Jornalistas - especialistas
e generalistas
Sobre o conceito de jornalismo
especializado
O próprio jornalismo já pode ser
considerado uma especialização à medida
que, pela formação universitária, assumiu a
condição de atividade específica.
A multiplicidade de gêneros de texto, seções
e editorias de um mesmo veículo e,
principalmente, de veículos, é a
representação clássica dessa especialização.
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Contexto sociocultural -Embora a
globalização econômica implique a
homogeneização dos padrões culturais, é
indiscutível a emergência de públicos
diferenciados.
Segmentação tornou-se uma das principais
estratégias mercadológicas, atualmente.
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Armand Mattelart (1999) detecta aparente
paradoxo entre as tendências da sociedade
globalizada: a “diversificação na padronização”. A
fragmentação seria um dos fatores mais relevantes
da nova ordem mundial:
As lógicas da fragmentação exigiriam, portanto,
uma abordagem mais nuançada que levasse em
conta a diferenciação dos gostos dos
consumidores, substituindo-se gradualmente a
oferta padronizada pela oferta à la carte. Pelo
menos nas grandes sociedades industriais.
(MATTELART:1999: 256)
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Questionamentos sobre a produção
especializada:
- Existe diversidade ou apenas excesso de
informações na sociedade mediática?
- As publicações especializadas contribuem
para um aprofundamento das matérias
jornalísticas?
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O mercado de revistas e a Internet estão
entre os principais universos de
fragmentação (ou segmentação) da
audiência: trata-se de uma “individualização
do consumo”. Nesse sentido, a produção de
informações jornalísticas para audiência
fragmentadas integra, de certo modo, um
contexto de desmassificação e
personalização, uma vez que favorece a
pluralidade e profundidade de informações.
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Segmentação é um fenômeno que parte
também dos indivíduos. Estes sentem a
necessidade de reconhecimento de suas
exigências e construção de identidade, o
que implica a necessidade de se
reconhecerem membros de um segmento ou
grupo (social, cultural, político).
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Fato - O interesse (ou interesses, conforme
esse fenômeno de segmentação) de
mercado tem substituído o interesse de uma
chamada opinião pública. A produção de
informações tem se voltado para atender
especificidades de públicos diferenciados,
mais que a interesses de uma comunidade
ou sociedade em geral.
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O jornalismo especializado existe, hoje, para atender a
lógica de mercado. De fato, seu papel é agregar
indivíduos segundo suas afinidades cujo perfil
sociocultural é definido por seus padrões de consumo.
Isso pode incorrer, por outro lado, na construção de
um jornalismo soft, mais voltado para matérias de
interesse do público e não de interesse público ou, em
outros termos, de importância (social, cultural,
política) para o público. Isso tende a ser motivo de
crítica à medida que o jornalismo tende a atender
interesses “banais” de um segmento do público. Isso,
por sua vez, tem afetado o perfil de muitos jornalistas.
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Jornalismo soft está na fronteira com a
publicidade. O jornalismo especializado, no
entanto, requer estudo, aprofundamento.
Essa diferença tem relação também com a
diferença entre notícia e informação jornalística:
A notícia trata de um fato, acontecimento que
contém elementos de ineditismo, intensidade,
atualidade, proximidade e identificação que o
tornam relevante.
A informação trata de um assunto, determinado ou
não por fato gerador de interesse.
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A notícia independe, em regra, das intenções dos
jornalistas; a informação decorre de intenção, de
uma “visão jornalística” dos fatos.
A notícia e a informação jornalística contêm, em
geral, graus diferentes de profundidade no trato do
assunto; a notícia é mais breve, sumária, pouco
durável, presa à emergência do evento que a
gerou.
A informação é mais extensa, mais completa, mais
rica na trama de relações entre os universos de
dados.
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A notícia típica é da emergência de um fato
novo, de sua descoberta ou revelação; a
informação típica dá conta de um estado-dearte, isto é, da situação momentânea em
determinado campo de conhecimento.
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Problema: A competição comercial entre
publicações e programas segmentados não
significa, necessariamente, pluralidade.
Por quê?
Primeiro, porque um veículo tende a seguir o que
a concorrência faz para garantir seu público.
Segundo, porque, como acontece nos demais
mercados, uma empresa tende a comprar outras.
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As produções jornalísticas segmentadas
correspondem, paradoxalmente, à
democratização das informações para o
receptor e à monopolização do mercado
para o emissor.
Importante - no caso das revistas e da
Internet em especial, muitas produções
especializadas correspondem a produtos
alternativos (não comerciais).
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Segmentação X Concentração da informação
Revigorados por fusões, consórcios e alianças
transnacionais, os conglomerados mediáticos não
cessam de reformular suas ações. A partir de
estratégias mundiais, procuram compatibilizar
produtos de aceitação indiferenciada com outros
que visam à segmentação, à diversidade
mercadológica e a peculiaridades locais. (DENIS
MORAES:1997:33)
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Primeira conclusão: o que hoje define
jornalismo especializado é tanto a
abordagem de um assunto específico quanto
a abordagem para um público específico
sobre determinado tema.
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Campos de atuação do jornalista
especializado:
Editorias ou Seções de veículos de informação
geral: Esportes, Política, Economia, Cultura, Saúde,
Comportamento etc.
Veículos especializados em temas específicos
(especialmente revistas) que podem cobrir desde
grandes áreas como Cultura ou Música como subáreas (Literatura, Rock, Samba, Instrumentos
Musicais, por exemplo).
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Assessoria de imprensa de instituições
públicas e privadas, com ou sem fins
lucrativos, que atuam em áreas específicas
(Religião, Ecologia, Saúde, Ciência e
Tecnologia etc): comunicação interna e
externa.
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O multifacetado mercado de revistas
Historicamente, a segmentação do mercado de
revista teve impulso com o surgimento da TV:
aprimoramento no trabalho de reportagem
(conteúdo, linguagem visual e textual).
Segmentação acompanha também a fragmentação
dos leitores em diversos públicos, interessados em
criar uma identidade própria ou desejos em
aprofundar seus conhecimentos em áreas
específicas.
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Segmentação atende, sobretudo, à lógica do
mercado publicitário que tem buscado
construir novos públicos consumidores.
Exemplos: revistas femininas como Nova,
Cláudia, Marie Claire, Criativa, entre outras.
Revistas constroem um perfil ideal das
mulheres que deseja atingir e reforça esse
perfil (ex.: a mulher moderna).
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Outras optam por trabalharem com temas
específicos: Manequim (moda e costura),
Casa e Jardim (decoração e jardinagem),
Gula (culinária), Exame (economia), Ciência
Hoje (ciência e tecnologia), Bravo (cultura),
Imprensa (jornalismo) e muitas outras.
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Mercado de revistas tem investido no
“jornalismo soft”: fofocas, celebridades,
esoterismo. Ex.: Guia Astral, Caras, IstoÉ
Gente.
Outras já nasceram bastante específicas.
Exemplo: Revista do Pit Bull. No entanto,
muitas delas costumam ter “vida curta”.
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TV e Internet
A TV é outro veículo que, recentemente, passou a
optar pela segmentação - seja pela TV a cabo, seja
diversificação dos seus programas. Exemplo da TV
Educativa e TV Cultura: Canal Saúde (medicina),
Direito em Debate (área jurídica), Observatório da
Imprensa (mídia), Metrópoles (cultura), entre
outros.
A Internet representa o ápice das possibilidades de
segmentação do público.
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O Jornalismo tem levado informações sobre
o que o público precisa saber? Ou sobre o
que o público quer saber?
A sensação que temos é que o espaço de
debate tornou-se reduzido, ou melhor, o
interesse pelo debate é que tem diminuído a
tal ponto que as pessoas parecem não se
envolver mais, a opinião pública vem sendo
substituída pela pesquisa de mercado.
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As publicações passam a dedicar-se mais a
informação personalizada, portanto o
jornalismo especializado tende a se
desenvolver cada vez mais.
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O papel do jornalismo especializado seria o
de orientar o indivíduo que se encontra
perdido em meio à proliferação de
informações das mais variadas fontes, ou
seria ele próprio um exemplo, justamente
um reflexo desta proliferação?
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Por outro lado, podemos considerar que as
produções segmentadas são uma resposta
para determinados grupos que buscavam,
anteriormente, uma linguagem e/ou uma
temática apropriada ao seu interesse e/ou
contexto
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Para enfrentar o mercado editorial
O que é exigido dos veículos para garantir
fidelidade do leitor:
Identificar e medir seu público conforme gostos,
preferências e/ou características (psicológicas,
socioeconômicas, geográficas e outras).
Evidenciar potencial adequado quanto a número
de leitores, tipo de anunciantes, suficiência de
matérias etc.
Ser economicamente acessível ao público.
Segmento precisa ser estável.
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O que é exigido do jornalista que atua numa área
especializada:
Cumprimento dos fundamentos do jornalismo:
observação, pesquisa, entrevista, checagem de dados,
edição.
Saber administrar relações com a fonte.
Capacidade de compreender e interagir com o seu
público (leigo ou especializado).
Capacidade de contextualização, seleção, síntese e
visão comparativa.
Capacidade de “tradução” de termos e informações
técnicas, sempre que necessário.
E principalmente: conhecimento apurado na área
em que se quer atuar.
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Cuidados exigidos por cada área:
Jornalismo religioso: é praticamente impossível
atuar para esse segmento sem assumir as
convicções religiosas com as quais seu veículo
trabalha.
Jornalismo esportivo: para o jornalista Paulo
Vinícius Coelho (autor do livro Jornalismo
esportivo, Ed. Contexto), não existe jornalista
especialista em esportes, mas sim em modalidades
esportivas (futebol, vôlei, natação, automobilismo
etc). Além disso, cobrir esportes não significa
apenas escrever sobre futebol...
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Capacitação em áreas especializadas se adquire,
fundamentalmente:
- pela prática cotidiana da redação;
-pela formação complementar (outro curso de
graduação ou pós-graduação ou ainda outros tipos
de curso).
Dica: o trabalho voluntário pode contribuir muito
para a aquisição de conhecimentos específicos,
sobretudo para “focas”. Exemplo: jornalismo
religioso.
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Alerta: Grandes empresas jornalísticas brasileiras
têm revelado preferência por jornalistas com pósgraduação em áreas específicas que não a
comunicação.
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