UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA Por Ana Maria Pinto Alves da Silva Orientador Prof. Ms. Nilson Guedes Freitas Niterói 2005 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para obtenção do grau de especialista no Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino Superior. Por Ana Maria Pinto Alves da Silva Niterói 2005 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, aos professores do Projeto A Vez do Mestre e a todos que direta ou indiretamente contribuíram na elaboração desta monografia. 4 DEDICATÓRIA Dedico ao meu marido Alexandre e a minha filha Natália. 5 Todo ponto de vista é a vista de um ponto Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação. Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita. Leonardo Boff 6 RESUMO Este estudo tem como objetivo analisar não só algumas metodologias usadas no ensino da língua inglesa, como também concepções de professores e alunos sobre a interação entre eles em sala de aula e o papel desta interação no processo ensino / aprendizagem. Tenta-se mostrar também que é preciso resgatar o ensino de língua inglesa nas escolas. Primeiro é necessário reformular o programa de educação de professores no que se refere à aquisição do seu saber, isto é, a aquisição da própria língua inglesa e direcionar essa formação para a visão de ensino com base na realidade atual. Esta pesquisa foi baseada em diversos livros da área de pedagogia e da língua inglesa de autores brasileiros e estrangeiros, como também em publicações periódicas e revistas especializadas. A grande maioria dos autores concorda que o principal objetivo do ensino da língua inglesa é o uso da linguagem para a comunicação. Dentre muitos renomados autores, vale destacar nesta pesquisa: Paulo Freire, Vilson J. Leffa, Hilário I. Bohn, Aleksandar Jovanovic, Sandra Kezen, Vera Lúcia M. O. Paiva e Angus Mcintosh. Palavras chave: ensino; aprendizagem; metodologia; interação. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 1. ENSINO – APRENDIZAGEM DO INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA 10 2. PANORAMA GERAL DOS PRINCIPAIS MÉTODOS UTILIZADOS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA 16 3. INTERATIVIDADE E A DINÂMICA EM SALA DE AULA 22 CONCLUSÃO 31 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 33 ANEXOS 34 ÍNDICE 36 FOLHA DE AVALIAÇÃO 38 8 INTRODUÇÃO Como no Brasil o ensino da língua inglesa é ministrado por professores não nativos, não é de se surpreender que os padrões de qualidade dos resultados obtidos são variáveis e sujeitos à mudança. Um dos problemas mais imediato para um professor de línguas é determinar os métodos e técnicas ideais a aula. Sabe-se que qualquer que seja a técnica de ensino escolhida deve ser de acordo com os conteúdos a serem ministrados. Como são inúmeras essas práticas pedagógicas, a forma de como ocorrem varia muito. É necessário então que o professor leve em conta o tipo de aluno, a idade, os objetivos, interesses e o tempo disponível. Para isso é preciso também ter critério na escolha de atividades e saber aplicar as técnicas de ensino com eficiência. Um outro grande problema é que às vezes, tanto o livro quanto o método já foram designados obrigando o professor a segui-lo. Por isso é de grande valia que o educador tenha em mente que ensinar não é transferir conhecimentos e sim ajudar o educando a reforçar sua capacidade crítica, sua curiosidade e o pensar certo. O processo ensino / aprendizagem é uma questão de qualidade na comunicação entre professor e aluno. Então como fazer crescer essa qualidade? Como professores de língua estrangeira devemos auxiliar os alunos a perceberem que uma comunicação eficaz, seja oral ou escrita, deve decorrer de uma relação pedagógica correta e harmoniosa. É urgente, então, que se reveja não somente o modelo clássico das lições tão usadas ainda em algumas escolas, como também alguns materiais didáticos que ensinam o inglês como estrutura formal, sem fazer relação entre forma e função. Daí a importância de se trazer à tona o conhecimento sobre as metodologias disponíveis para o ensino da língua, para que as aulas se tornem mais produtivas, dinâmicas e atraentes levando o educando a obter o sucesso desejado. 9 Nesta pesquisa são analizadas questões relacionadas com o processo ensino / aprendizagem da língua inglesa, assim como alguns métodos usados e a interação professor / aluno em sala de aula. Toda a pesquisa foi feita através de livros, publicações periódicas e revistas especializadas. No primeiro capítulo o objetivo é descrever o processo ensino / aprendizagem da língua inglesa como conhecimento em que interagem fatores psicológicos e sociológicos, pois sabe-se que aprendizagem é sinônimo de construção, de mudança e de reflexões críticas características próprias do ser humano. Autores como Paulo Freire, Vera Lúcia M. O. Paiva, Sandra Kezen são, dentre outros, destaques na área. O capítulo seguinte é uma análise de alguns métodos tradicionais e modernos destacando suas vantagens e desvantagens, como também o papel dos materiais de ensino, visto que a língua inglesa é aprendida e ensinada de diversas maneiras. Autores como Vilson Leffa, Hilário Bohn e outros são referências. No último segmento, é analisada a importância de atividades bem planejadas e aplicadas em sala de aula visando à interação entre professor / alunos e alunos / alunos, favorecendo uma aprendizagem significativa. Um ambiente propício e agradável é essencial para que haja não somente essa interação, mas também sucesso na aprendizagem. Marlene Grillo, Herbert Puchta dentre outros são autores que muito contribuem nesta área. Este trabalho apresenta algumas diretrizes para o ensino de língua inglesa que podem servir como base para os profissionais da área. Deve-se ter em mente, entretanto, que essas diretrizes não representam receitas dogmáticas. Como afirmava Paulo Freire, o processo de aprendizagem, logo o de docência também, é um processo de constante reconstrução, o que não se faz sem abertura ao risco. 10 1. ENSINO – APRENDIZAGEM DO INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Nosso sistema de ensino fundamental e médio, tanto público quanto particular, não proporciona um bom ensino de língua estrangeira. A escola, em geral, não oferece condições adequadas para que haja um resultado positivo. São vários os aspectos que impedem que o aluno alcance de modo eficiente o aprendizado da língua Inglesa. As condições pessoais, sociais e econômicas do aluno, a proposta metodológica adotada, o tempo disponível para o ensino da língua e o nível de conhecimento de inglês do professor são alguns dos fatores que inviabilizam o ensino. São numerosas as dificuldades práticas. Primeiramente, a escola não acompanha as necessidades dos alunos. O material didático que se concentra apenas em ensinar formas do sistema linguístico não faz nenhuma relação com coisas que fazem parte da realidade do aluno. As aulas, então, costumam ser monótonas, repetitivas e desmotivadoras. Os alunos nem sabem o que fazer com o que estão aprendendo. É preciso entender que o aluno não pode sentir que o que ele aprende na escola não tem relação alguma com a sua realidade, ou que ele seja incapaz de produzir alguma coisa na língua estrangeira. Isso seria frustante. Por isso a importância de o ensino ser baseado e voltado para o mundo do aluno e este deverá encontrar prazer em sua aprendizagem. De acordo com Kezen (2004) a utilização do conhecimento da língua inglesa na vida real torna o aprendizado mais próximo, familiar e eficaz. O aluno se sente mais confiante ao verificar que pode utilizar o idioma em situações do dia a dia. 11 Quanto à proposta metodológica adotada nas escolas, esta também é deficiente e antiquada. A culpa não é do professor mais sim dos responsáveis pela educação em geral. Um fator agravante é a deficiência na formação dos professores de línguas. As universidades se preocupam muito com teorias e métodos e pouco com a realidade que os professores irão encontrar em sala de aula. O professor precisa de um treinamento apropriado, por isso é fundamental que a instituição de formação de professores faça uma reorganização a estrutura inteira de suas finalidades, cursos, métodos e materiais. De acordo com Paiva (1996) revisar os objetivos é um passo muito importante que tem que ser dado, assim como derrubar alguns mitos que permeiam o ensino de línguas estrangeiras nas escolas. Mitos como estes precisam ser atacados: “A língua estrangeira é importante apenas para os alunos que irão para a universidade”. O curso secundário em vez de se preocupar em formar o cidadão, busca objetivamente prepará-lo para o vestibular. Em lugar de se estabelecerem objetivos básicos para a formação do indivíduo e capacitar o aprendiz a utilizar a língua para tarefas orais e escritas simples, que seriam perfeitamente possíveis dentro da escola secundária, pretende-se ensinar apenas a gramática ou a leitura, transformando a aula de língua estrangeira em uma tarefa inútil e desestimulante. “Saber uma língua estrangeira é falar como nativo”. Esse é, talvez, o mito que mais interfere no processo ensino/aprendizagem, pois, geralmente, professores e alunos acreditam que aprender uma língua estrangeira é adquirir a competência semelhante à do nativo. Como tal expectativa é inatingível, ambos sentem-se desmotivados e não se empenham em buscar objetivos possíveis de serem atingidos. “O material didático é o grande responsável pelo insucesso das aulas de línguas estrangeiras”. A maioria dos professores sente-se presa ao 12 material didático, que, normalmente, lhe é imposto pela escola, e não se julga capaz de produzir material próprio. A pressão do material didático é tão forte que cumprir um programa passa a ser sinônimo de esgotar o livro. Além de repensar objetivos e derrubar mitos é preciso também, que a universidade recicle seus profissionais, revise seus currículos dos cursos de licenciatura e dê mais valor a pesquisa como parte de treinamento do professor. 1.1. O Ensino O ensino de língua inglesa propicia ao aluno a oportunidade dele interagir no mundo fazendo-o perceber a grande diversidade cultural que existe e fazendo-o também a entrar em contato com outras civilizações, culturas e as diversas maneiras de se comunicar. Então, o que devemos esperar dos educadores é que eles busquem novas maneiras de ensinar. Mudança é a palavra chave nesta nova abordagem. Livro, televisão, música, jornal, computador e outros meios se integram em uma estratégia que favorece a interdisciplinaridade, a inovação, a criatividade e que valoriza o professor como protagonista essencial da educação. É preciso envolver o aluno nestas novas atividades para que ele sinta contribuindo com o próprio processo ensino-aprendizagem. Muda o professor, mudam os alunos: certamente haverá mais interesse, participação e envolvimento por parte de todos (KEZEN, 2004). Aprender inglês significa desenvolver habilidade funcional. É o que a linguística denomina de “assimilação natural”, ou seja, é reaprender a estruturar o pensamento nas formas de uma nova língua. É importante salientar também que cada educando tem seu rítmo próprio, objetivos diferentes e que é através de situações reais, de interação entre o educando e seu ambiente que ocorre a aprendizagem. Portanto, a língua precisa ser ensinada funcionalmente, permitindo ao aluno generalizações e a reutilização em novos contextos. A aprendizagem bem sucedida da língua estrangeira está então relacionada ao sentido funcional da língua, isto é, o 13 domínio da língua é variável e pode aumentar ou diminuir durante o processo de aprendizagem. Ensinar uma língua implica conjugar dois aspectos essenciais: primeiro, o estudante deve “experimentar” a língua sendo usada de modos significativos, quer na forma falada quer na escrita; em segundo lugar, o aluno deve ter a oportunidade de executar, de ensaiar suas próprias habilidades, de cometer erros e ser corrigido. Estes são a essência do aprendizado do idioma.(MCINTOSH, 1974, p.290). As línguas estrangeiras são aprendidas e ensinadas de diversas maneiras, algumas mais eficazes que outras. Faz parte das finalidades do ensino de línguas incluir as quatro habilidades linguísticas: capacitar o aluno à compreensão da fala, o falar, a leitura e a escrita. O modo e as técnicas pelos quais essas habilidades básicas são transmitidas serão comentados no capítulo 2. Segundo Jovanic (1986) a língua não é um conhecimento estático. A competência linguística não é um conjunto de regras imutáveis no tempo e espaço. Há fatores de natureza psicológica que interferem no conhecimento e no uso linguístico. 1.2. A Aprendizagem A neurociência hoje nos alerta para o fato de que a ênfase na “resposta certa”, exigida em certos métodos tradicionais, fere uma capacidade cerebral humana de não buscar a resposta correta e sim respostas múltiplas e insights criativos. Portanto, transformar o processo de ensino de uma língua na simples apresentação de determinadas regras seguindo um modelo linear, não é exatamente ensinar língua. A língua a ser ensinada e aprendida deve ser vista como instrumento de comunicação contextualizado e não como aprendizagem só da gramática. Além da falta de material adequado e classes numerosas, há outra circunstância difícil para o processo de aprendizagem que é o número 14 reduzido de aulas por semana e o tempo insuficiente dedicado a matéria no currículo. Na tentativa de facilitar a aprendizagem há uma tendência a simplificar os conteúdos como, por exemplo, dar textos pouco significativos e descontextualizados levando o aluno ao desinteresse em relação à língua. Por isso, é fundamental que o professor desenvolva com os alunos trabalhos em torno de temas do interesse deles, possibilite a troca de experiências, aceite os conhecimentos que eles trazem, suas atitudes, opiniões, sentimentos e estimule-os a trabalhar com autonomia. A mediação do professor é vital nesse processo de aprendizagem e esta só é possível na medida em que o aluno percebe nos objetivos de seu aprender alguma vantagem presente ou futura. Na opinião de Kenzen (2004) falar, confrontar, conhecer e ensinar línguas é principalmente para os alunos de escola pública, a oportunidade de intercâmbio cultural e possibilidades de expressão e comunicação para com o mundo. 1.3. Visão de Ensino Segundo Paulo Freire Não se pode deixar de mencionar também um renomado pesquisador na área da educação: Paulo Freire. Segundo ele ensinar exige uma série de saberes indispensáveis a prática docente. Ensinar exige rigorosidade metódica. Para Freire (1996, p.26) “O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educador, sua curiosidade, sua insubmissão.” É primordial que não só os educadores mais também os educandos sejam criadores, instigadores e curiosos. O educador, com sua experiência, deve fazer com que o educando construa e reconstrua o saber, deve também compartilhar seu poder e dar voz ao aluno assim como liberdade e autonomia. Além disso, o educador deve estar sempre disponível ao diálogo. E é através do diálogo e do respeito entre educador e educando que se ensina a pensar certo. A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transferir, depositar, oferecer, doar ao outro, tomado como paciente de seu pensar, a inteligibilidade das coisas, dos fatos, dos conceitos. A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando 15 com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. (FREIRE, 1996, p.38). Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática. Para Freire (1996) pensar criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática. A reflexão crítica não pode estar afastada da prática. Quanto mais o educador se assume e percebe o porque mais ele se torna capaz de mudar. A prática docente crítica é o envolvimento entre o fazer e o pensar sobre o fazer. Ensinar não é transferir conhecimento. Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento. (FREIRE, 1996, p.47). Não existe ensinar sem aprender e vice-versa. Além da importância de pesquisar caminhos e métodos o educador tem que estar disposto a mudanças e a aceitação do diferente. Tem que estar consciente das suas decisões, querer bem aos educandos, ter bom senso, ética, humildade e tolerância. 2. PANORAMA GERAL DOS PRINCIPAIS MÉTODOS UTILIZADOS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA 16 As línguas estrangeiras são aprendidas e ensinadas de múltiplas maneiras, algumas mais eficazes que outras. Por isso, questões como: Qual o melhor método para o ensino do inglês? Quanto tempo se leva para aprender, usando-se bons métodos? Que tipo de material didático deve-se usar? São feitas pela maioria dos professores de línguas. A escolha de técnicas específicas de ensino e do material a ser usado em sala de aula depende da capacidade e experiência do professor. É conhecendo as características de seus alunos e as condições de trabalho que se toma a decisão final. Muitos professores se acham especialistas em um determinado ‘método’ ou ‘técnica’ e esquecem desses e outros fatores fundamentais no processo ensino – aprendizagem. Vale ressaltar, também, que métodos devem ser considerados como meio para uma finalidade específica e não como a própria finalidade. Por isso é importante saber quais são elas. Como já citado anteriormente no capítulo 1, a tarefa primordial do ensino da língua consiste em transmitir o domínio prático das quatro habilidades básicas da linguagem. Só que segundo Paiva (1996) desenvolver as quatro habilidades não significa obter o domínio completo do idioma, mas saber utilizar algumas funções básicas, como por exemplo: cumprimentar, agradecer, pedir e dar informações, escrever pequenas mensagens, etc. É mais simples adquirir essas funções se o trabalho do professor visar à autonomia do aluno. Os principais métodos de ensino ou abordagens serão citados de acordo com a sucessão histórica dos mesmos. 2.1. A abordagem da gramática e de tradução O método gramática – tradução é a descrição formal da língua inglesa no exercício da tradução para a língua portuguesa. Segundo Leffa (1988) essa metodologia é a que tem mais tempo de uso na história do ensino de línguas e a mais criticada também. 17 Todas as informações e explicações são dadas em português. A ênfase está na forma escrita. Quase não se dá importância aos aspectos da pronúncia e da intonação. A gramática ensinada é pedante e arcaica. As principais atividades em sala de aula são a tradução, a repetição de formas gramaticais, a memorização e exercícios massantes que só tornam a aula monótona e cansativa. A parte oral da língua não é levada em conta. A tradução principalmente cobrada dos iniciantes é um exercício que acarreta uma mistura de problemas de gramática. Frases isoladas fora de qualquer contexto linguístico, tornam o processo de tradução destituído de sentido. Dependendo do assunto do texto a versão pode ser mais provável ou menos provável. Além disso, o aluno ainda tem que lidar com o intraduzível, isto é, dependendo da situação a tradução é aceitável ou não. Se o aluno não conhece o contexto o problema é ainda maior, pois requer a escolha de uma resposta entre as muitas igualmente possíveis. De acordo com McIntosh (1974, p. 305) “a tarefa de tradução exige nesse caso um grau de sensibilidade histórica e literária, já não falando do sentimento estilístico do inglês, que poucos alunos possuem.” A tradução está longe de ser um simples exercício como muitos professores ainda pensam. Ela é adequada para o curso universitário como o de Letras, por exemplo, e não para as fases iniciais de quem ainda está adquirindo o conhecimento da língua. 2.2. A abordagem direta ou “método direto” O princípio fundamental desse método é de que se aprende a língua através da língua, ou seja, não se usa o português em sala de aula. A explicação é dada ao aluno através de gestos e gravuras, sem traduzir. A ênfase é na língua oral, mas a escrita também é introduzida no início. É a partir desse método que as quatro habilidades básicas começam a serem usadas. Há exercícios escritos tipo questionários e orais como conversação, 18 compreensão auditiva e pronúncia. Através de pequenos trechos, há também a técnica de repetição e diálogos do dia a dia. O método direto perdeu seu pretígio porque o professor acabava regredindo a metodologia da gramática e tradução, pois ele não conseguia manter ênfase na língua oral devido a sua própria deficiência na fluência oral e na pronúncia. 2.3. Abordagem Audiolingual Esse método dominou o ensino de línguas por muitos anos. Leffa (1988) lista quatro premissas que o sustentavam. Primeira: Língua é fala, não escrita. O aluno devia primeiro ouvir e falar depois ler e escrever, como acontece individualmente na aprendizagem de língua materna. A ênfase era na língua oral. Um recurso audiovisual muito importante era o labora tório de línguas com gravações de falantes nativos. Tanto o laboratório de línguas quanto as técnicas audiovisuais ajudam a tornar o trabalho do professor mais eficiente e recompensador, fazendo com que o interesse no ensino aumente. Porém, esse método é baseado numa visão de ensino mecanicista de estímulo e resposta, centrado na estrutura da língua sem se importar com o significado e a função no uso real. Há também um desgaste por parte do professor, pois é ele quem fala o tempo todo para servir de modelo aos alunos. Segunda: Língua é um conjunto de hábitos. No audiolingualismo não se aprendia errando. Achava-se que quem errava acabava aprendendo os próprios erros. Por isso, havia uma grande preocupação em evitar que os alunos cometessem erros. Terceira: Ensine a língua não sobre a língua. Neste método se aprendia pela prática. O aluno era exposto aos fatos da língua, mas perguntas por parte deles eram desencorajadas. Quarta: As línguas são diferentes. O audiolingualismo comparava os sistemas fonológicos, lexicais, sintáticos e culturais entre as duas línguas para prever os erros dos alunos. O professor detectava as diferenças entre as línguas (português e inglês) e a partir daí preparava as atividades evitando os erros 19 que poderiam ser causados. Muitas objeções foram surgindo contra esse método. A primazia da fala cedeu lugar a uma visão da língua em que a fala e a escrita eram formas paralelas de manifestação. Devido à capacidade do ser humano de gerar frases novas, a língua não podia ser um conjunto de hábitos. O professor não devia só ensinar a língua, mas também sobre a língua. Competência na língua é mais importante que a performance dos indivíduos com todos os erros e hesitações. Finalmente os aspectos universais da língua sobrepujavam de longe as pequenas diferenças entre uma língua e outra. (LEFFA , 1988, p.221). Havia também um outro problema. Os alunos que aprendiam por esse método apresentavam os mesmos erros de alunos de métodos anteriores: Quando na presença de nativos em situações reais de comunicação, esqueciam tudo o que tinham aprendido. Eram muitas as repetições de frases como exercício que as vêzes os alunos nem entendiam por ainda não estarem prontos para usá-las. Quanto aos professores, eles precisavam de um treinamento especial para fazer uso mais eficaz dos cursos audiovisuais, pois não havia esse tipo de treinamento em seu curso profissional. A falta dessa competência sobrecarregava o professor nas aulas. 2.4. Abordagem comunicativa Essa nova abordagem teve uma rápida e forte aceitação nacional e internacional ao ensino comunicativo de línguas. Uma nova visão da língua que antes era analisada como um conjunto de frases, passou a ser vista como um conjunto de eventos comunicativos. Leffa (1988) ressalta que o objetivo não era descrever a forma da língua, mas aquilo que se faz através dela. A ênfase está no aprender a se comunicar através da interação com a própria língua e não na forma linguística. Para isso, são simuladas situações reais de comunicação, como, por exemplo, apresentar pessoas, pedir e dar informações, oferecer e aceitar ajuda, fazer pedidos em restaurantes, hotéis, lojas. Enfim, se envolver com coisas que as pessoas fazem no dia a dia. Por 20 isso, não pode haver respostas previsíveis, certas ou erradas. Erros são tolerados e vistos como um processo natural para desenvolver a comunicação oral. O material didático por ser autêntico é baseado em situações reais do uso da língua e voltado para as necessidades e interesses dos alunos, tornando a aprendizagem mais agradável e os alunos mais motivados. Consequentemente, o aluno tem oportunidade de usar a língua para a realização de funções autênticas que vão do mais simples para o mais complexo de acordo com o seu nível de inglês. O material didático deixa de ser só livros, fitas e vídeos e passa a abranger toda forma de comunicação: jornais, revistas, fotos, propagandas, mapas, contas, catálogos, cartas, etc. É da responsabilidade do professor estabelecer situações que promovam a comunicação durante a aula. Isso faz com que haja uma boa interação entre alunos e professor. Outro fator crucial é que o professor deixa de exercer sua autoridade e passa a ser um facilitador. Ele dá oportunidades ao aluno de expressar suas idéias, opiniões e experiênciais pessoais que são considerados elementos importantes na contribuição da aprendizagem. Mesmo sendo esta a abordagem mais usada atualmente e que segundo especialistas veio para ficar, Leffa (1988) afirma que ela não fecha o último ciclo da história do ensino de línguas. Por isso, uma avaliação da abordagem fica difícil. 2.5. Um breve comentário a respeito do papel dos materiais de ensino no processo de aprendizagem No Brasil, principalmente nas escolas públicas, os recursos usados para o ensino do inglês são limitados. Os professores dependem de livro e um programa para as atividades em sala de aula. Segundo Bohn (1988) essa dependência do professor ao programa varia de acordo com o seu 21 treinamento, objetivos de ensino, tempo disponível, validade dos materiais e recursos disponíveis em sua escola. Porém, observou-se que não só o professor mais também o aluno são dependentes dos materiais utilizados para o processo de aprendizagem. Daí a importância de debater sobre o papel dos materiais de ensino, do professor e do próprio aluno. Antigamente preocupava-se só em “como” ensinar, mais tarde inclinou-se sobre os aspectos aquisicionais da linguagem e centrou-se sobre o aluno. Em seguida, houve um novo interesse no “que” ensinar. Chegou-se a conclusão, então, que os materiais não deviam ser considerados como solução para todos os problemas, como professores mal treinados ou que professores bons não precisam de materiais. Os materiais podem sim ajudar a estabelecer objetivos, a contribuir para a determinação do conteúdo, mas não devem ser os únicos determinantes dos objetivos, nem a única fonte de conteúdo. É importante que os materiais sejam usados de forma que propiciem uma interação entre professor e aluno e aluno com aluno. E que sirvam também de apoio para executar as atividades que gerarão novas tarefas de aprendizagem. Materiais didáticos devem ser o suporte e a inspiração dos atos de aprendizagem, por isso a importância de serem criteriosamente avaliados e questionados pelos professores e alunos. Como a seleção desses materiais de ensino está relacionada com os objetivos específicos do programa, os aspectos positivos e negativos só podem ser explicitados em relação a esses objetivos e 3. INTERATIVIDADE E A DINÂMICA EM SALA DE AULA Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a construção de conhecimento é dada através da interação professores – alunos e alunos – alunos. A visão de que o professor passa seus conhecimentos para os 22 alunos e esses absorvem os conhecimentos do professor sem nenhuma reflexão, é superada pela visão de aprendizagem que é sugerida pelos Parâmetros “o professor é incentivado a refletir sobre sua prática visando à formação de um indivíduo capaz de agir socialmente, ser reflexivo e ser também responsável pelo seu aprendizado.” O professor é o responsável pelo estabelecimento do clima em sala de aula e de situações de ensino favorável a uma aprendizagem significativa. O professor, na aprendizagem significativa, é o responsável por guiar e mediar o processo de construção do conhecimento do aluno. Com a responsabilidade de sua ação e tirando proveito das expectativas em torno de sua atuação, o professor deverá deflagrar o processo de questionamento relacional; discutir com os alunos o contrato didático que estão estabelecendo.(FREITAS, 2000, p.186). Cabe ao professor então, o papel de mediar o conhecimento a ser trabalhado e construído pelo aluno. Seu compromisso fundamental é promover em sala de aula uma interação contínua que contribuirá no processo de aprendizagem. É através da interação que o aluno constrói, modifica, interpreta e enriquece significados. Segundo Grillo (1985) ao privilegiar a bagagem individual e personalizada que o aluno trás para a sala de aula, o professor estará estimulando a autonomia de seu aluno. Outro saber necessário à prática educativa (...), é o que fala do respeito devido à autonomia do ser do educando. Do educando criança, jovem ou adulto. Como educador, devo estar constantemente advertido com relação a este respeito que implica igualmente o que devo ter por mim mesmo (...). O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. (FREIRE, 1996, p.59). O aluno autônomo é capaz de estabelecer e seguir metas, buscar informações para superar alguma dificuldade na aprendizagem e ter postura crítica diante da vida. O professor só será mediador da autonomia de seu aluno se ele provê situações que permitam a interação como ouvi-lo, dar-lhe voz, fazer com que 23 ele seja um aluno pensante, reflexivo e atuante em seu processo de aprendizagem. 3.1. Dimensões da interação A interação professor aluno não se limita só a dimensão social. Há também as dimensões cognitivas e afetiva. As três se fazem presentes na relação humana, isto é, na comunicação e, consequentemente no processo interativo. A afetividade tem um papel fundamental no funcionamento da inteligência, pois determina o interesse e a necessidade individual. A elaboração cognitiva se dá na relação com o outro e esta relação é passada pela afetividade. De acordo com Grillo (1985) os elementos cognitivos da interação aparecem na pergunta do professor e na resposta do aluno. Entre as diversas funções das perguntas, destacam-se as de controle e a de estimulação. Na função de controle a pergunta é utilizada pelo professor com a intenção de verificar se o aluno adquiriu fatos e informações. Mas, se o objetivo de ensino do professor for voltado para reflexão e criatividade, as perguntas servem para desencadear estes processos superiores. Na função estimuladora, a pergunta é um estímulo do processo de aprendizagem assim como um recurso que o professor tem para promover um ensino segundo o nível de complexidade pretendido para o aluno. Toda pergunta do professor tem uma intenção específica: o que pretende do aluno? Que ele compare, analise, reflita? E a maneira como o professor faz a pergunta também é importante. É através dela que se percebe se o professor está usando autoridade, constrangendo ou encorajando seu aluno. Quanto à resposta do aluno, esta é tão importante quanto a pergunta do professor, pois possibilita a identificação efetiva ou o bloqueio na comunicação. 24 Um outro ítem importante é o tratamento que o professor dá a esta resposta. É no tratamento que está o componente afetivo. Conforme a atitude do professor diante da resposta, desde a aceitação e encorajamento, até a ironia ou crítica é que vai inibir ou não o aluno a futuras perguntas. Como se pode constatar, as três dimensões se coexistem em todos os momentos. Por isso, não se pode limitar o estudo da interação em apenas uma dimensão. É com a troca social, a relação afetiva e o intercâmbio cognitivo que se estabelece um clima de sala de aula favorável à aprendizagem. Poderíamos continuar escrevendo e estabelecendo mais e mais razões para mostrar-lhe que para vivermos essa relação professor – aluno em sua plenitude, o essencial nós já possuímos.O acontecer dessa relação não se dará somente com o aporte tecnológico, teorias ou de mágicas mirabolantes. Como homens somos capazes de todos os dias realizar verdadeiros milagres e o maior deles é o milagre do Amor. (FREITAS, 2000, p.232). Enfim, não é possível alcançar com eficiência, uma prática de interação pedagógica professor – aluno, se não houver em sala de aula uma liderança democrática que permita aos alunos se envolverem numa atmosfera de amor, respeito, solidariedade, liberdade de expressão, todos fundamentais para uma aprendizagem significativa. 3.2. Dinâmica em sala de aula Todo bom professor se preocupa não só com a preparação de sua aula, como também se vai ocorrer à participação e o entrosamento entre ele e seus alunos durante a aula. Alguns alunos também entram em sala com expectativas. Se a aula vai ser chata, cansativa, repetitiva e monótona ou não. Para aqueles que não gostam do inglês o desânimo é maior ainda. Sabendo disso, o professor deve planejar suas aulas tornando-as interessantes, motivadoras e até divertidas. Por isso, para facilitar a vida do professor nesse sentido, serão sugeridas algumas atividades práticas, 25 dinâmicas e divertidas voltadas especialmente para o ensino de línguas. Cada atividade tem um propósito específico para atender os diferentes objetivos das aulas. Todas foram copiadas integralmente do livro Cem Aulas Sem Tédio. A primeira dinâmica é exelente para motivação e pode ser usada tanto para o primeiro dia de aula, como mais tarde, para exercitar tópicos gramaticais específicos, ou mesmo ampliar vocabulário. É uma atividade considerada rápida, de integração afetiva e que permite desnível linguístico. 3.2.1. A corrente No caso do primeiro dia de aula, o professor se apresenta, ensinando a maneira mais fácil de alguém fazê-lo na língua estrangeira. Encoraje os alunos a apresentarem-se também, e depois pergunte quem se lembra do nome de um colega. Ensine, então, sempre da forma mais fácil possível, como apresentar uma pessoa do sexo masculino ou feminino. (“Ele é o Carlos”, Aquela/Ela é Patrícia”). Pratique em cadeia: João apresenta Mariza, Mariza apresenta José, José apresenta Carlos, e assim por diante, até que a maioria dos presentes tenha sido apresentado por um colega. Chega à vez, então, de propor um desafio maior. Disponha os alunos em um semi-círculo ou, se a turma tiver mais de vinte pessoas, em duas filas, de forma que os participantes, lado a lado, estejam de frente para os colegas da outra fila. O professor toma o seu lugar à esquerda do primeiro aluno e começa se apresentando. É a vez então do segundo aluno apresentar-se e apresentar o professor. O terceiro apresenta-se, apresenta o professor e o colega a seu lado, e assim sucessivamente, até que o último aluno apresenta todos. 26 É claro que, à medida que o número de nomes aumenta, fica mais difícil e ocorrem muitos erros, mas cabe ao professor descontrair o grupo, “soprando” disfarçadamente (ou nem tanto) quando der um ‘branco” em alguém, e permitindo que os esquecidos “colem”. Ao fim da atividade, além de ter dado boas risadas, os alunos terão aprendido o nome da maioria de seus colegas, o que contribuirá para um entrosamento maior e mais rápido da turma. A segunda dinâmica é perfeita para aula de conversação. É uma atividade de conversação, de leitura, de escrita, de compreensão oral e que exige tempo. 3.2.2.Classificados Com antecedência, prepare cartões de desempregado para metade da turma e, para a outra metade, de empregador precisando de determinado tipo de serviço. Crie situações inusitadas, como um dono de circo que pretende ampliar seu quadro de artistas e de um domador de leões precisando urgentemente de trabalho. Se houver um número ímpar de alunos em aula, imite a realidade distribuindo mais cartões de desempregados do que de pessoas oferecendo emprego. Caso julgue necessário, antes de distribuir os cartões, peça sugestões aos alunos e coloque no quadro quais perguntas que um empregador provavelmente faria a um candidato a emprego e vice versa. As cartelas deverão ter informações básicas sobre o que os empregadores desejam e quais as qualidades dos profissionais buscando uma vaga. Ao distribuí-las, dê um tempo para que os alunos “absorvam” o que está escrito, e instrua-os a fornecerem maiores detalhes durante a conversa com os “interessados”. 27 Faça os alunos levantarem-se para procurar seus futuros empregados ou patrões. (Sempre há aqueles que não gostam, por timidez ou preguiça de saírem de seus lugares. Tente convencê-los, dizendo que isso é “fichinha” perto do que os espera na vida real.) Lembre aos alunos que a conversa deverá se desenrolar naturalmente, sem que ninguém grite para todos na sala o que está escrito no seu cartão. Dê o exemplo de uma situação bastante corriqueira, que é daquela pessoa que diz “Puxa, a minha empregada foi embora e a minha casa está um horror. Por acaso você não sabe de alguém de confiança que queira trabalhar como doméstica?” Quando empregado e empregador se encontrarem, deverão continuar a conversa, fazendo tantas perguntas quanto forem necessárias para certificarem-se de que o vínculo empregatício vai dar certo. Sugestão: Essa atividade pode ser precedida ou seguida da elaboração de anúncios classificados por parte de cada aluno, e da exposição destes anúncios num mural para que empregados e empregadores se encontrem mais facilmente. Pode-se fazer também uma eleição para escolher o anúncio mais eficiente, o mais criativo, o mais engraçado... A dinâmica seguinte é para aulas de redação e vocabulário. É uma atividade de integração afetiva, de leitura, de escrita e que permite desnível linguístico. 3.2.3.Nos conte sobre Você Esta é uma idéia ótima para ser usada em turmas com desnível linguístico, como primeira atividade escrita do semestre ou em aulas particulares, porque dá ao professor uma idéia bastante confiável do nível de proficiência dos alunos, ao mesmo tempo que expõe um pouco os traços de personalidade de cada pessoa no grupo. Basicamente, elaboram-se frases inacabadas no nível linguístico aproximado dos alunos, para que estes as 28 completem com dados VERDADEIROS a respeito de si mesmos. É importante frisar que o conteúdo, nesta atividade, é tão importante quanto a forma. Prepare uma folha com 15 a 20 frases inacabadas. Faça cópias suficientes para todos os alunos. Algumas sugestões de frases: 1) As pessoas geralmente acham que eu...Os meus pais... 2) Quando eu era pequeno... 3) A primeira coisa que eu faço quando acordo é... 4) Eu odeio... 5) Eu adoro... 6) É pena que eu não sei... 7) Daqui a uns vinte anos... 8) A melhor coisa sobre mim é... 9) Eu nunca... 10) Se eu pudesse morar em outro lugar... 11) Um bom aluno é alguém que... 12) A pior coisa sobre mim... 13) Um bom professor é aquele que... 15) Eu morro de medo de... Dê alguns minutos para que os alunos completem as frases. Se possível, tenha dicionários à disposição; caso contrário, ajude aqueles que precisarem de ajuda com vocabulário. Para evitar que alguns alunos terminem muito antes do que os outros e comecem a perturbar, recolha todas as folhas 29 assim que um terço da turma tiver terminado o trabalho. Como este não é um texto com continuidade, não importa se alguns alunos não chegarem até o fim. Durante a correção dos trabalhos, comentários nas margens tornarão a atividade mais personalizada. Se alguém diz que odeia brócolis, por exemplo, escreva algo do tipo “Puxa, quer dizer que não sou só eu? ou “Isso é porque você não provou os brócolis que eu faço!” A quarta e última dinâmica é ideal para as aulas de leitura. É uma atividade em grupo e também de conversação. 3.2.4.Organizando o texto Encontre um texto interessante e adequado ao nível de proficiência dos seus alunos. Recorte-os em parágrafos, cuidando para que nenhum dos trechos fique demasiadamente menor ou maior do que os demais. Junte ou seccione parágrafos, se for o caso. Em aula, forme grupos de modo que o número de componentes em cada grupo seja igual ao número de parágrafos (ou trechos) recortados. Deverá haver cópias suficientes do texto para todos os grupos. Oriente cada componente do grupo a pegar, sem escolher, um segmento do texto e lê-lo silenciosamente, tirando dele as idéias principais. Esta é a hora de consultar dicionários ou pedir a ajuda do professor para elucidar dúvidas, se necessário. No grupo, cada aluno deverá relatar suas informações aos colegas, SEM LER. É decidida, então, que ordem os trechos relatados deverão ter no texto como um todo. Os alunos podem se organizar fisicamente dentro do grupo de modo que o aluno mais à esquerda represente o início do texto e o mais à direita, o final. 30 Os trechos então serão lidos na íntegra mais uma vez, na ordem julgada correta, para uma última conferência, e colados numa folha branca. Se houver disponibilidade de um retroprojetor, mostre o texto original (ou, em último caso, leia-o em voz alta) para que os grupos possam corrigir os seus trabalhos. Estes são apenas alguns exemplos de dinâmicas dentre os vários citados no livro. Cabe ao professor escolher aquela que melhor convem a sua aula. Estas atividades encorajam os alunos a trabalharem e a aprenderem tanto independentemente quanto cooperativamente. Ajuda a criar uma atmosfera de confiança entre eles como também a estimular a auto expressão e a criatividade. CONCLUSÃO Uma das dúvidas mais frequentes dos professores de língua inglesa é saber qual o melhor método e técnicas para serem aplicados em sala de aula. Como visto no capítulo dois, vários métodos que antes eram considerados perfeitos, hoje são severamente criticados. O que não está estabelecido ainda é até que ponto a metodologia aplicada faz a diferença entre o sucesso e o fracasso da aprendizagem. Abordagens pedagógicas que pela experiência do professor deveriam estar em prática tornaram-se para muitos, antagônicas, obsoletas e até erradas. Esquecem que às vezes o que parece funcionar numa determinada situação não funciona em outra e vice - versa. É importante ressaltar, então, que não é só a escolha errada da proposta metodológica que prejudica o ensino. É necessário avaliar uma série de fatores fundamentais antes da escolha do método e material, como por exemplo: as condições sociais e psicológicas dos alunos, a má formação dos professores e a falta do devido valor na função da interação professor – aluno. Fatores menosprezados como estes impedem que os alunos alcancem com eficiência o aprendizado da língua. 31 Aprender inglês não é mais armazenar informações gramaticais ou memorizar frases, vocabulários e expressões de forma mecânica ou repetitiva em contextos fora da realidade do aluno. Hoje, aprender inglês é desenvolver habilidade funcional da língua. É reaprender a estruturar o pensamento na forma dessa nova língua. Competência comunicativa passa a ser o objetivo em vez da construção de conhecimento gramatical. Em momento algum deve-se deixar de levar em conta, que cada aluno se desenvolve de acordo com seu rítmo próprio e a sua realidade passa a fazer parte do contexto em que a comunicação ocorre. Diante disso, é fato que o entusiasmo pela abordagem comunicativa foi imenso na teoria e na prática do ensino de línguas. Esta abordagem como escolha de método para o ensino da língua inglesa, é sim uma técnica eficiente e inteligente para ser empregada em sala de aula, porque cria não só oportunidades para os alunos usarem a linguagem de forma pragmática, centrada em seus interesses como também oferecendo mais liberdade de expressão e promovendo a tão importante função da integração professor – aluno e aluno – aluno. Sem dúvida, a abordagem comunicativa representa uma evolução inteligente em direção a um ensino / aprendizagem mais eficaz por proporcionar assimilação natural através da interação humana. Três sugestões são dadas para uma possível continuidade a esta pesquisa. Primeiro: Política Educacional no Ensino da Língua Inglesa. É uma tarefa complexa e muito importante que envolve inúmeras questões e a participação de professores, linguistas, pesquisadores e autoridades do governo. Segundo: a importãncia do ato de ler, ou melhor, a leitura na aula de língua inglesa integrada com as outras habilidades. A leitura é a maior fonte de exposição ao idioma para nós aqui no Brasil. E por fim, inglês para terceira idade. Visto que esta fase da vida está tão em voga ultimamente e que os nossos idosos estão vivendo mais, porque não acreditar na idéia de aprender inglês como opção de melhoria na qualidade de vida. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, Vanessa e MAGALHÃES, Vivian. Cem Aulas Sem Tédio. Porto Alegre: Instituto Padre Reus, 1998. BOHN, Hilário I. e VANDRESEN, Paulino. Tópicos de Linguística Aplicada. Santa Catarina: UFSC, 1988. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREEMAN, Diane L. Tecniques and Principles in Language Teaching. Oxford University Press, 1986. FREITAS, Nilson G. Pedagogia do Amor. Rio de Janeiro: Wak, 2000. GEBHARD, Jerry G. Teaching English as a Foreign Language. The University Of Michigan Press, 1996. MCINTOSH, Angus e STEVENS, Peter. As Ciências Linguísticas e o Ensino de Línguas. Campinas: Vozes, 1974. PUCHA, Herbert e SCHRATZ, Michael. Teaching Teenagers. Longman, 1999. http://www.fdc.br/lingua_estrangeira.htm. O Ensino de Língua Estrangeira no Brasil. Sandra Kezen. Paiva, Vera Lúcia Menezes de Oliveira. Integração política econômica do final do milênio e o ensino de línguas estrangeiras no 1˚ e 2˚ graus. Boletim da ABRALIN, v.18, p.36-46, 1996. Revista Faculdade Educação, Porto Alegre, ano VIII, n˚9, 1985, p.47-54. 33 Marlene Grillo. O Professor e sua Influência na Dinâmica da Interação. Revista Faculdade Educação, São Paulo, Janeiro/dezembro 1986, p.145156. Aleksandar Jovanovic. Ensino de línguas e o papel da gramática. ANEXOS 34 35 ÍNDICE CAPA 01 FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 EPÍGRAFE 05 RESUMO 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 1.ENSINO- APRENDIZAGEM DO INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA 10 1.1.O Ensino 12 1.2. A Aprendizagem 13 1.3. Visão de Ensino Segundo Paulo Freire 14 2.PANORAMA GERAL DOS PRINCIPAIS MÉTODOS UTILIZADOS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA 16 2.1. A Abordagem da Gramática e de Tradução 16 2.2. A Abordagem Direta ou “método direto” 17 2.3.Abordagem Audiolingual 18 2.4. Abordagem Comunicativa 19 2.5. Um Breve Comentário A Respeito Do Papel Dos Materiais de Ensino No Processo De Aprendizagem 21 3. INTERATIVIDADE E A DINÂMICA EM SALA DE AULA 22 3.1. Dimensões da Interação 23 3.2.Dinâmica Em Sala de Aula 36 24 3.2.1. A corrente 25 3.2.2. Classificados 26 3.2.3. Nos conte sobre você 28 3.2.4. Organizando o texto 29 CONCLUSÃO 31 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 33 ANEXOS 34 ÍNDICE 36 FOLHA DE AVALIAÇÃO 38 37 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA Por Ana Maria Pinto Alves da Silva Data da entrega: 27 de janeiro de 2005 Orientador: Nilson Guedes Freitas 38 Avaliado por: Conceito: