Licenciatura em Serviço Social Antropologia das Idades Docente Prof. Dr. Santiago Prado Conde ANTROPOLOGIA DAS IDADES NA HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA A idade foi considerada, junto com o sexo, como um princípio universal de organização social, um dos aspectos básicos e cruciais da vida humana. Sociedades organizadas em torno das classes de idade (sobretudo na África subsariana): Pauline, D., ed., (1971) Classes et association d’age en Afrique de l’Ouest. Paris. Bernardi, B., (1985) Age Class Systems. Nueva York: Cambridge University Press. Também a etnografia das sociedades complexas tem monografias sobre grupos de idade, como as bandas juvenis Whyte, W F., (1972) [1943] La sociedad de las esquinas. México: Diáfora. e as residências de idosos: Jacobs, J., (1974) Sun City. An Ethnography of a Retirement Community, Nueva York: Appleton. ANTROPOLOGIA DAS IDADES NA HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA Também existiram tentativas de comparação intercultural sobre os grupos de idade, bem visões globais: Eisenstadt, S. N., (1956), From Generation to Generation. Nueva York: The Free Press. Análises sobre grupos de idade específicos baseados nos dados do Human Relations Area Files, O trabalho de Simmons sobre a velhice: Simmons, L. (1945), The Role of the Aged in Primitive Society, New Haven, Yale University Press. O trabalho sobre a juventude de: Schlegel, A. y Barry, H. (1991), Adolescence. An Anthropological Inquiry, Nueva York, The Free Press. Ademais de que o maior betseller da história da antropologia é: Mead, Margaret (1972 [1929]) Adolescencia, sexo y cultura en Samoa. Barcelona: Planeta Agostini. ANTROPOLOGIA DAS IDADES NA HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA Pese a estes precedentes, só a partir dos últimos anos a idade se converteu num objecto de reflexão central e não periférico para a teoria e para a praxis antropológica. Isso se traduziu na identificação disciplinaria de um espaço de debate baptizado como «antropologia da idade» (Keith, J., (1980) “The Best Is Yet To Be". Toward and Anthropology of Age”, Annual Review of Anthropology, 9: 339-364. ), o que se pôs de manifesto no espectacular crescimento das investigações, na organização de numerosos eventos e foros, e na publicação de uma série de readings que vieram a dar carta de nascimento ao novo campo : ANTROPOLOGIA DAS IDADES NA HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA Kertzer, D. & Keith, J., eds., (1984) Age and Anthropological Theory. Londres: Ithaca. Abeles, M. & Collard, Ch., eds., (1985) Age, pouvoir et société en Afrique Noire. Montréal: Karthala. Cohen, L., (1994) “Old Age: Cultural and Critical Perspectives”. Annual Review of Anthropology, 23:137-158. A APROXIMAÇÃO ANTROPOLÓGICA À IDADE A sua consideração como construção cultural. Todos os indivíduos experimentam ao longo de sua vida um desenvolvimento fisiológico e mental determinado por sua natureza, e todas as culturas compartimentam o curso da biografia em períodos aos que atribuem propriedades, o que serve para categorizar aos indivíduos e pautar seu comportamento na cada etapa. Mas as formas em que estes períodos, categorias e pautas se especificam culturalmente são muito variados. Pois se não são universais as fases em que se divide o ciclo vital (que podem começar dantes ou após o nascimento, e acabar dantes ou após a morte), muito menos o são os conteúdos culturais que se atribuem à cada uma destas fases. Isso explica o carácter relativo da divisão das idades, cuja terminologia é extraordinariamente cambiante no espaço, no tempo e na estrutura social. É óbvio que a idade como condição natural não sempre coincide com a idade como condição social. A APROXIMAÇÃO ANTROPOLÓGICA À IDADE Bernardi (1985:1) distingue entre: Idade psicológica: que mede o desenvolvimento cronológico de um indivíduo desde seu nascimento até o presente. Idade estrutural: que mede sua capacidade para desenvolver certas actividades sociais, o que se traduz em ritos de passagem como a iniciação ou em limites legais como a maioria de idade ou a aposentação. A APROXIMAÇÃO ANTROPOLÓGICA À IDADE Não deve se confundir: A idade como ciclo vital: que define os graus de idade pelos quais têm de passar os membros individuais de uma cultura. Com a idade como geração: que agrupa aos indivíduos segundo as relações que mantêm com seus ascendentes e seus descendentes e segundo a consciência que têm de pertencer a um corte generacional. Nem as classes de idade formalizadas de algumas sociedades preindustriales: uma categoria de adscrição que agrupa aos indivíduos iniciados num mesmo período, que avançam juntos ao longo dos graus de idade. Com os grupos de idade informais das sociedades complexas (Ou'Donnell, 1985). A APROXIMAÇÃO ANTROPOLÓGICA À IDADE Por último, deve diferenciarse a idade como condição social: que atribui uma série de status e de papéis desiguales aos sujeitos. A idade como imagem cultural: que atribui um conjunto de valores, estereótipos e significados aos mesmos. A APROXIMAÇÃO ANTROPOLÓGICA À IDADE A relação entre antropologia e idade pode abordar-se desde três perspectivas básicas, que correspondem a três estádios da investigação (Keith, 1980: 339 e ss.): A idade na antropologia trata de indagar o papel atribuído aos agrupamentos baseados na idade na história da disciplina, fundamentalmente a partir da comparação intercultural. A antropologia das idades trata de realizar estudos sobre grupos de idade específicos em diferentes sociedades, o que conduz a aproximações de tipo essencialmente etnográfico e holístico. A antropologia da idade, finalmente, propõe análise transversais sobre a idade como processo cultural, o que conduz a aproximações de natureza essencialmente teórica.