Rev.Port. ORL. n." 44, n.' 3, ................, Setembro200ó ARTIGO OR/G/NAI NO OUVIDO MEDIO CAROTIDAINTERNAABERRANTE - cAsocLtNIco. INTERNAL CAROTIDARTERY IN THEMIDDLEEAR- CASEREPORT. Morio Dulce Nunes*; Louro Amálio Moreìro**;Jooo Bronquinho Prolo***;Vitor Gobõo Veigo**** RESUMO: Os ouÌores opresenlom um coso clínico de umo mulher de 20 onos de idode, com histórìode hipoocusio de conduçõo desde os ì0 onos, com ontecedentes de Tetrologio de Follol, epilepsio e otroso mentol. Após o estudo imogiológico por fomogrofio compulorizodo e ongìo-ressonôncìo, evidenciou-se o existêncio de coróiido inlerno oberronle no ouvido médio. Foz-se umo breve revisõo do literoturo, nomeodomente dos complicoções groves e potenciolmenÌe cotosÌróficos de umo intervençõo cirúrgico. PAIÂVRAS CHAVE: Corótido lnterno Aberronte: Molformocõo Vosculor Ouvido Médìo ABSTRACÏ: . This.ìs o cose reporl of o 20 yeor-old womon, with conductìve heoring loss sìnce ì 0 yeors old, wiÌh personol hisÌory of Follot Tekology, epilepsy ond mentoì retordment. After the clinicol investigotion, with ìmogiologic study with CT ond ongioJMR, it wos possible to reoch the diognosis of on oberront internol corolid ortery insidethe middle eor. It wos done o brieÍ revìew of the literoture obouÌ oberront internol corofid ortery in the mìddle eor, especìolly its potentiolly dongerous complicotions with s u r g i c o lm o n ì p u l o t i o n . KEY WORDS: & t ú $ I Aberront lnÌernol Corofid Arterv: Vosculor Anomolv Middle Eor. Moric Dulce Nunes - Amodoro Serviçode ORLHospiÌolFernondodo Fonseco Colçododo Poço,81, C2,3ndÌo- 1750-222Lisboo Tel:9ó I 834221/21 01 03462 E - m o i ld: .r o c h on. u n e s @ c loi xt . TNTRODUçAO A existêncio de cursosoberrontes dosvosos petrososé extremomente roro, estondodescritosno literoturointernocionol cercode 50 cosos clínicosde ArtérioCorótidoInternoAberronte (ACIA)no ouvidomédio. por A ACIA no moioriodos cososrevelo-se ocufenospulsóteis e surdez. Tombémpode estorossociodoo síndrome vertiginoso periféricoou hipoocusiode condude ogrovomento progressivo. çõo I I I ! No entonto,o ousênciode sintomosnõo excluio presençodesteÌipo de olteroçõoonotómico. Porserumoonomoliororo,podeesÌorossociodo o hemorrogioourolgrove,com compromissovitol, se for inodvertidomente lesionodo no decursode umo monipuloçõoou intervenç õ o c i r ú r g i c on o o u v i d om é d i o . O coso clínicoque oqui opresentomos é representotivo de umo situoçõode ACIA com pouco sintomotologio, que estevemoscorodo durontevóriosonos e ió hovio sido suieitoo Inlerno do Internoto ComplemenÌor de ORL. AssìstenteGroduodo de ORL. Chefe de Serviço de ORL. Director de Serviço de OR!. 293 _ LAURA AMÉLIA DULCE NUNES, MOREIRA, PRATA, VITOR GABÃOVEIGA MARIA JOÃOBRANQUINHO cirúrgico,que felizmente pequenointervençõo desostrosos. nõoteveconseouêncios cAsocriNtco M . J . V . Cs. ,e x of e m i n i n o , 2 0o n o sd e i d o d e , roço coucosiono,solteiro,noturole residente em Vilo Froncode Xiro,distritode Lisboo. O motivode consulÌofoi hipoocusiopersistenteno ouvidodireito,desdecrionço,ocomponhodode otolgiosintermitentes com início hó 2 onos. Desdeos B onosde idodeque leveinícioo percepçõo de hipoocusio do ouvidodireito,tonto pelospois como peloseducodores, tendosido feitoo diognóstico de hipoocusìo de condupor pelo que foi Otite seromucoso, submeçõo tido o Miringocentese com colocoçõode tubos de ventiloçõo tronstimpônico no ouvidodireito. Como nõo tevequolquerefeitoteropêutico, forom feitosoutrosteropêuticos médicosodiuvontes,como ontihistomínicos, corticóidesnosois,mossemprecom o persistêncio do hipooc u s i od e c o n d u ç õ o . Cerco de 2 onos ontesdo nossoconsulto, teveinícioum quodrode otolgiosesporódicos, intermitentes, que oliviovomcom onolgésicos. Nego ocufenos,otitesde repetiçõoou sindromevertiginoso. Nego troumotismo sonoroou boroÌroumotìsmo. ossimcomotroumotismos cróneo-fociois. pessooishó o referirTeNos ontecedentes trotologiode FolloÌ,operodo oos 3 onos de i d o d e ;e p i l e p s i od e s d eo I a o n o d e v i d o , d e difícilcontrole,seguidoregulormente em consultosde Neurologiodo Hospitolde StoMorio, Lisboo;e otrosode desenvolvimento psicomoÌor. O exome obiectivoORL nõo opresentovo olteroções significotivos, ò excepçõodo otoscopio do ouvido direito,onde se visuolizovo umo mossoreïrotimpônico no quodronïeontero-inferìor e o presençode efusõono quodron(Fig.ì). te postero-inferior _ 294 FIGURAl: OTOSCOPIA OUVIDODIREITO. A ocumetrio foi de dificilovolloçõo,por dific u l d o d e d e c o l o b o r o ç õ od o d o e n t e , c o m Weber loterolizodoooro o direitoe um Rinne duvidoso. que Efectuorom-se exomesoudiométricos, mostrorom o exisÌêncio de hipoocusiode cond u ç õ o ,c o m R i n n eo u d i o m é t r i cdoe l 0 o 2 0 d B ( F i g .2 ) e t i m p o n o g r o mpol o n ot i p o B ( F i g .3 ) . ipsiloterois. Nõo hoviomreflexosestopédicos FIGURA2: AUDIOGRAMAOUVIDODIREITO. CAROTIDAINTERNAABERRANTE NO OUVIDOMÉDIO- CASO CLINICO orlïE:-ú:19-:$ EãRTrp: {€ I I '4gA *eAA +eBB dapa Ë {....... 6çJ8/eg& dspõrs g. 4 Ë*RCAilAL ïüLUfl e : daPa nJ -3ÊS TYI'IP 1: Ë.9 5R*D I E1T 1: ÊEFLEXt I lSES Hz t'|ï FIGURA3: ÌIMPANOGRAMAOUVIDODlRElrO. (TC) Reolizou-se Tomogrofio Computorizodo do ouvidodireito,que mostrouo presençode umo estruturo de ospectotubulor,que otrovessovo o ouvido médio direito de trós poro o frente,cruzovo onteriormente o promontório cocleor,poro se iuntorno conolcorotídeohorizontol,nõo se identificondo o porçõoverticol (Fig.a). normoldo ACI intropetroso S e g u i u - soe r e o l i z o ç õ od e R M N e A n g i o - R M , q u e c o m p r o v o r o mo e x i s t ê n c i od e u m t r o i e c t oo b e r r o n t ed e A C I d i r e i t o ,e n v o l v e n d o o segmentopetroso(C2),no tronsiçõoenÌreo s e g m e n t ov e r t i c o le h o r i z o n t o lo, c u p o n d oo s r e c e s s oo s n t e r i o r e sd o c o i x o t i m p ô n i c o( F i g O diognostico definitivoficouentõoestobelecidocomosendoum cosode Artêrio Corófido Infernq Aberronte no ouvidomédio. A doentee o suo fomílioforominformooos d o d i o g n o s t i c eo d o s u o s i t u o ç õ oc l í n i c o d ,o i m p o s s i b i l i d o ddee e f e c t u o rq u o l q u e ri n t e r v e n ç õ oc i r ú r g i c oe d o s r i s c o sd e m o n i p u l o ç õ o do ouvido,com consequêncios desosÌrosos. DrscussAo A A C I Aé u m oo n o m o l i ov o s c u l ocro n g é n i t o que resultodo regressõodo ACI cervicol duronteo embriogénese''t. E umo onomolio roro, estondodescritos pouco moisde 50 cososclínicosno literoturo internocionol. Pelomenos30% dos cososestõoossociodos o persistêncio do orÌérioestopédico. A p r e s e n tu o m r o t i om u l h e rh: o m e md e 5 : . | , s e n d om o i sf r e q u e n tneo o u v i d od i r e i t o( 2 : ì ) . A ACIA pode ser umo onomoliopotenciolm e n t eg r o v e ,p o r s e r c o n f u n d i d oì n i c i o l m e n t e com outro mosso retrotimpônico, como um p o r o g o n g l i o moou u m Ì u m o rg l ó m i c o . A regressõo do ACI cervicolduronteo embriogénese provocoo onostomose secundório enÌre o ortério timpânico inferior e o ortério coroticotimpônico. O conaliculustimpônico inferior diloto-se porq ocomoooro ortério timoônicqinferior olorgodo. O segmento verticolnormoldo ACI petroso nõo estópresente. A porede ósseo posteroexterno do conol petroso corotídeo horizontol esÌó deiscente, permitindo o entrododo ACI oberronteno ACI nestepontor'3. no moiorio dos Clinicomentemonifesto-se cosospor ocufenospulsóteis e surdez,podendo ser hipoocusiode conduçõode ogrovomento progressivoou mesmo surdez neurossensoriol de grou vorìóvel. Podetombémmonifestor-se como síndrome vertiginosoperiféricoou, infelizmenÌe, opresentor-se como umo hemorrogioourol grove, duronteumo intervençõo cirúrgicooo ouvido médio(colocoçõo reolizode tubosventiloçõo, por tumor de biópsio suspeito de retrotimçõo pônico,ou outro)com consequêncios vitois. O ospectoímogiológicodo ACIA é diognóstico.A ACIA entrooosteriormente no ouvid o m é d i o o t r o v é sd o c o n o l i c u l u tsi m p ô n i c o i n f e r i oor l o r g o d o . to< MARIADULCE NUNES,LAURA AMÉLIA MOREIRA, PRATA, VITOR GABÃOVEIGA JOÃOBRANQUINHO FIGURA 4: TC. FIGURA5: ANGIO RM. Atrovessoonteriormentesobre o oromontório cocleor,poro se unir oo conol corotídeo horizontolotrovés do deiscênciodo ploco corotídeo. Em cortes coronois de TC opresento-se comoumoestruturo tubulor,com densidodede portesmoles,sobreo promontório3. _ 296 O diognósticodiferenciolé de umo mossq vosculorretrotimpônico, comogolfo do iugulor deiscente,porogongliomo(g/omus limponícum ov glomusiugulotimponicuml, ou um oneurismo do ortériocorótidointernopetroso. O golfodo iugulordeiscente estópor vezes ossociodoo persisiêncio do ortérioestopédico CAROTIDA INTERNA ABERRANTE NO OUVIDO MÉDIO CASOCLINICO e o u m d i v e r t í c u ldoo g o l f od o l u g u l o rq u e f o z protusõoporo o hìpoÌimponoa. E f u n d o m e n td o il f e r e n c i oern t r eu m oo n o m o l i o d o g o l f o d o i u g u r o re u m p o r o g o n g l i o m o introtimoônicoa. Outrovorìonteonotómicorelotivomente freq u e n f eé o o s s i m e t r idoo g o l f od o i u g u t o r . Em regro,quondoessoossimetrio estópres e n t eo, g o l f od o i u g u l o d r i r e i t oé m o i o rd o q u e o esquerdo,e pode ossemelhor-se o umo mossovosculor. A TC de olto resoluçõo pode identificor esso o s s i m e t r inoo t o m o n h od o f o s s oi u g u l o rq u o n do estõo preservodosos referêncios ósseos, mos quondoo fossoiugulorestódeiscenre, o g o l f o d o i u g u l o rn o h i p o t í m p o n o pode confundir-se com umo mossovosculorr. A persistêncio do ortérìoestopédicoé umo o n o m o l i ov o s c u l orro r o ,e p o d eo c o r r e irs o l o d o ou em ossocioçõo com ACIA. Os ochodosno TC de olto resoluçõosõo, umo vez mois,muitocorocterísticos. Incruem o ousênciodo foromenspinosum no lodo ofectod o , e u m o l o r g o m e n tdoo s e g m e n ttoÌ m p ô n i c o proximod l o c o n o l d o n e r v of o c i o lo d i o c e n t e oo processo cocleoriformea. A RMN convencionol e o ongio-RMNpermit e m o u m e n t om r u i Ì oo q u o l i d o d ed o d i o g n ó s t i co imogiológico,tonto poro o ACI oberronre c o m op o r o o u t r o so n o m o l i ovso s c u l o r e s , A RMN convencionol nõo foz um diognóstico segurode ACIA,moso Angio-RMcom os suos imogensreproiectodos, forneceexcelente visuolizoçõodos vososintroe extrocronionos, revelondo o noturezodo lesõo,fozendoo diognóstico. Actuolmente, o Angio-RMtornoproÌicomente desnecessório o reolizoçõode ongiogrofio p o r o c o n f i r m oor d i o g n ó s t i c o 3 . O conhecimento destoentidodepor porre dosotorrinoloringologistos é fundomentor, especiolmente quondose progromoum doenteporo reolizorumo Ìntervençõo oo ouvìdomédior. A moioriodos outoresrecomendoumo otitude conservodoroperonteo diognósticode ACI oberronte3. No moior portedos cososestoonomolioé p r o t i c o m e not es s i n t o m ó t i cpoe, l oq u e u m ov i g i l ô n c i oo n u o ld o s d o e n t e é s suficiente. A melhorotitudeÌeropêuticoopós o dìognósticode ACIA no ouvidomédioé informoro doente,os seusfomiliorese os médicosossistentesdo presenço dessoonomolio,poro evitor o t o d o o c u s t ou m o m o n i p u l o ç õ do o o u v i d o ofectodo,com consequente hemorrogiogrove e de muitodifícilcontrolocirúrgico,com consequênciosdesostrosos e irreversíveis3. O cirurgiõodeveestorolertoporo os riscos de hemiporesio, ofosio temporório,cofosee morÌe. O trotomento imediotodevesero tomoonomentodo conol ouditivoexternoduronteolgumos semonos(podendoser substituído entretonto)pelo risco de recorrênciodo hemorrogio. Os procedimentos seguÌntes poro controlor o hemorrogiopodem ser desde o tomponomentonosolposterior(tomponomento do nosoforinge),oté procedimentos endovosculores e d e n e u r o c ì r u r g (i o c l u s õ o p o r b o l õ oo u c t o m p o g e md o A C I ) ' . : I I $ coNcrusÃo Em conclusõo,os molformoções vosculores do ouvido médio sõo verdodeirosdesofios diognósticos, e devem ser diferenciodos oos tumoresvosculores. É f u n d o m e n t cool n s i d e r osre m p r eo p o s s i b i l i d o d ed o e x i s t ê n c idoe s t oo n o m o l i oe, r e o l i z o r estudosimogiológicosodequodosontes de q u o l q u eirn Ì e r v e n ç õcoi r ú r g i c o t o l ó g i c o . 291 _ 'i { $ t t GABÃOVEIGA PRATA, VITOR AMÉLIA MOREIRA, NUNES,LAURA JOÃOBRANQUINHO MARIADULCE BIBTIOGRAFICAS REFER.ÊNCNS I 2 - Hornsberger, Wiggins et ol; "PocketRodiologist- TemporolBone"; I st edition, Compony,April 2003 WB Sounders Join, R; Morotto,TR - " Monogementof oberrontinternolcorotidortery iniury:o OïoloryngolHeod Neck reol emergency", Surg,vol 127: 470-3;2002 298 ArRidder,GJ; "AberrontInternolCorotid tery in the middleeor", Annolsof Otovol 1 10, logy, Rhinology& Loryngology, n 9: 892-894;Sept2001 Roios,R; Polocios,E - "Ab"rrontinlernol corolidorteryos o couseof pulsoÌiletin moss",ENT nitusond on introtymponic J o u r n o lv; o l 8 2 , n 3 : 1 7 3 - 1 7 4 .