UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Administração ALEX SOARES CRACCO PAULO THIAGO BENTO ARRIBARD THIAGO FLÁVIO DE SOUZA THIAGO FRASTRONE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE AES Tietê Promissão/SP LINS SP 2008 1 ALEX SOARES CRACCO PAULO THIAGO BENTO ARRIBARD THIAGO FLÁVIO DE SOUZA THIAGO FRASTRONE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração, sob a orientação da Profª M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro e orientação técnica da Profª M.Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva. LINS SP 2008 2 Cracco, Alex Soares; Arribard, Paulo Thiago Bento; Souza, Thiago Flávio; Frastrone, Thiago C921g Gestão da sustentabilidade: AES Tietê S/A / Alex Soares Cracco; Paulo Thiago Bento Arribard; Thiago Flávio de Souza; Thiago Frastrone. Lins, 2008. 111p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2008 Orientadores: Máris de Cássia Ribeiro; Heloisa Helena Rovery da Silva 1. Sustentabilidade. 2. Econômica. 3. AES Tietê S/A. I Título. CDU 658 2 ALEX SOARES CRACCO PAULO THIAGO BENTO ARRIBARD THIAGO FLÁVIO DE SOUZA THIAGO FRASTRONE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovada em: _____/_____/_____ Banca Examinadora: Profª Orientadora: Máris de Cássia Ribeiro Titulação: Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP Assinatura:___________________________________ 1º Prof(a): _______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura:___________________________________ 2º Prof(a): _______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ___________________________________ 3 DEDICATÓRIA A DEUS Ao Senhor por nos dar sabedoria ao longo de nossa graduação. Obrigado por tudo que vimos, ouvimos e aprendemos. Obrigado pela vida. A NOSSA FAMÍLIA A vocês, que nos deram a vida e nos ensinaram a vivê-la com dignidade. A vocês, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que, pudéssemos realizar os nossos. A vocês, pais por natureza, por opção, que não temos palavras para agradecer tudo isso. Amamos vocês. AOS AMIGOS A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho. Inclusive àqueles que estiveram conosco desde o inicio. A EMPRESA Pela cordialidade na qual fomos recebidos. Obrigado pela oportunidade, sabedoria em relação ao assunto pesquisado. E principalmente ao Sr. José Simionato pois sem sua confiança nada seria possível. AOS MESTRES Em cada professor um mestre. Em cada mestre um universo. Obrigado professores por dedicar seu tempo e sua sabedoria para que nossa formação fosse um aprendizado de vida. AS NAMORADAS E NOIVA As nossas amadas que entenderam nossas ausências, compartilharam de nossas lágrimas e sorrisos, dividimos, agora, o mérito desta conquista. As alegrias de hoje também são suas, pois seu amor, estímulo e carinho foram as armas desta vitória. Nós amamos vocês. Alex Cracco, Paulo Arribard, Thiago Flávio, Thiago Frastrone 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, por ser presença constante em nossas vidas e iluminando nossos caminhos para que conseguíssemos chegar até aqui. Aos professores e orientadoras Máris e Heloísa, que dedicaram seu tempo, nos ensinando profissionalmente. a crescer 5 RESUMO O termo sustentabilidade, incorporado definitivamente ao repertório cultural contemporâneo, não está relacionado apenas aos aspectos ambientais, mas também às questões econômicas, sociais e culturais da sociedade humana. Em linhas gerais, sustentabilidade significa suprir as necessidades das gerações presentes sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as suas. O risco de uma catástrofe ambiental que se aproxima a passos rápidos, caso não sejam tomadas medidas radicais que desacelerem o processo de degradação e esgotamento dos recursos naturais, tem feito com que o tema esteja cada vez mais presente na vida das pessoas e corporações. Assim, os consumidores conscientes e empresas ecologicamente responsáveis são os novos personagens desta tarefa desafiadora e de impactos definitivos na qualidade de vida das futuras gerações. Já não bastam apenas a boa vontade pessoal ou iniciativas domésticas individuais e projetos de maior abrangência liderados por ONG s e grandes empresas. Separação do lixo, descarte de pilhas ou economia de água e ações para projetar a imagem de uma marca são válidas, no entanto, é importante destacar que a sustentabilidade requer um objetivo coletivo. Neste sentido, a empresa AES Tietê, em que foi realizada a pesquisa para este trabalho, tem como objetivo garantir o desenvolvimento sustentável de seu negócio e da comunidade onde está inserida, na busca de prestar de forma responsável, um serviço público à sociedade: a geração de energia; e consequentemente comunicar com transparência seus investidores a fim de aproximar ainda mais a AES Tietê dos participantes do mercado de capitais. Essa política está relacionada à estratégia de nortear sua atuação na sustentabilidade visando maior valorização econômica. Palavras-chave: Sustentabilidade. AES Tietê. Valorização Econômica. 6 ABSTRACT The term sustenance incorporated definitely in the contemporary cultural compilation, isn t related to just the environmental aspects but also to economical, social and cultural matters of the human society. In general, sustenance means supply the needs of the present generations without preventing the ability of the future generations to supply theirs. The risk of an environmental catasthrophe that has approximated that has approximated at fast steps in case that radical measures aren t taken to decrease the process of depredation and depletion of natural resources has made this topic be present more and more in people s lives and corporations. This way, the aware consumers and companies ecologically responsible are the new characters of this challenging task and decisive impacts in the life quality of the future generations. Personal good will or domestic individual initiatives and projects of larger embracement led by ONG S and big companies aren t enough. Separation of garbage, discard of batteries or water savings and actions to project a bland image are valid, however it s important to emphasize the sustenance requires a collective goal. In this sense the company AES Tietê where this work was carried out, has the objective to guarantee the sustainable development of its business and the community where it s inserted, in order serve in a responsible way, a public service to society: the energy production and consequently communicate honestly its investors to approximate more the AES Tietê to the participants of the capital market. This policy is related to the strategy of guiding its performance in the sustenance aiming a higher economical valorization. Key words: Sustenance. AES Tietê. Economical Valorization. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Usina Hidrelétrica Água Vermelha ................................................. 46 Figura 2: Usina Hidrelétrica Caconde............................................................ 46 Figura 3: Usina Hidrelétrica Euclides da Cunha............................................ 47 Figura 4: Usina Hidrelétrica Limoeiro ............................................................ 48 Figura 5: Pequena Central Hidrelétrica Mogi-Guaçu..................................... 49 Figura 6: Usina Hidrelétrica Barra Bonita ...................................................... 49 Figura 7: Usina Hidrelétrica Bariri .................................................................. 50 Figura 8: Usina Hidrelétrica Ibitinga............................................................... 51 Figura 9: Usina Hidrelétrica Promissão ......................................................... 52 Figura 10: Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava......................................... 52 Figura 11: Empresas que compõem o IEE.................................................... 85 Figura 12: Valorização do ISE ....................................................................... 86 Figura 13: Valorização do IBOV .................................................................... 87 Figura 14: Análise da valorização da AES Tietê GETI4............................. 88 Figura 15: Análise da valorização da Eletrobrás ELET6............................ 89 Figura 16: Estrutura Acionária da AES Tietê................................................. 90 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Os dez compromissos da Empresa Amiga da Criança................ 29 Quadro 2: Composição Acionária da AES Tietê ........................................... 90 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ADVB - Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil AEM - Avaliação Ecossistêmica do Milênio AAFC - Associação dos Aposentados da Fundação Cesp Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica Bovespa - Bolsa de Valores de São Paulo 8 BM&FBovespa - Bolsa de Valores, Mercadorias & Futuros Nyse - Bolsa de Nova York BNDESpar - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Financeiro e Participações BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Financeiro CESP - Companhia Energética de São Paulo CESFGV - Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas CISE - Conselho Deliberativo do ISE CSPE - Comissão de Serviços Públicos de Energia CVM - Comissão de Valores Mobiliários CEP - Código de Endereçamento Postal CMMAD - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento CDB - Convenção sobre a Biodiversidade CDS - Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável CMDS - Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável CO2 - Dióxido de Carbono ECOSOC - Conselho Econômico e Social das Nações Unidas FGV Fundação Getúlio Vargas FAM - Florianópolis Audiovisual Mercosul GWh - Gigawatt-hora GEE - Gases do Efeito Estufa IBOV - Índice Bovespa IEE - Índice de Energia Elétrica IGP-M - Índice Geral de Preço do Mercado ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial ISO - Organização Internacional para Padronização km² - Quilômetros Quadrados MRE - Mecanismo de Realocação de Energia m³ - Metros Cúbicos m - Metros m³/s - Metros Cúbicos por Segundo 9 MW - Megawatt NBR - Normas Brasileiras Osesp - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo O.D. - Overdose Digital ONU - Organização das Nações Unidas PCHs - Pequenas Centrais Hidrelétricas PGA - Programa de Gestão Ambiental PLR Programa de Participação nos Lucros e Resultados PNUMA - Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente RCE - Redução Certificada de Emissões RI - Relacionamento com Investidores SELA TP Sistema Econômico Latinoamericano Tietê Participações UHE - Usina Hidrelétrica 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................... 14 CAPÍTULO I GRUPO AES TIETÊ.............................................................. 16 1 HISTÓRICO ........................................................................................ 16 1.1 Missão ................................................................................................. 18 1.2 A Visão de Sustentabilidade ............................................................... 18 1.3 Valores ................................................................................................ 19 1.4 Ações Ambientais ............................................................................... 19 1.4.1 Objetivos ambientais, com as suas respectivas metas ambientais ... 22 1.5 Projetos Sociais .................................................................................. 23 1.5.1 O Projeto Guri ..................................................................................... 23 1.5.2 Programa Geração Cidadania ............................................................ 23 1.5.3 Salas de Leitura .................................................................................. 24 1.5.4 Acorde Para o Meio Ambiente ............................................................ 25 1.5.5 Fundação Dorina Nowill ...................................................................... 26 1.5.6 Energia não se Aposenta.................................................................... 26 1.5.7 Mozarteum Brasileiro .......................................................................... 26 1.5.8 Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo .................................... 27 1.5.9 A Ecos do Planeta............................................................................... 27 1.5.10 Overdose Digital.................................................................................. 28 1.5.11 Empresa Amiga da Criança ................................................................ 28 1.5.12 Voluntariado ........................................................................................ 29 1.5.13 Campanha de Natal ............................................................................ 29 1.5.14 Campanha da Páscoa......................................................................... 30 1.5.15 Campanha do Agasalho...................................................................... 30 1.6 Reconhecimento ................................................................................. 30 1.6.1 TOP Social da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) 2007 ........................................................................................ 31 1.7 Investimentos ...................................................................................... 31 1.8 Mitigação do Meio Ambiente e distribuição de Energia Sustentável.. 32 11 1.9 Gestão de pessoas relacionamento com o público interno............. 33 1.9.1 Comunicação ...................................................................................... 35 1.10 Política de responsabilidade sócio-ambiental - Política de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho do Grupo AES ......................... 36 1.11 Cultura empresarial Governança Corporativa ................................. 37 1.11.1 Conselho de Administração ................................................................ 38 1.11.2 Conselho Fiscal .................................................................................. 38 1.11.3 Comitês ............................................................................................... 38 1.11.3.1 Comitê de Gestão ............................................................................ 38 1.11.3.2 Comitê de Gestão de Riscos Regulatórios...................................... 39 1.11.4 Relações com Investidores................................................................. 39 1.11.5 Sarbanes-Oxley .................................................................................. 40 1.11.6 Auditoria .............................................................................................. 40 1.11.7 Estrutura Societária............................................................................. 40 1.12 Contrato Governamental Contrato de Concessão .......................... 41 1.13 Gerenciamento de Riscos................................................................... 41 1.14 Eclusas................................................................................................ 45 1.14.1 Ficha Técnica ...................................................................................... 45 1.14.1.1 Escritório Sede................................................................................. 45 1.14.1.2 Usina Hidrelétrica Água Vermelha................................................... 45 1.14.1.3 Usina Hidrelétrica Caconde ............................................................. 46 1.14.1.4 Usina Hidrelétrica Euclides da Cunha ............................................. 47 1.14.1.5 Usina Hidrelétrica Limoeiro.............................................................. 48 1.14.1.6 Pequena Central Hidrelétrica Mogi-Guaçu...................................... 48 1.14.1.7 Usina Hidrelétrica Barra Bonita ....................................................... 49 1.14.1.8 Usina Hidrelétrica Bariri ................................................................... 50 1.14.1.9 Usina Hidrelétrica Ibitinga................................................................ 51 1.14.1.10 Usina Hidrelétrica Promissão ........................................................ 51 1.14.1.11 Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava.......................................... 52 CAPÍTULO II - CONCEITOS SOBRE GESTÃO DA SUSTENTALIDADE .. 54 2 A EVOLUÇÃO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS............................ 54 2.1 Protocolo de Kyoto.............................................................................. 58 12 2.2 Relatório Brundtland ........................................................................... 59 2.3 Agenda 21 ........................................................................................... 60 2.4 Gestão ambiental ................................................................................ 61 2.5 Normas ambientais e ISO 14000........................................................ 62 2.6 A construção de uma consciência ecológica...................................... 64 2.7 Responsabilidade Social..................................................................... 65 2.8 Economia empresarial ........................................................................ 66 2.9 Crescimento econômico e meio ambiente.......................................... 69 2.10 Capital ambiental e o capital social..................................................... 69 2.11 Desenvolvimento sustentável ............................................................. 71 2.12 Sustentabilidade.................................................................................. 73 2.13 Dimensões de sustentabilidade .......................................................... 74 2.14 A importância da sustentabilidade na empresa.................................. 75 2.15 Sustentabilidade: governança no mundo tripolar ............................... 77 2.16 Sustentabilidade como tendência de mercado................................... 78 2.17 Créditos de carbono............................................................................ 79 CAPÍTULO III - GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE: UM DIFERENCIAL COMPETITIVO DO GRUPO AES TIÊTE...................................................... 81 3 GRUPO AES TIETÊ ........................................................................... 81 3.1 Introdução ........................................................................................... 81 3.2 Análise dos Índices ............................................................................. 82 3.2.1 Índice Bovespa (IBOV)........................................................................ 82 3.2.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) .................................... 83 3.2.3 Índice de Energia Elétrica (IEE).......................................................... 84 3.3 Análise comparativa dos índices: IBOV versus ISE ........................... 85 3.4 Análise comparativa setorial: IEE ....................................................... 87 3.5 Estrutura Acionária.............................................................................. 89 3.6 Análise dos controladores da AES Tietê ............................................ 90 3.7 Perfil dos investidores brasileiros ....................................................... 91 3.7.1 Cultura dos investidores estrangeiros ................................................ 92 3.8 Resultado da pesquisa........................................................................ 93 13 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................. 96 CONCLUSÃO ................................................................................................ 97 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 99 APÊNDICES .................................................................................................. 102 14 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a sustentabilidade passou a fazer parte do cotidiano de um crescente número de empresas de todos os setores como um conceito de negócios. A Sustentabilidade pode ser definida como a capacidade de uma empresa desenvolver sua atividade de forma a atender às necessidades da geração atual, sem comprometer a vida das gerações futuras. Em outras palavras, significa buscar o lucro duradouro, meta de qualquer empresa, por meio de práticas econômico-financeiras, ambientais e sociais responsáveis, integradas à administração do próprio negócio. Os objetivos da Gestão da Sustentabilidade estão basicamente apoiados em três pilares: social, ambiental e econômico. Tais áreas são determinantes no planejamento sustentável correto, que podem trazer retornos financeiros significativos para a empresa. A Gestão da Sustentabilidade se tornou no mercado atual um grande diferencial competitivo. As empresas que trabalham com produtos e serviços visando um sistema socialmente justo, ambientalmente equilibrado e economicamente próspero, vêm evoluindo gradativamente com o aumento do conhecimento da sociedade. Os objetivos da pesquisa foram fundamentar as teorias referentes à Gestão Ambiental e Responsabilidade Social; verificar se a Gestão da Sustentabilidade adotada pela empresa AES Tietê contribui para sua valorização econômica; descrever a evolução histórica da empresa; analisar a importância da sustentabilidade no âmbito social e ambiental visando um melhor desempenho econômico; analisar como é aplicada a Gestão da Sustentabilidade; avaliar os benefícios que a Gestão da Sustentabilidade proporciona e demonstrar as vantagens da Gestão da Sustentabilidade na valorização econômica da empresa. Diante do que foi pesquisado e em virtude do que foi observado na empresa, questiona-se: A Gestão da Sustentabilidade adotada pela empresa AES Tietê contribui para sua valorização econômica? Através desta pergunta surgiu a seguinte hipótese que norteia o 15 trabalho: a gestão da sustentabilidade baseada nas áreas ambientais e sociais proporciona resultados positivos no âmbito econômico da empresa, desenvolvendo vantagens favoráveis diante de um mercado competitivo. Para intensificar a análise foi realizada uma pesquisa na empresa AES Tietê, que atua no setor de geração de energia elétrica, localizada na cidade de Promissão-SP. Foram utilizados neste trabalho os métodos e técnicas descritos no Capítulo III. O trabalho está estruturado da seguinte maneira: Capitulo I Apresenta a empresa na qual foi realizada a pesquisa, incluindo o histórico, localização, projetos, área de atuação, entre outros. Capitulo II Descreve o conceito de sustentabilidade e suas características. Capitulo III Descreve a pesquisa realizada na empresa AES Tietê. A Proposta de Intervenção e a Conclusão são resultado de uma comparação entre a teoria aplicada e as práticas apresentadas pela empresa, e constituem a parte final deste trabalho. 16 CAPÍTULO I GRUPO AES TIETÊ 1 HISTÓRICO Fundada em 1981, a AES é um dos maiores investidores do setor elétrico mundial. Possui 28 mil colaboradores envolvidos em operações que incluem distribuição e geração hídrica, térmica e de fontes alternativas, em 28 países. Na América Latina, onde opera desde 1993, a AES está presente na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Panamá e República Dominicana. São aproximadamente dez mil colaboradores e oito milhões de clientes atendidos. A AES chegou ao Brasil em 1997, com a aquisição da Companhia Centro-Oeste de Distribuição de Energia Elétrica, do Rio Grande do Sul (AES Sul). No País, o Grupo AES controla ainda a Companhia Brasiliana de Energia, controladora direta da AES Tietê, AES Eletropaulo, AES Uruguaiana, AES Infoenergy, AES Com Rio e AES Eletropaulo Telecom. São mais de 6,3 milhões de clientes e 5,4 mil colaboradores na força de trabalho. A AES Tietê é uma empresa de destaque no ramo de geração de energia elétrica no Brasil. Foi constituída em abril de 1999, como resultado da reestruturação e da privatização de determinados ativos da Companhia Energética de São Paulo (CESP). Em outubro de 1999, a AES Corporation, por meio de suas controladas diretas ou indiretas, adquiriu a maioria das ações de emissão da AES Tietê em um leilão público realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A AES Corporation, cujas ações são negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque, é uma das principais empresas do ramo de energia nos Estados Unidos, com atividades de geração e distribuição. Em seguida à privatização, em dezembro de 1999, a AES Tietê celebrou um Contrato de Concessão com a Agência Nacional de Energia Elétrica 17 (Aneel) para operar dez Usinas Hidrelétricas. O Contrato de Concessão foi celebrado com prazo de 30 anos, que termina em 20 de dezembro de 2029, e poderá ser prorrogado por um período adicional de 30 anos, mediante solicitação prévia da AES Tietê e desde que determinadas condições sejam atendidas. As atividades da AES Tietê compreendem a geração e o fornecimento de energia para distribuidoras de energia elétrica localizadas em várias regiões do Estado de São Paulo. A base de operações da AES Tietê está localizada no Estado de São Paulo e a capacidade instalada é de 2.651 Megawatt (MW), o que corresponde a 18,5% do parque gerador do Estado de São Paulo, provenientes de 10 usinas localizadas nas regiões centro e nordeste do Estado de São Paulo (Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão, Nova Avanhandava, Caconde, Euclides da Cunha, Limoeiro, Mogi-Guaçu e Água Vermelha). A Usina Hidrelétrica (UHE) de Água Vermelha responde por mais da metade da energia gerada pela AES Tietê e por aproximadamente 53,0% de sua Capacidade Instalada. A AES Tietê controla a AES Minas, uma empresa detentora de 7 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), no Estado de Minas Gerais, que juntas têm capacidade instalada de 5,45 MW. Os reservatórios das usinas são parte integrante da paisagem e da vida das regiões onde estão localizados. Sua utilização vai além da geração de energia, pois permite o controle de cheias, projetos de irrigação, navegação hidroviária e diversas atividades comerciais e de lazer, como turismo, recreação e pesca esportiva e profissional. As usinas da AES Tietê proporcionaram uma geração efetiva de 12,5 mil Gigawatt-hora (GWh) de energia ao longo de 2006, 12% acima dos 11,1 mil GWh de energia assegurada, determinada pela Aneel, ainda que 3% menor do que foi gerado em 2005. Os ganhos de produtividade, que vêm proporcionando ano a ano um volume de geração superior ao determinado inicialmente no contrato de concessão como energia assegurada, são reflexos do intenso programa de manutenção efetiva, que garante às usinas a manutenção de seu índice de confiabilidade entre os melhores do setor elétrico no País. Baseada na performance operacional histórica superior aos níveis estabelecidos pela Aneel, a AES Tietê pleiteia junto ao poder concedente aumentar o volume de energia assegurada. Porém, o Ministério de Minas e 18 Energia determinou, em 2004, que essa capacidade passe por uma revisão apenas em 2014. A usina hidrelétrica Mario Lopes Leão (Promissão), com potência instalada de 264 MW é a segunda usina da AES em capacidade, no rio Tietê. A usina Promissão está à jusante da usina Ibitinga e nas proximidades da corredeira de Lajes. Suas obras civis foram iniciadas em janeiro de 1966 e o primeiro gerador entrou em operação em julho de 1975. A usina foi concluída em abril de 1977. O reservatório de promissão abrange uma área de 530 km² e, com a implantação da hidrovia Tietê-Paraná o desenvolvimento da região foi beneficiado através da atividade mais importante local, o cultivo da cana-deaçúcar. 1.1 Missão A AES Tietê S.A. tem como missão: Gerar e distribuir eletricidade e outros serviços, para atender as necessidades do mundo, de uma maneira segura, limpa, confiável e socialmente responsável. 1.2 A Visão de Sustentabilidade A AES Tietê, assim como das demais empresas do Grupo AES, sedimenta-se sobre três pilares: econômico, social e ambiental, que agem e interagem entre si. Sob esse prisma, a companhia desenvolve suas atividades a partir de boas práticas econômico-financeiras, com vistas a contribuir para o desenvolvimento social das regiões em que atua, além de manter seu compromisso com preservação do meio ambiente, conservando e restaurando recursos ambientais impactados por suas atividades. Para a companhia, o equilíbrio entre esses fatores garantirá a sustentabilidade e a perenidade de sua atividade-fim, que é prestar, de forma responsável, um serviço público à 19 sociedade: a geração de energia. 1.3 Valores A AES Tietê adota os valores da AES Corporation: a) segurança: o Grupo AES sempre coloca a segurança em primeiro lugar em relação ao seu pessoal, contratados e integrantes das comunidades atendidas; b) integridade: as pessoas do Grupo AES são honestas, confiáveis e fidedignas. A integridade está no centro de tudo o que fazem - como conduzem suas ações, como desempenham seu trabalho e como interagem umas com as outras e com todas as partes envolvidas; c) compromisso: o Grupo AES tem um compromisso com as partes envolvidas (clientes, funcionários, comunidades, acionistas, fornecedores e parceiros) e quer que todas as suas empresas dêem uma contribuição positiva para a sociedade; d) excelência: o Grupo AES buscará ser o melhor em tudo o que fizer, e irá desempenhar atividades de classe mundial bem como fornecer serviços de alta qualidade confiáveis aos seus clientes; e) realizar-se no trabalho: o Grupo AES quer que seu pessoal goste de seu trabalho, apreciando a auto-realização proporcionada por fazer parte de um time de sucesso que faz a diferença. As pessoas trabalham porque se sentem realizadas, úteis e motivadas. 1.4 Ações Ambientais Desde o ano 2000, a AES Tietê desenvolve uma série de programas ambientais. Dentre eles destacam-se: a) o Programa de Manejo de Flora: tem por objetivo produzir 1 milhão de mudas por ano e é realizado no viveiro localizado na UHE 20 Promissão (Promissão-SP). Parte dessas mudas é disponibilizada para as comunidades e prefeituras da região através do Programa de Fomento Florestal, sendo especialmente destinadas para o reflorestamento e a recomposição de áreas degradadas; b) o Programa de Manejo Pesqueiro: contribui para a manutenção da ictiofauna nos reservatórios formados, visando, de um modo geral, a preservação da diversidade biológica e a sustentação da exploração pesqueira racional; c) os estudos dos ambientes aquáticos e suas interfaces com os terrestres, necessários repovoamento dos à implementação reservatórios e do seus povoamento tributários, e são desenvolvidos como parte da política ambiental da empresa e também em cumprimento da legislação. O Programa é realizado como uma forma de mitigar e compensar os impactos resultantes da construção dos reservatórios, além de também permitir o fornecimento de subsídios para estudos e pesquisas, objetivando a caracterização das novas condições do sistema aquático do Estado de São Paulo, modificadas substancialmente pela construção dos reservatórios; d) repovoamento com peixes: aponta como um dos mais importantes subprogramas do Manejo Pesqueiro da AES Tietê conta, para sua execução, com a estrutura de duas Estações de Piscicultura, estando uma localizada na UHE de Promissão e a outra na UHE de Barra Bonita, somando uma produção aproximada de 2.500.000 alevinos por ano. O povoamento e o repovoamento dos reservatórios é executado exclusivamente com espécies autóctones de piracema ou endêmicas de cada bacia considerada. De um modo geral, são utilizadas sete espécies de peixes nos processos de povoamento e/ou repovoamento dos reservatórios, sendo elas: curimbatá (Prochilodus lineatus), piapara (Leporinus elongatus), pacu-guaçu (Piaractus mesopotamicus), dourado (Salminus maxillosus), tabarana (Salminus hilarii), piracanjuba (Brycon orbignyanus) e lambari (Astyanax sp.), sendo que os três primeiros são os mais utilizados. O período de peixamento pode ser realizado em praticamente todos os 21 meses do ano, com exceção de julho e agosto, sendo que o período exato depende da disponibilidade de alevinos, em número e comprimento requeridos, nas Estações de Piscicultura. Os pontos de peixamento contemplam a bacia dos rios Tietê, Grande e Pardo; e) viveiro: o viveiro de Promissão completou, em 2007, 32 anos de atividades, tendo capacidade de produção de 1.000.000 mudas de árvores por ano. A AES Tietê terceiriza todas as etapas do processo de produção para uma equipe especializada que executa a coleta, seleção e beneficiamento das sementes, bem como todas as etapas de produção de mudas. A finalidade da produção das mudas é o florestamento e reflorestamento de áreas impactadas pela construção dos reservatórios; f) educação ambiental: o objetivo deste programa é desenvolver ações de educação e informação sobre os recursos ambientais, elaborando e implementando ações de comunicação junto à rede escolar dos municípios da área de influência, informando sobre as características da Usina, os recursos físicos e bióticos que ela comporta e as ações necessárias para assegurar sustentabilidade ao uso dos mesmos. Para isso desenvolve e gerencia uma visita orientada às instalações das UHE Promissão, Barra Bonita e Água Vermelha, na qual os visitantes (morador local, estudantes e/ou turistas) têm uma visão geral do funcionamento técnico da usina, sua história, as características de seu reservatório e os recursos físicos, bióticos e paisagísticos que ela dispõe, sendo concluída com informações institucionais da AES Tietê e de sua presença no estado de São Paulo. A realização desta visita é integrada às alternativas de lazer da população, quanto a roteiros turísticos da região, bem como às ações de educação ambiental. As visitas programadas são realizadas uma vez a cada 15 dias e serão marcadas sob a seguinte orientação: envio de ofício da instituição ou contato telefônico; programação de no mínimo 1 semana de antecedência; visita de no máximo 20 pessoas; estudantes até a 2ª série deverão estar acompanhados de, no mínimo, 02 professores responsáveis; todos os visitantes devem estar calçando sapatos fechados. 22 1.4.1 Objetivos ambientais, com as suas respectivas metas ambientais De acordo com as Normas Brasileiras (NBR) e a Organização Internacional para Padronização (ISO) 14001/96, define-se: a) parte interessada: indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização; b) desempenho ambiental: resultados mensuráveis do sistema de gestão ambiental, relativos ao controle de uma organização sobre seus aspectos ambientais, com base na sua política, seus objetivos e suas metas ambientais; c) objetivo ambiental: propósito ambiental global, decorrente da política ambiental, que uma organização se propõe a atingir, sendo mensurável sempre que exeqüível; d) meta ambiental: requisito de desempenho detalhado, quantificado sempre que exeqüível, aplicado à organização ou parte dela, resultante dos objetivos ambientais e que necessita ser estabelecido e atendido para que tais objetivos sejam atendidos; e) política ambiental: declaração da organização, expondo suas intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental global, que prevê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais. Os objetivos e metas são assegurados por Programas de Controle dos Impactos Significativos, formando o Programa de Gestão Ambiental da AES Tietê S.A. Os programas de controle de impactos significativos são desdobrados em Planos de Ação (5W2H) para cada UHE. Nesses planos de ação são especificados: o que responsável; onde ações; por que justificativa; quem local; quando - cronograma de execução; como - metodologia; quanto custa - recursos necessários, definindo indicadores de desempenho ambiental da UHE, a serem medidos, monitorados e controlados. A esse conjunto de Planos de Ação denomina-se Programa de Gestão Ambiental (PGA) da UHE. 23 1.5 Projetos Sociais A política de responsabilidade social da AES Tietê tem por objetivo atingir a excelência em cidadania empresarial, com foco no desenvolvimento humano e a partir de ações focadas em meio ambiente, cultura e educação. Por isso, a empresa promove, de forma consistente, a integração da AES Tietê com as comunidades nas quais a empresa está inserida, por meio de ações de desenvolvimento sustentável. Segue os projetos sociais da AES Tietê: 1.5.1 O Projeto Guri É uma organização social sem fins lucrativos com o objetivo de promover a inclusão social e cultural por meio do ensino da música. Desenvolvem a sociabilidade, auto-estima e senso de cidadania em crianças e adolescentes de 8 a 18 anos, além de incentivar o interesse pelas artes. A AES Tietê retomou a parceria com o projeto em Caconde e estendeu a ação a mais quatro cidades do interior do Estado de São Paulo: Barra Bonita, Boracéia, Brejo Alegre e Igaraçú do Tietê. Com esta iniciativa, mais de 700 crianças de famílias de baixa renda podem estudar violino, viola, violoncelo, contrabaixo, violão, cavaquinho, percussão, saxofone, clarinete, flauta, trompete, trombone e coral. O Projeto Guri foi criado há dez anos pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e conta com o apoio da Associação Amigos do Projeto Guri e financiamento de empresas privadas. Atualmente, o projeto leva cultura a mais de 48 mil crianças de 8 a 18 anos que participam dos seus cursos de música. 1.5.2 Programa Geração Cidadania 24 Foi lançado pela AES Tietê em maio de 2005. Seu objetivo é fortalecer o relacionamento da companhia com as comunidades nas quais está inserida por meio de ações culturais e de educação ambiental, como a transformação de materiais reciclados em artesanatos típicos da região, literatura circulante, música e artes plásticas, entre outras. As entidades participantes deste programa estão situadas nos seguintes municípios do interior de São Paulo: a) Mococa: Projeto Beija Flor curso gratuito de dança e desenvolvimento da coordenação motora, postura e capacidades físicas e mentais para crianças e adolescentes de baixa renda com necessidades especiais. Em 2006, 320 crianças e adolescentes foram atendidas pelo projeto; b) São José do Rio Pardo: Projeto Música e Arte escola de música e orquestra com a participação de 70 crianças e adolescentes carentes; c) Buritama: Projeto Criança tem Concerto oficina de artes, música, teatro, dança, artesanato e reforço escolar que beneficiam 170 crianças, jovens e adolescentes em situação de risco; d) Mogi Guaçu: Projeto Eco-Arte Inclusão oficinas de música, material reciclável e artesanatos para deficientes físicos, visuais e auditivos. Em 2006, participaram dessa iniciativa 234 crianças e adolescentes; e) Ibitinga: Projeto Reciclando a Vida oficinas de reciclagem de papel e desenvolvimento da conscientização ambiental para 245 crianças e adolescentes e o Projeto Biblioteca em Movimento: ônibus adaptado percorrem escolas e bairros da periferia para oferecer consulta e empréstimo de livros. A previsão é de atender 100 pessoas por dia e 2.200 por mês. 1.5.3 Salas de Leitura Com as salas de leitura, mais de 123 mil livros foram doados pelas empresas do grupo AES no Brasil nos últimos três anos. Em 2007, mais de 80 25 mil exemplares foram distribuídos. Entre as iniciativas responsáveis por esses números está o projeto Sala de Leitura, patrocinado pela AES Tietê e pela AES Eletropaulo. Desde seu início, em 1° de junho de 2006, o projeto já inaugurou 75 minibibliotecas no Estado de São Paulo, 25 patrocinadas pela AES Tietê e 50 pela AES Eletropaulo. Parceria entre o Instituto Oldemburg de Desenvolvimento e o Grupo Editorial Record, o projeto incentiva a leitura com doação de acervo inicial e instalação de salas em escolas, centros culturais e instituições de todo o Brasil como forma de ampliar o acesso da população carente aos livros. O projeto Sala de Leitura tem ainda como objetivo estimular a mobilização das comunidades beneficiadas, reforçando sua participação em todas as etapas, desde o processo de montagem até a manutenção do espaço. No total, foram doados 75 mil livros. Os moradores têm livre acesso aos espaços e cada localidade recebe duas coleções de 500 títulos cada uma para empréstimo e para consulta no local. O acervo reúne obras de autores nacionais e estrangeiros de gêneros diversos como história, artes, literatura infantil e infanto-juvenil, religião, ciências, filosofia, educação, ciências sociais, literatura nacional e estrangeira, entre outros. Cada sala de leitura recebe o nome de um autor brasileiro. 1.5.4 Acorde Para o Meio Ambiente O Projeto Acorde para o meio ambiente, realizado em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, é uma série de concertos realizados periodicamente em diferentes parques do Estado de São Paulo. Seu objetivo é aproximar a população do meio ambiente e incentivar a cultura e a responsabilidade social, levando música gratuita de qualidade à população. A ação gera recursos para os parques nos quais é realizada e contribui para programas sociais como o Fome Zero. Em 2006, foram realizadas apresentações em 13 municípios, com presença de 33,4 mil pessoas e arrecadação de 18,7 mil quilos de alimentos, 26 doados às entidades assistenciais das cidades que sediaram o evento. 1.5.5 Fundação Dorina Nowill Fundação Dorina Nowill - A AES Tietê, em parceria com a AES Eletropaulo, patrocina o projeto Implementação da Produção e Distribuição de Livros em Braille e Falados para Cegos, desenvolvido pela Fundação Dorina Nowill para Cegos. Em 2006, a parceria publicou e distribuiu 1.050 livros em Braille. Deste total, 510 exemplares foram doados a instituições cadastradas na Fundação. Os demais foram encaminhados às 75 Salas de Leitura, inauguradas pela AES no Brasil em 2006, e também a algumas universidades que atendem cegos. 1.5.6 Energia não se Aposenta A AES Tietê, em parceria com a AES Eletropaulo, patrocinou o livro Energia Não Se Aposenta, da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp (AAFC) e da Fundação Energia e Saneamento. A iniciativa teve como objetivo contribuir para a preservação da memória do setor elétrico, bem como da história sobre as relações trabalhistas no País. Lançada em abril de 2008, a obra resgata a história da AAFC e das suas contribuições para o desenvolvimento do setor e de seus trabalhadores. 1.5.7 Mozarteum Brasileiro A AES Tietê, em parceria com a AES Eletropaulo, patrocina desde 2006 as temporadas anuais do Mozarteum Brasileiro, associação cultural que promove espetáculos de música e dança clássicas e contemporâneas para o 27 público em geral. Em 2006, foram 19 apresentações com as orquestras WDR SinfonieOrchester Koln, Freiburguer Kammerphilharmonie, Trondheim Soloists, o Coro Barroco da Bahia e a soprano Dame Felicity Lott, entre outros, atraindo mais de 45 mil pessoas. Em 2007 foram 20 apresentações de música erudita, sendo quatro concertos ao ar livre com entrada franca. Houve ainda 16 palestras gratuitas denominadas Clube do Ouvinte, uma introdução aos concertos da Temporada Internacional. Estes encontros têm a intenção de despertar nos participantes um modo mais criativo de ouvir música e gerar maior interesse pelo programa musical apresentado. O patrocínio contempla ainda 31 master classes gratuitas (encontros didáticos entre artistas estrangeiros convidados e estudantes de música) e a concessão de 50% de desconto nos ingressos das atrações internacionais para maiores de 60 anos e estudantes em geral. O público em 2007 foi de 104 mil pessoas, sendo 80 mil não-pagantes. 1.5.8 Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo O grupo AES no Brasil está entre os patrocinadores da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). A série de concertos da Temporada 2007 foi apresentada na Sala São Paulo, na região central da capital paulista. A Osesp é hoje a principal referência da música sinfônica no Brasil e modelo de excelência musical no exterior. 1.5.9 A Ecos do Planeta A AES Tietê patrocinou o Ecos do Planeta 2006, dentro do qual foi realizado o 5° Ecocine Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental. O instituto Ecos do Planeta envolve entidades, especialistas e empresas 28 comprometidas com o meio ambiente e sua sustentabilidade. O intuito é semear comprometimento e consciência ambiental para, assim, criar uma nova atitude em relação à vida do planeta. O evento oferece em um mesmo local show, filmes, teatro, exposição e debates. Em outubro de 2007, a AES Tietê foi patrocinadora deste importante evento, na Fundação Bienal de São Paulo, no Ibirapuera. 1.5.10 Overdose Digital A AES Tietê patrocinou o curta-metragem Overdose Digital (O.D.), que estreou em janeiro de 2007. Dirigido pelo cineasta Marcos de Brito, o filme relata a história de um dependente químico que recebe uma proposta indecente para conseguir a mercadoria desejada. A produção ganhou o prêmio de melhor trilha sonora da Florianópolis Audiovisual Mercosul 2007 (FAM), em junho. No 35º Festival de Cinema de Gramado, realizado entre 12 e 18 de agosto, Francisco Gaspar recebeu o prêmio de melhor ator por seu papel no curta-metragem. 1.5.11 Empresa Amiga da Criança Em 2007, à AES Tietê conquistou o selo Empresa Amiga da Criança, da Fundação Abrinq, organização que promove a defesa da cidadania e dos direitos da criança e do adolescente. O selo representa o reconhecimento das iniciativas da empresa em prol da educação, saúde e bem-estar de crianças e adolescentes. Para receber a distinção, é necessário assumir dez compromissos determinados pela Fundação Abrinq, de como respeitar o jovem trabalhador e fornecer auxílio-creche (Quadro 1). Em outubro de 2006, a AES Tietê verificou que preenchia todos os requisitos para a obtenção do certificado, faltando apenas a doação ao Fundo 29 de Direito da Criança e do Adolescente, o que ocorreu em dezembro, quando 1% do imposto de renda da companhia foi destinado a esse fim. 1. Não empregar menores de 16 anos, exceto na condição de aprendizes a partir de 14 anos; 2. Respeitar o jovem trabalhador; 3. Deixar claro aos fornecedores que uma denúncia de trabalho infantil pode causar rompimento de contrato; 4. Fornecer creche ou auxílio-creche aos filhos dos funcionários; 5. Assegurar que os funcionários matriculem seus filhos menores de 18 anos no ensino fundamental; 6. Incentivar e auxiliar as funcionárias gestantes a realizar o pré-natal; 7. Estimular as funcionárias a amamentar seus filhos até no mínimo seis meses de idade; 8. Orientar os funcionários a fazer o registro de nascimento dos seus filhos; 9. Fazer investimento social compatível com o porte da empresa; 10. Contribuir para o Fundo de Direitos da Criança e do Adolescente. Fonte: AES Tietê, 2007 Quadro 1: Os dez compromissos da Empresa Amiga da Criança 1.5.12 Voluntariado A AES Tietê promove, desde 2006, campanhas corporativas anuais de Natal, Páscoa e do Agasalho. A empresa incentiva e apóia a adesão dos funcionários por meio de boletim eletrônico. Além de proporcionar apoio logístico às ações, a empresa realiza eventos para reconhecer o mérito das equipes que mais se destacam em cada edição das campanhas. Os números comprovam o quanto o público interno da AES Tietê está sensível às questões sociais. 1.5.13 Campanha de Natal Durante as três semanas da Campanha de Natal, 109 crianças foram apadrinhadas por colaboradores da AES Tietê em 2006. Tamanha adesão permitiu o atendimento de crianças e adolescentes de três entidades 30 assistenciais: o asilo Lar de Jesus (São José do Rio Pardo-SP), Casa Abrigo (Bariri-SP) e creche Deus Menino (Iturama-MG). 1.5.14 Campanha da Páscoa A Campanha da Páscoa de 2007 arrecadou fundos suficientes para a compra de 208 ovos de chocolate de 250 gramas. Os produtos foram doados às seguintes instituições: Lar Menino Jesus (Caconde-SP), creche Santa Rita de Cássia (Brejo Alegre-SP) e creche Cenira Ghilter Follini (Barra Bonita-SP). Em 2006, os empregados doaram 188 ovos de chocolate de 350 gramas a seis instituições selecionadas pelos colaboradores da AES Tietê: Lar da Esperança (Promissão-SP), Associação Cristã de Proteção à Criança (IbitingaSP), Associação Bom Jesus Casa da Criança (Ibitinga-SP), Sociedade Cristã Francisco de Assis (Mococa-SP), Associação Assistencial São Francisco Casa Abrigo (Mococa-SP) e Paróquia Santa Luzia (Mococa-SP). 1.5.15 Campanha do Agasalho Os empregados da AES Tietê contribuíram com mais de 20 mil peças de roupas e cobertores na Campanha do Agasalho 2007, ação realizada em parceria com o Fundo Social de Solidariedade do Governo do Estado de São Paulo e coordenada pela Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE). A arrecadação foi entregue aos Fundos Sociais Municipais de Ibitinga, Ubarama, Brejo Alegre, Ouroeste, Barra Bonita, Mogi Guaçu, Mococa, Caconde, Bauru e São José do Rio Pardo. Na Campanha do Agasalho de 2006, foram doadas 5,1 mil peças aos mesmos fundos municipais. 1.6 Reconhecimento 31 1.6.1 TOP Social da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) 2007 O investimento da AES Tietê em incentivo à leitura torna-se modelo e referência de iniciativa social corporativa. O conjunto de programas Ler, mais energia na sua vida, em parceria com a AES Eletropaulo, foi um dos destaques do TOP Social da ADVB 2007. Concedido anualmente pela ADVB, o prêmio é voltado a programas socialmente responsáveis promovidos por empresas. Neste ano, foi entregue a outras 35 companhias entre 187 inscritas. Para a AES Tietê, a premiação é um reconhecimento importante de sua política sócio-cultural, que prioriza educação, preservação da memória e a língua portuguesa. De 2004 a 2007, as empresas do grupo AES no Brasil colocaram à disposição da sociedade mais de 123 mil livros. Até o final de 2007, mais 80,6 mil serão distribuídos. 1.7 Investimentos Os investimentos realizados em 2007 somaram R$ 50,7 milhões, com crescimento de 9,1% em relação ao mesmo período de 2006. Esse aumento deve-se principalmente a maiores investimentos em modernização e capacitação dos equipamentos para as usinas operacionais e em projetos ambientais, como reflorestamentos. Para 2008, o montante de investimento previsto é de R$ 224 milhões, sendo as principais ações: a) Construção de três PCHs localizadas no Estado do Rio de Janeiro (R$ 141,2 milhões); b) Construção de duas PCHs no Estado de São Paulo (R$ 26,2 milhões); c) Reflorestamento e monitoramento das bordas dos reservatórios (R$ 15,2 milhões); 32 d) Manutenções de rotina (R$ 26 milhões). 1.8 Mitigação do Meio Ambiente e distribuição de Energia Sustentável A produção de peixes para o repovoamento dos rios é apenas uma das atividades que fazem parte do dia-a-dia dos trabalhos da AES Tietê para suas dez hidrelétricas o que resulta em uma grande melhoria da biodiversidade do rio Tietê. As dez usinas hidrelétricas da AES Tietê foram projetadas e construídas antes da privatização prevendo o múltiplo aproveitamento da água. Além da geração de energia, os reservatórios da empresa formam espelhos d água de aproximadamente 2.000 km² e contribuem para o processo de regularização das vazões dos rios ao longo do ano, possibilitando a irrigação, o abastecimento confiável dos municípios, a pesca, a operação da hidrovia TietêParaná e atividades de lazer, entre outras. A construção de uma usina, entretanto, gera vários impactos ambientais e socioeconômicos. A maior parte deles já foi devidamente compensada na época de implantação do empreendimento, como por exemplo, a indenização compensatória da população realocada. Outros impactos precisam ser continuamente monitorados e mitigados, como é o caso da produção de peixes para o repovoamento dos rios, uma vez que a barragem pode prejudicar várias espécies que necessitam da água corrente para se reproduzir. A AES Tietê melhorou a eficiência da produção de peixes nativos através da implementação do controle genético e monitoramento e obteve sucesso na produção da espécie nativa Dourado (Salminus Maxillosus), assegurou ainda a produção 2,5 milhões de alevinos de seis diferentes espécies nativas. Os impactos potenciais na geração de energia elétrica foram categorizados pelo Banco Mundial. O documento Diretrizes para avaliação ambiental de projetos da indústria e de energia, publicado em 1991, lista as interferências negativas causadas pela construção e operação de uma usina hidrelétrica. 33 1.9 Gestão de pessoas relacionamento com o público interno A inclusão de conceitos e desenvolvimento de boas práticas a seus recursos humanos é um fator-chave para a AES Tietê. Por isso, a companhia dedica atenção especial à valorização de seu pessoal, com o desenvolvimento de lideranças e investimentos em capacitação. A AES Tietê conta com uma estrutura bastante enxuta, o que lhe confere altos índices de produtividade. Em 2006, a produtividade média de seus 285 colaboradores, calculada pelo indicador receita bruta por funcionário, apresentou crescimento de 8,3%, totalizando R$ 5,35 milhões. A produtividade operacional foi de 43,8 GWh por funcionário. O relacionamento da AES Tietê com seus colaboradores pauta-se pelos Valores da AES Corporation, estendidos a todas as empresas do Grupo no Brasil e no mundo, e pelo trabalho conjunto entre as áreas Operacional e de Recursos Humanos. Esse alinhamento permite constante adequação das políticas de Recursos Humanos às necessidades da atividade-fim da companhia e investimentos contínuos no desenvolvimento dos colaboradores. Em sintonia com o princípio de valorizar seus recursos humanos, a AES Tietê atua de forma que eleve cada vez mais o índice de satisfação de seus colaboradores diretos, prática que direciona a gestão de recursos humanos, cujos principais pontos são: a) política de relacionamento: empenhada em promover o bem-estar de seus colaboradores, a AES Tietê possui políticas e mecanismos formais para ouvir, avaliar e acompanhar posturas, preocupações, sugestões e críticas, sempre com o objetivo de agregar novos aprendizados e conhecimentos. Dessa forma, a companhia previne situações de assédio moral ou sexual. Possui, ainda, política expressa de respeito à privacidade de seus funcionários no que se refere a informações sensíveis (inclusive médicas), obtidas e mantidas sob responsabilidade da área de recursos humanos. O relacionamento da AES Tietê com seu público interno inclui, ainda, acordo coletivo com o sindicato da categoria principal, negociando 34 um patamar mínimo de benefícios comuns com o sindicato da região em que atua. Além disso, a companhia tem a preocupação de divulgar informações que venham a afetar seus colaboradores em tempo hábil para que tanto eles quanto o sindicato possam se posicionar; b) remuneração e benefícios: é baseada no conceito de remuneração total, que compreende salário-base, adicionais, benefícios e remuneração variável, política que abrange a totalidade dos colaboradores. Em 2006, a média salarial dos colaboradores, excluindo diretores executivos e vice-presidentes, atingiu R$ 5.528,00, valor 5,5% maior que a média de 2005. Além dos benefícios assegurados em lei, a companhia oferece planos de saúde familiar e programas de previdência complementar a todos os seus funcionários, oferecidos sem distinção de sexo ou raça aos que exerçam a mesma função em qualquer nível hierárquico. A companhia mantém acordo coletivo com o sindicato da categoria principal que abrange 100% dos colaboradores, de modo que negocie um patamar mínimo de benefícios comuns com o sindicato da região em que atua. Em 2006, o Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), estabelecido por meio de negociação com comissão de empregados e em conformidade com a legislação, distribuiu um total de R$ 3,7 milhões, equivalentes a 16,6% da remuneração total. Além da remuneração variável relacionada ao cumprimento de metas operacionais e financeiras pré-definidas, os funcionários podem receber bônus adicionais orientados por elementos de sustentabilidade, como o alcance de metas relacionadas ao desempenho social e ambiental da companhia; c) treinamento e capacitação: mais do que oferecer o treinamento, a AES Tietê entende que é necessário incentivar os processos de aprendizagem corporativa. Ao longo do ano, a companhia proporcionou 25.886 horas de treinamento aos funcionários, um número que supera em 116% o verificado no ano anterior. Os colaboradores receberam preparação para assumir novos postos de trabalho, adquirir competências básicas e estratégicas, eliminar 35 carências de desempenho, adequar-se às novas tecnologias, praticar a excelência operacional, obter informações sobre eficiência energética e elevar o nível de segurança do trabalho. 1.9.1 Comunicação A comunicação com todos os públicos relacionados colaboradores, fornecedores, comunidades das regiões em que atuam órgãos reguladores, acionistas, entre outros é essencial para a AES Tietê, pois representa a base de um relacionamento de transparência e confiança. Dentro da estratégia de relacionamento com a comunidade das regiões em que atua para manter esse público informado e divulgar os programas sociais que desenvolve, a AES Tietê cria e veicula campanhas publicitárias institucionais em rádios, TVs, jornais, revistas e outdoors, além de patrocinar diversos eventos no interior do Estado, ligados à preservação do meio ambiente e à promoção da cultura regional. A companhia investe no relacionamento pró-ativo e transparente com a imprensa, com o objetivo de consolidar um relacionamento consistente, promovendo encontros com profissionais da mídia regional e divulgando informações financeiras e de impacto nas comunidades onde estão localizadas suas usinas hidrelétricas. Em 2006, a imprensa nacional e regional publicou 362 notícias sobre a empresa, sendo 207 positivas, 49 negativas e 106 neutras. A AES Tietê também oferece treinamento a seus profissionais com o objetivo de auxiliá-los a interagir com a imprensa e detectar, prevenir e administrar eventuais crises de imagem. A veiculação de notícias internas sobre a companhia e empresas do grupo é feita pelo boletim eletrônico Infogenco, enviado a todos os funcionários lotados nos escritórios de São Paulo, Bauru e nas usinas. O boletim somou 201 edições em 2006. Dentro da política de transparência com seus stakeholders, a empresa publica na Internet, no site www.aestiete.com.br, seus relatórios anuais. 36 1.10 Política de responsabilidade sócio-ambiental - Política de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho do Grupo AES A política de Responsabilidade Social da AES Tietê tem por objetivo atingir a excelência em cidadania empresarial, com foco no desenvolvimento humano, a partir de ações em meio ambiente, cultura e educação. Por isso, é promovida, de forma consistente, a integração da AES Tietê com as comunidades nas quais está inserida, por meio de ações voltadas ao desenvolvimento sustentável. As empresas do Grupo AES no Brasil, em suas atividades de geração, distribuição e comercialização de energia, produção de bens e prestação de serviços diversos, têm como política assegurar a integridade e a saúde de seus colaboradores e preservar e conservar o meio ambiente para produzir e distribuir energia limpa, confiável e segura, tendo como base os seguintes compromissos: a) prevenção: atuar com foco na prevenção de acidentes, incidentes, doenças ocupacionais, danos ambientais e poluição; b) responsabilidade social: ter como objetivo prioritário das ações o benefício a todas as comunidades com as quais o Grupo AES se relaciona; c) conscientização: assegurar que seus colaboradores e parceiros estejam informados, conscientizados e capacitados, motivando-os a assumir uma postura adequada para evitar e atuar em situações de riscos a saúde, a segurança e em potenciais impactos ambientais decorrentes de suas atividades; d) melhoria contínua: planejar, projetar e desenvolver suas atividades aprimorando continuamente a desempenho das operações, monitorando, de forma pró-ativa, indicadores de saúde ocupacional, segurança do trabalho e meio-ambiente, e aplicando tecnologias, processos e insumos que minimizem os riscos ao trabalhador e impactos ao meio ambiente, visando a saúde e a segurança dos colaboradores, das empresas parceiras e da comunidade; e) respeito aos recursos naturais: usar de forma racional e sustentável 37 os recursos naturais necessários aos processos sob responsabilidade da AES no Brasil; f) gerenciamento de emissões: mitigar os impactos decorrentes de suas atividades, reduzindo suas emissões para o meio ambiente e para o ambiente de trabalho, buscando soluções econômica e tecnicamente sustentáveis; g) fornecedores e contratados: atuar em parceria com seus fornecedores e contratados, orientando-os e estabelecendo critérios para o atendimento aos requisitos de saúde, segurança e meio ambiente, na prestação de serviços; h) comunicação: fomentar programas de conscientização, educação ambiental, saúde e segurança, junto à comunidade na qual está inserida, apoiando o desenvolvimento de projetos que atendam as expectativas das partes interessadas, e manter uma comunicação aberta e permanente através da divulgação de suas práticas e desempenho; i) compromisso com a legislação: operar e manter todas as unidades, garantindo o cumprimento da legislação aplicável a saúde, segurança e meio ambiente, bem como o atendimento a outros requisitos pertinentes a suas atividades. As lideranças das empresas são responsáveis por implementar, divulgar e fazer cumprir esta Política, bem como garantir a estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas de meio ambiente, saúde e segurança. Seus colaboradores são responsáveis por praticar esta Política, de forma individual e intransferível, assegurando seu cumprimento por prestadores de serviços. 1.11 Cultura empresarial Governança Corporativa Por estar focada no crescimento sustentável a longo prazo, foi estabelecida, no segundo semestre de 2006, uma nova estrutura organizacional na companhia. O modelo tem por objetivo prover maior 38 integração entre as áreas, orientar a organização por processos, obter maior agilidade e qualidade na tomada de decisões e aumentar o foco nos clientes, tanto externos quanto internos. 1.11.1 Conselho de Administração O Conselho de Administração é o mais alto órgão de governança corporativa da AES Tietê, sendo responsável pelo planejamento e pelas questões estratégicas da empresa. É composto por dez membros efetivos e seis membros suplentes, dos quais dois membros efetivos são conselheiros independentes e um conselheiro efetivo e seu suplente são representantes eleitos pelos colaboradores. O mandato é de três anos, sendo permitida a reeleição. 1.11.2 Conselho Fiscal O Conselho Fiscal, órgão permanente, possui quatro membros efetivos e quatro suplentes, sendo um membro efetivo e seu suplente indicados pelos acionistas minoritários e os demais, indicados pelo acionista controlador. O mandato é de um ano. É composto por até cinco membros, dos quais três representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Financeiro (BNDES) e dois membros indicados pelos acionistas minoritários. 1.11.3 Comitês 1.11.3.1 Comitê de Gestão 39 Este comitê permanente, formado representantes da AES e três do BNDES por seis membros três presta suporte e assessoria técnica ao Conselho de Administração e à Diretoria. O grupo analisa os planos de investimento, acompanha a evolução dos índices de desempenho e afere a adequada prestação de serviços em atendimento aos padrões exigidos pelo órgão regulador. Acompanha ainda a execução do Plano de Negócios Anual e analisa as questões que envolvam aspectos estratégicos e relevantes, sejam eles de natureza técnico-operacional, jurídica, administrativa, econômicofinanceira, ambiental ou social. 1.11.3.2 Comitê de Gestão de Riscos Regulatórios O grupo mantém, há dois anos, reuniões semanais para discutir procedimentos a serem utilizados pelas empresas da AES no Brasil, usando metodologia de gestão de riscos baseada no método COSO da Basiléia. 1.11.4 Relações com Investidores A missão da área de Relações com Investidores da companhia vai além de atender às demandas e divulgar informações aos investidores e analistas. O objetivo principal é manter um relacionamento baseado na transparência e aproximar ainda mais a AES Tietê dos participantes do mercado de capitais. Tal política faz parte da estratégia de nortear sua atuação na responsabilidade e sustentabilidade. Para garantir total transparência e perfeita eqüidade na divulgação de informações, a companhia dispõe e efetivamente utiliza, desde 2004, uma Política de Divulgação de Informações Relevantes, aprovada pelo Conselho de Administração, de acordo com as determinações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Canais de comunicação ágeis e pronto atendimento às solicitações são 40 imprescindíveis para a empresa cumprir seus objetivos no relacionamento com investidores e com o mercado de capitais: manter um consistente e pró-ativo fluxo de comunicação e evitar o acesso privilegiado às informações, divulgando-as simultaneamente a todo o mercado. 1.11.5 Sarbanes-Oxley Por pertencer a um grupo norte-americano com ações listadas na Bolsa de Nova York, a AES Tietê está preparada para suprir a AES Corporation com informações exigidas pela Lei Sarbanes-Oxley. 1.11.6 Auditoria A empresa Ernst & Young Auditores Independentes responde pela auditoria externa da AES Tietê desde 2004, atendendo à obrigatoriedade de rodízio a cada cinco anos. Durante o ano, não foram contratados serviços complementares ou de consultoria com essa empresa, mantendo o foco de seus serviços exclusivamente em auditoria contábil. 1.11.7 Estrutura Societária Desde setembro de 2006, a Companhia Brasiliana de Energia (Brasiliana), sociedade controladora direta da AES Tietê, com 52,6% do capital total, tem empreendido uma reorganização financeira e societária, cujos principais objetivos são fortalecer a estrutura de capital do grupo, eliminar ineficiências decorrentes da existência de empresas holding ou de participação intermediárias e reestruturar o perfil de seu endividamento resultante da reorganização de suas controladas. 41 Como parte da reorganização societária, em 22 de março de 2007, a Tietê Holdings Ltda transferiu as ações detidas no capital da AES Tietê Participações S.A. (TP) para a Brasiliana. Adicionalmente, em 28 de setembro de 2007, houve a cisão da TP, com incorporação de parte da empresa pela Brasiliana, no montante de R$ 32 milhões, representando todos os ativos e passivos da TP. Já o valor de R$ 39,3 milhões, referente ao ágio e aos impostos diferidos sobre o ágio já amortizado, foi incorporado pela própria AES Tietê. Como conseqüência, ocorreram o cancelamento das ações detidas pela TP na AES Tietê e a emissão de novas ações em favor da Brasiliana. 1.12 Contrato Governamental Contrato de Concessão O contrato de concessão de uso de bem público para geração hidrelétrica ou, simplesmente, concessão de geração, tem por objeto a transferência da execução de um serviço do Poder Público ao particular, que se remunerará dos gastos com o empreendimento, aí incluídos os ganhos normais do negócio, através de tarifa cobrada aos usuários. O contrato de concessão da empresa tem duração de 30 anos, a partir de 20 de dezembro de 1999, com autorização para operar como concessionária de uso do bem público, na produção e comercialização de energia elétrica, na condição de Produtor Independente de Energia. 1.13 Gerenciamento de Riscos A AES Tietê identifica, classifica analisa e trata os riscos empresariais mais significativos a que está exposta por meio de ações definidas em seu Plano de Negócios. A identificação desses riscos começa com a análise de cenários e ambientes relacionados à atuação da empresa em que são avaliados os pontos fortes e fracos, as ameaças e as oportunidades de 42 melhoria. Para isso, conta com uma equipe especializada e diferentes ferramentas, que atuam no constante monitoramento de cada um dos fatores que apresentem risco potencial à companhia, entre os quais: a) risco de produto: como geradora de energia, que atua em setor regulamentado e com um contrato de venda de longo prazo, não há o risco de a AES Tietê ter seu produto defasado tecnologicamente ou enfrentar diferentes condições de mercado como conseqüência da atuação da concorrência; b) risco de mercado: o contrato de fornecimento funciona como um hedge, tanto para os volumes quanto para os preços de venda. Há risco de despesas imprevistas, típico das atividades da companhia, mas a margem de comercialização permite absorver uma eventual necessidade de desembolso extra, sem grande impacto. O Contrato Bilateral com a AES Eletropaulo vigorará até 2015 e a AES Tietê aguarda decisão na justiça quanto à validação do aditamento firmado em outubro de 2003, que prorrogava o contrato até 2028, e foi negado pela Aneel em março de 2004. Caso esse aditamento não seja aprovado, a energia gerada pela AES Tietê estará exposta a leilões de energia elétrica a partir de 2016; c) risco de operação: a companhia dispõe de seguro para as barragens que apresentam maior risco hidrológico e para equipamentos, cobrindo eventuais falhas operacionais. Em termos de volume de energia gerada, existe uma proteção do próprio sistema energético brasileiro representado pelo Mecanismo de Realocação de Energia (MRE). O MRE é um mecanismo de compartilhamento de risco por meio do qual toda a geração das usinas excedente à energia assegurada é transferida, às usinas que tiveram desempenho abaixo do nível assegurado, ao custo mínimo estabelecido para a água; d) risco ambiental: o Sistema de Gestão Ambiental, instituído em 2002, e a adoção de tecnologias de ponta minimizam os riscos ambientais envolvidos na operação e manutenção das usinas, como a contaminação dos rios por vazamentos de óleos e/ou destinação incorreta de resíduos. As bordas dos reservatórios, consideradas 43 Áreas de Preservação Permanente, podem sofrer invasões de terceiros. Para evitar esse problema, a AES Tietê está implementando um Sistema de Informações Geográficas, que permite acompanhar e fiscalizar eventuais ocupações; e) risco de clima/desastre: os planos de contingência, seguros ou sistemas de back-up minimizam consideravelmente os riscos decorrentes de alterações no clima. Para o caso de desastres naturais, como cheias que possam comprometer as estruturas, foi criado um plano de atuação para vazões. Em situações que excedam esse dimensionamento ou outras catástrofes, não existem planos de contingência factíveis. Para reduzir as perdas decorrentes desses riscos, a empresa possui seguros nas modalidades riscos operacionais, que protegem bens e instalações, e responsabilidade civil, que visam minimizar as perdas por danos causados a terceiros; f) riscos de sistema, gestão ou controle: para eliminar o risco de falhas nos sistemas de suporte operacionais, as unidades geradoras podem ser operadas via painéis locais, independentemente da coordenação do centro de operação. Com relação aos sistemas de gestão, existem controles de acesso por nível hierárquico e back-ups; g) o Sistema de Gestão Ambiental: foi instituído na companhia em 2002, e a adoção de tecnologia de ponta na condução das operações são ferramentas que permitem minimizar os riscos ambientais envolvidos nas atividades; h) risco regulatório: todas as regras do setor e exigências do contrato de concessão são continuamente acompanhadas e cumpridas. Há dois anos a companhia participa, juntamente a representantes das outras empresas AES no Brasil, do Comitê de Gestão de Risco, que se reúne semanalmente para definir estratégias e avaliar metodologias de controle, sempre mensurando o impacto, tanto financeiro quanto de imagem, das estratégias adotadas. O principal risco regulatório com o qual a AES Tietê se defronta no momento é a obrigação de expansão de sua capacidade, estipulada no edital de privatização. O não cumprimento dessa obrigação poderá resultar em penalizações impostas à companhia pelo Governo do Estado de São Paulo e/ou 44 pela Aneel. Nesse caso, a AES Tietê poderá tomar as medidas judiciais cabíveis visando resguardar a saúde financeira da empresa, uma vez que houve uma alteração substancial da regulamentação do setor de energia elétrica desde a origem da obrigação até o presente momento, tornando inviável o seu cumprimento, na forma como está estabelecida; i) risco de imagem: a AES Tietê, por meio de sua assessoria de comunicação, atua com os meios de imprensa e diretamente com o seu público, tanto de forma proativa como atendendo rapidamente solicitações e questionamentos; j) risco comunitário: a AES Tietê entende que as relações com as comunidades de seu entorno podem impactar, de forma positiva ou não, sua atividade de geração de energia. Por essa razão, a companhia está seriamente comprometida a operar de forma que garanta a máxima segurança para as comunidades localizadas próximas às suas instalações; k) risco trabalhista: a companhia atua de acordo com as regras vigentes, empenhada em promover o bem-estar de seus funcionários, minimizando, ao máximo, o número de processos trabalhistas; l) risco de capital intelectual: a fim de reconhecer e motivar os talentos que compõem seu quadro de colaboradores, a AES Tietê oferece condições de crescimento e desenvolvimento de carreiras, promovendo programas de treinamento periodicamente; m) riscos financeiros: crédito, a garantia de preço e volume na venda da totalidade da energia até 2015, assegurada pelo Contrato Bilateral com a AES Eletropaulo, representa uma proteção (hedge) para a AES Tietê. Quantos aos juros e inflação, a dívida da AES Tietê tem seu custo determinado a juros fixos e correção pelo Índice Geral de Preço do Mercado (IGP-M). Por outro lado, o mesmo indicador é a base do reajuste definido no contrato de venda de energia, o que representa uma proteção natural para o custo da dívida. Já quanto a liquidez, a estrutura financeira da companhia, com baixo nível de endividamento e forte geração de caixa garantida pelo Contrato 45 Bilateral de longo prazo, somada à baixa necessidade de desembolsos para investimentos em ativo fixo, minimiza o risco de liquidez. O câmbio em sua totalidade da dívida da companhia é cotada em moeda local, assim como a totalidade de sua receita. O risco cambial é associado apenas a aplicações lastreadas em moeda estrangeira, que representavam cerca de 13% da disponibilidade total em 31 de dezembro de 2006. 1.14 Eclusas Após a privatização, a AES Tietê continuou responsável contrato com o governo de São Paulo por meio de pela operação e manutenção das eclusas, aprimoramento de vias e canais. Seis eclusas da AES Tietê permitem, hoje, que até 10 milhões de toneladas de cargas sejam transportadas pelo rio Tietê durante um ano. Utilizando essas eclusas, as embarcações podem transpor barragens de até 30 metros de altura e prosseguir com o transporte de cargas fazendo a ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o entorno da usina de Itaipu, no Paraná. 1.14.1 Ficha Técnica 1.14.1.1 Escritório Sede Localização: Rua Lourenço Marques, 158 100 São Paulo-SP. 1.14.1.2 Usina Hidrelétrica Água Vermelha Vila Olímpia - CEP 04547- 46 Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 1: Usina Hidrelétrica Água Vermelha Entrada em operação: 1978 Localização: Rio Grande Reservatório: área de 647 km² e volume de 11.025 x 106 m³ Barragem: tipo mista, comprimento 3940 m Turbina: tipo Francis de eixo vertical, queda bruta de 57 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 6 x 232,7 = 1396,2 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 8 x 2.481 = 19.848 m³/s. Não tem eclusa. 1.14.1.3 Usina Hidrelétrica Caconde Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 2: Usina Hidrelétrica Caconde 47 Entrada em operação: 1966 Localização: Rio Pardo Reservatório: área de 31 km² e volume de 636 x 106 m³ Barragem: tipo Terra, comprimento 640 m Turbina: tipo Francis de eixo vertical, queda bruta de 105 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 1 x 39,2 e 1 x 41,2 = 80,4 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 2 x 426 = 852 m³/s tipo Comporta de fundo e descarga total de 1 x 200 = 200 m³/s. Tipo Tulipa e descarga total de 726 m³/s. Não tem eclusa. 1.14.1.4 Usina Hidrelétrica Euclides da Cunha Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 3: Usina Hidrelétrica Euclides da Cunha Entrada em operação: 1960 Localização: Rio Pardo Reservatório: área de 1 km² e volume de 18,45 x 106 m³ Barragem: tipo Terra, comprimento: 312 m Turbina: tipo Francis de eixo vertical, queda bruta de 92 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 4 x 27,2 = 108,8 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 2 x 1.027 = 2.054 m³/s. 48 Tipo Tulipa e descarga total de 990 m³/s. Não tem eclusa. 1.14.1.5 Usina Hidrelétrica Limoeiro Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 4: Usina Hidrelétrica Limoeiro Entrada em operação: 1958 Localização: Rio Pardo Reservatório: área de 3,3 km² e volume de 34,13 x 106 m³ Barragem: tipo Terra, comprimento: 600 m Turbina: tipo Kaplan de eixo vertical, queda bruta de 25,5 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 2 x 16 = 32 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 2 x 882 = 1.764 m³/s Tipo Comporta de superfície (suplementares) e descarga total de 2 x 610 = 1.220 m³/s. Não tem eclusa. 1.14.1.6 Pequena Central Hidrelétrica Mogi-Guaçu 49 Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 5: Pequena Central Hidrelétrica Mogi-Guaçu Entrada em operação: 1999 Localização: Rio Mogi-Guaçu Reservatório: área de 5,73 km² e volume de 32,89 x 106 m³ Barragem: tipo Aterro compactado, comprimento: 150 m Turbina: tipo Kaplan Tubular S, queda bruta de 11,6 m Gerador: tipo Sincrono de eixo horizontal e potência total de 2 x 3,6 = 7,2 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 4 x 524,8 = 2.099 m³/s. Não tem eclusa. 1.14.1.7 Usina Hidrelétrica Barra Bonita Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 6: Usina Hidrelétrica Barra Bonita 50 Entrada em operação: 1963 Localização: Rio Tietê Reservatório: área de 310 km² e volume de 3.622 x 106 m³ Barragem: tipo Concreto, comprimento: 287 m Turbina: tipo Kaplan de eixo vertical, queda bruta de 23,5 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 4 x 35,19 = 140,76 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 5 x 906 = 4.530 m³/s Eclusa: Capacidade de 10 milhões de t/ano. 1.14.1.8 Usina Hidrelétrica Bariri Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 7: Usina Hidrelétrica Bariri Entrada em operação: 1965 Localização: Rio Tietê Reservatório: área de 63 km² e volume de 607 x 106 m³ Barragem: tipo Terra/Concreto, comprimento: 856,25 m Turbina: tipo Kaplan de eixo vertical, queda bruta de 24 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 2 x 47,7 e 1 x 41,4 = 136,8 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 6 x 431 = 2.856 m³/s Tipo Comporta de fundo e descarga total de 2 x 853 = 1.706 m³/s 51 Eclusa: Capacidade de 10 milhões de ton/ano. 1.14.1.9 Usina Hidrelétrica Ibitinga Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 8: Usina Hidrelétrica Ibitinga Entrada em operação: 1969 Localização: Rio Tietê Reservatório: área de 114 km² e volume de 1.100 x 106 m³ Barragem: tipo Terra/Concreto, comprimento: 1.519,75 m Turbina: tipo Kaplan de eixo vertical, queda bruta de 21,45 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 3 x 43,8 = 131,4 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 7 x 431 = 3.017 m³/s Tipo Comporta de fundo e descarga total de 3 x 708 = 2.124 m³/s Eclusa: Capacidade de 10 milhões de ton/ano. 1.14.1.10 Usina Hidrelétrica Promissão Usina Hidrelétrica Mário Lopes Leão (Promissão), empresa na qual foi realizada a pesquisa. 52 Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 9: Usina Hidrelétrica Promissão Entrada em operação: 1975 Localização: Rio Tietê Reservatório: área de 530 km² e volume de 8.111 x 106 m³ Barragem: tipo Terra/Concreto, comprimento: 3.630 m Turbina: tipo Kaplan de eixo vertical, queda bruta de 27,4 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 3 x 88 = 264 MW Vertedouro: tipo Comporta de fundo e descarga total de 5 x 1.336 = 6.680 m³/s Eclusa: Capacidade de 10 milhões de ton/ano. 1.14.1.11 Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava Fonte: AES TIETÊ, 2008 Figura 10: Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava 53 Entrada em operação: 1982 Localização: Rio Tietê Reservatório: área de 210 km² e volume de 2.830 x 106 m³ Barragem: tipo Terra/Concreto, comprimento: 2.038 m Turbina: tipo Kaplan de eixo vertical, queda bruta de 29,7 m Gerador: tipo Umbrella de eixo vertical e potência total de 3 x 115,8 = 347,4 MW Vertedouro: tipo Comporta de superfície e descarga total de 4 x 1.987 = 7.948 m³/s. Eclusa: Capacidade de 10 milhões de ton/ano. 54 CAPÍTULO II CONCEITOS SOBRE GESTÃO DA SUSTENTALIDADE 2 A EVOLUÇÃO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS Com o crescimento das civilizações, grandes mudanças ocorreram no meio ambiente, até que no século XVIII houve uma transformação na capacidade produtiva humana, que posteriormente ocasionou a Revolução Científico-Tecnológico, a qual ficou conhecida como Revolução Industrial, com o surgimento na Inglaterra, espalhou-se e dominou o cenário durante os séculos XIX e XX que apontou a perspectiva destruição do ambiente natural. (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) O problema é que o crescimento econômico desordenado foi acompanhado de um processo jamais visto pela humanidade, em que se utilizavam grandes quantidades de energia e de recursos naturais que acabaram por configurar um quadro de degradação contínua no meio ambiente. Conforme Dias; Zavaglia; Cassar (2003), a industrialização trouxe vários problemas ambientais como: a alta concentração populacional devido à urbanização acelerada; consumo excessivo de recursos naturais, sendo que alguns não renováveis (petróleo e carvão mineral); contaminação no ar, do solo, das águas e desflorestamento entre outros. Na segunda metade do século XX, com a intensificação do crescimento econômico mundial, os problemas ambientais se agravaram e começaram a aparecer com maior visibilidade para amplos setores da população, particularmente, dos países desenvolvidos, os mais afetados pelos impactos provocados pela revolução industrial. (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) Segundo Meadows (apud DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) em abril de 1968 em Roma (Itália), pessoas de dez países se reuniram com o objetivo de discutir os dilemas atuais e futuros do homem, e assim criou o Clube de Roma, uma organização informal, descrita, com muita propriedade. Suas finalidades 55 eram promover o entendimento dos componentes variados, mas interdependentes: econômicos, políticos, naturais e sociais que formam o sistema global; chamar a atenção dos que são responsáveis por decisões de alto alcance, e do público do mundo inteiro, para aquele novo modo de entender e assim promover novas iniciativas e planos de ação. Em 1972 o Clube de Roma prevendo um desastre a médio-prazo, publicou um relatório denominado Limites do Crescimento, previa que as tendências que imperavam até então conduziam a uma escassez catastrófica dos recursos naturais e a níveis perigosos de declinar até o ano de 2010 e, a partir daí, como conseqüência haveria uma diminuição da população por penúria, falta de alimentos e poluição. (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) Se mantiverem as atuais tendências de crescimento da população mundial, industrialização, contaminação ambiental, produção de alimentos e esgotamento dos recursos, este planeta alcançará os limites de seu crescimento no curso dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um súbito e incontrolável declínio tanto da população como da capacidade industrial. (MEADOWS apud DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) A Assembléia das Nações Unidas no ano de 1968 decidiu pela realização em 1972, na cidade de Estocolmo na Suécia, uma conferência mundial sobre o meio ambiente humano. Na ocasião, foi dado um alerta de que a sobrevivência do planeta corria riscos com a crescente e irracional interferência do homem no meio ambiente. (ALMEIDA, 2007). A conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972 gerou a Declaração sobre o Ambiente Humano e produziu um Plano de Ação Mundial, com o objetivo de orientar a preservação e a melhoria no ambiente humano. Um outro importante resultado do evento foi a criação do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA), encarregado de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo. (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) No entanto, a conferência de Estocolmo, por outro lado, embora não tenha sido convocada explicitamente para discutir o desenvolvimento, tornouse um fórum de debates entre diferentes posições dos países no Norte e Sul. Outro mérito da conferência foi o de lançar as bases para a abordagem dos problemas ambientais numa ótica global de desenvolvimento, primeiros passos 56 do que viria a se constituir mais tarde no conceito de desenvolvimento sustentável. (KITAMURA, 1994) O relatório como um todo vai adiante na introdução da relação do desenvolvimento com a exploração dos recursos naturais e as possibilidades de esgotamento do mesmo. Este documento apresenta uma semelhança com os textos do Relatório da Comissão de Brundtland da ONU. Refletindo a importância das discussões que ocorreram em Estocolmo, nos anos seguintes proliferaram acordos e conferência temáticas internacionais, como: a Convenção sobre o Comércio Internacional de espécies ameaçadas da fauna e flora silvestres (1973), Convenção Internacional para Prevenção da Poluição pelos Navios (1973), Conferência Alimentar Mundial (1974), Convenção sobre a Proteção da Natureza no Pacífico Sul (1976), Conferência das Nações Unidas sobre a Água (1977), Conferência das Nações Unidas sobre a Desertificação (1977), Conferência Mundial sobre o Clima (1978), Convenção sobre a conservação das espécies migrantes pertencentes à fauna selvagem (1979), Convenção sobre a conservação da fauna e flora marítimas da Antártida (1980), e muitos outros documentos que foram normatizando procedimentos que deveriam ser adotados pelas pessoas e organizações em relação ao meio ambiente natural. (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) No ano de 1983, a Assembléia Geral da ONU, como reflexo do aumento crescente das preocupações ambientais, criou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), presidida pela primeiraministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, com o objetivo de examinar as relações entre meio ambiente e o desenvolvimento bem como apresentar propostas viáveis. A Presidente da Comissão, Gro Brundtland, expressou no prefácio do relatório, solicitando à comissão para apresentar um trabalho que consistiria numa agenda global para mudança para entre outras coisas (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003): a) propor estratégias ambientais que viabilizem o desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000 em diante; b) recomendar formas de cooperação na área ambiental entre os países em desenvolvimento e entre países em estágios diferentes de 57 desenvolvimento econômico e social que os leve a atingir objetivos comuns consideradas as inter-relações de pessoas, recursos, meio ambiente e desenvolvimento; c) encontrar meios e maneiras para que a comunidade internacional possa lidar mais eficientemente com as preocupações ambientais; d) contribuir com a definição de noções comuns relativas a questões ambientais de longo prazo e os esforços necessários para tratar com êxito os problemas da proteção e da melhoria do meio ambiente, uma agenda de longo prazo a ser posta em prática nos próximos decênios. O informe Brundtland, da CMMAD, denominado Nosso Futuro Comum, divulgado em 1987, pode ser considerado um dos mais importantes documentos sobre a questão ambiental e o desenvolvimento dos últimos anos. O documento Nosso Futuro Comum foi referência e base importante para os debates que aconteceram na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 1992, onde se popularizou o conceito de Desenvolvimento Sustentável. (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003, p. 194) A CNUMAD ocorreu vinte anos após a de Estocolmo e concentrou-se em identificar as políticas que geram os efeitos ambientas negativos. Como produtos desse encontro, foram assinados cinco documentos que direcionariam as discussões sobre o meio ambiente nos anos subseqüentes, que conforme Dias; Zavaglia; Cassar (2003) seriam: a) agenda 21; b) convenção sobre a biodiversidade (CDB); c) convenção sobre mudanças do clima; d) princípios para administração sustentável das florestas; e) declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento. Para assegurar a implementação das propostas da Rio 92, foi criado a Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável (CDS) que é a comissão do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC). Em dezembro de 2000, a Assembléia Geral das Nações Unidas resolveu que a CDS serviria de órgão central organizador da Cúpula Mundial de 58 Desenvolvimento Sustentável (CMDS), conhecida como Rio+10, que ocorreria em Johannesburgo entre os dias 26 de agosto e 04 de setembro de 2002 com o objetivo de avaliar a situação do meio ambiente global em função das medidas adotadas na CNUMAD-92. (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) Realizada a conferência, foram produzidos dois documentos relevantes: a Declaração de Johannesburgo sobre o desenvolvimento sustentável e o Compromisso de Johannesburgo para um desenvolvimento sustentável. Os participantes da CMDS, de Johannesburgo, reconheceram que não foram alcançados os objetivos fixados na Cúpula do Rio, e reiteraram que os três pilares inseparáveis de um desenvolvimento sustentável estabelecidos naquela ocasião continuavam sendo a proteção do meio ambiente, o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico. (DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) Segundo Sistema Econômico Latinoamericano (SELA) (apud DIAS; ZAVAGLIA; CASSAR, 2003) foi adotado o Compromisso de Johannesburgo para Desenvolvimento Sustentável, o qual como declaração é bastante prolixo, mas, quanto a compromisso concretos, deixa muito a desejar e fica muito distante de uma verdadeira agenda para a ação. De modo geral, os compromissos assumidos foram muito vagos e sem prazos para alcançar os objetivos sócio-econômicos e ambientais colocados. 2.1 Protocolo de Kyoto A preocupação com o meio ambiente levou os países da ONU a assinarem um acordo que estipulasse controle sobre as intervenções humanas no clima. Em 1997, reunidos em Kyoto no Japão, os Estados deram continuidade às negociações iniciadas no Rio Eco 92, tendo culminado com a adoção do Protocolo de Kyoto, estabelecendo metas de redução de gases de efeito estufa para os principais países emissores. Como meta, o Protocolo de Kyoto determinou que os países industrializados reduzissem em 5,2% as emissões de carbono até 2012, em relação aos níveis de 1990. (MAGNOLI, 2008) 59 Em 2004, em Buenos Aires foram aprovadas as regras para a implementação do Protocolo de Kyoto e, no mesmo ano, a Rússia ratificou finalmente o Protocolo de Kyoto, importante adesão se considerarmos que em 1990 o país era responsável por 17% das emissões globais. (MAGNOLI, 2008) O Protocolo de Kyoto entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, tendo sido cumprida a meta de adesão superior a 55%. (MAGNOLI, 2008) Vale mencionar que as entidades ambientalistas apontam para a necessidade de redução de 20 a 30% das emissões de gases de efeito de estufa (com base no ano de 1990) até 2030, e de 60% a 80% até 2050. (MAGNOLI, 2008) Em 2006, em Nairobi (Quênia), representantes de 189 nações assumiram o compromisso de rever os principais aspectos do Protocolo de Kyoto. No ano de 2008 o grupo dos países mais industrializados do mundo, concordou em reduzir a emissão de gases poluentes ao menos em 50% até 2050, uma medida para combater os efeitos das mudanças climáticas e o aquecimento global. (MAGNOLI, 2008) 2.2 Relatório Brundtland Elaborado pela CMMAD, faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes. Uma série de medidas devem ser tomadas pelos países para promover o desenvolvimento sustentável, conforme Dias; Zavaglia; Cassar (2003) são: a) limitação do crescimento populacional; b) garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo; 60 c) preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; d) diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias renováveis; e) aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas; f) controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores; g) atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia). Conforme Dias; Zavaglia; Cassar (2003) em âmbito internacional, as metas propostas são: a) adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento; b) proteção dos ecossistemas supranacionais como a Antártica, oceanos, pela comunidade internacional; c) banimento das guerras; d) implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela ONU. 2.3 Agenda 21 A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que duraram dois anos e culminou com a realização da CNUMAD, em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92. A Agenda 21 brasileira trata-se de instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável que tem como eixo central a sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o 61 crescimento econômico. O documento é resultado de uma vasta consulta à população brasileira, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21 global. Como programa, ela adquire mais força política e institucional, passando a ser instrumento fundamental para a construção do Brasil sustentável, estando coadunada com as diretrizes da política ambiental do governo. Portanto, a Agenda 21, que tem provado ser um guia eficiente para processos de união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de sua aplicação, é atualmente um dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas no Brasil. 2.4 Gestão ambiental A gestão ambiental é a administração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou não. A gestão ambiental deve visar o uso de práticas que garantam a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas e a redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais. Fazem parte também do arcabouço de conhecimentos associados à gestão ambiental técnicas para a recuperação de áreas degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a exploração sustentável de recursos naturais, e o estudo de riscos e impactos ambientais para a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades produtivas. A prática da gestão ambiental introduz a variável ambiental no planejamento empresarial, e quando bem aplicada, permite a redução de custos diretos - pela diminuição do desperdício de matérias-primas e de recursos cada vez mais escassos e mais dispendiosos, como água e energia e de custos indiretos - representados por sanções e indenizações relacionadas a danos ao meio ambiente ou à saúde de funcionários e da população de comunidades que tenham proximidade geográfica com as unidades de produção da empresa. Um exemplo prático de políticas para a inserção da 62 gestão ambiental em empresas tem sido a criação de leis que obrigam a prática da responsabilidade pós-consumo. De acordo com Acot (1990), as primeiras manifestações de gestão ambiental foram estimuladas pelo esgotamento de recursos, como o caso da escassez de madeira para construção de moradias, fortificações, móveis, instrumentos e combustível, cuja exploração havia se tornado intensa desde a era medieval. Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental são entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam. (BARBIERI, 2007) À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira mais racional. O próprio mercado consumidor passa a selecionar os produtos que consome em função da responsabilidade social das empresas que os produzem. Desta forma, surgiram várias certificações, tais como as da família ISO 14000, que atestam que uma determinada empresa executa suas atividades com base nos preceitos da gestão ambiental. 2.5 Normas ambientais e ISO 14000 A exigência da sociedade em relação à qualidade ambiental dos produtos oferecidos no mercado tem estimulado uma gama cada vez maior de empresas a aderir voluntariamente a normas ambientais. Tratando-se de uma tendência já quase consolidada nos países desenvolvidos, a preocupação com a natureza e, conseqüentemente, a adoção de sistemas limpos ou menos poluentes são elementos que ajudam a dar uma nova configuração ao meio industrial brasileiro. 63 A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) é um selo representante da ISO no Brasil, ela tem um programa que visa suprir as necessidades na área de certificação. Ela tem como objetivo certificar os produtos que se encontram disponíveis no mercado, buscando assim, maior credibilidade. As empresas têm aderido à série ISO 14000, que dispõe de diretrizes para a gestão ambiental. (ABNT, 2008) Conforme Silva (2000) a série ISO 14000 surge, com o advento do Eco92, para atender a uma demanda por uma norma internacional, capaz de padronizar os procedimentos em nível mundial. A partir da conferência Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, criou-se um grupo designado para elaborar uma série de normas relativas à gestão ambiental que receberam o código 14000, com o intuito de serem reconhecidas como a série ISO 14000. (BARBIERI, 2007) Com a ISO 14000 as organizações empresariais têm parâmetros para criar sua sistemática de gestão voltada aos aspectos ambientais. Uma das principais diretrizes aponta à alta direção de cada empresa para que estabeleça uma política de compromisso com objetivos e metas ambientais da otimização de aproveitamento de matérias, com redução de desperdícios, à redução de poluição gerada e a difusão de informações sobre preservação ambiental junto ao corpo funcional e comunidade local, entre outras. Em resumo, a norma ISO 14000 tenta fazer aquilo que toda organização, principalmente as empresas de propriedade privada, deveriam fazer sem precisar de norma alguma, que é trabalhar de forma organizada, ser responsável com seus clientes, com a comunidade do entorno de suas atividades, obedecer às leis e se preocupar com o bem-estar da sociedade na qual funciona e da qual obtém seus benefícios. (SILVA, 2000). A ISO 14000 tem dado mostras de ser um bom instrumento para o marketing. Por conta do grande contingente de pessoas envolvidas na sua elaboração num consenso internacional, pode-se considerar seu texto freqüentemente vago e genérico, possibilitando abertura às más intenções. Entretanto, há muito mais aspectos positivos, dentre eles, o fato de haver um programa de treinamento que possibilita os funcionários de uma empresa a compreensão e o enfrentamento dos problemas ambientais. No entanto, outro ponto defeituoso da norma que consiste em fazer com 64 que todas as ações no âmbito de preservação do meio ambiente sejam realizadas a partir de motivações mercadológicas, acaba também se tornando um ponto estratégico de marketing pelas empresas. Ou seja, promover um processo de produção de forma sustentável pode surgir perspectivas de fontes de receita. Segundo Peglau (apud SILVA, 2000) o número de empresas certificadas pela norma ISO 14000 cresce de forma rápida na atualidade, numa demonstração que esta ferramenta de controle ambiental está tendo boa aceitação. Este fenômeno não é diferente no Brasil, embora o número de empresas certificadas ainda seja muito pequeno. Até o final dos anos 90, apenas 88 empresas brasileiras constavam desta relação de certificação. 2.6 A construção de uma consciência ecológica Segundo Almeida (2007 p. 15): Dos 24 serviços ambientais elencados pela Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), como cruciais à sobrevivência da humanidade, 60% - ou seja, 15 serviços estão em estágio acelerado de degradação . O fato é que as atividades humanas estão utilizando serviços ambientais num ritmo tal que já não é mais garantida a capacidade dos ecossistemas de atenderem às necessidades das futuras gerações. A demanda por água, alimentos e energia para atender a uma população crescente representa um custo além do suportável para os ecossistemas. Mantida essa tendência, a infra-estrutura natural vai se fragilizar ainda mais nas próximas décadas. O valor dos ecossistemas terá de ser mais bem apropriado, tanto no que se refere à inclusão das externalidades quando no que se refere aos serviços ambientais que já são internalizados como o solo, por exemplo. Essa apropriação exige formas de quantificação que ainda não sabemos como fazer, embora na comunidade acadêmica e fora dela economistas e outros especialistas venham trabalhando nisso com afinco. (ALMEIDA, 2007, p.15) A gestão do capital natural terá de ser encarada como primordial - e não secundária, como acontece hoje para a geração de riquezas e a segurança 65 natural e planetária. Essa é uma tarefa de todos. Como bem definiu o Conselho da AEM: O balanço de nossas contas naturais, o patrimônio que desejamos deixar para as gerações futuras, depende das escolhas feitas em cada lugar do planeta, desde o chefe de uma vila em Bangladesh até a sala da diretoria de uma empresa em um arranha-céu de Nova York; de reuniões de ministros de finanças até consumidores numa loja de móveis no Brasil. (ALMEIDA, 2007, p.15) O papel do consumidor consciente se tornará cada vez mais crucial até 2050. O estilo de vida terá de ser mudado. Decisões como a compra de uma geladeira energeticamente mais eficiente ou o uso do transporte público, em vez do automóvel, dentre tantas outras, terão um forte efeito positivo em todas as outras áreas. (ALMEIDA, 2007) O uso sustentável da energia inclui reduzir, reusar e reciclar, tanto no plano do cidadão quanto no plano do setor produtivo. Isso significa desestimular o uso de descartáveis e incentivar alternativas duráveis. Inclui também formas de mobilidade que, preservando o conforto dos indivíduos, induzam o transporte de massa, como já acontece em Tóquio, Londres e Moscou. A utilização de arborização próxima a edifícios pode induzir uma redução de temperatura em 6°C no verão, reduzindo a demanda por ar-condicionado, ou quebrar a sensação de frio em climas temperados, reduzindo a demanda por aquecimento. (ALMEIDA, 2007) O consumidor consciente provavelmente aceitará pagar um pouco mais por energia produzida a partir de fontes renováveis. A precificação da energia em equilíbrio com objetivos sociais poderão induzir novos e sustentáveis hábitos de consumo. (ALMEIDA, 2007) Almeida (2007, p. 43) descreve: a gestão insustentável dos ecossistemas vem representando custos tanto para a economia quanto para a sociedade . 2.7 Responsabilidade social 66 Responsabilidade social diz respeito ao cumprimento dos deveres e obrigações dos indivíduos e empresas para com a sociedade em geral, existem várias outras definições para o termo responsabilidade. Alguns sociólogos entendem como sendo responsabilidade social a forma de retribuir a alguém, por algo alcançado ou permitido, modificando hábitos e costumes ou perfil do sujeito ou local que recebe o impacto. Responsabilidade social é uma forma de conduzir a empresa de tal maneira que ela se torne parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa é socialmente responsável quando vai além das obrigações legais, e faz isto por acreditar que assim será uma empresa melhor, estará contribuindo com as causas sociais e será reconhecida pelo mercado. (FIALHO et al., 2008 p.127) Portanto, adotar os princípios concebidos como responsabilidade social é uma ação voluntária da empresa. Segundo Almeida (2007), é preciso distinguir os comportamentos de responsabilidade social e ambiental da empresa em função de sua motivação básica. Assim, a ética ecológica e preocupação social com as futuras gerações configura o gerenciamento ecológico. Já a preocupação com os problemas ambientais, direcionada à melhoria ou à boa imagem da empresa no mercado, caracteriza a administração ambiental. A idéia de responsabilidade social incorporada aos negócios é, portanto, relativamente recente. Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos negócios, empresas se vêem forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações. 2.8 Economia empresarial A economia ambiental é um sub-ramo da economia que se debruça sobretudo no estudo do uso de propriedade comum. Atualmente temas relacionados com a economia ambiental têm sido bastante popularizados. A economia ambiental procura arranjar maneiras de mitigar os problemas de modo a maximizar o valor dos recursos. Entre esses temas incluem-se: a 67 desflorestação, a sobre-exploração dos recursos marinhos (essencialmente a sobrepesca), o aquecimento global derivado do efeito estufa resultante das emissões de gases para a atmosfera, etc. Um grande impulso na área foi dado pelo Protocolo de Kyoto (procura de meios para reduzir o efeito do aquecimento global). De alguma maneira, a mudança de comportamento do empresariado de alguns setores, no tocante à preocupação com processos produtivos ecologicamente corretos, possui relação com as políticas internacionais de comércio. Segundo Maimon (apud PETRONI; AGUIAR, 2001) as empresas brasileiras de maior inserção internacional são as que apresentam maior responsabilidade ambiental. As empresas exportadoras sofrem grandes discriminações por meio de barreiras não-tarifárias e ecológicas, sendo obrigadas a estabelecer melhor relação com o meio ambiente. Por outro lado, Almeida (1998) sustenta que as reais razões para a adoção de restrições comerciais invariavelmente são postas ambiguamente. A causa ambiental, o argumento principal utilizado, parece ceder espaço, na prática, à preocupação econômica. Cumprir as exigências normativas ambientais implica em investimento maior e preço final, conseqüentemente, maior e desfavorável à competitividade. Paradoxalmente, essa mesma política, conforme argumenta ela, pode apresentar resultado contrário. Ao invés de perder competitividade, por tratar-se de um produto elaborado a partir de processo mais limpo, agrega-se ao mesmo um valor de marketing positivo, de marketing ecológico. Esta realidade já oferece visibilidade em vários países, principalmente naqueles com melhor renda per capita. A eficácia ecológica e econômica das restrições comerciais também pode ser considerada como um ponto controvertido. Segundo Almeida (1998), os problemas ambientais possuem sua peculiaridade em cada país - assim, seus custos de controle, como também a capacidade de absorção do dano pelo meio em questão pode variar. Desta forma, não há como se estabelecer políticas homogêneas para distintos parceiros. A eficácia ecológica das restrições comerciais é questionável pelo simples fato de que nada garante que o parceiro comercial, atingido por tal 68 medida, não irá redirecionar, dentro de certos limites, seu esforço exportador em direção a mercados alternativos, resolvendo, num curto prazo, seu problema econômico e postergando a adoção de regulamentações ambientais mais rigorosas. Por outro lado, Almeida; Cavalcanti; Mello (2000) destacam que o ambiente da globalização econômica está impondo limites à sobrevivência das empresas, independentemente de suas dimensões, por conta da questão ambiental. Estes limites trazem à tona a necessidade das empresas reavaliarem seus sistemas produtivos, indo além destes, em si, e considerando todo o ciclo de vida de seus produtos ou serviços. Com isso, está posta uma nova ordem, em que o problema não está apenas nos processos de produção, mas também na contabilização de possíveis impactos dos produtos ao ambiente da concepção ao descarte. Os preços dos produtos passam a refletir, dessa forma, os custos ambientais de sua produção, uso, reciclagem e disposição. A ação de resíduos sobre o meio ambiente, como componente de custos ambiental, é um tema em pauta nas discussões de organismos internacionais, quando da análise dos custos de produção do processo industrial. (ALMEIDA; CAVALCANTI; MELLO, 2000) Por força das leis de controle ambiental, ou pela influência ou pressão da corrente global, as empresas começam a aderir a um novo comportamento. Atualmente, uma empresa já pensa em seu passivo ambiental e na forma de como resolvê-lo, fator que pode comprometer seu patrimônio e ser determinante na inviabilidade de sua permanência no mercado na ausência de uma política, na ausência de ações preventivas. Este quadro atual sinaliza para uma demanda considerável pela busca de novas alternativas tecnológicas ecologicamente mais ajustadas na produção. No Brasil, a incorporação desta variável ambiental alcança o setor empresarial a partir da década passada, com a consolidação da legislação da área. Processo desencadeado pela atuação dos órgãos ambientais controladores e pressões locais e internacionais. À exceção das empresas brasileiras de maior inserção internacional ou mesmo as multinacionais instaladas em solo brasileiro, por pressão de investidores e consumidores nos países de origem, o setor empresarial nacional se restringe a atender à 69 legislação ambiental de controle da poluição da água, do ar e dos resíduos sólidos. 2.9 Crescimento econômico e meio ambiente A AEM mostra que as mudanças impostas aos ecossistemas contribuíram com ganhos finais substanciais para o bem-estar humano e para o desenvolvimento econômico. De modo geral, na maioria dos países, a produção de alimentos e de água contribuiu para a redução dos índices de desnutrição e para a melhoria das condições de saúde. Mas esses ganhos se deram à custa da crescente degradação de muitos serviços ambientais, do maior risco de mudanças não-lineares e da exacerbação da pobreza para alguns grupos. A degradação dos ecossistemas representa uma perda de capital que raramente é captado pelos balanços financeiros das empresas e pelas contas nacionais. Quando os benefícios econômicos de práticas alternativas de gestão de ecossistemas são comparados com os de ecossistemas submetidos a práticas insustentáveis, percebe-se claramente a diferença. 2.10 Capital ambiental e o capital social O capital ambiental é definido como o conjunto de fatores que descrevem o ambiente onde a organização está inserida. Estes fatores são expressos pelo conjunto das características sócio-econômicas da região (nível de escolaridade, distribuição de renda, taxa de natalidade), pelos aspectos legais, valores éticos e culturais, pelos aspectos governamentais (grau de participação do governo, estabilidade política) e pelos aspectos financeiros, como o nível de taxa de juros e os mecanismos adequados de financiamento. (ALMEIDA, 2007) 70 Já o capital social refere-se ao valor implícito das conexões internas e externas de uma rede social. No entanto, é comum encontrar uma grande variedade de definições inter-relacionadas do termo. Tais definições tendem a partilhar a idéia central de que as redes sociais têm valor econômico. Da mesma maneira que uma chave de fenda (que é um exemplo de capital físico) ou a educação escolar (que é formadora de capital humano) podem aumentar a produtividade de indivíduos e organizações, os contatos sociais e a maneira como estes se relacionam também são fatores de desenvolvimento econômico. (ALMEIDA, 2007) A percepção da degradação dos serviços ambientais é diferenciada nos diversos níveis sócio-econômicos, assim como os impactos primários da degradação atingem a humanidade de modo inversamente proporcional à classe social. (ALMEIDA, 2007) Assim, pode-se observar que a tomada das decisões que levariam à gestão responsável dos serviços ambientais são normalmente lenta. O tomador de decisão não sofre ou, se sofre, tem como minorar os danos os efeitos perversos de sua relação com a natureza. Concentra-se a riqueza em parte obtida pelo uso não-sustentável dos serviços ambientais, nas mãos da minoria e distribui-se o ônus, na forma de poluição e quebra da infra-estrutura ambiental, para a maioria ou, até mesmo, para as futuras gerações. A AEM mostra que os miseráveis sofrem danos significativos, em alguns casos irreversíveis, em itens como água, pesca, regulação climática, controle de enchentes e desastres naturais e epidemias. Para o contingente de pessoas incluídas nessas situações foi criado um novo rótulo: refugiados ambientais. A ONU previu para 2010 a existência de cinqüenta milhões de refugiados ambientais. O custo total das perdas ambientais é de difícil mensuração, mas é alto e continua a crescer. Pode ser parcialmente avaliado pelas pressões migratórias nas fronteiras das nações mais ricas, como os Estados Unidos e os integrantes da Comunidade Econômica Européia. (ALMEIDA, 2007) A diminuição da capacidade do ecossistema de continuar dando suporte à sociedade, em especial aos que mais necessitam, tornou-se um entrave ao compromisso assumido pela comunidade internacional quando aprovou os 71 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Houve, é verdade, um avanço notável no grupo de serviços relacionado à provisão de alimentos, com a incorporação de camadas da sociedade que não tinham segurança alimentar ou mesmo acesso ao alimento. No entanto, é preciso observar que esses avanços se deram à custa da degradação de outros serviços ambientais, como a eutroficação de corpos d água. (ALMEIDA, 2007, p. 17) 2.11 Desenvolvimento sustentável O conceito de desenvolvimento sustentável tornou-se um dos assuntos mais discutidos no mundo após a publicação do relatório Nosso Futuro Comum divulgado em 1987, inspirado na Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, pela ONU. (TACHIZAWA, 2005) Assim o documento tem como objetivo criar uma nova era de crescimento econômico, tendo como base políticas de expansão dos recursos naturais, assegurando uma cultura ecologicamente correta para as gerações futuras. Segundo Donaire (1999, p. 28), desenvolvimento sustentável atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas . Já Brown (apud ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2000) define: uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas das gerações futuras . Por outro lado a CMMAD da ONU, define desenvolvimento sustentável como aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de que as gerações futuras satisfaçam as suas próprias necessidades. A pobreza é considerada um dos maiores problemas da poluição do meio ambiente, porém pode acabar quando se promove o desenvolvimento, associado à agressão ambiental. A sustentabilidade do desenvolvimento tem como preocupação compatibilizar o crescimento econômico com a preservação ambiental. Segundo Almeida; Cavalcanti; Mello (2000) os 16 princípios essenciais para as organizações atingirem o desenvolvimento sustentável são: 72 a) prioridade organizacional: assumir a gestão ambiental como prioridade na administração da empresa é o ponto-chave para o desenvolvimento sustentado. Estabelecer políticas, programas e práticas no desenvolvimento das operações visando não causar danos ao meio ambiente são algumas ações que devem ser tomadas; b) gestão integrada: gerir os negócios integrado às políticas, programas e praticas ambientais em todas as funções; c) processo de melhoria: buscar continuamente a melhoria do desempenho ambiental da empresa, com base nas regulamentações legais com vistas a todos os aspectos inerentes ao processo; d) educação de pessoal: conscientizar os colaboradores para que tenham atitudes responsáveis em relação ao meio ambiente; e) prioridade de enfoque: tomar decisões sem perder o foco da gestão ambiental, considerando os reflexos das mudanças, inovações e melhorias no ecossistema; f) produtos e serviços: preocupar em desenvolver produtos que não sejam agressivos ao meio ambiente e que não causem desperdícios dos recursos naturais. Devem-se priorizar produtos que possam ser reciclados, reutilizados ou descartados de forma não-agressiva; g) orientação ao consumidor: para evitar a agressão ambiental, faz-se necessário orientar consumidores, distribuidores e o público em geral sobre a melhor maneira de transporte, armazenagem, uso e descarte dos produtos; h) equipamentos e operacionalização: considerar o uso eficiente e sustentável dos recursos renováveis, matéria-prima, água e energia no desenvolvimento de novas máquinas e equipamentos bem como na mudanças de operacionalização da produção, além de minimizar os danos ao meio ambiente e a geração de poluição; i) pesquisa: conduzir ou apoiar projetos de pesquisa que estudem os impactos ambientais associados ao processo produtivo da empresa, com intuito de minimizar seus reflexos sobre o meio ambiente; j) enfoque preventivo: utilizar o conhecimento técnico e cientifico para reestruturação de processos produtivos, produtos e serviços a fim de 73 prevenir acidentes ambientais; k) fornecedores e subcontratados: conscientizar fornecedores e subcontratados da importância da adoção de princípios ambientais, estimulados e promovendo o aprimoramento em suas atividades de tal forma que sejam uma extensão das normas utilizadas pela empresa; l) planos de emergência: criar e manter planos de emergência para as áreas de risco na empresa, junto com os órgãos governamentais e a comunidade local, prevendo a repercussão de eventuais acidentes e as medidas a serem adotadas; m) transferência de tecnologia: contribuir na disseminação e transferência de tecnologias e métodos de gestão ambientalmente corretos; n) contribuição ao esforço comum: participar do esforço comum no desenvolvimento de práticas, políticas e iniciativas educacionais que visem à preservação do meio ambiente; o) transparência de atitude: adotar uma política de diálogo transparente com a comunidade interna e externa, fornecendo informações verdadeiras em relação aos riscos potenciais e impactos dos processos da empresa no meio ambiente; e p) atendimento e divulgação: proceder, periodicamente, à avaliação do desempenho ambiental da empresa, avaliando sua posição perante a legislação, divulgando os resultados para a administração, acionistas, empregados, autoridades e o público em geral. 2.12 Sustentabilidade Sustentabilidade está relacionada com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Segundo Fialho et al. (2008, p. 47): Sustentabilidade implica o crescimento econômico com o mínimo de degradação do meio ambiente e o reflexo positivo deste crescimento na qualidade de vida da população em 74 geral . Propõe-se a ser um meio de configurar as civilizações e atividades humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais. Para um empreendimento humano ser sustentável, tem de ter em vista 4 requisitos básicos. Os quais segundo Wikipédia (2008): a) ecologicamente correto; b) economicamente viável; c) socialmente justo; d) culturalmente aceito. 2.13 Dimensões de sustentabilidade Segundo Sachs (1993), o desenvolvimento sustentável possui cinco dimensões: a) social: busca o desenvolvimento econômico aliado a uma melhoria significativa na qualidade de vida da população mundial e maior equidade na distribuição de renda, melhorias na saúde, na educação, nas oportunidades de emprego; b) econômica: a variável econômica deverá ser repensada no seu sentido macroeconômico. Isso se torna possível através da alocação e do gerenciamento mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados de origem endógena que tenham como objetivo o alcance dessa nova forma de crescer; c) ecológicas: tem que levar em consideração o uso racional dos recursos naturais, o consumo de combustíveis fósseis, de recursos renováveis e não renováveis em geral; reduzir o volume de resíduos e de poluição através da política 3R (reduzir, reutilizar, reciclar); d) espacial: está relacionada com o estabelecimento de uma 75 configuração adequada da distribuição das populações rural e urbano no território, buscando um equilíbrio entre a distribuição dessas populações e das atividades econômicas, reduzindo a concentração excessiva nas áreas metropolitanas; e) cultural: é de suma importância levar em consideração os valores culturais específicos de cada sociedade, promovendo processos que busquem mudanças dentro da continuidade cultural e que traduzam o conceito normativo de eco desenvolvimento em um conjunto de soluções específicas para o ecossistema. Conforme Fialho et al. (2008), pela classificação de Áridas, o desenvolvimento sustentável possui quatro dimensões: a) econômico-social: aqui estão reunidos os fatores econômicos e sociais, de forma que um auxilie o crescimento do outro. O crescimento da economia se refere à questão da produtividade e da competitividade de forma a inserir no mercado mundial a economia de uma determinada região; b) geoambiental: esta dimensão está relacionada com o uso racional dos recursos naturais. Preocupa-se com a conservação dos solos e dos recursos hídricos, da biodiversidade e com os efeitos climáticos. Pode-se dizer que essa dimensão é uma junção das dimensões espacial e ecológica da Sachs; c) científico-tecnológica: usar com maior eficácia a inovação tecnológica. Atualmente existem tecnologias de produção que não agridem o meio ambiente (tecnologias limpas) e a sua utilização traz benefícios imediatos para a população e para a natureza; d) político-institucional: relacionada às diferentes esferas de poder público: federal, estadual e municipal, com a iniciativa privada e a sociedade civil, de forma que, através de parcerias, esses fatores gerenciem, de forma integrada, o uso dos recursos naturais de uma determinada região. 2.14 A importância da sustentabilidade na empresa 76 Gerir atividades de um empreendimento de forma sustentável, atendendo expectativas dos acionistas, colaboradores, da sociedade e do mercado é, atualmente, um diferencial na competitividade empresarial. Os ganhos de eficiência nas áreas operacional e financeira são significativos quando uma política voltada para o desenvolvimento sustentável é implementada. A destruição de ambientes naturais, a exclusão e a desigualdade social, entre outras, são algumas das inúmeras evidências que sinalizam para uma profunda crise no modelo de crescimento econômico que tem orientado as decisões e ações na sociedade em geral. Essas evidências têm contribuído para o surgimento de diversas iniciativas voltadas para compatibilizar o crescimento econômico com os imperativos de equidade social e respeito aos limites naturais dos ecossistemas. (FIALHO et al., 2008) Dentro do setor produtivo da economia, observa-se em muitas empresas, que colocam os negócios a serviço de uma sociedade melhor, mas principalmente pelos inúmeros fatores externos que criam ameaças, por um lado e, por outro, geram novas estratégias mercadológicas. Considerando a manutenção da atual tendência, serviços ambientais que hoje são gratuitos não mais estarão disponíveis ou se tornarão de alto custo num futuro previsível. Esse custo terá de ser internalizado em todos os níveis da cadeia produtiva, alterando e dificultando o ambiente de negócios para todas as empresas. (ALMEIDA, 2007, p. 17) A perda do capital natural vai impactar as condições em que as empresas operam. Serão afetadas não apenas as formas de produção, mas também as preferências e expectativas do stakeholders (os diversos grupos que têm interesses relacionamentos com a empresa, como clientes, empregados, acionistas, fornecedores e a sociedade em geral). Em conseqüência, haverá impactos sobre a legislação, as políticas governamentais, o bem-estar dos empregados e a disponibilidade e custo de financiamentos e seguros. (ALMEIDA, 2007). Evidentemente, novas oportunidades de negócios surgirão sob a forma de mecanismos e métodos mais eficientes para usar o capital ambiental, por intermédio da mitigação de impactos ou da substituição de serviços. A inovação e a tecnologia desenvolverão um papel-chave nos anos vindouros, 77 pois a ameaça sempre induz oportunidades. 2.15 Sustentabilidade: governança no mundo tripolar A sustentabilidade mexe com as estruturas de poder. Além de exigir o equilíbrio de objetivos econômicos, ambientais e sociais, operar na sustentabilidade implica atuar num mundo tripolar, em que o poder tende a se repartir, de maneira cada vez mais equilibrada, entre governos, empresas e organizações da sociedade civil. Estabelece-se, assim, um mundo tripolar governos/empresas/sociedade civil organizada que está a pedir novas formas de governança. (ALMEIDA, 2007) A liberação do comércio e as privatizações do setor de infra-estrutura nas duas últimas décadas do século XX transferiram uma gigantesca parcela do poder político, econômico e estratégico do Estado para as empresas. A melhoria do entendimento entre os três setores ajudará a remover impasses prejudiciais à sociedade, como os que, no Brasil, cercam as concessões das licenças ambientais, instrumentos fundamentais para consolidar o desenvolvimento sustentável, mas que continuam excessivamente atreladas ao modelo ultrapassado de comando e controle. (ALMEIDA, 2007) A governança no mundo triplolar é possivelmente um dos maiores desafios do século XXI. Dentro das empresas, especificamente, significa uma inédita repartição de poder, com a qual poucos estão preparados para lidar. Almeida (2007, p. 129) afirma que: nesse cenário, tomar decisões tem se tornado uma tarefa cada vez mais árdua . Cada empresa tem sua própria filosofia de trabalho, a sociedade ainda não diferencia empresas adeptas ao capitalismo agressivo e as que se comportam de maneira ética. A principio, pode favorecer a falta de ética e a irresponsabilidade ambiental e social das empresas, por outro lado, uma excelente oportunidade competitiva para quem busca diferenciar-se. As empresas que valorizarem uma reputação de responsabilidade e ética estarão transformando a falta de credibilidade geral, em oportunidade individual. 78 2.16 Sustentabilidade como tendência de mercado Mudanças nos valores e demandas da sociedade, catalisadas pelas evidências da degradação dos ecossistemas e seus serviços, serão cada vez mais perceptíveis. Empresas mais atentas já perceberam as novas oportunidades de negócios trazidas por essas mudanças e tratam de se posicionar para aproveitá-las. Uma dessas oportunidades está no crescente uso de mecanismos de mercado para reduzir os custos do atendimento a normas e exigências ambientais. Se, de um lado, há uma tendência à redução ou à eliminação dos subsídios tradicionais, em geral aplicados sem levar em conta a sustentabilidade dos serviços dos ecossistemas, de outro lado abrem-se oportunidades para negócios baseados em outros tipos de incentivos governamentais. (ALMEIDA, 2007) Maneiras diferentes de produzir mercadorias tradicionais também são oportunidades para incorporar a sustentabilidade aos negócios. Nos paises desenvolvidos, a agricultura orgânica está ganhando fatias crescentes do sistema de produção de alimentos, graças ao interesse demonstrado por parcelas crescentes de consumidores. A AEM aponta especificamente as oportunidades na aqüicultura. A depleção global dos estoques de pescado a partir da década de 1980 estimulou o crescimento da aqüicultura, mas esta, de um modo geral, causa sérios impactos aos ecossistemas, como a perda da diversidade genética, a deterioração da qualidade da água e do solo, a introdução de doenças e espécies invasoras e a perda de hábitat. As empresas que conseguirem criar técnicas inovadoras e sustentáveis para a criação de espécies marinhas e de água doce terão uma grande vantagem competitiva. (ALMEIDA, 2007) O conhecimento de desenvolvimento sustentável deve ser visto como uma alternativa ao conceito de crescimento econômico, o qual está associado a crescimento material, quantitativo. Porém, isso não quer dizer que, como resultado de uma gestão sustentável, o crescimento econômico deva ser totalmente abandonado. 79 Segundo dados do Instituto Brasileiro de Produção Sustentável e Direito Ambiental, o consumidor vem optando cada vez mais por produtos ambientalmente corretos e eficientes e, cada vez mais, as organizações sentem a vantagem ao adotar e promover tecnologias para obter estes produtos. Assim, as preocupações com as questões ambientais passam a ocupar espaço prioritário para o sucesso do desenvolvimento das empresas. (ALMEIDA, 2007) 2.17 Créditos de carbono Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados emitidos quando ocorre à redução de emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivalente corresponde a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. (WIKIPÉDIA, 2008) Com a possibilidade de obter vantagem econômica no mercado de carbono desencadeou inúmeras iniciativas envolvendo empresas emissoras de GEE, criando o que se poderia denominar indústria do crédito de carbono, porém apesar de todo esforço e do sucesso de muitos projetos realizados em diversos países, o resultado global ainda está muito aquém das metas de redução do Protocolo de Kyoto. (BARBIERI, 2007) Créditos de carbono criam um mercado para a redução de GEE dando um valor monetário à poluição. Acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto determinam uma cota máxima que países desenvolvidos podem emitir. Os países por sua vez criam leis que restringem as emissões de GEE. Assim, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões, tornam-se compradores de créditos de carbono. Por outro lado, aquelas indústrias que conseguiram diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas, podem vender o excedente de redução de emissão ou permissão de emissão no mercado nacional ou internacional. (WIKIPÉDIA, 2008) Os países desenvolvidos podem promover a redução da emissão de 80 Gases causadores do Efeito Estufa em países em desenvolvimento através do mercado de carbono quando adquirem créditos de carbono provenientes destes países. Dependendo do mercado em contexto, os tipos de créditos, a forma de comercialização e os preços são diferentes. Segundo a AEM, em 2003 o valor total do mercado de carbono superava US$300 milhões e estimava-se um salto para algo entre US$ 10 bilhões e US$40 bilhões até 2010, dependendo do que se consigam formular as necessárias regulamentações internacionais. (ALMEIDA, 2007) 81 CAPITULO III GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE: UM DIFERENCIAL COMPETITIVO DO GRUPO AES TIÊTE 3 GRUPO AES TIÊTE 3.1 Introdução A AES Tiete S.A. é uma das mais eficientes e estáveis geradoras de energia elétrica do Brasil, com capacidade instalada de 2.651 MW, o que corresponde a 20% do parque gerador no Estado de São Paulo. É responsável pela operação de dez usinas hidrelétricas localizadas em quatro rios da bacia hidrográfica do Estado. Criada em 1999, a partir de uma cisão da Cesp, foi adquirida pelo grupo norte-americano AES no leilão de privatização promovido pelo governo do Estado de São Paulo. Com ações listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias & Futuros (BM&FBovespa) e ADRs Nível I negociados no mercado de balcão norte-americano, é controlada pelo Grupo AES, por meio da Brasiliana Energia S.A., holding constituída em 2003 com a participação do BNDES. O Grupo AES é um dos líderes mundiais do setor elétrico, operando 113 unidades que totalizam mais de 45 mil MW em 27 países além do Brasil, Argentina, Camarões, Canadá, Cazaquistão, Chile, China, Colômbia, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Hungria, Índia, Itália, México, Nigéria, Omã, Panamá, Paquistão, Porto Rico, Republica Dominicana, Qatar, Reino Unido, Venezuela, Republica Tcheca, Sri Lanka e Ucrânia. Para demonstrar que a Gestão da Sustentabilidade nas áreas ambientais e sociais proporciona resultados positivos no âmbito econômico, desenvolvendo vantagens favoráveis diante de um mercado competitivo, foi realizada uma pesquisa de campo no periodo de fevereiro a outubro de 2008 na empresa AES Tiete, a qual está situada na rodovia BR 153 KM 139 na 82 cidade de Promissão, no interior do Estado de São Paulo. Para a realização da pesquisa foram utilizados os seguintes métodos: Método de Estudo de Caso: foram analisados os aspectos voltados para a Gestão da Sustentabilidade: social, ambiental e econômico. Método de Observação Sistemática: foram observados, analisados e acompanhados os procedimentos aplicados na Gestão da Sustentabilidade da AES Tiête S/A Promissão. Método Histórico: foram observados os dados e a evolução histórica, a Gestão da Sustentabilidade: ambiental, social e econômica da AES Tiête S/A Promissão. As técnicas utilizadas para desenvolver a pesquisa foram: Roteiro de Estudo de Caso (APÊNDICE A) Roteiro da Observação Sistemática (APÊNDICE B) Roteiro do Histórico da AES Tietê e da Gestão da Sustentabilidade (APÊNDICE C) Roteiro de Entrevista para o Gerente Ambiental (APÊNDICE D) Outros Registros: Dados Ilustrativos (APÊNDICE E) 3.2 Análise dos Índices Para demonstrar que a gestão da sustentabilidade apresenta resultados favoráveis para a valorização econômica da empresa, foi realizada uma análise comparativa dos seguintes índices: Índice Bovespa (IBOV); Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); Índice de Energia Elétrica (IEE). Desta forma salientar-se-á a importância da sustentabilidade, baseada na eficiência econômica, no equilíbrio ambiental, na justiça social e na governança corporativa. 3.2.1 Índice Bovespa (IBOV) 83 O IBOV é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Sua relevância advém do fato do IBOV retratar o comportamento dos principais papéis negociados na BM&FBOVESPA e também de sua tradição, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação em 1968. (PINHEIRO, 2005) As ações integrantes da carteira teórica do Ibovespa respondem por mais de 80% do número de negócios e do volume financeiro verificados no mercado à vista (lote-padrão) da BM&FBOVESPA. O Ibovespa é o valor atual em moeda do país de uma carteira teórica de ações, a partir de uma aplicação hipotética, procurando aproximarse da configuração real das negociações a vista, em lote padrão, na Bolsa de Valores de São Paulo. É o mais representativo indicador brasileiro, pela tradição não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação, em 2-1-68 e também pelo fato da Bovespa ser responsável pelo total transacionado no mercado de valores brasileiro. (PINHEIRO, 2005, p.215) Segundo Pinheiro (2005), a finalidade básica do IBOV é a de servir como indicador médio do comportamento do mercado. Para tanto, sua composição procura aproximar-se o mais possível da real configuração das negociações à vista na BM&FBOVESPA. 3.2.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) O ISE mede o retorno de uma carteira teórica composta por ações de empresas que se destacam pela adoção de estratégias e práticas que contribuem com o desenvolvimento sustentável. O ISE foi o 4º índice desta natureza a ser lançando no mundo. Sua metodologia foi desenvolvida pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (CESFGV). (BM&FBOVESPA, 2008) O ISE tem como objetivo propiciar um ambiente de investimento compatível com as atuais demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade e, ao mesmo tempo, estimular a responsabilidade empresarial, isto é, a adoção das melhores práticas em diferentes aspectos, como governança 84 corporativa, eficiência econômica, equilíbrio ambiental e justiça social. (BM&FBOVESPA, 2008) A elaboração do questionário é o primeiro passo no processo de seleção das empresas, e conta com um processo amplo do qual fazem parte diversos setores da sociedade, como empresas, acadêmicos, especialistas, organizações da sociedade civil e indivíduos. São elegíveis ao índice as empresas emissoras das 150 ações mais líquidas da BM&FBOVESPA. A carteira do ISE é composta pelas ações de até 40 empresas, ponderada pelo free-float (número de ações em circulação no mercado). O questionário é composto por perguntas fechadas e objetivas, agrupadas em dimensões, critérios e indicadores. As dimensões são: geral, natureza do produto, governança corporativa, econômico-financeira, ambiental e social. Dadas às peculiaridades dos diferentes setores com relação aos aspectos ambientais, foram elaborados questionários diferenciados. Até 2007 eram disponibilizados dois questionários, um específico para o setor financeiro e outro para os demais setores. Em 2008 as empresas foram divididas em seis grupos, de acordo com o tipo de atividade e os aspectos ambientais mais relevantes. Os critérios para a escolha dos grupos se baseiam no consumo de recursos naturais e matérias-primas, nas emissões no processo produtivo e no consumo de água, energia e outros materiais nos processos administrativos. (ALMEIDA, 2007) A análise das empresas possui um componente quantitativo (com base nas respostas fornecidas no questionário) e qualitativo (com base nos documentos enviados pelas empresas para comprovação das respostas). Com base nestas análises o Conselho Deliberativo do ISE (CISE) escolhe as empresas que irão compor o índice. (ALMEIDA, 2007) 3.2.3 Índice de Energia Elétrica (IEE) Os índices setoriais têm o objetivo de oferecer uma visão segmentada 85 do comportamento dos mercados de ações. Eles são constituídos pelas empresas abertas mais significativas de setores específicos, representando uma medida do comportamento agregado do segmento econômico considerado. Segundo Pinheiro (2005 p. 214): O IEE, é um índice setorial que mede o desempenho das ações do setor elétrico . Primeiro índice setorial da BM&FBOVESPA, o IEE foi lançado em agosto de 1996 com o objetivo de medir o desempenho do setor de energia elétrica. Dessa forma, constitui-se em um instrumento que permite a avaliação da performance de carteiras especializadas nesse setor. A BM&FBOVESPA, com o lançamento do IEE, visou promover o desenvolvimento do mercado acionário e de sua liquidez, criando novas oportunidades de negócio para as corretoras e os investidores. O IEE possui uma carteira teórica de ações, determinada para o quadrimestre de setembro a dezembro de 2008, além das empresas que compõem o índice, o gráfico abaixo mostra também a participação de cada empresa no setor de energia elétrica. Fonte: Dados da pesquisa (elaborado pelos autores) Figura 11: Empresas que compõem o IEE 3.3 Análise comparativa dos índices: IBOV versus ISE 86 A análise gráfica comparativa será utilizada como ferramenta para o estudo dos índices, IBOV e ISE, que se baseia na projeção do comportamento dos pontos dos índices a partir dos fechamentos, no qual analisou-se do 3º trimestre de 2006 ao 3º trimestre de 2008. Fonte: Dados da pesquisa (elaborado pelos autores) Figura 12: Valorização do ISE O ISE segue uma tendência mundial, auxilia os investidores que procuram empresas sustentáveis que geram valor para o acionista no longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais. Essa demanda veio se fortalecendo ao longo do tempo e hoje é amplamente atendida por vários instrumentos financeiros no mercado internacional. Analisando o desempenho do ISE no período o índice apresentou uma valorização de praticamente 50%. No último trimestre analisado o índice sofreu uma forte desvalorização cerca de -22%, mas apresentou resultado de 3% 87 favorável com relação às perdas do IBOV no mesmo período. O resultado da análise mostra que o ISE é constante e pode indicar boas perspectivas de valorização superior ao IBOV ao longo prazo. Fonte: Dados da pesquisa (elaborado pelos autores) Figura 13: Valorização do IBOV O IBOV como o ISE é extremamente confiável e com uma metodologia de fácil acompanhamento pelo mercado, o IBOV representa fielmente o comportamento médio das principais ações transacionadas, e o perfil das negociações à vista observadas nos pregões da BM&FBOVESPA. Analisando o desempenho do IBOV no período ele apresentou uma valorização de 55%, o índice segue uma trajetória que configura a história do Brasil frente aos acontecimentos do mundo. No último trimestre analisado o índice sofreu uma forte desvalorização cerca de -24%, mostrando que as ações que o compõe perderam valor. A análise indica um futuro próspero para o IBOV, e um caminho promissor para o país. 3.4 Análise comparativa setorial: IEE 88 A análise comparativa reflete o comportamento de preços de ações a partir de cotações passadas, essas análises são baseadas em gráficos construídos a partir da variação dos preços. A análise setorial foi fundamentada através de duas ações do IEE, Eletrobrás (ELET6) e AES Tietê (GETI4), através das ações destas empresas, observou-se o comportamento dos preços a partir dos fechamentos, no qual analisou-se do 3º trimestre de 2003 ao 3º trimestre de 2008. Fonte: Dados da pesquisa (elaborado pelos autores) Figura 14: Análise da valorização da AES Tietê GETI4 Analisando o desempenho da ação da AES Tietê (GETI4) durante o período notou-se uma constante evolução, crescimento e valorização contínua que ganha representação forte a longo prazo, valorizando 855% ao final do período analisado, no mesmo período a ação da AES Tietê apresenta rendimento de 297% acima do IBOV. O histórico de preços e a sua apresentação gráfica, não exibem volatilidade, retratando um dos melhores desempenhos sob o aspecto da sustentabilidade, baseada na eficiência econômica e governança corporativa. 89 Fonte: Dados da pesquisa (elaborado pelos autores) Figura 15: Análise da valorização da Eletrobrás ELET6 Com a análise do desempenho da ação da Eletrobrás (ELET6), nota-se alguns períodos de volatilidade, mas a longo prazo a valorização dos preços é evidente, valorizando 187% no final do período, no mesmo período a Eletrobrás (ELET6), apresenta rendimento de 54% abaixo do IBOV. A empresa possui 26% de participação no setor de energia elétrica, representando o dobro da participação dos segundos colocados, CPFL Energia 13% e Cemig 13%. A empresa possui um histórico de preços com oscilações, mas mantém uma projeção de crescimento e uma constante rentabilidade. 3.5 Estrutura Acionária A AES Tietê é controlada pelo Grupo AES, uma das maiores corporações mundiais do setor de energia elétrica do mundo, e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da Brasiliana Energia S.A., criada no final de 2003. 90 Fonte: AES Tietê, 2008 Quadro 2: Composição Acionária da AES Tietê Fonte: AES Tietê, 2008 Figura 16: Estrutura Acionária da AES Tietê 3.6 Análise dos investidores da AES Tietê Segundo informações da área de Relacionamento com Investidores (RI), a AES Tietê contém 40% de suas ações negociadas na BM&FBovespa sendo que estes estão distribuídos para 10.000 investidores. Mais de 50% dos 91 acionistas da AES Tietê são estrangeiros, evidenciando assim que a minoria são investidores brasileiros. 3.7 Perfil dos investidores brasileiros O amadurecimento do mercado acionário criou um novo tipo de público na bolsa. Durante muito tempo, a bolsa de valores carregou uma imagem negativa. Muitos acreditavam que o mercado de capitais era um lugar para especuladores afoitos por dinheiro fácil ou para milionários sem medo de torrar fortunas nos pregões. Mas hoje isso é coisa do passado. (ÉPOCA, 2008) O perfil dos investidores mudou bastante. O que era feito quase por instinto, há alguns anos, passou a ser algo estudado, coberto por fórmulas matemáticas, analistas de gestão das empresas, garimpo de informações na internet. As pessoas hoje encaram o investimento em ações como uma coisa séria, que depende, acima de tudo, de dedicação para a obtenção de retorno financeiro. (ÉPOCA, 2008) Para cada estilo de investidor existe uma classificação convencional que é limitada em três categorias: a) conservador: tem a segurança como ponto decisivo para as suas aplicações; b) moderado: é o investidor que prefere a segurança da Renda Fixa, mas também quer participar da rentabilidade da Renda Variável; c) agressivo: é aquele investidor que busca a boa rentabilidade que a Renda Variável pode oferecer a médio e longo prazo, e que tem disposição para suportar os riscos na busca de resultados melhores. As aplicações na BM&FBOVESPA viraram moda recentemente, despertando o interesse do pequeno investidor para um mundo totalmente novo e lucrativo. Esse universo, no entanto, oferece basicamente aos interessados opções da velha economia e de indústrias não sustentáveis no longo prazo. Pela carteira vigente, quase metade do indicador, ou 45%, é composta por ações ligadas a indústrias extrativistas, sobretudo petróleo, minério e 92 siderurgia. Entre essas opções de investimento estão os dois papéis mais líquidos da BM&FBOVESPA e também os que trouxeram alguns dos melhores retornos nos últimos anos: Petrobras e Vale. Uma comparação entre as ações de maior volume financeiro no primeiro semestre de 2008 no Brasil e na Bolsa de Nova York (Nyse) deixa clara essa diferenciação. Nos Estados Unidos, três das dez ações mais negociadas são desses setores: Exxon Mobil (petróleo), Freeport McMoran (mineração) e Potash/Saskatchewan (químico). Já na BM&FBOVESPA, são nada menos que sete entre dez. Diante deste cenário, visando uma maior preocupação com o meio ambiente, é preciso que os investidores adquiram a cultura de aceitar lucros menores, em prol da saúde do planeta. Isso não quer dizer que um investidor não deva ganhar dinheiro com petróleo e minério, mas que ele que não se engane quanto à viabilidade desse sistema a longo prazo. Pois, o país se descapitaliza e vende seu patrimônio ao explorar produtos como petróleo e minério. A médio prazo há perdas operacionais. A Noruega, por exemplo, já está tendo de compensar suas gerações futuras com a criação de fundos soberanos que substituem suas grandes prospecções de petróleo. Há interesses conflitantes entre desenvolvimento sustentável e o mercado financeiro, o ganho precisa estar aliado à transformação da sociedade e com investidores mais conscientes. Convencer um investidor a retirar de sua carteira empresas extremamente lucrativas e que continuarão a sê-lo, como no caso do setor petrolífero, parece ser improvável. Porém, o custo ambiental da exploração ainda não está no preço da ação, o que pode indicar um precipício no futuro de empresas que fazem mais para mitigar os seus principais impactos, independente do seu setor de atuação. 3.7.1 Cultura dos investidores estrangeiros A sustentabilidade tem sido um parâmetro cada dia mais utilizado por 93 investidores na hora de escolher empresas, principalmente em segmentos conservadores que buscam segurança e constância no retorno. Socialmente responsável, ético, verde ou sustentável são algumas denominações atribuídas ao processo de investimento que considera as conseqüências socioambientais, tanto positivas quanto negativas, em um contexto de rigorosa análise financeira. Segundo Lopes (2008), a pesquisa Investors Opinion Survey, da McKinsey & Co. em parceria com o Banco Mundial, realizada no ano de 2000, afirma que os investidores estariam dispostos a pagar entre 18% e 28% a mais por ações de empresas que adotam melhores práticas de administração e transparência. Os investidores, em particular os estrangeiros, estão procurando empresas que se preocupam com o meio ambiente, e com isso as companhias estão mudando sua cultura e se preparando para elaborar o relatório de sustentabilidade, uma ferramenta utilizada pelas empresas para declarar quais projetos socioambientais estão desenvolvendo e em quais participam. Para o professor de Finanças do Ibmec de São Paulo, Marcelo Guterman, no Brasil, apesar de ser importante, ainda é pequeno o número de investidores que se preocupam com sustentabilidade. Quem se preocupa mais são os investidores europeus, faz parte da cultura deles. (PORTAL PCH, 2008) Dessa forma, fica evidente que os investidores estrangeiros têm uma visão mais ampla em relação ao futuro através da sustentabilidade. Seus princípios culturais definem maiores valores quanto ao capital ambiental e social das empresas. A preocupação com o futuro desses investidores demonstra que no lugar de realizarem investimentos exacerbados no curto prazo, passaram a considerar também os benefícios de uma gestão baseada na sustentabilidade, porque entendem que isso gera valor e assegura a perenidade do negócio. 3.8 Resultado da pesquisa 94 Diante da pesquisa realizada, identifica-se a sustentabilidade como fator predominante para as empresas que visam negócios mais sólidos. Adequar suas atividades ao conceito de sustentabilidade é uma questão de necessidade para se manter no mercado. Tudo isso vem se tornando realidade perante este novo cenário, onde os consumidores estão cada vez mais conscientes, migrando para empresas responsáveis e que realmente se preocupam com o futuro do planeta. A sustentabilidade se integrou nas empresas como uma forma de maior resultado e como diferencial, desempenhando valores nos diversos setores como: ambiental, social e econômico. Na pesquisa, a gestão da sustentabilidade é analisada como ferramenta na busca de uma maior valorização econômica para a empresa AES Tietê. Isso se dá perante os projetos desenvolvidos em conjunto, nas áreas ambientais e sociais visando agregar pontos significativos para os investidores, projetando maior transparência dos ideais corporativos a seus acionistas. Para que a empresa conquiste um maior número de investidores é preciso que estes conheçam seus trabalhos e projetos. É assim que surge o relatório de sustentabilidade, onde os futuros acionistas encontrarão as informações que poderão ou não despertar interesse em investir e se juntar ao quadro de acionista da empresa. A valorização econômica acontece quando a empresa se torna um atrativo para os investidores, que por conseqüência gera maior condição financeira visando garantir uma boa rentabilidade para seus acionistas e maior desenvolvimento para a mesma. Assim a empresa arrecada fundos para se desenvolver no mercado e conquistar maior sucesso. Os investidores representam um papel fundamental, pois são eles os responsáveis pela valorização econômica das empresas. Sendo assim, a sustentabilidade por si só não trará resultados sem que os investidores a visualizem como oportunidade de negócio. Certamente tudo vai depender da consciência e da cultura na qual ele está inserido. Como a análise efetuada na pesquisa, uma empresa que aplica os conceitos de sustentabilidade é compreendida pelos investidores como um negócio estável que transmite maior segurança e constância no retorno. Porém no Brasil, são poucos os investidores que se preocupam com a 95 sustentabilidade, na realidade os mais preocupados são os estrangeiros, pois faz parte da cultura deles. A cultura dos investidores representa grande importância para as empresas sustentáveis, pois ela determinará o perfil e conseqüentemente seus valores. O ISE, que nasceu para atender a um grupo de investidores em ascensão preocupado com o retorno do seu investimento no longo prazo, as empresas sustentáveis estão em alta, pois com 32 empresas de 13 setores, somando 40 ações e um valor de mercado de R$ 927 bilhões, o ISE representa 39,6% da capitalização da Bovespa. A sua média de crescimento nos últimos dois anos é equivalente à do Ibovespa. No período de novembro de 2005 a janeiro de 2008, o Ibovespa demonstrou uma evolução de 96,77%, enquanto o ISE fechou com alta de 90,04%. Assim fica evidente o crescimento e a importância que a sustentabilidade representa no mercado acionário. (LOPES, 2008, p.14) Segundo Djalma Bastos (apud LOPES, 2008, p.14) presidente da elétrica Cemig, empresa listada no Dow Jones, "um ponto importante é a possibilidade de ampliação do acesso a um crescente mercado dirigido aos investidores de longo prazo, que prezam pela responsabilidade ambiental e social na gestão dos negócios . O mercado acionário está se dirigindo às empresas sustentáveis, e com isso a cultura dos investidores vai amadurecendo e desenvolvendo maiores condições escolhas. Concluindo, a análise da pesquisa identifica que a gestão da sustentabilidade contribui para uma maior valorização econômica perante o mercado acionário, onde as empresas sustentáveis estão gerando condições favoráveis aos acionistas que almejam investimentos a longo prazo, e possuem uma cultura responsável em relação às gerações futuras. A pergunta problema de que: A Gestão da Sustentabilidade adotada pela empresa AES Tietê contribui para sua valorização econômica, foi respondida e a hipótese foi comprovada. 96 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO À medida que o tempo passa, a sustentabilidade está cada vez mais inserida na relação dos negócios das empresas, se tornando fator determinante e diferencial no âmbito competitivo do mercado. Esta diferenciação é o atrativo que os acionistas buscam em uma empresa na obtenção de lucros e maximização dos ativos. Atualmente a gestão da sustentabilidade adotada pela AES Tiete a difere das demais empresas tornando-a como uma empresa modelo, possibilitando que os investidores a reconheçam como uma opção rentável para investimento. Assim os investidores buscam empresas que possuam políticas sustentáveis que viabilizem tanto a rentabilidade financeira como a condição humana no futuro. Isso reflete uma excelente oportunidade de reduzir a distância entre a empresa e o investidor através das seguintes propostas: Maior divulgação dos relatórios financeiros, dos projetos de responsabilidade social e ambiental, através de campanhas publicitárias, para que o futuro investidor se sinta atraído pela empresa, motivando e possibilitando um contato direto e diferenciado, otimizando os valores que a empresa possui; Objetivar parcerias com corretoras de valores, com propósito de atrair maior número de investidores, impulsionando a valorização econômica da empresa através de fundos e clubes de investimentos que faz parte da composição da carteira. Constantemente a sustentabilidade vem sendo incorporada como fator decisório. Através da implementação de tais propostas acredita-se que a empresa cativará um maior percentual de investidores de longo prazo, que almejam negócios de menores riscos no futuro, corroborando a gestão da sustentabilidade como indicador de atratividade para o mercado de ações. 97 CONCLUSÃO A sustentabilidade vem dizer à sociedade para que produza e consuma com moderação e racionalidade, seja por prejudicar a saúde humana ou o ambiente como um todo, ao explorar recursos naturais acima da capacidade de reposição da natureza acentuando o problema do aquecimento global. O cenário que as empresas se encontram atualmente é propício para a prática da sustentabilidade como uma forma de valorização da marca da empresa, fixando na mente dos consumidores a importância que a empresa leva à sociedade e os benefícios que proporcionam através do desenvolvimento sustentável. Com esse pensamento, cada dia mais as organizações desenvolvem projetos com o intuito de mitigar os impactos que seus desenvolvimentos causam ao planeta. Partindo desse pressuposto, a AES Tietê trabalha para a sociedade de forma não somente a atender às necessidades presentes, mas principalmente para que as gerações futuras não tenham sua desenvoltura prejudicada por ações impensadas da geração atual. Divergindo para o lado das instituições com capital aberto, a sustentabilidade das grandes empresas também está sendo questionada. Seus acionistas querem saber se elas correm o risco de se desvalorizar, acuadas por passivos ambientais ou porque suas marcas podem ser taxadas de conivência com comportamentos duvidosos. O risco de não aderir práticas sustentáveis está ficando maior do que o custo de adotá-las. Um exemplo disso são as empresas extrativistas que estão na mira dos investidores como sendo empresas que poderão ter desvalorização de suas ações a longo prazo, principalmente porque ainda não se acrescenta o custo da exploração ao valor de cada ação. Outra desvantagem pode ser percebida em relação à dificuldade das empresas ao emprestar dinheiro junto às instituições financeiras bancárias. Neste caso, um cuidado exigido para que essas empresas financeiras sejam integrantes da carteira do ISE na bolsa, é que a instituição não conceda financiamento às empresas poluidoras ou que exerçam atividades de agressão mais intensivas ao meio ambiente. Portanto, conclui-se através da pesquisa que as empresas que adotam práticas sustentáveis conseguem obter diversas vantagens nos setores em que 98 atuam, tornando-as mais competitivas, conseqüentemente mais resistentes ao risco, atraindo investidores que buscam rentabilidade no investimento a longo prazo. A gestão da sustentabilidade oferece de forma constante um ciclo virtuoso de resultados positivos para valorização da organização, fortalecendo assim o resultado da pesquisa em prol das empresas. O tema é de grande relevância hoje e continuará sendo nos próximos anos, tal fato leva a conclusão de que o assunto não foi esgotado, possibilitando que mais pesquisadores se aprofundem no estudo e ofereçam outras estratégias de atuação para o setor. 99 REFERÊNCIAS ABNT - Associação Brasileira de Normas e Técnicas. Certificação. Disponível em:<http://www.abnt.org.br/default.asp?resolucao=1280X800> Acesso em: 22 jul. 2008. ACOT, P. História da ecologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990. AES TIETÊ. Ilustrações. Disponível em:<http://www.aestiete.com.br> Acesso em: 06 mai. 2008. ALMEIDA, F. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura urgente. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. ALMEIDA, J. R.; CAVALCANTI, Y.; MELLO, C. S. 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Localizada no Estado de São Paulo, mais precisamente na cidade de Promissão, atuando na área de geração de energia. 2 RELATO DO TRABALHO REALIZADO REFERENTE AO ASSUNTO ESTUDADO a) descrição da Gestão da Sustentabilidade da AES Tietê; b) depoimento do gerente ambiental para o desenvolvimento do estudo de caso; c) relato das técnicas utilizadas pela empresa; d) levantamento dos resultados econômicos provenientes das ações sustentáveis. 3 DISCUSSÃO Será realizada uma análise confrontando o conceito de sustentabilidade com o retorno econômico da empresa. 4 RESULTADOS E SUGESTÕES Parecer final sobre o caso e sugestões para desenvolver na empresa suas atividades de forma a atender as necessidades da geração atual, sem comprometer as gerações futuras. 104 APÊNDICE B I Roteiro de observação sistemática IDENTIFICAÇÃO Empresa: Localização: Atividade Econômica: II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1 Departamento de Gestão Ambiental 2 Departamento de ações sociais 3 Departamento Administrativo 4 Levantamento e Pesquisa de projetos sócio-ambientais 105 APÊNDICE C Roteiro histórico da AES Tietê e da gestão da sustentabilidade I IDENTIFICAÇÃO Empresa: Localização: Atividade Econômica: II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1 Evolução das instalações 2 Projetos socio-ambientais 3 Ações sustentáveis da empresa 4 Desempenho econômico 5 Cenário atual da empresa 106 APÊNDICE D I Roteiro de entrevista para o gerente ambiental IDENTIFICAÇÃO Cargo: Experiência Profissional: Profissão: Formação: II QUESTÕES 1 A gestão da sustentabilidade é uma prática que vem sendo adquirida pelas empresas há poucos anos, porém demonstra ser inimaginável que as empresas deixem de praticá-las futuramente. De acordo com sua percepção, qual a sua visão em relação à sustentabilidade no futuro diante do mercado atual? 2 Como fazer com que os consumidores adquiram cada vez mais produtos de empresas que praticam a gestão ambiental, deixando de ser influenciados por sabor, aparência, tecnologia, no momento de consumir? 3 Atualmente, as ações de responsabilidade sócio-ambiental não se tornaram uma exigência do consumidor, algo indispensável para as empresas sobreviverem? 4 As empresas brasileiras estão caminhando em direção a sustentabilidade? 5 É necessario diminuir o consumo para preservar recursos mas, como isso é possível num mundo onde países populosos, como a China e Índia, estão juntamente buscando aumentar seus padrões de vida? 6 Qual o feedback esperado pelas empresas que aplicam os conceitos de desenvolvimento sustentável? 107 APÊNDICE E Fotos Fonte: AES TIETÊ Foto 01: Grupo com o Gerente Ambiental da AES Tietê Promissão Fonte: AES TIETÊ Foto 02: Escritórios e Auditório da Usina de Promissão 108 Fonte: AES TIETÊ Foto 03: Entrada de acesso para os escritórios Fonte: AES TIETÊ Foto 04: Ambiente da Usina de Promissão 109 Fonte: AES TIETÊ Foto 05: Estrada de acesso a usina hidroelétrica Fonte: AES TIETÊ Foto 06: Vista lateral da usina hidroelétrica 110 Fonte: AES TIETÊ Foto 07: Área interna da usina Fonte: AES TIETÊ Foto 08: Turbina geradora 111 Fonte: AES TIETÊ Foto 09: Eclusa Fonte: AES TIETÊ Foto 10: Grupo com a orientadora e coordenadora de curso This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. 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