UTILIZAÇÃO DE MÚLTIPLOS MEDICAMENTOS EM IDOSOS
CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA
Thais da Silva Pires (PIBIC-UNICENTRO), Layla Batista Chami
(PAIC/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA-UNICENTRO) Iria Barbara de Oliveira
(PAIC/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA-UNICENTRO) Evani Marques Pereira
(Orientadora), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste, Setor de Ciências da Saúde.
Departamento de Enfermagem, Guarapuava - Paraná.
Palavras-chave: enfermagem, envelhecimento, medicação.
Resumo
O objetivo é discutir a plurimedicação dos idosos em dois bairros de
Guarapuava. Metodologia: quantitativo e amostra composta por 85 idosos
cadastrados no Hiperdia. Os resultados mostraram o elevado número de
idosos que utilizam mais de um medicamento e dentre os agravos que mais
contribuem para esse uso, são os problemas relacionados aos sistemas
Cardiovascular, Renal, Gastrointestinal e Endócrino.
Introdução
O aumento de prevalência de doenças crônicas não transmissíveis para
Simões & Marques (2005), favorece a população idosa ao uso de diversos
medicamentos, esse grupo é o mais medicalizado na sociedade, pois o
consumo de medicamentos pelos idosos vem crescendo da mesma maneira
que o número de indivíduos dessa faixa etária.
Nas prescrições dos idosos é habitual encontrar “dosagens e
indicações inadequadas, interações medicamentosas, associações e
redundância, uso de fármacos pertencentes a uma mesma classe
terapêutica e fármacos sem valor terapêutico.” Simões & Marques (2005, p.
2).
Conforme Rozenfeld (2003) além da idade, sexo, e fator
socioeconômico, têm sido identificados outros fatores predisponentes para o
uso de medicamentos.
Segundo Marin et al (2010), embora alguns medicamentos serem
necessários em certas ocasiões, quando mal utilizados podem desencadear
sérias complicações. As consequências que estão mais diretamente
relacionadas podem ser reações adversas a medicamentos bem como as
interações medicamentosas (SECOLI, 2010).
Há também o acesso limitado por dificuldades na compra de
produtos, e mesmo aqueles sem dificuldades de aquisição nem sempre são
adequadamente tratados, pois há distorções nos campos da fabricação, da
prescrição e do uso. Outra preocupação é que o uso simultâneo de múltiplos
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medicamentos pode levar o paciente a fazer o tratamento de maneira
incorreta (ROZENFELD, 2003).
Conforme o mesmo autor opt. cit. (2003, p. 4) as divisões adversas da
plurimedicação “favorecem sinergismos e antagonismos não desejados,
descumprimento das prescrições dos produtos clinicamente essenciais e
gastos excedentes com os de uso supérfluo”.
Por isso, os idosos são mais vulneráveis ao uso concomitante de
medicamentos, o que explica maior preocupação com essa população.
(BUENO et al, 2009).
Assim, o processo de acompanhamento da farmacoterapia do idoso,
segundo Flores & Benvegnú (2008, p. 6), torna-se fundamental para a
promoção do uso racional de medicamentos, “para contribuir no processo
educativo dos usuários acerca da automedicação, da interrupção e da troca
do tratamento prescrito, bem como a necessidade da receita médica”.
O presente estudo propõe identificar os idosos que utilizam grande
quantidade de medicações de maneira contínua.
Material e Métodos
Trata-se de um estudo de caráter quantitativo, realizado na cidade de
Guarapuava – Paraná, nas unidades de PSF (Programa de Saúde da
Família) dos bairros Bonsucesso e Pinheiros.
Sendo executado com o programa Hiperdia, foi realizado nos idosos
dos dois bairros.
Os idosos do bairro Pinheiros totalizam 110 cadastrados no programa
Hiperdia, utilizado a fórmula de estática para o cálculo do N amostral, sendo
o resultado de 52 idosos. No entanto foram entrevistados 42 idosos, pois
houve a perda amostral de 28 idosos, dos quais 25 idosos não foram
encontrados, 01 havia mudado do bairro, 1 havia menos de 60 anos e houve
1 recusa.
Nos idosos do bairro Bonsucesso, o total de participantes do
programa hiperdia foi de 353, no qual foi usado a formula de estática para o
cálculo do N amostral, totalizando 78 idosos. Foram entrevistados 43 idosos,
no entanto houve perda amostral de 35, dos quais, 14 não foram
encontrados. Houve neste bairro 01 falecimento e 20 idosos não
apresentaram doenças crônicas, apesar de estarem inscritos no programa
Hiperdia, e uma recusa.
Os dados foram analisados e tabulados através do programa Excel.
Os medicamentos foram classificados de acordo com Rang et. al.(2001). O
trabalho foi aprovado pela comissão de ética e pesquisa/Universidade
Estadual do centro-oeste do Paraná, sob o oficio nº 172/2009.
Os dados são apresentados na forma de tabelas, em freqüência
percentual simples, seguida de análise descritiva.
Resultados e Discussão
Do total de idosos do bairro Pinheiros 42 responderam o questionário.
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Através da tabela 1, na qual analisa o tipo de medicamento utilizado pelos
idosos, percebemos que 24 (57,14%) deles utilizam medicamento para o
sistema cardíaco e 13 (30,95%) para o sistema vascular. Para medicações
dos sistemas renal e gastrointestinal 15 (35,7%) e 11 (26,19) idosos utilizam,
respectivamente. O número de idosos que consome medicamento para o
sistema endócrino é de 10 (23,8%) e para o sistema respiratório é de 09
(21,42%). Medicações para o metabolismo ósseo são utilizadas por 03
(7,14%) idosos e o mesmo número também faz uso de antiinflamatório.
Apenas 09 (21,42%) idosos consomem medicamentos para o Sistema
Nervoso Central.
Analisando a dosagem das medicações na Tabela 2, observamos
ainda no Bairro Pinheiros, que a maior porcentagem é de idosos que utilizam
medicamentos com dose de 21 a 30mg, são 21 (55,81%) dos entrevistados.
Dos que usam medicamento com dose de 6 a 10mg são apenas 09
(21,42%).
Nota-se que o número total apresentado nas Tabelas 1,2,3 e 4 não
correspondem ao número total de entrevistados, pelo fato da maioria dos
idosos utilizarem mais de uma medicação de maneira contínua.
A quantidade de medicamentos é representada pela Tabela 3. No
Bairro Pinheiros a maior porcentagem corresponde a idosos que utilizam de
3 a 6 medicações, são 25 (59,52%) dos entrevistados. E apenas 01 (2,38%)
idoso usa mais que 10 medicações.
No Bairro Bonsucesso, 43 idosos responderam o questionário. Na
Tabela 4 observamos que 35 (81,39%) utilizam medicamento para o sistema
vascular e 25 (58,13%) consumem para o sistema cardíaco. Para
medicações dos sistemas renal e gastrointestinal 16 (37,20%) e 09 (20,93%)
idosos utilizam, respectivamente. O número de idosos que usam
medicamento para o sistema endócrino é de 08 (18,60%) e para o sistema
respiratório é de 04 (9,30%). Medicações para o metabolismo ósseo são
utilizadas por 06 (13,95%) idosos e 14 (32,55%) utilizam para o Sistema
Nervoso Central.
Analisando as doses das medicações na Tabela 5, observamos ainda
no Bairro Bonsucesso, que 24 (55,81%) dos idosos utilizam medicação com
dose maior que 50mg e apenas 09 (20,93%) usam medicações de 6 a 10mg.
A quantidade de medicamentos representada pela Tabela 6 mostra
que no Bairro Bonsucesso a maior porcentagem corresponde a idosos que
utilizam de 3 a 6 medicações, são 27 (62,79%) dos entrevistados. E apenas
01 (2,38%) idoso consome mais que 10 medicações.
Ao comparar os dados dos dois Bairros e destacando a
plurimedicação, a qual é o foco do estudo, pode-se concluir que em ambos
os Bairros a maioria dos idosos utilizam de 3 a 6 medicações, 27 (62,79%)
do Bonsucesso e 25 (59,52%) do Pinheiros. Em relação à dosagem,
observa-se que a porcentagem maior do Bairro Bonsucesso corresponde
aos idosos que usam medicamento com dose maior que 50mg (55,81%). Já
no Bairro Pinheiros a maioria dos idosos consomem medicações com dose
de 21 a 30mg (55,81%).
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Conclusões
Os resultados deste estudo evidenciaram que a plurimedicação está
presente nos idosos cadastrados no Hiperdia de ambos os Bairros. Também
concluímos que entre os agravos que mais contribuem para o uso de
múltiplos medicamentos desses idosos, podem-se destacar os problemas
relacionados aos sistemas Cardiovascular, Renal, Gastrointestinal e
Endócrino.
O estudo conseguiu alcançar seu objetivo, demonstrando o elevado
número de idosos que utilizam mais de um medicamento. Contudo, novos
estudos são necessários para podermos compreender toda a complexidade
do tema.
Para tornar uma terapia medicamentosa eficiente e eficaz é preciso
um trabalho multidisciplinar, pois com a ajuda de todos os profissionais será
possível garantir ao idoso a segurança na utilização de medicamentos e a
diminuição de agravos à saúde do mesmo.
Agradecimentos
Agradeço à Universidade Estadual do Cento-Oeste pelo recebimento da
bolsa do projeto de iniciação Científica. À minha orientadora pelo
conhecimento repassado, às acadêmicas Layla, Iria e Sara, que foram
essenciais na pesquisa e aos idosos que participaram.
Referências:
Simões, M.J.S.; Marques, A.C. (Consumo de medicamentos por idosos
segundo prescrição médica em Jaú-SP). Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl.,
2005, v. 26, n.2, p. 139-144.
Flores, V.B; Benvegn, L.A. (Perfil de utilização de medicamentos em idosos
da zona urbana de Santa Rosa, Rio Grande do Sul, Brasil). Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, 2008, 24(6):1439-1446.
Bueno, C.S. et al. (Utilização de medicamentos e risco de interações
medicamentosas em idosos atendidos pelo Programa de Atenção ao Idoso
da Unijuí). Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2009, 30(3):331-338.
Rozenfeld, S. (Prevalência, fatores associados e mal uso de medicamentos
entre os idosos: uma revisão). Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, mai-jun,
2003,19(3):717-724.
Marin, M.J.S. et al. (Diagnósticos de enfermagem de idosos que utilizam
múltiplos medicamentos). Rev. Esc. Enferm USP 2010, 44(1): 47-52.
Secoli, S.R. (Polifarmácia: interações e reações adversas no uso de
medicamentos por idosos). Rev Bras Enferm, Brasília 2010, 63(1): 136-40.
Rang, H.P.; Dale M.M.; Ritter J.M (Farmacologia) Ed: Guanabara Koogan
S.A. (ed.4) Rio de Janeiro, 2001.
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