MUNICÍPIO EMPREENDEDOR: POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRABALHO, RENDA E EMPREENDEDORISMO Correspondência para: Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE Av. Barão de Studart, 598 - Aldeota CEP 60120-000 Fortaleza-CE Tel.: (085)3131-3801 Fax.: (085)3131-3807 Endereço Eletrônico: [email protected] Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT Av. da Universidade, 2596 Benfica CEP 60020-180 Fortaleza-CE Tel.: (085) 3254-2525 Fax.: (085) 3251-1033 Endereço Eletrônico: [email protected] INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO Governador do Estado do Ceará LÚCIO GONÇALO DE ALCÂNTARA Vice-Governador do Estado do Ceará FRANCISCO DE QUEIROZ MAIA JÚNIOR Secretário do Trabalho e Empreendedorismo ROBERTO EDUARDO MATOSO Secretário Adjunto do Trabalho e Empreendedorismo JOSÉ JOAQUIM NETO CISNE Presidente do IDT JOÃO PRATAGIL PEREIRA DE ARAÚJO Diretor Administrativo-Financeiro do IDT JOSÉ NOGUEIRA SOBRINHO Diretor de Estudos e Pesquisas do IDT MARDÔNIO DE OLIVEIRA COSTA Diretor de Promoção do Trabalho do IDT WANDERLEI REIS Idealização do Projeto: Roberto Eduardo Matoso Coordenação: João Pratagil Pereira de Araújo José Joaquim Neto Cisne Supervisão Editorial: Ana Clara Braga Meneses Danielle Campos de Aguiar Programação Visual e Editoração: Antônio Ricardo Amâncio Lima David Tahim Alves Brito Revisão: Eliane Soares de Paiva Regina Helena Moreira Campêlo Colaboração Técnica: Ana Clara Braga Meneses Antenor Tenório de Britto Júnior Arlete Rebouças Azevedo Beatriz Lopes Villar de Queiroz Cristina Monte Luz Danielle Campos de Aguiar Inácio José Bessa Pires Indangélica Ribeiro Cunha Jair do Amaral Filho Jidlafe Rosa Rodrigues João Pratagil Pereira de Araújo João Bosco Sampaio José Joaquim Neto Cisne José Luiz Pires Marcelo Bandiera Pereira Mardônio de Oliveira Costa Maria Christina Machado Públio Maria de Fátima Lima Romero Maria Edny Silva Lemos Maria Helena Portela Deus Martins Noemi Nascimento Branco Rita de Cássia R. Pereira Robson Bezerra Almeida Sebastião Lopes de Araújo MUNICÍPIO EMPREENDEDOR: POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRABALHO, RENDA E EMPREENDEDORISMO INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO Apresentação Ao lançar esse manual de orientação de políticas públicas, o Governo do Estado pretende informar, nortear e estimular os prefeitos na adoção de medidas capazes de gerar trabalho e renda nos municípios cearenses. A melhoria dos indicadores sociais do Ceará é o maior desafio dos atuais governantes, e esse desafio só será vencido com a criação de postos de trabalho e o amparo à cultura empreendedora, dentre outras iniciativas que estão sendo levadas adiante com o apoio da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo (SETE). Para responder à rapidez das mudanças no cenário econômico e às exigências das políticas de desenvolvimento, nós elaboramos o Programa Ceará Empreendedor, que converge políticas públicas para o fortalecimento do Estado, valorizamos a participação de todos os atores envolvidos com ações de desenvolvimento, estimulamos a parceria com a sociedade organizada, sindicatos, associações comunitárias e outros agentes de mudança, e reconhecemos a importância da complementaridade das competências de cada parceiro envolvido. O Ceará, apesar dos imensos problemas que enfrenta, tem uma mão-de-obra disposta a aprender e uma cultura empreendedora cada vez mais forte. Com os arranjos produtivos locais, os investimentos em cursos de capacitação e reciclagem do trabalhador, a simplificação, da legislação tributária, a “incubação” de micro e pequenos negócios, a atenção contínua aos processos produtivos da indústria e do comércio, e o aproveitamento do talento natural para o artesanato e o turismo, podemos criar grandes oportunidades de crescimento e progresso para o Estado. É preciso também zelar pela inclusão dos segmentos da sociedade geralmente apartados do processo de desenvolvimento econômico e social. Por isso, na criação de novos negócios, destacamos a importância da responsabilidade social e o conceito de empresas cidadãs, que atuam como agentes de transformação social, gerando impactos positivos para as comunidades, com postura ética, transparência e a serviço do bem comum. Lúcio Alcântara Governador do Estado do Ceará Apresentação A criação de oportunidades é o grande desafio que se estabelece neste novo milênio. Precisamos de diferentes formas de pensar o hoje e buscar estratégias que proporcionem um amanhã melhor. Para tanto, reconhecemos que uma das grandes dificuldades deste cenário sócio-econômico reside na ampliação da capacidade de geração de trabalho e renda para o desenvolvimento regional. O trabalho, como fonte da dignidade humana, é um bem precioso que deve ser proporcionado aos cidadãos. Todos eles precisam de oportunidades para construírem, com seu próprio esforço, os alicerces para uma vida futura. Entretanto, para oferecer este bem-estar para a comunidade é necessário que cada administrador desenvolva alternativas socialmente responsáveis. A geração de renda, como fonte de desenvolvimento do município. A criação de novos modelos economicamente viáveis, frente à realidade local, que possibilitem soluções empreendedoras de uma nova realidade. Ciente de que o desafio é grande, o Governo do Estado criou a Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo, onde atuamos no sentido de definir políticas de geração de trabalho e renda para todo o Estado. Você, prefeito, também pode fazer o mesmo em seu município. Pode articular oportunidades para sua comunidade, fortalecendo a dinâmica interna ou criando novos espaços econômicos. Esperamos que este manual auxilie no processo de criação de trabalho e renda em seu município, pois acreditamos que os resultados que podem ser alcançados através desta nova postura gratifiquem todos os esforços. Roberto Eduardo Matoso Secretário do Trabalho e Empreendedorismo Apresentação A formulação de políticas públicas para solucionar os problemas dos municípios cearenses é o desafio que se coloca a todos os prefeitos eleitos em 2004. Todos se depararão com o grave problema do desemprego, do qual derivam outros problemas econômicos e sociais, que tornam a nossa sociedade vulnerável e, muitas vezes, impotente para oferecer soluções que minimizem as suas conseqüências. Sem trabalho digno o cidadão e seus familiares ficam privados do acesso a educação, saúde, habitação, cultura, lazer e segurança. O Governo do Estado do Ceará fez a opção estratégica de promover o crescimento do Estado com a inclusão social do cearense. Para isto elegeu o empreendedorismo como alternativa para ampliar as oportunidades de geração de emprego e renda com foco na competitividade e no território, envolvendo ações que induzirá o crescimento econômico por meio do fortalecimento das micro e pequenas empresas, atração de investimentos, implantação de uma política integrada de turismo, desenvolvimento de uma política agrícola focada no agronegócio, na irrigação e na agricultura familiar, e promoção da competitividade do comércio cearense. O Instituto de Desenvolvimento do Trabalho, cuja missão é “Viabilizar soluções para o desenvolvimento do trabalho e empreendedorismo visando a inclusão social”, associou - se à iniciativa da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo, para elaborar o manual “Município Empreendedor - Políticas Públicas de Trabalho, Renda e Empreendedorismo”, com o objetivo de oferecer aos prefeitos municipais eleitos , seus secretários e demais gestores de sua equipe, conceitos, propostas de políticas de geração de trabalho e renda, estratégias, exemplos e teorias de como desenvolver um município empreendedor, capaz de criar inovações geradoras de trabalho, renda e empreendedorismo para o seu povo. Desejamos que o referido documento contribua para inspirar e iluminar todos os prefeitos municipais e demais gestores públicos na criação das soluções necessárias para se construir um Ceará Empreendedor, a grande meta do Governo Lúcio Alcântara e de toda a sociedade cearense. João Pratagil Pereira de Araújo Presidente do IDT Índice 1. O que são políticas públicas?........................................................................................................................................14 2. As políticas públicas do trabalho...................................................................................................................................16 3. A Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE...............................................................................................17 4. O Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT ......................................................................................................19 5. As políticas públicas no Ceará para a geração de trabalho, renda e empreendedorismo ...............................................22 5.1 Ajudando micro e pequenas empresas a crescer...........................................................................................................22 5.2 Sistema Nacional de Emprego - SINE.........................................................................................................................23 6.Gerando trabalho, renda e empreendedorismo - programas estaduais............................................................................25 6.1 Programa Ceará Empreendedor...................................................................................................................................25 6.2 Programa Compre da Gente........................................................................................................................................29 6.3 Programa Portas Abertas.............................................................................................................................................30 6.4 Programa Cearense de Artesanato...............................................................................................................................33 7.A Capacitação como incentivo ao desenvolvimento - programas estaduais.....................................................................35 7.1 Rede Ceará de Educação Profissional .........................................................................................................................35 7.2 Programa de Educação Profissional.............................................................................................................................36 8. União, Estados, Municípios e Iniciativa Privada cada um tem seu papel......................................................................39 9. Atores e responsabilidades na construção de uma política pública de trabalho e empreendedorismo no município...........................................................................................................................................................................42 Índice 9.1 Prefeitura Municipal.....................................................................................................................................................42 9.2 Câmara de Vereadores.................................................................................................................................................43 9.3 Sociedade Civil Organizada.........................................................................................................................................44 9.4 Conselhos e Organizações Não-Governamentais - Ongs.............................................................................................44 10. O papel dos Conselhos do Trabalho...........................................................................................................................45 10.1 O que é o Conselho Estadual do Trabalho - CET ?....................................................................................................45 10.2 O papel do CET .......................................................................................................................................................45 10.3 O que é o Conselho Municipal do Trabalho - COMUT e suas atribuições?................................................................46 11. Planeje o desenvolvimento do seu município.............................................................................................................48 12. O governo empreendedor..........................................................................................................................................49 12.1.Governo empreendedor municipal............................................................................................................................52 12.2 A inovação e o empreendedorismo municipal...........................................................................................................53 12.3 De onde vêm as inovações no setor público?.............................................................................................................53 12.4 Gestores municipais: os agentes da inovação.............................................................................................................54 12.5 A lógica e a dinâmica das inovações.........................................................................................................................55 12.6 A psicologia das inovações: dificuldades para implantação de inovações...................................................................56 12.7 O papel da liderança na inovação e o “prefeito empreendedor”................................................................................56 12.8 A difusão da inovação...............................................................................................................................................58 10 Índice 12.9 Incerteza, inovação incremental e sinergia...........................................................59 13. O município em ação.................................................................................................................................................61 . 13.1 Realização do planejamento estratégico municipal.....................................................................................................61 13.2 Elaboração do Plano Diretor do município................................................................................................................63 13.3 Os consórcios intermunicipais de desenvolvimento......................................................................................................65 14. Como identificar as potencialidades locais..................................................................................................................69 15. Novos caminhos - Fundos de apoio ao desenvolvimento econômico e de combate à pobreza.........................................70 15.1 FCE - O Fundo de Financiamento às Micro, Pequenas e Médias Empresas do Estado do Ceará .....................................70 15.2 FECOP - Fundo Estadual de Combate à Pobreza.................................................................................................70 16. Políticas de Desenvolvimento Territorial .....................................................................................................................72 16.1 Desenvolvimento Local Integrado Sustentável...........................................................................................................72 16.2 Arranjos Produtivos Locais - APLs...............................................................................................................................73 17. Onde buscar informações e apoio ..............................................................................................................................75 17.1 Ministério do Trabalho e Emprego - MTE...................................................................................................................75 17.2 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio - MDIC .................................................................................75 17.3 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Programa Fome Zero ...................................................75 17.4 Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT..................................................................................................................75 17.5Ministério da Integração Nacional-MIN..................................................................................75 11 Índice 17.6 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.........................................................................75 17.7 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE ................................................................................................75 17.8 Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP ............................................................................................................75 17.9 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE.....................................................................76 17.10 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA...................................................76 17.11 Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - IPECE ..............................................................................76 17.12 Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais - PÓLIS ..............................................................76 17.13 Programa Gestão Pública e Cidadania - EAE SP-FGV, Fundação Ford, BNDES .....................................................76 17.14 Instituições financeiras.............................................................................................................................................76 Diagrama..........................................................................................................................................................................77 Glossário...........................................................................................................................................................................78 Glossário de siglas............................................................................................................................................................86 Anexos...................................................................................................................................................................................88 01. O mercado de trabalho do Estado do Ceará............................................................................................................88 02. Fontes 2.1Pesquisa de informações Nacional de Amostra sócio-econômicas por domicílio - municipais...........92 PNAD...............................92 2.2 Pesquisa Desemprego e Subemprego........................................................................................................93 2.3Relaçãode Informações Sociais - RAIS................................................................94 2.4 Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED..................................................97 12 Introdução O desemprego desponta neste século como um dos problemas mais graves que atingem as pessoas, independente de raça, cor, religião ou opção partidária. A globalização da economia e a revolução tecnológica, aliados à defasagem educacional e tecnológica, têm provocado a aceleração do processo de exclusão dos trabalhadores do mercado de trabalho, cada vez mais exigente e em busca permanente de competitividade. Para se opor a esta realidade, os governantes têm um importante e indelegável papel de formular e executar políticas públicas que promovam o desenvolvimento econômico e social de seu povo. Entre as estratégias, destacam-se as políticas públicas de geração de trabalho, renda e empreendedorismo, por serem instrumentos que possibilitam a entrada, economicamente produtiva, do maior número de pessoas no mercado de trabalho, contribuindo para a elevação da qualidade de vida de toda a população. Essas políticas são instrumentos indispensáveis a uma gestão voltada para a inclusão social e o desenvolvimento econômico. Desta forma, são peças fundamentais no processo de administração pública, onde a responsabilidade social é o foco central do processo. O Governador do Estado do Ceará, Lúcio Alcântara, preocupado com as altas taxas de desemprego registrados no Estado e, principalmente, no município de Fortaleza, fez inovação no processo de políticas públicas para a geração de trabalho e renda; optou estrategicamente pela valorização desta área, criando a primeira Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo do Brasil, responsável pela formulação e execução de políticas, programas e projetos, apresentados neste Manual. A solução desse grave problema não depende apenas dos Governos Estadual e Federal, mas de todos os governantes, entre os quais os municipais, que respondem pela maior representatividade geográfica e espacial dos territórios e populações. Isto exige que tais políticas sejam elaboradas de acordo com as vocações e potencialidades locais, tendo a participação de todos os segmentos econômicos e sociais, seus principais alvos e beneficiários. Para auxiliar nessa jornada, a Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo e o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho elaboraram o Manual “Município Empreendedor - Políticas Públicas de Trabalho, Renda e Empreendedorismo”, com o objetivo de apresentar aos prefeitos municipais as soluções encontradas pelo Governo do Estado e elementos de referência que facilitem a elaboração e implementação de políticas que reduzam o desemprego e promovam a inclusão social das populações excluídas. 13 1 O que são políticas públicas? Para iniciar o processo de formulação de l. Identificação e definição dos problemas; 2. Percepção de uma problemática atual ou futura; considerando tanto os aspectos políticos quanto os aspectos técnicos, resultante de: políticas públicas de trabalho, renda e empreendedorismo, faz-se necessário revisar o marco conceitual que define essas políticas. Demandas políticas. Demandas sociais. Necessidades identificáveis. Juízos de valor sobre certa ralidade. Compromissos políticos assumidos. Na literatura há inúmeras definições de políticas públicas, entre elas salientamos a do autor mexicano Carlos Ruiz Sanchez, em seu “Manual para la elaboración de políticas públicas”, (pág.10-63). Das diversas definições avaliadas pelo autor acima referido, a que mais se adapta à nossa realidade é a proposta por F.M. Frohock, em “Public Policy. Scope and Logic”, (pág.11), por ser a mais ampla e completa: Uma política pública é: Uma prática social e não um evento singular ou isolado, ocasionado pela necessidade de: 1. Conciliar demandas conflitivas; 2. Estabelecer incentivos de ação coletiva entre aqueles que compartilham metas, porém encontram dificuldade irracional de cooperar com outros. Os passos para a elaboração preliminar das proposições de políticas públicas são: 3. Seleção de soluções; 4. Estabelecimento de alguns objetivos ou metas preliminares; e 5. Pré-seleção de meios imediatos (técnico, equipe, recursos financeiros, parcerias, entre outros) para solução dos problemas. Desta forma, podemos concluir que as políticas públicas são um conjunto de escolhas definidas por aqueles que representam uma determinada população, para direcionar seus trabalhos em prol daquela comunidade. Estas escolhas passam por uma seleção criteriosa de prioridades, com o objetivo de elevar o nível de qualidade de vida das pessoas e promover o desenvolvimento da região. Na formulação das políticas públicas os 14 governantes devem considerar, entre outras questões, a sua necessidade, pertinência, aplicabilidade, viabilidade, prioridade e disponibilidade financeira para a devida implementação nas diversas áreas de atuação, tais como: saúde, infra-estrutura, educação, segurança, geração de trabalho e renda, cultura, agricultura, entre outras. 15 2 As políticas públicas do trabalho O objetivo de tais políticas é o de contribuir para a inserção produtiva no mercado de trabalho do maior número possível de trabalhadores, condição indispensável para a melhoria das suas condições de vida. Para enfrentar esse desafio foi criado, pelo Governo Federal, em 1975, o Sistema Nacional de Emprego - SINE, que congrega os principais instrumentos operacionais da política pública de trabalho, que são: o Seguro-Desemprego; a Intermediação de Trabalhadores no Mercado de Trabalho; a Qualificação Profissional; a Geração de Trabalho e Renda, aliada ao acesso ao crédito; e a Geração de Informações sobre o Mercado de Trabalho. estratégias de promoção da cultura empreendedora, destaca-se a capacitação dos empresários, para que possam administrar bem o seu negócio, ou a capacitação das pessoas que desejem montar seu próprio negócio, seja individualmente ou em parceria, uma vez que a tendência mundial é a constante diminuição dos postos de trabalho no mercado formal. Nesse sentido, o Governo do Estado implantou os seguintes programas: Ceará Empreendedor, Portas Abertas, Compre da Gente e o de Desenvolvimento do Artesanato, os quais serão apresentados neste manual, como forma de contribuir cada vez mais para o desenvolvimento sustentável do Estado do Ceará, tendo como princípio a inclusão social pelo trabalho. Na realidade, tudo isso compõe o Sistema Público de Emprego, conhecido como SINE, cujas ações são coordenadas, no Ceará, pela Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE, e executadas pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT, mediante Contrato de Gestão. A SETE, entre as suas diversas atribuições, se propõe a integrar as ações do sistema público de emprego com o empreendedorismo, por considerá-lo alternativa para as oportunidades de geração de trabalho e renda. Entre as Dica: Verificar as tendências, preferências, competências ou vocações municipais para o trabalho e empreendedorismo. 16 3 A Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE A primeira Secretaria do país a atuar simultaneamente em trabalho e empreendedorismo, com foco direcionado à geração de trabalho e renda no Ceará. Com a missão de “contribuir para o desenvolvimento do estado e promoção da cidadania, ampliando o acesso ao mercado de trabalho e o desenvolvimento do empreendedorismo” a Secretaria tem como objetivos, dentre outros: Elaborar, coordenar, promover e executar as políticas e ações na área do trabalho, emprego, empreendedorismo e micros, pequenas e médias empresas; Estimular e articular, com outros órgãos da Administração Estadual, a educação e qualificação profissional para o trabalho e empreendedorismo, com ênfase na formação da cultura empreendedora, geração de negócios e empregabilidade; Coordenar as ações de política pública de trabalho e renda: Intermediação de profissionais, seguro desemprego, qualificação profissional, incentivo ao primeiro emprego e estágios no setor público; Promover o fortalecimento do artesanato e da economia familiar; Promover a organização dos arranjos produtivos locais. Desta forma, para gerar oportunidades de trabalho, renda e fortalecer as iniciativas empreendedoras, a Secretaria implementou, pelo Governo do Estado, uma série de programas. Entre estes destaca-se a participação do Ceará Empreendedor, incentivando esta cultura através do apoio aos micro e pequenos negócios e aos arranjos produtivos locais. Por intermédio desse Programa foram desenvolvidas diversas ações como apoio ao crédito, à comercialização e benefícios fiscais. No âmbito deste programa destacam-se também a Central Fácil, que auxilia a constituição e desenvolvimento dos negócios para micro e pequenos empreendedores. Além disso, reconheceu-se que para a prática do empreendedorismo é necessário que este sentimento faça parte da formação das pessoas. A partir do projeto Arquimedes esta postura foi levada às universidades. O apoio ao desenvolvimento local, promovendo e gerando renda para o Estado, é facilitado pela atuação do Programa Compre da Gente. Este tem aproximado os pequenos fornecedores dos grandes compradores locais, possibilitando o fortalecimento da economia cearense. A Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo SETE também é responsável pela promoção e 17 Outras informações sobre esses Programas serão obtidas no capítulo a eles dedicado. desenvolvimento do Artesanato cearense e da produção familiar, visando a geração de renda e a melhoria da qualidade de vida dos artesãos e produtores familiares. Tem desenvolvido ainda o planejamento estratégico para implantação de uma Rede de Educação Profissional para o aprimoramento das ações de formação profissional. Entre seus principais focos de atuação está a promoção do trabalho, onde se destaca o Programa Portas Abertas, lançado em outubro de 2003, objetivando captar vagas e capacitar, para inserir ou manter no mercado, os seguintes grupos de pessoas: jovens, pessoas com deficiência, egressos do sistema penitenciário e pessoas acima de 40 anos. Sendo assim, entre as competências da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo, estão: Elaborar e executar com outros parceiros a política para as micro e pequenas empresas; Estimular e articular a educação e a qualificação profissional no estado; Coordenar as ações da política pública de trabalho e renda; Promover o fortalecimento do artesanato e da economia familiar. DICA: Criar estruturas e políticas específicas com foco na geração do trabalho e renda. 18 4 O Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT O Instituto de Desenvolvimento do Trabalho IDT é uma instituição privada, sem fins lucrativos, qualificada pelo Governo do Estado do Ceará, como Organização Social, através do Decreto Nº 25.019, de 03/07/98, tornando-a apta a executar políticas públicas nas áreas do trabalho e empreendedorismo. O Sistema Nacional de Emprego - SINE e a Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo do Estado do Ceará - SETE mantêm com o IDT um contrato de gestão para a operacionalização de ações que geram ocupação e renda nos municípios, por meio dos seguintes serviços: Cadastramento de trabalhadores que demandam emprego; Oficinas de orientação para o trabalhador que busca colocação no mercado de trabalho; Recrutamento, seleção e intermediação de profissionais para o mercado de trabalho; Atendimento de trabalhadores para o segurodesemprego; Agenciamento de profissionais autônomos prestadores de serviços; Emissão de Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS; Estudos e pesquisas na área do trabalho e do desenvolvimento social; Capacitação e qualificação profissional. Missão institucional “Viabilizar soluções para o desenvolvimento do trabalho e empreendedorismo visando a inclusão social”. Visão de Futuro: Ser uma instituição de referência nacional e internacional na viabilização de soluções para o desenvolvimento do trabalho e empreendedorismo, com colaboradores altamente qualificados, motivados e bem remunerados. Principais serviços ofertados: Pesquisas de mercado e opinião Avaliação de impacto de políticas públicas Análise de viabilidade mercadológica Pesquisa de oportunidades e potencialidades de negócios por região Pesquisa de opinião pública sobre a administração municipal Treinamento, educação e desenvolvimento de pessoas 19 Levantamento das necessidades de treinamento Cursos técnicos de capacitação Cursos de desenvolvimento de habilidades Curso CEFE Competências Empresariais por meio da Formação Empreendedora Capacitação de gestores municipais Cursos in company Consultoria organizacional Planejamento estratégico Análise de clima organizacional Plano de cargos e carreiras Desenho organizacional Projetos de políticas públicas Metodologias adaptadas para micro e pequenas empresas, prefeituras e governos estaduais Assessoria em gestão Acompanhamento e controladoria de projetos Gestão de indicadores municipais e de instituições conveniadas Assessoria em políticas públicas Assessoria nas relações com a sociedade civil, governos e instituições internacionais Programa gestão pública empreendedora Objetivo Principal Fortalecer a gestão pública municipal por meio da educação de lideranças, disponibilização de tecnologias, fortalecimento institucional e articulação política para a geração de impactos positivos para a sociedade. Objetivos específicos Capacitação das principais lideranças municipais com o desenvolvimento da cultura empreendedora Ampliação da matriz de financiadores das ações públicas municipais por meio da captação de recursos para projetos e da integração com outros projetos na região Melhoria dos impactos diretos e indiretos dos projetos no município Desenvolvimento da governança municipal através do incentivo à criação de conselhos e processos democráticos de participação Geração de sinergias organizacionais através da integração dos projetos existentes; 20 Dica: Investigar as demandas de serviços domiciliares da população, visando a ampliação de oportunidades de trabalho para a categoria dos autônomos. Estratégia de Atuação O programa foi construído visando oferecer um conjunto integrado de soluções para a administração pública municipal, através dos módulos 1. Diagnóstico e Planejamento; 2. Educação Empreendedora; 3. Consultoria Organizacional; 4. Assessoria em gestão. A figura abaixo demonstra a relação entre estes módulos. As pessoas estão no centro das transformações, por isso é importante educá-las para receber as mudanças que o avanço tecnológico impõe. No entanto, para que as mudanças aconteçam é necessário que a organização também mude, e, para tanto, o IDT, seus parceiros e colaboradores, podem disponibilizar consultorias que vão da área de projetos especiais à gestão municipal. Por fim, o IDT pode assessorar a administração municipal no acompanhamento de projetos estratégicos e nos Dica: Conhecer seus modelos de gestão. perfil da força de trabalho local - ASSESSORIA – - CONSULTORIA – – - EDUCAÇÃO – DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO Foco no desenvolvimento de pessoas Foco na organização e seus processos Foco no desenvolvimento do município 21 RESULTADOS DIFERENCIADOS o 5 As políticas públicas no Ceará para a geração de trabalho, renda e empreendedorismo 5.1 Ajudando micro e pequenas empresas a crescer O foco na competitividade exige o engajamento do Governo e dos agentes produtivos dos diferentes setores da economia para criar e tornar consistente, no estado do Ceará, um ambiente propício à inovação. Esse ambiente deverá consolidar a base de geração de conhecimento, a capacidade de ensino e pesquisa, os recursos humanos preparados, a tecnologia industrial básica, a política de qualidade, as cadeias produtivas, o apoio às patentes e à boa gestão, que serão associados a uma política de desenvolvimento que contemple o empreendedorismo e a inclusão social, e atrelados a uma legislação tributária facilitadora, uma política de incentivos e uma boa oferta de instrumentos de planejamento e informação. Tudo isso é complementado pelo estabelecimento de um processo permanente de busca de maior e melhor atendimento ao mercado local e externo, resultando no crescimento das vendas dos produtos cearenses interna e externamente. Sem perder de vista que os benefícios de tal processo devem ser compartilhados com toda a sociedade. A consecução desse eixo está condicionada a uma ação integrada para atrair novas unidades produtivas e modernizar as existentes, principalmente nos setores considerados estratégicos para uma ação desenvolvimentista. Tal ação deverá ter como principal orientação a melhoria na qualidade do capital humano estadual, além da ampliação do capital físico e social, da infra-estrutura e do sistema estadual de pesquisa e desenvolvimento. Este é o caminho para elevar o volume da produção, melhorar a produtividade, dinamizar a comercialização e a qualidade dos produtos cearenses, ampliar o potencial para exportar e gerar mais emprego e renda. As linhas de ação para alcançar tais objetivos serão coordenadas tendo em vista: Fortalecimento de setores industriais bem sucedidos e apoio àqueles que se mostrem com potencialidade para conquistar e manter-se no mercado externo; Organização e adensamento das cadeias e dos arranjos produtivos locais, tornando-se competitivos e sustentáveis; Estímulo à constituição de associações, cooperativas, consórcios, e grupos produtivos; Oferecimento de qualificação profissional de modo a atender as exigências do mercado de trabalho; Apoio às atividades econômicas associadas às vocações identificadas no estado; Criação de ambiente favorável ao empreendedorismo e 22 Este tópico foi retirado do Plano de Governo do Estado do Ceará. Para conhecer um pouco mais sobre as estratégias para o desenvolvimen to do estado, consultar o Plano de Governo, disponibilizad o no site: www.ceara.gov .br. ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas; Fortalecimento do sistema de pesquisa e desenvolvimento, a fim de torná-lo mais integrado e complementar às atividades produtivas. 5.2 Sistema Nacional de Emprego - SINE Intermediação de profissionais A intermediação de profissionais é uma atividade que tem como objetivo viabilizar a colocação de profissionais no mercado de trabalho (*), de acordo com o perfil demandado pelos empregadores. A cada ano, mais de 60.000 pessoas conseguem uma ocupação através dos serviços da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE e do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT, por meio do SINE/CE. Para alcançar esses resultados o IDT realiza as seguintes ações direcionadas ao atendimento das expectativas dos trabalhadores e dos empregadores privados e públicos: Cadastro do trabalhador; Orientação para o trabalho; Recrutamento e seleção. Acreditando que a inclusão social representa o resgate da cidadania, ações nesse sentido tornaram-se uma das prioridades do Governo do Estado, que criou a Secretaria Extraordinária de Inclusão e O IDT disponibiliza, no âmbito do Programa Portas Mobilização Social - SIM. Abertas, Oficinas de Orientação para o Trabalho, que têm Para conhecer por objetivo preparar o trabalhador que busca sua inserção melhor as ou retorno para o mercado de trabalho, para que melhor se metas e os planos adapte às exigências das ocupações pretendidas. desenvolvidos para a inclusão Seguro - Desemprego social no estado, acesse o site: É um benefício integrante da seguridade social, www.sim.ce. garantido pelo art. 7º dos Direitos Sociais da Constituição gov.br. Avaliação psicológica tem o objetivo de realizar seleção de profissionais, de acordo com o perfil traçado pelo empregador, através de testes e dinâmicas, que facilitam a identificação dos fatores subjetivos que fazem daquele profissional a pessoa ideal para a ocupação da vaga disponibilizada pelas empresas; Encaminhamento para emprego; Intermediação de serviços prestados por profissionais autônomos, através do Centro do Trabalhador Autônomo CTA, que dispõe de unidades especializadas em cadastrar, qualificar e intermediar profissionais para prestação de serviços em domicílios e empresas. Federal, e tem por finalidade: Prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado, em virtude de dispensa sem justa causa, (*) A colocação de deficientes tem por objetivo promover o aceso desse público ao mercado de trabalho. 23 inclusive a indireta; A Secretaria da Agricultura e Pecuária - SEAGRI possui alguns programas de desenvolvimento ligados ao fortalecimento da agricultura familiar; à viabilização da inserção dos pequenos produtores no agronegócio da agricultura irrigada de forma associativa, competitiva e sustentável; entre outros. Para compreender melhor as ações desenvolvidas por essa Secretaria e suas propostas, acessar o site: www.seagri. com.br. Auxiliar os trabalhadores na busca de emprego, promovendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. 24 6 Gerando trabalho, renda e empreendedorismo - Programas estaduais 6.1. Programa Ceará Empreendedor O Programa Ceará Empreendedor é uma iniciativa inédita de convergência das políticas públicas direcionadas ao fortalecimento do segmento dos micros e pequenos empreendedores cearenses, formais e informais, estreitando as ações públicas com a iniciativa privada e o terceiro setor organizado, almejando obter uma maior organização, cooperação, competitividade e sustentabilidade dos empreendimentos. O Programa é orientado pelos seguintes princípios: Construção coletiva do Programa Ceará Empreendedor; Participação de todos os atores envolvidos com ações de desenvolvimento; Parceria entre governo, sociedade organizada, sindicatos, associações e demais agentes de mudança; Complementariedade das competências de cada parceiro envolvido; Cooperação entre os agentes de desenvolvimento e empreendedores; Efetividade das ações realizadas; Inclusão dos segmentos da sociedade excluídos do processo de desenvolvimento econômico e social. O Programa Ceará Empreendedor está em constante transformação, pois a sua concepção baseia-se no dinamismo das mudanças de cenários econômicos e sociais que influenciam os mercados e as políticas de desenvolvimento. Além disso, não pode ser obra apenas do Governo do Estado. Os protagonistas são múltiplos e com potencial para mobilizar uma gama de esforços necessários à estruturação de instrumentos de apoio ao desenvolvimento empresarial em nosso estado, no montante e na diversidade requeridas. O Programa Ceará Empreendedor possui algumas linhas de atuação, apresentadas a seguir. Desburocratização e simplificação da legislação tributária: Central Fácil: tem o objetivo reduzir o tempo necessário para a formalização de empresas, com o intuito de ampliar os seus direitos e acesso a outros programas. Microempresa Social: categoria de empresa criada para excluir do pagamento do imposto de circulação de mercadorias as empresas que faturam anualmente até 20.000 UFIRCE*. Faz parte da política que visa ajustar gradativamente a legislação tributária, visando reduzir a carga de impostos e taxas das micros e pequenas empresas do Estado. * Unidade Fiscal de Referência do Ceará 25 Dica: Implementar estratégias de fortalecimento das micro e pequenas empresas Dica: Incentivar as ações na área do empreendedorismo Financiamento e microcrédito: Incubação de micro e pequenos negócios: Crédito Ceará Empreendedor: tem a finalidade de expandir e adequar a oferta de financiamento, especialmente o microcrédito, ao pequeno empreendedor; Rede Ceará de Crédito: visa a ampliação e fortalecimento de uma rede de instituições financeiras e de Organizações Não Governamentais especializadas em microfinanças. Centro do Ceará Empreendedor: organização estruturada para apoiar a geração e o desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis a partir das vocações da comunidade; Apoio à incubação de empreendimentos: política estabelecida para estimular a inovação como elemento indispensável ao lançamento de negócios; Apoio à criação de incubadoras: política estabelecida para apoiar a criação de incubadora de empreendimentos diversos (empresas de base tecnológica, cooperativas, agronegócios, pequenos empreendimentos diferenciados). Capacitação e consultoria empresarial: Empreendedorismo na Universidade/ Empreendedorismo na Escola Pública: tem como objetivo disseminar a cultura empreendedora junto aos estudantes; Ônibus do Empreendedor: veículo adaptado com sala de aula e recepção com computadores ligados a internet, para atender e capacitar empreendedores nos aspectos técnicos e gerenciais do seu negócio; Ceará Empreendedor Consultoria Empresarial: programa delineado para prestar consultoria e assessoria aos micro e pequenos empreendimentos localizados nos pólos de desenvolvimento regional do interior do estado. Cooperativismo, associativismo e economia solidária: Educação cooperativa: tem como objetivo fomentar a organização dos empreendedores em associações, cooperativas, consórcios e grupos produtivos; Organização de territórios solidários: visa disseminar novas práticas como a economia solidária e o desenvolvimento sustentável. Organização dos arranjos produtivos locais: promove a organização dos Arranjos Produtivos Locais já identificados, visando a inserção competitiva dos mesmos nos mercados interno e externo. 26 Dica: Disseminar a cultura do empreendedorismo nas escolas Quem Participa: Central Fácil Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE. SEBRAE/CE. Junta Comercial - JUCEC / Receita Federal ; Prefeitura Municipal de Fortaleza - PMF; Secretarias Executivas Regionais - SERs; Secretaria de Finanças - SEFIN; Secretaria da Fazenda - SEFAZ/CE; CRC/CE - SESCAP/CE; SINE/IDT; Banco do Estado do Ceará - BEC. O Governo do Estado, através da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE, no âmbito do Programa Ceará Empreendedor em parceria com o SEBRAE/CE, implantou no dia 06 de outubro de 2003 a Central Fácil, com a finalidade de encontrar soluções efetivas, para os micro e pequenos empreendedores constituírem e desenvolverem seus negócios de maneira simplificada, rápida e integrada. Objetivos da Central Fácil: Simplificar e racionalizar o processo de registro das micros e pequenas empresas. Reduzir custos e prazos de criação e legalização das empresas. Incentivar a formalização de micro e pequenos negócios. Informar e assessorar o empreendedor no processo de registro de sua empresa. Viabilizar capacitação para o empreendedor. Acesso a linhas de crédito. Serviços Disponíveis: a) Secretarias Executivas Regionais - SERs Dica: Consulta prévia ao empresário, relacionado ao Para mais Código de Postura do Município; informações Verificação da atividade empresarial, com relação a sobre o significado outros órgãos (Vigilância Sanitária, IBAMA, Corpo de das siglas citadas, Bombeiros, Secretaria do Meio Ambiente - SEMAM); consulte o Concessão, alteração e baixa do Alvará de Glossário de Siglas ao Funcionamento e Registro Sanitário (emissão do DAM), final do dentre outras informações. Manual 27 b) Secretaria de Finanças - SEFIN / Fortaleza Pesquisa de situação fiscal de pessoa física e jurídica (ISS, IPTU e dívida ativa); Inscrição, alteração e baixa no Cadastro de Produtores de Bens e Serviços - CPBS / (ISS); Emissão de guias de arrecadação (IPTU e ISS); Orientação sobre regimes de recolhimento; Emissão certidão negativa; Cadastro Único. c) Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará - SEFAZ Realiza inscrição no cadastro de contribuinte do ICMS; Pesquisa da situação fiscal (pessoa física e jurídica); Orienta sobre enquadramento da empresa como: "Microempresa Social - MS, Microempresa - ME e Empresa de Pequeno Porte EPP"; Emite o Documento de Arrecadação Estadual DAE; Emite Certidão Negativa; d) CRC/CE - SESCAP/CE Orienta e informa os empresários no preenchimento de documentos para registro da empresa; Formaliza e acompanha os processos de constituição da Empresa; Verifica pendência dos profissionais da área de contabilidade junto ao CRC/CE; Realiza seminários, cursos, palestras e atividades culturais relevantes aos empresários e ao fortalecimento da capacidade empreendedora no estado do Ceará. e) SEBRAE/CE Orientar sobre a legalização e legislação de micro e pequenas empresas; Informar sobre treinamento/palestra gerencial, mercado/oportunidades de negócios, feiras e eventos; Informar sobre registro de marcas e patentes, linhas de crédito, consultorias coletivas e avanços tecnológicos; f) SINE/IDT Cadastra trabalhadores para emprego; Realiza intermediação de trabalhadores; Presta informações sobre seguro-desemprego, mercado de trabalho e geração de emprego e renda; Realiza palestras e cursos. g) Banco do Estado do Ceará - BEC Recebimento das taxas relativas aos processos de 28 O Governo do Estado desenvolve políticas direcionadas ao desenvolvimento local e regional. A Secretaria do Desenvolvimento Local e Regional SDLR é responsável pela coordenação das ações nessa área, e realiza uma série de programas. Para conhecer um pouco mais sobre esses programas, acessar o site: www.sdlr.ce. gov.br constituição, alteração e baixa de empresas; Outros Serviços Bancários. H) Junta Comercial / Receita Federal Pesquisa de nome empresarial; Registro de empresário e sociedade Ltda; Alteração e baixa do registro empresário; Emissão de certidões; Inscrição no CNPJ (Empresário e Ltda.); Arquivamento balanço patrimonial (empresário); Taxação de documentos diversos. Vantagens Antes Locais diferentes para cada etapa de registro Orientação fragmentada/deficiente Retrabalho por documentação incompleta Multiplicidade de documentos Prazos longos Depois Integração dos órgãos e processos num só local Informação e orientação clara e precisa Pesquisa da situação fiscal e tributária facilitada Redução do prazo de registro para até 10 dias úteis Atendimento personalizado Redução dos custos em até 40 % Disponibilidade de auto-atendimento p/ os usuários Recolhimento das taxas centralizadas 6.2. Programa Compre da Gente O Programa Compre da Gente tem o objetivo de promover o crescimento das micro e pequenas empresas cearenses, melhorando a qualidade dos produtos e/ou serviços, para criar um ambiente oportuno à geração de trabalho e renda. Como funciona o Programa: Cadastrando as micro e pequenas empresas que produzem produtos genuinamente cearenses. Identificando as demandas de compras das médias e grandes empresas; Estabelecendo acordo entre as empresas fornecedoras e compradoras. Vantagens do Programa Compre da Gente Compradores Fornecedores Maior rapidez na entrega dos produtos Identificação de novos mercados Menor custo na aquisição dos produtos Identificação de novos clientes Maior assistência dos fornecedores Aumento no volume de negócios Fortalecendo a economia do estado do Ceará, gerando mais emprego e renda. Quem pode participar do programa ? Fornecedores Micro, pequenas e médias empresas formais que produzam produtos genuinamente cearenses; Compradores Médias e grandes empresas interessadas em comprar produtos cearenses. Como participar do Compre da Gente ? Fornecedores Preencher ficha de adesão ao programa disponível 29 na Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE, nas unidades do SINE / IDT ou através do site www.sete.ce.gov.br; Enviar amostra de seus produtos para o Programa Compre da Gente. Quais as prioridades para o atendimento? Participantes que tiverem renda familiar per capita inferior a ½ salário mínimo. No caso de jovens, serão priorizados aqueles cujos pais estejam desempregados. Compradores Quais os objetivos do programa? Preencher ficha de adesão ao programa disponível na Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE, nas unidades do SINE / IDT ou pelo do site www.sete.ce.gov.br; Enviar solicitação de produtos pelo fax (85) 34338274 ou e-mail: [email protected]. 6.3. Programa Portas Abertas O Programa Portas Abertas é um programa do Governo do Estado do Ceará, que articula instituições educacionais e empresas públicas e privadas, visando a melhor inserção das pessoas, em todo o estado, que apresentam maior dificuldade de ingresso no mercado de trabalho. Quem é o público atendido? Jovens de 16 a 24 anos, pessoas com mais de 40 anos, pessoas com deficiência, egressos do sistema penal e os que estão cumprindo penas alternativas. Possibilitar, por meio do trabalho e do empreendedorismo, a inclusão social e econômica do trabalhador. Sensibilizar o meio empresarial para a inserção dos públicos com maior dificuldade de ingresso no mercado. Captar, junto as empresas e a outras instituições, vagas de trabalho. Preparar, por meio da qualificação, o público atendido para assumir ou reassumir uma ocupação profissional. Intermediar, por meio do cadastramento e encaminhamento, a inserção do trabalhador no emprego formal, no estágio, no trabalho autônomo e em outras ações empreendedoras. Capacitar microempreendedores para criação e gestão de negócios. Disseminar a cultura empreendedora. Integrar as entidades de educação profissional para 30 Dica: Buscar alternativas de trabalho e renda para as pessoas acima de 40 anos, com dificuldade de retorno ao mercado de trabalho que a qualificação do beneficiados atenda às demandas de mercado. Como é realizada a inserção do trabalhador? Cadastramento dos trabalhadores nas Unidades de Atendimento do SINE/IDT. Captação de vagas junto às empresas parceiras; Realização de oficinas de orientação sobre o mercado de trabalho. Pré-seleção dos candidatos. Encaminhamento dos trabalhadores para as empresas parceiras. Capacitação em habilidades específicas ou empreendedorismo, quando necessário. resultados de todos os programas junto às comunidades; As Unidades de Atendimento do SINE/IDT estão especializadas no atendimento integrado ao trabalhador, com especial atenção ao público-alvo do programa, contando com uma central de informações específicas para o programa; Formação de uma “Rede de Cooperação” que contribui para a eficácia e efetividade das ações do programa. Quem são as instituições parceiras do Programa Portas Abertas? Governo Federal: Ministério do Trabalho e Emprego - MTE ; Ministério da Justiça; Ministério da Assistência Social; Delegacia Regional do Trabalho; Procuradoria Regional do Trabalho. Como o Programa Portas Abertas é desenvolvido? Através do apoio de um comitê intersetorial, composto por representantes de secretarias estaduais, entidades de classe, conselhos de participação da sociedade, empresas, organizações públicas e do terceiro setor. As ações do Portas Abertas são integradas com os programas do Governo Federal, em especial o Primeiro Emprego, Plano Nacional de Qualificação - PNQ, Programa SINE e Trabalho Protegido. Essa parceria aumenta os Secretarias Estaduais: Prefeituras Municipais; Empresas Privadas; Entidades de classe (Federações e Sindicatos); Sistema “S” (SESC, SENAC, SENAI, SEBRAE, 31 Dica: Incentivar a contratação de pessoas deficientes, cumprindo as determinações legais, incentivando essas e outras práticas de responsabilidade social SENAT, SENAR, SESCOOP); ONGs, OSCIPs ,OSs, Organizações Comunitárias; Universidades; Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT. Os participantes recebem capacitação para o trabalho? São realizadas, primeiramente, oficinas de orientação para o trabalho e, depois, se necessário, os participantes são encaminhados às entidades parceiras, para cursos focados em habilidades específicas. Quais os benefícios para os trabalhadores assistidos pelo programa? Oportunidade de orientação ou requalificação para o trabalho; Encaminhamento para empresas contratantes; Acompanhamento periódico, através de equipe especializada. Quais as vantagens para as empresas que aderiram ao Programa? Custo zero no recrutamento e seleção de pessoal; Contratação de profissionais orientados e capacitados para o trabalho; O público-alvo do programa é, reconhecidamente, mais motivado, comprometido, assíduo e proativo; Atendimento especial e acompanhamento, através da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo, e das Unidades de Atendimento do SINE/IDT; Premiação anual, como reconhecimento à sua ação de responsabilidade social; Certificação através do “Selo Portas Abertas”. Onde obter outras informações sobre o Programa Portas Abertas? Na rede SINE/IDT de atendimento. São 37 unidades em todo o estado, realizando cadastro e encaminhando os profissionais; Pelos sites: www.sete.ce.gov.br e www.idt.org.br; Através de ligação gratuita para o número 0800.2831333. Qual a documentação necessária para o cadastramento? O interessado deve apresentar a Carteira de Trabalho, RG, CPF, Título de Eleitor e comprovante de endereço. 32 6.4. Programa Cearense de Artesanato Artesanato Cearense Riqueza diversificada de formas, cores e inventivas próprias, o artesanato cearense constitui uma herança histórica do nosso povo. A herança cultural proveniente de três raças distintas: portugueses, índios e negros. Do índio, veio a vertente dos trabalhos em barro, corda e palha, cuja difusão se deu em função do utilitarismo. Do colonizador europeu, herdamos principalmente a renda e o labirinto, que se adaptaram e hoje encantam e decoram ambientes. Dos africanos, o maior legado foi a cerâmica cozida, cuja funcionalidade disseminaram e mantiveram seu uso até hoje. A Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo SETE, gestora do Programa de Artesanato Cearense, desenvolve trabalho de incentivo à renovação artesanal, resgatando e preservando seus aspectos culturais e tradicionais, no sentido de propor mudanças no seu processo produtivo, bem como de utilizar estratégias de apoio que garantam a sua sobrevivência no cenário da globalização da economia e proporcionem a melhoria de vida dos artesãos. Como resultado deste trabalho, o artesanato cearense vem se destacando como importante produto de comercialização, tanto para o mercado interno como para a exportação. Identificando o artesanato (Cadastro e tipologias tradicionais) O artesanato é uma atividade, que exige criatividade e habilidade pessoal. A matéria-prima utilizada na produção pode ser natural, semi-elaborada ou constituída de produtos e/ou sobras industriais. No processo de produção poderão ser utilizadas ferramentas manuais e/ou elétricas (exceto industrial), na execução da atividade que deve ser desenvolvida em ambientes domésticos, pequenas oficinas, grupos de produção e entidades associativas. Organizando os grupos produtivos Conhecer as potencialidades locais através de pesquisas, levantamentos e diagnósticos constitui o primeiro passo para o desenvolvimento do artesanato. Identificar as deficiências e fortalezas de uma organização, no sentido de prepará-la para uma gestão empreendedora e auto-sustentável. Para tanto, a realização de cursos na área de gestão de negócios e acompanhamento sistemático 33 Mais informações: através do site www.sete.ce. gov.br, ou da Coordenadoria do Artesanato: Av. Santos Dumont, 1589 - telefone: (85) 31316533. Dica: Fortalecimento das ações na área do artesanato por parte de técnicos são ferramentas fundamentais para preparar as comunidades artesanais sobre aspectos da organização interna, da produção e comercialização dos produtos. Capacitando os artesãos A capacitação dos artesãos através de cursos específicos é de fundamental importância para o aperfeiçoamento, repasse de técnicas tradicionais às gerações futuras, preservação dos aspectos culturais locais, introdução de novos designs e redesign, renovação e atualização dos produtos, agregando valor aos mesmos. Ao lado desta capacitação especifica desenvolvida por especialistas, é necessário treinamento gerencial, que favorece a auto-sustentação da atividade artesanal. Para realizar cursos de iniciação e aperfeiçoamento em artesanato é preciso diagnosticar o artesanato local, ter um banco de informações de instrutores nas tipologias encontradas, sempre atualizada, matéria-prima disponível, material de consumo e didático, além de um local adequado ao aprendizado. setor é viabilizado através da participação em eventos locais, nacionais e internacionais e venda direta, que orienta de forma decisiva no desempenho das ações. A sondagem realizada no mercado de produtos artesanais direciona para as tipologias/produtos que têm melhor desempenho junto ao mercado consumidor, e com isso fecha o ciclo da cadeia produtiva do artesanato, considerado setor economicamente viável. Exportando o artesanato Com a exportação do artesanato promove-se o setor que se caracteriza por ser de subsistência para uma atividade comercial e rentável para o artesão. A exportação, além de aumentar a renda do artesão, promove a cultura local e propicia seu reconhecimento em nível mundial. Mais informações: CCE, APEX, SETE, CORREIO. Comercializando os produtos (eventos, lojas, feiras, catálogos, marca, embalagem, tecnologia) O incremento à comercialização e divulgação do 34 7 A Capacitação Como Incentivo ao Desenvolvimento - Programas Estaduais 7.1 Rede Ceará de Educação Profissional RECEP A Rede Ceará de Educação Profissional foi lançada em 28 de maio de 2004, pelo Governador Lúcio Alcântara, e tem como objetivo articular e integrar estratégias e ações das instituições que atuam na educação profissional, evitando duplicidade de ações e desperdício de recursos, contribuindo para o atendimento das demandas, de acordo com as políticas de geração de trabalho e renda, educação e desenvolvimento econômico. Objetivos Específicos: 1. Facilitar o acesso do trabalhador à educação profissional de qualidade; 2. Contribuir para a aproximação das instituições de educação profissional com as empresas e o empreendedorismo; 3. Democratizar informações e conhecimentos; 4. Atender as demandas da comunidade, por educação profissional, com base em oportunidades de trabalho e empreendedorismo na região; 5. Integrar as políticas públicas de geração de trabalho e renda, e de educação profissional; 6. Propiciar o atendimento das demandas de educação profissional, de acordo com as vocações locais; 7.Facilitar o acesso ao mercado de trabalho. Como funciona a Rede A REDE é coordenada por um Comitê Gestor, formado por 20 (vinte) Instituições que debatem temas de interesse coletivo e definem ações para serem implementadas. Os Comitês Regionais serão implantados a partir de janeiro de 2005, e serão a instância de coordenação da REDE nos municípios. Ações em andamento Banco de Dados das Instituições: Está sendo criado o banco de dados das instituições que atuam com educação profissional no estado, através do cadastramento na REDE. Esse banco irá ajudar a conhecer a área de atuação, os cursos ofertados, as parcerias e o atendimento à comunidade em geral. A partir desse banco de dados teremos o perfil das instituições que atuam no Ceará. Comitê Técnico Pedagógico: O Comitê Técnico Pedagógico trabalha para definir critérios básicos que ajudem a melhorar o nível de qualidade dos cursos ofertados, através de conteúdos e carga horária mínima. A primeira área trabalhada é o turismo. Programa de Formação de Educadores e Gestores da Educação Profissional: Está sendo elaborado o 35 Dica: Implementar programas de qualificação profissional direcionadas às reais necessidades do mercado de trabalho local Realização de um planejamento participativo, para discutir e definir as prioridades do município em relação à educação profissional, de acordo com as vocações e potencialidades locais; elaborar um documento que possa ser enviado para instituições que executam e coordenam a educação profissional no estado; Programa de Formação de Educadores e Gestores, com o objetivo de complementar a formação de profissionais que não têm formação pedagógica, e daqueles que têm interesse em atuar na área. Implantação dos Comitês Regionais: Serão implantados Comitês nas 08 (oito) macrorregiões do estado, com o intuito de descentralizar as ações e criar condições para que a região tenha atuação proativa em relação à definição de prioridades da educação profissional, captação de recursos e planejamento do atendimento às demandas da comunidade, de acordo com as vocações locais. Criação do Portal da REDE: Está sendo elaborado o Portal da REDE na Internet, que disponibilizará informações sobre as Instituições cadastradas e cursos ofertados. Terá também um sistema de identificação de demandas a ser alimentado por empresas e pessoas físicas cadastradas na REDE. Serão disponibilizadas pesquisas, informações diversas e sobre instituições financiadoras, diagnósticos municipais, e outras mais. Sugestão para as prefeituras: Participação do município nas ações da REDE, principalmente no Comitê Regional; Realizar fóruns com as instituições locais que atuam com educação profissional, sobre temas importantes; Integrar as instituições que atuam na educação profissional do município, para evitar duplicidade 7.2 Programa de Educação Profissional O Programa de Educação Profissional constitui um dos componentes fundamentais da Política Pública de Trabalho e Geração de Renda implementada pela Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE, em articulação com ações de intermediação, crédito assistido, economia solidária, arranjos produtivos e orientação profissional, visando o acesso ao mercado de trabalho, ao desenvolvimento do empreendedorismo e à ampliação da cidadania. 36 Dica: Executar uma política de educação profissional, levando em conta as potencialidades locais Quais os objetivos do Programa? Promover o acesso justo do trabalhador às ações de qualificação profissional, favorecendo sua inserção produtiva e cidadã no mundo do trabalho; município. O PLANTEQ compõe o Plano Nacional de Qualificação Profissional - PNQ, financiado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT e implementado sob as diretrizes do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT. Contribuir para a redução da pobreza, da discriminação e da desigualdade social; Potencializar o atendimento integral do trabalhador em articulação com a Rede Ceará de Educação Profissional - RECEP. Como o município pode participar do PLANTEQ? A participação do município no PLANTEQ/CE pode ocorrer de três formas: 1)Encaminhamento das demandas de QSP do município à Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo. A identificação e o encaminhamento dessas demandas devem ser realizados em articulação com o Conselho Municipal do Trabalho - COMUT. 2) Através de projetos de QSP encaminhados ao Plano Nacional de Qualificação - PNQ / Secretaria de Políticas Públicas de Emprego / SPPE do Ministério do Trabalho e Emprego MTE, pelas Secretarias Municipais de Trabalho, arranjos institucionais municipais ou equivalentes, que tenham responsabilidade no município pelas ações de QSP. Quais os Planos / Programas desenvolvidos? Plano Territorial de Qualificação - PLANTEQ/CE; Programa Serviço Civil Voluntário; Programa de Educação Permanente. Como o município pode participar do PLANTEQ/CE? O Plano Territorial de Qualificação - PLANTEQ contempla projetos e ações de Qualificação Social e Profissional (QSP) num território compreendido como unidade federativa, mesorregião, microrregião ou No âmbito do PNQ os arranjos institucionais 37 municipais são entendidos como a entidade jurídica e legalmente constituída, envolvendo municípios, podendo representá-los, desde que haja previsão de garantia de responsabilidade civil e legal solidária, entre os componentes do arranjo: a)todos ou parte dos municípios de uma mesorregião municípios localizados em dois ou mais estados; b)todos ou parte dos municípios de uma microrregião - municípios localizados em um estado; d) municípios com mais de um milhão de habitantes apurados pelo censo IBGE/2000. No caso específico de PLANTEQs de caráter mesorregional, microrregional ou municipal, o Plano deve estar voltado exclusivamente para a Qualificação Social e Profissional, vinculada ao desenvolvimento do território (oportunidades de desenvolvimento, vocação, implantação de empresas, etc.) e ações em complementaridade com outras de âmbito estadual, sendo vedada a superposição de ações, devendo estas ser analisadas e informadas pelo DEQ/SPPE/MTE à(s) Comissão(ões)/Conselho(s) Estadual(ais) de Trabalho/Emprego da(s) unidade(s) federativa(s) correspondente(s). Qual o fundamento legal do PLANTEQ? Nesse último caso, o projeto de QSP deve obrigatoriamente passar pela aprovação e homologação da Comissão/ Conselho do Trabalho/Emprego. As Comissões Municipais devem ainda priorizar demandas de QSP identificadas pelo poder público e pela sociedade civil organizada, bem como supervisionar a execução do Plano, implementado sob gestão dos responsáveis legais do arranjo institucional do território, que podem ser: I - Secretaria Estadual de Trabalho - ou sua equivalente; II - Arranjo Institucional Municipal (consórcio municipal, secretaria municipal de trabalho ou sua equivalente, ou outro arranjo legalmente constituído). 1) Lei de Licitação 8.666/93 e suas alterações; 2) Resolução 333 do CODEFAT, de 10 de julho/2003. 38 8 União, Estados, Municípios e Iniciativa Privada Cada Um Tem Seu Papel Os papéis constitucionais da União, Estados e municípios estão definidos na Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988 (Título III Da Organização do Estado, Capítulo I Da Organização Político Administrativa, Capítulo II Da União, Capítulo III Dos Estados Federados e Capítulo IV Dos Municípios). Neste Manual estão destacados os papéis das três esferas de Governo, relacionados com o desenvolvimento econômico e com a geração de trabalho, renda e empreendedorismo. União A União tem o papel regulador das atividades essenciais para o funcionamento das instituições e atividades vitais ao desenvolvimento e a defesa da soberania do país. Com relação às atividades relacionadas com a geração de trabalho e renda destacamos as seguintes competências: Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; Organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; Legislar, privativamente, sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; Formular as políticas de crédito, câmbio, seguros e transferências de valores; Regular o comércio exterior e interestadual; e Promover a organização do Sistema Nacional de Emprego e dar condições para o exercício de profissões. Estado A Carta Magna brasileira estabelece que os Estados devem se organizar e reger pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios ali estabelecidos. Com relação ao tema deste Manual, a ação fundamental do poder público estadual será a de articular e integrar os diversos elos das atividades econômicas e sociais vinculados ao desenvolvimento econômico, através do empreendedorismo (poder público em todos os níveis federal, estadual e municipal -, iniciativa privada, trabalhadores). Esta ação tem como objetivo a articulação à contribuição cooperativa de todos para superar os desafios considerados importantes na consolidação das atividades empreendedoras e geradoras de trabalho e renda. Além disso, o poder público, nos seus diferentes níveis, desempenhará o papel que lhe é próprio, como 39 melhorar a qualidade da educação e de capacitação da população, apoiar o desenvolvimento de processos e de tecnologias inovadoras, e aperfeiçoar as instituições públicas. O papel governamental pode ser agrupado em dois conjuntos distintos de ações, quais sejam: a) ações básicas - iniciativas orientadas para o constante aperfeiçoamento, revisão e consolidação legal, normatização das atividades de geração de trabalho, renda e empreendedorismo, envolvendo: Legislação básica de apoio ao desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas (tributária, financeira, econômica, orçamentária, das juntas comerciais, da produção e consumo, educação, cultura, desporto, flora e fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição); Normatização e padronização de produtos e processos; Credenciamento de instituições que certifiquem a qualidade de produtos e processos; Compatibilização da legislação brasileira com a estrangeira, no que se refere a mercados, produtos e insumos; e Elaboração de política de desenvolvimento do empreendedorismo. b) ações de suporte - as atividades pertinentes cobrirão os seguintes campos: apoio ao desenvolvimento e transferência de tecnologia; incentivo fiscal e tarifário; concessão de crédito rural; infra-estrutura e pólos de desenvolvimento econômico; sistema de informações (mercados, preços, tecnologias, clima e outros.); monitoramento do impacto ambiental. Município Segundo a Constituição, os Municípios se regem por lei orgânica votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na do respectivo Estado. Ao município compete legislar sobre assuntos de interesse local, e suplementar as legislações federal e estadual no que for necessário. Também lhe compete instituir e arrecadar tributos, que lhe dão autonomia para estabelecer políticas públicas de estímulo ao 40 desenvolvimento de atividades de geração de trabalho, renda e empreendedorismo, complementando inclusive as políticas federais e estaduais. Competências comuns à União, Estados e Municípios Entre as competências comuns à União, aos Estados e municípios, relacionados direta ou indiretamente com a geração de trabalho, renda empreendedorismo, destacamos: Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; Promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; e Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos. econômicas do município, principalmente aquelas organizadas em arranjos produtivos locais e em cadeias produtivas empresariais, com base em critérios de racionalidade técnica, ambiental, econômica e gerencial. Para integrar-se ao desenvolvimento municipal, a empresa deverá estar alinhada com a visão estratégica, programas e projetos delineados pelos gestores públicos, através de planejamento participativo, devendo seus componentes estar comprometidos com o desenvolvimento da eficiência gerencial e da produtividade/qualidade dos produtos, tecnologias e processos avançados e inovadores, além de estarem abertos para o trabalho cooperativo, inerente às parcerias e alianças estratégicas. A co-inversão de capital próprio é fator importante para a viabilização dos empreendimentos, acesso a canais de comercialização no país e/ou no exterior; disposição e capacidade organizacional e financeira para atuar como empresa âncora de micro, pequenos e médios empreendimentos, fornecendo-lhes suporte tecnológico e gerencial, assegurando demanda para seus produtos a preços competitivos e compensadores. O papel da iniciativa privada no desenvolvimento municipal A iniciativa privada desempenha um papel de impulsionador do desenvolvimento das atividades 41 9 Atores e Responsabilidades na Construção de Uma Política Pública de Trabalho e Empreendedorismo no Município Políticas públicas efetivas se fazem a partir da ampla participação do governo e da sociedade civil organizada, no processo de elaboração de suas diretrizes, programas, projetos, orçamento e metas, facilitando, dessa maneira, o comprometimento e a co-responsabilidade na obtenção dos objetivos propostos. geração de trabalho, renda e a inclusão social. A seguir demonstraremos o papel dos diversos atores que podem estar envolvidos no desenvolvimento de uma política pública de trabalho e empreendedorismo no município. 9.1 Prefeitura Municipal Da mesma forma, as muitas competências existentes e os talentos disponíveis em cada organização, podem ampliar os impactos diretos e indiretos. Portanto, cabe ao gestor incentivar a participação de todos, sabendo reconhecer seus limites e potencialidades de contribuição. A geração de trabalho e renda é conseqüência do desenvolvimento do município, não apenas econômico, mas também integrado, que contemple educação, saúde, meio ambiente, cultura, esporte e lazer, meios que contribuem para a capacitação e qualidade de vida do trabalhador e do empresariado local. Como são múltiplos os desafios, faz-se necessário a criação de uma agenda conjunta, que possibilite o envolvimento de diversos atores no processo de elaboração e execução de políticas públicas no município e que, através do trabalho e do empreendedorismo, permitam a É nas cidades e vilas que as pessoas vivem, trabalham e constróem suas vidas, as necessidades e aspirações das comunidades locais dificilmente serão atendidas sem a participação ativa dos Governos Municipais, cabendo também a prefeitura a execução em nível local e regional dos diversos programas de desenvolvimento das esferas federal e estadual. Cabe ao executivo municipal propor e executar projetos no âmbito de secretárias específicas ou intersecretarias. Estes projetos podem ser em parceria com o governo do estado e com o governo federal a partir das linhas programáticas já existentes. Existe também a possibilidade de formação de consórcios entre municípios, para a execução de projetos de interesse comum, ou de escopo microrregional, onde sozinhas, as prefeituras não teriam condições de executar, 42 No entanto, o primeiro passo para a implementação exitosa de uma política pública está no levantamento do perfil econômico do município, pois o mesmo pode identificar vocações e oportunidades de negócios para empreendedores locais e externos. Esse levantamento deve levar em consideração o potencial de consumo, a disponibilidade de matérias primas, os canais de comercialização, os conhecimentos existentes e as pequenas empresas com potencial de crescimento. de novos negócios. 9.2 Câmara de Vereadores O legislativo municipal pode se concentrar em duas vertentes na contribuição para a geração de políticas públicas, a saber: A criação de leis pode partir da iniciativa de qualquer vereador, das Comissões da Câmara Municipal, e, ainda, da população, conforme previsto na Constituição Federal, segundo o princípio da iniciativa popular, que estabelece sejam elas propostas por pelo menos 5% do eleitorado. Algumas ações podem ser executadas pela prefeitura: Tratamento diferenciado ao empreendedor e ao pequeno negócio, no que tange à redução da burocracia e racionalização dos tributos (ISS, IPTU); Organização/construção de espaços de comercialização para os produtos locais; Incentivo ao associativismo/cooperativismo; Auxílio à produção através de assistência técnica e gerencial; Compra por parte da prefeitura de produtos e serviços de pequenas empresas locais; Valorização da identidade local e regional na criação A própria Constituição Federal reconhece a importância do tratamento dispensado à pequena empresa, no artigo 170 (dos princípios da ordem econômica). Da mesma forma, o artigo 179 institui que é papel de todas as instâncias do poder público o tratamento jurídico diferenciado, visando incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas, por meio de lei. Ou seja, compete ao legislativo propor leis que facilitem a vida da pequena empresa e do empreendedor. 43 A fiscalização das ações executadas pelo Executivo Municipal, no que tange aos gastos de recursos públicos e o público-alvo beneficiado de cada programa ou projeto. 9.3 Sociedade Civil Organizada A sociedade civil pode e deve participar de todas as fases do processo de implementação das políticas públicas, especialmente na formação de agenda, formulação de alternativas, seleção, legitimação e avaliação. Seu papel é de fundamental importância, assim como a mobilização comunitária adequada e o devido acompanhamento, para assegurar o que foi decidido por consenso. O verdadeiro sentido da democracia é a participação do cidadão em todas as fases do processo, e não apenas e simplesmente através do voto. 9.4 Conselhos e Organizações NãoGovernamentais - ONGs Devemos entender o capital social como um quantitativo que representa as relações de confiança e vontade associativa de uma comunidade. Neste sentido, o capital social exerce um papel importante, pois possibilita que os indivíduos, através de parcerias e do compartilhamento de valores comuns, realizem ações cooperadas, reduzindo custos para a consecução de objetivos individuais e coletivos. Ações que melhor induzem à formação desse capital em comunidades que não desfrutam de tal recurso. A ação do Estado pode ser um elemento fundamental para a formação do capital social naquelas comunidades que têm pouca experiência em cooperação. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art 170 - Princípios da ordem econômica - IX tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham a sua sede e administração no país. Art 174 - Funções do estado na ordem econômica - §2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo. Art 179 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios dispensarão às microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. 44 10 O papel dos Conselhos do Trabalho trabalho e analisar o impacto sobre ele das políticas praticadas pelos governos Federal, Estadual e Municipal; Sugerir medidas que anulem ou reduzam os efeitos negativos sobre o mercado de trabalho, das políticas públicas e das inovações tecnológicas; Acompanhar as ações voltadas para a capacitação de trabalhadores e a reciclagem profissional, e propor subsídios à formulação da política de formação profissional; Incentivar e apoiar medidas concretas que visem à qualificação de trabalhadores e a geração de emprego e renda, com ou sem ônus para o poder público, observadas as políticas e diretrizes aprovadas pelo CODEFAT; Apoiar iniciativas que visem ao aperfeiçoamento da legislação e das relações de trabalho; Estabelecer diretrizes para a celebração de convênios ou contratos que permitam a órgãos públicos ou entidades privadas realizarem qualificação ou reciclagem de trabalhadores desempregados; Acompanhar o desempenho do Sistema Nacional de Emprego - SINE/CE, inclusive a alocação de recursos repassados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT; Aprovar previamente a programação anual de 10.1. O que é o Conselho Estadual do Trabalho - CET? O Conselho Estadual do Trabalho - CET é um colegiado de caráter permanente, tripartite e paritário, ou seja, integrado por igual número de representantes de entidades dos trabalhadores, dos empregadores e do governo, indicados por cada bancada. O CET é formado de 18 membros (titulares), sendo que para cada representante titular corresponde um suplente. Os membros do CET não recebem remuneração e são nomeados por ato governamental. Na forma como se compõe, o CET se caracteriza como espaço público plural de participação da sociedade civil organizada, no estabelecimento de diretrizes e prioridades para a implementação das políticas públicas do trabalho, em âmbito estadual, resultando na organização e fortalecimento do Sistema Público de Emprego, nos termos do que prevê a Convenção Nº 88, da Organização Internacional do Trabalho - OIT, e a Resolução do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador CODEFAT Nº 80, de 29/04/95. 10.2. O papel do CET Acompanhar o desempenho do mercado de 45 Dica: Estar atento às deliberações do Conselho Estadual do Trabalho CET, do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador CODEFAT e da Secretaria do Trabalho e EmpreendedoRismo - SETE. trabalho apresentada pelo SINE, a ser executada em consonância com as políticas estadual e federal de emprego e de formação profissional, antes de submetê-la à aprovação da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego (SPPE); Estabelecer diretrizes para aplicação dos recursos oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT, acompanhar sua aplicação e encaminhar ao CODEFAT parecer conclusivo sobre o assunto. Estabelecer, acompanhar e avaliar ações na área do trabalho, no âmbito do município, propondo medidas que julgar necessárias ao desenvolvimento produtivo, que gerem ocupação e renda; Identificar e selecionar áreas prioritárias de atuação dos programas de geração de emprego e renda e do Plano Estadual de Qualificação; Acompanhar e avaliar todos os programas com recursos do FAT desenvolvidos no município; Sugerir e articular parcerias com as prefeituras e outras instituições na implementação de programas locais complementares às ações federais e estaduais, ou que atendam às demandas específicas do município; Valorizar a instalação local, pois o exercício da cidadania começa no município. 10.3. O que é o Conselho Municipal do Trabalho - COMUT, e suas atribuições? Assim como o CET em nível estadual, o COMUT, em nível municipal, é um colegiado de caráter permanente, tripartite e paritário, ou seja, integrado por igual número de representantes de entidades dos trabalhadores, dos empregadores e do governo, indicados por cada bancada. O COMUT é formado de no mínimo 6 membros e no máximo 18 membros (titulares), sendo que para cada representante titular corresponde um suplente. Os membros do COMUT não recebem remuneração e são nomeados por ato do Poder Executivo Municipal. Discutir e analisar o mercado de trabalho local, identificando suas tendências, alternativas e potencialidades; COMO CRIAR Torna-se necessário o conhecimento das Resoluções do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT (www.mte.gov.br) e do Conselho Estadual do Trabalho no Estado do Ceará - CET/CE (www.cet.ce.gov.br), para a criação dos Conselhos Municipais de Trabalho e Emprego - COMUTs. Nos municípios onde ainda não estão constituídos os Conselhos poderão ser instalados, desde que existam 46 entidades organizadas dos trabalhadores e empregadores, conforme determinado nos parâmetros de representatividade para os conselhos (Resolução n. 06/200-CET/CE). Documentos exigidos pelo CET para homologação: art. 16, parágrafo Único da Resolução nº 06/2004-CET/CE. CAMINHO JURÍDICO 1.Lei Municipal de instituição do Conselho Municipal do Trabalho e Emprego, aprovada pela Câmara Municipal, e sancionada pelo chefe do executivo (obrigatória a publicação). 2.Expediente dos órgãos do governo e das entidades representativas dos trabalhadores e empregadores, indicando seus membros (titulares e suplentes). 3.Portaria nomeando os titulares e suplentes das três bancadas - trabalhadores, empregadores, governo, e representante da Secretaria Executiva - expedida pelo Prefeito Municipal (obrigatória a publicação). 4.Regimento Interno do Conselho, assinado por seu Presidente (obrigatória a publicação). Ata de eleição do presidente do Conselho, posse dos membros e aprovação do Regimento Interno, devidamente assinada pelos (membros) titulares. No caso de ausência destes, por seus suplentes. 47 11 Planeje o desenvolvimento do seu município O planejamento constitui uma das ferramentas para o desenvolvimento local e tem, como objetivo, incentivar o desenvolvimento sócio-econômico-cultural, com bases local e regional. Através dele pode-se elaborar estratégias e diretrizes a serem utilizadas como elementos para a readaptação dos municípios, focadas na geração de emprego e renda. O planejamento de atuação de cada prefeitura é condicionado à estrutura social e organização econômica local, em função do porte e da complexidade das relações sociais, não só no sentido econômico mas também no de representação, participação e decisão. Desta forma, qualquer política de geração de emprego e renda precisa estar fundamentada na formulação de um projeto de desenvolvimento baseado na realidade local e, em função dela, estabelecer as áreas de trabalho prioritárias. A eficácia do planejamento será maior quando o poder público for apenas um dos múltiplos agentes envolvidos no projeto de desenvolvimento local incorporado pela sociedade. É fundamental que o planejamento envolva a comunidade em todo o processo. Conhecendo-a e a seus anseios e necessidades, pode-se traçar um plano mais elaborado e condizente com a realidade econômica e social, levando em consideração as prioridades e, principalmente, a melhoria da política de geração de empregos. A Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará RIC, iniciou sua estruturação em abril de 2002, tendo como objetivo agregar as incubadoras existentes no Estado do Ceará e suas empresas de base tecnológica, estimulando o surgimento de novas incubadoras e promovendo o intercâmbio com outras redes de incubadoras no país, e com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançada ANPROTEC. É também objetivo da RIC incentivar um ambiente de rede, no processo de desenvolvimento sustentável do estado, capaz de atrair uma maior quantidade de parceiros para o setor. A RIC desenvolve suas atividades operacionais na sede da Secretaria da Ciência e Tecnologia SECITECE. Fonte: www.sct.ce.gov.br 48 12 O governo empreendedor “Os cidadãos de hoje se recusam a pagar altos impostos por serviços cujos preços disparam, enquanto a qualidade despenca"; (...) "uma frustração crescente entre os contribuintes é não saber exatamente o que estão recebendo pelo dinheiro que investem" (1) O empreendedorismo normalmente está associado às atividades econômicas desenvolvidas por empresários de diferentes portes, que inovam, assumem risco e se desenvolvem com sucesso e sustentabilidade, estando associado aos indivíduos que lideram atividades inovadoras que resultam em desenvolvimento econômico e social. No Brasil, o Padre José de Anchieta foi reconhecido como nosso primeiro empreendedor, por ter sido o grande líder do desbravamento dos sertões e da formação de cidades, que se desenvolvem até hoje no nosso país. Entre os governantes, apesar de não termos um processo científico de classificação de governos empreendedores, o presidente Juscelino Kubitschek é sempre citado como empreendedor, revolucionando a sua gestão, principalmente pela construção de Brasília e por ter iniciado o grande processo de desenvolvimento do Centro Oeste brasileiro. Era visionário e tinha como lema realizar 50 anos de governo em 5 anos. Na Espanha, o Padre José Maria Arizmendiarrieta foi o líder que, por meio da educação, formou uma geração de empreendedores, com a cultura cooperativista, que resultou no desenvolvimento econômico e social de Mondragon e de suas 38 cooperativas empresariais, com atividades econômicas em cinco continentes, tendo, em 2003, faturado R$ 44.410 bilhões e gerado 68.260 postos de trabalho na Espanha e em outros países. Porém, é dos Estados Unidos que recebemos as maiores lições de como se desenvolver um governo empreendedor, pelo livro Reinventando o Governo; Como o espírito empreendedor está transformando o setor público, bestseller internacional escrito por David Osborne & Ted Gaebler, lançado em 1992. Desde então, as idéias e exemplos citados no referido livro, particularmente no seu sétimo capítulo - O governo empreendedor: gerando receita ao invés de despesas, têm sido fonte de inspiração para muitos governos, em todo mundo, que desejem desenvolver uma gestão pública empreendedora. Nos Estados Unidos, foi realizada uma pesquisa para classificar o empreendedorismo presidencial nos EUA de 1789 a 2000. Os cinco primeiros presidentes do ranking de classificação foram: Abraham Lincoln, Franklin D. Roosevelt, (1) Reinventando o Governo; Como o espírito empreendedor está transformando o setor público - Osborne & Gaebler ,1995. p. 15 49 George Washington, Theodore Roosevelt e Harry Truman. George Bush e Bill Clinton também estão na relação dos classificados. Um dos exemplos de gestão empreendedora presidencial americana, relatada por Osborne & Gaebler, foi a conduzida pelos jovens progressistas, Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson e Louis Brandeis, que não aceitaram o sistema público de gestão, predominante na época, em que "os chefes políticos dirigiam as cidades como se fossem suas e em troca de votos dos imigrantes dispensavam empregos, favores e serviços informais. Com uma mão roubavam o público e com a outra premiavam amplamente os que lhes traziam blocos de votos. Enquanto isso, ignoravam muitos dos novos problemas do país que se industrializava - a favelização das cidades, as más condições dos locais de trabalho, a necessidade desesperada de uma nova infra-estrutura de esgoto, água potável e transporte coletivo. No ano de 1890, eles declararam guerra ao sistema. Durante os 30 anos que se seguiram, o movimento progressista transformou o Governo dos Estados Unidos. “Para pôr fim à distribuição de empregos governamentais, os progressistas organizaram o serviço público, com concursos, escalas de remuneração, e proteção contra a admissão e demissão arbitrárias. Para manter as principais obras de construção, como pontes e túneis, fora da influência dos políticos, criaram autoridades públicas independentes. Para impor um limite ao poder dos chefes locais, dividiram as funções administrativas, afastaram os prefeitos e governadores do processo de nomeação para cargos de importância, criaram o sistema de eleição de administradores, juizes e até de delegados de policia. Para que a administração municipal não fosse prejudicada pela influência política, criaram a profissão de administradores urbanos profissionais, afastados do meio político, que pudessem conduzir a burocracia de forma objetiva e eficiente”. Estas medidas serviram para evitar que os políticos e burocratas agissem de modo a ameaçar o interesse coletivo ou os recursos da comunidade. Porém ao resolver alguns problemas criou outros- “ Ao dificultar o desvio do dinheiro público, tornou virtualmente impossível administrá-lo bem. Ao adotar exames escritos, com notas de três decimais, para contratar novos escriturários, policiais e bombeiros, introduziu a mediocridade na nossa força de trabalho. Ao tornar impossível demitir funcionários de baixa produtividade, proporcionou estabilidade aos medíocres. Ao tentar controlar virtualmente tudo na administração pública, tornamo-nos tão obsessivos em ditar o modo como as coisas deviam ser feitas regulando os procedimentos e 50 controlando os insumos que passamos a ignorar os resultados. O resultado foi o governo com um ethos especial: governo lento, ineficiente, impessoal”. Ou seja, um governo burocrático. A idéia do governo empreendedor surgiu nos Estados Unidos, na década de 70, em contraposição ao governo burocrático que teve grande sucesso numa época em que as mudanças ocorriam de forma mais lenta, quando prevalecia a era hierárquica, quando só os que ocupavam o topo da pirâmide social dispunham de informações suficientes para decidir adequadamente, numa sociedade cujos membros trabalhavam com as mãos e não com a cabeça. Numa época de mercado de massas, quando a maioria das pessoas tinha desejos e necessidades semelhantes. Desenvolveu-se num contexto de comunidades formadas pela geografia bairros e cidades com fortes laços de união. Hoje vivemos numa mudança de época histórica, em que as mudanças ocorrem rapidamente, num mercado globalizado, onde não existem barreiras geográficas limitando o fluxo de mercadorias, pessoas e informações. Numa época em que o povo tem acesso às informações tão rápidas quanto os seus líderes. Esta nova sociedade exige instituições extremamente flexíveis e adaptáveis; instituições que produzam bens e serviços de alta qualidade, assegurando alta produtividade aos investimentos feitos. Requer instituições que respondam às necessidades dos clientes, oferecendo-lhes opção de serviços personalizados; que influenciem pela persuasão e com incentivos, sem usar comandos; que tenham para seus empregados uma significação e um sentido de controle, que eles sintam como se fossem deles. Instituições que confiram poder aos cidadãos, em lugar de simplesmente servi-los. Osborne & Gaebler (1992) relata que um prefeito americano, em um discurso pronunciado em 1986, disse que o governo empreendedor: "Procura formas mais eficientes de administrar: Está disposto a abandonar velhos programas e métodos. È inovador, imaginoso e criativo. Assume riscos. Transforma as funções da cidade em fontes de receitas, em vez de peso sobre o orçamento. Despreza as alternativas convencionais, que se limitam a oferecer serviços básicos. Trabalha de acordo com o setor privado. Usa noções comerciais sólidas. Privatiza. Cria empresas e operações geradoras de recursos. Orienta-se pelo mercado. Focaliza a avaliação de desempenho das suas ações. Reconhece o mérito. Faz com que as coisas funcionem e não teme em sonhar o grande sonho". Assim sendo, temos as seguintes atitudes como características de um governo empreendedor: 51 · Pertence à comunidade, dando responsabilidade ao cidadão em vez de servi-lo. Visa atender aos cidadãos como clientes. Não pretende controlar a economia, possuir empresas ou concentrar-se no "fazer" em ampla escala, mas sim, estimular a ação e a parceria da sociedade. Adota "princípios de gestão de negócios" como atendimento ao cidadão como cliente, próatividade, iniciativa e autonomia gerencial, controle por objetivos e metas ou governo por parcerias, como as parcerias público-privada e os contratos de gestão, com organizações sociais. É baseada em avaliações contínuas da sociedade para ajustar suas estratégias, planos e metas, bem como sua ação implementadora. Um governo empreendedor é transparente e traz à luz seus subsídios, pronto a alterá-los conforme a manifestação popular. Busca sempre novas maneiras de gerar receitas com os serviços que oferece. Portanto, o principal paradigma a ser quebrado nas gestões públicas é a busca de receitas não tributárias, com base na mensuração do nível de retorno de cada investimento. O grande inspirador dos governos empreendedores foi o empreendedor Peter Ueberroth, que presidiu o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 1984. Ele transformou uma tradição de 85 anos de financiamento dos Jogos Olímpicos com dinheiro público, passando de gerador de déficit público para os governos que os realizavam, como o de Montreal, em 1977, que gerou débito de US$ 1 bilhão, que os canadenses pagaram até o ano 2000, para um rentável negócio, gerando em 1984 um lucro de US$ 225 milhões. 12.1 Governo empreendedor municipal Para que um governo empreendedor municipal opere de forma efetiva e tenha sucesso, é imprescindível que os prefeitos e os membros de sua equipe reflitam sobre a inovação na gestão municipal, uma vez que a inovação se constitui no principal elemento que caracteriza o empreendedorismo. Por isso, apresentamos uma síntese das idéias e propostas do prof. José Antonio Gomes de Pinho, do Núcleo de Estudos em Políticas Locais - NEPOL, da Universidade Federal da Bahia - UFBA, contidas no seu brilhante trabalho em que faz um paralelo entre as idéias de Schumpeter sobre o capitalismo e as empresas e as suas 52 idéias sobre a gestão pública municipal e o papel dos prefeitos, intitulado A Inovação na Gestão Municipal no Brasil: Um Diálogo com Algumas Idéias Schumpeterianas, que poderá ser acessado na integra no endereço eletrônico http://www.fgvsp.br/iberoamerican/- clicar em Read the Proceedings localizar no tema Public Administration o trabalho nº 472. procurarem outras no sentido de criar uma diferenciação, permitindo até mesmo que as lideranças se projetem para fora do município. 12.2 A inovação e o empreendedorismo municipal As necessidades não são forjadas pelo setor público, elas já existem, e em abundância, na comunidade, principalmente as mais básicas e não atendidas, cabendo ao poder constituído direcionar as políticas de inovação para atendimento destas necessidades que podem ter ou não um caráter de inovação. Assim, poderia o setor público lançar as novidades, as inovações nas políticas públicas. Vale salientar que, principalmente a partir da redemocratização (meados da década de 80, com ênfase a partir da Constituição de 1988), houve uma reorganização da sociedade civil e conseqüentemente um papel pró-ativo desta no questionamento das estruturas de poder e na proposição de alternativas inovadoras de políticas públicas. Assim, pela interação sociedade civil / governo, a primeira passa também a ter um papel, ainda que coadjuvante mas, em muitos casos, fundamental, na definição de políticas de inovação. Este papel de relevo da sociedade civil ainda se aprofunda mais quando se considera a atuação das ONGs que, muitas vezes, desenvolvem inovações que são, A inovação entra justamente como uma estratégia de diferenciação identificada com o ato de governar, de exercer o poder, de fazer o governo. Em um mercado eleitoral competitivo, a governação fica sujeita à destruição criativa, a recorrência à inovação no sentido de criar valor para a população que acaba por reconhecer a liderança do município, mantendo o partido no poder. A inovação bem sucedida evidentemente cria a imagem de um governo ativo, sintonizado com as necessidades da população (leiase eleitorado), moderno, transforma-se em quase um paradigma. Do outro lado, um governo que não adota a inovação passaria a ser visto com reservas, conservador, não forma uma imagem positiva. A introdução de inovações por parte de uma administração pública provoca desequilíbrios no sistema político, forçando outras administrações a adotarem a mesma inovação ou a 12.3 De onde vêm as inovações no setor público? 53 posteriormente, adotadas pelo setor público. Schumpeter parte da assertiva de que "produzir significa combinar materiais e forças", havendo desenvolvimento quando ocorre "realização de novas combinações". O mesmo afirma que o desenvolvimento comporta cinco possibilidades: 1) introdução de um novo bem ou de uma nova qualidade de um bem ; 2) introdução de um novo método de produção ou de uma nova maneira de manejar uma necessidade em termos comerciais; 3) abertura de um novo mercado; 4) conquista de uma nova fonte de oferta de matérias- primas ou de bens semi-manufaturados; 5) estabelecimento de uma nova organização em uma indústria, seja pela criação da posição de monopólio, seja pela fragmentação desta. Percebe-se que muitas inovações na gestão pública dependem fundamentalmente da nova composição de recursos do que da poupança em particular. Aliás, muitas inovações surgem exatamente devido às restrições de poupança, característica fundamental dos países capitalistas periféricos. 12.4 Gestores municipais: os agentes da inovação Podemos perceber que os inovadores, os que fazem as novas combinações, podem ser o prefeito mas também secretários(as) do governo, assim como gerentes de projetos. Estes estariam caracterizados pela iniciativa, criatividade, precisão. Por outro lado, quando não há combinações novas, ou seja, quando são mantidas as combinações antigas, tradicionais, não há empresários, não há empreendedores, não há inovação, ainda que sejam prefeitos, secretários (as), dirigentes em geral. No caso da gestão pública, continua havendo prefeitos, secretários de governo, gerentes só que estes, neste caso, não são inovadores, ou seja, existem gestores com perfil empreendedor como com perfil não empreendedor, ou seja, neste último caso, dirigentes tradicionais, não inovadores, funcionando dentro do fluxo circular, aquela situação onde tudo se mantém, repete-se como anteriormente. Na área governamental, a inovação tem pressupostos ideológicos, em grande parte não é uma inovação técnica, ou mesmo gerencial, essencialmente. Assim, em um país conservador como o Brasil, a adoção de inovações na gestão pública tem sido, até agora, mais exceção do que regra, e, quando adotada, não tem representado a morte das administrações que não as adotam. Isto não quer dizer que esta seja uma verdade 54 imutável, dado um movimento de mudança mais generalizado em nível municipal. Em outras palavras, espelhando-nos em Schumpeter, a situação brasileira seria ainda representada pela convivência do novo (inovação) com o tradicional (não-inovação), predominando este último, ainda. Não há, como em grande parte do setor produtivo, essa febre inevitável da inovação. Em municípios conservadores, localizados em regiões tradicionais, onde a Sociedade Civil é fraca e desarticulada, normalmente as administrações têm uma forte correspondência com as características desta Sociedade Civil, também apresentando - se tradicionais e conservadoras, funcionando no nível do fluxo circular. Nestas situações, a inovação não se coloca, não se impõe e as administrações seguem seu curso normal. A inovação não resulta nem de pressão da sociedade civil, nem de proposição dos governos municipais, simplesmente não se coloca, não tem espaço. O "lucro", no caso da área governamental, não seria o lucro no sentido de ganho financeiro ou até mesmo uma redução de custos, mas o sucesso e reconhecimento da inovação, medida pela aceitação pela população como um todo, ou por grupos específicos beneficiados por ela. 12.5 A lógica e a dinâmica das inovações A dinâmica da inovação expressa - se por um movimento onde "a princípio apenas uns poucos vêem o novo empreendimento e são capazes de realizá-lo." Em outras palavras, apenas um visionário, ou poucos, conseguem enxergar a viabilidade do lucro, exigindo uma nova inovação para a recomposição do lucro. Outro ponto importante é que uma inovação tem um território delimitado no campo governamental quando associada a um governo. Assim, um município (administração) pode lançar uma ação inovadora e o "lucro" do governante que a lançou está circunscrito ao território não podendo invadir territórios de outros municípios. Mas ainda existe uma outra possibilidade: o governo de um município, por ter lançado uma inovação em determinado setor e se tornado uma referência, um paradigma, e esta inovação passa a pressionar outros municípios, outros governos, que se sentem compelidos a adotá-la também. Isto quer dizer que a fonte seca, mas pode jorrar logo em seguida, gerando "lucros" em outros municípios a outros governantes. Por outro lado, uma inovação bem -sucedida (ou até mesmo a oferta de uma política pública ainda que não inovadora) pode atrair cidadãos e oportunidades de negócio de municípios vizinhos, muitas vezes pela falta absoluta da prestação daquela política nestes municípios. É o caso de municípios pequenos, cujas populações migram para outros maiores em busca de serviços mais qualificados. Neste caso, esses municípios vizinhos não estariam copiando, adotando, por diferenciadas razões, a inovação bem - sucedida. 55 No aspecto governamental, o negócio de larga escala seria o grande governo, a grande prefeitura, a prefeitura de um município grande, de grande população. Estes teriam condições, hipoteticamente, de lançar inovações, novos arranjos, por maior disponibilidade de recursos, quadro técnicos, conhecimento, mas, mesmo assim, também se ressentiriam da existência de quadros técnicos, qualificados, motivados e valorizados o diagnóstico mais comum do serviço público, mesmo em municípios e estados mais desenvolvidos. Por outro lado, um argumento mais contemporâneo aponta que prefeituras, governos de municípios menores podem ousar mais, mesmo com uma soma muito menor de recursos, com uma dose, porém, maior de inventividade e criatividade. rotineiras e a implantação de inovações e de mobilizar forças para isto. O governante fica dividido entre investir tempo e recursos em um projeto inovador, com tudo que isto implica, e as suas múltiplas e inúmeras atividades de rotina. Esta é uma decisão difícil. Mas existe ainda a "reação do meio ambiente social contra aquele que deseja fazer algo novo". A reação manifesta-se por "impedimentos legais ou políticos" vindo primeiro de "grupos ameaçados pela inovação, depois na dificuldade para encontrar a cooperação necessária, finalmente na dificuldade para conquistar os consumidores". No campo da gestão pública, a inovação pode ferir interesses encastelados pelas formas tradicionais de gestão e a resistência dos cidadãos em até entender a nova política. 12.6 A psicologia das inovações: dificuldades para implantação de inovações 12.7 O papel da liderança na inovação e o "prefeito empreendedor" Não só no campo da economia, mas também da gestão pública, é possível aceitar que seja "necessário uma força de vontade nova e de outra espécie para arrancar, dentre o trabalho e a lida com as ocupações diárias, oportunidade e tempo para conceber, elaborar e manter o fluxo circular e não ousaria implantar as inovações. Ele teria que administrar as ocupações e pressões cotidianas, diárias, Discute-se ainda a questão da liderança onde "a figura do líder aparece apenas quando novas possibilidades se apresentam". "Não é parte de sua função "descobrir" ou "criar" novas possibilidade" já que estas estão "sempre presentes, abundantemente acumuladas por toda sorte de pessoas", mas sim, "assumir as coisas", para viabilizar o novo arranjo. A liderança não consiste em "descobrir ou 56 criar a coisa nova, mas em impressionar com ela o grupo social de modo a arrastá-lo em sua esteira. E é "mais pela vontade do que pelo intelecto que os líderes cumprem a sua função, mais pela "autoridade", pelo "peso social" etc. , do que por idéias originais". Novamente, essas colocações resultam em paralelos frutíferos. Em primeiro lugar, o papel do líder, do condutor do processo, é valorizado e tomado como estratégico, e deve impressionar o grupo social. No caso da gestão pública, esse papel parece ser fundamentalmente do governante, mas ele não faz tudo sozinho depende da mobilização de grupos sociais, que seriam segmentos da sociedade civil que apóiam a introdução ou se beneficiariam da inovação. Se Schumpeter valoriza os atributos da "autoridade" e do "peso social" da liderança, esses se valorizam ainda mais no caso da política brasileira marcada pelo personalismo, culto à personalidade. No entanto, o líder político deve ainda criar "confiança em sua liderança". Norberto Bobbio, cientista político italiano, considera como "iluminante" a idéia de Weber depois desenvolvida por Schumpeter "de que o líder político pode ser comparado a um empresário cujo rendimento é o poder, cujo poder se mede por votos, cujos votos dependem da sua capacidade de satisfazer interesses de eleitores e cuja capacidade de responder às solicitações dos eleitores depende dos recursos públicos de que pode dispor". No nosso referencial, a principal ferramenta para uma inovação municipal sistêmica é o plano governamental local e quem faz esse papel é o prefeito empreendedor, em última instância cabendo a ele introduzir ou coordenar a introdução da inovação na gestão municipal. Ou seja, O PREFEITO EMPREENDEDOR é aquele que de forma sistêmica e planejada, propõe a inovação municipal sistêmica e acaba se tornando uma liderança não só no município, mas sim, em toda a sua região. No entanto, vale ressaltar que a fonte inovadora, o foco gerador de inovação, às vezes, pode não estar na cabeça da administração, no prefeito especificamente, mas em um secretário de governo, no diretor de uma empresa pública do governo. Mas podemos dizer que a tendência contemporânea reside em identificar inovação com um governo como um todo, com uma administração. Sintetizando todos os elementos dispostos em nosso quadro teórico, temos a seguinte configuração: a política contemporânea está fundamentalmente marcada pela presença de políticos com vocação, políticos profissionais, políticos que vivem "da política", políticos que se comportam como empresários no sentido de irem ao mercado político à caça de votos. 57 E neste mercado cada vez mais competitivo, a inovação passa a ser um diferencial estratégico. A superioridade de um político, de um partido, pode ser estreitamente associada à implantação da inovação na gestão municipal. Vimos que este político caça votos como o empresário caça lucros e, para ser competitivo, frente aos seus concorrentes, ele deve se posicionar de forma contemporânea, compatível com o tempo que vive. E esse tempo é fundamentalmente marcado por quebra de paradigmas e pela mudança do que está estabelecido. Sem promover alterações substanciais na política local, nos arranjos políticos locais, em suma, sem implantar inovações, e fundamentalmente no atacado, este político não obtém êxito em sua "empresa". Vimos que, pela nossa formação, isto está longe de ocorrer de forma disseminada no sistema político/eleitoral brasileiro, mas ocorreria mais nas áreas (estados e municípios) mais competitivos eleitoralmente, ou seja, aqueles mais desenvolvidos politicamente. Ocorreria, também, fora dessas áreas onde aparece um governante visionário. Também foi destacado o papel de liderança desse político. Assim, embora um governo se expresse por um conjunto de políticos, parece caber ao governante puxar esse processo de inovação na gestão municipal para a superação dos problemas existentes, para a colocação de uma nova ordem e para a viabilização de sua carreira profissional. 12.8 A difusão da inovação A implantação de uma inovação bem - sucedida causa então o interesse de outras administrações municipais em aplicar o modelo bem sucedido, no entanto, não é garantia de sucesso para outra região, pois cada território tem suas particularidades e, por isso, pode até haver o caso dela simplesmente não se aplicar, não ser pertinente, cabível em outra realidade, não haver interesse em ser adotada, mesmo que seja uma inovação e que seja bem sucedida. No entanto, caso seja interessante a adoção da inovação em um outro espaço não significa simplesmente cópia, a difusão envolve uma agregação de valor. Ao se adotar uma inovação em uma outra realidade, ela implica não só em uma adaptação às condições diferenciadas dessa nova realidade, como também representa um momento, uma oportunidade de promover uma inovação incremental na inovação base. Uma questão mais de fundo ainda se refere à questão ideológica. Determinadas inovações não são simplesmente técnicas, mas fundamentalmente carregam um conteúdo político-ideológico e, portanto, não são transportadas pelos concorrentes. 58 "Uma inovação de produto, por exemplo, é mais aparente para os demais competidores do que uma inovação de processo que não modifica o produto". O mesmo vale para os dirigentes públicos. Estes também se deparam com a necessidade de reconhecer os atributos da inovação e avaliar se ela se adapta à sua realidade, lembrando que inovações também representam custos. Por outro lado, em um mercado competitivo, um tempo muito longo para decisão pode ser fatal representando inércia, conservadorismo, incapacidade de decisão. Quanto ao outro aspecto seria, então, mais fácil absorver uma inovação de produto do que de processos. Onde o produto seria uma nova política pública enquanto que o processo estaria constituído mais de mudanças de valores e/ou na organização interna do aparelho de governo que, disposto de outra maneira, poderia gerar novos produtos. 12.9 Incerteza, inovação incremental e sinergia Para desenvolver o paralelo de inovações nos campos empresarial e governamental, tem-se que considerar que: mudaram as empresas, mudou a economia, mudou o Estado, assim como a sociedade, e a palavra chave é incerteza. A única certeza é a incerteza. Nesse contexto, a gestão governamental também opera sob incerteza, mas algumas diferenças básicas entre o mundo empresarial e o desenvolvimento da inovação. Em primeiro lugar, a inovação tem uma longa história no campo empresarial enquanto que na esfera governamental ela apenas se constitui mais firmemente a partir dos anos 80. Pode-se pensar ainda na equivalência entre o partido político e o grande conglomerado industrial, onde há troca de experiências, de conhecimento e de tecnologia principalmente naqueles estruturados em unidades de negócios. Pôde-se observar como depois das eleições municipais de 2000 determinados partidos reuniram seus prefeitos eleitos no sentido de trocar experiências e disseminar inovações exitosas. O mesmo esta acontecendo após as eleições municipais de 2004. Podemos postular que as inovações na área governamental também podem ser separadas em dois tipos: as inovações estruturais na área pública decorreriam de uma nova política pública, de uma nova forma de oferecer um bem público, do atendimento de setores da população até então não atendidos, ou de uma nova forma de dispor os componentes participantes da política pública, e as inovações incrementais no setor governamental decorreriam de melhorias sucessivas em políticas públicas vigentes, de ampliação e aperfeiçoamentos no processo estabelecido de fornecimento de bens públicos e de atendimento de setores 59 da população. Dez princípios básicos do governo empreendedor: No campo governamental, esses atributos contemporâneos podem ser encontrados, tanto em consórcios intermunicipais, como em parceiros, como atores coletivos da sociedade, onde há intercâmbios de experiências e conhecimentos. Podem ser encontrados também dentro de partidos políticos onde uma experiência de inovação exitosa passa a ser uma referência que se transfere para outras municipalidades geridas por este mesmo partido. 1. Promover a competição entre os que prestam serviços ao público. 2. Dar poder aos cidadãos, transferindo para eles o controle das atividades das burocracias prestadoras de serviços ao público. 3. Avaliar a atuação dos órgãos públicos por meio dos seus resultados e não dos fatores utilizados, os insumos. 4.Orientar-se por seus objetivos sua missão ao invés de regras e regulamentos. 5.Redefinir seus usuários como clientes, oferecendo-lhes opções. 6.Atuar, preventivamente, evitando o surgimento de problemas, não limitando-se a oferecer serviços à guisa de correção ou remédio. 7.Investir energias na produção de recursos , não se concentrando apenas nas despesas. 8.Descentralizar a autoridade, promovendo o gerenciamento participativo. 9.Preferir mecanismos de mercado às soluções burocráticas. 10.Atuar na catálise de todos os setores público, privado e voluntário para a ação conjunta dirigida à resolução de problemas. (David Osborne e Ted Gaebler, 1992) 60 13 O município em ação 13.1. Realização do Planejamento Estratégico Municipal Conceituando o Planejamento Estratégico: Planejamento Estratégico (P.E) é uma ferramenta administrativa utilizada para a construção de diretrizes e identificação de meios adequados para alcançar os objetivos e direcionar as decisões institucionais. Premissas básicas: Sensibilização das pessoas sobre as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade, quanto ao cenário sócioeconômico, político e cultural; Direcionamento das pessoas para a construção do futuro, a partir do presente. Isto é, para alcançar o desenvolvimento desejado é preciso que se inicie agora; Estímulo às pessoas para novas atitudes, comportamento e habilidades que proporcionem a otimização do resultado das ações implementadas no município; Compreensão e aceitação da necessidade de mudança do processo de gestão municipal; Ênfase na participação efetiva e na interação de todos no processo de construção/reconstrução da gestão. O processo inicia a partir da elaboração da: VISÃO DE FUTURO Sem considerar os fatores restritivos ou propulsores do desenvolvimento do município. Por isso é submetida a uma avaliação racional e criteriosa das suas: OPORTUNIDADES AMEAÇAS Em termos de: Em termos de: Oportunidades que sinalizam para: fatores externos que prejudicarão o s Setores a desenvolver desenvolvimento do município e suas s Mercados a explorar oportunidades de geração de trabalho s Recursos a aproveitar e renda. Considerando a realidade do município/prefeitura CONCORRENTES Com seus PONTOS FORTES PONTOS FRACOS PONTOS NEUTROS Tudo isso dentro do horizonte estabelecido para a MISSÃO Que deve conduzir à escolha de PROPÓSITOS/FOCOS ESTRATÉGICOS A partir da análise criteriosa de CENÁRIOS Respeitando a OPÇÃO ESTRATÉGICA Que possibilita o estabelecimento das MACROESTRATÉGIAS MACROPOLÍTICAS Que orientarão a formalização dos OBJETIVOS GERAIS OBJETIVOS FUNCIONAIS Mais realistas que as expectativas e os desejos, como base para a formulação de DESAFIOS e METAS Quantitativos, que permitirão o estabelecimento, em nível funcional, de ESTRATÉGIAS e POLÍTICAS Capazes de: s Tirar proveito dos pontos fortes e oportunidades; e s Evitar ou eliminar os pontos fracos e ameaças do município e que devem ser traduzidas em PROGRAMAS PROJETOS e PLANOS DE AÇÃO Destinados a orientar a elaboração dos planejamentos tático, operacional e financeiro através do ORÇAMENTO ECONÔMICO-FINANCEIRO Capazes de permitir a implementação do planejamento 61 Produtos do processo de Planejamento Estratégico: Identidade Institucional, visão de futuro, missão, competência essencial e valores; Análise do ambiente externo - ameaças e oportunidades; Análise do ambiente interno - pontos fortes e fracos; Focos estratégicos; Diretrizes; Programa de ação por foco estratégico; Definição das metas principais para o exercício. Resultados decorrentes do Planejamento Estratégico: Melhoria das ações governamentais , no que diz respeito à otimização dos: Recursos humanos; Recursos materiais; Recursos financeiros; Produtos e serviços de melhor qualidade; Maior alcance social das ações públicas municipais. 13.2. Elaboração do Plano Diretor do município que trata da política de desenvolvimento urbano, prevê a existência do Plano Diretor. Esse dispositivo legal foi regulamentado pela lei Nº 10.257, de 10/07/2001, que estabelece as diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências, conhecida como o Estatuto das Cidades, referência obrigatória para todos os gestores municipais, em termos de legislação. O Plano Diretor integra o planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. Os princípios que norteiam a sua elaboração estão contidos no Estatuto da Cidade, o qual define o Plano Diretor como instrumento básico da política de desenvolvimento e ordenamento da expansão urbana do município, da função social da cidade e da propriedade. O referido plano é obrigatório para os municípios: Com mais de 20.000 habitantes; Integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; Com áreas de especial interesse turístico e; Situados em áreas de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental na região ou no país. A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 182, 62 No caso específico de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o Plano Diretor ou nele inserido. Contudo, reconhecendo que o Plano Diretor é um importante instrumento para o pleno desenvolvimento do município, recomenda-se que todos os municípios o elaborem, afinal, é desejável que todo município conheça sua realidade e construa diretrizes para reduzir as desigualdades, prevenir a degradação ambiental e da qualidade de vida, e assegure o pleno desenvolvimento de suas potencialidades. O plano materializa-se no formato de lei aprovada pela Câmara de Vereadores, sancionada pelo Poder Executivo de cada município, e trata de questões relativas à organização, crescimento e funcionamento dos espaços urbanos do município, buscando garantir qualidade de vida para os seus cidadãos. Além disso, deve englobar o território do município como um todo. Desta forma, deve definir os vetores capazes de interagir com as dinâmicas ditadas pela organização social existente, contribuindo para reduzir as desigualdades sociais, redistribuindo riscos e benefícios da urbanização. Nele se define as áreas de proteção ambiental e histórica, delimita-se as regiões e os critérios para instalação de atividades econômicas ou para áreas de proteção ambiental e histórica, delimita-se as regiões e os critérios para instalação de atividades econômicas ou para grandes obras, trata-se do ordenamento do trânsito, além de apontar os limites de expansão das cidades e os potenciais a serem nelas explorados. A lei que instituir o Plano Diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos. O Plano Diretor não deve, por outro lado, ser um mero instrumento de controle do uso do solo. Ao contrário, deve procurar cumprir a função de instrumento indutor do desenvolvimento sustentável das cidades, assegurando, por exemplo, espaços adequados para a moradia popular e para a instalação de pequenas e médias empresas, contribuindo para um crescimento urbano equilibrado. A legislação prevê ainda que no processo de elaboração do Plano Diretor e na fiscalização de sua implementação, os poderes legislativo e executivo municipais deverão garantir: A promoção de audiências públicas e debates, com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade; 63 A publicidade quanto aos documentos e informações produzidos. Ou seja, por interferir fortemente na organização dos espaços urbanos e, portanto, na vida dos cidadãos, o Plano Diretor deve ser uma construção coletiva. As normas precisam ser cuidadosamente planejadas e discutidas amplamente com toda a comunidade: governo, iniciativa privada, a sociedade organizada (associações de bairro, movimentos sociais, entidades de classe) e moradores em geral. Isso materializa a participação popular na gestão do município, tão necessária para a ampliação do exercício da cidadania e a melhoria da eficiência, eficácia e efetividade da gestão pública, imperativo ético da contemporaneidade. E para que o seu processo de elaboração seja público e transparente é fundamental constituir uma estratégia de comunicação, que tenha um amplo alcance. Para a mobilização dos cidadãos e divulgação de todas as informações e propostas sistematizadas nas diversas etapas e eventos, pode-se utilizar vários recursos (rádio, televisão, jornais, internet, cartilhas, teatro, carro de som, etc). É indispensável utilizar ainda as redes sociais estabelecidas na sociedade civil organizada (associação de moradores, entidades de classe, ONGs, entidades profissionais, sindicatos) e também as instituições com forte inserção na população (igreja, rede escolar, dentre outras). Devem ser divulgados em que locais da prefeitura e da cidade os documentos podem ser consultados. Caso o municÍpio já tenha uma estrutura de orçamento participativo, é importante envolvê-la na formatação do plano. A elaboração do Plano Diretor é, portanto, um importante mecanismo de incentivo à adoção do necessário e obrigatório sistema de planejamento municipal, que passa pela atualização e compatibilização dos cadastros existentes, integração das políticas setoriais e dos orçamentos com o plano de governo e as diretrizes do Plano Diretor, elaboração da Agenda 21, Planos de Preservação do Patrimônio Cultural, capacitação das equipes locais, sistematização e revisão da legislação. É, por fim, uma oportunidade para estabelecer uma prática permanente de construção de políticas, de avaliação das ações e correção dos rumos da administração municipal. 64 13.3. Os consórcios intermunicipais de desenvolvimento Consórcios intermunicipais são entidades que reúnem diversos municípios para a realização de ações conjuntas, que se fossem produzidas pelos municípios, individualmente, não atingiriam os mesmos resultados ou utilizariam um volume maior de recursos. Os consórcios intermunicipais possuem personalidade jurídica (normalmente assumem a figura de sociedade civil), estrutura de gestão autônoma e orçamento próprio. Também podem dispor de patrimônio próprio para a realização de suas atividades. Seus recursos podem vir de receitas próprias que venham a ser obtidas com suas atividades ou a partir das contribuições dos municípios integrantes, conforme disposto nos estatutos do consórcio. Todos os municípios podem dar a mesma contribuição financeira, ou esta pode variar em função da receita municipal, da população, do uso dos serviços e bens do consórcio, ou por outro critério julgado conveniente. Possibilidades Há amplas possibilidade de atuação conjunta de municípios através de consórcios. Desde pequenas ações pontuais a programas de longo prazo e intensa influência sobre o destino dos municípios, os consórcios podem se constituir com menor ou maior pretensão de durabilidade e impacto. Também podem assumir os mais variados objetos de trabalho, como alguns apresentados a seguir: a) Serviços públicos: Os municípios podem oferecer serviços públicos em parceria com municípios vizinhos. Com isso, é possível amortizar os custos fixos e os investimentos sobre uma base maior de usuários, reduzindo o custo unitário da produção e distribuição dos serviços. Diversos tipos de serviços públicos podem ser realizados sistematicamente por meio de consórcios. No campo do abastecimento e nutrição podem ser implantados programas de complemento nutricional ou "sacolões" volantes. No campo da cultura, em municípios de pequeno porte, é possível implantar equipamentos e realizar atividades de caráter regional, como o serviço de ônibusbiblioteca. Também é possível atuar de forma consorciada nas áreas de esporte, lazer, assistência social, aparelhamento do Corpo de Bombeiros e saneamento. 65 b) Saúde: Este é o campo mais propício para a criação de consórcios para prestação de serviços públicos. A operação conjunta da rede pública de serviços de saúde tem sido o motivo da criação de vários consórcios municipais nos últimos anos. Isto porque é um tipo de serviço que exige grandes investimentos e que naturalmente é hierarquizado em rede, por demanda: um município de pequena população não terá condições (nem fará sentido que o faça) para oferecer todo o leque de serviços possíveis e necessários. Com isso, muitos municípios passam a depender de serviços oferecidos fora, cuja operação está totalmente além de seu controle; outros implantam equipamentos e serviços super dimensionados, cujo investimento necessário ou o custeio da operação são muito elevados para o potencial econômico (muitas vezes esta opção implica o sucateamento, a médio prazo desses mesmos investimentos). c) Obras públicas: Muitas vezes as obras públicas podem ser do interesse de mais de um município. É o caso de obras em áreas de divisa (especialmente em áreas conurbadas), canalização de cursos d'água e obras viárias que garantam o acesso a vários municípios. Em outras situações, pode ser interessante compartilhar recursos para diversas obras a cargo de cada município: rodízio de máquinas próprias, aquisição ou locação de máquinas para uso comum, contratação de projetos arquitetônicos padronizados ou mutirões de manutenção de estradas vicinais. Este é um item em que os consórcios intermunicipais revelam um desempenho muito bom, por conta do próprio caráter circunstancial: são ações com objetivos e etapas perfeitamente definidos, facilitando o estabelecimento de responsabilidades de cada parceiro. d) Atividades-meio: Outra forma de tirar melhor proveito dos recursos, por intermédio de consórcios intermunicipais, é a realização de atividades-meio das prefeituras. É o caso da informática, que dá espaço para o uso comum de equipamentos (em caso de aplicações que requeiram maior capacidade de processamento, o que pode ocorrer para municípios de maior porte) e para o desenvolvimento de sistemas informatizados que possam atender a mais de um município, como por exemplo, programas para gestão das redes de educação e saúde. Também é possível estabelecer consórcios para realizar atividades de treinamento e capacitação de funcionários públicos municipais, permitindo criar programas permanentes de capacitação de pessoal de menor custo por servidor beneficiado. e) Meio Ambiente: Muitos consórcios têm surgido a partir de projetos de recuperação ou preservação do meio ambiente, sobretudo em busca de soluções para problemas em torno do manejo de recursos hídricos de uma bacia hidrográfica. Esses consórcios podem ir além das questões hídricas, num sentido estrito, e assumir um papel de 66 interlocutores frente aos governos estadual e federal, em questões ambientais mais amplas como saneamento básico, lixo e enchentes. f) Desenvolvimento econômico regional: Há uma grande possibilidade de atuação dos consórcios no campo da promoção do desenvolvimento regional. Podem assumir funções de incentivo a atividades econômicas (atração de investimentos, apoio à produção e abastecimento agrícola) e funcionar como agentes de controle e prevenção da "guerra fiscal" entre municípios. No campo do turismo as ações de consórcios têm sido pouco utilizadas, apesar da boa possibilidade de emprego desse instrumento para divulgar o potencial turístico regional e também preparar os municípios para sua exploração racional. Pode-se considerar também a hipótese de empreender programas de capacitação e reciclagem profissional da mão-de-obra local. Gestão Normalmente, o principal agente de gestão dos consórcios é um Conselho de Administração, composto pelos prefeitos dos municípios integrantes. É interessante, também, incorporar representantes dos legislativos municipais e entidades da sociedade civil. Dependendo dos estatutos do conselho, as decisões podem ser tomadas por maioria simples, maioria absoluta, maioria qualificada ou unanimidade. Em algumas situações, um dos municípios pode ter poder de veto sobre as decisões, especialmente quando houver um município de porte muito maior que os demais (o centro de uma região metropolitana, por exemplo), ou, por algum motivo, ocupar um papel central nas atividades realizadas pelo consórcio (é o caso dos municípios que cedem áreas para a disposição final de resíduos sólidos de outros municípios). Os consórcios, em geral, são presididos por um dos prefeitos dos municípios que dele fazem parte, adotando-se um sistema de rodízio, mudando a cada um ou dois anos. A gestão operacional do consórcio, em grande parte dos casos, exige uma estrutura própria. Há duas formas de supri-la: criando uma secretaria executiva, com quadro de pessoal próprio, ou utilizando servidores cedidos pelas prefeituras integrantes, atuando à disposição do consórcio, em tempo integral ou parcial. É conveniente dispor de uma equipe técnica própria e de caráter permanente, permitindo que se forme a "inteligência" do consórcio, com conhecimento aprofundado da problemática regional. 67 Resultados: Do ponto de vista da ação dos governos municipais envolvidos, a criação de consórcios intermunicipais pode produzir resultados positivos de cinco tipos: Aumento da capacidade de realização: os governos municipais podem ampliar o atendimento aos cidadãos e o alcance das políticas públicas, por conta da disponibilidade maior de recursos e do apoio dos demais municípios. Maior eficiência no uso dos recursos públicos: é o caso dos consórcios, cuja função central é o compartilhamento de recursos escassos, de máquinas de terraplanagem a unidades de saúde ou unidades de disposição final de resíduos sólidos. O volume de recursos aplicados como investimento no consórcio e o custeio de sua utilização são menores do que a soma dos recursos que seriam necessários a cada um dos municípios para produzir os mesmos resultados. equipamentos de alto custo, o desenho de políticas públicas de âmbito regional (como no caso das políticas de desenvolvimento econômico local). Aumento do poder de diálogo, pressão e negociação dos municípios: a articulação de um consórcio intermunicipal pode criar melhores condições de negociação junto aos governos estadual e federal, ou junto a entidades da sociedade, empresas ou agências estatais. Com isso, vê-se fortalecida a autonomia municipal. Aumento da transparência das decisões públicas: como as decisões tomadas pelos consórcios são de âmbito regional e envolvem vários atores, naturalmente elas se tornam mais visíveis, pois exigem um processo de discussão mais aprofundado em cada município, e em termos regionais. Com isso, abre-se espaço para uma maior fiscalização da sociedade sobre a ação dos governos. Realização de ações inacessíveis a uma única prefeitura: a articulação de esforços em um consórcio intermunicipal pode criar condições para que seja possível atingir resultados que não seriam possíveis a nenhuma prefeitura isoladamente, ou mesmo à soma dos esforços individuais de cada uma delas. É o caso da aquisição de 68 14 Como Identificar as Potencialidades Locais um mesmo setor, a criação de uma rede de cooperação pode ajudar a potencializar os recursos existentes, a partir do compartilhamento; Procurar diferenciais que apenas o município possua e valorizá-los para agregar valor junto a outros mercados. É importante que as potencialidades sejam identificadas por atividade econômica. Ex: turismo, agricultura e piscicultura. Para a identificação de potencialidades locais alguns princípios devem ser observados: O primeiro ponto é identificar o que não fazer. Algumas atividades produtivas exigem acesso farto a matérias-primas e condições de produção muitas vezes não acessíveis ou não disponíveis no município; O conjunto de conhecimentos que a população já possui, e que pode ser aproveitado para a criação de pequenas empresas e profissionalização da mão-de-obra existente, deve ser analisado com critério. Essas informações podem ser identificadas a partir de pesquisas de mercado; Prédios públicos abandonados, máquinas e equipamentos parados, podem ser identificados facilmente pela prefeitura e usados como contrapartida para captação de recursos; Organizações de base comunitária, ONGs e entidades de classe são atores importantes para a mobilização social e captação de voluntários para atividades específicas; Universidades, centros de pesquisa e incubadoras são excelentes lugares para desenvolver novas idéias e tecnologias. Identificar as instituições mais próximas e buscar parcerias; Ao existir uma grande quantidade de produtores de Princípios e Valores Para desenvolver o município, alguns princípios podem ser observados pela prefeitura e demais gestores municipais. Estes princípios produzem desenvolvimento em bases sólidas e com efetivo envolvimento da sociedade. 1.Toda pessoa tem capacidades e habilidades. Toda comunidade tem potencialidades e recursos que podem ser aproveitados e diminuem a dependência de recursos externos; 2.As relações de confiança e colaboração entre as pessoas, as redes informais de proteção eajuda mútua existem em volume superior ao que se imagina, e propiciam o ambienteadequado ao desenvolvimento de empresas e empreendedores; 3.Combater a pobreza é fortalecer as capacidades das pessoas e os recursos das comunidades,e não transformar pessoas e comunidades em beneficiários passivos de programas assistenciais; 4.A parceria entre múltiplos atores – comunidades, ONGs, governos, empresas, universidades – ampliam as competências e recursos; 5.O assistencialismo, o clientelismo e o paternalismo são os maiores entraves ao desenvolvimento; 6.A experimentação e a inovação podem crescer em escala, transformando projetos em processos sustentáveis de desenvolvimento. 69 15 Novos Caminhos - Fundos de Apoio ao Desenvolvimento Econômico e de Combate à Pobreza 15.1. FCE - Fundo de Financiamento às Micro, Pequenas e Médias Empresas do Estado do Ceará O Fundo de Financiamento às Micro, Pequenas e Médias Empresas do Estado do Ceará - FCE, previsto no Art. 209 da Constituição do Estado, instituído pela Lei Complementar n.º 5, de 30 de dezembro de 1996, e alterado pela Lei Complementar n.º 16, de 14 de dezembro de 1999, é atualmente regido pela Lei Complementar n.º 33, de 02 de abril de 2003. O FCE tem por objetivo financiar programas voltados para o incremento do setor produtivo da economia, entendendo-se como tal programas e projetos de fomento ao empreendedorismo no estado, compreendendo como beneficiários finais as micro, pequenas e médias empresas, empreendedores informais, trabalhadores autônomos, atividades do meio rural agrícola e não agrícola, organizações produtivas de autogestão do meio urbano e rural e organizações especializadas em microfinanças. O FCE tem um Conselho Consultivo com competência para definir a operacionalização, os encargos financeiros e pagamentos aplicados pelas organizações especializadas em microfinanças, credenciadas e/ou conveniadas, tendo a seguinte composição: I - Secretário do Trabalho e Empreendedorismo, que o presidirá; II - Secretário do Planejamento e Coordenação; III Secretário da Fazenda; IV Secretário do Desenvolvimento Local e Regional; V Secretário do Desenvolvimento Econômico; VI Secretário da Agricultura e Pecuária; VII Diretor Superintendente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará - SEBRAE/CE; VIII Presidente da Federação Cearense das Micro e Pequenas Empresas - FECEMPE; IX Representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Ceará - FETRAECE. 15.2. FECOP - Fundo Estadual de Combate à Pobreza O Fundo Estadual de Combate à Pobreza FECOP - foi criado pela Lei Complementar nº 37/2003. Objetivos: Promover transformações estruturantes, que possibilitem um efetivo combate à pobreza, em áreas selecionadas do estado do Ceará; Dar assistência às populações vulneráveis que se situam abaixo da linha de pobreza, potencializando programas e projetos voltados para a melhoria das 70 No âmbito do Governo do Estado existe t a m b é m o Fundo de Desenvolvimen to Industrial FDI. Mais informações n o s i t e : www.sde.com. br. condições de vida, favorecendo o acesso a bens e serviços sociais. Descrição: Para alcançar o objetivo mencionado, o FECOP apoiará programas divididos em duas categorias: Programas de Transferência de Renda e Programas Estruturantes, a serem direcionados aos municípios de todo o estado e bairros de Fortaleza que apresentem os piores indicadores sociais, e a grupos de famílias que se encontrem em condição de vulnerabilidade. 1. Programas de Transferência de Renda: priorizarão ações direcionadas aos pobres crônicos, aos grupos mais vulneráveis e grupos com potencialidade de migrar da condição de pobre para não-pobre. 2. Programas Estruturantes: dotarão a população pobre de condições de acumular meios físicos, humanos e sociais, através da implementação de ações dirigidas às áreas de educação, saúde, infraestrutura e participação social, entre outros. Programas do Fundo Estadual de Combate a Pobreza - FECOP O Programa de Combate à Pobreza do Estado do Ceará será composto de programas e ações propostos pelas várias Secretarias Setoriais, com vistas a garantir ações integrais e integradas, com a otimização de recursos e insumos. Metodologicamente, o plano se divide em dois grupos: o de Políticas de Transferência de Renda e o de Políticas Estruturantes. Os “parceiros locais” do Fecop são formados por representantes do poder público municipal, entidades não governamentais, empresas privadas, comunidades, e atuarão em co-responsabilidade na formulação e/ ou execução de planos/ projetos, com vistas a fortalecer a capacidade técnica no desenvolvimento das ações e a sua sustentabilidade. Os recursos do FECOP são originários de parcela do produto da arrecadação correspondente ao adicional de dois pontos percentuais na alíquota do Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, ou do imposto que vier substituí-lo, incidente sobre os produtos e serviços especificados na Lei Complementar Nº 37/2003, e de outras receitas que vierem a ser destinadas ao Fundo. 71 16 Políticas de Desenvolvimento Territorial 16.1 Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável A abertura das economias e a globalização promoveram uma ruptura nos padrões de competitividade que vigoraram no mundo das empresas e das regiões. Tal ruptura foi acompanhada por reestruturações produtivas organizacionais orientadas por novas estratégias empresariais. O choque nos preços relativos e a necessidade de recomposição de custos e de competitividade das empresas fizeram com que estas recorressem a dois recursos: inovações tecnológicas e migração de investimentos. Essas mudanças repercutiram diretamente na vida das regiões, tornando-as mais vulneráveis, porém mais ativas no esforço próprio de preservação e busca do desenvolvimento local. Dessa maneira, as grandes transformações estruturais recentes têm criado um ambiente que comporta, simultaneamente, elementos de exclusão e janelas de oportunidades. Nesse sentido, as prefeituras municipais, conduzidas pelos seus respectivos gestores, mas apoiadas pela participação da sociedade civil, devem estar preparados e atentas para interpretar essas movimentações, identificar as oportunidades e explorá-las, utilizando para isso as potencialidades locais. Essa forma de desenvolvimento pode ser interpretada como sendo de natureza endógena, ou seja, que nasce e evolui de baixo para cima, ou de dentro para fora, em forma circular e acumulativa, caminhando ao encontro dos mercados regional, nacional e internacional, mas também ao encontro das políticas estadual e nacional de desenvolvimento. A vantagem desse tipo de desenvolvimento é de várias ordens, podendo ser apresentadas por meio do aproveitamento dos recursos e fatores locais, do estímulo à inteligência local, do aproveitamento da poupança e da energia locais, do acúmulo do capital social, fonte da auto-estima e do orgulho da população local que alimentam a participação popular nas decisões referentes ao destino do município. As experiências exitosas de desenvolvimento local têm mostrado que as estratégias colocadas em prática pelos gestores públicos municipais têm seguido uma lógica pautada pela descentralização das políticas públicas, pela autonomia das comunidades, participação da população nas discussões das prioridades, integração das ações públicas e na sustentabilidade econômica e ambiental dos projetos e do desenvolvimento. De acordo com essa lógica, significa dizer que as políticas sociais, especialmente nas áreas da saúde e da educação, não devem ser dissociadas das estratégias e políticas de caráter produtivo-cultural, que mobilizam emprego e renda, que ao mesmo tempo não 72 devem ser dissociadas da estratégia e das políticas dirigidas para conservação e melhoria do meio ambiente. 16.2 Arranjos Produtivos Locais - APLs Em sintonia com a estratégia de desenvolvimento local e endógeno, grande parte dos poderes locais de vários países está estruturando políticas públicas de apoio aos arranjos produtivos locais-apls, principalmente aqueles formados por micro, pequenas e médias empresas. No Brasil, várias instâncias de âmbito nacional e federal incorporaram em seus programas recursos e instrumentos de apoio à organização e competitividade aos arranjos produtivos locais-apls. Dentre essas instituições, encontram-se o Sebrae, BNDES, Ministério da Integração Nacional, Ministério do Desenvolvimento e Ministério da Ciência e da Tecnologia. No Ceará, as Secretarias Estaduais de Trabalho e Empreendedorismo, Desenvolvimento Local e Regional e Agricultura e Pecuária estão desenvolvendo ações para organizar e desenvolver apls em vários municípios. Entende-se, por Arranjo Produtivo Local - APL, a aglomeração territorial de empresas ou produtores atuando dentro de uma organização de produção especializada, geralmente de algum bem ou serviço final. Apresentando- se como tal, a aglomeração produtiva pode permitir relações técnico-produtivas geradoras de negócios e de aprendizagem coletivos, dentro das quais são trocados informação e conhecimentos responsáveis pelas inovações. Junto com as interações, entre os agentes produtivos, são estabelecidas relações de cooperação que podem levar à constituição de alianças e consórcios propícios à geração de economias externas de escala, só possíveis nas grandes organizações. Ao contrário do que se pensa, um arranjo produtivo pode se manifestar em qualquer segmento onde haja concentração ou rede de produtores ou ofertantes de serviços. No Ceará, por exemplo, os apls têm se manifestado em vários segmentos, como por exemplo, agricultura familiar, artesanato, apicultura, carcinicultura, confecções, móveis, turismos, etc. Os arranjos produtivos locais-apls ,no Ceará, nasceram espontaneamente, impulsionados pelo empreendedorismo local e sua sobrevivência tem sido possível mesmo diante de conjunturas macroeconômicas adversas. Entretanto, dadas suas fragilidades microeconômicas, esses arranjos têm necessidade de apoio por parte das políticas públicas dos poderes públicos municipais e estadual. As soluções de que necessitam variam de caso para caso, sugerindo que as políticas sejam voltadas para a demanda e as necessidades, no lugar de serem padronizadas. 73 Por que apoiar os arranjos produtivos locais APLs ? Apoiar o empreendedorismo local; Gerar emprego e renda; Criar condições para o desenvolvimento local; Desenvolver políticas de inclusão social dentro de uma alternativa produtiva. 74 17 Onde Buscar Informações e Apoio 17.1. Ministério do Trabalho e Emprego - MTE Destaque para o programa nacional do 1º emprego e o projeto dos consórcios sociais da juventude que, através da participação da sociedade civil, pretendem capacitar e inserir o jovem no mercado de trabalho. www.mte.gov.br 17.2. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio - MDIC Destaque para os Telecentros de Informação e Negócios, que visam criar infra-estrutura para a inclusão digital e apoio aos empreendedores locais, através da integração e disponibilização de conteúdo. www.mdic.gov.br 17.3. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Programa Fome Zero Destaque para o projeto de banco de alimentos e restaurantes populares que auxilia no programa Fome Zero e pode ainda proporcionar a geração de trabalho e renda. w w w . d e s e n v o l v i m e n t o s o c i a l . g o v. b r e www.fomezero.gov.br 17.4. Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT Destaque para os fundos setoriais de apoio à pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos. A área de inclusão social permite o apoio aos Arranjos Produtivos Locais e Centros Tecnológicos. www.mct.gov.br 17.5. Ministério da Integração Nacional - MIN Destaque para as políticas de integração nacional e desenvolvimento regional e municipal, através da promoção do desenvolvimento das mesorregiões, como a do Araripe, que engloba municípios do Ceará, Pernambuco e Piauí. www.integracao.gov.br 17.6. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES Destaque para o fundo social do BNDES que permite financiamentos sem contrapartida. E o PMAT (Programa de Modernização da Administração Tributária) e de gestão dos setores sociais básicos, para o financiamento e a melhoria dos processos de arrecadação e gestão de projetos das Prefeituras. www.bndes.gov.br 17.7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Coleta informações demográficas, geográficas, sociais e econômicas do município. Destaque-se o PNAD ( Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). www.ibge.gov.br 17.8. Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP Opera através de programas que abrangem quatro linhas de ação. Destaque para o apoio a Arranjos Produtivos Locais, o PROSOCIAL, o Habitare e o PRONINC. www.finep.gov.br 75 17.9. Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE Principal apoio das micro e pequenas empresas no país, o SEBRAE dispõe de uma conjunto completo de produtos e serviços para empresas, nas áreas de crédito, inovação, desenvolvimento local, associativismo e difusão da cultura empreendedora. www.sebrae.com.br 17.10. Empresa Brasileira de Pesquisa da Agropecuária - EMBRAPA Principal empresa de pesquisa do país que desenvolve soluções para o agronegócio e para a agricultura familiar. O Ceará conta com a Embrapa Agroindústria Tropical (www.cnpat.embrapa.br) e a Embrapa Caprinos (www.cnpc.embrapa.br). www.embrapa.br 17.11. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - IPECE Mantém informações detalhadas sobre dos municípios do Ceará, com as identificação de APLs, vocações econômicas, perfil municipal e dados demográficos. www.ipece.ce.gov.br bem sucedidas, e inspirar banco de projetos que podem ser replicados no município. Destaque para os livros publicados pela instituição, com dicas de projetos inovadores. www.polis.org.br 17.13. Programa Gestão Pública e Cidadania EAESP-FGV, Fundação FORD, BNDES Programa desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Busca identificar e difundir políticas públicas exitosas para prefeituras, comunidades indígenas, quilombolas e governos estaduais. http://inovando.fgvsp.br 17.14. Instituições financeiras 1. Banco do Brasil www.bb.com.br 2. Caixa Econômica Federal www.caixa.com.br 3. Banco do Nordeste www.bnb.gov.br 4. Banco do Estado do Ceará www.bec.com.br 17.12. Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais - PÓLIS Organização que visa identificar e difundir políticas públicas 76 Diagrama - Indicadores Demográficos e do Mercado de Trabalho POP. OCUPADA SETOR FORMAL SUBEMPREGO VISÍVEL SUBEMPREGO INVISÍVEL SETOR INFORMAL POP. ECON. ATIVA SUBEMPREGO PLENO CESSANTE PEA ABERTO POP. EM IDADE ATIVA NÃO CESSANTE PIA POP. DESEMPREGADA >=10 anos OCULTO POR TRABALHO PRECÁRIO OCULTO POR DESALENTO POP. (1) TOTAL POTENCIAL POP NÃO ECONOMICAMENTE ATIVA - PNEA TOTAL POP EM IDADE NÃO-ATIVA PINA <10 anos (1)População 77 Glossário práticas intensivas dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). ACORDO DE COOPERAÇÃO - Forma de colaboração entre organizações que não implica na constituição de uma nova entidade. Inclui acordos técnicos, financeiros, pesquisas cooperativas ou parcerias, estas consideradas como a forma mais evoluída de cooperação. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). AGÊNCIA DE EMPREGO - (a) organização especializada em promover o recrutamento de empregados para todos os níveis de emprego; (b) departamentos vinculados às secretarias estaduais de trabalho. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). BALCÃO DE NEGÓCIOS - Serviço de orientação sobre procedimentos gerenciais, abertura de empresas, estatuto da microempresa, registro especial no âmbito federal e estadual, registro de marcas e patentes, busca de anterioridade, aditivos e baixas de empresas, normas técnicas e outras informações oferecidas aos empresários. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). BOLSA DE NEGÓCIOS - Serviço de promoção de negócios que busca a aproximação de compradores e fornecedores de produtos, serviços, resíduos e oportunidades de negociação entre empresas nacionais e internacionais. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). AGRICULTURA FAMILIAR - Atividade agrícola cuja propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). AGRONEGÓCIO (AGRIBUSINESS) - Qualquer atividade de negócios relacionada com a produção, preparo e comercialização de produtos agropecuários. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). CADEIA PRODUTIVA - Conjunto das diversas etapas de produção, que começa com a matériaprima, inclui o fornecimento de equipamentos, o aparato tecnológico e institucional, e se encerra com a distribuição e comercialização do produto final. AGROPÓLO - Local onde a agropecuária e a agroindústria caracterizam-se como atividades predominantes, utilizando-se de 78 Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). comuns e reduzir custos de consultoria. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). CAPACIDADE INSTALADA - Condição potencial de produção de uma empresa com base nos recursos de que dispõe (equipamentos, mão de obra, conhecimentos, estoque, etc). Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). CONSULTORIA - (a) assessoramento temporário, prestado por pessoa física ou jurídica com reconhecido conhecimento técnico especializado; (b) alternativa de administração menos formal do que aquela feita por diretoria. Estratégia administrativa preferida por muitas empresas de pequeno porte. Mantém reuniões periódicas mas não tem responsabilidade legal sobre as atividades da empresa. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA - (a) qualificação dos recursos humanos para permitir a utilização de conhecimentos e informações técnicas que favoreçam o processo de inovação tecnológica da empresa; (b) aquisição da capacidade de inovar, principalmente através do domínio das tecnologias em uso; (c) condição básica para a interação entre empresas e centros de P&D; (d) estágio anterior ao processo de inovação. O processo de capacitação tecnológica inclui a compra de tecnologia de origem externa em condições de absorção efetiva. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). CLUBE DE EMPREENDEDORES - Associação de empresários com a finalidade de trocar informações, adquirir conhecimentos, interagir para prestar serviços DESEMPREGO ABERTO - Pessoas que, no período de referência1, não estavam exercendo nenhuma atividade, isto é, não tinham uma ocupação, e se encontravam pressionando o mercado de trabalho, através de medidas concretas de procura. DESEMPREGO ABERTO CESSANTE - Parte do desemprego aberto constituído pelos que têm experiência de trabalho anterior, deixaram de trabalhar por motivos quaisquer e se encontravam novamente à procura de trabalho, no período de referência, em busca de uma nova inserção no mercado de trabalho. 1Período de referência - Considera-se período de referência os trinta dias imediatamente anteriores ao dia de realização da entrevista, no conceito de desemprego aberto e, no caso de ocupação, os últimos sete dias. 79 DESEMPREGO ABERTO NÃO-CESSANTE - Parte do desemprego aberto composto por aqueles que nunca trabalharam anteriormente e estavam à procura de seu primeiro trabalho, no período de referência. DESEMPREGO TOTAL - Conjunto formado por todos os tipos de pessoas desempregadas, ou seja, o desemprego aberto e as variantes do desemprego oculto, tais como o desemprego oculto por trabalho precário e o desemprego por desalento. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL Etapa do processo de desenvolvimento econômico que leva uma região a adquirir capacidade de inovação suficiente para influenciar a dinâmica econômica, social, tecnológica, e influenciar a qualidade de vida. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br) DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Desenvolvimento industrial economicamente viável, que preserva o meio ambiente e os recursos naturais renováveis. De acordo com a Comissão Brundtland, “processo de transformação no qual a exploração de recursos, a direção de investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais se harmonizam e reforçam os potenciais presentes e futuros, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA - Conjunto de ações desenvolvidas pelo sistema educacional, com o objetivo de valorizar o papel do empreendedor, disseminar a cultura empreendedora e despertar vocações empresariais. Busca criar na escola e na sociedade uma mentalidade empreendedora, através do estímulo à geração de negócios. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). EMPREENDEDOR - Ser empreendedor significa ter capacidade de iniciativa, imaginação fértil para conceber idéias, flexibilidade para adaptá-las, criatividade para transformá-las em oportunidades de negócios, motivação para pensar conceitualmente e capacidade para ver, perceber a mudança como uma oportunidade. EMPREENDEDORISMO - É o processo de inovação e de criação de novos negócios, através de quatro dimensões maiores - individual, organizacional, ambiental, processual, com o suporte de uma rede colaborativa formada por entidades do governo, setor educacional e outras instituições ligadas ao desenvolvimento. 80 EMPREGO - O emprego é mais restrito do que a ocupação, pois está relacionado àquelas atividades que alguém desenvolve numa empresa, com vínculo formal de trabalho, ou fora de uma empresa, como profissional liberal autônomo. Atentar para o fato de que todos os empregados estão ocupados, porém tem todos os ocupados têm um emprego. FÓRUM DE DISCUSSÃO - Espaço de debate e troca de informações entre participantes de um mesmo setor de atividade. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). GERAÇÃO DE EMPREGOS - Esforço de criação de postos de trabalho e atividades de geração de renda. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). GESTÃO EMPREENDEDORA - Estratégia de implementação do processo de inovação. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). GESTOR - Administrador de departamento, setor ou organização. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). INCUBAÇÃO - Processo de apoio ao desenvolvimento de pequenos empreendimentos ou empresas nascentes e promoção de condições específicas, através do qual empreendedores podem desfrutar de instalações físicas, ambiente instrucional e de suporte técnico e gerencial no início e durante as etapas de desenvolvimento do negócio. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) Indicador composto de qualidade de vida, desenvolvido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), baseado no tripé renda, saúde e educação. A renda é medida pelo PIB real per capita, a saúde pela expectativa de vida, e a educação pelas taxas de alfabetização de adultos e de matrículas no ensino fundamental, médio e de terceiro grau combinadas. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). NICHO DE MERCADO - Campo de atividade econômica não explorado suficientemente pelo mercado. Pode caracterizar um ramo diversificado de atividade cujo mercado consumidor ainda não tenha sido sistemática e economicamente explorado. 81 Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). OCUPAÇÃO - Atividade desenvolvida que, economicamente, é considerada produtiva, por agregar valores, sendo geralmente remunerada. Atenção para o fato de que todas as pessoas ocupadas têm um trabalho, porém nem todas as pessoas que têm um trabalho estão ocupadas. ORGANIZAÇÃO GOVERNAMENTAL - Instituição ou empresa regida pelo direito público. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG) Instituição sem fins lucrativos, regida pelo direito privado. Atua nas áreas do Direito, prestação de serviços especializados e auxílio à comunidade. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). PARCEIRO - Entidade auxiliar que interage com a organização para satisfazer as exigências dos clientes finais. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br) PARCERIA INSTITUCIONAL - Cooperação entre organizações para a realização de projetos de interesse mútuo. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). PERFIL EMPREENDEDOR - Conjunto de características exigidas de quem pretende iniciar-se no mundo dos negócios: coragem para assumir riscos, capacidade para aproveitar oportunidades, conhecimento do ramo de negócio, capacidade de organização e de tomar decisões, liderança, talento, independência e otimismo. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO - Processo de desenvolvimento e análise do propósito e da filosofia da empresa, definição dos objetivos gerais, das estratégias a serem utilizadas em prazos previamente definidos, e da forma de alocação dos recursos. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). PLANO DE NEGÓCIOS - (a) Documento preparado pela administração da empresa, contendo descrição detalhada do passado, presente e futuro da organização. É geralmente utilizado para atrair investimentos, conseguir empréstimos ou financiamentos, promover controle interno de integração e envolvimento do pessoal; (b) Conjunto de 82 atividades a serem desenvolvidas e implementadas pela empresa durante período previamente estabelecido, e cujas metas e compromissos traduzem a estratégia de atuação da empresa e as perspectivas de resultados. Pode ser apresentado em forma de documento ou qualquer outro tipo de mídia. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). POPULAÇÃO TOTAL - Conjunto de pessoas constituído pela população considerada residente no município ( presentes e ausentes temporários), na data de referência2 da pesquisa. POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA Subgrupo da população em idade ativa, integrado pelas pessoas que estavam desenvolvendo alguma atividade de forma contínua e regular ou, por não estarem ocupadas, se encontravam procurando trabalho no período de referência, tendo, para isto, tomado medidas concretas de procura. Inclui-se ainda o exercício do trabalho precário. Em resumo, é a conjunção de ocupados e desempregados. POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA - Segmento da população total, composto por aqueles com, no mínimo, 10 anos de idade. POPULAÇÃO NÃO ECONOMICAMENTE ATIVA Fração da população em idade ativa, integrada por aqueles que, no período de referência da pesquisa, não estavam realizando nenhum trabalho, nem se encontravam pressionando o mercado de trabalho. POPULAÇÃO OCUPADA - Pessoas que detinham um trabalho regular e contínuo no período de referência ou que, mesmo não tendo trabalho, tinham uma ocupação da qual se encontravam temporariamente afastadas por motivos de férias, licença etc. POPULAÇÃO OCUPADA INFORMAL - Segmento da população ocupada, constituído pelas seguintes categorias ocupacionais: assalariados sem carteira assinada; autônomos, exceto profissionais liberais; pequeno empregador; trabalhador familiar ou membro da família sem remuneração; e empregada doméstica sem carteira assinada. POPULAÇÃO OCUPADA - SETOR FORMAL Pessoas que trabalham com algum vínculo empregatício, ou na condição de autônomo profissional liberal. QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL - (a) conjunto de requisitos, competências, conhecimentos, atitudes exigidas 2 Data de referência - Considera-se data de referência a noite anterior ao primeiro dia do mês em que se realiza a pesquisa. 83 para o trabalho; (b) conjunto de atividades educacionais que objetiva preparar, atualizar, adequar, especializar a pessoa para o trabalho. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). RECURSOS HUMANOS - Força de trabalho de uma empresa: conjunto total dos funcionários de uma empresa. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). SETOR PRODUTIVO - Conjunto das organizações industriais, agropecuárias e de serviços. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br) TAXA DE DESEMPREGO ABERTO - Quantifica o nível de procura efetiva de trabalho existente na economia. Isto é obtido pela determinação da proporção de pessoas na condição de desemprego aberto, na população economicamente ativa. TAXA DE DESEMPREGO CESSANTE - É dada pelo quociente entre aqueles classificados como desempregados cessantes e a população economicamente ativa. É formada por ocupados e pelo desemprego aberto cessante. Especifica o nível de procura efetiva de trabalho por parte daqueles que já tinham experiência de trabalho anterior (reemprego). TAXA DE DESEMPREGO NÃO-CESSANTE - É dada pela proporção dos desempregados não-cessantes, na população economicamente ativa, sendo resultante do somatório dos ocupados e do desemprego aberto nãocessante. Essa estatística especifica a intensidade da procura efetiva do trabalho por parte daqueles que não têm experiência de trabalho anterior (primeiro emprego). TAXA DE DESEMPREGO TOTAL - É determinada pela relação entre o total de desempregados e a população economicamente ativa , a qual é composta pelos ocupados e todos os tipos de desempregados. TAXA DE DESEMPREGO SETORIAL - É definida pela relação entre as pessoas que estavam desempregadas, no período de referência da pesquisa, provenientes de um dado subsetor de atividade e a respectiva população economicamente ativa, isto é, população ocupada do subsetor e desempregados do mesmo. Da mesma forma se calcula a taxa de desemprego por categoria ocupacional. TAXA DE DESEMPREGO POR SEXO - É dada pelo quociente entre aqueles desempregados de um 84 determinado sexo e a população economicamente ativa do mesmo. Raciocínio análogo deve ser utilizado para os desempregados, por faixa de idade, grau de instrução e parentesco. TAXA DE INATIVIDADE - É calculada pelo quociente entre a população não economicamente ativa (PNEA) e a PIA. Esse indicador mensura o grau de inatividade da PIA; isto é, é o complementar da taxa de participação. TAXA DE OCUPAÇÃO - É definida pela relação entre a população ocupada (PO) e a população em idade ativa (PIA). Ela determina, dentre aqueles potencialmente aptos para o trabalho (idade maior ou igual a 10 anos), a proporção de pessoas que, efetivamente, têm uma ocupação. TAXA DE OCUPAÇÃO INFORMAL - Mensura o grau de informalização do mercado de trabalho, através do quociente entre os ocupados informais e a população ocupada total. TAXA DE OCUPAÇÃO FORMAL - Mensura o grau de formalização do mercado de trabalho, por intermédio do quociente entre os ocupados formais e a população ocupada total. TAXA DE PARTICIPAÇÃO - É dada pela relação entre a população economicamente ativa (PEA) e a população em idade ativa (PIA), o que quantifica o nível de pressão da PEA sobre o mercado de trabalho. TRABALHO Atividade desenvolvida por uma pessoa, podendo essa ser considerada economicamente produtiva ou não produtiva. Ex: donas de casa, prendas do lar (trabalho não produtivo); empregadas domésticas (trabalho produtivo); pessoas que trabalham com um membro da família, mesmo não sendo remunerado em espécie (trabalho produtivo); vendedor ambulante (trabalho produtivo), etc. TREINAMENTO (TRAINING) - Procedimento que visa aprimorar as habilidades dos recursos humanos adequando-as às necessidades e objetivos da empresa. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil(www.capitalderisco.gov.br). WORKSHOP - Oficina. Reunião de grupos de trabalho interessados em determinado projeto ou atividade para discussão e/ou apresentação prática do referido projeto ou atividade. Fonte: Portal Capital de Risco Brasil (www.capitalderisco.gov.br). 85 GLOSSÁRIO DE SIGLAS ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançada APEX - Agência de Promoção de Exportações BB - Banco do Brasil BEC - Banco do Estado do Ceará BNB - Banco do Nordeste BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CCE - Comissão de Comércio Exterior CEF - Caixa Econômica Federal CET - Conselho Estadual do Trabalho CODEFAT - Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador COMUT - Conselho Municipal do Trabalho CRC - Conselho Regional de Contabilidade CTA - Centro do Trabalhador Autônomo DAE - Documento de Arrecadação Estadual EPP - Empresa de Pequeno Porte FCE - Fundo de Financiamento às Micro, Pequenas e Médias Empresas do Estado do Ceará FDI - Fundo de Desenvolvimento Industrial FECEMPE - Federação Cearense das Micro e Pequenas Empresas FECOP - Fundo Estadual de Combate à Pobreza FETRAECE - Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Ceará FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano ISS - Imposto sobre Serviços MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ME - Microempresa MS - Microempresa social MTE - Ministério do Trabalho e Emprego OIT - Organização Internacional do Trabalho OS - Organização Social OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ONGs - Organizações Não Governamentais PASEP - Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS - Programa de Integração Social PLANTEQ - Plano Territorial de Qualificação PMF - Prefeitura Municipal de Fortaleza PNAD - Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio 86 PNQ - Plano Nacional de Qualificação PÓLIS - Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais QSP - Qualificação Social e Profissional RAIS - Relação de Informações Sociais RECEP - Rede Ceará de Educação Profissional RIC - Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará SDE - Secretaria do Desenvolvimento Econômico SDLR - Secretaria do Desenvolvimento Local e Regional SEAGRI - Secretaria da Agricultura e Pecuária SEBRAE - Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas SECITECE - Secretaria da Ciência e Tecnologia SEFAZ - Secretaria da Fazenda SEFIN - Secretaria de Finanças SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem em Transporte SERs - Secretarias Executivas Regionais SESC - Serviço Social do Comércio SESCAP - Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Ceará SETE - Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo SIM - Secretaria Extraordinária de Inclusão e Mobilização Social SINE - Sistema Nacional de Emprego UFIRCE - Unidade Fiscal de Referência do Ceará 87 Anexos 1. O mercado de trabalho do Estado do Ceará A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio PNAD, realizada anualmente pela Fundação IBGE, aponta para o estado do Ceará, no ano de 2003, uma população residente de 7.783.157 pessoas, sendo 3.777.326 homens (48,53%) e 4.005.831 mulheres (51,47%). Do total da população, 5.889.557 pessoas (75,67%) residem nas zonas urbanas e 1.893.600 (24,33%) nas zonas rurais. Dividindo a população total por faixa etária, tendo como referência a idade de 10 anos ou mais, ou seja, aquela que classifica a população apta ao trabalho, residem no estado do Ceará 1.586.490 pessoas com idade abaixo de 10 anos e um contingente da ordem de 6.196.667 (79,62%) pessoas integrantes do segmento denominado de população em idade ativa - PIA. Nesse segmento, prepondera o sexo feminino com participação de 51,72% (3.204.853 pessoas), contra 48,28% (2.991.814 pessoas) do sexo masculino. A população em idade ativa - PIA é formada por duas grandes parcelas; quais sejam: população economicamente ativa - PEA (3.786.049 pessoas) e população não economicamente ativa - PNEA (2.409.970), excluindo desse contexto 648 pessoas que não prestaram informação. A PNEA é constituída pelo grupo de pessoas que não têm uma ocupação e não estão pressionando o mercado de trabalho, enquanto que na PEA agregam-se os ocupados (3.481.293 pessoas) e aqueles denominados de desocupados (304.756 pessoas), ou seja, sem um trabalho, porém procurando efetivamente uma ocupação. Segmentando a população em idade ativa em dois grupos, dos jovens (idade de 15 a 24 anos) e dos adultos (idade acima de 24 anos), encontramos, no primeiro segmento, 614.188 jovens (35,17%) que não têm uma ocupação e não estão pressionando o mercado de trabalho. Já no conjunto dos adultos, o contingente de pessoas nessa condição é de 1.132.184 (64,83%). No estrato constituído pela força de trabalho, isto é, pessoas integrantes da população economicamente ativa - PEA, 24,38% dos jovens estão ocupados (810.802 pessoas), contra a representação de 75,62% de pessoas com mais de 24 anos, inseridas no mercado de trabalho. No grupo dos desocupados (pessoas sem um trabalho, porém procurando efetivamente uma ocupação), concentra-se um segmento de 153.348 jovens (51,29%), contra o absoluto de 145.639 com mais de 24 anos, nessa condição (48,71%). Analisando os grupamentos de atividade do trabalho principal, destacam-se a agricultura, com a participação de 1.120.739 trabalhadores, representando 88 32,19% do total de ocupados, sendo 797.595 homens (71,17%) e 323.144 mulheres (28,83%); comércio e reparação, que empregam 579.420, sendo 65,08% do sexo masculino (377.102) e 34,92% do sexo feminino (202.318), e a indústria absorvendo 532.359 pessoas, com a participação de 240.235 homens (45,13%) e 292.124 mulheres (54,87%). Faz mister acrescentar que do total de pessoas ocupadas no estado do Ceará, 807.125 trabalhadores (23,18%) exercem atividades no subsetor serviços como trabalho principal. Sobre a posição na ocupação no trabalho principal, 1.517.872 trabalhadores são empregados, dos quais 627.010 (41,31%) têm carteira assinada. Ressalte-se o fato de os homens com esse vínculo empregatício despontarem com participação de 62,79% (393.695), contra 37,21% das pessoas do sexo feminino (233.315). A categoria trabalhador doméstico (229.307) tem representação de apenas 6,59% sobre a população ocupada e freqüência inexpressiva da ordem de 6,10%, daqueles com carteira assinada. O contingente de ocupados, classificado de conta-própria (1.012.047), tem representação de 29,07% sobre o total de residentes no estado do Ceará. Além das categorias mencionadas, seguem-se, com menor representação, os trabalhadores na produção para o próprio consumo, 5,43%, os empregadores, 2,68%, e os trabalhadores na construção para o próprio consumo, 0,11%. Ademais, merece destaque o fato de 436.366 pessoas, cerca de12,53%, exercerem uma atividade no mercado de trabalho sem perceber uma remuneração. Outro aspecto a considerar é o fato de as mulheres levarem expressiva desvantagem, comparativamente aos homens, no tocante à remuneração do trabalho. De acordo com as informações da PNAD, do total da população ocupada, 1.727.737 (49,63%) trabalhadores ganham no máximo 1 salário mínimo. Numa estratificação por gênero, incluem-se nessa faixa 999.334 homens (48,29%) e 728.403 mulheres (51,60%). Adotando-se como referência os rendimentos acima de 20 salários mínimos, vê-se a representação de 0,34% de todos os trabalhadores (11.901 pessoas). Por gênero, os homens (9.961 pessoas) superam a representação global da distribuição, na referida faixa, com participação de 0,48%, enquanto as mulheres aparecem com uma freqüência de apenas 0,14%. Por último, além da questão referente à diferenciação salarial por gênero, faz mister ressaltar a elevada concentração de renda dos trabalhadores, numa lógica um tanto quanto injusta, posto que muitos ganham pouco e poucos ganham muito. Analisando esses conceitos é possível compreender 89 o comportamento do mercado de trabalho, porém não basta somente avaliar isoladamente um indicador, é necessário observar o comportamento das taxas de ocupação, desemprego e inatividade, para tirar conclusões precisas sobre a conjuntura do mercado de trabalho. Para melhor explicar essa afirmação, o recuo no número de pessoas desempregadas não traduz necessariamente um cenário favorável, pois esse resultado pode ser decorrente unicamente da desistência da pressão sobre o mercado de trabalho. Confirma-se esse resultado diante do arrefecimento na taxa de ocupação, que reflete o número de pessoas que têm um trabalho, e a expansão do contingente de desocupados. Por outro lado, o crescimento do número de pessoas desempregadas pode indicar um cenário favorável, desde que esteja em expansão a oferta de novos empregos; vista pelo crescimento da taxa de ocupação e pelo fato de os trabalhadores voltarem a pressionar o mercado de trabalho, o que reflete redução do número de desocupados (inativos). A médio e longo prazos é possível confirmar esse cenário com o recuo do número de pessoas pressionando o mercado de trabalho (taxa de desemprego) e o aumento da quantidade de pessoas ocupadas (taxa de ocupação). Mostrando em números esse cenário, cita-se o resultado da pesquisa Desemprego e Subemprego, realizada anualmente nos maiores municípios do interior do estado do Ceará. No período de 2001 a 2003, numa determinada localidade, a quantidade de desocupados declina de 19.160 pessoas para 18.140 pessoas, o número de ocupados eleva-se de 8.644 pessoas para 12.730 pessoas e a quantidade de trabalhadores procurando uma ocupação declina de 1.293 pessoas para 926 trabalhadores, ou seja, esses resultados mostram uma situação favorável, na medida em que diminui o contingente de desempregados, em razão do crescimento da população ocupada, significando afirmar que não se deu o crescimento da inatividade pelo fato de os desocupados terem ingressado na população economicamente ativa, adentrando efetivamente no mercado de trabalho. Mercado de Trabalho: quem somos e quais os caminhos do emprego e/ou os nossos direitos como trabalhador? Sou estudante, tenho 20 anos de idade, e gostaria de trabalhar. Como devo fazer para conseguir um emprego? A Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE tem também um programa denominado “Portas abertas”. Esse programa visa facilitar o acesso das pessoas que apresentam maior dificuldade de ingresso no mercado de trabalho, em especial os jovens de 16 a 24 anos, os maduros acima de 40 anos, os portadores de deficiência e os egressos do sistema penal. A orientação é que a pessoa se dirija a uma Unidade de Atendimento do SINE/IDT. Outra possibilidade seria começar a explorar as suas 90 habilidades profissionais, e partir para a estruturação do seu próprio negócio. Nesse caso, está contemplado no contexto da política estadual de geração de emprego e renda, através do Programa Ceará Empreendedor, carro chefe das ações voltadas para o estímulo e o desenvolvimento do empreendedorismo no âmbito do estado. Sua principal missão é coordenar e integrar as políticas públicas de criação e fortalecimento das micro e pequenas empresas, como também disseminar a cultura empreendedora, envolvendo o governo, a iniciativa privada e o terceiro setor. Considerando que o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho IDT é a instituição contratada pela Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo - SETE para executar as ações do SINE. Qualquer dúvida sobre o referido programa, procurar as Unidades de Atendimento do SINE/IDT. Sou artesão e gostaria de comercializar os meus produtos. Como devo proceder? Ainda no contexto da política estadual de geração de trabalho e renda, a SETE tem um Programa de Artesanato e Produção Familiar, que objetiva promover o desenvolvimento do artesanato cearense e da produção familiar, visando a geração de trabalho e renda e a melhoria da qualidade de vida dos artesãos e produtores familiares. Para obter informações detalhadas basta se dirigir às Unidades de Atendimento do SINE/IDT. Trabalhei numa empresa com carteira assinada e fui demitido há 2 meses. Como devo fazer para ser beneficiado com o Seguro-Desemprego? Para quem trabalhou formalmente em empresa, o período para dar entrada no benefício é de 7 a 120 dias, após a demissão. A recomendação é a de que a pessoa se dirija a uma Unidade de Atendimento do SINE/IDT, antes de completar esse prazo. Caso tenha trabalhado na condição de empregado doméstico com carteira assinada, o prazo para dar entrada no benefício será de 7 a 90 dias A população economicamente ativa divide-se em população ocupada e população desempregada. No conjunto dos ocupados incluem-se as pessoas exercendo uma atividade no setor formal (trabalhadores que têm uma ocupação com carteira assinada, ou com contrato de trabalho devidamente regulamentado) ou no setor informal (trabalhador familiar; autônomos, exceto o profissional liberal; o pequeno produtor, aquele que gerencia e participa da produção, e o trabalhador sem vínculo empregatício). Eu trabalho vendendo quentinhas, e gostaria de conseguir um emprego com carteira assinada. Como devo agir? É necessário adquirir um grau de escolaridade básico, e fazer cursos de qualificação profissional. Isso não significa ter que fazer vários cursos profissionalizante e sim , somente aqueles que estão relacionados às suas habilidades/competências 91 profissionais. Outra alternativa é estruturar a sua atividade, ou seja, tentar um financiamento para ampliar o seu negócio, o que, certamente, lhe propiciará maiores rendimentos. Os desempregados são as pessoas que estão sem uma ocupação, ou seja, desocupados, porém pressionando o mercado de trabalho a procura de um emprego. Nesse conjunto, incluem-se as pessoas que estão em busca do primeiro emprego e aquelas que já tiveram uma ocupação, e desejam novamente ingressar no mercado de trabalho. Eu tenho mais de 40 anos, fui demitido e desejo um novo emprego. Como devo fazer? Um dos caminhos seria procurar as Unidades de Atendimento do SINE/IDT, fazer o cadastro e tomar conhecimento do Programa Portas Abertas. 2. Fontes de informações sócio-econômicas municipais 2.1 Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio - PNAD A PNAD é uma fonte de informação produzida pela Fundação IBGE, implementada na década de 60, com o objetivo de gerar indicadores socioeconômicos e demográficos comparáveis em nível internacional. Considerando que os censos demográficos são realizados de 10 em 10 anos, a PNAD veio suprir a ausência de pesquisas anuais dessa abrangência nos decênios intercensitários. Em 1967, a referida fonte de informação foi estruturada para produzir indicadores específicos das áreas de demografia, saúde, trabalho, habitação, educação, entre outras. As estatísticas da PNAD são divulgadas num primeiro nível para as Regiões Brasileiras Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste e, consequentemente, para todo o país. A sua representatividade também se distribui em nível de estado e regiões metropolitanas, destacando-se o fato de as informações não apresentarem representação estatística para os municípios. Dado o caráter estrutural da referida fonte estarvoltado para análises do mercado de trabalho, são produzidos os seguintes indicadores: dados gerais sexo , idade, cor, situação do domicílio (urbano e rural) etc; nível de instrução pessoas com 7 anos ou mais, por sexo idade, cor, situação do domicílio etc; migração sexo, idade, cor, situação de domicílio etc; trabalho população em idade ativa, população em idade não-ativa, população economicamente ativa, população não economicamente ativa, população ocupada, população desempregada, 92 posição na ocupação, ramo de atividade do trabalho principal etc; famílias residentes em domicílios particulares, segundo as variáveis de caracterização da população e situação no mercado de trabalho do chefe da família (ocupado, desempregado ou inativo) etc; domicílio, segundo situação urbano ou rural, infra-estrutura, posse de bens duráveis, condição de ocupação (próprio, alugado, cedido e outras) etc; rendimento mensal em salários mínimos das pessoas integrantes da população em idade ativa, segundo as variáveis de caracterização da população, rendimentos do trabalho etc. Quixeramobim, Russas e São Gonçalo do Amarante. Atualmente a referida pesquisa é aplicada mensalmente no município de Fortaleza, e anualmente (no mês de outubro), nas demais localidades mencionadas. 2.2 Pesquisa Desemprego e Subemprego Comparativamente com outras pesquisas realizadas no Brasil, com finalidade recíproca, a singularidade da pesquisa Desemprego e Subemprego se deve ao fato de as estatísticas geradas alcançarem representação em nível estadual, posto que a população economicamente ativa envolvida tem representação da ordem de, aproximadamente, 51,00% do total do referido segmento populacional de todo o estado do Ceará. A pesquisa Desemprego e Subemprego é uma fonte de informação sobre o mercado de trabalho, produzida pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho IDT. A sua implantação se deu no ano de 1984, especificamente para a cidade de Fortaleza. No ano de 1988 sua abrangência foi ampliada para os municípios de médio porte do estado do Ceará (Sobral, Quixadá, Iguatu, Crateús, Juazeiro do Norte e Crato). Mais uma vez, no ano de 2001, a referida fonte expandiu o seu raio de representação para o estado do Ceará, incorporando os municípios de maior representação industrial Aracati, Barbalha, Caucaia, Eusébio, Horizonte, Itapipoca, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, Sobre os indicadores produzidos, além das variáveis de caracterização da população (sexo, faixa etária, grau de instrução, migração, renda etc), a pesquisa possibilita trabalhar os segmentos demográficos e do mercado de trabalho (população total, população em idade ativa, população em idade não-ativa, população economicamente ativa, população não economicamente ativa, população ocupada, população desempregada), segundo essas variáveis. Especificamente sobre a população ocupada, tem-se a atividade principal, a composição por setor de atividade econômica, as categorias ocupacionais, a ocupação anterior, os tipos de vínculo empregatício etc. Em síntese, para qualquer um dos segmentos populacionais 93 mencionados é possível gerar as informações focando individualmente a população jovem, aquelas pessoas na faixa etária de 16 a 24 anos e a população adulta. Por último, destaca-se mais uma singularidade da referida pesquisa, pelo fato de a sua representação estatística ser em nível de município, possibilitando dessa forma gerar indicadores para o monitoramento das políticas públicas de trabalho e renda. 2.3 Relação de Informações Sociais - RAIS benefícios pelo Ministério da Previdência Social e para servir de base de cálculo do PIS/PASEP. Atualmente, em observância a dispositivo constitucional, viabiliza a concessão do pagamento do abono salarial e se constitui no único instrumento de governo para esse fim. A partir dos anos 90, particularmente após 1994, os dados da RAIS vêm registrando importantes avanços quantitativos e qualitativos, devido a campanhas esclarecedoras, recebimento das declarações via Internet (a partir de 95) e ao aperfeiçoamento do processo de crítica dos dados. A Relação Anual de Informações Sociais é um Registro Administrativo do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, de periodicidade anual, instituída pelo Decreto nº 76.900, de 23 de Dezembro de 1975, com a finalidade de suprir as necessidades de controle, de estatísticas e de informações às entidades governamentais da área social. Constitui um instrumento imprescindível para o cumprimento das normas legais, como também é de fundamental importância para o acompanhamento e a caracterização do mercado de trabalho formal. Originalmente a RAIS foi criada para conter informações destinadas ao controle de entrada da mão-deobra estrangeira no Brasil e os registros relativos ao FGTS, para subsidiar o controle de arrecadação e concessão de Dentre as suas principais características, destacam-se: Natureza do levantamento: Registro Administrativo; Periodicidade: anual. As declarações são prestadas geralmente no período de janeiro a março e referemse ao ano anterior; Abrangência geográfica: todo o território nacional; Desagregação geográfica: Brasil, Regiões Naturais, Unidades Federativas e Municipais; Cobertura: Cerca de 97% do universo do mercado de trabalho formal brasileiro. No que se refere às principais variáveis investigadas, citam-se o número de empregos em 31 de dezembro e 94 admitidos e desligados segundo o gênero, faixa etária, grau de escolaridade, tempo de serviço e rendimentos (remuneração média, em salário mínimo, no período vigente do ano-base, da força de trabalho empregada), desagregados em nível ocupacional, geográfico e setorial. Contém ainda informações sobre o número de estabelecimentos declarantes, o número de empregos por tamanho de estabelecimento, massa salarial e nacionalidade do empregado. As informações sobre o total dos estabelecimentos existentes em 31/12 são divulgadas segundo as seguintes variáveis: Estoque ou quantidade de empregos em 31/12; Atividade econômica; Natureza jurídica; Tamanho do estabelecimento; e Nível geográfico. As informações mais relevantes sobre o empregado são: Faixa etária; Grau de instrução; Gênero; Ocupação; Remuneração média; Tipo de vínculo ou contrato de trabalho (celetista, estatutário, temporário e avulso); Nacionalidade; Tempo de serviço; Tipo de admissão; Causa do desligamento do empregado; Número de empregados por tamanho de estabelecimento, segundo setor de atividade econômica; e Remuneração média dos empregos em 31 de dezembro, segundo a ocupação e setor de atividade econômica, por nível geográfico. Principais Conceitos Utilizados na RAIS Vínculos empregatícios, número de trabalhadores: Entende-se por vínculos empregatícios as relações de emprego, estabelecidas sempre que ocorre trabalho remunerado. O número de empregos em determinado período de referência corresponde ao total de vínculos empregatícios efetivados. O número de empregos difere do número de pessoas empregadas, uma vez que o indivíduo pode estar acumulando, na data de referência, mais de um emprego. 95 Trabalhador celetista, avulso, temporário e por prazo determinado: O trabalhador celetista é aquele cuja relação de emprego é regida pela CLT, independentemente de o empregador ser do setor público ou privado; Trabalhadores avulsos são, conforme definidos em lei: estivadores, alvarengueiros, conferentes de carga ou descarga, vigias portuários, amarradores, trabalhadores avulsos do serviço de bloco, trabalhadores avulsos de capatazia, arrumadores, ensacadores de café, cacau, sal e similares, e trabalhadores na indústria de extração do sal, na condição de avulsos, que prestam serviços por meio de sindicatos; São definidos como trabalhadores temporários, regidos pela Lei nº 6.019, aqueles que prestam trabalho a empresas, atendendo à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente, ou ao acréscimo extraordinário de serviço; Trabalhadores por prazo determinado, regidos pela Lei nº 9.601, são aqueles que podem ser contratados por um período máximo de dois anos; Desde que esse tipo de contrato tenha sido previsto em convenção ou em acordo coletivo. Estabelecimento O levantamento da RAIS é feito em nível de estabelecimento, considerando-se como tal as unidades de cada empresa, separadas espacialmente, ou seja, com endereços distintos. Tamanho do estabelecimento: O tamanho do estabelecimento é determinado pelo número de empregos nele existente em 31 de dezembro do ano-base. Os estabelecimentos do tamanho zero são aqueles que, apesar de não possuírem empregados em 31 de dezembro, tiveram pelo menos um empregado ao longo do ano. Faixa Etária: O enquadramento dos vínculos na faixa etária considera os anos completos em 31 de dezembro. Admissão e desligamento: Os conceitos de admissão e desligamento utilizados na RAIS referem-se também às transferências de empregados, de um estabelecimento para outro, da mesma empresa. Por admissão entende-se toda entrada de 96 trabalhador no estabelecimento no ano, qualquer que seja sua origem e, por desligamento, toda saída de pessoa cuja relação de emprego com o estabelecimento cessou durante o ano por qualquer motivo (demissão, aposentadoria, morte), seja por iniciativa do empregador ou do empregado. As entradas e saídas por transferências aparecem incluídas, respectivamente, nas admissões e nos desligamentos. Remuneração média mensal em salário mínimo: A remuneração média mensal em salários mínimos é definida como a média aritmética das remunerações individuais no mês de referência, convertidas em salários mínimos, no período vigente do ano-base. Integram essa remuneração os salários, ordenados, vencimentos, honorários, vantagens, adicionais, gratificações, etc. Está excluída a remuneração do 13º Salário. 2.4 Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, outro Registro Administrativo do MTE, foi criado a partir da promulgação da Lei 4.923 de 23/12/1965, que instituiu a obrigatoriedade, por parte das empresas, da prestação de informações sobre admissões, desligamentos e transferências de empregados celetistas. O CAGED constitui importante fonte de informação do mercado de trabalho, de âmbito nacional e de periodicidade mensal. Foi criado como instrumento de acompanhamento e de fiscalização do processo de admissão e de dispensa de trabalhadores regidos pela CLT, com o objetivo de assistir os desempregados e de apoiar medidas contra o desemprego. A partir de 1986, passou a ser utilizado como suporte ao pagamento do segurodesemprego e, mais recentemente, tornou-se, também, um relevante instrumento à reciclagem profissional e à recolocação do trabalhador no mercado de trabalho. Devido à crescente demanda por dados conjunturais do mercado de trabalho e a necessidade do Ministério do Trabalho e Emprego de contar com estatísticas mais completas, mais consistentes e mais ágeis, foram implementadas expressivas alterações ao sistema CAGED. 97 Os aperfeiçoamentos ocorridos nesse sistema e também na metodologia de tratamento dos dados tornaram esse registro administrativo uma das principais fontes de informações estatísticas sobre o mercado de trabalho conjuntural do Brasil. Destacam-se como suas principais características: Natureza: Registro Administrativo; Periodicidade: mensal. As declarações de estabelecimentos com movimentação são prestadas até o dia 7 do mês subseqüente; Abrangência: todo o território nacional; Desagregação: Brasil, Regiões Naturais, Unidades Federativas e Municipais; Cobertura: varia de acordo com a área geográfica. A média situa-se em torno de 85% do universo de empregados celetistas; Número de estabelecimentos declarantes: cerca de 550 mil por mês. como gênero, grau de escolaridade, faixa etária, salários e tempo de emprego. Alguns indicadores disponíveis sobre os estabelecimentos: Total dos estabelecimentos informantes; Total de admissões; T otal de desligamentos; Taxa de rotatividade; Saldo ou variação absoluta do emprego; Variação relativa do emprego; Admissões por tipo de movimentação - (primeiro emprego, reemprego, reintegração, contrato com prazo determinado, transferência); Desligamentos por tipo de movimentação (dispensado, espontâneo, aposentado, morto, transferido). Alguns indicadores disponíveis sobre os empregados: No tocante às principais variáveis investigadas, há um conjunto de informações que possibilita o cálculo do índice de emprego, taxa de rotatividade e a flutuação de emprego, desagregados em nível geográfico, setorial e ocupacional. Podem ser disponibilizadas informações sobre os atributos dos empregados admitidos e desligados, tais Total de admitidos ou desligados por faixa etária; Total de admitidos ou desligados por sexo, segundo a faixa etária; Total de admitidos ou desligados por faixa etária, 98 segundo o grau de instrução; Total de admitidos ou desligados, segundo a ocupação e a remuneração; Total de desligados, segundo o tempo no emprego, e remuneração. Principais Conceitos Utilizados no CAGED Flutuação do emprego: Demonstra a movimentação das admissões e desligamentos em determinado período. Variação absoluta do emprego / saldo de emprego: Indica a diferença entre as admissões e os desligamentos. Variação relativa: É obtida mediante a divisão da variação absoluta sobre o estoque do primeiro dia do mês. Mostra o desempenho do emprego em termos percentuais. Índice de emprego: Indica a evolução do emprego formal. É calculado tendo-se por base o encadeamento das variações relativas mensais desde dezembro do ano imediatamente anterior. Taxa de rotatividade: Mede o percentual dos trabalhadores substituídos mensalmente em relação ao estoque vigente no primeiro dia do mês, em nível geográfico e setorial. 99 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO