Crédito das fotos: Divulgação ACS / José Luiz Borges 6 20º Seminário Internacional do Café de Santos Natália Fernandes Revista do Café | junho 2014 7 Café do Brasil – Sustentabilidade na Produção e no Comércio Empresários, executivos e profissionais do setor cafeeiro fomentam a importância da sustentabilidade do campo à xícara. Revista do Café | junho 2014 R 8 eunindo profissionais de mais de 14 países envolvidos no mercado cafeeiro, a 20ª edição do Seminário Internacional de Café de Santos aconteceu nos dias 07 e 08 de maio, com objetivo de apresentar tendências da produção e consumo, expor diversos pontos de vista, além de debater e trocar informações sobre a sustentabilidade na produção e comércio do maior país produtor e exportador de café do mundo, o Brasil. Com iniciativa e realização da Associação Comercial de Santos, o presidente da instituição, Roberto Clemente Santini, fez questão de destacar a importância do Porto de Santos nas exportações de café do País, responsável por cerca de 75% do total embarcado anualmente, volume maior do que é produzido em cada um dos principais países concorrentes, como a Indonésia por exemplo. Com mais de 320 inscritos, o principal seminário do setor no País contou com a participação do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que ressaltou a relevância do café para a economia bra- Governador Geraldo Alckmin Presidente Roberto Santini discursando na abertura do evento sileira e paulista, bem como para a saúde e melhora do humor. “Não há saúde sem geração de emprego, renda, riqueza e oportunidade. O café gera tudo isso”, complementa. Alckmin comentou ainda que São Paulo é um dos Estados que tem o maior número de propriedades que produzem cafés sustentáveis, o que gera segurança para o consumidor e para o produtor. Indústrias que apoiam e incentivam a produção sustentável de café Avançando na jornada da sustentabilidade, representantes de grandes indústrias de café do mundo apresentaram as ações que vem sendo desenvolvidas para apoiar e promover a produção de cafés sustentáveis. De acordo com o diretor de desenvol- vimento de fornecimento de produtos da Nestlè, Orlando Garcia, muitos consumidores ainda não sabem a realidade do mundo do café. Diante disso a empresa tem trabalhado estratégias de educação e engajamento dos consumidores, visando a valorização dos cafés produzidos com responsabilidade ambiental e social. Ainda visando criar valores, a Nestlè tem se comprometido com mais de 170 mil cafeicultores em todo o mundo nas compras diretas de café. Para Tim Scharrer, diretor de trading e operações da Starbucks Coffee, a sustentabilidade se trata de uma obrigação, de uma necessidade, do futuro da produção cafeeira. Resultado da valorização da produção de cafés sustentáveis, atualmente mais de 90% do café que a empresa compra é certificado e até 2015 espera-se que 100% dos grãos adquiridos sejam certificados ou verificados. A Starbucks Coffee se preocupa em comprar seus cafés respeitando as pessoas e os locais que os produzem. Para isso criaram um programa de diretrizes que ajudam os cafeicultores a produzir de uma forma que seja melhor para as pessoas e o planeta. O programa se chama Práticas de Equidade na Produção de Café (C.A.F.E., Coffee and Farmer Equity), e segundo Tim Scharrer já é um sucesso. A realidade brasileira Considerada uma questão de educação e sobrevivência, a sustentabilidade já está inserida na cafeicultura brasileira. Contudo, ainda há um grande desafio para implantação da sustentabilidade no campo e para o desenvolvimento do consumo desse tipo de produto. De acordo com coordenadores de programas sustentáveis de empresas e instituições da cadeia, o setor produtivo no País ainda é bastante conservador, o que cria a necessidade de se trabalhar com grande transparência quanto às exigências dos programas de certificação e verificação e seus resultados, para então se ter a fidelização do produtor. Feito isso, acredita-se que o segundo passo é a capacitação e formação de uma equipe para controle de custos e definição de um plano de trabalho, em que a disponibilidade de tempo e pessoas é primordial. Concomitantemente deve ser trabalhada a educação do consumidor. a sustentabilidade da cafeicultura deverá ser comprometida em função dos prejuízos à renda do produtor. Frente à isso, José Braz Matiello, Engenheiro Agrônomo da Fundação Procafé, fez questão de esclarecer os prejuízos às lavouras cafeeiras, bem como quantificar as possíveis perdas para a safra a ser colhida em 2014 e 2015. De acordo com Matiello, as perdas estimadas para a safra 2014 variam de 25 a 37,4% para o café arábica, e de 11 a 12,6% para o café conilon, estimando assim uma colheita de 40 a 43 milhões de sacas em 2014 e para 2015, uma produção de 38,7 a 43,6 milhões de sacas. Orlando Garcia, Nestlé Tim Scharrer, Starbucks Coffee Grandes feitos ao Café do Brasil 9 Durante o evento, Luiz Marcos Suplicy Hafers, conselheiro da Sociedade Rural Brasileira foi homenageado pela sua vida dedicada ao café. Após a homenagem, emocionado e muito grato, Hafers comenta que o café é o centro de sua família e de sua vida há muitos anos. “Café é paixão, paixão que não passa, às vezes é ilusão, outras vezes termina em casamento”, explanou. Prof. José Braz Matiello Sustentabilidade econômica da safra brasileira deve ser afetada pelos efeitos da estiagem Com a estiagem afetando boa parte das regiões produtoras de café no Brasil em 2014, O homenageado, Luiz Hafers, Roberto Santini e Roberto Rodrigues Revista do Café | junho 2014