Diabetes e insulinas Natacha Queiroz Rebeca Sales Renata Saraiva Yara Santiago Diabetes Mellitus Grupo de distúrbios metabólicos, que apresentam em comum a hiperglicemia, por defeito na ação ou na secreção de insulina ou em ambos É um problema de saúde pública de proporções endêmicas. No Brasil, há uma perspectiva de crescimento dessa doença de 40% no século XXI Como acontece? A falta da insulina impede a glicose de entrar nas células, o que tem por efeito elevar seu nível no sangue (hiperglicemia). Tipos de diabetes Melito Tipo 1 Melito Tipo 2 Diabetes Mellitus Gestacional Outros tipos Específicos de diabetes Defeitos genéticos funcionais nas células beta Defeito genético na ação da insulina Patologias no pâncreas Endocrinopatias Induzido por fármacos ou agentes químicos DM1 5-10% dos casos Predomínio em idade < 20 anos Destruição das cél β levando a deficiência absoluta de insulina decorrente de doença auto-imune ou de causa desconhecida Indivíduo magro Sintomas: polidipsia, poliúria, polifagia e emagrecimento Tratamento Insulinoterapia DM2 90-95% dos casos Predomínio em idade > 40 anos Deficiência na secreção de insulina e ação (resistência) à insulina Indivíduo geralmente obeso, sedentário e hipertenso Início insidioso, às vezes assintomático ou por complicações crônicas Tratamento Hipoglicemiantes orais Insulinoterapia Insulinas e seus análogos Objetivo Reposição fisiológica Obtenção Modificação molecular Tipos de insulina Ação Lispro Asparte Glulisina Ação intermediária NPH Lenta Ação rápida Regular Ação ultra-rápida lenta Glargina Detemir Insulina regular Adm 30’ antes das refeições; Início de ação: 30 minutos a 1hora; Pico máximo de atividade:2 a 3 horas; Duração da ação: 4 a 6 horas; Nomes comerciais HUMULIN R® (Lilly), NOVOLIN R® (Novo-Nordisk), INSUMAN® (Aventis); BIOHULIN R® (Biobrás). Administração Insulina NPH Adm 30 a 60’ antes do café Possui retardante:protamina(esperma salmão); Início da ação:30 minutos a 1hora e meia; pico máximo de ação: 4 a 7 horas; Duração da ação: 14 a 18 horas; Sozinha ou misturas de NPH + Regular Nomes comerciais BIOHULIN N® (Biobrás); HUMULIN N® (Lilly);HUMULIN 80/20®; HUMULIN 90/10® (90% NPH + 10% regular); NOVOLIN 70/30®; INSUMAN® (Aventis); IOLIN N® (Biobrás); : MONOLIN N® (Biobrás). Administração Condições do Medicamento Conferir se é o tipo de Insulina prescrito Verificar a validade Verificar a aparência Verificar se a tampa está aberta Onde levar a Insulina? Isopor Recipiente Papel Nunca guardar No bolso Na mão Onde armazenar? Geladeira Não ( 2ºC – 8ºC) guardar No congelador Na porta da geladeira Perto do fogão ou em cima da televisão Onde levar a Insulina em Viagens? Embalagens térmicas Caixa de Isopor Informações Antes da aplicação não agitar o frasco de Insulina Retirar a Insulina da geladeira pouco antes da aplicação Quando for fazer exercícios aplicar a Insulina nos locais que você menos vai exercitar Reutilização de seringas descartáveis A prática de reutilização de seringas surgiu provavelmente na década de 60 Estudos apontam prevalências entre 80% e 90% para essa prática em diabéticos insulinodependentes Pesquisa bibliográfica (1978 – 2004) em publicações de diversos Países aponta taxa de reutilização de 4x a 7x Estudos nacionais apontam taxa de reutilização de 2x a 4x Riscos Transmissão de agentes infecciosos As condições de esterilidade são garantidas pelo fabricante apenas no primeiro uso As Literaturas internacional e nacional mostram baixos índices de contaminação em culturas de seringas descartáveis reutilizadas Foram encontrados os microrganismos: Bacillus sp, Clostridium fallax, Mycobacteria e Staphylococcus aureus Armazenar a seringa na geladeira evita o crescimento de Mycobacteria Os aditivos contidos na insulina funcionam como principal proteção de abscessos nos locais de aplicação Riscos Transmissão de agentes infecciosos Em culturas de restos de insulina de pacientes que reutilizavam seringas não foram observados crescimento de microrganismos Riscos Alterações físicas e químicas do material Há o risco de infecção, pois as agulhas depois de serem reutilizadas por um certo tempo mostramse danificadas, rombudas e acumulam detritos em seu lúmen Pode haver a perda da nitidez da escala na escala de graduação – erro de dosagem da medicação Podem ocorrer alterações no êmbolo, impedindo seu correto deslizamento Legislação Portaria n°4, de 7 de fevereiro de 1986 – DIMED Dispõe sobre o uso de artigos médico-hospitalares Artigo médico-hospitalar de uso único é o correlato que, após o uso, perde suas características originais ou que, em função de outros riscos reais ou potenciais à saúde do usuário, não pode ser reutilizado. * Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Medicamentos Portaria n°4, de 7 de fevereiro de 1986 – DIMED Riscos reais ou potenciais à saúde do usuário Transmissão de agentes infecciosos Toxicidade decorrente de resíduos de produto ou substância empregados nos usos antecedentes ou no reprocessamento, e de alterações físicoquímicas do material com que é fabricado o correlato, em decorrência ou dos usos prévios ou do reprocessamento Alterações das características físicas, químicas e biológicas originais do produto ou de sua funcionalidade em decorrência da fadiga, dos usos prévios ou de reprocessamento, com implicações para o uso seguro e satisfatório para o qual o produto foi fabricado Portaria n°4, de 7 de fevereiro de 1986 – DIMED “III - Proibir que os artigos médico-hospitalares de uso único, relacionados no item anterior, sejam reprocessados em todo território nacional, em qualquer circunstância e em qualquer tipo de serviço de saúde, público ou privado.” Ministério da Saúde Considera adequada a reutilização por até 8 aplicações, desde que: Após o uso a seringa seja retampada e guardada, em temperatura ambiente ou sob refrigeração (na gaveta ou porta da geladeira) Haja ausência de ferida aberta nas mãos e de infecções de pele no local de aplicação O diabético deve ter destreza manual, ausência de tremores e boa acuidade visual,sendo capaz de reencapar a agulha com segurança Cadernos de Atenção Básica, 2006 Ministério da Saúde Considerações importantes A limpeza da agulha não deve ser feita com álcool, porque é capaz de remover o silicone que a reveste, tornando aplicação mais dolorosa As seringas reutilizadas devem ser descartadas quando a agulha se torna romba, curva ou entra em contato com alguma superfície diferente da pele e logo que a aplicação se torne muito mais dolorosa. Cadernos de Atenção Básica, 2006 A PRÁTICA DE UTILIZAÇÃO DE SERINGAS DESCARTÁVEIS NA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA NO DOMICÍLIO Carla Regina de Souza; Maria Lúcia Zanetti Rev. latino-am. enfermagem - Ribeirão Preto, janeiro 200. Resultados Estudo realizado em hospital de grande porte do interior paulista; Dos 113 sujeitos investigados, a maioria, 111 (98,2%) utiliza a seringa descartável, tendo a seringa de vidro aparecido também como opção de instrumental; 106 (94,6%) reutilizam a seringa e agulha descartáveis, após o primeiro uso, e apenas 6 (5,4%) descartam este instrumental após o uso; 51 portadores de diabete recolocam o protetor da agulha na seringa, após a sua utilização, deixando claro que não esterilizam a seringa descartável para à reutilização; 34 portadores de diabetes limpam a agulha com algodão e álcool antes da próxima aplicação de insulina. 5 (4,7%) portadores de diabetes lavam a seringa com água e 4 (3,8%) com álcool; 4 (3,8%) portadores de diabetes fervem seringa e agulha descartáveis; Dos 106 indivíduos que reutilizam a seringa descartável, 75 (70,7%) referem reutilizar seringa e agulha conjugada, e 31 (29,2%) seringa e agulha não conjugada. Para 64 (60,4%) dos portadores de diabetes, o principal motivo de descarte é a agulha; 18 (17%) descartam seringa e agulha ao atingirem a freqüência previamente estabelecida, independente de dor e/ou da agulha estar rombuda; Apenas 4 (3,8%) portadores de diabetes referiram o descarte da seringa,com base em orientação de um profissional da saúde. REUTILIZAÇÃO DE SERINGAS DESCARTÁVEIS: FREQÜÊNCIA E CUSTOS PARA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA NO DOMICÍLIO Carla Regina de Souza Teixeira;Maria Lúcia Zanetti; Kátia Prado Ribeiro Rev Latino-am Enfermagem 2001 setembrooutubro; Cienc Cuid Saude 2009 Jan/Mar. Amostra foi constituída por 113 portadores de diabetes atendidos junto ao Ambulatório de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Variáveis n % Utilizam seringa descartável Utilizam seringa de vidro 111 2 98,2 1,8 Reutilizam seringa e agulha descartáveis Descartam seringa e agulha após o uso 106 94,6 6 5,4 Recolocam o protetor de agulha 51 Limpam a agulha com algodão e álcool 34 Lavam a seringa com água Lavam a seringa com álcool 5 4 4,7 3,8 Fervem seringa e agulha descartáveis 4 3,8 75 70,7 31 29,2 Principal motivo de descarte é a agulha 64 60,4 Descartam seringa e agulha quando atinge freqüência estabelecida 18 17 Descarte da seringa sob orientação de profissional de saúde 4 3,8 Dos 106 que reutilizam a seringa descartável: Referem reutilizar seringa e agulha conjugada Referem utilizar seringa e agulha não conjugada Variaveis Adquirir seringas e agulhas - na Unidade Básica de Saúde - na Farmácia - na UBS e Farmácia Nº de Portadores 113 n % Custo do consumo mensal: R$ 51 42 20 113 45,1 37,2 17,7 100 -Seringas -Insulina Total: 2.850,00 2.387,70 5.237,70 Gasto médio por portador 46,35 Do salário mínimo: - Gasto com seringas descartáveis - + seringas descartáveis, fitas reagentes 35,65% Até 70% Custo mensal em R$, utilizando a seringas e agulhas 4 x 1.443 Média mensal total em R$ Média por portador por mês em R$ 721,50 6,38 Se fosse utilizado uma seringa e agulha por aplicação, o custo mensal seria de R$ 2.850,00 Com a adoção da prática de reutilização de seringas e agulhas por 4 vezes, conforme o uso referido por esta população, haveria uma diminuição no custo do tratamento de R$ 2.128,50, representando 74,68% de redução nos custos com seringas e agulhas em insulinoterapia. REUTILIZAÇÃO DE AGULHAS E SERINGAS DESCARTÁVEIS POR UM GRUPO DE DIABÉTICOS Márcio Flávio Moura de Araújo;Joselany Áfio Caetano; Marta Maria Coelho Damasceno;Ticiana da Cunha Gonçalves. Ciência, cuidado e saúde 2009 A pesquisa foi realizada em três unidades básicas de Saúde da Família (UBASF) do município de Sobral - CE, no período de abril a junho de 2007. Considerações finais Deve haver uma normatização da prática – Revisão da portaria n°4/86 Formação e capacitação de equipes multiprofissionais que atendam as necessidades reais dos portadores de diabetes Estabelecimento de protocolos de frequência de reutilização de seringas de acordo com a recomendação do Ministério da saúde