Brasil vira paraíso de lavagem de dinheiro Lavagem à brasileira José Casado Excerto de um artigo publicado em O Globo - 19/12/2011 Os dados do governo e do Judiciário sobre negócios feitos na fronteira das finanças ilegais são precários e de qualidade discutível, mas revelam um significativo crescimento no Brasil: 43,2 mil empresas e pessoas físicas passaram a serem investigados por suspeita de lavagem de dinheiro nos últimos 23 meses - mil a mais que o total de investigados nos quatro anos anteriores. Somente no ano passado, 30,5 mil se tornaram alvo dos "relatórios" que o Coaf envia às polícias, à Receita Federal e ao Judiciário. Foi o triplo do registrado em 2009. Este mês começou com 51 empresas e cidadãos brasileiros investigados nos EUA. O Departamento do Tesouro situa o Brasil em quinto lugar na classificação de países com transferências de valores suspeitas detectadas no mercado financeiro americano. Os dados sobre o período de novembro de 2009 a junho deste ano mostram a Venezuela isolada na liderança (39% dos inquéritos abertos), seguida por Argentina, México e Emirados Árabes. O Brasil se igualou a paraísos fiscais como Panamá e superou Uruguai, Hong Kong, Afeganistão e Ilhas Virgens Britânicas. Na média, quatro em cada dez empresas ou pessoas físicas que passam à investigação no Brasil têm sido denunciadas por agências do exterior. Isso permitiu ao governo brasileiro êxito no bloqueio judicial de R$792 milhões em contas nos EUA, em Portugal, no Uruguai e na Suíça. Além desse dinheiro, o país mantém um estoque de R$1,1 bilhão bloqueado por ordem judicial em contascorrentes, fundos de investimentos e de previdência privada de propriedade de empresas e de brasileiros investigados por crimes de lavagem. No Rio, estão interditado R$1 bilhão - 12 vezes mais que a soma dos bloqueios feitos em São Paulo (R$23 milhões), Ceará (R$18 milhões), Bahia (R$13 milhões), Minas Gerais (R$12 milhões), Pernambuco (R$10 milhões), Paraná (R$7 milhões) e Roraima (R$1,4 milhão). Os tribunais receberam 3,5 mil novos inquéritos e ações penais por lavagem, no ano passado, mas os resultados são rarefeitos, segundo uma avaliação feita em abril pelo governo brasileiro em conjunto com a agência intergovernamental especializada (Gafi/Fatf): "São muito poucas as condenações", concluem, citando o risco que o país passou a representar e o tamanho do setor financeiro. Márcia Cunha, juíza especializada em casos empresariais, no Rio, acha que a eficiência só vai aumentar com a repressão aos delitos financeiros: - Onde dói mesmo é no bolso, por isso precisamos ir atrás do dinheiro. Há evidências de que máfias brasileiras passaram a financiar plantios, refino e logística de transporte do narcotráfico no Peru, na Bolívia e no Paraguai, acrescenta o sociólogo peruano Jaime Antezana: - Iquitos, na fronteira do Peru com o Brasil, se tornou um paraíso para reinversão dos lucros. Outra área onde os negócios florescem é o Paraguai. Desde 2009, a agência antidrogas americana (DEA) vigia operações na Tríplice Fronteira feitas pelo Banco Amambay com empresas de Horácio Cartes. Cartes é líder do Partido Colorado e pré-candidato à presidência do Paraguai nas eleições de 2013. Os relatórios da DEA informam que Cartes comanda uma grande "lavanderia" para máfias de vários países, principalmente o Brasil. IMTC BRASIL 2012 - 13-15 Fev 2012 – Sao Paulo – www.imtcbrasil.com Brazil becomes a haven for money laundering Laundering Brazilian style Jose Casado Excerpt from an article published in O Globo - 19/12/2011 (translated by IMTC) Data from government sources and the Judiciary System on illegal financial deals made on the borders are precarious and of questionable quality, but show a significant growth in Brazil: 43 200 companies and individuals have been investigated on suspicion of money laundering in the past 23 months - a thousand more than the total investigated in the previous four years. Last year alone, 30,500 became the subject of "reports" that COAF sends to the police, the Brazilian IRS and the courts. It was three times more than in 2009. This month began with 51 Brazilian companies and Brazilian citizens being investigated in the U.S.. The US Treasury Department placed Brazil in fifth place in the ranking of countries with suspicious transfers of funds detected by American financial institutions. The data from November 2009 to June 2010 shows Venezuela as number one (39% of inquiries opened), followed by Argentina, Mexico and the United Arab Emirates. Brazil is ranked higher than tax havens like Panama and beat Uruguay, Hong Kong, Afghanistan and the British Virgin Islands. On average, four out of ten companies or individuals who are investigated in Brazil have been condemned by overseas agencies. This has allowed the Brazilian government to succeed in the blocking of $ 792 million Reais in accounts in the U.S., Portugal, Uruguay and Switzerland. In addition to this money, the country maintains a stock of $ 1.1 billion blocked by court order in current accounts, investment funds and private security firms owned by Brazilians and investigated for money laundering. In Rio, $ 1 billion were seized - 12 times more than the sum Sao Paulo (R $ 23 million), Ceará (U.S. $ 18 million), Ontario ($ 13 million), Ontario ($ 12 million), California ($ 10 million), Paraná (U.S. $ 7 million) and Roraima (U.S. $ 1.4 million). The courts received 3,500 new investigations and prosecutions for money laundering last year, but the results are sparse, according to an assessment made in April by the Brazilian government in conjunction with an specialized intergovernmental Task Force (GAFI / FATF): "There are very few convictions”, they concluded, citing the risk that the country has come to represent because of the size of the financial sector. Marcia Cunha, a judge specializing in business cases in Rio, think efficiency will only increase with the crackdown on financial crime: - Where it really hurts is in the pocket, so we need to go after the money. There is evidence that cartels have begun to finance Brazilian plantations, refining and transportation logistics for drug trafficking in Peru, Bolivia and Paraguay, says the Peruvian sociologist Jaime Antezana: “Iquitos, Peru's border with Brazil, has become a haven for reinvesting profits”. Another area where business is flourishing is in Paraguay. Since 2009, the U.S. Drug Enforcement Agency (DEA) monitors operations in the “Tríplice Fronteira” by the Bank Amambay with Horacio Cartes companies. Cartes is the leader of the Colorado Party and a candidate for the Paraguayan presidency in the 2013 elections. A DEA reports informs that Cartes commands a great "laundry" for gangs of various countries, especially from Brazil. IMTC BRASIL 2012 - 13-15 Fev 2012 – Sao Paulo – www.imtcbrasil.com