Disciplina: L. Portuguesa – Roteiro de Recuperação
Ano / Série: 3ª
Professor (a): Juliane
Data: _____ / ______ / 2013
Conteúdo:
- Interpretação
- Concordância nominal e verbal
- Elementos de coesão
Palavra
Em constante evolução e empregando mecanismos de muita criatividade, uma língua não para
de anexar novos termos, enquanto outros caem no esquecimento
“Diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor”, indaga o músico e
compositor Chico Buarque na canção Almanaque, de 1981. Quem, como Chico, nunca se perguntou
onde é que nosso bê-á-bá começou? Pelo menos dois campos do conhecimento podem nos desvendar
os segredos das palavras: a etimologia, que se encarrega de explicar a origem e evolução delas, e a
filologia, que revela a história dos idiomas. Sendo assim, se alguém pode responder à pergunta do
compositor, são os estudiosos dessas áreas. O que se pode adiantar aos interessados no assunto é
que há risco de nunca verem saciada sua curiosidade acerca dos caminhos que levam às origens e aos
significados das palavras que compõem nossa língua no decorrer do tempo. É como um efeito dominó:
uma dúvida leva a outra que leva a outra...
Até meados de 2004, por exemplo, não se havia ouvido falar da palavra descatracalização, que
pode ser entendida como facilitação – embora um conhecido personagem do cartunista Laerte,
chamado justamente Homem-Catraca, já satirizasse, há muito tempo em tiras no jornal Folha de
S.Paulo, as inúmeras dificuldades impostas ao indivíduo e à sociedade. No entanto, de repente, o termo
estava em artigos de jornais, chegou a ser tema de redação do Vestibular 2005 da Fuvest (Fundação
Universitária para o Vestibular) e foi incorporado pela publicidade. Em fevereiro, valendo-se do termo
usado na prova, estudantes que protestavam em frente ao prédio da Fuvest, na Cidade Universitária,
em São Paulo, atearam fogo a uma catraca. O grupo pedia a descatracalização do ensino superior
público. Ou seja, pediam o fim do vestibular; o maior “catracalizador” para o ingresso às universidades.
Outra invasão recente é a palavra tsunami, que poucas pessoas conheciam até que a onda
gigante assolou parte do litoral da Indonésia, Índia e do Sri Lanka em dezembro de 2004. Hoje, um
sistema de busca da internet, como o Google, encontra cerca de 120 mil ocorrências do termo na rede.
No entanto, em boa parte dos contextos em que ele surge, é usado por associação de sentido, em
expressões como tsunami tributário, emocional e até cinematográfico, como detectou o jornalista
Eduardo Martins, autor do Manual de Redação e Estilo do jornal O Estado de S.Paulo. “O crítico
Ricardo Calil, no site No Mínimo, arrasou o filme mais recente de Oliver Stone, Alexandre, referindo-se
a ele como um ‘desastre de proporções épicas, um tsunami cinematográfico'”, conta.
A dúvida de muitos é: vocábulos que passamos a ouvir há pouco tempo não existiam antes
disso? Em muitos casos, existiam, sim, escondidos entre os milhares de verbetes de um dicionário. O
Houaiss, por exemplo, acusa a primeira ocorrência de tsunami em 1897. Ao passo que, em São Paulo,
já há oito anos circula uma revista de quadrinhos com esse nome. No entanto, há vários meios de
enriquecimento do léxico de uma língua. “Esse dinamismo que permite a inovação do vocabulário
ocorre de várias maneiras”, explica o linguista Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília
(UnB). “Pode haver um empréstimo de palavras estrangeiras, atribuição de sentido novo a um termo
que já existe, como é o caso do famoso tsunami, ou ainda a criação de um novo termo com base na
morfologia [parte da gramática que estuda as classes de palavras da própria língua.”
É exatamente nesse último mecanismo descrito pelo linguista que se encaixa a tal da
descatracalização, palavra inventada com base em outra que já existe – no caso, catraca. Ou, para usar
o nome correto que se dá a essas “invenções”, um neologismo. “O neologismo nasce da necessidade
que o falante sente de expressar alguma idéia nova ou nomear algum objeto da realidade para o qual a
língua não tem palavra”, esclarece o professor Bagno. “Quando uma dessas inovações é adotada por
um número maior de falantes, ela passa a ser de domínio social e ingressa no repertório de recursos
verbais da língua.”
Tudo começou quando o Sesc São Paulo recebeu uma proposta de um grupo de artistas,
chamado Contra Filé, para uma exposição na galeria da unidade Av. Paulista. Posteriormente, entre
maio e junho do ano passado, o Contra Filé e mais quatro outros grupos foram convidados pelo Sesc
São Paulo para participar do projeto Zona de Ação, parte das atividades do Fórum Cultural Mundial. A
idéia era que cada um deles investigasse uma região da cidade e propusesse uma ação local. O grupo
Contra Filé foi enviado à Zona Leste. E, mesmo que inicialmente o grupo tenha resistido à idéia de
investigar in loco como funciona a vida da região – “não tínhamos vontade de entender a Zona Leste
fisicamente”, confessa Cibele Lucena, uma das integrantes –, a empreitada deu o que falar. O grupo se
reuniu com a equipe de técnicos do Sesc Itaquera e, por meio da unidade, conseguiu chegar até alguns
moradores. “Começamos a pensar em abordar algo que falasse a todos”, continua Cibele. “A idéia da
descatracalização surgiu a partir desse conflito.” Após algumas oficinas e convívio numa região até
então desconhecida para os artistas do Contra Filé, eles criaram, junto com os moradores, um
programa para a “descatracalização da vida” – algo como torná-la mais simples e sem entraves, ou,
melhor dizendo, sem catracas. Para representar essa idéia, construíram o Monumento à Catraca
Invisível. Houve até assembléias públicas para discutir o significado da palavra que acabava de ser
inventada. “Houve quem enxergasse a catraca como símbolo de algo que emperra, dificulta”, conta a
artista. “E isso pode ser literal ou subjetivo. Existem ‘catracas' que impedem as pessoas de chegar
fisicamente a um lugar, radiais, avenidas ou rodoanéis com trânsito difícil. Existem também as catracas
sociais, as raciais e as históricas, que dificultam a vida de outras maneiras.” O grupo chegou a colocar
uma catraca num pedestal no Largo do Arouche. A imprensa ficou sabendo, noticiou o caso e a
descatracalização começou a ganhar terreno. “Trata-se da inscrição de um fato portador de futuro”,
define Jerusa Messina, outra integrante do Contra Filé, numa linguagem um tanto complicada para a
proposta do grupo. O fato é que, uma vez estampada nos jornais, a nova palavra chegou, finalmente, à
Fuvest, o concorrido vestibular que seleciona os futuros alunos da Universidade de São Paulo (USP).
“Nosso interesse foi tomando corpo ao nos determos longamente sobre o todo do projeto do grupo
artístico Contra Filé”, explica Walkiria Bisaccia, da diretoria da Fundação Universitária para o Vestibular.
Daí a cair nas graças da publicidade foi um pulo e acabou estampando outdoors de um banco.
Uma busca na internet permite, ainda, perceber que o vocábulo continua em trânsito. É tema de
artigos de linguistas e ecoa até no ambiente religioso, com pastores que pedem a descatracalização da
evangelização, ou seja, a abolição de palavras difíceis durante o culto.
Deu para descatracalizar?
(Revista E, n.º 95, SESC )
1. Redija um parágrafo abordando o ponto de vista defendido pelo texto.
2. Há várias formas de garantir o ponto de vista que se quer defender comparações, exemplificações,
citações, enumerações de dados. Que maneira o autor escolheu para garantir a idéia que
defendeu? Justifique sua resposta com trechos do texto.
3. Há um cronista muito importante no Brasil, cujo nome é Luís Fernando Veríssimo. Ele tem pontos de
vista muito interessantes sobre a gramática e seus usos. Em uma de suas crônicas - O gigolô das
palavras - , ele narra uma entrevista dada a alguns alunos do colégio Farroupilha, quando, entre
outras, faz a seguinte afirmativa:
(...) a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada
exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames
mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever
bem é escrever claro, não necessariamente certo.
(...) Um escritor que passasse a respeitara intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente
quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a tediosa formalidade
de um marido.
(...) A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda.
In: LUFT, Celso Pedro. Língua e Liberdade. São Paulo: Ática, 1995.
Redija um parágrafo demonstrando a relação entre as idéias de Luis Fernando Veríssimo, retiradas da
crônica “O gigolô das palavras” e o texto “Palavras”.
4. Redija um parágrafo demonstrando qual o exemplo dado no texto é mais consistente e como o autor
faz para revelar isso.
5. Releia o trecho em destaque.
A dúvida de muitos é: vocábulos que passamos a ouvir há pouco tempo não existiam antes
disso? Em muitos casos, existiam, sim, escondidos entre os milhares de verbetes de um dicionário. O
Houaiss, por exemplo, acusa a primeira ocorrência de tsunami em 1897. Ao passo que, em São Paulo,
já há oito anos circula uma revista de quadrinhos com esse nome. No entanto, há vários meios de
enriquecimento do léxico de uma língua. “Esse dinamismo que permite a inovação do vocabulário
ocorre de várias maneiras”, explica o linguista Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília
(UnB). “Pode haver um empréstimo de palavras estrangeiras, atribuição de sentido novo a um termo
que já existe, como é o caso do famoso tsunami, ou ainda a criação de um novo termo com base na
morfologia [parte da gramática que estuda as classes de palavras] da própria língua.”
É exatamente nesse último mecanismo descrito pelo linguista que se encaixa a tal da
descatracalização, palavra inventada com base em outra que já existe – no caso, catraca. Ou, para usar
o nome correto que se dá a essas “invenções”, um neologismo. “O neologismo nasce da necessidade
que o falante sente de expressar alguma idéia nova ou nomear algum objeto da realidade para o qual a
língua não tem palavra”, esclarece o professor Bagno. “Quando uma dessas inovações é adotada por
um número maior de falantes, ela passa a ser de domínio social e ingressa no repertório de recursos
verbais da língua.”
Identifique o aspecto teórico em discussão neste trecho.
As questões 6 e 7 referem-se ao texto a seguir.
6. No que se refere aos recursos de linguagem observados no texto, é CORRETO afirmar:
a) O emprego dos verbos "começar" e "ser" e do termo "Paraíso" indica que há uma associação
natural entre o espaço físico e as ações nele situadas.
b) O emprego da expressão "como outra qualquer", no segundo quadrinho, dá um sentido genérico à
"rua".
c) O emprego da expressão "Socorro! Polícia!", no terceiro quadrinho, nega o conteúdo da expressão
"E esse é o problema!".
d) O emprego de termos como "uma", "outra" e "esse" atenua o caráter de denúncia desse texto.
7. Considerando-se a sequência linear dos quadrinhos, conclui-se que o texto
a) restringe-se, em sua abrangência de significado, aos acontecimentos ocorridos num determinado
lugar.
b) destaca, na passagem do primeiro para o segundo quadrinho, a relação de causalidade existente
entre
os fatos relatados.
c) evita o elemento surpresa, já que a conclusão confirma a expectativa sugerida no primeiro
quadrinho.
d) com a introdução repentina de elementos inesperados no terceiro quadrinho, denuncia a
generalização da violência a partir da realidade de um espaço específico.
8.
Enquanto a população se embriaga de crédito...



Desde janeiro de 2004, mais de 5 milhões, de pessoas receberam 15,5 bilhões de reais emprestados com
desconto em folha de pagamento
Nos últimos dois anos, ábriram-se 7,6 milhões de contas especiais para pessoas de baixa renda. Messas
contas, cerca de 3,5 milhões de.clientes receberam 1,5 bilhão de reais emprestados
No mesmo período, o uso do cheque especial subiu de 9 biihões para 11,5 bilhões de reais
VEJA. São Paulo: Abril 18 abr.2005.
IDENTIFIQUE, nessa notícia retirada da Revista Veja, as duas ocorrências de sujeitos formados por
expressões que indicam quantidade aproximada e responda: com qual palavra verbo concorda em cada
caso?
9.
Paquerar é preciso!
Vencer o medo de se expor, ficar atento aos sinais de aceitação e aprender a suportar uma
possível rejeição. Parece complicado, mas vale a pena arriscar
Rita Moraes
A troca de olhares, o ir-e-vir de
sorrisos, o jogo de corpo, uma certa
cumplicidade e o papo bom que se estende
até quando falta assunto. As delícias de uma
boa paquera fazem o coração bater mais
forte. Seja pela presença daquela pessoa
especial, seja pelo desejo físico ou
simplesmente pela própria arte da conquista.
Uma arte que pode e deve ser desenvolvida.
Afinal, a paquera é o prelúdio de qualquer
relacionamento amoroso. E mesmo os mais
atabalhoados e tímidos – suando em bicas ou
não –, têm que passar por essa etapa. Um
pouco de esforço para vencer o medo de se
expor e a observação de alguns gestos e
atitudes do parceiro ajudam a perceber se a
paquera está no caminho certo. (leia o
quadro)
No trecho da reportagem acima, você encontra diversos exemplos de verbos no infinitivo. SUBLINHEOS e responda: por que se usou a forma flexionada ou a não flexionada? Justifique suas respostas.
10. (Fuvest-SP - 2- fase) "A Polícia Federal investiga os suspeitos de terem ajudado na fuga para o
Paraguai e a Argentina. A polícia desses países não puderam prendê-los porque o governo
brasileiro não fez o pedido formal de captura."
(Adap. de O Estado de S. Paulo, 22/8/93.)
a) No 2º período, há uma infração às normas de concordância. REESCREVA de maneira correta.
b) INDIQUE a causa provável dessa infração.
(PUC-Minas) Para responder às questões 11 e 12, leia com atenção o texto apresentado a seguir,
extraído de uma publicidade divulgada em revista de circulação nacional.
Lycra é marca registrada.
Igualzinha àquela que tem na ponta do seu dedo. Lycra é marca única, própria. Na hora de comprar
lingeries, biquinis, meias, blusas, calças, veja se tem esta etiqueta.
Mais do que um certificado de qualidade, é um certificado de personalidade.
Ela indica que o fio no tecido é resultado de anos de pesquisa e de constante aperfeiçoamento.
11. Assinale a alternativa que apresenta análise INADEQUADA do texto.
a) O vocabulário igualzinha é elemento que tem a função coesiva de retomar a expressão marca
registrada.
b) O vocabulário àquela remete a um elemento que não foi explicitado no texto.
c) A expressão na ponta de seu dedo tem, no texto, a função de oferecer indicações acerca do
elemento ao qual se refere o vocábulo àquela.
d) O leitor deve atribuir à expressão na ponta de seu dedo significado metafórico.
12. Assinale a alternativa que apresenta análise INADEQUADA do texto ou de um de seus elementos.
a) O enunciado Lycra é marca única, própria é paráfrase do enunciado que abre o texto: Lycra é
marca registrada.
b) Considerando-se o modo como as expressões certificado de qualidade e certificado de
personalidade são encadeadas no texto, pode-se dizer que a expressão certificado de
personalidade é apresentada como argumento mais forte que certificado de qualidade.
c) O pronome ela é um elemento de coesão que retoma a expressão marca única.
d) O vocábulo lingerie é exemplo de estrangeirismo que, em função do uso corrente, passa
despercebido para muitos brasileiros, em situações de oralidade.
13.
Na tirinha acima, você diria que a palavra “meio” se comporta como adjetivo ou como advérbio?
JUSTIFIQUE sua resposta.
14. Nas tirinhas abaixo, a palavra “só” tem o mesmo valor? JUSTIFIQUE sua resposta.
15.
ISTO É.São Paulo: Editora Três, 15 mar. 2006.
Nessa "carta do leitor", da Revista IstoÉ, podemos encontrar um desvio de concordância nominal em
relação à norma culta. Qual seria ele? JUSTIFIQUE sua resposta.
As questões 16 e 17 referem-se a duas piadas retiradas de uma agenda estudantil publicada em 2003
(possenti, , Sírio. Agenda estudantil 2003/sírio possenti. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras,
2003).
16.
Falante A: - Conhece o Dr. Elias?
Falante B: - Conheço.
Falante C - É um médico muito famoso.
Falante B: - É mesmo. A fama dele vai daqui ao outro mundo...
Sobre esse texto, assinale a alternativa INCORRETA.
a)
b)
c)
d)
Não se pode dizer que o falante B conheça o Dr. Elias.
Na última intervenção do falante B, está presente a ironia.
Os falantes A e B dão sentido diferente à palavra "famoso".
Com a sua segunda intervenção, o falante A introduz uma informação que supõe ser compartilhada
com o falante B.
17. ANÚNCIOS:
"Se sua sogra é uma jóia... termos o melhor estojo (Funerária Sousa)"; "Vndo máquina d scrvr com falta
d uma tela"; "Dãoce aulas de hortografya".
Assinale a alternativa INCORRETA ao texto anterior.
a) No primeiro anúncio da piada, a informação entre parênteses determina o sentido dos vocábulos
"jóia" e "estojo".
b) No segundo anúncio da piada, o problema de grafia, além de não impedir a compreensão do
enunciado, é responsável pela produção de humor.
c) No terceiro anúncio da piada, o humor se produz em razão de o enunciado demonstrar o
desconhecimento do anunciante quanto às convenções de grafia e às regras de concordância,
tendo em vista o serviço oferecido.
d) O humor na piada é produzido com base na associação que se deve fazer entre as informações
explícitas nos anúncios e aquelas que podem ser inferidas pelo leitor.
Leia o texto e responda às questões 18 a 20.
(UFMG)
O idioma, vivo ou morto?
O grande problema da língua pátria é que ela é viva e se renova a cada dia. Problema não
para a própria língua, mas para os puristas, aqueles que fiscalizam o uso e o desuso do idioma.
Quando Chico Buarque de Hollanda criou na letra de Pedro Pedreiro o neologismo "penseiro", teve
gente que chiou. Afinal, que palavra é essa? Não demorou muito, o Aurélio definiu a nova palavra no
seu dicionário. Isso mostra o vigor da Língua Portuguesa. Nas próximas edições dos melhores
dicionários, não duvidem: provavelmente virá pelo menos uma definição para a expressão segura o
tcham. Enfim, as gírias e as expressões populares, por mais erradas ou absurdas que possam parecer,
ajudam a manter a atualidade dos idiomas que se prezam.
O papel de renovar e de atualizar a língua cabe muito mais aos poetas e ao povo do que
propriamente aos gramáticos e aos dicionaristas de plantão. Nesse sentido, é no mínimo um absurdo
ficar patrulhando os criadores. Claro que os "erros"devem ser denunciados. Mas há uma diferença entre o
erro propriamente dito e a renovação. O poeta é, portanto, aquele que provoca as grandes mudanças na
língua. Pena que o Brasil seja um país de analfabetos. E deve-se entender como tal não apenas aqueles
60 milhões de "desletrados" que o censo identifica, mas também aqueles que, mesmo sabendo o
abecedário, raramente fazem uso desse conhecimento. Por isso, é comum ver nas placas a expressão
"vende-se à p raso", ern vez de vende-se a prazo; ou meio-dia e meio, em vez de, como é mesmo?
O português de Portugal nunca será como o nosso. No Brasil, o idioma foi enriquecido por
expressões de origem indígena e pelas contribuições dos negros, europeus e orientais que para cá
vieram. Mesmo que documentalmente se utilize a. mesma língua, no dia-a-dia o idioma falado aqui nunca
será completamente igual ao que se fala em Angola ou Macau, por exemplo. Voltando à questão inicial,
não é só o cidadão comum que atenta contra a língua pátria. Os intelectuais também o fazem, por querer
ou por mera ignorância. E também nós outros, jornalistas, afinal, herrar é uma-no, ops, errare humanum
est. Ou será oeste?
SANTOS, Jorge Fernando dos. Estado de Minas, Belo Horizonte, 10 jun. 1996. (Texto adaptado)
18. Em todas as seguintes passagens, o autor deixa transparecer ideias que ele mesmo considera
puristas, EXCETO em
a) Claro que os erros devem ser denunciados. Mas há uma diferença entre o "erro" propriamente
dito e a renovação.
b) ... não é só o cidadão comum que atenta contra a língua pátria.
c) Nesse sentido, é no mínimo um absurdo ficar patrulhando os criadores.
d) Pena que o Brasil seja um país de analfabetos. [...] Por isso, é comum ver nas placas a
expressão "vende-se à praso"...
19. Assinale a alternativa em que o autor, ao defender o dinamismo da língua, incorre em uma
contradição.
a)
b)
c)
d)
Não demorou muito, o Aurélio definiu a nova palavra no seu dicionário.
Enfim, as gírias e as expressões populares [...] ajudam a manter a atualidade dos idiomas...
O papel de renovar e de atualizar a língua cabe muito mais aos poetas e ao povo...
O poeta é, portanto, aquele que provoca as grandes mudanças na língua.
20. Assinale a alternativa em que o trecho destacado apresenta uma forma que é consagrada na
oralidade e que NÃO é aceita pelas regras da norma escrita culta.
a) E deve-se entender como tal não apenas aqueles 60 milhões de cdesletrados'' que o censo
identifica...
b) E também nós outros, jornalistas, afinal, herrar é umano, ops, errare humanum est.
c) No Brasil, o idioma foi enriquecido [...] pelas contribuições dos negros, europeus e orientais que para
cá vieram.
d) Quando Chico Buarque de Hollanda criou [...] o neologismo “penseiro", teve gente que chiou.
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Lingua Portuguesa 3ª Série