Análise de Sobrevivência do tempo médio de vida de pacientes na UTI de um hospital de João Pessoa Isis M. B. de Lima, Lídia D. A. de Souza e Gilmara A. Cavalcanti Universidade Federal da Paraíba β Departamento de Estatística Resumo  A UTI nasceu da necessidade de oferecer suporte avançado de vida a pacientes agudamente doentes que porventura possuam chances de sobreviver, destina-se a internação de pacientes com instabilidade clínica e com potencial de gravidade. É um ambiente de alta complexidade, reservado e único no ambiente hospitalar, já que se propõe estabelecer monetarização completa e vigilância 24 horas. Consideremos o banco de dados extraído da UTI de um Hospital de João Pessoa, onde foram observados os tempos de vida até a alta dos pacientes, como sendo a variável de interesse (falhas), e as demais observações como sendo censuras aleatórias. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é utilizar a metodologia nãoparamétrica de dados de sobrevivência fazendo uso de técnicas descritivas e do estimador de Kaplan-Meier Palavras-Chave Análise de Sobrevivência, UTI. I. INTRODUÇÃO A UTI nasceu da necessidade de oferecer suporte avançado de vida a pacientes agudamente doentes que porventura possuam chances de sobreviver, destina-se a internação de pacientes com instabilidade clínica e com potencial de gravidade. É um ambiente de alta complexidade, reservado e único no ambiente hospitalar, já que se propõe estabelecer monetarização completa e vigilância 24 horas. Consideremos o banco de dados extraído da UTI de um Hospital de João Pessoa, onde foram observados os tempos de vida até a alta dos pacientes, como sendo a variável de interesse (falhas), e as demais observações como sendo censuras aleatórias. A população em estudo foi constituída por todos os pacientes que deram entrada na UTI de um determinado hospital no período de Junho 2010 a Dezembro de 2010 na faixa etária de 19 a 99 anos. No total foram examinados 157 pacientes. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é utilizar a metodologia não-paramétrica de dados de sobrevivência fazendo uso de técnicas descritivas e do estimador de KaplanMeier, bem como, dar ênfase a uma abordagem paramétrica de modo a adequar um modelo probabilístico para determinar o tempo médio de vida de um paciente até sua alta. Embora exista uma série de modelos probabilísticos utilizados em análise de dados de sobrevivência, alguns destes ocupam uma posição de destaque por sua comprovada adequação a várias situações práticas: Exponencial, Weibull e Log-normal. Este trabalho está subdivido em três seções, na primeira encontra-se a metodologia na qual fala sobre os modelos probabilísticos, na segunda discutiremos resultados e por último a conclusão do nosso trabalho. os II. METODOLOGIA A análise de sobrevivência é um conjunto de processos estatísticos, utilizados na análise dos dados, para a qual a variável de interesse é o tempo que decorre até que um acontecimento se verifique. Calcula-se o tempo de sobrevivência iniciando-o num ponto de partida natural para o estudo (ex: data da entrada na UTI) até o ponto em que o doente alcança o limite de interesse. O tempo pode ser analisado em anos, meses, semanas ou dias, desde o início do estudo até que o acontecimento ocorra. Por acontecimento, significamos morte, incidência da doença, recaída/ remissão, cura, ou qualquer experiência de interesse que pode acontecer a uma pessoa. Na maioria das análises existem dados truncados ou censurados, quando temos informação acerca do tempo de sobrevivência, mas não temos o tempo de sobrevivência exato, ou seja, o doente durante o estudo não alcançou o limite de interesse. As curvas de sobrevivência são geralmente calculadas pelo método de Kaplan-Meier. O Estimador de Kaplan-Meier na sua construção considera tantos intervalos de tempo, quanto forem o número de falhas distintas. É definido da seguinte forma: ππº ππππ ππππππππππππππ çõππππ ππππππ ππΜ(t) = ππãππ ππππππ βππππππππ ππππ é ππ π‘π‘π‘π‘π‘π‘π‘π‘π‘π‘ π‘π‘ ππº π‘π‘π‘π‘π‘π‘π‘π‘π‘π‘ ππππ ππππππππππππππ çõππππ ππππ ππππππππππππ A função ou distribuição de sobrevivência é uma função cronológica habitualmente designada pela letra S(t), que se inicia num determinado momento no tempo, com 100% da população ainda viva e com saúde, e nos permite calcular a percentagem dessa população em outros momentos ao longo do tempo. A função de sobrevivência é definida como a probabilidade de uma observação não falhar até um certo tempo t, ou seja, a probabilidade de uma observação sobreviver ao tempo t. A distribuição Exponencial é um dos modelos probabilísticos mais simples usados para descrever o tempo de falha. Esta distribuição apresenta um único parâmetro e é a única que se caracteriza por um ter uma função de taxa de falha (ou de risco) constante. Ela é definida por: f(t) = 1 πΌπΌ π‘π‘ exp{-( )}, t β₯ 0 πΌπΌ Em que o parâmetro Ξ± β₯ 0 é o tempo médio de vida. A distribuição de Weibull foi proposta originalmente por W. Weibull (1954) em estudos relacionados ao tempo de falha devido a fadiga de metais e, desde então, vem sendo freqüentemente usada em estudos biomédicos e industriais. A sua popularidade em aplicações práticas deve-se ao fato dela apresentar uma grande variedade de formas, todas com uma propriedade básica: a sua função de taxa de falha e monótona. Isto é, ou ela é crescente ou decrescente ou constante. Para uma variável aleatória T com distribuição de Weibull tem-se a função de densidade de probabilidade dada por: f(t) = πΎπΎ πΌπΌ πΎπΎ Para analisar o tempo médio de vida até a alta de um paciente, faz-se necessário o uso de técnicas da análise de sobrevivência já que essas lidam com informações censuradas, incluindo-as na análise, de forma a reduzir possíveis vieses na análise estatística. Utilizou-se o estimador de Kaplan-Meier para estimar a função de sobrevivência da variável resposta. E com essas estimativas obter informações importantes a respeito do tempo de vida até a alta do paciente. Curva de sobrevivência para a estimativa de Kaplan-Meier π‘π‘ πΎπΎ π‘π‘ πΎπΎβ1 expοΏ½β οΏ½ οΏ½ οΏ½ , π‘π‘ β₯ 0 πΌπΌ em que Ξ³, o parâmetro de forma, e Ξ±, o de escala, são ambos positivos. O parâmetro Ξ± tem a mesma unidade de medida de t e Ξ³ não tem unidade. A distribuição Log-normal é muito utilizada para caracterizar tempos de vida de produtos e indivíduos. Isto inclui, fadiga de metal, semicondutores, diodos e isolação elétrica. Ela também é bastante utilizada para descrever situações clínicas, como o tempo de vida de pacientes com leucemia. A função de densidade de uma variável aleatória T com distribuição Log-normal é dada por: f(t) = 1 β2ππππππ β1 log (π‘π‘)βµ 2 ) }, 2 ππ expβ‘ { ( t β₯ 0. III. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para se ter uma noção descritiva e exploratória de algumas covariáveis, apresentamos as tabelas abaixo. Na tabela 1 observamos a predominância do sexo feminino, e que aproximadamente 46% dos pacientes originaram-se da urgência. E ainda, que 50% dos mesmos receberam alta para a enfermaria, 40% vieram a óbito e 10% foram transferidos para outras cidades ou hospitais. Verifica-se que a chance de um paciente sobreviver em uma UTI é inicialmente de 92% e com o passar do tempo essa probabilidade decresce chegando a um mínimo 13%. Métodos gráficos serão utilizados para determinar qual distribuição será mais apropriada para calcular o tempo médio de vida até a alta de um paciente. Algumas das seguintes distribuições serão consideradas para modelar esse tempo de vida, entre elas: Log-normal, Exponencial e Weibull. Os gráficos abaixo foram construídos utilizando o método de Kaplan- Meier para comparar as estimativas das sobrevivências para cada distribuição e as estimativas do modelo proposto, para identificar a distribuição mais adequada. Gráfico 1: Comparação entre as distribuições Exponencial, Weibull e Lognormal O gráfico 1, compara as três distribuições: Exponencial, Weibull e Log-Normal. É possível obsevar que os gráficos da Exponencial e de Weibull foram os que melhor se ajustaram pois não possuem nenhum desvio marcante ao contrário da distribuição Log-normal. Portanto, o gráfico das funções de sobrevivência linearizados será construído para reduzir o erro na seleção do modelo que melhor se ajusta. Gráfico 2: Gráfico das funções de sobrevivência linearizadas , O método de máxima verossimilhança será utilizado para calcular as estimativas dos parâmetros dos modelos. Considerando os dois modelos escolhidos, é possível calcular o tempo médio de vida até a alta de um paciente. Portanto, para a distribuição Weibull o tempo médio de vida é de aproximadamente 14,41 dias, semelhante ao proposto na distribuição Exponencial de aproximadamente 14,05 dias. Daí, confirma-se, mais uma vez, os modelos são bem semelhantes para tratar o tempo médio de vida até a alta de um paciente. IV. CONCLUSÃO O gráfico 2, gráfico das funções de sobrevivência linearizados, confirma que as distribuições Exponencial e Weibull foram as que melhor se ajustaram, mas, a partir dessa linearização percebe-se que a distribuição de Weibull é a que se mostra mais adequada. Além disso, o gráfico 3 representa as curvas de sobrevivência estimadas pelos modelos, nele visualisamos a distribuição mais próxima da curva de Kaplan-Meier, apesar dos dois modelos serem similares e considerando o gráfico 2, o melhor modelo é o apresentado pela distribuição de Weibull. Gráfico 3: Curvas de Sobrevivência pelo método de Kaplan-Meier e dos modelos paramétricos Exponencial e Weibull. O presente estudo objetivou analisar o tempo médio de vida de um paciente até sua alta. Foram analisados 157 pacientes do qual 53% eram do sexo feminino, 46% originaram-se da urgência do hospital em questão, 50% receberam alta para a enfermaria, 40% foram a óbito e 10% foram transferidos para outras cidades ou hospitais. Para analisar o tempo médio de vida até a alta de um paciente em uma UTI de certo hospital de João Pessoa, estimamos a função de sobrevivência pelo método de Kaplan-Meier, em que verificou-se que a chance de um paciente sobreviver em uma UTI é inicialmente de 92% e com o passar do tempo essa probabilidade decresce chegando a um mínimo 13%, e utilizando métodos gráficos observa-se que as distribuições Exponencial e de Weibull são semelhantes, mas a que melhor se ajusta aos dados é a distribuição de Weibull. Daí, o tempo médio de vida até a alta de um paciente em uma UTI é de aproximadamente 14 dias. REFERÊNCIAS [1] Colosimo, Eurico A.; Giolo, Suely R.; Análise de Sobrevivência Aplicada; Ed. Edgar Blucher, 1º Ed., 2006. [2] Collett, D.; Modelling Survival Data in Medical Research; Ed. Champman & Hall, 1º Ed., 1994.