Publicação Especializada em Terapia Intravenosa ano V • nº 15 • setembro – dezembro de 2005 Veja nesta edição: UFMG adota programa educacional do CTAV A Universidade Federal de Minas Geral (UFMG) é uma das primeiras instituições a implantar o Programa BD na Universidade com excelentes resultados educacionais. Veja entrevista com a professora Flávia Latini, coordenadora do Curso de Atualização em Terapia Intravenosa, vinculado ao programa do CTAV. Página 2 Por Katia Teixeira Gerente de produto Infusion Therapy Systems O Programa BD na Universidade foi criado este ano pelo Centro de Treinamento em Acesso VascularCTAV para atender às solicitações de cursos e palestras sobre assuntos relacionados a terapia intravenosa, acesso periférico, cateter central de inserção periférica e sistema fechado. O Centro de Treinamento em Acesso Vascular quer, com esta iniciativa, firmar parcerias com instituições universitárias brasileiras a fim de que os alunos recebam informações e conhecimentos sobre novos conceitos, técnicas atualizadas em Terapia Intravenosa. Cada universidade recebe material de apoio que se constitui de um estojo contendo amostras de produtos BD e literaturas. O maior objetivo da BD com este programa é contribuir para o aprimoramento e a otimização da Terapia Intravenosa, onde quer que seja utilizada. As aulas ministradas pelos consultores educacionais do CTAV compreendem temas sobre o uso de novos dispositivos de acesso venoso central e periférico, além das opções do Sistema Fechado de Infusão Intravenosa. É importante frisar que embora seja uma iniciativa de uma empresa privada, o Programa visa especificamente apoiar o desenvolvimento acadêmico, através da difusão de informações e promoção da educação dos estudantes que estão se preparando para atuar efetivamente nos serviços de saúde. Na página 2, você encontra um exemplo como o Programa BD na Universidade vem sendo implementado na Universidade Federal de Minas Gerais. Centro Cirúrgico látex-livre Conheça as soluções que Equipe do CC do Hospital Vera Cruz encontrou para prevenir complicações decorrentes de alergia ao látex. Página 3 Manutenção do acesso da veia jugular A consultora educacional do CTAV, Silmara Malaguti, pesquisou e elaborou um artigo com uma série de indicações e cuidados sobre o uso de heparina ou solução salina no acesso de veia jugular. Leia nas páginas 4 e 5 PICC em nutrição parenteral parcial Leia entrevista com a presidente da CCIH do CAISM, dra. Roseli Calil. Página 6 Artigos científicos especiais Punção, manuseio e cuidados com a fístula arteriovenosa (FAV) De autoria da profa Severina Barbosa Lima, especialista em Nefrologia pela SOBEN. Páginas 7, 8 e 9 Biofilmes relacionados a cateteres Para conhecer melhor e participar do Programa BD na Universidade, basta enviar um e-mail para: [email protected] De Elenice Kocssis, enfermeira consultora educacional da 3M do Brasil - Terapia Endovenosa e Wound Care. Páginas 10 e11 UFMG promove atualização dos alunos em Terapia IV com o Programa BD na Universidade Profª. Flávia Sampaio Latini m junho passado, a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) iniciou o Programa BD na Universidade, com excelentes resultados educacionais para seus alunos. Segundo a enfermeira Flávia Sampaio Latini, professora e coordenadora do programa na instituição, o Curso de Atualização em Terapia Intravenosa vinculado a este projeto do Centro de Treinamento em Acesso Vascular-CTAV, vem servindo para ampliar os conhecimentos dos novos conceitos que estão surgindo na área. Nesta entrevista, ela comenta a importância e o valor da iniciativa aos profissionais de saúde que atuam em Terapia IV. E 2 Intravenous – Como surgiu o interesse da UFMG pelo Programa BD na Universidade? – Flávia Latini: Há alguns meses, o CTAV entrou em contato conosco para nos apresentar as propostas do Programa e foram acolhidas com interesse pelos docentes, pois envolve temas de grande importância aos alunos. A partir daí, transformamos o Programa BD na Universidade em um Projeto de Extensão, denominado de Curso de Atualização em Terapia Intravenosa, para que fosse registrado e aprovado no Centro de Extensão da nossa Unidade Acadêmica. Cabe esclarecer que o curso foi oferecido para a comunidade da Escola de Enfermagem da UFMG e sua aprovação se deu somente no âmbi- to desta Unidade Acadêmica. Intravenous – A professora acredita que este Programa do CTAV possa ajudar na promoção do conhecimento acadêmico sobre os novos conceitos citados na pergunta anterior? – Flávia Latini: Acreditamos. O CTAV dispõe de material didático bem elaborado e atual, além de material demonstrativo, ou seja, os próprios produtos para acesso vascular o que permitiu a sua manipulação pelo alunos. Intravenous – Na área de Terapia Intravenosa, quais as questões e dúvidas mais freqüentes dos alunos em relação aos novos conceitos e técnicas surgidas nos últimos anos? – Flávia Latini: No 5º e no 7º períodos do curso, a Terapia IV é apresentada e abordada aos alunos, tanto em teoria quanto na prática. Atualmente, as questões mais freqüentes são relacionadas à técnica de punção e fixação do cateter, à manutenção e à proteção do acesso, à escolha do cateter e à profilaxia de infecção. Durante o curso de atualização ministrado pela consultora educacional do correram e quais os temas abordados? – Flávia Latini: O Curso de Atualização em Terapia Intravenosa, como é denominado o Programa, transcorreu durante o último mês de junho com carga horária total de 16 horas, 4 horas por dia e foi oferecido aos alunos do curso de Graduação e profissionais de Enfermagem. As vagas foram insuficientes à demanda e 50 pessoas participaram, dentre elas alunos da Escola e egressos, que atualmente estão inseridos em instituições hospitalares. Os temas abordados foram Biossegurança, Acesso Venoso, Material X Complicações, Complicações da Terapia IV, Otimização da Terapia IV, Sistema Fechado Integrado e Cateter Central de Inserção Periférica (PICC). Observamos que os alunos demonstraram satisfação e consideraram o curso coerente com a proposta de atualização. O aspecto mais pontuado foi a respeito dos próprios materiais apresentados, principalmente o sistema fechado, e sobre a PICC. CTAV em Belo Horizonte, enfermeira Luciana Bianchini, os questionamentos mais freqüentes estiveram relacionados aos produtos BD, aos cateteres de segurança, ao PICC, à escolha do material e à angulação da punção relacionada ao material utilizado. Acreditamos que as dúvidas devem-se ao fato de os alunos não encontrarem tais produtos nas instituições de saúde que freqüentam, seja em atividades curriculares ou extra-curriculares. – Flávia Latini: Trata-se de uma proposta interessante, pois aproxima os alunos do que há de novo no mercado, reforça a importância dos novos conceitos, além de tratar-se de um tema essencial ao processo de trabalho do enfermeiro, tanto assistencial, quanto de planejamento. Pretendemos oferecer o curso semestralmente, mantendo a parceria com a BD, envolvendo os docentes e a equipe do CTAV. Intravenous – Quantos alunos participam do Programa BD na Universidade na UFMG? Quantas horas-aulas já trans- Intravenous – Como os professores da Escola de Enfermagem da UFMG avaliam esta iniciativa da BD? E-mail para contato: [email protected] Ano V • nº 15 Hospital Vera Cruz em Campinas cria estrutura látex-livre no Centro Cirúrgico Por: Aneci Valéria D. R. Lima, Izaura S. do Espírito Santo e Thais Marcondes Ferreira Profissionais do Hospital Vera Cruz que desenvolveram o projeto látex-livre para o Centro Cirúrgico: enf. Aneci Valéria Dias Rocha Lima, supervisora da CME; enf. Thais Marcondes Ferreira, coordenadora de Enfermagem; dr. José Luís de Campos, médico anestesista do CC HVC; e enf. Izaura Santos do Espírito Santo, supervisora do CC. E m abril passado, o Centro Cirúrgico do Hospital Vera Cruz detectou a necessidade de montar uma sala látex-livre, devido ao aumento no número de pacientes alérgicos durante a consulta pré-anestésica. O fato levou as equipes de Enfermagem e do Serviço de Anestesia a pesquisarem o assunto, a fim de conhecerem melhor o problema e encontrar soluções. Nossa surpresa foi descobrir que se trata de um processo alérgico muito comum em profissionais da saúde, estimado em 14%, embora pouco conhecido e reconhecido. O segundo passo foi identificar todo material e equipamento hospitalar que fosse composto por látex. Entramos em contato com algumas instituições buscando auxílio, mas nenhuma possuía experiência no assunto. O levantamento inicial feito para identificar o que é composto por látex apontou diversas possibilidades, como êmbolo da seringa descartável, manguito do esfigmomanômetro, luvas de procedimentos e cirúrgicas, balão do aparelho respiratório da anestesia, extensão de aspiração, mangueira de oxigênio, tampa dos frascos de antibiótico, bico injetor lateral do equipo de soro. Enfim, o látex está presente em nosso dia-a-dia, sem despertar nossa atenção para seu potencial alergênico. Ano V • nº 15 Laudo técnico e protocolo O terceiro passo foi entrar em contato com os fornecedores de cada material e solicitar um laudo técnico. Tais laudos foram arquivados para posterior montagem do protocolo de látex-livre. Alguns produtos da BD foram de suma importância nesse processo. Dispositivos tais como as seringas descartáveis com êmbolos de silicone, o sistema Interlink com os pontos de conexão de silicone, o garrote e o estetoscópio látex-livre. O protocolo, inicialmente, atendeu às seguintes áreas: alas de Internação, UTI, Pronto Socorro, Centro Obstétrico e Centro Cirúrgico. Com isso, foi possível criar um kit de materiais cirúrgicos látex-livre, bem como uma sala látex-livre onde todos os materiais e equipamentos foram trocados por componentes de silicone. Todos os materiais não passíveis de troca, como as bombas de infusão com látex em seus cabos e o garrote pneumático, foram envolvidos com atadura crepe para evitar o contato com a paciente. Todos os componentes da equipe médica e de enfermagem no centro cirúrgico e setores que atenderam estes pacientes usaram luvas de vinil. Resultados O procedimento cirúrgico e o atendimento subseqüente ocorreram livres de danos e, após esta experiência foram selecionadas referências bibliografias sobre a alergia ao látex. Além disso, elaboramos um protocolo de atendimento a pacientes alérgicos ao látex para todos os setores do hospital e montamos uma sala cirúrgica látex-livre. Atualmente, desenvolvemos procedimentos específicos para manter as acomodações destes pacientes livres de látex. Em todo este processo, contamos com o apoio da BD que disponibilizou os serviços do CTAV para nos ajudar no desenvolvimento do protocolo de procedimentos látex-livre. E-mails para contato: [email protected] Para conhecer e utilizar os serviços do CTAV, basta entrar no site: www.ctav.com.br Pelo site você também pode fazer sua assinatura gratuita do jornal Intravenous Intravenous. 3 Heparinização X Salinização no acesso da veia jugular A leitora Vera Lucia Figueiredo Tini Cardoso encaminhou carta ao Intravenous com a seguinte pergunta: – Existe alguma indicação específica para o uso de solução heparinizada no acesso de veia jugular, ou pode-se utilizar solução salinizada? A consultora educacional do CTAV, Silmara Elaine Malaguti, pesquisou e elaborou as respostas aqui publicadas. Silmara Elaine Malaguti N o Brasil, ainda há muitas controvérsias sobre o uso de heparina x solução salina, mas em muitos países, como nos EUA, há seringas pré-preparadas (Posiflush) com solução salina e também com heparina em concentrações ideais para cada tipo de cateter e paciente, bastando adequá-las de acordo com o cateter. Por não termos recursos como este, faz-se necessária a implantação de protocolos de manutenção, como o elaborado pela Infusion Nursing Society (INS): 4 veias jugulares externas e internas devem ser usadas como um último recurso ou em situações de urgência, pois o risco de contaminação de cateter é maior que em outras regiões; a escolha do tipo de solução (solução salina x heparina) deverá ser baseada no tipo do cateter (centrais, periféricos, picc, tunelizados); deve-se utilizar o protocolo de lavagem (método SASH) para todos os tipos de cateter, ou seja, antes de administrar uma medicação, o cateter deverá ser lavado com solução salina (S), em seguida administra-se a medicação (A), saliniza-se novamente o cateter (S) e se necessário, hepariniza-se o cateter (H); o volume de solução salina ou de heparina a ser infundido, a concentração da solução de heparina e a freqüência dependerão do tipo de cateter e procedimento (vide tabela 1 e 2); A manutenção de cateteres é uma prática de baixo custo e implantada por meio de protocolos, contribui para a preservação da rede venosa dos pacientes, diminuindo recursos financeiros da instituição e prevenindo complicações. para cateteres centrais, duplo lúmen e cateteres centrais inseridos perifericamente, o uso solução salina durante 24 horas é uma outra alternativa além do método SASH; porém para medicamentos em horários alternativos, a heparina é mais indicada; Referências bibliográficas: para cateteres periféricos a solução salina é indicada desde que o método SASH seja rigoramente utilizado. Estudos mostram que a solução salina tem uma alta eficácia para evitar obstrução em cateteres periféricos 22G, principalmente em pediatria, mas esta eficácia não é a mesma quando se trata de cateteres mais calibrosos por conta do alto volume de sangue que poderá refluir para o interior do cateter. Em neonatologia, embora exista muitas controvérsias sobre o tema, é recomendado o uso de heparina para a manutenção de cateteres periféricos, dado à escassez de acesso venoso e também com o objetivo de aumentar a durabilidade do cateter. Hankins, J. et al. (Infusion Nursing Society-INS). In:Infusion teraphy in clinical practice. Ed. W.B. Saunders Company, 2004. Danek, GD, Noris Em. Pediatric I.V. Catheters: Efficancy of saline flush. Pediatric Nurs, v. 18, p. 111-113, 1992. Feehery, P.A. et al. Flushing 101: Using a Focus-PDCA quality improvement model to reduce catheter occlusions with standardized protocols. JVAD, 2003. McGee DC, Gould MK. Preventing complications of central venous catheterization. N Engl Med, n. 384, v.12, march, 2003. McMuller, A. et al. Heparinized saline or normal saline as a flush solution in intermittent intravenous lines in infants and children. Matern Child Nurs J, n.18, p.78, 1993. Merrer J, et al. Complications of femoral and subclavian venous catheterization in critically ill patients: a randomized controlled trial. JAMA, n.286, p. 700-7, 2001. Pettit,J. Assessment of the infant with a peripheral intravenous device. Advantaces in neonatl care, v. 3, n.5, p.230240, 2003. Ano V • nº 15 Série Práxis Enfermagem Tabela 1: Cuidados com o cateter após administração de medicamentos: método SASH Cateter Cuidados após a administração de medicamentos Periféricos 1 a 2 mL solução salina antes de depois de cada medicação; quando necessário, após a lavagem administra-se 1 a 2 mL de solução de heparina (10 U/mL pediatria ou 10 a 100U/mL em adultos). Centrais Manutenção Após a administração de medicamentos; após coleta de sangue; após infusão de hemoderivados. 3 mL de solução salina antes e depois de cada medi- Diariamente, a cada 8 – 24 horas; após cada administração de medicamentos; após ou 10U a 100U/mL em adultos). coleta de sangue; após infusão de hemoderivados. (priming: cação; quando necessário, após a lavagem adminstraaprox. 0,3 mL se 1 mL de de solução de heparina (10 U/mL pediatria cada lúmen) Tunelizados 3 mL de solução salina antes e depois de cada medicação; quando necessário, após a lavagem adminstra(priming: aprox. < 1 mL se 2 a 5 mL de de solução de heparina (10 U/mL pedicada lúmen) atria ou 10U a 100U/mL em adultos). A cada 7 dias; após cada administração de medicamentos; após coleta de sangue; após infusão de hemoderivados. Totalmente 5 mL de solução salina após cada medicação e em A cada 30 dias; administra-se Implantados seguida 5 mL de solução de heparina (10 U/mL pedia- 5 mL de solução de heparina; (volume do tria ou 10U a 100U/mL em adultos). após cada administração de reservatório medicamentos; após coleta de 0,33 a 1mL) sangue; após infusão de hemoderivados. PICC 2 a 3mL de solução salina antes de depois de cada (priming: 0,04 medicação; quando necessário, após a lavagem ada 0,5 mL) ministra-se 1 a 2 mL de solução de heparina (10 U/mL pediatria ou 10 a 100U/mL em adultos). * Importante seguir as recomendações de manutenção de acordo com o fabricante, pois o volume dependerá do calibre e comprimento do cateter, principalmente neonatos. No mínimo duas vezes/dia; após cada administração de medicamentos; após coleta de sangue; após infusão de hemoderivados. Em home care/ domicilios esta manutenção poderá ser alterada e obrigatoriamente a heparina deverá ser utilizada. * Segundo INS (2004) Tabela 2: Cuidados com o cateter após a transfusão sangüínea* Cateter Cuidados após transfusão sangüínea Periféricos 1 a 2 mL solução salina antes de depois da transfusão, em seguida administra-se 1 a 2 mL de solução de heparina (10 U/mL pediatria ou 10 a 100U/mL em adultos). Centrais 5 a 10 mL de solução salina antes e depois da transfusão, em seguida administra-se 1 a 3 mL de solução de heparina (10 U/mL pediatria ou 10 a 100U/mL em adultos). Tunelizados 5 a 10 mL de solução salina antes e depois da transfusão, em seguida administra-se 2 a 5 mL de solução de heparina (10 U/mL pediatria ou 10U a 100U/mL em adultos). Totalmente 5 a 10 mL de solução salina, em seguida administra-se 5 mL de solução de heparina Implantados (10 U/mL pediatria ou 10U a 100U/mL em adultos). PICC Em geral, 5 a 10 mL de solução salina antes de depois de cada medicação; quando necessário, após a lavagem administra-se 1 a 2 mL de solução de heparina (10 U/mL pediatria ou 10 a 100U/mL em adultos). * Importante seguir as recomendações de manutenção de acordo com o fabricante, pois o volume dependerá do calibre e comprimento do cateter, principalmente neonatos. * Segundo INS (2004) E-mail para contato: [email protected] Ano V • nº 15 Terapia Intravenosa Jane Banton – Coordenadora de Terapia IV do Hospital & Clinics, University of Wisconsin. Cheryl Brady – Professora de Enfermagem do Mercy College Youngstown, Ohio. Sharon O’Kelley – Enfermeira em Terapia IV da Duke University Health Systems. 1ª edição - 240 páginas Preço: R$ 45,00 Editora LAB www.editoralab.com.br Três enfermeiras norte-americanas abordam nesta obra os diversos aspectos envolvidos na Terapia IV, desde os fundamentos, as técnicas de inserção periférica e venosa central, os métodos de infusão de medicamentos intravenosos, transfusões, quimioterapia, nutrição parenteral e controle das complicações. No final do livro, há uma tabela de compatibilidade entre medicamentos intravenosos. O livro faz parte da Série Práxis – Enfermagem e trata-se de um excelente guia de consultas rápidas e uma ótima fonte de referências para estudantes desta categoria profissional que querem se especializar em Terapia IV. ` Veja outros lançamentos da Série Práxis na última página 5 Recomendações no uso do cateter central de inserção periférica (PICC) em nutrição parenteral parcial (NPP) – Entrevista com a presidente da CCIH do CAISM, profa dra. Roseli Calil – Profª. Dra. Roseli Calil 6 Intravenous – Há necessidade de via exclusiva para NPP? Por quê? – Dra. Roseli Calil: A Portaria Nº 272 de 08/04/1998 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde que aprovou o Regulamento Técnico contendo os requisitos mínimos exigidos para Terapia de Nutrição Parenteral determina: “A via de acesso utilizada para a administração da nutrição parenteral é exclusiva. É vedada a sua utilização para outros procedimentos. Casos excepcionais devem ser submetidos à avaliação a Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional”. A utilização de uma via única para administração de NPP não tem por objetivo cumprir simplesmente a recomendação de uma Portaria Ministerial. Esta prática tem como fundamento a redução de riscos de interação de drogas administradas pela mesma via e componentes da NPP, além de reduzir a manipulação desta via e, conseqüentemente, o risco de infecção associada ao cateter e ao uso de NPP. Quando necessária a administração de drogas, a utilização de cateter de duplo lúmen pode ser uma opção. Neste caso, deve-se utilizar a via mais longa (distal) para administração de NPP. Em neonatologia não há possibilidade do uso de cateter com duplo lúmen, sendo assim o PICC é mantido como via única para NPP e uma veia periférica é mantida para administração de outras drogas. Intravenous – Com que freqüência deve ser feita a troca das conexões, equipos etc, após infusão de lipídeos? – Dra. Roseli: A troca do sistema de infusão tem por objetivo evitar a instalação e multiplicação de microrganismo no seu interior. Trocas de equipos utilizados para infundir lipídeos ou NPP contendo lipídeos devem ser feitas a cada 24 horas. Trocas anteriores a este período devem ser realizadas quando observadas quebra de técnica ou complicações mecânicas do sistema de infusão. Por ocasião das trocas de equipos e conexões, é importante realizar a desinfecção do hub do cateter com álcool a 70%. ; posicionamento adequado do cateter Intravenous – É adequado realizar lavagem constante do cateter? – Dra. Roseli: A irrigação do cateter deve ser evitada por aumentar o risco de infecção relacionada a este dispositivo, devido manipulação excessiva do mesmo. Para garantir a permeabilidade do cateter é importante que o fluxo neste cateter seja constante, daí a necessidade de uma equipe de enfermagem bem treinada e a utilização de bombas de infusão adequadas para a idade, calibradas e com manutenção realizada por empresa qualificada. O uso do PICC como via única para NPP diminui o risco de obstruções do cateter decorrente da precipitação de substâncias no lúmen por interação de drogas e componentes da NPP. É importante também que a prescrição da NPP seja adequada evitando a precipitação dos próprios componentes desta solução. Para isso é importante a avaliação do farmacêutico responsável pela NPP quanto a compatibilidade dos componentes prescritos pelo médico. Intravenous – Como prevenir complicações, como flebites, nessas situações? – Dra. Roseli: A prevenção de flebites é feita com adesão da equipe às boas práticas de inserção e manipulação do cateter e da NPP, com ênfase nos seguintes tópicos: ; escolha de um cateter compatível com o calibre do vaso; ; técnica asséptica na inserção, devendo ser evitada punções múltiplas; Intravenous – Há risco de infecção da corrente sangüínea quando há salinização e heparinização do cateter central? – Dra. Roseli: Em nossa prática em recém-nascidos não realizamos salinização ou heparinização do cateter central. Quando a criança termina a transição alimentar e a NPP é suspensa, retiramos o PICC. Em situações onde houve opção pela manutenção do cateter para administração de drogas, optamos por manter este cateter com uma infusão mínima 1mL/hora constante com SF 0,9%. Entendemos que a salinização ou a heparinização a principio não causam infecção, podendo eventualmente, aumentar o risco de infecção por manipulação excessiva do cateter. em localização central. Evitar o uso de soluções com osmolaridade elevada, quando observado que o PICC ficou em localização periférica; ; higienização das mãos antes da manipulação do cateter; ; desinfecção do hub com álcool a 70% por ocasião das trocas de equipos e instalação de NPP ou na desconexão do sistema para administração de droga com seringas/flush; ; técnica adequada na troca de curativos do PICC, evitando contaminação ou deslocamento do cateter. Referências bibliográficas: Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar (APECIH). Infecção relacionada ao uso de cateteres vasculares, 2ª edição, 1999. Centers for Disease Control And Prevention. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Recommendations and Reports. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2002; 51(RR-10). Kilbride H.W. Evaluation and Development of Potentially Better Practices to Prevent Neonatal Nosocomial Bacteremia. Pediatrics (111) Nº 4, 50418, April, 2003. Ministério da Saúde do Brasil – Secretaria de Vigilância Sanitária. Regulamento. Técnico para Terapia de Nutrição Parenteral, Portaria Nº 272 de 08/04/1998. Thiagarajan R. R. et all – Efficacy of Peripheraly Inserted Central Venous Catheters Placed in Noncentral Veins. Arch Pediatr Adolesc.Med.(152), 436-439, may 1998. E-mail para contato: [email protected] Ano V • nº 15 Punção, manuseio e cuidados com a fístula arteriovenosa (FAV) Por: Profª Severina Barbosa Lima * A sobrevida do paciente renal crônico em hemodiálise depende, de forma imprescindível, de uma via de acesso à circulação sangüínea. Através dela o sangue é distribuído ao circuito extracorpóreo, dialisador e linhas, onde ocorre a depuração das toxinas urêmicas e retorna ao organismo. O acesso vascular ainda representa um motivo de preocupação, pois apesar dos avanços no tratamento da insuficiência renal crônica e da tecnologia ao longo dos anos, poucas mudanças foram feitas nesta área, que garantisse um acesso permanente com índice reduzido de complicações. As primeiras vias de acesso foram desenvolvidas no início dos anos 60, pelo Dr. Scribner e consistiam na anastomose de um tubo de silastic dividido em dois segmentos que era interposto entre a artéria radial e a veia umeral e depois exteriorizado. As duas partes do acesso que ficavam exteriorizadas mantinham-se ligadas entre si por um conector, e no início da diálise, eram abertas e conectadas às linhas de sangue. Ao término do tratamento os segmentos do Shunt arteriovenoso, denominação desta via, eram religados ao conector, e o acesso permanecia fechado até a próxima diálise. Apesar do Shunt arteriovenoso possibilitar o tratamento de pacientes renais crônicos, as muitas complicações apresentadas induziram os cientistas da época a criar novas técnicas de confecção de acessos. Em 1966, dois nefrologistas, Cimino e Brescia, desenvolveram a fistula arteriovenosa primária ou nativa, considerada até hoje o melhor acesso vascular, tomando como base os mesmos princípios do Shunt, porém utilizando vasos naturais do paciente que eram anastomosados internamente. Posteriormente, surgiram os enxertos vasculares como alternativa para pacientes que possuíam vasos pouco desenvolvidos, portanto inadequados para a confecção de uma FAV, nos quais eram utilizados materiAno V • nº 15 Foto 1: Fístula artériovenosa (FAV) - visão parcial Destaque para os pontos de punção ais diversos, tais como: cordão umbilical, carótida de boi, veia safena e finalmente um material sintético, o PTFE (politetrafluoretileno), que é usado atualmente. Acessos temporários A partir da década de 70 surgiram os cateteres venosos, inicialmente muito simples e com poucos recursos, que foram evoluindo como uma forma alternativa de acesso vascular cada vez mais utilizado em pacientes com insuficiência renal aguda, ou pacientes sem um acessso definitivo, necessitando de diálise urgente. Os cateteres podem ser implantados em vasos profundos, capazes de oferecer fluxos sangüíneos adequados para a realização de uma sessão de hemodiálise, e geralmente possuem dois lumes, por onde entra e retorna o sangue do organismo para o sistema extracorpóreo e deste para o organismo. Os locais de escolha para a implantação dos mesmos são as veias jugulares interna e externa, a subclávia e a femoral. Este acesso vascular pode ser utilizado imediatamente após sua implantação e não requer procedimento cirúrgico, podendo ser realizada pelo nefrologista em um simples consultório, porém como são acessos temporários ou provisórios, têm vida curta e estão sujeitos a um Foto 2: Fístula artériovenosa (FAV) - visão total do braço. Destaque para a anastomose cirúrgica (cicatriz cirúrgica) grande número de complicações, sendo a infecção no sítio de punção com manifestação sistêmica, a mais freqüente, além de outras menos comuns, tais como: hematomas, trombose, estenose e os acidentes durante a implantação que podem levar o paciente a um pneumotórax ou hemotórax. O tempo médio de permanência de um cateter é de 45 dias, isto é, o período necessário para confecção e maturação do acesso definitivo. Acessos definitivos A fístula arteriovenosa nativa (FAV) é a maneira mais segura e durável de acesso vascular permanente. Consiste na anastomose subcutânea entre uma artéria e uma veia subjacente, o que permite a dilatação da rede venosa superficial, possibilitando a remoção constante de altos fluxos de sangue e a inserção repetida de agulhas. Segundo a descrição de Dennis e Rayan em 1990 a fístula arteriovenosa (FAV) ideal deve apresentar as seguintes características: trajeto longo e superficial, deve: permitir vários pontos de punção e boa distância entre as punções, economizar vasos e possíveis acessos futuros, propiciar conforto para o paciente durante as sessões de hemodiálise (posição e local de inserção das agulhas), 7 apresentar boa taxa de perviedade e baixo índice de complicações. As características apresentadas anteriormente são consideradas vantagens sobre os outros tipos de acessos, no entanto, a FAV exige um longo tempo de maturação, isto é, são necessários cerca de 30 dias para o desenvolvimento e arterialização da veia quando então, após este período, a FAV ficará apta para ser puncionada, o respeito ao tempo de maturação e o cuidado nas primeiras punções vão garantir a qualidade de um do acesso vascular, tornando-o capaz de manter-se pérveo durante vários anos. Apesar da FAV apresentar-se como o acesso mais funcional para a hemodiálise de indivíduos com insuficiência renal crônica, nem todos os pacientes possuem vasos que permitem a criação de uma FAV adequada. Algumas alterações nas estruturas vasculares são comuns em indivíduos diabéticos, idosos, obesos, com veias muito finas, como as crianças, com múltiplos acessos e que sofreram também múltiplas punções venosas antes da confecção da FAV. Cabe ao cirurgião a seleção e escolha do local de implantação do acesso e este deve ser confeccionado, idealmente, antes do início do tratamento dialítico, de preferência no membro não dominante. A FAV radiocefálica é a que apresenta um menor índice de complicações, cerca de 10% de falência precoce e mantém-se pérvea em 89% dos casos após quatro anos de uso. Outros tipos de anastomose podem ser utilizadas de acordo com a rede venosa do paciente e a opção do cirurgião. As complicações da FAV nativa incluem baixo fluxo de sangue, isquemia, trombose, estenose, recirculação, infecções e aneurismas entre outras menos significativas. 8 Apesar dos claros benefícios da FAV sobre as outras vias de acesso vascular para hemodiálise, nos Estados Unidos apenas 15% dos pacientes iniciam um programa dialítico usando este tipo de acesso, em contraste com a Europa e o Japão onde cerca de 65% dos pacientes utilizam a FAV nativa como acesso primário. O enxerto ou prótese subcutânea de PTFE é o acesso de preferência nos Estados Unidos por causa da pouca familiaridade e experiência dos cirurgiões com a confecção da FAV nativa. No Brasil, a FAV é considerada a primeira opção de acesso vascular definitivo, sendo utilizada por cerca de 80 a 90% dos pacientes em programa de hemodiálise. Uma alternativa de acesso vascular definitivo pode ser o cateter permanente de silicone com anel de dacron para a aderência no tecido subcutâneo. Não obstante ser implantado por via cirúrgica, este cateter incorre nas mesmas complicações que o cateter temporário, porém o índice de infecções parece ser menor devido à barreira criada pelo túnel subcutâneo e existe uma maior facilidade para desobstruí-los quando ocorre formação de trombos, utilizando-se um trombolítico. Mesmo com algumas vantagens sobre o cateter temporário, esta via continua sendo utilizada no Brasil como opção à falta de outro acesso vascular e o paciente a longo prazo pode tornar-se subdialisado. O acesso vascular tem importância crítica na manutenção do paciente com insuficiência renal crônica (IRC) submetido à hemodiálise. A enfermagem é a grande responsável pela prevenção de complicações e preservação destes, a partir da utilização de medidas corretas que incluem evitar lesões adquiridas, educar pacientes e equipe e manter cuidados para prevenir a falência plicações e tomar medidas corretivas rapidamente, pois o tempo é fundamental para salvar a fístula arteriovenosa (FAV) de uma trombose total. Punção e cuidados de enfermagem A punção da FAV é um procedimento relativamente simples, geralmente realizado pelo enfermeiro ou o técnico de enfermagem, porém requer habilidade manual e o profissional deve ser capacitado para compreender o funcionamento do acesso; suas complicações e seu diagnóstico precoce. A agulha do ramo arterial costuma ser colocada 3cm acima da anastomose. A distância entre esta e a agulha do ramo venoso deve ser mantida em 5cm para a preservação da rede venosa superficial e reduzir a recirculação do sangue. Diferentes calibres e marcas de agulhas podem ser encontrados no mercado, favorecendo o uso de fluxos de sangue variados na prescrição da diálise. As agulhas ideais devem ser siliconizadas, apresentar asa giratória e possuir back eye e pinças nos segmentos, para garantir uma punção segura, sem riscos para o acesso e o paciente. Agulha de Fístula Veja Back Eye ampliada no detalhe dos mesmos, pois esta é a maior causa de morbidade entre a população de pacientes com IRC submetidos à hemodiálise. A falência do acesso vascular vai incorrer em redução da dose de diálise, aumento da morbidade e mortalidade, aumento das internações e maior custo do tratamento, como também desnutrição, sofrimento para o paciente, aumento do trabalho da equipe e a piora da uremia e suas complicações. A estenose da FAV é a intercorrência mais danosa para o vaso, geralmente evolui para a falência total do mesmo e pode ser conseqüência do mau uso do acesso, hipotensão e deficiência vascular do próprio paciente. Todos os membros da equipe multidisciplinar devem estar atentos ao diagnóstico precoce das com- Cuidados de enfermagem antes da punção da FAV ; Estimular a higiene do membro da FAV com água e sabão antisséptico. ; Avaliar o funcionamento do acesso – frêmito e permeabilidade. ; Inspecionar o aspecto da pele e selecionar os locais de punção. ; Fazer antissepsia local com solução apropriada. Cuidados de enfermagem durante a punção da FAV ; Variar os locais de punção. ; Respeitar a distância da anastomose e entre as agulhas. ; Utilizar agulhas com calibre de acordo com o fluxo de sangue prescrito. Ano V • nº 15 ; Fixar as agulhas de forma correta. Cuidados de enfermagem com a FAV após a sessão de hemodiálise ; Retirar as agulhas com cuidado e manter compressão suave até a hemostasia total ; Fazer curativo compressivo nos locais de punção sem garroteamento do membro da FAV ; Orientar o paciente quanto aos cuidados com a FAV no período interdialítico. Conclusão A fístula arteriovenosa (FAV) é sem dúvida o acesso vascular mais seguro e durável que se conhece. A equipe multidisciplinar é responsável pela ampliação e manutenção da sobrevida da FAV e no que tange aos profissionais de enfermagem em nefrologia, estes devem estar capacitados para cuidar do acesso de forma sistematizada, através de programas de educação continuada para a equipe, pois os profissionais devem buscar atualização constante de seus conhecimentos como forma de aprimoramento dos cuidados prestados. Os programas educacionais devem ser extensivos aos pacientes e abranger também os familiares envolvidos na preservação e manutenção do acesso vascular. A identificação precoce das alterações da FAV e sua rápida correção poderão prolongar a sobrevida e garantir a qualidade do acesso por vários anos. Referências bibliográficas: Cuidados gerais de enfermagem com a FAV ; Observar a FAV a cada sessão de hemodiálise para detectar possíveis complicações. ; Informar imediatamente à pessoa responsável quando houver presença de baixo fluxo sangüíneo, aumento da resistência venosa, sinais de infecção, diminuição e/ou desaparecimento do frêmito e trombose. ; Orientar o paciente para inspecionar a FAV diariamente e informar à clínica quando houver alguma das anormalidades citadas acima. 1. Linardi F, Bevilacqua JL, Morad JFM, Costa JÁ. Programa de melhoria continuada em acesso vascular para hemodiálise. Contiuous quality improvement in vascular access for hemodialysis.J Vasc Br 2004; 3(3):191-6 2. Tessiore N, Lipare G, Poli A, et al. Can blood flow and pre-emptive repair of subclinical stenosis prolong the useful life of arteriovenous fistulae? A randomized controlled study. Nephrol Dial Transplant (2004) 19: 2325-2333. 3. Tonelli M, Jhangri GS, Hirsch DJ, et ali. Best threshold for diagnosis of stenosis or trombosis within six months of access flow measurement in arteriovenous fistulae. J Am Soc Nephrol 14: 3264- 3269, 2003. 4. Saran R, Pisoni LR, Young EW. Timing of cannulatio of arteriovenous fistula: are we waiting too long? Nephrol Dial Transplant (2005) 20: 688-690 6. Merril D, Brouwer D, Brioes P. Hemodialysis access: a guide for caregivers and patients. Dialysis & Tranplantation 2005; 34 (34): 202 -213. 7. Branco JMA. Assistência de enfermagem no cuidado ao cliente renal crônico com infecção de fistula arteriovenosa [monografia]. Rio de janeiro: União Social Camiliana – Faculdade de Enfermagem Luiza de Marillac – 2003. 8. Hricik DE, Sedor JR, Ganz MB. Segredos de Nefrologia: respostas necessárias ao dia a dia em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. 1ª ed. São Paulo: Artmed Editora Ltda, 1999, pp 193 – 195. 9. Herrera RV. Hemodiálisis práctica: para enfermeras y estudiantes de enfermeria. 1ª ed. Alemania. Pabst Science Publishers, 2003, pp 43 – 101. 10.Dugirdas JT, Black PG, Ing TS. Manual de Diálise. 3ª ed. Rio de Janeiro. Editora Médica e Cientifica Ltda., 2003, pp 68 – 102. 11.Schor N, Ajzen H. Guia de Nefrologia. 1 ed.Sao Paulo. Edtora Manole, 2002, pp 231-240. 12.Riella MC Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletroliticos. 4 ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan S.A., 2002, pp 883 – 886. 13.Barros E, Manfro RC, Thomé F, Gon; Alves LFS et ali. Nefrologia rotinas, diagnostico e tratamento. 2 ed. Porto alegre. Editora Artes Medicas do Sul Ltda., 1999, pp 531 – 534 14.Valderrábano F. Tratado de Hemodiálisis. 1.ed. Espanha. Editora Medica Jims, 1999, pp 125 - 149. * Profª Severina Barbosa Lima Especialista em Nefrologia pela SOBEN Sociedade Brasileira de Enfermagem em Nefrologia; Mestre em Enfermagem em Nefrologia pela UNI- RIO; Prof. do Curso de Pós Graduação em Enfermagem em Nefrologia Universidade Gama Filho; Papel do Enfermeiro Professora do Curso de Pós Graduação em Enfermagem em Nefrologia – Faculdade São Camilo; Desenvolver um plano de cuidados apropriado para prevenir complicações Atualmente responde pelo setor de Educação Continuada em Hemodiálise da Clínica de Doenças Renais – CDR , no Rio de Janeiro; Traçar plano de educação para a equipe Traçar plano de educação para o auto cuidado 5. Tokars J, Light P, Anderson J, et ali. A prospective study of vascular access infections at seven outpatient hemodialysis center. American Journal of Kidney Diseases 2001; 19 (6):1232-1240. Membro fundador da SOBEN – Sociedade Brasileira de Enfermagem em Nefrologia, no momento faz parte do DETEN – Departamento de Especialização e Títulos para Enfermagem em Nefrologia. E-mail para contato: Manejo correto das complicações Ano V • nº 15 [email protected] 9 Biofilmes relacionados a Cateteres Por: Elenice Kocssis Enfermeira especialista em Centro de Materiais e Centro Cirúrgico - Tel Aviv University. Serviços profissionais - 3M do Brasil - Terapia Endovenosa e Wound Care. B iofilmes são conhecidos como uma comunidade de microorganismos fixados a uma superfície encaixados em uma matriz de polissacarídeos. Eles podem ser encontrados em uma superfície ambiental ou em materiais onde existe meio apropriado para crescimento, como umidade e nutrientes. O desenvolvimento é rápido quando os nutrientes adequados estão presentes. Eles formam uma matriz sólida em substrato em contato com umidade, em tubulações de água, no meio ambiente e em instrumentos médicos. Essas micro-colônias de microorganismos são formadas por: 1. células dos microorganismos; 2. matriz extracelular composta de carboidratos e proteínas de origem microbiana e do ambiente e incrustações minerais e metálicas. 10 É importante notar que esta matriz pode ser composta de um tipo ou vários tipos de microorganismo. A formação é rápida com os microorganismos aderindo a uma superfície e neste momento os mesmos mudam química e fisicamente as suas características. Segundo Van der Walls essas fixações a superfícies são influenciadas pelas cargas elétricas das bactérias e forças eletrostáticas de atração. Neste momento elas podem ser reversíveis. Entretanto se esta associação de bactérias persistir por muito tempo, outras mudanças químicas e físicas podem ocorrer tornando o processo irreversível. Esse estágio está associado à produção aumentada da matriz extracelular que contém açúcares como glicose, frutose, galactose e outros. É interessante notar que em alguns casos, as associações de biofilmes são benéficas, como no caso de tratamento de água a base de plantas, Biofilmes relacionados a cateteres Biofilmes são responsáveis por uma série de doenças como otite média, endocardites e fibroses císticas, entre outras. As fontes de biofilmes relativas às infecções são cateteres, implantes, curativos e uma variedade material médico. A formação do biofilme depende do tipo Biofilme em ponta de cateter de microorganismo, da adesão do mesmo à superfície do material, das interações hidrofóbicas (S Epidermidis possuem cepas mais hidrófobas), da quantidade de fluxo de fluidos dentro e fora do cateter. Evidências de formação de biofilme em cateteres centrais têm sido amplamente discutidas. A colonização dos lúmens do cateter na maioria das vezes está associada à proximidade da flora microbiana presente na pele. As superfícies dos cateteres fornecem o meio para a adesão dos microorganismos. Os materiais absorvem proteínas e outras substâncias quando expostos a fluido. As proteínas sangüíneas fibrinogênio e fibrocetina afetam a adesão de microorganismos gram positivos nos materiais. Fatores relacionados a materiais A presença de dispositivos aumenta a virulência bacteriana. Cuidadosa análise dos dados dos materiais e suas superfícies devem ser feitas segundo os princípios abaixo descritos: 1. diferentes bactérias podem fazer aderências no mesmo tipo de material; 2. o mesmo tipo de bactéria pode fazer aderência em diferentes tipos de materiais; 3. a mesma bactéria pode aderir diferentemente ao mesmo material inserido em diferentes circunstâncias, incluindo tipo de fluxo e temperatura; 4. as inibições bacterianas realizadas in vitro não asseguram a anti-efetividade in vivo; 5. existe um número de fatores de risFonte: www.bio-medcen.com/catheter_problems.htm Enf. Elenice Kocssis onde as mesmas propiciam a formação dessas matrizes, ajudando no tratamento. Podem também ser uma proteção contra predação e ação de agentes antimicrobianos. Por outro lado, biofilme é um sério problema para a área da saúde em pacientes submetidos a implantes de cateteres e próteses. Cateteres onde possa existir a possibilidade de formação de biofilme podem ser a causa de infecções recorrentes. A glycocalyx formada por essa colônia de microorganismo protege-a dos efeitos dos antimicrobianos tornando-a resistente. Experimentos in vitro sugerem que essas bactérias podem se tornar de 50 a 500 vezes mais resistentes a antibioticoterapia. cos relativos a materiais que podem afetar a aderência bacteriana, incluindo o tipo de material com que o mesmo foi manufaturado, a superfície do mesmo e a forma do dispositivo. Tipos de Materiais • Cateteres de polivinil favorecem mais a aderência bacteriana do que cateteres de poliuretano. • Látex favorece mais a aderência Ano V • nº 15 bacteriana do que poliuretano. • Polietileno favorece mais a aderência bacteriana do que silicone. • Aço inoxidável favorece mais a aderência bacteriana do que titânio. Fonte dos Materiais • Materiais sintéticos favorecem mais a aderência bacteriana do que biomateriais. Superfície dos materiais • Superfícies irregulares favorecem mais aderência microbiana do que materiais regulares. • Materiais hidrofóbicos favorecem mais a aderência bacteriana do que os materiais hidrofílicos. Novas estratégias utilizadas na manufatura dos cateteres • Modificação da superfície do cateter - Moléculas hidratadas e propriedades antiaderentes • Cateteres ou cuff revestidos de antibióticos - Cuff impregnados com prata • Cateteres pulmonares com heparina • Cateteres impregnados com sulfadiazina de prata Tabela de Aderência Bacteriana x Material do Cateter e Número de bactéria X 103/.cm2 S.Aureus S. Epidermidis E.Coli P.Aerug Látex Siliconizado 27 18 19 24 PVC 42 23 18 41 Teflon 11 07 03 10 Poliuretano 15 4 9 13 - Curta permanência < 2 semanas - relacionados com redução de infecção - Menos efetivos quando > que 3 semanas • Cateteres impregnados com antibióticos intra e extra lúmens - Minociclina e rifanpicina Referências bibliográficas: Abraham, S. N., E. H. Beachey, and W. A. Simpson. 1983. Adherence of Streptococcus pyogenes, Escherichia coli, and Pseudomonas aeruginosa to fibronectin-coated and uncoated epithelial cells. Infect. Immun. 41:1261-1268 [Medline]. Biofilm Formation by Gram-Negative Bacteria on Central Venous Catheter Connectors: Effect of Conditioning Films in a Laboratory Model R. Murga, J. M. Miller, and R. M. Donlan. Journal of Clinical Microbiology, June 2001, p. 2294-2297, Vol. 39, No. 600951137/01/ DOI: 10.1128/JCM.39.6.22942297.2001. Battling Biofilm: Surface Science, Antimicrobials Help Combat Medical Device-Related Infections. By Kelly M. Pyrek –Infection Control Today. The Biofilm Institute- Universidade de Montana-USA- www.biofilm.org Center for Biofim Engeneering-Montan University - http://www.erc.montana.edu/ CBEssentials-SW/bf-basics-99/default.htm E-mail para contato: [email protected] Fórum da Santa Casa de Sorocaba enfocou IRC no tratamento de lesões de pele Da esquerda para direita: coordenadora de Enfermagem da Santa Casa de Sorocaba, Maria Aparecida Vidal da Silveira; enfermeira SCIH do Hospital Samaritano de Campinas, Mônica Ricarte; professora de Enfermagem da Unifeso e Uninove, Lore Cecília Marx; consultora educacional da 3M, enfermeira Elenice Kocssis; enfermeiro chefe da CCIH do Incor, Dirceu Carrara. F oi realizado no dia 11 de agosto passado no Hospital Santa Casa de Sorocaba a II Jornada de Prevenção e Tratamento de Lesões de Pele: Fórum de Discussão de Infecções Relacionados à Cateteres. O evento reuniu 80 profissionais da região e envolveu uma programação de grande Ano V • nº 15 interesse para quem trabalha na área de Terapia Intravenosa e Biossegurança. A jornada foi iniciada com a professora da Unifeso e Uninove, Lore Cecilia Marx, que explicou aspectos da Gestão do Conhecimento: Impulsionando Novas Expectativas Profissionais e Sedimentando a Qualidade na Assistên- cia. Na seqüência, a enfermeira do SCIH do Hospital Samaritano de Campinas, Mônica Ricarte, falou sobre Uso de Antisséptico no Preparo de Pele - Relato de Experiência. Depois foi a vez da consultora educacional da 3M, Elenice Kocssis, apresentar o tema Cobertura de Cateteres e Suas Implicações na Infecção de Corrente Sanguínea Relacionada a Cateteres. O enfermeiro chefe da CCIH do Incor, Dirceu Carrara deu seqüência ao programa falando sobre Sistema Fechado – Relato de Experiência. Após o almoço foi a vez da enfermeira da UTI neonatal da Santa Casa de Sorocaba e do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, Déborah Grohmann Tondo Haro, apresentar PICC - Relato de Caso. O encontro teve no encerramento a abordagem da supervisora de treinamento técnico Safety da BD, enfermeira Silvana Torres, sobre Conceito de Biossegurança. Os participantes receberam certificados da instituição promotora da jornada. 11 Evento Publicações e lançamentos educacionais da INS-EUA Infusion Nurses Society – INS disponibiliza diversas publicações e material educacional ao profissional de Terapia IV. No site da organização, você encontra diversos livros, manuais, jornais perió- A 2º Encontro de Profissionais em Acesso Vascular por PICC e Terapia Intravenosa dicos e artigos sobre políticas e procedimentos nesta especialidade da Enfermagem. Todas as publicações e materiais educacionais da INS dos Estados Unidos são disponibilizados apenas em língua inglesa. Intravenous recomenda: Data: 26 a 28 de outubro Local: Centro Empresarial FIRJAN, Rio de Janeiro-RJ. Será realizado o Curso de Capacitação a Implantação e Manutenção de PICC (Resolução COFEN nº. 258/01) Informações e inscrições: (21) 2425-8845 / 6432 (fax) [email protected] Ferramentas da Série Práxis para o dia-a-dia da Enfermagem Cuidados Intensivos De Nancy H. Diepenbrock Fundamentals of Infusion Therapy – Your One-stop Source for Infusion Information – Um guia eletrônico em CD-ROM minucioso e abrangente, com vídeo, animação e gráficos para demonstrar os fundamentos da infusão venosa a estudantes de enfermagem e profissionais da área que estão iniciando na especialidade. De fácil consulta, o guia é dividido em capítulos que apresentam as várias interfaces da terapia IT, desde ana- tomia da pele e dos vasos, princípios de administração parenteral, dispositivos e equipamento de infusão periférica, cuidados e manutenção, complicações (causas e prevenção). Infusion Therapy and You – Pacient Handbook for Self-Administration of Infusion Therapy – Uma ferramenta de grande utilidade que o profissional de Terapia IT pode recomendar ao paciente com um cateter implantado e faz o tratamento domiciliar. O material é constituído de manual e planilha de tarefas. O manual descreve com uma linguagem simples e de fácil compreensão os passos para manutenção e cuidados com o cateter. A planilha de tarefas permite a personalização das prescrições de infusões e de procedimentos tais como flushing e troca de curativos num dispositivo intermitente. Para conhecer e solicitar as publicações e material educativo da INS basta se cadastrar no site www.ins1.org Ou então escreva para Infusion Nurses Society: 220 Norwood Park South, Norwood, MA 02062, USA. Enfermeira chefe do Wausau Heart Institute e do Saint Mary’s Hospital, Wisconsin, EUA. O livro apresenta de forma prática e objetiva soluções atualizadas em capítulos referentes a cada sistema corporal. 419 páginas Interpretação do ECG Linda S. Bass Professora da University of Cincinnati College of Nursing, Ohio (EUA) e colaboradores. Como interpretar os traçados eletrocardiográficos, atra265 páginas vés de uma abordagem prática para o profissional agir de forma adequada em diferentes situações. Fisiopatologia Básica Susan E. Antczak Instrutora clínica do Program Fox Chase Câncer Center, Filadélfia (EUA) e colaboradores. Os autores abordam como as doenças se desenvolvem 340 páginas e propõem soluções de tratamento para cada caso. Editora LAB • www.editoralab.com.br é uma publicação da BD. Diretor da Publicação: Maurício Grimoni. Coordenadores: Katia Teixeira, Marina Peres e Eric Massaharu Nishimura. Coordenadoras Científicas: Silmara Malaguti e Rita Helena da Rocha Pereira. Jornalista Responsável: Milton Nespatti (MTb-SP 12.460). Revisão: Sérgio Cides. Projeto Gráfico e Diagramação: Alvo Propaganda & Marketing. Os artigos podem ser publicados desde que citada a fonte. As opiniões e conceitos publicados são de inteira reponsabilidade dos autores e entrevistados. UMA INICIATIVA DA FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS DIREITOS DA CRIANÇA Ajudando as pessoas a viverem vidas saudáveis