Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Lato Sensu em Gestão da Assistência Farmacêutica no SUS
Trabalho de Conclusão de Curso
ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA A USUÁRIOS COM HEPATITE
VIRAL C, ATENDIDOS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO
DISTRITO FEDERAL-BRASIL
Autor: Rachel Helen Borges da Silva
Orientador: Prof. Dr. Carlos Cezar Flores Vidotti
Brasília - DF
2010
RACHEL HELEN BORGES DA SILVA BITAR
ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA A USUÁRIOS COM HEPATITE VIRAL C,
ATENDIDOS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO DISTRITO FEDERALBRASIL
Artigo apresentado ao Programa de PósGraduação Latu Sensu em Gestão da
Assistência Farmacêutica no SUS da
Universidade Católica de Brasília, como
requisito parcial para a obtenção do certificado
de Especialista em Gestão da Assistência
Farmacêutica.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Cezar Flores
Vidotti
Brasília
2010
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais pelo carinho e estímulo pela educação constante;
Ao meu querido marido Paulo Eduardo Júnior pela força, dedicação e compreensão;
Às farmacêuticas Sandra de Oliveira e Liana Holanda pelo apoio e pela sua contribuição no
levantamento dos dados;
Ao farmacêutico Fábio Siqueira pelas orientações nas análises estatísticas dos dados;
Ao professor Dr. Carlos Cezar Flores Vidotti pelas suas orientações;
A todos que direta e indiretamente me ajudaram na elaboração deste trabalho.
3
ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA A USUÁRIOS COM HEPATITE VIRAL C,
ATENDIDOS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO DISTRITO FEDERALBRASIL
RACHEL HELEN BORGES DA SILVA BITAR
Resumo:
A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV), pela sua alta prevalência e por seus custos de
tratamento, exigem políticas públicas específicas no Sistema Único de Saúde (SUS). Além
disso, os pacientes infectados com HCV e tratados com interferona peguilada, ribavirina e
interferona convencional desenvolvem uma série de alterações laboratoriais e reações
adversas que exigem um maior controle dos mesmos. O alto valor de mercado destes
fármacos provoca grande impacto financeiro do tratamento do HCV para o SUS. O objetivo é
verificar os resultados terapêuticos dos pacientes com hepatite viral C atendidos na SES/DF,
levantar os custos de tratamento e analisar o papel da orientação farmacêutica na hepatite C.
Foi realizado um estudo transversal retrospectivo na SES/DF, no período de janeiro de 2008 a
fevereiro de 2009, dos usuários com HCV cadastrados e que obtiveram tratamento. Foi feito
também um levantamento bibliográfico do período de janeiro/2004 a janeiro/2010, para o
conhecimento do papel da orientação farmacêutica com a hepatite C. Obteve-se a informação
que 126 usuários portadores do HCV foram cadastrados e autorizados para tratamento na
SES/DF. Deste total, 75 concluíram o tratamento, 43 (34,1%) desistiram, dentre outros
desfechos. O número de usuários desistentes é elevado, e as causas das desistências são
desconhecidas, mas infere-se que seja devido aos efeitos adversos ao tratamento. Estes
poderiam ser minimizados por meio do correto acompanhamento dos pacientes, visando
melhor adesão ao tratamento, visto que o abandono reflete em maior gasto do sistema público
neste tratamento Sugere-se a implantação do serviço de orientação farmacêutica a estes
pacientes, o que poderá assegurar melhor adesão dos pacientes com HCV ao tratamento
preconizado pelo SUS, visando eficácia terapêutica, bem como redução dos gastos no sistema
público de saúde.
Palavras-chaves: hepatite C, terapêutica medicamentosa, custos de tratamento, abandono,
orientação farmacêutica, assistência farmacêutica
1-
INTRODUÇÃO
A hepatite viral C é uma doença com alta prevalência, atinge cerca de 180 milhões de
pessoas no mundo, e progride para a cronicidade na maioria dos pacientes. Sua magnitude,
diversidade virológica, formas de transmissão, evolução clínica, além da sua complexidade
diagnóstica e terapêutica demanda por parte dos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS),
políticas específicas no campo da saúde pública (Portaria MS nº 34, anexo I).
Os problemas de acesso aos fármacos em nível ambulatorial, pela indisponibilidade,
pela falta de qualidade ou pelo uso irracional, oneram ainda mais o sistema de saúde ao
“acarretar internações desnecessárias pelo agravamento de quadros clínicos contornáveis com
o tratamento ambulatorial”(VELÁSQUEZ in: BERMUDEZ & BONFIM, 1999: 9-13).
Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C (PCDTHCV), um inquérito populacional que está sendo realizado pelo Ministério da Saúde (MS),
4
em parceria com a Universidade de Pernambuco e a Organização Pan-americana de Saúde
(OPAS) obteve como resultados iniciais que entre 0,94 a 1,89% da população brasileira na
faixa etária entre 10 a 69 anos possui o anticorpo anti-HVC. Pode-se inferir deste resultado
que a imunização da população brasileira contra o vírus da hepatite C é muito baixa, portanto
o risco de contaminação é alto.
A hepatite C possui como agente etiológico um vírus hepatotrópico do tipo C chamado
HCV, pertencente à família Flaviviridae e genoma RNA. Sua transmissão ocorre pelas vias
parenteral, percutânea, vertical, sexual. Seu período de incubação varia entre 15 à 150 dias,
com média em 50 dias e o período de transmissibilidade inicia uma semana antes do início
dos sintomas, mantendo-se enquanto o paciente apresentar HCV-RNA detectável.
Ressalta-se que sua transmissão ocorre principalmente pela via parenteral, através de
sangue contaminado, e está comumente associada com: abuso de drogas intravenosas,
procedimentos invasivos, transfusões sanguíneas, acupuntura, tatuagens, uso de álcool e
tabaco, bem como relações sexuais desprotegidas (FELIPE; MEIRA, 2009).
O HCV pode ser classificado em 6 tipos de genótipos (G1, G2, G3, G4, G5 e G6), no
qual o G1 é o mais comum e também o mais grave, em 5 tipos ou graus de fibrose
(obedecendo a classificação Metavir, F0, F1, F2, F3, F4 e F5) sendo que igual ou acima de F2
é considerada moderada a intensa, e em cindo atividades necro-inflamatórias (obedecendo a
classificação Metavir, A0, A1, A2, A3, A4 e A5) e com valor igual ou acima de A2 também é
considerada moderada a intensa.
A presença de fibrose, cirrose e a identificação do genótipo são fatores relevantes na
determinação e duração do tratamento que no geral está previsto para 48 semanas (genótipos
1 e 4) ou 24 semanas (genótipos 2 e 3), conforme prevê o PCDT-HCV - Portaria MS n° 34 de
28 de setembro de 2007.
Ainda podem acontecer co-infecções com HIV/HCV, dificultando desta forma o
tratamento de ambos, devido principalmente ao potencial hepatotóxico dos antiretrovirias
usados no tratamento do HIV, bem como os efeitos adversos e as interações entre as drogas
usadas nas duas patologias (OGBUOKIRI, 2005).
Em Varaldo (2003, cap. 5) estão descritos vários fatores que podem inferir na
progressão da doença, conforme exposto na integra, abaixo.
“Entre os fatores do meio ambiente e do estilo de vida do portador que influem no curso e na
progressão e que são atualmente apresentados e discutidos nos congressos, podem ser citados
os seguintes (os termos são leigos para facilitar a compreensão do portador e não podem servir
como referência médica): tempo de contaminação - um tempo maior pode resultar em uma
maior proporção na progressão; idade da pessoa ao ser infectada - pessoas infectadas após os
50 anos de idade podem ter uma enfermidade mais ativa, de progressão mais rápida; sexo do
portador - as mulheres podem desenvolver uma progressão menos ativa que os homens; cor
de pele do portador - pessoas de pele escura parecem desenvolver uma forma mais ativa da
doença que as pessoas brancas; raça do portador - as raças anglo-saxônicas parecem
desenvolver uma forma mais ativa da doença que as raças latinas; forma de contágio - os
contaminados por transfusão parecem ter uma progressão mais rápida; carga excessiva de
ferro - é verificada uma maior progressão da hepatite C em portadores com altos níveis de
ferro no fígado; ingestão de bebidas alcoólicas - aumenta consideravelmente a progressão da
doença; co-infecção com hepatite B - não aumenta a progressão para a cirrose, porém
aumenta o risco de desenvolver câncer no fígado; co-infecção com o HIV (AIDS) - aumenta a
progressão para a cirrose e, nestes casos, verifica-se uma proporção mais alta de cirrose;
fumantes - é possível que exista um risco maior, neste grupo, para desenvolver câncer no
fígado; influência da imunossupressão - os esteróides não parecem tornar a hepatite C mais
ativa; influência da hemofilia - alguns estudos (limitados) fazem pensar em uma menor
incidência de fibroses nos portadores hemofílicos.”
O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica estabelece normas para o
tratamento e financiamento de determinadas patologias crônicas cujas linhas de cuidado estão
definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados pelo Ministério da
5
Saúde como estratégia de acesso a fármacos no âmbito do Sistema Único de Saúde, segundo a
Portaria nº GM/MS Nº 2981, de 30 de novembro de 2009 que, substituiu a Portaria GM/2009
nº 2577/2006 do Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional.
Esses Protocolos têm o objetivo de estabelecer os critérios de diagnóstico de doenças
crônicas, o tratamento preconizado com os fármacos disponíveis nas respectivas doses
corretas, além de estabelecer a monitorização do tratamento, racionalizando assim a
prescrição e o fornecimento dos fármacos.
Para o tratamento da hepatite C, seguindo o PCDT-HCV, são necessários: uma
aplicação semanal do fármaco interferona peguilada ou ainda 3 aplicações semanais do
interferona convencional e o uso oral diário do fármaco ribavirina, durante 24 ou 48 semanas
consecutivas. Com objetivo primário da supressão sustentada da replicação viral, que deve
acontecer preferencialmente até a 12ª semana de tratamento.
O uso da interferona peguilada, convencional e ribavirina traz uma série de alterações
laboratoriais e reações adversas que necessitam de uma monitorização mais rigorosa dos
pacientes a fim de aumentar a adesão ao tratamento.
Dentre as reações adversas mais comuns estão a depressão, astenia e sintomas gripais
para as interferonas e anemia hemolítica para a ribavirna. E estas são reponsáveis pela
descontinuação do tratamento em aproximadamente 30% dos pacientes (OGBUOKIRI, 2005;
WALTERS-SMITH e MARSHALL, 2009).
No termo de responsabilidade do PCDT-HCV, assinado pelo médico e paciente,
acercas dos riscos do tratamento com interferona mais ribavirina estão descritos como reações
adversas nos itens 6 e 7:
“Os principais efeitos adversos relatados para a interferona alfa e interferona peguilada são dor
de cabeça, fadiga, depressão, ansiedade, irritabilidade, insônia, febre, tontura, dor torácica
dificuldade de concentração, dor, perda de cabelo, coceiras, secura na pele, borramento da
visão, alteração no paladar gosto metálico na boca, estomatite, náuseas, perda de apetite,
diarréia, dor abdominal, perda de peso, dor muscular, infecções virais, reações alérgicas de
pele, hipertireoidismo e hipotireoidismo, vômitos, indigestão, diminuição das células do
sangue (plaquetas, neutrófilos, hemácias), tosse, faringite, sinusite. Os efeitos adversos menos
freqüentes incluem comportamento agressivo, aumento da atividade de doenças auto-imunes,
infarto do miocárdio, pneumonia, arritmias, isquemias;”
“Os principais efeitos adversos relatados para ribavirina incluem cansaço, fadiga, dor de
cabeça, insônia, náuseas, perda de apetite, anemia. Os efeitos adversos menos freqüentes são:
dificuldade na respiração, conjuntivite, pressão baixa, alergias de pele, rinite, faringite,
lacrimejamento;”
O alto valor de mercado da interferona peguilada, bem como da interferona
convencional e da ribavirina, atrelados a duração do tratamento, traz um grande impacto
financeiro deste tratamento no SUS. Somente com fármacos o MS gasta em média com cada
usuário R$20.000,00 por tratamento com interferona peguilada e ribavirina. Portanto, o
abandono do tratamento, a utilização inadequada ou desperdício da ampola ou das cápsulas
por parte dos pacientes representam perdas que precisam ser evitadas.
No artigo de Amaral; Reis; Picon (2006) refletiu-se sobre a criação de serviços de
acompanhamento farmacêutico de pacientes com hepatite C, no qual foi constatado que a
melhora destes usuários é inquestinável e que o serviço gera acolhimento e educação dos
pacientes contribuindo para a melhora da adesão e consequente resposta ao tratamento.
Assegurar a adesão dos pacientes com hepatite C ao programa de tratamento previsto
no PCDT-HCV é importante para melhorar a resolutibilidade no tratamento, bem como
redução dos gastos no sistema público de saúde.
No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde não disponibiliza até o presente momento o
serviço de orientação farmacêutica aos usuários em pauta.
6
2-
OBJETIVOS
2.1- OBJETIVO GERAL
Verificar os resultados terapêuticos dos pacientes com hepatite viral C atendidos pelo
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica na SES/DF e levantar os custos de
tratamento, analisando o papel da orientação farmacêutica nestes parâmetros.
2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1
Fazer levantamento de dados dos pacientes com hepatite viral C tratados no Distrito
Federal, nos anos de 2008 e 2009, incluindo dados da doença e do tratamento
medicamentoso.
2
Fazer levantamento dos custos dos fármacos da hepatite viral C, nos anos de 2008 e
2009, no Distrito Federal;
3
Fazer levantamento dos custos dos fármacos da hepatite viral C, nos anos de 2008 e
2009, no Distrito Federal, para o tratamento de pacientes que solicitaram retratamento;
4
Analisar o papel da orientação farmacêutica no cuidado ao paciente com hepatite C por
meio de levantamento bibliográfico, nos últimos cinco anos, identificando elementos
requeridos para programa com vistas à melhoria da terapêutica medicamentosa e à
redução de custos.
3-
MATERIAIS E MÉTODOS
Conforme, Gil (1999, p. 160), “as fontes de “papel” muitas vezes são capazes de
proporcionar ao pesquisador dados suficientemente ricos para evitar perda de tempo com
levantamentos de campo, sem contar que em muitos casos só se torna possível a investigação
social a partir de documentos.”
Segundo o mesmo autor, “muitos dados importantes na pesquisa social provêm de
fontes de “papel”: arquivos históricos, registros estatísticos, diários, biografias, jornais,
revistas e etc”, mas lembra, como limitação, que pode haver divergência entre o registro e a
situação real.
Diante do exposto, foi realizado um levantamento de dados secundário, quantitativo,
no sistema informatizado do serviço do Componente Especializado da Assistência
Farmacêutica da SES/DF, dos usuários com HCV, com classificação do CID-10: B18.2, que
solicitaram e foram autorizados para tratamento, desde janeiro de 2008 até fevereiro de 2009.
Verificou-se a continuidade destes usuários até março de 2010, visto que o período de
tratamento preconizado pelo PCDT-HCV, é de 24 semanas para a interferona convencional e
de 48 semanas para a interferona peguilada.
Aplicou-se desta forma um estudo transversal em que foram levantados os seguintes
dados:
1. Para todos os selecionados:
Conclusão do tratamento: completou, suspendeu por orientação médica ou desistiu;
Sexo: masculino ou feminino;
Peso médio dos pacientes;
Altura média dos pacientes;
7
-
Qual o tipo da interferona escolhida para tratamento;
Classificação da hepatite: grau de fibrose, genótipo, inflamação e se existe cirrose;
Existência de co-infecção HIV/HCV.
Condição do tratamento: primeira vez ou retratamento
Os custos dos fármacos que o MS forneceu cobertura financeira pela aquisição
centralizada e abastecimento das Secretarias Estaduais de Saúde ou pelo repasse financeiro
definido em portaria específica vigente, foram calculados através de informações repassadas
por meio de contato eletrônico, pela Coordenação do Componente Especializado da
Assistência Farmacêutica do MS.
E os custos com os fármacos adquiridos para pacientes pela SES/DF, devido estarem
fora dos critérios de inclusão do PCDT-HCV, necessário para a concessão da cobertura
financeira do MS, foram obtidos pelo registro das compras empenhadas e registradas no
sistema de materiais da SES/DF nos anos de 2008 e 2009.
Para o conhecimento do papel da orientação farmacêutica aos pacientes com HCV em
tratamento medicamentoso, foi realizado levantamento bibliográfico que utilizou a técnica de
pesquisa documental indireta, como descreve Markoni e Lakatos (1999, p 64, 65, 73) no
período de cinco anos, de janeiro de 2004 a janeiro de 2010, em humanos, nas seguintes bases
de dados Medline/Pubmed e Bireme, por meio das seguintes palavras-chave: hepatite C,
pharmaceutical care, hepatitis C, assistência farmacêutica.
No Medline/Pubmed, foi utilizada a estratégia: "pharmaceutical services"[MeSH
Terms] OR ("pharmaceutical"[All Fields] AND "services"[All Fields]) OR "pharmaceutical
services"[All Fields] OR ("pharmaceutical"[All Fields] AND "care"[All Fields]) OR
"pharmaceutical care"[All Fields]) AND ("hepatitis c"[MeSH Terms] OR "hepatitis c"[All
Fields] OR "hepacivirus"[MeSH Terms] OR "hepacivirus"[All Fields].
Na base bireme.org, foi utilizada a estratégia de busca com as terminologias do DeCS
(descritores em saúde): HEPATITIS C AND PHARMACEUTICAL CARE.
Foram selecionados todos os artigos que envolviam o tratamento da hepatite C, com o
acompanhamento do profissional farmacêutico, em atendimento ambulatorial, independente
do desfecho.
As análises estatísticas e manuseamento de dados, geração de gráficos e Tabelas foram
realizados através do programa estatístico Statistical Package for Social Science (SPSS),
versão 16, obtido na Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPCS).
A pesquisa utilizou dados secundários e, por isso, não foi submetida a um Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP). Conforme determina a Resolução nº196/1996, do Conselho
Nacional de Saúde, pesquisas com seres humanos devem ser submetidas a um CEP.
4-
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Levantamento de dados dos pacientes com hepatite viral C tratados no Distrito Federal, nos
anos de 2008 e 2009.
No período de estudo, nos meses de janeiro de 2008 a fevereiro de 2009, 126 usuários
portadores do HCV foram cadastrados e autorizados para tratamento na SES/DF1.
Em relação ao sexo da população estudada 83 (65,9%) são do sexo masculino e 43
(34,1%) do sexo feminino, como mostra a Tabela 1. Em seqüência a Tabela 2 destaca que na
1
Todos esses usuários neste período solicitam o tratamento e foram autorizados após parecer favorável de
avaliadores da área técnica para receberem os fármacos, seja pela primeira vez ou pela segunda vez, também
chamada de retratamento
8
correlação, altura, peso e idade, identificou-se que as médias obtidas foram, 168 cm, 71 kg e
50 anos, respectivamente.
No artigo de Mariño et al (2009), realizado com usuários europeus, também foi
observado um percentual elevado de usuários do sexo masculino (68%). A maior prevalência
de infecção em homens parece ocorrer independente do continente e da cultura. Estudos
realizados em outros países e culturas permitiriam verificar a possível repetição desta
observação. Talvez, a relação sexual de forma desprotegida e o compartilhamento de seringas
no uso de drogas ilícitas ocorram com maior frequência entre homens.
Tabela 1 - Sexo
Sexo
Freqüência
Percentual
83
43
65,9
34,1
126
100,0
Masculino
Feminino
Total
Tabela 2 – Correlação entre altura (cm), peso (kg) e idade (anos)
Válidos
Média
(+/- desvio padrão)
Moda
Sem
informação
Total
Altura (cm)
103
169 (+/-9,5)
170
23
126
Peso (kg)
101
71 (+/-13,1)
67
25
126
Idade (anos)
119
50 (+/-9,1)
48
7
126
Variáveis
Tabela 3 – Faixas etárias dos usuários dos sexos masculino e feminino
Sexo
MASCULINO
FEMININO
Faixa Etária
Freqüência
Pencentual
de 50 a 59 anos
36
43,4
de 60 a 69 anos
27
32,5
de 30 a 39 anos
11
13,3
de 70 a 79 anos
6
7,2
de 40 a 49 anos
0
0
Sem informação
3
3,6
Total
de 60 a 69 anos
83
15
100,0
34,9
de 70 a 79 anos
9
20,9
de 50 a 59 anos
8
18,6
de 20 a 29 anos
3
7,0
de 30 a 39 anos
3
7,0
de 10 a 19 anos
1
2,3
Sem informação
4
9,3
43
100,0
Total
Na Tabela 3, é apresentada idade dos usuários distribuídos por sexo, sendo que 36
(43,6%) usuários do sexo masculino estão entre os 50 e 59 anos de idade, 27 (32,5%) entre 60
e 69 anos, 11 (13,3%) de 30 a 39 anos e 6 (7,2%) de 70 a 79 anos. Para o sexo feminino 15
9
(34,9%) estão entre 60 a 69 anos, 9 (20,9%) entre 70 a 79 anos, 8(18,6%) entre 50 a 59 anos,
dentre outras faixas.
Quanto à existência de co-infecção com os vírus do HIV e HCV, 15 (11,9%) estavam
co-infectados e 88,1% não estavam, como mostrado na Tabela 4. Para os co-infectados, em
relação ao sexo, 8 (53,3%) são do masculino e 7 (46,7%) são feminino.
O dado obtido para os co-infectados 11,9% ´foi menor do que o descrito por Spooner
(2009) , no qual 25 a 33% da população com HIV estão co-infectados com o HCV. Talvez no
DF o risco esteja diminuído ou o diagnóstico não está sendo realizado.
Na Tabela 5 são mostrados dados quanto à classificação do vírus da hepatite C do
grupo estudado em relação ao genótipo, grau de fibrose e se existe cirrose. Na população
estudada observa-se que 68 (54%) dos usuários são do genótipo 1, 5 (4%) são do genótipo 3,
para 51 (40,5%) dos usuários não foi possível obter a informação. A maior ocorrência de
fibrose são dos tipos 2 e 3, com 24 (19%) e 17 (13,5%), respectivamente, sendo que para 64
(50,8%) dos usuários esta informação não estava disponível. Para a ocorrência de cirrose 15
(11,9%) a possuem e 111 (88,1%) não possuem.
Tabela 4 – Co-infecção com os vírus HIV/HCV em relação ao sexo
Co-infectados
Sim
Sexo
Masculino
Feminino
Não
Freqüência
15
8
7
111
Percentual
11,9
53,3
46,7
88,1
126
100,0
Total
Tabela 5 – Classificação da doença: genótipo, fibrose, cirrose
Variáveis
Genótipo
G1
G3
G2
G4
Sem informação
Fibrose
F2
F3
F1
F4
Avançada
Sem informação
Cirrose
Não
Sim
Freqüência
Percentual
68
5
1
1
51
54,0
4,0
0,8
0,8
40,5
24
19,0
17
13,5
11
8,7
7
5,5
1
0,8
66
52,4
111
15
88,1
11,9
Quanto a classificação do HCV, nesse grupo chama atenção para o genótipo no qual
68 (54%) dos usuários são do genótipo 1, este dado corrobora com o apresentado por Mariño
et al. (2009), sendo o mais comum e está associado a menor resposta viral sustentada quando
comparado com os genótipos 2 e 3.
Observou-se que o número de casos com cirroses ficou em 15 (11,9%) dos usuários e
tal dado foi igual aos dos co-infectados HIV/HCV, conforme Tabela 4, mas não são os
10
mesmos usuários. Ressalta-se que o risco de se desenvolver carcinoma hepatocelular após o
aparecimento da cirrose é de 1 a 4% (DAVIS, 2004 apud SMITH; DONG; KAUNITZ, 2007)
Dos 126 usuários em estudo 75 (59,5%) concluíram o tratamento, 43 (34,1%)
desistiram do tratamento, 6 (4,8%), entre outros desfechos, como mostrado na Tabela 6.
Para os que desistiram obteve-se média próximo aos 5 meses, sendo que 25% ocorreu
até o segundo mês de tratamento, 50% até o quinto mês e 75% até o 7º mês, como motrado na
Tabela 7.
Conforme descrito na Tabela 8, 102 (81%) usuários solicitaram o tratamento pela
primeira vez e 22 (17,5%) estavam em retratamento.
Para a população estudada, identificou-se, conforme Tabela 9, que a associação
alfapeginterferona 2b 100 mcg, mais, ribavirina 250 mg cápsulas foi o tratamento solicitado e
autorizado em 81 (64,3%) dos casos, seguindo da associação alfapeginterferona 2b 100 mcg,
mais, ribavirina 250 mg cápsulas, com 44 (34,9%).
Da população estudada, observou-se que a maioria é do sexo masculino, com 83
(65,9%), possuem em média 50 anos, 169 cm de altura e 70 kg, conforme expresso nas
Tabelas 1 e 2.
Um comparativo em relação a faixa etária revelou que o masculino foi expressivo (36
usuários) com faixa etária entre 50 e 59 anos, e o feminino possuem na maioria maior faixa
etária, sendo 15 usuárias entre 60 a 69 anos, conforme Tabela 3.
Para os casos de co-infecção HIV/HCV no grupo estudado 15 (11,9%) estavam coinfectados e em relação ao sexo, 8 (53,3%) são masculino e 7 (46,7%) são feminino. Percebese aqui que para a coinfecção a diferença entre os sexos é mínima, provavelmente não seja
estatísticamente significativa.
Tabela 6 – Desfechos dos tratamentos
Desfecho
Freqüência
Percentual
75
43
6
1
1
59,5
34,1
4,8
0,8
0,8
126
100,0
Tratamento Concluído
Desistência
Suspenso
Mudou-se para outro Estado
Plano de Saúde
Total
Tabela 7 – Tempo em que ocorreu a desistência ao tratamento.
Variáveis
Média
Desvio padrão
Mediana
Percentil
Tempo em meses
4,72
3,07
5,00
2,00
5,00
7,00
25
50
75
Tabela 8 – Situação em relação ao tratamento
Situação
Freqüência
Percentual
1ª Vez
Retratamento
103
23
81,7
18,3
Total
126
100,0
11
Tabela 9 – Fármacos utilizados
Medicamentos
Alfapeginterferona 2a 180 mcg + ribavirina 250 mg
cápsulas
Alfapeginterferona 2b 100 mcg + ribavirina 250 mg
cápsulas
Alfapeginterferona 2b 3.000.000 UI + ribavirina 250
mg cápsulas
Total
Frequência
Percentual
81
64,3
44
34,9
1
0,8
126
100,0
Neste estudo, conforme tabela 7, 75 (59,5%) dos pacientes concluíram o tratamento e
43 (34,1%) desistiram do tratamento, o abandono prejudica o controle da doença,
ocasionando injúrias no fígado mais graves e o tratamento deve ser iniciado novamente,
aumentado o gasto do sistema público. Tal dado expõe a necessidade para o acompanhamento
estrito e orientação educativa destes pacientes visto que, as desistências ocorreram em média
até o quinto mês de tratamento e 25% até o segundo mês de tratamento. O que sugere uma
falha no aporte terapêutico destes pacientes.
O termo de responsabilidade do PCDT-HCV enfatiza a necessidade da realização de
exames hematológicos, especialmente durante as quatro primeiras semanas de tratamento,
para detecção de alterações nas células do sangue, anemia e leucopenia e, desta forma, quando
for necessário, proceder o ajuste de dose (Portaria MS nº34, anexo I, ítem 8)
Os fármacos alfapeginterferona 2b 100 mcg frasco, alfapeginterferona 2a 180 mcg
frasco e ribavirina 250 mg cápsulas, foram os que mais ocorreram neste estudo, foram
utilizados por 125 usuários, conforme Tabela 9. Sendo apenas um caso com o uso do
interferona convencional, e 103 (87%) dos usuários estavam na primeira vez do tratamento. O
PCDT-HCV estabelece como critério de inclusão para uso da alfapegiinterferonaa a
obrigatoriedade da presença do genótipo 1 e neste estudo foi verificado que apenas 54% dos
usuários tinhan este genótipo, mas em 40,5% da população estudada não estava disponível o
tipo de genótipo acometido.
Levantamento dos custos dos fármacos da hepatite viral C, nos anos de 2008 e 2009, no Distrito
Federal.
Os valores das aquisições centralizadas para os fármacos da hepatite C, nos anos de
2008 e 2009, estão descritos na Tabela 10.
Nesta tabela, verifica-se que os valores financeiros obtidos em 2009 foram,
respectivamente, R$380,00, US$198,32 e R$0,14, das aquisições dos fármacos
alfapeginterferona 2b 100 mcg frasco, alfapeginterferona 2a 180 mcg frasco e ribavirina 250
mg comprimido.
Partindo dos valores financeiros, conforme Tabela 9 e levando-se em consideração que
neste estudo estavam em tratamento 44 (34,9%) pacientes com a associação
alfapeginterferona 2b 100 mcg (um frasco por semana), mais, ribavirina 250 mg cápsulas
(150 cápsulas por mês), durante 48 semanas, e calculando-se a média dos valores nos anos de
2008 e 2009, têm-se como gasto aproximado, se todos esses concluíssem o tratamento, os
valores de R$823.680,00 com alfapeginterferona 2b 100 mcg e R$11.088,00 com ribavirina,
totalizando R$834.768,00.
Utilizando a mesma lógica anterior, para os 81 (64,3%) usuários com a associação
alfapeginterferona 2a 180 mcg (um frasco por semana), mais, ribavirina 250 mg cápsulas (150
12
cápsulas por mês), os valores seriam de U$814.186,08 ou R$1.465.535,002 com
alfapeginterferona 2a 180 mcg e R$20.412,00 com ribavirina, totalizando R$1.485.947,00.
Tabela 10 – Valores das aquisições em contratos do Ministério da Saúde para os fármacos da hepatite C
Medicamentos
Valores em 2008
Alfapeginterferona 2b 120 mcg frasco
Alfapeginterferona 2b 100 mcg frasco
Alfapeginterferona 2b 80 mcg frasco
Alfapeginterferona 2a 180 mcg frasco
Ribavirina 250 mg cápsulas
* Para ribavirina, a centralização ocorreu em 2009.
Fonte: Ministério da Saúde, SCTIE, DAF, CGMEDEX, ano 2010.
R$420,00
R$400,00
R$394,00
U$220,50
*
Valores em 2009
R$415,00
R$380,00
R$350,00
U$198,32
R$0,14
Portanto, durante o período estudado, ter-se-ia o gasto de R$1.486.782,00, com os 125
pacientes da população selecionada. Excluiu-se o cálculo com a alfapeginterferona 2b
3.000.000 UI, pois não foi levantado o valor de sua aquisição, devido representar apenas um
caso da população estudada.
Na Tabela 11 está descrito o resumo estimado com a população estudada nos
parágrafos anteriores, no qual o custo geral total seria de R$2.320.715,00 e o custo por
paciente ficaria em R$18.972,00 para a associação alfapeginterferona 2b 100 mcg, mais,
ribavirina 250 mg cápsulas e R$18.345,00, para alfapeginterferona 2a 180 mcg, mais,
ribavirina 250 mg cápsulas.
Tabela 11 – Descrição dos valores financeiros gastos estimados com os usuários que utilizaram as associações
medicamentosas alfapeginterferona 2b 100 mcg + ribavirina 250 mg cápsulas e alfapeginterferona 2b 100 mcg +
ribavirina 250 mg cápsulas.
Medicamentos
Alfapeginterferona 2b 100 mcg
Alfapeginterferona 2a 180 mcg
Ribavirina 250 mg casuals
Custo médio
unitário
44
R$390,00
81
377,00*
125
R$0,14
Usuários
Total
Quant. total /usuário /
tratamento
48 frascos
48 frascos
1800 cápsulas
Custo médio total
R$823.680,00
R$1.465.776,00
R$31.500,00
R$2.320.956,00
*Valor convertido do U$ para o R$
Fonte: Ministério da Saúde, SCTIE, DAF, CGMEDEX, ano 2010.
Estimou-se na Tabela 11 que o valor do tratamento medicamentoso para os 125
usuários que utilizaram a combinação alfapegiinterferonaa mais ribavirina se tivessem
concluído o tratamento em 48 semanas, ficaria em torno de R$2.320.956,00. Contudo, 23
(18,3%) dos usuários estavam em situação de retratamento e apenas cinco destes possuíam
critérios de inclusão para o repasse financeiro pelo MS, conforme PCDT-HCV, item 6.3.2,
sendo portanto o restante, 18 usuários, sob custeio exclusivo da SES/DF, objeto de estudo da
próxima seção.
Neste estudo não foram levantados custos indiretos do tratamento, como consultas
médicas, aplicações dos injetáveis, exames laboratoriais, afastamentos dos trabalhos
temporários dos usuários, deslocamentos semanais até o pólo de aplicação dentre outros.
2
Aplicou-se nesse caso a correção monetária de R$1,80 para cada U$, conforme valor publicado pelo Banco
Central em 1º de julho de 2010, disponível em:
http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/PtaxRPesq.asp?idpai=TXCOTACAO
13
Levantamento dos custos dos fármacos da hepatite viral C, nos anos de 2008 e 2009, no
Distrito Federal, para o tratamento de pacientes que solicitaram retratamento
Para o tratamento dos pacientes com hepatite viral crônica C que solicitaram
retratamento3 com alfapeginterferona 2a ou 2b, nos anos de 2008 e 2009, no DF, no qual o
ônus da aquisição é de responsabilidade na maioria dos casos da SES/DF obteve-se os
seguintes valores de aquisição registrados no seu sistema informatizado:
Cada frasco de alfapeginterferona 2b 100 mcg foi adquirido por R$1.060,99
em 2008 e R$R$ 1.123,58, com valor médio de R$1.092.28.
Cada frasco de alfapeginterferona 2a 180 mcg foi adquirido por R$940,00 em
2008 e R$910,00 em 2009, com valor médio de R$925,00.
Cada cápsulas de ribavirina 250 mg foi adquirido por R$0,48 em 2008 e
R$0,72 em 2009, com valor médio de R$0,60.
No ano de 2009, o MS adquiriu por meio de compra centralizada alfapeginterferona 2b
100 mcg R$380,00/frasco, alfapeginterferona 2a 180 mcg US$198,32/frasco e ribavirina 250
mg R$0,14/cápsula. Assim foi identificada a discrepância dos valores das aquisições no DF
referentes aos retratamentos não custeados pelo MS, nos quais as alfapeginterferonas foi
quase 200% acima do valor e para a ribavirina 400% acima do valor.
Os altos custos de manejo destes casos de retratamento por abandono de tratamento
precisam ser evitados, devido aos efeitos negativos da progressão da doença que atrelados ao
valor dos fármacos encarecem o sistema público com gastos que poderiam ser evitados com
um acompanhamento adequado (WALTERS-SMITH e MARSHALL, 2009; SPOONER,
2009).
Analise do papel da orientação farmacêutica no cuidado ao paciente com hepatite C por
meio de levantamento bibliográfico, nos últimos cinco anos, identificando elementos
requeridos para programa com vistas à melhoria da terapêutica medicamentosa e à
redução de custos.
A busca dos artigos que envolviam o tratamento da hepatite C resultou num total de 39
artigos. Destes oito foram julgados relevantes para a análise. por envolverem o
acompanhamento do profissional farmacêutico, em atendimento ambulatorial, independente
do desfecho. Na Tabela 12, estão listados os artigos selecionados.
A seguir, será realizada a apresentação resumida dos artigos selecionados conforme o
número de ordem da Tabela 12, da mais recente até a mais tardia, dentro do período
selecionado.
No artigo de Walters-Smith e Marshall (2009) é descrita a prática do profissional
farmacêutico num ambulatório de cuidado para pacientes com hepatite C crônica. Neste local
os farmacêuticos clínicos são responsáveis pela avaliação inicial da terapia, observam os
possíveis efeitos colaterais, imunizações contra os vírus das hepatites A e B, bem como
orientam sobre os fármacos e exames laboratoriais necessários para o monitoramento da
toxicidade e eficácia da terapia. Os autores concluem que os farmacêuticos estão em posição
oportuna para motivar os pacientes na adesão a farmacoterapia, reduzindo e manejando
efeitos colaterais e reações adversas, para otimizar as respostas ao tratamento, especialmente
em pacientes com genótipo 1. A educação centra-se na seqüela de infecção crônica de HCV,
incluindo cirrose, carcinoma hepatocelular, doença hepática descompensada e a necessidade
3
De acordo com o PCDT-HCV, na observação do item 6.3.2.1, não é recomendado o retratamento com
interferon peguilado dos portadores do genótipo 1 da hepatite C previamente tratados com interferon peguilado.
Portanto, o MS não autoriza estes retratamentos, e quando ocorrem são de custeio exclusivo das SES.
14
de transplante.
Spooner (2009) atenta para os benefícios e barreiras no envolvimento do farmacêutico
no tratamento do HCV enfatizando que a percepção do farmacêutico na prestação do cuidado
com o paciente com HCV é semelhante ao que é realizado em outros cuidados do seu
cotidiano.
Mariño et al. (2009) descrevem a atuação do farmacêutico numa equipe
multidisciplinar, que acompanha pacientes com hepatite C crônica, genótipo 1. Focalizam que
a responsabilidade do farmacêutico recai no manejo da terapia farmacológica e nas
orientações educativas sobre: armazenamento de fármacos, formas de administração do
medicamento, como reagir em casos de reações adversas, esquecimento e/ou perda de doses,
dentre outras. Os autores finalizam com o comentário que a participação do farmacêutico na
equipe multidisciplinar melhorou a adesão desses pacientes devido sua habilidade para
identificar e dar soluções para melhorar o uso dos fármacos.
Tabela 12 – Relação dos artigos selecionados que mostram o papel do farmacêutico no apoio à terapia de
pacientes com hepatite C.
N
Artigos
1
WALTERS-SMITH, N.; MARSHALL, S. M. Opportunities and considerations for pharmacist
intervention in the management of the chronic hepatitis C patient. J Manag Care Pharm, v. 15, n. 5, p.
417-9, jun. 2009. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19496639>. Acesso em: 24
maio 2010.
2
SPOONER, L. M. The critical need for pharmacist involvement in the management of patients with
hepatitis C. J Manag Care Pharm, v. 15, n. 2, p. 151-3, mar. 2009. Disponível em:
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19236129>. Acesso em: 24 maio 2010.
3
MARINO, E. L., et al. Pharmacist intervention in treatment of patients with genotype 1 chronic hepatitis
C. J Manag Care Pharm. v. 15, n. 2, p.147-50, mar. 2009. Disponível em:
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19236128>. Acesso em: 24 maio 2010.
4
COHEN, S. M.; KWASNY, M. J.; AHN, J. Use of specialty care versus standard retail pharmacies for
treatment of hepatitis C. Ann Pharmacother, v. 43, n. 2, p. 202-9, feb. 2009. Disponível em: <
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19193591>. Acesso em: 24 maio 2010.
5
SMITH, J. P.; DONG, M. H., KAUNITZ, J. D. Evaluation of a pharmacist-managed hepatitis C care
clinic. Am J Health Syst Pharm, v. 64, n. 6, p. 632-6, mar 15. 2007. Disponível em: <
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17353572>. Acesso em: 24 maio 2010.
6
MÁRQUEZ-PEIRÓ, J. F., et al. Identifying improvement opportunities in the management of hepatitis C.
Farm
Hosp,
v.
30,
n.3,
p.
154-60,
may-jun.
2006.
Disponível
em:
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16999562>. Acesso em: 24 maio 2010.
07
OGBUOKIRI, T. Advances in the pharmaceutical care of hepatitis C/HIV co-infection. HIV Clin, v. 17,
n. 1, p. 12-5, dec. 2005. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15754458>. Acesso em:
24 maio 2010.
8
KOLOR, B. Patient education and treatment strategies implemented at a pharmacist-managed hepatitis C
virus clinic. Pharmacotherapy, v. 25, n. 9, p. 1230-41, sep. 2005. Disponível em: <
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16164396>. Acesso em: 24 maio 2010.
Foi realizado um estudo retrospectivo por Cohen; Kwasny; Ahn (2009) numa
instituição acadêmica com adultos infectados HCV e tratados entre 2001 e 2006. Obtiveram
como resultado que o cuidado farmacêutico no tratamento da hepatite C não está associado ao
aumento das taxas da supressão sustentada da replicação viral. Porém, houve menor incidência
nas reduções de doses do interferona e/ou ribavirina, recomendadas para o manejo de reações
adversas não controladas com o uso de terapia de suporte. No entanto, não ocorreu diferença
15
estatística entre os grupos na conclusão do tratamento.
Smith; Dong; Kaunitz (2007) também realizaram um estudo retrospectivo no período
de outubro/2002 a março de 2004 no qual foram selecionados os pacientes infectados com
HCV e que receberam acompanhamento farmacoterapêutico, foram coletadas informações
demográficas, caracteríticas da doença, informações do tratamento e resposta virológica.
Vinte e sete pacientes pacientes foram acompanhados e verificaram que 63% destes obtiveram
diminuição da carga viral, 11% suspenderam devido as reações adversas e em 8% foi
necessário o uso de fatores do crescimento mielóide .Concluíram que os resultados na
resposta terapêutica dos pacientes com HCV é similar aos resultados dos pacientes de terapias
convencionais com o acompanhamento do farmacêutico clínico. Porém novos estudos são
necessários para investigar o valor do acompanhameno farmacêutico em pacientes com HCV.
Márquez-Peiró et al. (2006) analisaram numa coorte longitudinal (de janeiro a outubro
de 2005) oportunidades de melhora dos pacientes monoinfectados pelo HCV durante a
dispensação dos fármacos alfapeguinterferona 2a ou 2b e ribavirina sob orientação
farmacêutica. Verificaram que a morbidade farmacoterapêutica para toxicidade hematológica,
síndrome pseudogripal, os dentre eventos adversos, é menor do que a relatada na literatura
clínica desses fármacos. Os autores concluem que as ações farmacêuticas foram preventivas,
na maioria dos casos.
Ogbuokiri (2005) fez uma abordagem do tratamento da hepatite C em co-infectados
HIV/HCV. ressaltando que vários estudos têm documentado sobre o tratamento efetivo de
pacientes co-infectados HIV/HCV em uso de terapia antiretroviral (nestes estudos 88% dos
pacientes não desenvolveram efeitos hepatotóxicos severos devido o uso de antiretrovirais).
Porém, argumenta que o tratamento deve acontecer sob acompanhamento estrito de uma
equipe multidisciplinar para a prevenção e controle dos eventos adversos, incluindo
hepatotoxicidade dos agentes antiretrovirais, e da interação entre os fármacos das duas
terapias. Esclarece que o farmacêutico é o profissional mais acessível ao paciente, dentre os
outros profissionais da saúde, que compreende bem estas doenças e seus tratamentos,
podendo manejar os efeitos adversos e melhorar a resposta virológica dos pacientes nas duas
doenças.
No artigo publicado por Kolor (2005) foram discutidas as estratégias utilizadas pelos
farmacêuticos clínicos para facilitar um desfecho bem-sucedido do tratamento da hepatite C
utilizando terapia combinada, alfapeguinterferonaa mais ribavirina. Enfatiza a importância da
monitorização freqüente desses pacientes, pois na maioria das vezes foi necessário o ajuste de
doses, para melhor controle dos efeitos adversos, contribuindo para o aumento da adesão à
terapia. A educação promovida pelos farmacêuticos durante o tratamento foi eficaz no
aumento do percentual da supressão sustentada da replicação viral, definida como a ausência de
HCV-RNA após seis meses da conclusão do tratamento.
Estes artigos, relacionados na Tabela 12, identificam a facilidade de acesso aos
farmacêuticos como sendo importante para o sucesso no tratamento.Quando disponíveis numa
equipe multiprofissional, os farmacêuticos clínicos, provavelmente, dispõem de conhecimento
apropriado para o manejo adequado do paciente, visto que o tratamento recomendado utiliza
fármacos que desenvolvem reações adversas graves, como anemia grave, leucopênia,
depressão, irritabilidade e, se não são acompanhadas apropriadamente, levam a desfechos
difíceis de controlar, ocasionando o abandono do tratamento, dificultando assim o controle da
doença, podendo levar a danos hepáticos irreversíveis ocasionados pela fibrose e atividade
inflamatória no fígado que gera cirrose.
Um paciente que desiste do tratamento, diminue a possibilidade de cura e aumenta as
chances de transplante hepático (WALTERS-SMITH e MARSHALL, 2009) E o retratamento
gera custos elevados ao sistema público (SPOONER, 2009). Conforme exposto nos resultados
16
anteriores que no DF o custo da aquisição das interferonas peguiladas pela SES é quase 200%
acima do valor adquirido pelo MS em compra centralizada.
Segundo Ogbuokiri (2005) é essencial que os pacientes com HCV recebam a
orientação e/ou educação acerca de algumas questões, antes do início e durante o tratamento,
como listado a seguir:
1. Potenciais consequências do não tratamento da infecção pelo HCV;
2. Estratégias para a prevenção de transmissões;
3. Necessidade de interromper o uso de álcool e/ou drogas ilícitas injetáveis;
4. Potenciais benefícios do uso da combinação interferona + ribavirina na redução
do dano no fígado;
5. Recomendação para dieta alimentar diária entre 2.500 a 3.000 calorias e
hidratação com 3.000 a 3.500 ml de água por dia;
6. Orientação sobre as doses de cada medicamento e a forma de aplicação;
7. Duração do tratamento;
8. Importância da adesão à terapia;
9. Teratogenicidade da ribavirina, recomenda-se o uso de pelo menos dois métodos
contraceptivos em mulheres e testes de gravidez mensal durante o tratamento e
após seis meses do encerramento;
10. Informaçõs sobre os efeitos adversos e formas de manejá-los;
11. Orientação sobre os resultados dos níveis do HCV-RNA e genótipos;
12. Programação das consultas com a equipe, exames laboratoriais e imunizações
recomendadas;
13. Recursos para apoiar os pacientes durante o tratamento.
Um dos manejos mais comuns neste tratamento ocorre na presença de anemia e/ou
leucopenia quando recomenda-se o uso de fatores de crescimento mielóide (alfaepoetina
recombinante e/ou filgrastim, molgramostim ou lenograstim) ou a redução da dose dos
fármacos. Seguindo o PCDT-HCV (Portaria MS nº34, anexo I) este manejo deve seguir:
a) Até a 12ª semana de tratamento:
1º passo: uso de fatores estimulantes (alfaepoetina recombinante, filgastrim,
lenogratim e/ou molgramostim);
2º passo: redução da dose dos fármacos (em até 20%), se o 1º passo falhar.
b) Após a 12º semana de tratamento
1º passo: redução da dose dos fármacos (em até 20%);
2º passo: uso de fatores estimulantes (alfaepoetina recombinante, filgastrim,
lenogratim e/ou molgramostim), se o 1º passo falhar.
O PCDT-HCV recomenda o uso de fatores do crescimento quando o os níveis de
hemoglobina estiverem menor ou igual a 10 g/dL ou queda acima de 3,0 g/dL quando
comparado ao nível do pré-tratamento.
Para a redução da dose dos fármacos pode-se diminuir até 20% da dose em uso e
acima desse valor somente em juízo clínico se houver falência das alternativas de manejo.
De acordo com os resultados apresentados neste estudo, nos quais 34% dos pacientes
desistiram do tratamento, conforme Tabela 6, o acompanhamento da conduta terapêutica
desses pacientes tem alta relevância, pela redução de abandonos (WALTERS-SMITH e
MARSHALL, 2009; SPOONER, 2009; MARIÑO et al., 2009). Provavelmente, se houvesse o
serviço de orientação farmacêutica na farmácia do Componente Especializado da Assistência
Farmacêutica na SES-DF, este número poderia ser menor e o gasto com a aquisição do
medicamento também. A literatura mostra o impacto positivo desta atividade, como melhora
17
na adesão ao tratamento medicamentoso (WALTERS-SMITH e MARSHALL, 2009;
MARIÑO, 2009; KOLOR, 2005). Visto que os valores adquiridos pelo DF nos anos de 2008
e 2009, quando comparado com as aquisições centralizadas pelo MS, foram 200 % maiores
para as alfapeginterferona 2b 100 mcg e alfapeginterferona 2a 180 mcg e com a ribavirina 250
mg cápsulas chegaram a 400% acima do valor.
No entanto, Spooner (2009) alerta que para o sucesso na adesão à terapia proposta
pelo acompanhamento farmacêutico é necessário que o farmacêutico esteja preparado para a
prática orientativa com os pacientes com HCV. Portanto os resultados obtidos nos trabalhos
publicados por Mariño (2009), Márquez-Peiró (2006) e Kolor (2005) foram decorrentes do
trabalho de profissionais faramacêuticos treinados e habilitados para o acompanhamento.
Desta forma antes que se inicie um acompanhamento educativo e/ou orientativo com
um grupo de usuários faz-se necessário a capacitação da equipe farmacêutica e que haja um
alinhamento de conhecimentos junto com outros profissionais envolvidos no tratamento
como, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, dentre outros.
Diante do exposto, sugere-se como proposta para a implantação do serviço de
orientação farmacêutica para pacientes com HCV, a capacitação da equipe de farmacêuticos,
alocados para essa finalidade, acerca do assunto e o envolvimento dos profissionais da rede
SES-DF que trabalham com estes usuários sobre a importância do acompanhamento
farmacêutico, conhecimentos e técnicas específicas, inclusive o aconselhamento
farmacoterapêutico. Neste momento devem ser definidos quais os manejos que serão
aplicados e estes devem estar em concordância os realizados pela equipe multiprofissional.
Posteriormente, para o serviço orientativo farmacêutico sugere-se o agendamento de
uma avaliação farmacêutica com o usuário antes do início do tratamento e posteriormente nas
12º, 24º e 48º semana. Para tanto, devem ser levantados e anotados em formulários
individuais os dados da Tabela 13:
Tabela 13 - Dados que deveriam constar em formulário apropriado na realização de serviço farmacêutico de
acompanhamento de pacientes portadores de HCV
1
Quais os fármacos utilizados para o tratamento e o tempo previsto para a conclusão: anotar data de
início e fim;
1. 2
Quais os fatores de risco do paciente:
 Uso de alcóol e/ou drogas
 Relações sexuais: monogâmicas ou poliogâmicas
 Tipo de profissão
 Tipo de alimentação
 Tendência a depressão
 Outras doenças pré-existentes, incluindo HIV, hemofilia, tuberculose etc;
2.
3


3.
4.
Verificar os exames laboratoriais, principalmente:
Hemograma complete
HCV-RNA
4
5
Explicar sobre o uso dos fármacos, e seus efeitos adversos;
Instruí-lo sobre a necessidade do acompanhamento dos exames laboratoriais para melhor controle de
algumas reações, como a anemia.
5. 6
Orientá-lo a procurar seu médico na presença de algum efeito mais grave.
Fonte: Elaborada pela autora.
As avaliações nas 12º, 24º e 48º semanas devem focalizar na resposta terapêutica
obtida pelos níveis da carga viral (HCV-RNA quantitativo) que devem estar diminuídos em 2
logarítimos até a 12º semana em relação ao valor obtido no início do tratamento, conforme
descreve o PCDT-HIV, e também observação do estado geral de saúde do paciente.
18
Sugere-se ainda que sejam realizadas reuniões bimestrais com a equipe farmacêutica
afim de avaliar as condutas empregadas e também a impressão do paciente quanto ao serviço
disponibilizado.
5.
CONCLUSÃO:
Os usuários com HCV no DF, durante o periodo estudado, revelaram que são homens
na sua maioria, com idade entre 50 e 59 anos, infectados em média com genótipo 1 , 11,9%
estavam com cirrose e possuíam co-infecção. No entanto, não foi possível o conhecimento
pormenorizado de todos os casos, devido não estar totalmente disponível no sistema
informatizado as informações consultadas, como genótipo, fibrose, cirrose,. Mas os dados da
conclusão do tratamento e as casos de retratamento foram efetivos para demonstrar que existe
uma falha no tratamento destes usuários.
Este estudo propiciou o conhecimento da efetividade do tratamento diponibilizado
pelo SUS no DF que ressaltou no período estudado apenas 59,5% dos usuários conseguiram
concluir o tratamento e que 34,1% desistiram. A causa da desistência é desconhecida, sendo
necessário estudo para identificar as motivações. A hipótese principal é que a desistência
tenha ocorrido devido à falha no tratamento destes pacientes. O acompanhamento do
tratamento destes pacientes, realizado por serviço de orientação farmacêutica, que conte com
farmacêutico capacitado, provavelmente reduziria este quadro..
A implantação do serviço de orientação farmacêutica no serviço de farmácia do
Componente Especializado, na SES-DF, poderá assegurar melhor adesão dos pacientes com
hepatite C à terapia farmacológica, visando maior resolutibilidade no tratamento, bem como
redução dos gastos no sistema público de saúde.
Pharmaceutical care to patients with viral hepatitis type C treated at Distrito FederalBrazil
Abstract:
Infection hepatitis C virus (HCV), by its prevalence and high treatment costs, require specific
public policies in the Brazilian Unified Health System (SUS). Additionaly, patients infected
with HCV and treated with pegylated interferona, conventional interferona and ribavirin
develop a number of laboratory test abnormalities and adverse reactions that require closer
monitoring of them. The high market value of these drugs causes big financial impact of HCV
treatment to SUS. Our aim is to propose a pharmaceutical care program for patients with
HCV in Distrito Federal (DF). To identify DF patients with HCV profile and to perform
literature search of pharmaceutical care programs organized to attend patients with HCV.
A restrospective analysis was performed, from January 2008 to February 2009, of patients
with HCV who were enrolled and received treatment through SUS. A literature search was
performed from January 2004 to January 2010 to identify pharmaceutical care programs
which deals with patients infected with HCV. 126 users carrying the HCV were registered
and approved for treatment in DF. Out of this, 75 completed treatment, 43 withdrew, among
others outcomes. The number of users dropouts is high (34,1%) and it appears to be due to
adverse effects of treatment that could be minimized through proper monitoring of patients.
The implementation of a pharmaceutical care service would ensure better compliance of
patients with HCV to the treatment, improving therapeutic effectiveness and reducing costs to
SUS.
19
Keywords: pharmaceutical care, hepatitis c, pharmacotherapy, treatment costs, treatment
adandon.
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