DRIS COMO MÉTODO DIAGNÓSTICO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS Gilmar R. Nachtigall - Embrapa Uva e Vinho Antônio R. Dechen - USP/ESALQ II Simpósio Paulista sobre Nutrição de Plantas Aplicada em Sistemas de Alta Produtividade Jaboticabal - Abril 2010 ÍNDICE 1. Diagnóstico Nutricional 2. DRIS - Conceitos 3. DRIS - Metodologia 4. DRIS - Interpretação 5. DRIS - Validação 6. Considerações Finais Diagnóstico Nutricional DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL Fatores que Afetam a Absorção de Nutrientes pelas Plantas NEGATIVOS Diagnóstico Nutricional Alta umidade relativa do ar (diminui transpiração) Sistema radicular pouco desenvolvido pH inadequado Umidade do solo POSITIVOS Alta transpiração das plantas Solos com boa estrutura e bom suprimento de O2 Teor de matéria orgânica Baixa aeração Atividade dos microorganismos Nematóides ou outras pragas pH adequado Compactação do solo Sistema radicular bem desenvolvido Estado Nutricional Diagnóstico Nutricional Níveis de ocorrência dos nutrientes numa planta e as interações entre eles determinando o crescimento a produtividade e a qualidade da produção. AVALIAÇÃO • Acesso ao estado nutricional das plantas através de métodos visuais ou análises químicas. MONITORAMENTO • Acompanhamento estado nutricional espaço e no tempo. do no Diagnose Foliar PRINCÍPIOS BÁSICOS Diagnóstico Nutricional O nível de nutrientes dentro da planta é um valor integral de todos os fatores que interagiram para influenciá-lo. USO DA ANÁLISE FOLIAR Não é necessário usar a planta toda para avaliar o estado nutricional. Existe relação entre a concentração de nutrientes com o suprimento e a produtividade. Diagnose foliar PRODUÇÃO RELATIVA, % Diagnóstico Nutricional 120 100 80 60 Y=-477.7+861.0N- 24N2 (R=0.86**) 40 20 8 10 12 14 16 N NAS FOLHAS, g kg-1 RELAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO RELATIVA E ANÁLISE DE SOLO E DE PLANTA (Bataglia & Quaggio, 2000) Diagnose foliar Quantidade de nutriente/unidade de matéria seca Concentração = ∆ N / ∆ MS Diagnóstico Nutricional Variação no teor de um nutriente na planta: [ normal] [ baixa] [ alta] Teor alto = N / MS ou N / MS Teor médio = N / MS ou N / MS ou N / MS Teor baixo = N / MS ou N / MS Interpretação da análise foliar Nível Crítico Diagnóstico Nutricional Concentração na folha abaixo da qual a taxa de crescimento, produção ou qualidade são significativamente diminuídas. Faixa de Suficiência INSUFICIENTE ABAIXO DO NORMAL NORMAL ACIMA DO NORMAL EXCESSIVO NITROGÊNIO EM MACIEIRA (g/kg) < 17,O 17,0 - 19,9 Fonte: Comissão (1995) 20,0 - 25,0 25,1 - 30,0 > 30,0 Níveis Críticos para Diversas Plantas Cultivadas Maçã Pêra Pêssego Ameixa Uva 20,0 20,0 32,6 23,1 16,0 1,5 1,5 12,0 11,0 2,5 1,5 13,1 16,4 5,2 1,5 13,1 16,4 5,2 1,2 8,0 16,0 2,0 30,0 5,0 34,0 6,0 34,0 6,0 30,0 - 50,0 100,0 100,0 30,0 30,0 20,0 31,0 24,0 31,0 24,0 20,0 25,0 Diagnóstico Nutricional Nutriente N (g kg-1) P (g kg-1) K (g kg-1) Ca (g kg-1) Fe (mg kg-1) 12,0 11,0 2,5 30,0 5,0 50,0 Mn (mg kg-1) Zn (mg kg-1) 30,0 20,0 Mg (g kg-1) S (g kg-1) B (mg kg-1) Cu (mg kg-1) Diagnóstico Nutricional Diagnóstico Nutricional DIFICULDADES: • Não permite a interpretação de resultados de amostras coletadas fora do período indicado; • O resultado da análise foliar, mesmo realizado em um curto espaço de tempo, não permite corrigir problemas nutricionais na mesma safra; • Existe baixa relação entre a concentração de nutrientes nas folhas e a produtividade (para a maioria dos nutrientes) ou relações não adequadas . DRIS Conceitos DRIS CONCEITOS Método DRIS - Introdução DRIS Conceitos Método de diagnose do estado nutricional baseado no cálculo de índice para cada nutriente, considerando a sua relação com os demais, comparados com uma população de referência. Proposto originalmente por Beaufils (1973). - Para propósitos amplos de diagnóstico da produtividade - Atualmente utilizado para diagnóstico nutricional Cálculo depende: - População de referência - Estabelecimento de normas (relações entre nutrientes) - Estabelecimento de índices para cada nutriente Método DRIS - Amostragem DRIS Conceitos Amostras foliares ao acaso Seleção segundo a produtividade Alta Produção Baixa Produção POPULAÇÃO POPULAÇÃO A B Método DRIS – Normas DRIS Conceitos CÁLCULO DAS NORMAS DE REFERÊNCIA DRIS POPULAÇÃO A Relações diretas e indiretas das concentrações dos nutrientes, dois a dois (Ex.: N/P) Estabelecimento da média, desvio padrão e coeficiente de variação DRIS Metodologia DRIS METODOLOGIA Método DRIS – Normas de Referência ESCOLHA DA RAZÃO ENTRE NUTRIENTES DRIS Metodologia MÉTODO DESCRITO POR LETZSCH (1985) – “Valor F”: se: [ s2 (A/B)b / s2 (A/B)r] > [ s2 (B/A)b / s2 (B/A)r] então: relação na norma = A/B se: [ s2 (A/B)b / s2 (A/B)r] < [ s2 (B/A)b / s2 (B/A)r] então: relação na norma = B/A onde: s2 (A/B)r =Variância da razão entre as concentrações dos nutrientes A e B da população de referência; s2 (A/B)b = Variância da razão entre as concentrações dos nutrientes A e B da população de baixa produtividade; s2 (B/A)r =Variância da razão entre as concentrações dos nutrientes B e A da população de referência; s2 (B/A)b = Variância da razão entre as concentrações dos nutrientes B e A da população de baixa produtividade. DRIS Metodologia Método DRIS – Normas de Referência Relações entre nutrientes selecionadas Método DRIS – Índices DRIS CÁLCULO DOS ÍNDICES DRIS (Beaufils, 1973) IY = m f (Y/Xi) i=1 m + n f (Xj/Y) j=1 n onde: DRIS Metodologia 1- f (Y/X) = Y/X(a) Y/X(p) CV% k Y/X(p) . 100 . k , Y/X(a) CV% 0 , Y/X(a) -1 . 100 . k , Y/X(p) CV% para Y/X(a) < Y/X(p) para Y/X(a) = Y/X(p) para Y/X(a) > Y/X(p) = relação na amostra = relação na população normal (referência) = coeficiente de variação = constante de sensibilidade Gera índices DRIS realçando os nutrientes que se apresentam mais deficientes Método DRIS – Índices DRIS CÁLCULO DOS ÍNDICES DRIS (Jones, 1981) DRIS Metodologia IY = m f (Y/Xi) i=1 m + n f (Xj/Y) j=1 n onde: f (Y/X) = (Y/X(a) - Y/X(p)) k / s Y/X(a) Y/X(p) s k = relação na amostra = relação na população normal (referência) = desvio padrão da relação = constante de sensibilidade Se caracteriza por envolver cálculos mais simples Método DRIS – Índices DRIS CÁLCULO DOS ÍNDICES DRIS (Elwali & Gascho, 1984) IY = m f (Y/Xi) i=1 m + n f (Xj/Y) j=1 n onde: Y/X(p) . 100 . k , Y/X(a) CV% 0 , Y/X(a) -1 . 100 . K , Y/X(p) CV% DRIS Metodologia 1- f (Y/X) = Y/X(a) Y/X(p) CV% k s para Y/X(a) < Y/X(p) - s para Y/X(p) – s ≤ Y/X(a) ≤ Y/X(p) + s para Y/X(a) > Y/X(p) + s = relação na amostra = relação na população normal (referência) = coeficiente de variação = constante de sensibilidade = desvio padrão da relação Utiliza um limite de tolerância para considerar dois nutrientes balanceados Método DRIS – Índices DRIS ÍNDICE DE BALANÇO NUTRICIONAL (IBN) DRIS Metodologia Representa o somatório, em módulo, do índice DRIS de cada nutriente. IBN = | Índice A | + | Índice B | .... + | Índice N | Fornece uma medida (não ponderada) do grau de desequilíbrio nutricional. O IBN médio fornece uma medida ponderada do grau de desequilíbrio nutricional, desde que IBNmédio = IBN/n. DRIS Interpretação DRIS INTERPRETAÇÃO Método DRIS – Índices DRIS DRIS Interpretação INTERPRETAÇÃO DOS ÍNDICES DRIS ÍNDICE DRIS = OU PRÓXIMO DE ZERO: EQUILÍBRIO >> 0 : EXCESSO (excesso relativo aos demais nutrientes) << 0 : INSUFICIÊNCIA (insuficiência relativa aos demais nutrientes) IBN OU IBNm = OU PRÓXIMO ZERO: BOA NUTRIÇÃO GLOBAL >> 0: PÉSSIMA NUTRIÇÃO GLOBAL ORDEM DE LIMITAÇÃO grau de limitação nutricional de cada nutriente Método DRIS – Índices DRIS EXEMPLO: Índice N = + Índice P = - DRIS Interpretação Índice K = + f(N/P) + f(N/K) 2 f(N/P) + f(K/P) 2 f(K/P) - f(N/K) 2 = +6,70 = - 0,24 = - 6,91 Interpretação: Deficiência - Balanceado 0 Seqüência de fatores limitantes: K > P > N “Excesso” + Valores Para Interpretação Baixo ÍNDICE DRIS -30 Adequado Alto 0 +30 DRIS Interpretação CRITÉRIO DE FAIXAS DE SUFICIÊNCIA N 26,0 32,0 P 1,3 2,0 K 19,0 25,0 Ca 10,0 15,0 Mg 3,4 4,5 S 1,6 2,0 B 50,0 80,0 Cu 10,0 20,0 Fe 90,0 200,0 Mn 80,0 250,0 Zn 9,0 19,0 DRIS Interpretação Ordem de Limitação Classifica os nutrientes a partir dos valores dos índices DRIS DRIS Validação DRIS VALIDAÇÃO Relação entre o IBNm e a produção de soja 6000 Limite da relação entre a produtividade e o Índice IBNm DRIS Validação -1 kg de soja .ha 5000 4000 3000 2000 1000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 índice IBN médio Relação entre o Índice de Balanço Nutricional (IBN) e a produção de soja (Wadt, 2001). 16 Avaliação da eficiência do DRIS Produção Relativa - % DRIS Validação 120 100 80 60 40 NS y = 93,14 + 0,20 x - 0,009**x R2 = 0,55 20 2 0 0 20 40 60 80 100 IBN Elwali & Gascho F Relação entre a produção de frutos de macieira e os os Índices de Balanço Nutricional (IBN), em função de doses de adubo potássico (Nachtigall, 2004). Avaliação da eficiência do DRIS 90 Produção - t ha-1 80 70 60 50 40 30 y = 69,39 - 0,75**x DRIS Validação 20 2 R = 0,90 10 0 0 10 20 30 40 50 IBN Fuji (Norma Fuji) Relação entre o Índice de Balanço Nutricional (IBN) e a produção de maçã cv. Fuji no Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Nachtigall, 2005). Avaliação da eficiência do DRIS Produção Relativa - % DRIS Validação 100 y = 118,6 - 9,03**x 80 2 R = 0,96 60 40 20 0 0 3 6 9 12 15 IBN Relação entre o Índice de Balanço Nutricional (IBN) e a produção relativa do Capim-Braquiária (Silveira et al., 2005). Avaliação da eficiência do DRIS 5000 -1 5000 4000 3000 y = 5221,15 - 98,25**x R2 = 0,88 2000 1000 DRIS Validação NORDESTE MATO GROSSO Produtividade (kg ha ) -1 Produtividade (kg ha ) 6000 0 4000 3000 y = 4712,71 - 243,45**x R2 = 0,92 2000 1000 0 0 20 40 IBN 60 0 5 10 IBN 15 Relação entre o Índice de Balanço Nutricional (IBN) e a produção de soja no Mato Grosso e Nordeste (Hoogerheide, 2005). 20 Avaliação da eficiência do DRIS 14.000 DRIS Validação Produção - kg ha -1 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 y = 16595 - 448,04**x R2 = 0,72 2.000 5 10 15 20 25 IBN Relação entre o Índice de Balanço Nutricional (IBN) e a produção de arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Avaliação da eficiência do DRIS DRIS Validação Concordância no diagnóstico nutricional da macieira (deficiência, normal e excesso) entre o critério de faixas de suficiência e os métodos DRIS, em função de doses de adubo potássico. Avaliação da eficiência do DRIS 100 Gala DRIS Validação IBN Elwali & Gascho F 90 Fuji Golden 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 25 30 Semanas após a plena floração Distribuição sazonal dos Índices de Balanço Nutricional (IBN) pelo método Elwali & Gascho (1984) (Valor F) em folhas de macieira cv. Gala, Golden Delicious e Fuji no período de 1 a 30 semanas após a plena floração. Avaliação da eficiência do DRIS 60 40 20 -1 120 100 y = 87,48 - 0,33**x 2 R = 0,63 80 60 40 20 0 25 50 75 100 125 0 150 40 120 160 80 60 y = 139,53 - 0,79**x R2 = 0,52 0 25 50 75 100 40 20 0 20 125 IBN Nov (Norma Fev) 150 40 60 80 100 120 IBN Fev (Norma Nov) 120 -1 y = 81,04 - 0,58**x R2 = 0,69 100 80 60 40 20 0 0 60 200 Produção - t ha -1 100 Produção - t ha -1 Produção - t ha 80 120 120 20 80 IBN - Fev (Norma Geral) IBN Fev (Norma Fev) 40 y = 102,70 -0,77**x 2 R = 0,56 100 0 0 0 DRIS Validação Produção - t ha 80 120 -1 y = 107,57 - 0,58**x 2 R = 0,42 100 Produção - t ha Produção - t ha -1 120 100 y = 84,87 - 1,02**x 2 R = 0,73 80 60 40 20 0 0 10 20 30 40 50 60 IBN Nov (Norma Geral) 70 80 0 10 20 30 40 50 60 IBN Nov (Norma Nov) Relação entre os valores de IBN e a produtividade (t ha-1) em função de época de coleta e de normas estratificadas 70 Considerações Finais CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerações Finais: VANTAGENS E DESVANTAGENS DO DRIS Vantagens : Considerações Finais As relações dos nutrientes, dois a dois, são melhores indicadoras de deficiências. Considera o equilíbrio nutricional com base em normas de referência. As normas podem ser extrapoladas para diversas regiões do país. A diagnose pode ser feita em diferentes fases de desenvolvimento da cultura. Desvantagens : Interdependência no cálculo dos índices. Banco de dados inadequado. Considerações Finais: Considerações Finais COMPARAÇÃO ENTRE NÍVEL CRÍTICO OU FAIXA DE SUFUCIÊNCIA E DRIS CARACTERÍSTICA NÍVEL CRÍTICO OU FAIXA DE SUFUCIÊNCIA DRIS Diagnóstico Teor x Padrão Relações e Normas Prognóstico Deficiente, Suficiente, Excesso Ordem de Limitação Recomendação Dosagem de Adubo Ajuste na Adubação Requisitos Curva de Calibração Monitoramento DRIS COMO MÉTODO DIAGNÓSTICO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS Gilmar R. Nachtigall FIM [email protected] Muito Obrigado!!!