melhor aprendizado dos usuários. Depois da elaboração dessa cartilha, deve-se seguir para o próximo passo que é buscar parcerias com os próprios produtores, e se possível tentar a parceria com a ASSIPES (Associação dos Irrigantes do Estado do Espírito Santo), para que encontros, mensalmente, com os produtores interessados. Nesses encontros, os participantes podem ter uma visão geral de todas as etapas de implementação dessas ferramentas podendo inclusive sanar todas as dúvidas referentes a como praticar o que está sendo proposto. Esse programa pode seguir as seguintes etapas: Fazer uma reunião inicial com os produtores e demais pessoas envolvidas, mostrando a importância da utilização da Qualidade Total na produção de mamão. Logo após essa primeira reunião, faz-se necessário programar encontros mensais, para que o processo flua com rapidez e agilidade; Juntamente com as pessoas interessadas, escolher os problemas a serem analisados e identificando as suas causas; Apresentar as ferramentas que podem solucionar as questões levantadas; Auxiliar os produtores na implementação dessas técnicas, com visitas quinzenais as áreas em estudo, monitorando e avaliando todo o processo para que tudo ocorra conforme o planejado; 66 Acompanhar todos os resultados finais de cada implementação. A figura 10 apresenta de forma detalhada e simplificada, as etapas que este programa deverá cumprir. Cooptação dos Produtores Relevância do uso das ferramentas da Q.T. Identificar problemas Apresentar ferramentas Sistematizar metodologia de implantação das ferramentas Avaliar implementação Acompanhar implementação Figura 10 - Etapas da metodologia a ser aplicada. Na figura 10 estão os passos que devem ser seguidos. Antes de tudo é necessário atrair os produtores, para que esse programa seja implementado de forma conjunta. Depois de atrai-los, divulgando a relevância do uso das ferramentas da Qualidade Total, começa então uma etapa de grande importância que é a identificação do problema. Logo após deve ser apresentado as ferramentas que serão utilizadas, sistematizando a metodologia de implementação das mesmas. Para que os resultados desejados sejam alcançados, é interessante fazer uma avaliação e acompanhamento periódico de todo esse processo, para sempre que for necessário recomeçar. Para garantir o alcance dos resultados é necessário que haja um envolvimento de todos os recursos humanos participantes da cadeia produtiva. De fato, no contexto da qualidade, é interessante que tenha grande envolvimento das pessoas, áreas e 67 setores nas tarefas que buscam maior direcionamento dos produtos e serviços da empresa para o atendimento ao cliente. Este envolvimento se formaliza quando são determinadas metas globais da qualidade, cujo alcance depende de ações desenvolvidas em nível de setores e indivíduos. A qualidade está sempre centrada em processos dinâmicos de melhoria contínua, direcionando os esforços para otimização do processo. A metodologia ora apresentada requererá maiores estudos quanto ao seu desenvolvimento e implantação, bem como avaliação dos processos envolvidos, pretende-se com esta ação dinamizar e contribuir para o desenvolvimento regional da produção de mamão. Para tanto necessita-se de parcerias para viabilização deste projeto, transpondo-o das margens de trabalho acadêmico para transforma-lo em ação real e concreta do sistema produtivo. 68 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES De um modo geral a agricultura tem grande influência na economia do município de Pinheiros e neste sentido, é valido que sempre busque maneiras mais eficientes de conduzir o sistema produtivo do mamão, pois assim, futuramente, a fruticultura da região poderá apresentar grande competitividade, podendo até ganhar oportunidades nacional e internacional, porque cada vez mais os consumidores têm exigido produtos com qualidade. Vale ressaltar também que o agronegócio, quando desenvolvido de forma moderna, transforma-se em uma alternativa de investimento econômico, que tem grande contribuição na geração de renda deste segmento, aumentando assim a competitividade das agroindústrias de alimentos, dando assim possibilidade de criação de novos empregos no setor rural, contribuindo para amenizar a grande crise de desemprego que o Brasil enfrenta na atualidade. b A partir das análises apresentadas nessa pesquisa, foi possível indicar para os produtores de mamão, ferramentas de controle da qualidade que podem trazer melhorias contínuas na produção e comercialização dos seus produtos identificando e selecionando as principais ferramentas de controle da qualidade existentes e que são compatíveis com a área em estudo. Esta pesquisa ressalta ainda, que um dos pré-requisitos estabelecidos pelos especialistas e órgãos competentes da área é que seja escolhidos lugares que preferencialmente nunca tenham sido cultivado mamão, o que futuramente poderá acarretar um grande problema para os produtores, ou seja, não disponibilizarão de terras suficientes para cultivar o fruto. Apesar dos grandes avanços que as frutas brasileiras tiveram nos últimos anos, elas ainda apresentam grandes perdas e baixa qualidade, conseqüência da ausência do gerenciamento em todos os processos produtivos, fazendo com que aumente os prejuízos para os produtores e preços altos aos consumidores. Sendo assim, o grande desafio, hoje, é produzir mais e melhor com baixos custos, oferecendo aos clientes e consumidores produtos de qualidade a preços acessíveis. 69 Atualmente, existe uma crescente busca e valorização para alimentos que proporcionem melhorias na qualidade de vida e bem estar das pessoas, priorizando a saúde humana e respeitando o meio ambiente. Neste aspecto se os produtores de mamão passarem a adotar métodos adequados para fazer as práticas agrícolas necessárias, desde o processo de plantação, passando pela colheita e chegando até a comercialização, os elevados percentuais de danos e perdas atuais sofreriam uma grande queda o que proporcionaria um ganho na produção. As unidades produtoras da região de Pinheiros devem buscar maneiras de melhorar continuamente o seu processo de plantação, cultivo, colheita, transporte e embalagem do mamão, de acordo com as exigências do mercado, identificar as oportunidades e necessidades dos clientes potenciais, para então proporcionar seus produtos. A busca pela melhoria contínua da qualidade deve ser incessante, principalmente nessa área em estudo, pois agindo assim os produtores podem expandir seus negócios. Isso resultará em um setor mais produtivo e competitivo, que certamente será um dos grandes responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento da região. Recomenda-se que a partir do trabalho realizado, as ferramentas de controle da qualidade aplicáveis na agricultura possam ser estudadas com mais detalhes, tendo em vista a grande importância do tema na atualidade, como fator de competitividade para o setor. Ao iniciar esse trabalho, não se pensou em esgotar o assunto, pois é de conhecimento de todos a expansão e amplitude da área em estudo. Sendo assim, sugere-se que seja realizada uma nova pesquisa direcionada para as deficiências apontadas, visando solucioná-las e identificar novas oportunidades que podem ser feitas pelos órgãos responsáveis por pesquisa e assistência técnica (Embrapa, Incaper), alunos que tiverem interesse em estender a pesquisa ou até mesmo por profissionais da área que tenham interesse pelo tema. 70 7 REFERÊNCIAS MAIA, Paulo. Potencialidades do ES – Pinheiros é a capital da fruticultura. A Gazeta, Vitória, p. 13, 09 out. 2003. CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle da qualidade total, 8. ed. Belo Horizonte: DG, 1992. CATTANI, Antônio David, Círculos de controle da qualidade. 2. ed. Porto Alegre: Editora Vozes da UFRGS, 1999. CROSBY, Philip B., Qualidade sem lágrima: a arte da gerência descomplicada. Rio de Janeiro: José Olimpio, 1992. DEMING, W. 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