Saúde Coletiva ISSN: 1806-3365 [email protected] Editorial Bolina Brasil de Souza Faria, Ana Luiza; Pinto Gontijo Filho, Paulo; Marques Ribas, Rosineide Sepse grave e choque séptico na unidade de terapia intensiva de adultos do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia: avaliação dos critérios de definição, etiologia e fenótipos de resistência Saúde Coletiva, vol. 8, núm. 49, 2011, pp. 83-87 Editorial Bolina São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84217104005 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto infectologia Faria ALS, Filho PPG, Ribas RM. Sepse grave e choque séptico na unidade de terapia intensiva de adultos do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia: avaliação dos critérios de definição, etiologia e fenótipos de resistência Sepse grave e choque séptico na unidade de terapia intensiva de adultos do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia: avaliação dos critérios de definição, etiologia e fenótipos de resistência O objetivo do estudo foi avaliar as definições de sepse, segundo os critérios do Centers for Disease Control” (CDC), fenótipos de resistência e evolução em pacientes da Unidade de Terapia Intensiva de adultos de Hospital terciário de ensino. Foi realizado estudo prospectivo de sepse, durante Março/09 a Dezembro/09. A incidência de sepse foi 17,2%, predominantemente de natureza hospitalar primária. Os sinais clínicos mais frequentes foram: leucocitose (72,1%) e frequência cardíaca maior que 90 bpm (70,6%). Entre os micro-organismos recuperados no sangue, houve predomínio de Bacilos Gram-negativos (45,1%). 36,8% dos pacientes evoluíram para óbito, com 60% desses classificados como choque séptico. A incidência de sepse foi alta com destaque para a presença de micro-organismos multiresistentes na sua etiologia. Descritores: sepse, sepse grave, choque séptico, unidade de terapia intensiva The objective of this study was to assess the definitions of sepsis, according to the “Centers for Disease Control” (CDC), resistance phenotypes and progression in patients admitted in the Intensive Care Unit Adult Tertiary Hospital. It was performed a prospective study of cases of sepsis, by active search, from March/09 to December/09. The incidence of sepsis was17,2% of predominantly primary nosocomial sepsis. The most frequent clinical signs were: leukocytosis (72.1%), heart rate up to 90 bpm (70.6%). Among the microorganisms recovered from blood, there was a predominance of Gram-negative rods (45,1%). 36,8% of patients with sepsis subsequently died, 60% of those classified as septic shock. The incidence of sepsis was high especially in the presence of multi-resistant microorganisms in the etiology. Descriptors: sepsis, severe sepsis, septic shock, intensive care unit. El objetivo del estudio fue evaluar las definiciones de sepsis, de acuerdo con “Centers for Disease Control” (CDC), los fenotipos de resistencia y evolución en los pacientes de la Unidad de Cuidados Intensivos de Adultos del Hospital terciario. Se realizó el estudio prospectivo de casos de sepsis, por búsqueda activa en el período Marzo/09 a Diciembre/09. La incidencia de sepsis fue 17,2% predominantemente nosocomial primaria. Los signos clínicos más frecuentes fueron: leucocitosis (72,1%) y frecuencia cardíaca superior a 90 bpm/ min (70,6%). Entre los microorganismos se recuperó de la sangre, existe un predominio de Gram-negativos (45,1%). 36,8% de los pacientes fallecieron, el 60% de los clasificados como shock séptico. La incidencia de sepsis fue alto, especialmente en la presencia de microorganismos multiresistentes en la etiología. Descriptores: sepsis, sepsis grave, shock séptico, unidad de cuidados intensivos. Recebido: 18/08/2010 Aprovado: 09/02/2011 Ana Luiza de Souza Faria Graduanda do Curso de Enfermagem – Universidade Federal de Uberlãndia - [email protected] Paulo Pinto Gontijo Filho Farmacêutico. Médico. Doutor em Ciências. Pós Doutor em Microbiologia. Professor Adjunto na Universidade Federal de Uberlândia. Rosineide Marques Ribas Bióloga. Mestre e Doutora em Imunologia e Parasitologia Aplicadas. Professora Adjunta na Universidade Federal de Uberlândia. INTRODUÇÃO sepse é particularmente importante em função da sua gravidade sendo a principal causa de morte nas Unidades de Terapia Intensiva e está entre as principais causas de morte nos Estados Unidos1,2, com incidência de 20% a 80%, dependendo da definição utilizada. Dados sobre a incidência e evolução da sepse em UTI no Brasil são raros. O Consenso Brasileiro de Sepse relata uma incidência alta de sepse e choque séptico, 27% e 23%, respectivamente 3. O uso excessivo e inapropriado de antimicrobianos é mundialmente prevalente e resulta na emergência de micro- A Saúde Coletiva 2011;08 (49):83-87 83 infectologia Faria ALS, Filho PPG, Ribas RM. Sepse grave e choque séptico na unidade de terapia intensiva de adultos do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia: avaliação dos critérios de definição, etiologia e fenótipos de resistência organismos resistentes e multirresistentes, particularmente ções de hipoperfusão tecidual e disfunção orgânica, caracnos hospitais 4. Essa questão é mais significativa nas Unidaterizada por acidose láctica, oligúria ou alteração do nível des de Terapia Intensiva 5, onde verifica-se uma frequência de consciência, ou hipotensão arterial com pressão sistócada vez mais elevada de infecções causadas por patógelica < 90 mmHg – porém, sem a necessidade do uso de nos resistentes, tanto Gram-positivos, como Gram-negatiagentes vasopressores. vos com destaque para os fenótipos Staphylococcus aureus Choque séptico: quando a hipotensão ou hipoperfusão inresistente a oxacilina, tribo Klebsielleae e Escherichia coli duzido pela sepse é refratária à ressuscitação volêmica aderesistente a cefalosporina de terceira geração e Pseudomoquada e a necessidade da administração nas aeruginosa resistente a imipenem, de agentes vasopressores. cefalosporina de terceira geração e fluInfecção sanguínea primária: bactereorquinolona6. “Neste estudo observoumia/candidemia sem documentação de O objetivo desse estudo foi determiinfecção em sítio conhecido. nar a taxa de incidência de sepse, sepse frequência elevada de Infecção sanguínea secundária: quanse grave e choque séptico utilizando os fenótipos de resistência do da presença do mesmo micro-orgacritérios clínicos, laboratoriais e micronismo no sangue e em outro sítio anatôbiológicos adotados pelo CDC. Adiciode micro-organismos mico infectado como pulmão, infecção nalmente foi analisado a etiologia e o esepidemiologicamente de sítio de cirurgia gastrointestinal. pectro de resistência do micro-organismo Mortalidade total: relação entre o núrecuperado do sangue. importantes na corrente mero de óbitos durante a internação hossanguínea, tais como: pitalar, independentemente da causa, e METODOLOGIA MRSA (Methicillin – o de pacientes com bacteremia, sepse Local de Pesquisa clínica, sepse grave ou choque séptico. O Hospital de Clínicas da Universidade Resistant Staphylococcus Vigilância Laboratorial: Durante o peFederal de Uberlândia é um hospital de aureus) (66,7%), MRSE ríodo do estudo os micro-organismos ensino, com 503 leitos, que oferece níisolados foram recuperados do sangue e vel terciário de atendimento. A unidade (Methicillin – Resistant a resistência aos antimicrobianos foi dede Terapia Intensiva é uma unidade misStaphylococcus terminada de acordo com a rotina do lata, clínico-cirúrgica com 15 leitos. boratório do hospital. epidermidis) (85,7%) Desenho do Estudo e Definições Pseudomonas RESULTADOS Foi realizado estudo observacional prosA incidência de sepse na UTI durante pectivo dos casos de sepse, através de aeruginosa resistente o período de estudo, assim como o diagsistema de busca ativa, durante o pería imipenem (50%%) e nóstico microbiológico estão na tabeodo de 10 meses (março a dezembro de la 1. A taxa de incidência de sepse foi de 2009), na UTIA-HC-UFU. Os pacientes Enterobacteriaceae 17,2%, sendo 88,2% de natureza hospitaincluídos no estudo foram aqueles com resistente a cefalosporina lar, adquiridas na própria unidade (51,7%). sepse clínica, sepse grave e choque sépde terceira e quarta A sepse de natureza comunitária cortico obtidos através de visitas diárias na respondeu a uma frequência de 11,8 %. Unidade e acompanhados até alta/óbito. gerações (61,6%)” O diagnóstico microbiológico foi confirUma ficha individual, seguindo os critémado em 58,8% dos casos de sepse. Hourios diagnósticos de sepse do CDC, foi ve uma predominância de sepse primápreenchida levando-se em consideração ria (69,1%) em relação à secundária (30,9%), com o pulmão os dados demográficos, o uso de antimicrobianos, tempo (42,9%) sendo foco principal nesta última. de internação, co-morbidades e procedimentos invasivos. As frequências de mortalidade total dos pacientes com O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética do Hospital sepse clinica, sepse grave e choque séptico foram de de Clínicas de Uberlândia. 38,09%, 12,50% e 41,02%, respectivamente (Figura 1). As definições de infecções hospitalares serão aquelas reO diagnóstico de sepse foi reavaliado segundo as definicomendadas pelo CDC7. Infecção Hospitalar é aquela que ções do CDC (2004) e os sinais clínicos que mais estiveram não está presente ou em incubação no momento da admispresentes foram leucocitose (72,1%), frequência cardíaca são do paciente no hospital e que se manifeste após 48 homaior que 90 bpm (70,6%) e PaCO2 menor que 32mmhg ras de internação na UTI ou após alta, quando puder ser re(46,3%). Dados evidenciados na tabela 2. lacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Entre os micro-organismos recuperados no sangue houBacteremia: presença de bactérias na corrente sanguínea ve um predomínio de micro-organismos Gram-negativos comprovada laboratorialmente. (45,1%) sobre os Gram-positivos (39,2%). No primeiro gruSepse: exige um dos seguintes sintomas ou sinais sem po houve maior frequência de Acinetobacter baumannii outra causa documentada: temperatura ≥ 38°C ou < 36°C, (24,0%) e Serratia marcescens (24,0%) e entre os cocos freqüência cardíaca > 90/min, contagem de leucócitos gram positivos a participação de Staphylococcus aureus foi >12.000 células/mm³ ou < 4000 células/mm³, freqüência de 15,0%. Os fungos leveduriformes representaram 12,0% respiratória > 20 irpm/min ou PaCO2 < 32 mmHg. do total de micro-organismos recuperados. (Tabela 3). Sepse grave: quando a sepse está associada a manifesta- 84 Saúde Coletiva 2011;08 (49):83-87 infectologia Faria ALS, Filho PPG, Ribas RM. Sepse grave e choque séptico na unidade de terapia intensiva de adultos do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia: avaliação dos critérios de definição, etiologia e fenótipos de resistência A presença de fenótipos de resistência epidemiologicamente importante foi expressiva com frequência de 66,7% para MRSA (Staphylococcus aureus resistente a meticilina), 85,7% MRSE (Staphylococcus epidermidis resistente a meticilina), 61,6% Enterobacteriaceae resistente a cefalosporina de 3ª e 4ª geração, 50% Pseudomonas aeruginosa resistente a imipenem e 100% Acinetobacter baumannii resistente a cefalosporina de 3ª e 4ª geração. Dados demostrados na tabela 4. “A sepse permanece como um grande desafio em todo o mundo e não é diferente em nosso país e a classificação do paciente séptico é muito controverso ainda. O estudo em questão pode contribuir com a literatura nacional, relacionando taxas de sepse, sepse grave e choque séptico em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva” DISCUSSÃO Durante o período de Março a Dezembro / 2009, foi realizado um estudo observacional prospectivo dos casos de sepse através de uma busca ativa de pacientes na UTI de adultos do HC-UFU. Como mencionado anteriormente, no Brasil há poucas publicações referentes a essas infecções nessas unidades, mas as evidências demonstram que essa questão é ainda mais expressiva, em função da presença significativa de infecções comunitá- rias, uso menos criterioso de antimicrobianos, falta de laboratórios, proporção inadequada de leitos para pacientes críticos e especialmente pela falta de tradição nas práticas de prevenção e controle de infecções hospitalares 8. As definições de sepse neste trabalho seguiram os critérios do CDC 7 e o resultado revelou taxas semelhantes às relatadas no Brasil 3, com a seguinte distribuição, no total dos casos de sepse: 30,9% (sepse clínica), 11,8% (sepse grave) e 57,3% (choque séptico). Em comparação com um estudo clássico de Rangel-Frausto e dados relatados na literatura 9 verificou-se uma frequência semelhante de sepse severa (cerca de 12%), ao contrário de um estudo realizado na mesma unidade no ano de 2007, o que demonstrou frequência de sepse grave de 42%. A disponibilidade de critérios microbiológicos observado foi expressiva (58,9%), particularmente nos casos de Saúde Coletiva 2011;08 (49):83-87 85 infectologia Faria ALS, Filho PPG, Ribas RM. Sepse grave e choque séptico na unidade de terapia intensiva de adultos do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia: avaliação dos critérios de definição, etiologia e fenótipos de resistência Tabela 1 - Incidência de sepse em pacientes internados na UTI Adulto do HC-UFU no período de março à dezembro de 2009. TAXAS PACIENTES N = 397 N= 68 (17,2%) 60 (88,2) 31 (51,7) 29 (48,3) 8 (11.8) SEPSE Hospitalar Adquirida dentro da UTI * Adquirida fora da UTI Comunitárias CLASSIFICAÇÃO DA SEPSE Sepse clínica Sepse Grave Choque séptico SEPSE PRIMÁRIA/ SECUNDÁRIA Sepse primária Sepse secundária Foco: Pulmão Abdominal Trato Urinário Pulmão + Abdominal Pulmão + trato urinário DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO Não Sim Sepse hospitalar Sepse Comunitária 21 (30,9) 8 (11,8) 39 (57,3) 47 (69,1) 21 (30,9) 9 (42,9) 8 (38,1) 1 (4,8) 2 (9,5) 1 (4,8) 28 (41,2) 40 (58,8) 37 (92,5) 3 (7,5) * Unidade de Terapia Intensiva sepse de origem hospitalar, sendo compatível com estudos realizados em países desenvolvidos10, apresentando como micro-organismos mais frequentes entre os cocos Grampositivo: Staphylococcus epidermidis (35,0%) e entre os Figura 1- Mortalidade total de pacientes com sepse clínica, sepse grave e choque séptico na UTI Adulto do HC-UFU no período de março a dezembro de 2009. Gram-negativos: Acinetobacter baumannii (24,0%) e Serratia marcescens (24,0%), semelhante aos dados de estudos recentes nos Estados Unidos 11. Em relação a outros patógenos importantes, a presença de isolados de Candida spp (12,0%) também foi compatível, mas a de Staphylococcus aureus (15%) e Enterococcus spp (10%) foram muito abaixo da relatada na literatura americana12. O problema de resistência é outro fator a ser considerado e mais significativo nas UTIs, onde verifica-se uma frequência cada vez mais elevada de infecções causadas por esses patógenos 5. Com o ajuste/descalonamento do tratamento antibiótico inicial, com base nos resultados microbiológicos, as infecções têm apresentado melhor prognóstico 13. A inexistência da prática de descalonamento somada à falta de boas práticas de controle e prevenção de infecções hospitalares permite disseminação horizontal de microrganismos e justifica a alta prevalência de amostras resistentes aos antibióticos nos hospitais brasileiros 14. Neste estudo observou-se frequência elevada de fenótipos de resistência de micro-organismos epidemiologicamente importantes na corrente sanguínea, tais como: MRSA (Methicillin – Resistant Staphylococcus aureus) (66,7%), MRSE (Methicillin – Resistant Staphylococcus epidermidis) (85,7%) Pseudomonas aeruginosa resistente a imipenem (50%%) e Enterobacteriaceae resistente a cefalosporina de terceira e quarta gerações (61,6%%). A incidência de sepse grave e a taxa de mortalidade nos Estados Unidos é alta, como mencionado anteriormente 15. No Brasil, aproximadamente 25% dos pacientes internados nas UTIs brasileiras apresentam critérios diagnósticos para sepse grave e choque séptico, com as seguintes taxas de mortalidade para sepse (34,7%), sepse grave (47,3%) e choque séptico (52,2%) 3. O estudo em questão também descreve a frequência de pacientes que evoluíram para óbito de acordo com as definições de sepse consideradas. Os resultados relativos à mortalidade, correspondem a 38,1%, 15,5%, e 38,5% nos pacientes com sepse, sepse grave e choque séptico respectivamente, semelhante à taxa de mortalidade relatada na Europa de 16%, 20%, e 46%, Tabela 2 - Sinais e sintomas de pacientes com sepse observados pelos intensivistas na UTI Adulto do HCUFU no período de março a dezembro de 2009. Critérios Diagnósticos 41,02% 38,09% 12,50% Choque séptico 86 Sepse grave Sepse clínica Pacientes com sepse N= 68 (%) Microbiológico 40 (58,9) Hipertensão 15 (22,4) Hipertermia 20 (29,9) Hipotermia 17 (25,4) Leucopenia 1 (1,5) Leucocitose 49 (72,1) Frequência Cardíaca maior que 90bpm 48 (70,6) Frequência Respiratório maior que 20 irpm 27 (39,7) PaCO2 menor que 32mmhg 31 (46,3) Uso de vasopressor 39 (57,4) Acidose Lática 21 (31,4) Saúde Coletiva 2011;08 (49):83-87 infectologia Faria ALS, Filho PPG, Ribas RM. Sepse grave e choque séptico na unidade de terapia intensiva de adultos do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia: avaliação dos critérios de definição, etiologia e fenótipos de resistência Tabela 3 - Etiologia de sepse em pacientes internados na UTI Adulto do HC-UFU no período de março a dezembro de 2009. MICRO-ORGANISMOS NÚMERO DE ISOLADOS RECUPERADOS DO SANGUE N= 51 (%) COCOS GRAM POSITIVOS 20 (39,0) Staphylococcus epidermidis 7 (35,0) Staphylococcus hominis 4 (20,0) Staphylococcus capitis 1 (1,9) Staphylococcus aureus 3 (15,0) Staphylococcus haemolyticus 3 (15,0) Enterococcus faecalis 2 (10,0) BACILOS GRAM NEGATIVOS 25 (49,0) Fermentadores 6 (24,0) Serratia marcescens 2 (8,0) Enterobacter cloacae 4 (16,0) Klebsiella pneumoniae 1 (4,0) Escherichia coli Não Fermentadores Stenotrophomonas maltophilia Acinetobacter baumannii Pseudomonas aeruginosa Não identificado FUNGOS LEVEDURIFORMES Candida albicans Candida tropicalis Candida spp 3 (12,0) 6 (24,0) 2 (8,0) 1 (4,0) 6 (12,0) 2 (33,5) 3 (50,0) 1 (16,5) respectivamente, excetuando-se uma maior mortalidade observada nos casos de sepse grave em Uberlândia 16 enquanto nos Estados Unidos estas frequências foram de 17% para sepse e 34% para sepse grave 13, 17. Tabela 4 - Frequência de fenótipos de resistência de microrganismos epidemiologicamente importantes isolados dos casos de sepse em pacientes internados na UTI-A do HC-UFU no período de março a Dezembro de 2009. Micro-organismo Nº de isolados N = 31 (%) S. aureus 3 (9,7) MRSA* 2 (66,7) Staphylococcus epidermidis 7 (22,6) MRSE** 6 (85,7) Família Enterobacteriaceae 13 (41,9) Resistente a cefalosporina de 3ª e 4ª geração 8 (61,6) Pseudomonas aeruginosa 2(6,4) Resistente a imipenem 1 (50,0) Acinetobacter baumannii 6(19,4) Resistente a cefalosporina de 3ª e 4ª geração 6 (100,0) * Staphylococcus aureus resistente a meticilina ** Staphylococcus epidermidis resistente a meticilina Conclusão A sepse permanece como um grande desafio em todo o mundo e não é diferente em nosso país e a classificação do paciente séptico é muito controversa ainda. O estudo em questão pode contribuir com a literatura nacional, relacionando taxas de sepse, sepse grave e choque séptico em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva. A incidência de sepse foi alta, com predominância das hospitalares primárias. A mortalidade total no caso de choque séptico foi compatível com a literatura. Os bacilos Gram negativos com destaque para Serratia marcescens e Acinetobacter baumannii foram os patógenos com maior frequência na etiologia da sepse com destaque para os fenótipos MRSA, MRSE, Enterobacteriaceae resistente a cefalosporina de 3ª e 4ª geração, Pseudomonas aeruginosa resistente a imipenem e Acinetobacter baumannii resistente a cefalosporina de 3ª e 4ª geração. Referências 1. Gastmeier P et al. Prevalence of nosocomial infection in representative German hospitals. Journal of Hospital Infection, 1998; 38: 37-49. 2. Gerlach H, Keh D. Recent progress in sepsis epidemiology – have we learned enough? Crit Care 2003; 7: 333-34. 3. Silva E et al. 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