PROFESSOR MEDIADOR, ALUNO LEITOR
VICCINI, Carla Gabriele – UTFPR
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Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
A prática de rodas de leitura configura um caminho atrativo para formar novos leitores, pois
tem como foco o prazer que nasce da leitura compartilhada, livre de cobranças. Ao ser
utilizada em sala de aula, por professores dispostos a inovar metodologias de ensino,
proporciona um novo caminho para trabalhar a leitura com os estudantes, já que não lhes é
solicitado avaliações ou questionários. Com base nessas considerações, o presente estudo
propõe inicialmente estabelecer o papel do professor mediador nesse processo, uma vez que
cabe ao docente organizar e coordenar a nova proposta, oportunizando aos alunos um
encontro prazeroso com a palavra literária. Tendo como fundamentação teórica os estudos
feitos por Eliana Yunes (2009), Marta Morais da Costa (2007) e Michèle Petit (2008) acerca
da formação de novos leitores e da participação dos mediadores como principais personagens
nesse traçado, é possível esboçar o contorno do mediador e, posteriormente, elucidar os
objetivos e resultados que podem ser esperados ao compartilhar leituras e ideias com os
estudantes. A teoria será entrecortada pela minha própria experiência como mediadora de
leitura, procedente do projeto – Um passeio pelo fantástico castelo da literatura - aprovado
pelo Fundo Municipal de Cultura, e aplicado junto a Fundação Cultural de Curitiba no
decorrer deste ano. Tal direcionamento mostra-se adequado, já que apresenta não somente a
teoria, inúmeras vezes distante da realidade escolar na qual o professor está inserido, mas
também relatos de experiências, com ideias a serem aprimoradas ou modificadas a fim de
direcionar outros trabalhos. Logo, a intenção é movimentar a discussão sobre o ensino da
literatura na sala de aula, demonstrando que é possível explorar um novo caminho, mais
interessante para o aluno e também para o docente.
Palavras-chave: Leitura. Roda de Leitura. Mediador.
Introdução
Traçar um caminho atrativo de iniciação a leitura literária em sala de aula, seja no
ensino fundamental ou no médio, não constitui uma tarefa simples, pois depreende dedicação
e preparo do docente. Além disso, os estudos a cerca da prática de leitura nas escolas,
inúmeras vezes apresentam-se distantes da realidade escolar e de difícil aplicação, já que em
sua maioria, não são produzidos por profissionais que atuam efetivamente na educação básica.
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Tendo em vista tais questões, a discussão que aqui se apresenta propõe pensar a
leitura em sala de aula por meio de elementos relevantes tanto para criar práticas eficazes,
quanto para sustentá-las. Para tanto, acredita-se que as rodas ou círculos de leitura contribuem
de maneira significativa para promover o incentivo à leitura, uma vez que a intenção com essa
prática é movimentar ideias e promover diálogos a partir de leituras compartilhadas entre um
mediador e diversos leitores.
A fim de analisar as rodas de leitura e o papel do professor enquanto mediador na
formação de novos leitores, a presente abordagem sugere um novo caminho a partir do olhar
de uma mediadora, disposta a relatar as entrelinhas dessa prática.
O intuito com tal direcionamento é auxiliar na compreensão da dinâmica das rodas,
contribuindo, ainda que minimamente, para o trabalho de profissionais da educação que
desenvolvem, ou querem iniciar essa prática de leitura, disseminando alternativas e teorias
que dão suporte ao mediador.
A mediação de leitura em sala de aula
Sentar para ler. Mas não uma leitura individual, juntar cadeiras e opiniões, almofadas e
leituras, unir leitores. As rodas de leitura são práticas que visam desenvolver a competência
leitora por meio do prazer de ler. O prazer em abrir um livro e se aventurar nas linhas e
entrelinhas literárias. Entretanto, para acontecer à interação entre texto e leitores, a função do
mediador é fundamental, uma vez que é ele quem promove esse encontro nas rodas de leitura.
É evidente que, quando o professor demonstra interesse em iniciar essa aventura
literária, muitas dúvidas começam a se entrelaçar: que texto escolher? Como devo ler? O que
proponho como discussão? Como conduzo a leitura?
Tais questionamentos são legítimos, já que não há fórmulas e receitas prontas para
mediar leituras. O único caminho que conheci reside no próprio livro, ou seja, o mediador tem
que ser um leitor e alegrar-se em compartilhar o encantamento de uma boa história. Além
disso, há teóricos que estudam o processo de formação de novos leitores e o papel do
professor, responsável por despertar no aluno o gosto pelo texto literário. Com esses suportes,
é possível delimitar ações e desenvolver práticas escolares efetivas para trabalhar a literatura
tanto com as crianças, quanto com os jovens. Para tanto, é preciso compreender inicialmente
o lugar ocupado pelo mediador, pois é ele o responsável em organizar e dinamizar as rodas de
leitura.
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O professor-mediador
Para esclarecer o papel do mediador, é preciso inicialmente, descobrir que leitor
somos, ou seja, os livros de que mais gostamos, as histórias que nos comovem ou nos
inquietam, e o motivo de tais escolhas em detrimento de outras. Tal descoberta é essencial,
pois em uma roda o mediador precisa transmitir a leitura de maneira prazerosa, encantando o
participante que ali está, para que dessa forma ele sinta interesse em ler o que lhe é oferecido.
Faço minha as palavras de Michèle Petit (2008, p. 160): “Para transmitir o amor pela leitura, e
acima de tudo pela leitura de obras literárias, é necessário que se tenha experimentado esse
amor”.
Partindo dessa questão, cabe ao mediador aproximar os novos leitores do texto
escolhido, tendo em mente que a literatura é um território livre, no qual cada leitor vai tecer
suas redes de interpretação. De acordo com Eliana Yunes (2009, p. 76):
na proposta do círculo de leitura, alcançamos, por assim dizer, as segundas histórias,
ou seja, um momento em que a recepção do texto não reflui a uma interioridade
emotiva e de perplexidade apenas, amparada na voz do outro, mas aqui já se
desdobra uma interatividade de ordem mais ampla entre o texto e diversos
receptores, simultaneamente.
Dialogando com essa ideia, Michèle Petit (2008, p. 43) afirma:
Ao compartilhar a leitura, cada pessoa pode experimentar um sentimento de
pertencer a alguma coisa, a esta humanidade, de nosso tempo ou de tempos
passados, daqui ou de outro lugar, da qual pode sentir-se próxima. Se o fato de ler
possibilita-se abrir-se para o outro, não é somente pelas formas de sociabilidade e
pelas conversas que se tecem em torno dos livros. É também pelo fato de que ao
experimentar, em um texto, tanto sua verdade mais íntima como a humanidade
compartilhada, a relação com o próximo se transforma. Ler não isola do mundo. Ler
introduz no mundo de forma diferente. O mais íntimo pode alcançar neste ato o mais
universal.
Cada mediador tem uma maneira de trabalhar com as reações dos leitores diante de um
texto, e é essa interação que proporcionará a circulação de ideias e trocas que constituem as
rodas de leitura. Para tanto, deve haver entre professor e alunos uma cumplicidade para que os
estudantes sintam-se a vontade para expressarem suas interpretações. Convém ressaltar
também, que o professor deve demonstrar tanto na leitura quanto na discussão acerca do que
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foi lido, prontidão para aceitar opiniões diferentes da sua, bem como para costurar as mais
variadas leituras que vão surgir, demonstrando aos alunos quão amplo é um texto literário.
É importante atentar também para o fato de que na roda de leitura ninguém ensina
nada a ninguém. A proposta com tal prática é discutir e conversar sobre literatura. Portanto,
não cabe fazer cobranças com trabalhos e provas. O que está em jogo é a movimentação de
ideias para formar novos leitores, demonstrando que a leitura não precisa ser de forma alguma
obrigação, e nem estar retida apenas a uma disciplina escolar, visto que é uma manifestação
artística. É preciso trabalhar a liberdade que a literatura pode oferecer.
Faz-se necessário que alunos e professores esqueçam por um momento as avaliações,
fazer algo a espera de um resultado positivo ou negativo. Segundo Marta Morais da Costa
(2007, p. 88): “para um bom trabalho de formação de leitores, objetivo da existência da
literatura em sala de aula, convém multiplicar a leitura, e não as atividades”. Infelizmente,
muitos docentes acreditam que se não atribuírem notas os alunos não farão a atividade.
Todavia, deve-se confiar na literatura e no poder de sedução que a palavra pode alcançar.
Eliana Yunes ressalva que, além de saber ouvir a palavra do outro, o professor não deve se
deter em explicações pormenorizadas das narrativas:
As metáforas e as imagens devem instigá-las a ativar seu imaginário para
construírem cenários e desenhar personagens, descobrir palavras novas e começar a
construir sentido. Essa prática, intensificada pela proximidade com outras crianças,
no contato com a oralidade do professor/mediador, pode ampliar muito a prontidão
mental, estender as expectativas, animar a improvisação mental para o novo,
elaborando a capacidade de visualização do que está ausente aos olhos (YUNES,
2009, p.14).
Em todas as rodas de leitura que fiz, dentro e fora das escolas, pude perceber que os
jovens e as crianças gostam de ler, gostam de ouvir alguém falando sobre suas leituras, porém
não se pode afirmar o mesmo acerca da produção de resumos e fichas a partir de livros.
Portanto, mais que uma técnica definida, o professor precisa demonstrar o quanto gosta da
leitura que oferece para eles, não porque é obrigatória, não porque irá ensinar alguma coisa.
Apenas porque é boa e prazerosa.
Os alunos leem pouco, isso é verdade. Mas que estímulos recebem? Eles vêm seus
professores e pais lendo? Ou apenas ouvem a velha frase: “ler é bom”? Na educação infantil
os professores contam histórias, leem, conversam com as crianças sobre os livros. No entanto,
isso acaba quando as matérias e professores se multiplicam, a leitura só retorna como um
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pesadelo próximo ao vestibular. É preciso observar que a leitura também é um aprendizado,
pois cada leitor sabe o quanto custa muitas vezes, chegar ao final de um extenso romance, ou
como é difícil a separação após o seu término. Portanto, os estímulos além de necessários, são
motivadores, de acordo com Eliana Yunes (2009, p. 44): “a leitura não se constrói sobre o
nada. Há algo que provoca o leitor, interessa-lhe, instiga-lhe um outro pensamento que lhe
permite dar asas à imaginação”.
Sem dúvida a preocupação com as avaliações e notas são necessárias, mas há como
dosar as quantias. É preciso fazer interpretação e produção de texto, mas será que temos que
fazer da literatura um suporte para essas atividades? Não seria melhor discutir as opiniões e
entrelinhas dos textos e a partir disso construir, professores e alunos, interpretações para as
obras lidas? É evidente que tal direcionamento está enquadrado nas aulas de Língua
Portuguesa, mas nada impede que professores de outras disciplinas abram espaço para discutir
literatura também, para promoverem rodas de leitura com temas relacionados às matérias que
lecionam.
Além dos fatores elencados, Marta Morais da Costa (2007, p. 113) destaca que:
Um encaminhamento que propicia o melhor desempenho dos professores
formadores de leitores consiste em intensificar a pesquisa no campo da leitura e da
recepção de textos. Esse objetivo é sustentado pela crença de que não existe um bom
docente em sala de aula se não o alimentar um pesquisador, isto é, se ele não for
movido pela curiosidade e pela persistência em buscar descobrir o que ainda não
conhece.
Torna-se evidente, portanto, que o professor precisa conhecer os novos
direcionamentos para o trabalho com a leitura. Há cursos, oficinas, congressos, mas muitas
vezes as soluções estão mais próximas. Por meio da internet é possível trocar ideias com
outros profissionais, saber o que fazem e conhecer suas atividades. Inclusive nos sites de
relacionamento que tanto ocupam o tempo de crianças e jovens, há inúmeras discussões sobre
livros - best sellers e clássicos - em que eles participam ativamente. Até mesmo em jogos de
vídeo game é possível encontrar inferências com a literatura. Cabe também perguntar aos
alunos se eles estão lendo e quais os títulos. Nem sempre serão os mais recomendados, porém
é uma abertura e por meio dela o professor pode indicar outras leituras sem desprezar aquelas
pelas quais eles demonstram interesse.
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Sob essa perspectiva, Michèle Petit (2008, p. 167), ao descrever o papel do mediador
na formação de novos leitores, afirma – “aquele que lhe dá uma oportunidade de alcançar uma
nova etapa”. Portanto, o mais importante para iniciar a prática de rodas de leitura é ter
disposição para inovar, independente de métodos. Tonar-se um mediador e contribuir para a
formação de novos leitores.
A roda de leitura
Para desenvolver uma roda de leitura que realmente promova o incentivo à leitura
literária é preciso compreender os objetivos dessa prática, assim como a sua funcionalidade.
Eliana Yunes (2009, p. 80) esclarece:
Nos círculos de leitura todos se acham em igual distância de um centro, que nunca é
o professor, mas o texto, o filme, o quadro, a crônica, a reportagem, o documentário
que se lê. O papel de coordenação, o espaço que une os pontos, é ocupado por um
leitor-guia, figura que mobiliza, provoca, costura as demais falas, sem fazer
prevalecer a sua própria. Com ele, o círculo se delineia.
A partir desse pressuposto, reforçando questões já elencadas, torna-se evidente a
importância do mediador para que a roda de leitura configure um espaço atrativo, que
segundo a autora “põe em movimento a consciência crítica que predispõe à cidadania”
(YUNES, 2009, p. 85). Tendo em vista que a prática de ler em rodas une leitores e oportuniza
a descoberta do prazer de ler, cabe ressaltar alguns pontos para a sustentação da atividade a
fim de auxiliar na compreensão da dinâmica da proposta. Lembrando que não há receitas
prontas e as dicas não se aplicam para todos os grupos, mas podem ser testadas, modificadas e
aprimoradas.
A primeira roda de leitura com um grupo faz toda a diferença caso o trabalho tenha
continuidade com uma mesma turma, já que é da vontade de participar novamente que a
prática irá alcançar os objetivos ora expostos. É interessante surpreender os alunos, sem o
aviso de que a próxima aula será de leitura. Pedir que organizem as carteiras em círculo,
colocando apenas uma carteira no centro da roda. Após apresentar o livro, o autor ou demais
detalhes, coloca-se o livro nesta carteira para que ao final da atividade eles possam manuseálo. É imprescindível que cada participante esteja com uma fotocópia do texto que será lido.
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O ambiente é sempre muito importante, é preciso escolher e preparar o local, pois a
harmonia entre o espaço e os leitores também influencia na leitura. O professor pode iniciar a
leitura pausadamente, comentando aspectos interessantes do texto e, até mesmo, entremear
com questões, sempre provocando a curiosidade do leitor para saber o que irá acontecer no
decorrer da narrativa. Não é preciso obrigar os alunos a lerem, oferecer a leitura é mais
adequado, se eles gostaram da novidade, certamente vão se dispor a dividir a leitura ou a tecer
comentários. Evidente que eles não terão a preparação da leitura feita anteriormente pelo
mediador, mas ainda assim a participação é válida e motivadora aos demais.
Na preparação da leitura, anterior a pratica, é importante que o mediador assinale
elementos do texto para trabalha-los durante a leitura com o grupo, tendo em vista que
inúmeras vezes é possível retirar do próprio texto escolhido, estratégias para interagir com os
leitores.
Em consequência, a escolha de textos deve ser feita de maneira cuidadosa, levando em
conta as diferenças entre os leitores que serão atendidos, pois segundo Costa (2007, p. 111),
“uma seleção adequada é estratégia indispensável ao êxito do trabalho com a formação de
leitores”. Textos clássicos promovem o encontro com os cânones que fazem parte do nosso
acervo cultural, enquanto as narrativas contemporâneas, conhecidas dos alunos, podem ser
exploradas a fim de comparar textos e personagens nas suas mais variadas representações
literárias.
Uma alternativa que empreguei no desenvolvimento de um projeto de incentivo à
leitura, aprovado em edital do Fundo Municipal de Cultura, pela Fundação Cultural de
Curitiba, que obteve bons resultados, pode configurar uma metodologia válida.
Para desenvolver as atividades direcionadas ao público jovem, escolhi trabalhar com a
literatura fantástica. Enfatizando o que foi colocado anteriormente, essa escolha foi
determinada pela minha predileção por tais narrativas. Em algumas rodas, com duração
mínima de duas horas, escolhi a leitura de contos, em outras de fragmentos instigantes de
romances. Para minha surpresa, os participantes demonstram maior interesse pelas histórias
que pudessem concluir sozinhos, ou seja, as que eu não apresentava o final.
É bom ler contos, mas quando algo fica no ar, algo por dizer, provoca os leitores. Pode
ser que não procurem os livros de imediato, mas a ausência do final, de alimentar a
curiosidade continuará presente. Isso faz com que eles, em algum momento, busquem as
obras, tornando-se, pois, leitores. Essa metodologia expande a margem de ação do mediador e
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possibilita a construção de novas pontes, pelas quais os alunos terão autonomia para escolher
suas próprias leituras.
Tal direcionamento me pareceu interessante após a leitura do clássico As mil e uma
noites, em que Sherazade suspendia a cada manhã a história que narrava ao sultão Shariar e a
sua irmã Dinarzade. Contava com tamanha paixão, que ao final de mil e uma noites sua morte
é suspensa e o amor do sultão conquistado. Além desse passeio pela literatura oriental, o
encontro com as palavras de Daniel Pennac - Como um romance – fomentaram o desejo de
incentivar jovens e crianças a descobrirem o prazer inigualável da leitura solitária, apenas
leitor e livro - “O senhor nos ajuda a ler, professor, mas eu fico contente, depois, ao me
encontrar sozinho com o livro” (PENNAC, 1997, p. 115).
Por fim, os professores podem inovar o ensino de literatura na escola e, até mesmo,
melhorar a relação com os alunos, pois a roda de leitura aproximará os estudantes que
compõem classe e também o professor dela:
Dentro e fora da escola, crianças e adultos, precisamos reaprender a ler, a reinventar
a leitura. E o começo é perceber que não lemos palavras, lemos sequências nas quais
as palavras se comunicam, se negam, se contradizem e nos surpreendem: espreitar
suas relações, observar suas ambiguidades pode nos tornar mais perspicazes e
sensíveis. Viver a aventura da palavra é viajar pelo tempo/espaço da humana
condição. (YUNES, 2009, p. 58).
Feita continuamente, toda semana, a cada quinze dias, variando histórias e escritores,
tanto estudantes quanto docentes enriquecerão seu repertório literário e se surpreenderão a
cada nova leitura, descobrindo o quão gratificante é ler com mais pessoas, ouvir o outro e a si
mesmo.
Considerações Finais
A partir das considerações apresentadas, torna-se perceptível a adequação da prática
com rodas de leitura para trabalhar a literatura na escola. Os aspectos elencados, tanto os que
se referem ao papel do mediador, quanto aos que elucidam a dinâmica das rodas, demonstram
quão relevante é trabalhar a leitura literária de maneira diversificada.
Para formar novos leitores, é preciso dispor tempo e dedicação. Ler textos diversos,
conhecer novos autores, na procura por leituras que motivem não só o mediador, primeiro
leitor, mas também aqueles a quem a leitura será dirigida, isto é, aos alunos.
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Nos pressupostos apresentados para desenvolver a prática de leitura em círculo,
tornou-se evidente que não há fórmulas e receitas precisas, uma vez que para cada um a
leitura fluirá de maneira diferente. Sob essa perspectiva então, é que se estabelecem as rodas
de leitura enquanto momento de trocas e movimentação de ideias. Para tanto a ação do
mediador é fundamental, a fim de unir opiniões, costurar falas para demonstrar a partir das
diferentes leituras que nascem de um mesmo texto, a amplidão de terreno interpretativo que a
literatura oferece.
Dessa forma, combinando esses direcionamentos com as reflexões teóricas elencadas,
tornou-se evidente que promover rodas de leitura em sala de aula é possível. Com base nas
experiências relatadas, demonstra-se que também produz bons resultados, tanto para o
docente, quanto para os alunos, pois quebra com configurações escolares há muito
estabelecidas, retirando o professor da frente da sala e o colocando na posição de leitor-guia,
que partilha a felicidade de ler uma boa história.
REFERÊNCIAS
COSTA, Marta Morais da. Metodologia do ensino da literatura infantil. Curitiba: Ibpex,
2007.
PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
PETIT, Michele. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva. São Paulo: Editora 34, 2008.
YUNES, Eliana. Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados. Curitiba: Aymará, 2009.
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PROFESSOR MEDIADOR, ALUNO LEITOR