Comitê Diretor do CERPCH Director Committee CEMIG / FAPEPE / IEE-USP / FURNAS / IME / ELETROBRAS / ANEEL / MME Comitê Editorial Editorial Committee Presidente - President Geraldo Lúcio Tiago Filho - CERPCH/UNIFEI Editores Associados - Associated Publishers Adair Matins - UNCOMA - Argentina Alexander Gajic - University of Serbia Alexandre Kepler Soares - UFMT Ângelo Rezek - ISEE/UNIFEI Antônio Brasil Jr. - UnB Artur de Souza Moret - UNIR Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN/UNIFEI Bernhard Pelikan - Bodenkultur Wien - Áustria Carlos Barreira Martines - UFMG Célio Bermann - IEE/USP Edmar Luiz Fagundes de Almeira - UFRJ Fernando Monteiro Figueiredo - UnB Frederico Mauad - USP Helder Queiroz Pinto Jr. - UFRJ Jaime Espinoza - USM - Chile José Carlos César Amorim - IME Marcelo Marques - IPH/UFRGS Marcos Aurélio V. de Freitas - COPPE/UFRJ Maria Inês Nogueira Alvarenga - IRN/UNIFEI Orlando Aníbal Audisio - UNCOMA - Argentina Osvaldo Livio Soliano Pereira - UNIFACS Regina Mambeli Barros - IRN/UNIFEI Zulcy de Souza - LHPCH/UNIFEI 03 Editorial Editorial Mercado Market 04 Conferência de Centrais Hidrelétricas, Mercado & Meio Ambiente é reeditada em São Paulo Hydropower, Market & Environment Conference returns in São Paulo 08 Curtas News Laboratório de Alta tensão da Unifei se destaca por suas pesquisas High-voltage Laboratory at UNIFEI stands out for its research TECHNICAL COMMITTEE Prof. François AVELLAN, EPFL École Polytechnique Fédérale de Lausanne, Switzerland, [email protected], Chair; Prof. Eduardo EGUSQUIZA, UPC Barcelona, Spain, [email protected], Vice-Chair; Dr. Richard K. FISHER, VOITH Hydro Inc., USA, [email protected], Past-Chair; Mr. Fidel ARZOLA, EDELCA, Venezuela, [email protected]; Dr. Michel COUSTON, ALSTOM Hydro, France, [email protected]; Dr. Niklas DAHLBÄCK, VATENFALL, Sweden, [email protected]; Mr. Normand DESY, ANDRITZ Hydro Ltd., Canada, [email protected]; Prof. Chisachi KATO, University of Tokyo, Japan, [email protected]; Prof. Jun Matsui, Yokohama National University, [email protected]; Dr. Andrei LIPEJ, TURBOINSTITUT, Slovenija, [email protected]; Prof. Torbjørn NIELSEN, Norwegian University of Science and Technology, Norway, [email protected]; Mr. Quing-Hua SHI, Dong Feng Electrical Machinery, P.R. China, [email protected]; Prof. Romeo SUSAN-RESIGA, “Politehnica” University Timisoara, Romania, [email protected]; Prof. Geraldo TIAGO F°, Universidade Federal de Itajubá, Brazil, [email protected]. Agenda 09 Schedule Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mauá – Bibliotecária Margareth Ribeiro- CRB_6/1700 R454 Revista Hidro & Hydro – PCH Notícias & Ship News, UNIFEI/CERPCH, v.1, 1998 -- Itajubá: CERPCH/IARH, 1998 – v. 66, n. 3, jul./set. 2015. Expediente Editorial Editor Coord. Redação Jornalista Resp. Redação Projeto Gráfico Diagramação e Arte Tradução Impressão Geraldo Lúcio Tiago Filho Camila Rocha Galhardo Adriana Barbosa MTb-MG 05984 Adriana Barbosa Camila Rocha Galhardo Net Design Lidiane Silva Joana Sawaya de Almeida Editora Acta Ltda Trimestral. Editor chefe: Geraldo Lúcio Tiago Filho. Jornalista Responsável: Adriana Barbosa – MTb_MG 05984 ISSN 2359-6147 / ISSN 1676-0220 1. Energia renovável. 2. PCH. 3. Energia eólica e solar. 4. Usinas hi_ drelétricas. I. Universidade Federal de Itajubá. II. Centro Nacional de Re_ ferência em Pequenas Centrais Hidrelétricas. III. Título. Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News é uma publicação trimestral do CERPCH The Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News is a three-month period publication made by CERPCH Tiragem/Edition: 6.700 exemplares/issues contato comercial: [email protected] / site: www.cerpch.org.br Universidade Federal de Itajubá Av. BPS, 1303 - Bairro Pinheirinho Itajubá - MG - Brasil - CEP: 37500-903 e-mail: [email protected] [email protected] Fax/Tel: +55 (35)3629 1443 2 ISSN 2359614-7 9 772359 614009 00066 EDITORIAL HIDRO&HYDRO | ISSN 2359-6147 Letter from the Editor, Prezado Leitor, Diante da crise que atinge o país nos últimos anos e com perspectiva nada animadora, o governo lançou nesse segundo semestre um pacote de medidas com foco no setor energético. Com um investimento da ordem de R$ 186 bilhões para os próximos três anos, o objetivo é ampliar e assegurar a oferta de energia para a população e indústria, além de fortalecer o sistema de transmissão, vislumbrando tornar os preços competitivos com o mercado internacional, priorizando as fontes limpas e renováveis de energia. O lançamento do plano de investimento do governo para setor elétrico foi lançado concomitantemente com a realização da nona edição da Conferencia de Centrais Hidrelétricas, Mercado e Meio Ambiente, nessa edição o leitor pode acompanhar a cobertura desse evento e se familiarizar com os temas discutidos. Essa edição traz, também, uma matéria sobre o Laboratório de Alta Tensão localizado na Universidade Federal de Itajubá, laboratório esse que está em operação a mais de cinquenta anos. Outra informação que queremos compartilhar com nossos leitores é que desde a edição de nº65 a revista PCHNotícias&SHPNews, publicação dedicada a artigos técnico-científico, passou a oferecer aos autores, mais uma ferramenta de referencia. Os artigos publicados passaram a ter o DOI - Identificador de Objeto Digital, este identificador é atribuído ao objeto digital para que este seja unicamente identificado na Internet. A editoria dessa publicação está sempre à procura de inovações, conteúdos relevantes para atender aos leitores. Participe enviando sugestões, opiniões, a interatividade é salutar para todos nós. Faced with the crisis that has been affecting the country in the last few years and a bleak outlook, the government has launched a set of measures this semester focusing on the energy sector. With an investment of R$186 billion for the next three years, the objective is to widen and secure the energy supply for the population and industry, aside from strengthening the transmission system, making prices more competitive with the international market, prioritizing clean and renewable energy sources. The launch of the government investment plan for the energy sector was made coincidentally with the ninth edition of the Hydropower, Market and Environment Conference. Within this edition, the reader can follow the coverage on this event and get to know the topics that were discussed. This edition also brings you and article on the High Voltage Laboratory at the Federal University of Itajubá, which has been operating for over 50 years. We would also like to share with our readers that since its 65th Edition, PCH Noticias & SHP News, a publication of technical scientific articles, now offers its authors one more reference tool. The published articles will now have a DOI – Digital Object Identifier, attributed to the digital object so that is can be uniquely identified online. The Editors of this publication are always seeking innovation and relevant content to meet readers’ expectations. Participate by sending in your suggestions and opinions; interaction is beneficial for all of us. Enjoy reading! Boa Leitura! Geraldo Lúcio Tiago Filho Geraldo Lúcio Tiago Filho Apoio: IAHR DIVISION I: HYDRAULICS TECHNICAL COMMITTEE: HYDRAULIC MACHINERY AND SYSTEMS 3 MERCADO HIDRO&HYDRO, 66, (3), JUL,AGO,SET/2015 CONFERÊNCIA DE CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, MERCADO & MEIO AMBIENTE É REEDITADA EM SÃO PAULO por Adriana Barbosa A conferência realizada entre os dias 11 e 12 de agosto, em São Paulo, promovida pelo Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH), juntamente com a Universidade Federal de Itajubá (MG) e com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) e com o Instituto de Energia e Ambiente (IEE/USP), por meio do Núcleo de Pesquisa em Políticas e Regulação das Emissões de Carbono (NUPPREC/USP) e com o apoio das Associações do setor, foi reeditada esse ano abordando temas que abrangeu desde o futuro das hidrelétricas, escassez hídrica, grandes usinas, potencial de sistemas híbridos e das usinas não convencionais a Pequenas Centrais Hidrelétricas. A nona edição da conferência contou com a participação dos principais profissionais do setor, acadêmicos e investidores. Participaram da cerimônia de abertura o Secretário Executivo do CERPCH, Geraldo Lúcio Tiago Filho; a presidente da conferencia professora do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de são Paulo, Virgínia Parente, o professor Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, professor Isak Kruglianskas. Durante a 9ª edição da conferência, foram realizados painéis para a discussão sobre o futuro das hidrelétricas no panorama mundial e na perspectiva brasileira frente às questões das mudanças climáticas; grandes usinas: como mitigar os atrasos nas obras e enfrentar outros importantes desafios; escassez hídrica em busca de soluções factíveis; potencial de sistemas híbridos e das usinas não convencionais (reversíveis, termo solares, hidrocinéticas, hidro-eólicas, etc); Pequenas Centrais Hidrelétricas: o ciclo terminou?. No painel sobre as PCHs foram apresentadas as vantagens das mesmas na matriz energética brasileira como uma ótima opção na expansão da geração de energia elétrica no país, os Opinião Geral IX Conferência Geral Opinion - IX Conference conferencistas acreditam que o papel das pequenas centrais é de suma importância no cenário energético brasileiro. A retomada da conferência veio preencher uma lacuna existente no setor nos últimos anos, uma vez que seu formato foi pensando para proporcionar uma interação entre a plateia e os palestrantes, formato este aprovado tanto pelo público quanto pelos conferencistas, destaca o secretario executivo do CERPCH, Tiago Filho. Sessão técnica Um dos diferenciais deste evento é a realização de uma sessão técnica, onde são apresentados os estudos e pesquisas desenvolvidas pelas universidades. É um importante canal para estudantes e pesquisadores apresentarem os resultados de sua produção técnica científica. Nesta edição, a conferência recebeu cerca de 20 artigos técnicos, sendo que 15 foram aprovados pelo comitê avaliador da sessão. Os temas atendidos foram: Análise Financeira; Aspectos Legais e Institucionais; Mercado e Planejamento Energético; Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável; Tecnologia e Desenvolvimento: a. Componentes Hidromecânicos/ b. Componentes Elétricos Mecânico/ c. Estruturas Hidráulicas/ d. Sistemas de Controle/ e. Subestação e Transmissão/ f. Levantamento de Dados de Campo/ g. Geotecnia e Geologia/ h. Monitoramento; Operação e Manutenção; Sistemas Híbridos; Geração Descentralizada e Sistemas isolados. A sessão foi dividida em três etapas, a primeira foi coordenada pelo Prof. Dr. Geraldo Lúcio Tiago Filho, da Universidade Federal de Itajubá - Unifei, a segunda sob a coordenação da Prof. Dr. Oswaldo Honorato de Souza Júnior, também da Unifei, e a terceira pelo Doutorando da UNIFEI, Antônio Carlos Barkett Botan. Alguns dos trabalhos apresentados na Conferência estão publicados na sessão técnica desta revista. Avaliação Temas Abordados Evalutation of Topics Discussed Ruim / Bad Regular Regular Excelente Excelent Excelente Excelent Boa Good Boa Good Ótima Great Ótima Great Avaliação Dinâmica dos Painéis Evaluation of Panel Dynamics Bom Good Excelente Excelent Ótima Great 4 MARKET HIDRO&HYDRO | ISSN 2359-6147 HYDROPOWER, MARKET & ENVIRONMENT CONFERENCE RETURNS IN SÃO PAULO Translation: Joana Sawaya de Almeida Foto: CERPCH/Adriana Barbosa The conference has returned this year approaching ranging topics such as the future of hydropower plants, water scarcity, large plants, the potential of hybrid systems and non-conventional power plants to small hydroelectric plants. The conference was held on August 11th and 12th, in São Paulo, sponsored by the National Reference Center for Small Hydropower Plants (CERPCH), along with the Federal University of Itajubá (MG), the Economy, Administration and Accounting College (FEA/USP), the Energy and Environment Institute (IEE/USP) through the Research Nucleus of Carbon Emissions, Politics and Regulations (NUPPREC/USP), with support from the Associations in the sector The ninth edition of the conference was attended by leading industry professionals, academics and investors. Participating in its opening ceremony was the Executive Secretary of CERPCH, Geraldo Lúcio Tiago Filho; conference president from the Energy and Environment Institute at the University of São Paulo, Professor Virgínia Parente; and professor from the Economy, Administration and Accounting College at the University of São Paulo, Professor Isak Kruglianskas. During the ninth edition of the conference, discussion panels were held on the future of hydropower on a global scale and the Brazilian outlook facing climatic change issues; large hydropower plants, how to mitigate the delays in construction and facing other important challenges; water scarcity and the search for feasible solutions; hybrid power systems and non-conventional plants (reversible, thermal-solar, hydro-kinetic, hydro-wind, etc.); “Small Hydropower Plants: has the cycle ended?”. At the panel on SHPs, their advantages in the Brazilian energy matrix were presented as a great option in expanding the generation of electric energy in the country. The panelists believe that the role small power plants play is of utmost importance in the Brazilian energy scenario. The return of the conference filled an existing gap in the sector from the last few years, since its format was thought out to provide an interaction between the audience and the speakers, a format approved by the public as well as the panelists, pointed out executive secretary of CERPCH, Tiago Filho. Technical Session A unique feature of this event was its technical session, where developed studies and research from universities were presented. It is an important channel for students and researchers to present results from technical scientific production. In this edition, the conference received about 20 technical papers, being that 15 were approved by the evaluation committee of the session. The topics discussed were: Financial Analysis; Legal and Institutional Aspects; Energy Market and Planning; Environment, Social Responsibility and Sustainable Development: Technology and Development: a. Hydro-mechanical Components, b. Mechanical Electrical Components, c. Hydraulic Structures, d. Control Systems, e. Substations and Transmissions, f. Field Data Collection, g. Geotechnics and Geology, h. Monitoring; Operation and Maintenance; Hybrid Systems; Decentralized Generation; and Isolated Systems The session was divided into three stages: the first was coordinated by Professor Geraldo Lucio Thiago FIlho, PhD, from the Federal Univeristy of Itajubá – UNIFEI, the second was under the coordination of Professor Oswaldo Honorato de Souza Júnior, PhD., also from UNIFEI, and the third was by UNIFEI doctoral student Antônio Carlos Barkett Botan. Some of the work presented at the conference is published in the technical section of this magazine. 2016 A X Conferência de Centrais Hidrelétricas - Mercado e Meio Ambiente acontecerá entre em agosto de 2016, em São Paulo- SP. O evento conta com a participação dos principais profissionais do setor, representantes do governo, ONGs e setor privado. Para mais informações entrar em contato com Adriana Barbosa: [email protected] The X Hydropower Plant Conference – Market and Environment will be held in August 2016, in São Paulo, SP. The event will count with the participation of leading professionals in the sector, government representatives, NPOs and the private sector. For more information, please contact Adriana Barbosa: [email protected] 5 CURTAS HIDRO&HYDRO, 66, (3), JUL,AGO,SET/2015 LABORATÓRIO DE ALTA TENSÃO DA UNIFEI SE DESTACA POR SUAS PESQUISAS por Adriana Barbosa Fotos: CERPCH/Adriana Barbosa Em operação desde 1963, o laboratório de alta tensão da Universidade Federal de Itajubá (LAT) foi criado com o objetivo de solucionar problemas multidisciplinares em aéreas correlatas à alta tensão, processamento e fabricação de materiais elétricos de modo a criar novos conhecimentos e gerar inovações tecnológicas. Pioneiro no país na realização de ensaios de impulso de tensão em alta tensão no setor elétrico de potência. O laboratório visa promover a pesquisa, o desenvolvimento e a educação interdisciplinar em Engenharia de Alta Tensão. Sob a Coordenação do professor Manuel Luís Barreira Martinez desde 1994, o LAT é um espaço acadêmico dedicado ao desenvolvimento de projetos científicos voltados para a graduação e pós-graduação em engenharia elétrica, o laboratório passou por uma modernização em 2014, onde sua infraestrutura foi melhorada para atender as necessidades da comunidade científica, indústria e empresas do setor. O LAT atua na área de Engenharia Elétrica de Potência, materiais elétricos tradicionais e avançados, processos e tecnologias incluindo: metais, ligas metálicas, cerâmicas, polímeros e compósitos de matriz metálica, cerâmica e polimérica. 6 Os laboratórios conferem avaliações precisas dos mais variados produtos, componentes e matérias primas distribuídas por indústrias da Engenharia Elétrica, ensaios metalográficos, mecânicos e químicos em produtos de plástico e elastômeros, entre outros. O LAT realiza seus procedimentos seguindo as normas ASTM, ISO, ABNT, DIN. Dentre os serviços realizados destacam-se: Cabos e assessórios; Conectores; Chaves fusíveis de distribuição; Para-raios; Pararaios óxidos metálicos (Zinco); Isoladores; Transformadores de distribuição; Transformadores de corrente e de potencial indutivos; Barras de geradores/motores; Análise de identificação de materiais poliméricos; Propriedades mecânicas de materiais poliméricos; Propriedades térmicas dos materiais poliméricos; Propriedades reológicas de materiais poliméricos; Propriedades químicas e físicas de matérias poliméricos; Síntese personalizada de matérias poliméricos e seus compósitos avançados. Segundo o Coordenador do laboratório as atividades do LAT não têm fins lucrativos e toda a renda obtida com a prestação de serviços é aplicada em melhorias em infraestrutura, equipamentos e capacitação dos próprios professores e pesquisadores envolvidos. HIDRO&HYDRO | ISSN 2359-6147 NEWS HIGH-VOLTAGE LABORATORY AT UNIFEI STANDS OUT FOR ITS RESEARCH Translation: Joana Sawaya de Almeida Operating since 1963, the high-voltage laboratory (LAT) at the Federal University of Itajubá was created with the objective of solving multidisciplinary problems in areas correlated to high voltage, processing and the fabrication of electric materials as a way to develop new knowledge and to produce technological innovations. A pioneer in the country for performing high voltage impulse experiments in the electrical sector, the laboratory aims at promoting research, development and interdisciplinary education in High Voltage engineering. Under the coordination of Professor Manuel Luís Barreira Martinez since 1994, the LAT is an academic space dedicated to the development of scientific projects directed towards undergraduate and graduate programs in electric engineering. The laboratory was upgraded in 2014, having its infrastructure improved in order to meet the needs of the scientific community, industry and sector companies. The LAT operated in the areas of Electric Power Engineering, traditional and advanced electric materials, processes and technologies including: metal alloys, ceramics, polymers and composites of the metallic, ceramic and polymeric matrixes. The laboratories provide accurate evaluations of the most varied products, components, and raw materials distributed by the Electric Engineering industry, metallographic, mechanical and chemical tests on plastic and elastomer products, among others. The LAT conducts its procedures in accordance with ASTM, ISO, ABNT and DIN norms. Among the services performed, the following stand out: cables and accessories; connectors; distribution fuses; metal oxide (zinc) lightning rods; isolators; distribution transformers; current and inductive power transformers; generation and motor bars; polymeric material identification analysis; mechanical properties of polymeric materials; thermal properties of polymeric materials; properties of rheological materials; chemical and physical properties of polymeric materials; personalized synthesis of polymeric materials and its advanced composites. According to the laboratory coordinator, LAT activities are non-profit and all of the proceeds from the services rendered are applied to upgrades to the infrastructure, equipment and training for the professors and researchers involved. 7 HIDRO&HYDRO | ISSN 2359-6147 AGENDA/SCHEDULE NEWS EVENTOS LIGADOS AO SETOR DE ENERGIA - 2015 SETEMBRO NOVEMBRO Brazil Windpower 2015 1 a 3 de setembro de 2015 Rio de Janeiro – RJ CARTA DOS VENTOS: Fórum Nacional Eólico: Data: 12/11/2015 a 13/11/2015 Local: Salvador - BA Site: http://viex-americas.com/carta-dos-ventos/ Intersolar South America Data: 01 a 03 de setembro de 2015 Local: Expo Center Norte - São Paulo – SP Site: http://www.intersolar.net.br/pt/intersolar-south-america.html EU PVSEC Data: 14 a 18 de setembro de 2015 Local: Hamburg - Deutschland Site: http://www.photovoltaic-conference.com/ Análise de viabilidade econômico-financeira de empreendimentos de geração Data: 15 de setembro de 2015 Local: São Paulo - SP Site: http://viex-americas.com/viabilidade-de-geracao/ OUTUBRO ICEECE 2015: Conferência Internacional sobre Energia, Meio Ambiente e Engenharia Química Data: 12/11/2015 a 13/11/2015 Local: Tokyo, Japão Site: http://www.waset.org/conference/2015/11/kyoto/ICEECE/call-forpapers DEZEMBRO SOLARINVEST: Congresso de Políticas Públicas e Incentivos à cadeia de geração de energia solar Data: 02/12/2015 a 03/12/2015 Local: São Paulo - SP Site: http://viex-americas.com/solarinvest/ Energy Expobusiness 2015 Data: 02 e 03 de outubro de 2015 Local: Natal-RN Site: http://energyexpobusiness.com/ 9 Presidente - President Geraldo Lúcio Tiago Filho - CERPCH/UNIFEI Editores Associados - Associated Publishers Adair Matins - UNCOMA - Argentina Alexander Gajic - University of Serbia Alexandre Kepler Soares - UFMT Ângelo Rezek - ISEE/UNIFEI Antônio Brasil Jr. - UnB Artur de Souza Moret - UNIR Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN/UNIFEI Bernhard Pelikan - Bodenkultur Wien - Áustria Carlos Barreira Martines - UFMG Célio Bermann - IEE/USP Edmar Luiz Fagundes de Almeira - UFRJ Fernando Monteiro Figueiredo - UnB Frederico Mauad - USP Helder Queiroz Pinto Jr. - UFRJ Jaime Espinoza - USM - Chile José Carlos César Amorim - IME Marcelo Marques - IPH/UFRGS Marcos Aurélio V. de Freitas - COPPE/UFRJ Maria Inês Nogueira Alvarenga - IRN/UNIFEI Orlando Aníbal Audisio - UNCOMA - Argentina Osvaldo Livio Soliano Pereira - UNIFACS Regina Mambeli Barros - IRN/UNIFEI Zulcy de Souza - LHPCH/UNIFEI DIFICULDADES PARA ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO CONJUNTA ANEEL/ANA N° 03/2010: A VISÃO DO EMPREENDEDOR................ 8 Joana Cruz de Souza, Júlia França Alvarenga ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE ADUÇÃO DA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA DE RIO BRANCO DO SUL-PARANÁ-BRASIL.......... 13 Ivan Azevedo Cardoso, Rafael Steinke HYDRO-QUÉBEC’S CONTINUOUS FLOW MEASUREMENT SYSTEM: DEVELOPMENT OF AN INDUSTRIAL PROTOTYPE.......................... 19 M Bouchard Dostie, G Proulx, J Nicolle, L Martell ESTIMATIVA DA VAZÃO TURBINADA ATRAVÉS DA FAIXA OPERATIVA OBTIDA PELA INTERPOLAÇÃO MULTIVARIÁVEL UTILIZANDO A MATRIZ DE VANDERMONDE .............................................................. 22 Rafael Freitas Ferreira, Eduardo A. R. Maia IAHR DIVISION I: HYDRAULICS TECHNICAL COMMITTEE: HYDRAULIC MACHINERY AND SYSTEMS Classificação Qualis/Capes B5 B4 ENGENHARIAS I; III e IV Biodiversidade Interdisciplinar Áreas de: Recursos Hídricos Meio Ambiente Energias Renováveis e não Renováveis ISSN 1676022-0 A revista está indexada no DOI sob o prefixo 10.14268 ISSN 1676-0220 9 771676 022009 00066 ARTIGOS TÉCNICOS Comitê Editorial Editorial Committee ASPECTOS PRÁTICOS DA REALIZAÇÃO DE ENSAIO DE DESEMPENHO EM CENTRAIS HIDRELÉTRICAS........................................ 3 Edson da Costa Bortoni, Thiago Modesto de Abreu TECHNICAL ARTICLES <Destaque> Comitê Diretor do CERPCH Director Committee CEMIG / FAPEPE / IEE-USP / FURNAS / IME / ELETROBRAS / ANEEL / MME ASPECTOS PRÁTICOS DA REALIZAÇÃO DE ENSAIO DE DESEMPENHO EM CENTRAIS HIDRELÉTRICAS PCHNotícias&SHPNews Publisher: Acta Editora/CERPCH DOI:10.14268/pchn.2015.00024 ISSN: 1676-0220 Subject Collection: Engineering Subject: Engineering, measurement TECHNICAL ARTICLES ASPECTOS PRÁTICOS DA REALIZAÇÃO DE ENSAIO DE DESEMPENHO EM CENTRAIS HIDRELÉTRICAS Edson da Costa Bortoni, 2Thiago Modesto de Abreu 1 RESUMO Este trabalho faz uma breve revisão dos procedimentos empregados no Ensaio de Desempenho, utilizado para a determinação de Potências Instalada e Líquida de uma central hidrelétrica, quando as mesmas não puderem ser obtidas através de medições do Sistema de Medição e Faturamento (SMF), em consonância com a Resolução n° 420 da ANEEL. São apresentados aspectos práticos da medição das principais grandezas e apresentados procedimentos de correção quando as condições nominais não forem verificadas durante a realização dos Ensaios. PALAVRA-CHAVE: Ensaio de Desempenho, instrumentação, procedimentos de correção PRACTICAL ASPECTS OF THE PERFORMANCE TEST APPLICATION IN HYDRO POWER PLANTS ABSTRACT This work provides a brief review of the procedures used in the Performance Test, applied to figure out the Installed Power and Net Power of a hydro power plant, when such information could not be obtained from the energy metering systems data, according to the ANEEL Resolution #420. Some practical aspects of the measurement of several quantities are presented and corrective procedures to be applied when rated operation conditions could not be established during the tests as well. KEYWORDS: Performance Tests, instrumentation, corrective procedures. 1. INTRODUÇÃO Adicionalmente, estabeleceu-se, por meio do novo normativo, a obrigatoriedade para que todos os empreendedores comprovem a real capacidade de geração, ou por meio de realização do ensaio de desempenho, ou mediante comprovação de geração em plena durante sete dias, utilizando para tal, os dados extraídos do Sistema de Medição de Faturamento – SMF. Para a comprovação das potências instalada e líquida por meio de ensaio de desempenho, o teste deve ter uma duração mínima de quatro horas e as grandezas medidas e registradas em intervalos de, no máximo, trinta minutos, sendo o procedimento detalhado no capítulo a seguir. A Resolução ANEEL nº 407, publicada no ano de 2000, definia como potência instalada de uma central geradora o somatório das potências elétricas ativas nominais de suas unidades, baseando-se somente nos dados de placa do gerador elétrico da central geradora, sendo, portanto, desconsiderados os efeitos das condições locais, arranjo, e dos equipamentos da usina, que certamente influenciam na potência efetivamente disponibilizada pela central. Naquele cenário, a potência elétrica ativa nominal (kW) era definida pelo produto da potência elétrica aparente nominal (kVA) pelo fator de potência nominal do gerador elétrico, considerando o regime de operação contínuo e as condições nominais de operação. Com o objetivo de absorver todos os efeitos restritivos das centrais geradoras e oferecer ao Setor Elétrico informação da real capacidade da usina sob o ponto de vista do sistema elétrico, a ANEEL, em complementação à definição existente da potência instalada, evoluiu na forma de determinação da potência elétrica ativa nominal, bem como estabeleceu uma denominação para a potência líquida do empreendimento, sendo ambas baseadas em resultados de informações obtidas do sistema de faturamento, ou através de um Ensaio de Desempenho aplicado à central geradora. Visando aprimorar a metodologia para definição da real capacidade de geração de um empreendimento, foi definida pela ANEEL, no ano de 2010, a Resolução Normativa nº 420, sendo estabelecida a definição para potência líquida, como a potência elétrica ativa máxima disponibilizada pela central geradora no seu ponto de conexão, ou seja, descontando da potência bruta gerada a demanda de serviços auxiliares e as perdas no sistema de conexão da central geradora, também comprovada mediante dados de geração ou ensaio de desempenho. 2. CARACTERIZAÇÃO DO ENSAIO DE DESEMPENHO Juntamente com a Resolução Normativa nº 420, a ANEEL também expediu um documento denominado Procedimento para determinação da “Potência Instalada” e “Potência Líquida” de empreendimento de geração de energia elétrica. Neste documento a ANEEL procurou definir as diretrizes gerais necessárias para a elaboração e o formato do Relatório Técnico para confirmação da potência instalada e potência líquida de centrais geradoras de energia elétrica. Através deste documento a ANEEL propôs duas alternativas para se definir o valor da potência instalada e da potência líquida da central geradora, considerando as particularidades técnicas de cada empreendimento, a saber: ou comprovam-se estes valores utilizando dados de geração, obtidos do medidor de faturamento, de um período de sete dias, em base horária, ou aplica-se o chamado Ensaio de Desempenho, onde a central deve operar na potência que se deseja comprovar, com duração mínima de quatro horas, monitorando-se grandezas elétricas, mecânicas, térmicas, hidráulicas e ambientais, com emissão de devida Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), conforme regulamentação do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA). Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – Universidade Federal de Itajubá. Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia – Universidade Federal de Itajubá 1 2 PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 3-7 3 ARTIGOS TÉCNICOS No Ensaio de Desempenho, com duração mínima de quatro horas, as grandezas devem ser medidas e registradas em intervalos de, no máximo, 30 minutos, com exceção daquelas obtidas diretamente do sistema de medição de faturamento ou do sistema de supervisão da central, quando deverão ser respeitados os intervalos de medição padronizados para esses equipamentos. O valor da “potência instalada” e da “potência líquida” obtida deverá ser baseado na energia efetivamente gerada durante o período do teste pelo tempo total do mesmo, devendo ser realizadas as eventuais correções conforme prescreve este Procedimento. Todas as unidades geradoras deverão estar programadas para gerar a potência ativa e fator de potência próximo aos valores que se desejam comprovar. Correções devem ser aplicadas caso não se consiga, devido a questões sistêmicas e de queda líquida, trabalhar nas condições que se desejam comprovar. Antes do início do Ensaio de Desempenho deverá haver a estabilização completa dos parâmetros térmicos e mecânicos, segundo critérios a serem adotados. Exceto para as grandezas elétricas, as quais deverão ser obrigatoriamente monitoradas em todas as unidades, as demais grandezas poderão ser monitoradas em no mínimo uma unidade geradora, desde que as demais apresentem as mesmas características de projeto e construção da unidade monitorada. Para as grandezas térmicas e mecânicas, antes do início dos testes deverão ser registrados os seus valores nominal, de alarme e de parada por emergência da unidade, quando aplicável, para os quais o sistema de supervisão está programado. Todos os instrumentos utilizados nos ensaios para monitoramento das grandezas elétricas deverão ter rastreabilidade quanto a sua calibração, em consonância com as práticas usualmente adotadas. A seguir são detalhados os procedimentos utilizados para as medições necessárias. ASPECTOS PRÁTICOS DA REALIZAÇÃO DE ENSAIO DE DESEMPENHO EM CENTRAIS HIDRELÉTRICAS medição de corrente e garras jacaré para medição de tensão são fundamentais para facilidade de instalação, verificação da correta instalação, e intervenção mínima ao sistema de medição existente, como mostra a figura 1. Também, é de interesse que o medidor utilizado apresente capacidade de medição e armazenamento de outras grandezas elétricas como tensão, corrente e fator de potência, já que para as grandezas elétricas devem-se medir as potências ativa, reativa e aparente, e fator de potência nos bornes do gerador elétrico e no ponto de conexão. Estas medições são fundamentais para a determinação do balanço energético da central, isto é, potência bruta simultânea de cada unidade geradora, medida nos geradores elétricos; potência exportada, medida no ponto de conexão; consumo em serviços auxiliares/ perdas; e consumo em cargas industriais próprias, caso existam. Como, em última instância, os valores das Potências Instalada e Líquida são obtidos dos resultados de medição de potência, é de suma importância que os medidores empregados sejam calibrados, apresentando certificados de rastreabilidade, o que garante a precisão e exatidão das medições. Assim, não é possível a utilização de dados de supervisórios para a medição de potência, haja vista que estes, em geral, são obtidos de medições de relés, disponíveis na rede de dados da central. Por outro lado, dados de supervisório podem ser utilizados para a montagem de gráficos de carregamento da central durante o Ensaio de Desempenho, como mostra a figura 2. 3. ASPECTOS PRÁTICOS DA CONFIRMAÇÃO DA POTÊNCIA INSTALADA A realização do Ensaio de Desempenho necessariamente implica em medições de grandezas elétricas, térmicas, mecânicas, hidráulicas e ambientais. Se por um lado devem-se instalar sensores para o monitoramento das grandezas de interesse, por outro esta instalação deve provocar a menor interferência possível, explorando ao máximo a estrutura de medição existente. 3.1. Medição de potência e energia Fig. 2: Histórico de medições durante o Ensaio de Desempenho. Fig. 1: Instalação de sensores para medição de potência e energia. A medição de potência deve ser realizada com o emprego de wattímetros calibrados, com capacidade de integralização da potência ao longo do período do Ensaio, de modo a se obter a energia totalizada durante o Ensaio, posto que a potência é obtida da relação entre energia medida e o período de tempo decorrido durante o Ensaio. Os instrumentos empregados também devem impor mínima intervenção no sistema existente. Garras amperimétricas para 4 PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 3-7 Uma das grandes dificuldades para a medição de potência elétrica e energia diz respeito ao número e tipo de conexão de transformadores de corrente (TC) e de potencial (TP). No universo de centrais existentes é uma grande variedade de soluções adotadas por projetistas. Assim encontram-se medições de potência com dois ou com três TPs, que podem estar ligados em estrela, em delta, ou conexão V. No caso de TCs, podem-se encontrar instalações com dois, três, ou quatro TCs. Assim, o instrumento a ser utilizado deve ser capaz de ser configurado para correta medição para qualquer tipo de instalação a ser encontrada em campo. 3.2. Medição de grandezas térmicas As grandezas térmicas se resumem nas temperaturas de enrolamento de armadura dos geradores, temperaturas do transformador elevador, e nas temperaturas dos metais patentes de todos os mancais do conjunto turbina-gerador. TECHNICAL ARTICLES Note-se que é muito difícil, sem que haja um profundo conhecimento prévio das máquinas em estudo, a inserção de sensores de temperatura na armadura ou nos mancais dos geradores. Por esta razão, a medição de temperatura é, em geral, realizada empregando-se a instrumentação existente. Exceção se faz àqueles casos onde é possível estabelecer uma janela de medição para a utilização de pirômetros de radiação ou de câmeras termográficas, figura 3. Quadro 1: Limites de velocidade de vibração impostos por norma. Classe I Classe II Tipo de Máquinas Máquinas Máquina Pequenas Grandes Classe III Máquinas Grandes com Fundação Rígida Classe IV Máquinas Grandes com Fundação Flexível 0,28 Vibração [mm/] ASPECTOS PRÁTICOS DA REALIZAÇÃO DE ENSAIO DE DESEMPENHO EM CENTRAIS HIDRELÉTRICAS 0,45 Bom 0,71 1,12 1,80 2,80 Satisfatório 4,50 7,10 Insatisfatório 11,20 18,00 28,00 Inaceitável 45,00 Fig. 3: Medição de temperatura usando radiação infravermelha. Como indicado nos Procedimentos de realização do Ensaio de Desempenho, devem ser anotados previamente os limites de todos os valores limite previstos para sinalização de alarme e parada por emergência das unidades geradoras. Sendo assim, o Ensaio de Desempenho deve ser cuidadosamente conduzido de modo que tais limites não sejam ultrapassados, com pena de desligamento intempestivo das unidades geradoras. A medição de deslocamento de eixo em coordenadas ortogonais permite a visualização da órbita de oscilação do mesmo, figura 5. Os sensores utilizados podem ser relógios comparadores ou, mais recentemente disponíveis, os sensores de proximidade indutivos. A oscilação de eixos é uma medição relativa, isto é, é feita tomando-se como base a vibração de todo o conjunto, estando a base do sensor posicionada no mancal da máquina. 3.3. Medição de vibração e oscilação de eixos As medições de vibração e de oscilação de eixo são de suma importância no sentido de se garantir a capacidade de geração em condições nominais. Note-se que, mesmo em projetos mal realizados, em situações extremas, pode-se gerar a potência nominal. Entretanto, em contrapartida, os níveis de vibração e de oscilação de eixos subirão a níveis inadmissíveis, demonstrando tal limitação. As medidas de vibração são realizadas com o emprego de acelerômetros posicionados em quadratura, como mostra a figura 4, com medição de velocidade de vibração em coordenadas ortogonais nos mancais e regidas pelas normas ISO 2372 e ISO 10816-1, de 1974 e de 1995, respectivamente [3-4], cujas informações são transcritas no quadro 1. Fig. 4: Medição de velocidade de vibração de mancais. Fig. 5: Medição de oscilação de eixo. 3.4. Medição de grandezas hidráulicas Como grandezas hidráulicas têm-se as pressões, os níveis de montante e de jusante, e a vazão turbinada. As pressões a serem medidas são as pressões na entrada e na saída das turbinas hidráulicas. Junto com a vazão e níveis estáticos, estes valores são de fundamental importância para se conhecer a queda líquida disponível para a conversão de energia. Da mesma forma, as tomadas de pressão Winter-Kennedy são utilizadas para medidas relativas e absolutas de vazão. Os níveis podem ser medidos empregando a instrumentação existente, que em geral trata-se de sensores ultrassônicos ou sensores de pressão para a medição de nível, normalmente disponibilizados em supervisório, pode-se também medir tais níveis visualmente, empregando as réguas existentes na barragem e no canal de fuga da central. Em geral, tomadas de pressão já são disponíveis nas centrais, principalmente as de entrada e de saída da turbina hidráulica, porém, as tomadas de pressão de Winter-Kennedy nem sempre estão disponíveis, inviabilizando a medição de vazão empregando esta técnica. A vazão é uma das grandezas mais importantes de serem conhecidas, e na mesma proporção, uma das mais difíceis de PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 3-7 5 ARTIGOS TÉCNICOS serem medidas [5-6]. A vazão pode ser medida em canais, galerias e em tubulações, de modo on-line ou off-line. Basicamente, para atendimento dos requisitos da Res. 420, aplicam-se os métodos on-line, que não implicam em desligamento ou imposição de transitórios para as medidas. Dentre os vários métodos disponíveis para medição de vazão com foco no Ensaio de Desempenho, destacam-se os métodos acústicos ultrassônicos, os quais podem ser aplicados em tubulações ou em canais abertos, como mostram as figuras 6 (a) e (b), respectivamente. ASPECTOS PRÁTICOS DA REALIZAÇÃO DE ENSAIO DE DESEMPENHO EM CENTRAIS HIDRELÉTRICAS A operação com um fator de potência maior do que nominal implica em uma menor elevação de temperatura do gerador, haja vista que a potência aparente será menor, resultando em uma menor corrente de armadura e menor corrente de campo. Para tanto, parte-se do princípio de que, para rotação e corrente de carga constantes, a elevação de temperatura é diretamente proporcional ao quadrado da corrente de operação [7-9]. A corrente por sua vez é inversamente proporcional ao fator de potência (FP). Assim, considerando que a potência ativa é nominal, a elevação de temperatura operando com fator de potência nominal (FPN) será: (1) Fig. 6: Medição de vazão com sensores acústicos. Por outro lado, há que se destacar a grande dificuldade de medição de vazão em centrais desprovidas de canais ou condutos forçados, como em centrais com turbinas bulbo, poço, ou Kaplan com caixa semi-espiral. Nestes casos, apenas a medição da pressão diferencial, isto é, com a aplicação do método de WinterKennedy, viabiliza esta medição. 4. PROCEDIMENTOS DE CORREÇÃO O Procedimento para determinação da Potência Instalada e Potência Líquida de empreendimento de geração de energia elétrica fornecido pela ANEEL [2] declara que o Relatório Técnico deverá contemplar métodos que propiciem a correção das medições de geração às condições nominais da central geradora; no caso de hidrelétricas, os resultados devem ser transpostos à queda líquida máxima (nominal). Também, em relação ao fator de potência, o documento [2] descreve que o resultado da potência ativa deverá levar em consideração o fator de potência obtido nas medições. O documento [2] define que o fator de potência nominal é o valor teórico obtido da curva de capabilidade do gerador, considerando a intersecção entre o trecho da limitação imposta pela corrente de campo ou corrente de excitação do rotor do gerador e o trecho da limitação imposta pela corrente de armadura, considerando a operação do gerador como capacitivo. Entretanto, deve-se entender que o fator de potência nominal é o descrito na placa do gerador, e que o traçado da curva de capabilidade é uma consequência desta informação, e não o contrário. Observe que nem sempre é possível a operação de uma máquina em seu fator de potência nominal. Este fato ocorre principalmente devido a condições sistêmicas, quando há excesso de reativos na rede, provocando uma geral elevação da tensão do sistema. Como o fator de potência nominal é obtido sobre-excitando-se a máquina sob teste, tem-se que esta prática acarretaria em uma excessiva elevação de tensão no barramento do gerador, superando os 5% admissíveis, inviabilizando a execução do teste, mesmo subexcitando-se uma máquina vizinha para absorção dos reativos gerados e redução da tensão terminal. Caso o ensaio não possa ser realizado com fator de potência nominal, devido a condições sistêmicas, deve-se corrigir a elevação de temperatura observada. 6 PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 3-7 Caso a queda líquida observada durante o ensaio não seja a nominal, o procedimento permite que a mesma seja corrigida para esta condição de projeto. A correção da potência ativa gerada com queda líquida nominal parte do princípio de que a queda líquida é dada pela diferença entre a queda bruta e as perdas de carga. Assim, o coeficiente de perda de carga pode ser calculado para as condições nominais de queda bruta, queda líquida e vazão. (2) A queda bruta nominal é obtida de dados de projeto, enquanto a queda líquida e vazão nominais podem ser obtidas das placas das turbinas hidráulicas. De posse do coeficiente de perda de carga, pode-se calcular a queda líquida para cada condição de queda bruta e vazão. (3) A relação entre a queda líquida de referência e a queda líquida medida nos mostra qual potência poderia ser gerada em condições nominais. 5. CONCLUSÕES O trabalho apresentou as principais motivações e características do Ensaio de Desempenho, utilizado para a determinação de Potências Instalada e Líquida de uma central hidrelétrica, quando as mesmas não puderem ser obtidas através de medições do Sistema de Medição e Faturamento (SMF). Foram apresentados aspectos práticos da medição das principais grandezas envolvidas no Ensaio, a saber: Potência e energia, temperatura de enrolamentos e de mancais, vibração e oscilação de eixo, vazão, pressões e níveis. Também foram apresentados procedimentos de correção de temperatura, a ser aplicado quando não se conseguir realizar o Ensaio com o fator de potência nominal, e correção da potência gerada, quando a queda líquida nominal não for verificada durante os Ensaios. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • A NEEL; “Resolução Normativa Nº 420, de 30 de novembro de 2010”. • ANEEL; “Procedimento para determinação da Potência Instalada e Potência Líquida de empreendimento de geração de energia elétrica”, Revisão após o processo de Consulta Pública n°006/2011, Despacho ANEEL nº. 131/2012. ASPECTOS PRÁTICOS DA REALIZAÇÃO DE ENSAIO DE DESEMPENHO EM CENTRAIS HIDRELÉTRICAS TECHNICAL ARTICLES • N orma ISO 2372 - Mechanical vibration of machines with operating speeds from 10 to 200 rev/s - Basis for specifying evaluation standards, 1974. • Norma ISO 10816-1 - Mechanical vibration -- Evaluation of machine vibration by measurements on non-rotating parts -Part 1: General guidelines, 1995. • Souza, Z.; Bortoni, E.C.; “Instrumentação para sistemas energéticos e industriais”. Editora Novo Mundo, 2006. • Bortoni, E.C.; “New developments in Gibson’s method for flow measurement in hydro power plants”. Flow Measurement and Instrumentation 19 (2008), pp. 285-390. • Bortoni, E.C. et alii, "Extracting Load Current Influence From Infrared Thermal Inspections", IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 26, N 2, pp. 501-506, 2011. • Lyon Jr, B.R.; Orlove, G.L.; Donna, L.P.; The Relationship between Current Load and Temperature for Quasi-Steady State and Transient Conditions, Infrared Training Center 2002. • Bortoni, E.C.; Siniscalchi, R.T.; Jardini, J.A.; “Hydro generator efficiency assessment using infrared thermal imaging techniques”. IEEE Trans. on EC, Vol. 26, N. 4, Dec. 2011, pp. 1134-1139. • Souza, Z.; Santos, A.M.; Bortoni, E.C.; “Centrais hidrelétricas – Implantação e comissionamento”. Editora Interciência, 2009. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 3-7 7 ARTIGOS TÉCNICOS PCHNotícias&SHPNews Publisher: Acta Editora/CERPCH DOI:10.14268/pchn.2015.00025 ISSN: 1676-0220 Subject Collection: Engineering Subject: Engineering, Hydrological data;resolution DIFICULDADES PARA ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO CONJUNTA ANEEL/ANA N° 03/2010: A VISÃO DO EMPREENDEDOR DIFICULDADES PARA ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO CONJUNTA ANEEL/ANA N° 03/2010: A VISÃO DO EMPREENDEDOR Joana Cruz de Souza, 2Júlia França Alvarenga 1 RESUMO A Resolução Conjunta ANEEL/ANA nº 03, de 10 de agosto de 2010, estabelece as condições e os procedimentos a serem observados pelos concessionários e autorizados de geração de energia hidrelétrica para a instalação, operação e manutenção de estações hidrométricas, visando ao monitoramento pluviométrico, limnimétrico, fluviométrico, sedimentométrico e de qualidade da água associado a aproveitamentos hidrelétricos. Dentre seus objetivos, constam a melhoria do controle e a disponibilidade dos dados hidrológicos; a quantificação permanente da situação dos recursos hídricos no Brasil e operação do sistema elétrico nacional; o subsídio para tomadas de decisão relativas às medidas de prevenção a eventos críticos (secas e cheias) e a eficaz fiscalização. Neste contexto, após quatro anos de implantação da Resolução em foco, o presente artigo apresenta um relato das dificuldades encontradas pelo setor elétrico para seu pleno atendimento. Dentre elas, destacam-se: i) ii) iii) iv) v) vi) vii) viii) ix) x) abrangência da Resolução; critério de definição de quantitativo de estações hidrométricas; monitoramento de qualidade da água desvinculado do processo de licenciamento ambiental; variabilidade dos custos dos equipamentos, serviços e atividades constantes de manutenção; confiabilidade dos dados hidrológicos coletados; quantidade de dados hidrológicos a ser processada; complexidade do relatório de consistência anual; transmissão de dados; negociação de terras para a instalação dos equipamentos de medição e monitoramento; e, ausência de fiscalização e indefinição de penalidades quanto ao descumprimento da legislação. PALAVRA-CHAVE: Monitoramento; hidrométrico; ANEEL; ANA. DIFFICULTIES FOR THE COMMITMENT WITH THE ANEEL/ANA 03/2010 JOINT RESOLUTION: THE OWNER’S VIEW ABSTRACT The ANEEL/ANA 03 joint resolution, from August 10th 2010, establishes the conditions and procedures for the installation, operation and maintenance of hydrometric stations, with the objective to monitor rainfall, level, runoff, sediment and water quality associated with hydroelectric power plants. Among its purposes are the improvements at the control and availability of hydrological data; permanent quantification of the water resources situation in Brazil and the national electricity system operation; permitting decision-making on measures to prevent critical events (droughts and floods) and to implement effective inspection. In this context, four years after the implementation of the resolution, this paper presents a summary of the difficulties experienced by the owners, such as: i) ii) iii) iv) v) vi) vii) viii) ix) x) content extension of the resolution; definition criteria for the number of hydrometric stations; water quality monitoring unrelated to environmental licensing process; cost variability to purchase equipment, services and regular maintenance; reliability of the collected hydrological data; amount of hydrological data to work with; complexity of the annual consistency report; data transmission; land negotiation to install the measuring equipment; and, absence of inspection and undefined penalties for noncompliance of the resolution. KEYWORDS: Hydrometric monitoring; ANEEL; ANA. Afiliação: Azurit Engenharia Ltda. Engenheira Civil/UFMG; Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos/UFMG; [email protected] Afiliação: Azurit Engenharia Ltda. Engenheira Ambiental/UFMG; [email protected] 1 2 8 PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 8-12 DIFICULDADES PARA ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO CONJUNTA ANEEL/ANA N° 03/2010: A VISÃO DO EMPREENDEDOR TECHNICAL ARTICLES 1. INTRODUÇÃO A Resolução Conjunta da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e da Agência Nacional de Águas (ANA) n° 03, de 10 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), estabelece as condições e os procedimentos a serem observados pelos concessionários e autorizados de geração de energia hidrelétrica para a instalação, operação e manutenção de estações hidrométricas, visando ao monitoramento pluviométrico, limnimétrico, fluviométrico, sedimentométrico e de qualidade da água associado a aproveitamentos hidrelétricos. Dentre seus objetivos, constam a melhoria do controle e a disponibilidade dos dados hidrológicos; a quantificação permanente da situação dos recursos hídricos no Brasil e operação do sistema elétrico nacional; o subsídio para tomadas de decisão relativas às medidas de prevenção a eventos críticos (secas e cheias) e a eficaz fiscalização. Neste contexto, o presente artigo apresenta as dificuldades enfrentadas pelos empreendedores hidrelétricos para atendimento pleno à Resolução em tela. 2. MATERIAL E MÉTODOS O Decreto 24.643, de 10 de julho de 1934, também conhecido como Código de Águas, em seu artigo 153, bem como o artigo 104 do Decreto 41.019, de 26 de fevereiro de 1957 já faziam menção à obrigatoriedade da instalação e manutenção de estações fluviométricas pelos agentes concessionários e autorizados de energia elétrica, quando da utilização do aproveitamento da energia hidráulica dos recursos hídricos. Anos mais tarde, passou a vigorar a Resolução ANEEL nº 396, de 04 de dezembro de 1998 (BRASIL, 1998). Esta nova norma estabeleceu que, em todos os aproveitamentos hidrelétricos, os agentes autorizados e concessionários de geração de energia hidrelétrica ficariam obrigados a instalar, manter e operar estações pluviométricas e fluviométricas nas regiões hidrográficas dos seus respectivos empreendimentos; bem como a manter atualizadas as curvas de descarga das estações fluviométricas e as curvas cota-volume dos reservatórios dos aproveitamentos. Em atendimento às determinações da Resolução nº 396/98 (BRASIL, 1998), os agentes de geração de energia hidrelétrica teriam, portanto, a responsabilidade de produzir, com qualidade e consistência, dados hidrológicos de chuva e vazão a partir de medições e observações efetuadas. Além disso, os agentes deveriam produzir, de forma periódica, dados de levantamentos topobatimétricos a serem apresentados à ANEEL, em consonância com as entregas das atualizações das curvas cota-volume dos reservatórios, bem como das respectivas estimativas de perda, diminuição ou evolução da capacidade de armazenamento e de regularização dos reservatórios. Na sequência, a Resolução ANEEL/ANA nº 03/2010 (BRASIL, 2010) revogou a Resolução ANEEL nº 396/1998 (BRASIL, 1998). A partir da nova norma, passaram a ser monitorados, além dos parâmetros outrora aferidos pela antiga Resolução ANEEL nº 396/1998 (BRASIL, 1998), os níveis limnimétricos, as descargas sólidas e, para aproveitamentos com área alagada superior a 3 km2, a qualidade de água dos reservatórios. Ainda em relação à Resolução nº 396/98 (BRASIL, 1998), do ponto de vista do quantitativo de estações fluviométricas e pluviométricas, a Resolução Conjunta vigente exige a instalação de uma estação pluviométrica em aproveitamentos com área incremental entre 0 e 500 km2. Para as demais áreas incrementais foi mantida a quantidade de estações já estabelecida. Outras inovações advindas da Resolução ANEEL/ANA nº 03/2010 (BRASIL, 2010) foram o estabelecimento do envio constante e remoto de dados de monitoramento hidrológico à ANA, agência responsável pelo gerenciamento das informações, e o estabelecimento de procedimentos para o controle e monitoramento do processo de assoreamento dos reservatórios. Neste contexto, valendo-se da experiência adquirida da aplicação da Resolução ANEEL/ANA nº 03/2010 (BRASIL, 2010) em empreendimentos hidrelétricos em operação no Estado de Minas Gerais e em constantes trocas de opinião com outras empresas do ramo, a equipe técnica da Azurit Engenharia Ltda. levantou uma série de dificuldades encontradas no cumprimento à nova Resolução. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base nos trabalhos realizados pela equipe e na opinião de outros empreendedores da área, os principais problemas levantados em relação ao cumprimento da Resolução ANEEL/ANA estão descritos a seguir. 3.1 Abrangência da Resolução Em seu Art. 1°, a Resolução em tela define que: Estabelecer aos concessionários e autorizados de geração de energia hidrelétrica as condições e os procedimentos para a instalação, operação e manutenção de estações hidrométricas para o monitoramento pluviométrico, limnimétrico, fluviométrico, sedimentométrico e de qualidade da água na Bacia Hidrográfica, e dá outras providências (BRASIL, 2010). A presente Resolução é aplicável a todos os empreendimentos hidrelétricos detentores de concessão ou autorização, não estando, portanto, atrelada à operação da usina. Assim sendo, muitos empreendimentos, antes mesmo de começarem a gerar receitas, já precisam desprender investimentos para atendimento à legislação em questão, o que onera seus custos. 3.2 Critério de Definição de Quantitativo de Estações Hidrométricas A área de drenagem, apesar de ser um importante critério de referência para a quantificação do número de estações hidrométricas, uma vez que ilustra o potencial hídrico do local em questão, não pode ser avaliada isoladamente para fins de definição do número de estações. Isso se deve, sobretudo, à pluralidade das bacias hidrográficas brasileiras bem como às diferentes características hidrometeorológicas das regiões do país. Soma-se a isso a avaliação da relevância e necessidade dos dados hidrométricos a serem monitorados. Assim sendo, torna-se de fundamental importância a avaliação das características intrínsecas a cada aproveitamento hidrelétrico e a cada bacia hidrográfica, como, por exemplo, as características geológicas e de vegetação, bem como o uso e ocupação do entorno do rio e das atividades econômicas associadas à bacia. Da maneira como está definido, muitas estações hidrométricas foram e serão instaladas sem haver, no entanto, aplicabilidade para os seus dados gerados. Especificamente naquilo que se refere à estação fluviométrica a ser instalada a jusante do empreendimento, a Resolução ANEEL/ANA nº 03/2010 (BRASIL, 2010) define que: §8º A impossibilidade de instalação de uma estação fluviométrica a jusante do aproveitamento não desobriga o agente de respeitar o quantitativo de estações estabelecido no §3º deste artigo (BRASIL, 2010). O objetivo da instalação da estação fluviométrica de jusante é controlar as vazões vertidas e turbinadas da usina. Portanto, se não houver condições hidráulicas para sua instalação, o PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 8-12 9 ARTIGOS TÉCNICOS Agente deveria prescindir desta obrigação, substituindo-a pelo fornecimento de dados da vazão turbinada, vertida e, se aplicável, da vazão residual. No entanto, isto não é observado. Para empreendimentos em cascata, nos quais a restituição de um aproveitamento coincide com o remanso do reservatório a jusante, tem-se vivenciado constante debate com a equipe técnica da ANA, tornando o diálogo exaustivo e lento. Especialmente para pequenas usinas hidrelétricas, a definição da quantidade de estações a ser implantada com base na área incremental do empreendimento não é adequada à realidade. Muitas vezes, a área incremental é muito grande comparada ao porte da usina e à área efetivamente ocupada pelo empreendimento. Além disso, em função do reduzido impacto destes aproveitamentos na bacia, o grande volume de dados coletados não necessariamente traz informações relevantes para o Setor. Diante do exposto, constata-se que o quantitativo de estações hidrométricas definido pela presente Resolução deveria ser fruto de análise conjunta entre ANEEL, ANA e cada Agente Gerador. 3.3 Monitoramento de Qualidade da Água Desvinculado do Processo de Licenciamento Ambiental Naquilo que se refere à exigência de monitoramento de qualidade da água para reservatórios com área inundada superior a 3 km2, transcreve-se o que se segue. § 4º As medições de descarga líquida, descarga sólida e de qualidade da água deverão ocorrer simultaneamente (BRASIL, 2010). Como o calendário da equipe de hidrometria dificilmente coincide com a agenda da equipe que monitora a qualidade da água no âmbito do licenciamento ambiental, tem-se, na maioria dos casos, duplicidade de dados coletados, onerando, ainda mais, o empreendimento. Acrescenta-se, ainda, que, de acordo com as particularidades de cada empreendimento, o órgão ambiental já estabelece a malha de amostragem dos pontos de monitoramento, com as condições e padrões específicos de qualidade de água, conforme estabelecido na Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) 357, de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2005). Desta forma, o próprio órgão ambiental já disciplina o monitoramento de qualidade da água. A exigência da Resolução ANEEL/ANA nº 03/2010 (BRASIL, 2010), portanto, não agrega novos conhecimentos. 3.4 Variabilidade dos Custos dos Equipamentos, Serviços e Constantes Atividades de Manutenção A operação de uma rede de estações hidrometeorológicas envolve, geralmente, vultuosos investimentos. Em pesquisa de mercado, constatou-se que os preços médios de equipamentos e serviços oscilam conforme Quadro 3.1. Os preços orçados não incluem os custos de implantação da infraestrutura civil; mão de obra de instalação e manutenção das estações, além dos serviços de medição de descargas líquidas, sólidas e de qualidade da água. A necessidade da telemetria só é justificada para os casos de empreendimentos cujos reservatórios impactam a integridade e a segurança da sociedade no qual se encontram inseridos. Neste cenário, estas informações compõem um sistema integrado de alertas, não sendo o caso da maioria das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). A operação de postos hidrometeorológicos é trabalhosa e diária. Caso a atividade de manutenção rotineira não seja uma conduta adotada, é possível deparar-se com situações peculiares em campo sendo algumas delas listadas a seguir. 10 DIFICULDADES PARA ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO CONJUNTA ANEEL/ANA N° 03/2010: A VISÃO DO EMPREENDEDOR i)Painel solar encoberto por vegetação, comprometendo a recarga da bateria. ii) Comprometimento do funcionamento do pluviômetro em função da ação do vento. iii) Comprometimento do funcionamento do pluviômetro em função de seu entupimento por presença de insetos. iv)Vandalismo. v) Presença de animais de médio e grande porte nas proximidades das estações, podendo estas serem alvo de pisoteio ou avaria das réguas. vi) Eventos críticos relacionados às vazões mínimas, ocasionando em níveis d´água abaixo do primeiro lance de régua. vii)Eventos críticos relacionados às vazões máximas, ocasionando em níveis d´água superiores ao último lance de régua. Diante do exposto, vale pontuar que apenas a instalação das estações não é suficiente. Mesmo os postos automáticos necessitam de manutenção periódica, o que implica em treinamento e disciplina dos operadores dos aproveitamentos hidrelétricos. Quadro 3.1: Variação dos preços encontrados no mercado para aquisição de equipamentos e contratação de serviços. Serviços Projeto de Instalação das Estações Hidrométricas (com área incremental < 500 km2) Relatório de Instalação das Estações Hidrométricas (com área incremental < 500 km2) Relatório Anual (com área incremental < 500 km ) 2 Equipamentos Valor Mínimo Orçado (R$) Valor Máximo Orçado (R$) 1.500,00 8.000,00 1.500,00 4.000,00 10.000,00 16.000,00 Valor Mínimo Orçado (R$) Valor Máximo Orçado (R$) Estação nível e chuva com 20 m de cabo 13.500,00 19.000,00 Estação nível 12.000,00 17.000,00 Transmissão via satélite, recepção, hospedagem e disponibilização dos dados (custo mensal por estação) 300,00 400,00 3.5 Confiabilidade dos Dados Hidrológicos Coletados A constante validação e consistência dos dados é tarefa imprescindível quando se trata de dados hidrológicos. Cada vez mais decisões baseadas em previsões de tempo, de clima, de hidrologia, de operação de sistemas hidrelétricos e de gestão de recursos hídricos são e serão tomadas. Portanto, os acertos destas ações serão maiores quanto melhor a qualidade dos dados e a proximidade destes com o tempo atual. Menciona-se, ainda, que todos os dados hidrometeorológicos monitorados necessitam de tratamentos e processamentos básicos para que possam ser utilizados com confiabilidade. As incertezas envolvidas nos dados medidos de precipitação, nível d’água, descargas líquidas, entre outras, muito raramente, podem ser desprezadas sem passarem, pelo menos, por análises preliminares (LOPES et al., 2013). Neste contexto, afirma-se que grande parte dos dados disponibilizados pelo Sistema de Informações Hidrológicas da ANA, conhecido como Hidroweb (ANA, 2011), não está sendo processada e, consequentemente, têm sido disponibilizados dados brutos, acarretando em sobrecarga de trabalho ao empreendedor. Antes mesmo de iniciar a consistências de seus próprios dados hidrométricos, o empreendedor precisa consistir os dados das estações de apoio. Caso não seja feita esta etapa, embute-se um erro ainda maior aos resultados obtidos e estimados. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 8-12 DIFICULDADES PARA ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO CONJUNTA ANEEL/ANA N° 03/2010: A VISÃO DO EMPREENDEDOR TECHNICAL ARTICLES 3.6 Quantidade de Dados Hidrológicos a Ser Processada 3.8 Transmissão de dados O volume de dados hidrológicos gerados durante o ano de referência a ser estudado é muito grande, demandando trabalho exaustivo para sua organização, verificação, tratamento e consolidação. A Resolução ANEEL/ANA nº 03/2010 (BRASIL, 2010) exige que o monitoramento seja feito em escala horária ou inferior e, ao serem processados, devem ser consolidados em escala diária, mensal e anual. A metodologia definida para a consistência dos dados é relevante e válida para estudos criteriosos de picos de chuva e vazão e estudos aprofundados de vazões mínimas. No entanto, não apresenta grande relevância quando aplicada para pequenos empreendimentos cujos reservatórios sequer detêm capacidade de regularização de vazão. Naquilo que se refere à exigência de transmissão horária dos dados monitorados, transcreve-se o que se segue. 3.7 Complexidade do Relatório de Consistência Anual Ao tratar os dados hidrológicos coletados, constata-se a existência de erros de digitação, falhas na transmissão do satélite e variações decorrentes da operação da usina, dificultando, assim, a consolidação das séries fluviométrica e pluviométrica. Conforme Resolução ANEEL/ANA 03/2010 (BRASIL, 2010), tem-se que: Art. 6º Os concessionários ou autorizados deverão encaminhar à ANA, até o dia 30 de abril de cada ano, relatório de consistência dos dados gerados no ano anterior, no modelo indicado pela ANA no seu endereço virtual, incluindo os dados pluviométricos, limnimétricos, fluviométricos, sedimentométricos e de qualidade da água, bem como as curvas de descarga líquida e sólida atualizadas (BRASIL, 2010). A avaliação e a consistência dos dados hidrométricos gerados durante o período de um ano civil (de janeiro a dezembro), conforme determinado pela Resolução, não envolvem conceitos básicos de comportamento das séries hidrológicas. Assim sendo, a avaliação deveria ser fundamentada no ano hidrológico, o que permitiria melhor tratamento estatístico dos dados, especialmente no que diz respeito às vazões extremas. De acordo com Alvarenga (2015), ressalta-se, ainda, a grande dificuldade de se trabalhar com os programas disponibilizados e recomendados pela ANA, quais sejam: Hidro 1.2 (ANA, 2015); Hidro-Plu (ANA et al., s.d.) e SiaDH 1.2 (ANA, s.d.). O Hidro-Plu (ANA et al., s.d.) é utilizado para tratamento de dados de chuva, tendo sido elaborado no final da década de 1990. Embora seja disponibilizado e recomendado pela ANA, o programa não funciona corretamente em computadores atuais, uma vez que só é compatível com o sistema operacional Windows 98 (MICROSOFT, 1998). Além disso, não contem manual de funcionamento ou suporte. O SiaDH 1.2 (ANA, s.d.), software utilizado para consistência de dados fluviométricos, também apresentou problemas. De acordo com ANA (2012), o SiaDH é capaz de processar a maioria das análises solicitadas pelo Relatório Anual de Consistência de Dados. No entanto, a ausência de manual e/ou suporte dificulta, em muito, seu manuseio, comprometendo o cronograma de atividades. O Hidro 1.2 (ANA, 2015), por sua vez, apresenta algumas facilidades em relação aos demais programas. Em sua plataforma, é possível importar e exportar informações no formato .xls (Microsoft Excel). Ademais, tem manual do usuário e suporte de atendimento satisfatório. No entanto, o Hidro 1.2 (ANA, 2015) ainda aponta algumas dificuldades, tais como lentidão de processamento e processamento equivocado. Assim, torna-se imprescindível comparar os resultados advindos do Hidro 1.2 com planilhas manuais desenvolvidas pelos próprios empreendedores. Art. 5º Todas as estações hidrométricas com monitoramento pluviométrico, limnimétrico e fluviométrico deverão ser automatizadas e telemetrizadas, devendo as informações coletadas serem registradas em intervalo horário, ou menor, com disponibilização horária à ANA, por meio de serviços de transferência via internet no formato e endereço indicado pela ANA (BRASIL, 2010). Todo sistema de transmissão de dados tem a possibilidade de ter associado a esta atividade erro decorrente tanto dos sensores quanto do próprio sistema de recepção. Pela experiência vivenciada, tem-se constatado que, em alguns locais onde o sistema de transmissão de dados adotado é via satélite, há erros frequentes de transmissão. Isto ocorre normalmente em vales encaixados, com significativos desníveis topográficos. Neste caso, a transmissão fica sujeita às janelas de disponibilização do satélite para envio dos dados da estação. Vale apenas pontuar que a opção da disponibilização de dados por satélite ocorre quando não há sinal regular de rádio ou celular, tornando-se a única solução a ser implantada. Assim sendo, deveria haver flexibilização da frequência de envio de forma a viabilizar a operacionalização do processo. 3.9 Negociação de Terras para a Instalação dos Equipamentos de Medição e Monitoramento A exigência irrestrita de implantação de estações hidrométricas no quantitativo definido, em muitos casos, implica em arrendamento ou aquisição de terras. Isto ocorre porque a área do empreendimento é pequena quando comparada à área a ser monitorada. A experiência vivenciada tem apontado que os vizinhos aos empreendimentos hidrelétricos têm aproveitado as oportunidades para supervalorizar as terras, onerando, ainda mais, os custos da usina. 3.10 Ausência de Fiscalização e Indefinição de Penalidades quanto ao Descumprimento da Legislação A Resolução ANEEL/ANA 03/2010 (BRASIL, 2010) realiza uma série de exigências, sem, no entanto, haver fiscalização das estações de monitoramento e previsão clara de penalidades em casos de descumprimento, o que leva a questionar seus objetivos. Com isso, gera-se especulação no Setor quanto às punições atribuídas ao descumprimento, sobretudo, dos prazos ora vigentes, ocasionando insegurança aos empreendedores. 4. CONCLUSÃO A hidrologia é embasada no conhecimento e interpretação da conduta de uma bacia hidrográfica, propiciando, assim, o planejamento e a gestão dos recursos naturais e estudos de interesse regional. Para tanto, o registro de dados de precipitação, nível e vazão líquida e sólida é essencial ao entendimento do comportamento da bacia hidrográfica, sendo que a sua ausência em alguns períodos do ano implica em análises estatísticas tendenciosas. Neste contexto, diante da exigência estabelecida pela Resolução Conjunta ANEEL/ANA n°03/2010, o presente trabalho apresentou uma breve descrição das principais dificuldades encontradas pelos empreendedores. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Hidro. Versão 1.2. Brasília: ANA, 2015. Disponível em: <http://goo.gl/B2bnzc>. Acesso em: 29 abr. 2015. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 8-12 11 ARTIGOS TÉCNICOS • A GÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Hidroweb: Sistema de Informações Hidrológicas. 2011. Disponível em: <http:// hidroweb.ana.gov.br/>. Acesso em: 02. mar. 2015. • AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Orientações para Consistência de Dados Fluviométricos. Brasília: 2012, 19 p. Disponível em <http://arquivos.ana.gov.br/infohidrolo • gicas/cadastro/OrientacoesParaConsistenciaDadosFluviometr icos-VersaoJul12.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2015. • AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Orientações para Consistência de Dados Pluviométricos. Brasília: 2012, 21 p. Disponível em <http://arquivos.ana.gov.br/infohidrolo gicas/ cadastro/OrientacoesParaConsistenciaDadosPluviometricosVersaoJul12.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2015. • AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. SiaDH: Sistema para Análise de Dados Hidrológicos. Versão 1.2.104. Brasília: ANA, s.d. Disponível em: <http://goo.gl/B2bnzc>. Acesso em: 29 abr. 2015.s.d. • AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA; Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL; Universidade Federal de Viçosa UFV; Fundação Arthur Bernardes - FUNARBE. Hidro-Plu: Programa de Homogeneização de Dados Pluviométricos. Viçosa, MG: GPRH/UFV, s.d. • ALVARENGA, J. F. Análise da consistência de dados hidrométricos das PCHs Maria Célia Mauad Notini e Nova Dorneles no âmbito da Resolução ANEEL/ANA 03/2010. 2015. 83 f. (Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de engenheira ambiental) – Escola de Engenharia da UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. • BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL. Resolução ANEEL n° 396, de 04 de dezembro de 1998. Estabelece as condições para implantação, manutenção e operação de estações fluviométricas e pluviométricas associadas a empreendimentos hidrelétricos. Brasília: Diário Oficial da União, 07 dez. 1998. Disponível em: <http://www.agsolve. com.br/pdf/artigos/Aneel396.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2015. • BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL; AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Resolução Conjunta 12 • • • • • • PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 8-12 DIFICULDADES PARA ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO CONJUNTA ANEEL/ANA N° 03/2010: A VISÃO DO EMPREENDEDOR ANEEL/ANA n° 3, de 10 de agosto de 2010. Estabelecer as condições e os procedimentos a serem observados pelos concessionários e autorizados de geração de energia hidrelétrica para a instalação, operação e manutenção de estações hidrométricas visando ao monitoramento pluviométrico, limnimétrico, fluviométrico, sedimentométrico e de qualidade da água associado a aproveitamentos hidrelétricos, e dar outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 20 out. 2010. Disponível em: <http://goo.gl/ eheAVf>. Acesso em: 29 abr. 2015. BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 18 mar. 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/ conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 09 jul. 2015. BRASIL. Decreto 24.643, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Rio de Janeiro: 10 jul. 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ d24643. htm>. Acesso em: 09 jul. 2015. BRASIL. Decreto 41.019, de 26 de fevereiro de 1957. Regulamenta os serviços de energia elétrica. Rio de Janeiro: Diário Oficial da União, 12 mar. 1957. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d41019. htm>. Acesso em: 09 jul. 2015. LOPES, W. T. A.; LEMOS, G. M.; SILVA, L. R. S.; SILVA, M. C. A. M.; PISCOYA, R. C. C. C.; GOMES, A. O. & SANTOS, A. G. Sistema para análise de dados hidrológicos – SiADH. Bento Gonçalves, RS, XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 17 a 22 de novembro de 2013. MICROSOFT Windows 98. [ S. l.]: Microsoft, 1998. 1 CD ROM. TUCCI, C. E. M. (Org.). Hidrologia: ciência e aplicação. 2.ed.; 1.reimp. – Porto Alegre: Ed. Universidade UFRGS: ABRH, 2000. ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE ADUÇÃO DA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA DE RIO BRANCO DO SUL-PARANÁ-BRASIL PCHNotícias&SHPNews Publisher: Acta Editora/CERPCH DOI:10.14268/pchn.2015.00026 ISSN: 1676-0220 Subject Collection: Engineering Subject: Engineering, hydro power plants; dam TECHNICAL ARTICLES ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE ADUÇÃO DA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA DE RIO BRANCO DO SUL-PARANÁ-BRASIL Ivan Azevedo Cardoso, 2Rafael Steinke 1 RESUMO Na região sul e sudeste do Brasil existem muitas micro usinas hidrelétricas desativadas nas décadas de 1960-1970 devido à grande oferta de energia proporcionada pelas grandes usinas construídas nesta época. Devido a novas demandas de crescimento da oferta de energia, tornou-se imperativa a revitalização destas fontes de energia limpa. Este trabalho apresenta uma proposta de projeto técnico para um novo sistema de adução de uma Micro Central Hidrelétrica, atualmente desativada, em estado deteriorado, localizada no município de Rio Branco do Sul / Paraná/ Brasil. Através de visitas ao local, foram feitos levantamentos de dados topográficos de medidas feitas com equipamentos como trenas e estação total. A vazão média foi estimada através de medidas locais e estudos hidrológicos da bacia. Analisaram-se então propostas alternativas para o projeto do sistema de adução da usina com o objetivo de sua revitalização. Foram estudadas três alternativas possíveis. A primeira foi manter a configuração da antiga usina original; a segunda foi diminuir o comprimento do canal de adução e do conduto forçado, para diminuir as perdas sem prejuízo da potência instalada; além disso diminui a área de ocupação da usina. A terceira foi localizar a casa de máquinas embaixo da barragem, reduzindo o custo com conduto forçado. Obtiveram-se valores viáveis, assim contribuindo para que se possa ter o maior aproveitamento possível na geração de energia elétrica pela usina. O recente processo de reestruturação do setor elétrico brasileiro tem estimulado a geração descentralizada de energia elétrica, de modo que as fontes renováveis tendem a ocupar maior espaço na matriz energética nacional. PALAVRA-CHAVE: Micro central hidrelétrica. Revitalização. Conduto forçado. TECHNICAL ANALYSIS OF THE INTAKE SYSTEM OF CENTRAL MICRO HYDROELECTRIC RIO BRANCO DO SUL, PARANÁ, BRAZIL ABSTRACT In the southern and southeastern Brazil there are many micro hydro power plants disabled in the decades of 1960-1970 due to the great offer of energy provided by large plants built at this time. Due to new demands for energy supply growth, it has become imperative to revitalize these clean energy sources. This paper proposes a design for a new technical, currently disabled in deteriorated condition of a water system supply for a Micro Hydroelectric Central, located in the municipality of Rio Branco do Sul / Paraná / Brazil. By means of site visits, surveys of topographic data from measurements made with equipment such as tape measures and total station were made. The average flow rate was estimated from local measurements and hydrological studies of the watershed. Alternative proposals were analyzed for the design of the intake system of the plant with the aim of its revitalization. Three possible alternatives were studied. The first was to keep the configuration of the original old plant; the second was to decrease the length of the intake canal and penstock to reduce losses without prejudice to the installed power, also decreases the plant's footprint; the third was to locate the powerhouse below the dam, reducing the penstock cost. There was obtained viable values, thus contributing to have the best possible use in generating electricity for the plant. The recent restructuring of the Brazilian electric sector has stimulated the decentralized power generation so that renewable sources tend to occupy more space in the national energy matrix. The plant will bring benefits to the self-producer, accounting for greater autonomy as the generation of electricity. KEYWORDS: Micro hydro-electric power plant. Repowering. Penstock. 1. INTRODUÇÃO O mundo utiliza majoritariamente no seu suprimento energético, as fontes energéticas primárias não renováveis, em particular, os combustíveis fósseis – petróleo, carvão mineral e gás natural. Estes combustíveis são grandes emissores de gás carbônico (CO2), um dos gases relacionados com o “efeito estufa”, causador de elevação da temperatura do planeta e de mudanças climáticas. Devido à poluição causada por esse tipo de energia, e por ela ser limitada no planeta, faz-se necessária a busca por fontes renováveis de energia. Um bom exemplo é a energia hidroelétrica. Apesar do alto custo de instalação, o custo com combustível (a água) é zero. . Porém, mesmo sendo considerada limpa, a instalação de uma usina causa impactos ambientais, e como o Brasil é muito rico em fontes para esse tipo de energia, e o custo de transmissão de energia elétrica é alto, uma solução é investir em pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e que sejam construídas próximas aos pontos de consumo. Segundo Mendes e Pinto (2011), a geração de energia elétrica por PCH no Brasil pode ser feita por: 1. Produtor independente: Pessoa jurídica ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou autorização do Poder Concedente, para produzir energia elétrica destinada ao comércio de toda ou parte da energia produzida, por sua conta e risco; 2. Agentes Geradores: São agentes titulares de serviço público delegados pelo Poder Concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas para exploração e prestação de serviços públicos Universidade Tecnológica Federal do Paraná Universidade Tecnológica Federal do Paraná 1 2 PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 13-18 13 ARTIGOS TÉCNICOS de energia elétrica, nos termos da Lei Nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; 3.Autoprodutores: Pessoa física ou jurídica ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou autorização para produzir energia elétrica destinada ao seu uso exclusivo, podendo eventualmente, com autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), comercializar o excedente de energia elétrica gerada. Na região sul e sudeste do Brasil existem muitas micro usinas hidrelétricas desativadas nas décadas de 1960-1970 devido à grande oferta de energia proporcionada pelas grandes usinas construídas nesta época. Devido a novas demandas de crescimento da oferta de energia, tornou-se imperativa a revitalização destas fontes de energia limpa. Este trabalho apresenta uma proposta de projeto técnico para um novo sistema de adução de uma Micro Central Hidrelétrica, atualmente desativada, em estado deteriorado, localizada no município de Rio Branco do Sul / Paraná/ Brasil, para fins de autoprodução de energia elétrica, que operou há várias décadas e no momento está em ruínas. Aqui o foco é o sistema de adução da micro usina, estudando as diferentes alternativas. O projeto visa levantar subsídios para a reconstrução da micro usina. Durante o estudo são analisadas a infraestrutura e o projeto original da usina; será verificado o que pode ser reaproveitado e o que deverá ser substituído e será projetado um sistema de adução alternativo para a usina, calculando sua viabilidade técnica e econômica. 1.1 JUSTIFICATIVA A geração predominante no setor elétrico brasileiro é a geração centralizada, que representa grandes blocos de geração interconectados por linhas de transmissão e despacho centralizado. Em contrapartida, a geração distribuída se caracteriza pela geração de pequeno porte, localizada na rede da distribuidora local de energia elétrica (RODRIGUES; BORGES; FALCÃO, 2007). A geração distribuída de energia oferece vantagens ao setor elétrico devido à sua proximidade em relação à carga, o que pode permitir a diminuição das perdas associadas à transmissão de energia elétrica (JENKINS et al., 2000). O recente processo de reestruturação do setor elétrico brasileiro tem estimulado a geração descentralizada de energia elétrica, de modo que as fontes não-convencionais, principalmente as renováveis, tendem a ocupar maior espaço na matriz energética nacional. Nesse contexto, as pequenas centrais hidrelétricas terão um papel extremamente importante (ANEEL, 2003). O presente trabalho justifica-se pelo fato de que a usina trará benefícios para o autoprodutor, representando uma maior autonomia quanto à geração de energia elétrica e ao reaproveitamento de um espaço que hoje está abandonado. ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE ADUÇÃO DA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA DE RIO BRANCO DO SUL-PARANÁ-BRASIL O primeiro tipo seriam as centrais hidrelétricas de represamento (CHR). As CHR possuem um conduto forçado que faz a interligação direta entre a barragem e a casa de máquinas. O segundo tipo seriam as centrais hidrelétricas de desvio (CHD). As CHD caracterizam-se por serem implantadas usando um trecho relativamente grande do rio, na maioria das vezes com corredeiras. Neste caso, o nível da água de montante deve estar o mais próximo do de jusante, necessitando de um sistema de baixa pressão entre a barragem e o conduto forçado. As centrais hidrelétricas podem ser divididas nos seguintes componentes: barragem, sistema de adução, casa de máquinas ou casa de força, canal de fuga. O sistema de adução normalmente possui um conjunto de baixa pressão (tomada d’água, canal aberto), seguido por uma câmara de carga ou uma chaminé de equilíbrio e o sistema de alta pressão constituído conduto forçado que é ligado à casa de máquinas. 2. MATERIAL E MÉTODOS No processo de pesquisa desenvolvido foram realizados estudos de campo na usina com a finalidade de coletar dados para o desenvolvimento de todo o projeto. Foram utilizados equipamentos como trena física, trena a laser e estação total para realização das medições de distâncias e desníveis. Os dados coletados foram processados, analisados e aplicados em normas técnicas e manuais. Os resultados obtidos foram analisados, e foram sugeridas propostas alternativas do sistema de adução amparadas pela pesquisa teórica. A melhor alternativa foi recomendada. A MCH (micro central hidrelétrica) em estudo está localizada na Rua Borges de Medeiros, no bairro Vila Velha, no município de Rio Branco do Sul/PR, região metropolitana norte de Curitiba/PR (latitude 25°10'49.40"S. e longitude 49°18'16.75"O). A figura 1, abaixo, mostra a localização da MCH de Rio Branco do Sul/PR e os seus componentes originais: Fig. 1: Localização dos componentes da MCH de Rio Branco do Sul/PR. Fonte: Google Earth (2014). A MCH de Rio Branco do Sul/PR conta, atualmente, com uma barragem (figura 2), um canal de adução (figura 3), e uma câmara de carga em ruínas. Sua represa precisa de uma limpeza e alguns reparos e se encontra assoreada. 1.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS As centrais hidrelétricas no Brasil podem ser classificadas sob diferentes aspectos. Critérios como potência gerada, queda, forma de captação de água e função no sistema devem ser considerados. Conforme a potência instalada a ELETROBRAS (2014) classifica as usinas hidrelétricas como: micro central hidrelétrica (MCH): P ≤ 100 kW; mini central: 100≤P≤ 1000 kW; pequena central hidrelétrica (PCH): 1.000 ≤ P ≤ 30.000 kW; grande central hidrelétrica (GCH): P > 30.000 kW. As centrais hidrelétricas podem ser classificadas em 2 tipos de arranjos principais de acordo com a forma de captação da água (SOUZA; SANTOS; BORTONI, 2009): 14 Fig. 2: Barragem da MCH de Rio Branco do Sul/PR. Fonte: Autoria própria (2014). PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 13-18 TECHNICAL ARTICLES ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE ADUÇÃO DA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA DE RIO BRANCO DO SUL-PARANÁ-BRASIL A partir destes dados, podemos ter uma estimativa da potência instalada do aproveitamento hidrelétrico da MCH em estudo para cada um dos três arranjos, usando a equação 1: P = g × ηt × ηg × Q × HL(1) Fig. 3,4: Canal de adução e antigo conduto forçado da MCH de Rio Branco do Sul/PR. Fonte: Autoria própria (2014). Na figura 4 pode-se observar o local por onde descia o conduto forçado que deverá ser substituído por estar corroído. 2.1 ESTUDOS INICIAIS PARA ALOCAÇÃO DOS ELEMENTOS Foram sugeridas três opções para o sistema de adução. A primeira foi manter a posição original do sistema de alta pressão. A segunda foi colocá-lo de forma a abreviar o trajeto da água pelo canal de baixa pressão, evitando a reconstrução de um canal elevado de 31 m de comprimento. A terceira opção foi posicionar a casa de máquinas logo abaixo da barragem. Na figura 5 está a planta geral da MCH em estudo, bem como as três opções de locação das novas instalações (cotas em metros). Paralelamente a este estudo estão sendo feitas medições através de vários métodos para estimar as vazões. De acordo com medições feitas anteriormente e fornecidas pelo proprietário, temos os seguintes valores de vazão: 0,191 m³/s para vazão máxima, 0,140 m³/s para vazão média, e 0,017 m³/s para vazão mínima. Onde: P (kW) = Potência instalada; ηt = Rendimento da turbina; ηg = Rendimento do gerador; Q (m³/s) = Vazão de projeto; HL (m) = Queda líquida; g =9,81 m/s2; ρ= 1000 kg/m3 (massa específica da água, já incluída na equação para que o resultado saia em kW). Segundo o Manual de Minicentrais Hidrelétricas, os valores dos rendimentos ηt e ηg são fornecidos pelos fabricantes. Preliminarmente pode-se empregar um valor conservativo para o rendimento global turbina/gerador igual a: ηt . ηg = 0,73, onde: ηt = 0,77 e ηg = 0,95. Considerando que a potência instalada é diretamente proporcional à queda líquida, conforme descrito na equação 1, mesmo a perda de carga da opção três sendo muito pequena devido ao conduto curto, pode-se concluir que a opção três (posicionar a casa de máquinas logo abaixo da barragem) não é viável, devido à sua queda bruta (tabela 4) ser muito menor do que nas outras duas opções. Portanto, foi descartado o estudo desta opção neste trabalho. Na opção dois é possível obter a queda bruta descrita na tabela 3 com um rebaixamento do canal de fuga, portanto sem gerar custos significativos. Depois de calculada a perda de carga total no sistema, utilizamos a equação 1 já com a queda líquida calculada para termos uma melhor estimativa da potência instalada na MCH de Rio Branco do Sul. 2.2. CONDUTO FORÇADO O conduto forçado da MCH de Rio Branco do Sul está inteiramente destruído devido ao tempo em que a usina ficou desativada, e necessita ser refeito. Para seu dimensionamento foi utilizado o Manual de Minicentrais Hidrelétricas (ELETROBRAS & DNAEE, 1985), e as “Diretrizes para Estudos e Projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas” da Eletrobras. Dimensionamento do conduto forçado A ELETROBRAS (2014) , indica para PCH a equação de Bondschu (2) abaixo para início do dimensionamento: De = Fig. 5: Planta geral da MCH de Rio Branco do Sul/PR. Para realização das medidas dos componentes da MCH em estudo, bem como os desníveis e demais distâncias foram utilizadas a estação total da marca Leica de modelo TS02, com prisma da marca Leica (modelo gpr111), e trena de 30 m da marca Western. Com os dados de cada opção foi feito o seguinte quadro 1 comparativa para início do dimensionamento: Quadro 1: Comparação entre as opções de locação do conduto forçado. Opção Vazão Comprimento da tubulação de alta pressão (m) Comprimento do sistema de baixa pressão (m) Queda Bruta (m) 1 0,191 51 123 21,37 2 0,191 38,67 80 20,96 3 0,191 5 0 10 Fonte: Autoria Própria (2014). Onde: Ht = H + hs(2) Em que: De (m) = Diâmetro econômico da tubulação; Q (m³/s) = Descarga máxima na tubulação; Ht (m) = Carga hidráulica total sobre a tubulação; H (m) = Queda bruta – carga estática sobre a tubulação; hs (m) = Sobrepressão hidráulica devido ao golpe de aríete. Admitindo-se, em minicentrais hidrelétricas, que: hs = 0,2 H (3) Ou seja: Ht = H + 0,2 H = 1,2 H. (4) Simplificadamente, a equação 3 de Bondschu pode, então, ser escrita da seguinte forma: De = 1,237. (Q3/H)1/7 onde: v = Q/A = 4Q/(3,1416.De2)(5) Onde: A (m²) = Área interna da seção transversal da tubulação; v (m/s) = velocidade de escoamento; Q (m³/s) = Vazão de projeto. É recomendado que v < 5,0 m/s. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 13-18 15 DISCHARGE AND EFFICIENCY MEASUREMENTS IN BASSI HYDRO POWER STATION IN INDIA ARTIGOS TÉCNICOS 2.2.1. Perdas de carga no conduto forçado ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE ADUÇÃO DA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA DE RIO BRANCO DO SUL-PARANÁ-BRASIL 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conhecidos os diâmetros da tubulação e a velocidade da água, calcula-se a perda de carga (J) devido ao atrito, através da equação de Scobey: Ja = 410 ka x v1,9 x Lcf/D1,1(6) Onde: Ja (m) = Perda de carga por atrito; ka = coeficiente que varia com o tipo da tubulação (ka = 0,32 para aço novo); v (m/s) = velocidade da água; D (cm) = diâmetro interno da tubulação; Lcf (km) = Comprimento do conduto forçado. Embora a perda de carga por atrito seja a principal no conduto, há também as perdas localizadas a serem consideradas. A pressão normal estática ao longo do conduto forçado sofre variações quando há mudanças súbitas de vazão, resultantes de fechamentos ou aberturas rápidas, parciais ou totais, do dispositivo de fechamento da turbina. Essas variações, positivas (sobrepressões) ou negativas (depressões), conforme o engolimento da turbina diminua ou aumente repentinamente, condicionam a espessura da chapa do conduto (ELETROBRAS, 2014). 2.3. CANAL DE ADUÇÂO, TOMADA D’ÁGUA, COMPORTA E GRADE O canal de adução da MCH de Rio Branco do Sul/PR será mantido, necessitando de uma limpeza, pequenos reparos, e acabamento junto à câmara de carga da opção 2. A velocidade máxima da água no canal é de 1 m/s. Mantidas as dimensões da seção transversal do canal atual calcula-se sua perda de carga no canal (J) através da equação de Manning ou ábaco desenvolvido pela ELETROBRAS & DNAEE (1985). A tomada d’água, bem como o canal aberto de adução da MCH de Rio Branco do Sul serão mantidos, mas há a necessidade de instalação de uma nova comporta e uma grade de proteção que não existem mais. As comportas são do tipo gaveta, capazes de serem operadas sob fluxo hidráulico. Normalmente são operadas manualmente através de um volante ou manivela pertencente a um mecanismo simples, composto de uma haste de aço rosqueada fixa na comporta e um sistema de porca ou sem fim, aparafusadas na travessa superior da estrutura de armação das guias laterais da comporta. As comportas podem ser construídas em aço ou em madeira, sendo a de madeira a mais empregada em minicentrais. As guias laterais das comportas são fabricadas de chapas e perfis estruturais de aço. A figura 6 mostra um esquema de uma comporta de madeira recomendada pelo Manual de Minicentrais Hidrelétricas (ELETROBRAS & DNAEE, 1985) a ser utilizada na MCH de Rio Branco do Sul: 3.1 DIMENSIONAMENTO DO CONDUTO FORÇADO Para o conduto forçado da MCH de Rio Branco do Sul foi adotado como material o aço, e comparadas as duas opções de locação – a original (opção 1), e a alternativa (opção 2). Utilizando a equação 5, obtemos o diâmetro econômico (De) do conduto da MCH de Rio Branco do Sul: De = Utilizando a eq. 5, verificamos a velocidade máxima dentro do conduto: A espessura mínima a ser adotada é de 6,35 mm (1/4”). Conhecidos os diâmetros da tubulação e a velocidade da água, calcula-se a perda de carga (Ja) devido ao atrito, através da equação de Scobey (9), para os dois comprimentos das opções estudadas de locação do conduto (opções 1 e 2). Nos quadros 2 e 3 são resumidos os resultados das perdas para as duas opções nas diferentes vazões. Quadro 2: Perdas de carga para diferentes vazões na opção 1 (Lcf = 51,0 m). Vazão (m3/s) V (m/s) Perdas distribuídas Ja(m) Perdas localizadas hl(m) Perda total (m) % Hb(*) Máx. 0,191 1,52 0,256 0,048 0,304 1,423 Méd. 0,140 1,11 0,142 0,026 0,168 0,786 Mín. 0,017 0,14 0,003 0,000 0,003 0,014 Fonte: Autoria Própria (2014). Quadro 3: Perdas de carga para diferentes vazões na opção 2 (Lcf = 38,67 m). Vazão (m3/s) V (m/s) Perdas distribuídas Ja(m) Perdas localizadas hl(m) Perda total (m) % Hb(*) Máx. 0,191 1,52 0,194 0,048 0,242 1,155 Méd. 0,140 1,11 0,108 0,026 0,134 0,639 Mín. 0,017 0,14 0,002 0,000 0,002 0,010 Fonte: Autoria Própria (2014). (*)Porcentagem da perda em relação à queda bruta A figura 7 mostra um esquema de representação do conduto forçado para a opção 2. Fig. 6: Esquema da comporta de madeira da Fonte: Adaptado de ELETROBRAS & DNAEE (1985). 16 tomada d’água. Fig. 7: Corte esquemático do conduto forçado; Fonte: Autoria Própria (2014). PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 13-18 ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE ADUÇÃO DA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA DE RIO BRANCO DO SUL-PARANÁ-BRASIL TECHNICAL ARTICLES DISCHARGE AND EFFICIENCY MEASUREMENTS IN BASSI HYDRO POWER STATION IN INDIA Quadro 4: Potência gerada pelas diferentes vazões na opção 1. 3.2 CÂMARA DE CARGA Levando em consideração as recomendações das diretrizes para projetos pela ELETROBRAS (2014), as dimensões a serem adotadas, utilizando a vazão de projeto (0,191 m³/s), são as seguintes: largura = 2,0 m; comprimento = 4,0 m; profundidade = 0,5 m. Somando a altura do desarenador (0,5 m), do diâmetro do conduto (0,4 m), a altura da lâmina de água na vazão máxima (0,3 m) e uma altura de segurança (0,5 m), conclui-se que a altura mínima da câmara de carga deve ser 1,70 m. Nas figuras 8 e 9 abaixo, estão representados a planta e o corte esquemático da câmara de carga com as dimensões calculadas, já adaptada para a opção 2: Vazão (m3/s) Queda Líquida (m) Potência estimada (kW) Máxima 0,191 20,78 28,42 Média 0,140 20,88 20,93 Mínima 0,017 21,00 2,56 Fonte: Autoria Própria (2014). Quadro 5: Potência gerada pelas diferentes vazões na opção 2. Vazão (m3/s) Queda Líquida (m) Potência estimada (kW) Máxima 0,191 20,54 28,09 Média 0,140 20,62 20,67 Mínima 0,017 20,72 2,52 Fonte: Autoria Própria (2014). 3.5 CUSTO ESTIMADO PARA CADA OPÇÃO DE ARRANJO Fig. 8: Planta da câmara de carga da opção 2 (cotas em centímetros). Fonte: Autoria própria (2014). A partir das dimensões adotadas anteriormente para os elementos da MCH em estudo, com base no relatório de insumos e composições do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi, 2014), foram estimados os custos de instalação dos condutos das duas opções estudadas. O resultado final é resumido no quadro 6. Quadro 6: Comparativo de preços entre os dois arranjos. Blocos de ancoragem Conduto de baixa pressão Total 1.508,21 985,03 13.776,71 R$ 39.943,61 942,63 985,03 0,00 19.799,98 Conduto forçado Blocos de apoio Opção 1 23.673,66 Opção 2 17.872,32 Fonte: Autoria própria (2014). O quadro 6 mostra que a opção 1 (arranjo original) é cerca de 102% mais cara que a opção 2, tornando-a inviável. Fig. 9: Corte esquemático da câmara de carga da opção 2 (cotas em centímetros). Fonte: Autoria própria (2014). 3.3 CANAL DE ADUÇÃO E TOMADA D’ÁGUA A perda de carga no canal em cada opção, é de: Opção 1: hlc = 0,271 m; Opção 2: hlc = 0,176 m Seguindo as recomendações da ELETROBRAS & DNAEE, (1985) temos as seguintes dimensões para a comporta: altura (h) = 0,75 m; largura (b) = 0,85 m; espessura (l) = 4 cm. A perda de carga na comporta em cada opção, é de: Opção 1: hlco = 0,0054 m; Opção 2: hlco = 0,0054 m 3.4 POTÊNCIA INSTALADA Para o cálculo da queda líquida somam-se as perdas de carga calculadas anteriormente, e o valor encontrado é descontado da queda bruta. Sendo assim, para as duas opções, foram encontrados os seguintes valores de queda líquida: Opção 1: HL = 21,37 – (0,256 + 0,027 + 0,021 + 0,271 + 0,0054) = 20,789 m. 4. CONCLUSÃO Foram analisadas as três opções de arranjo propostas de modo que fosse adotado a que melhor aproveitasse o potencial da MCH de Rio Branco do Sul/PR. A terceira opção foi a menos viável, pois sua queda líquida é de aproximadamente 57% menor que nas outras duas opções. Nestas é aproveitada a tomada d’água e o canal de adução existente, porém o restante substituído. Dentre estas duas opções foram calculadas que a potência gerada pela MCH seria ligeiramente maior na opção dois, mas com uma diferença muito pequena, ou seja, as duas aproveitam o potencial da micro usina. Porém, o custo de instalação dos novos elementos na segunda opção é cerca de 55% mais barato que o arranjo original da micro usina, uma vez que o conduto forçado da configuração original é 38% mais extenso que na opção dois, e na opção de configuração original teria que ser reconstruído um conduto de baixa pressão, ou um canal elevado. Como a câmara de carga terá que ser reconstruída em ambas as opções, não há vantagem alguma em manter a planta original da usina. Portanto, conclui-se que a melhor opção é a opção dois, que é uma alternativa à configuração original. 4.1. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS Opção 2: HL = 20,96 – (0,194 + 0,027 + 0,021 + 0,176 + 0,0054) = 20,537 m. Utilizando a equação 1 determina-se a potencia instalada. Os resultados para cada opção estão resumidos nos quadros 4 e 5. Além do material utilizado neste estudo para o conduto forçado (o aço), outros materiais podem ser utilizados em estudos semelhantes (como o concreto, o ferro fundido, o pvc), PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 13-18 17 ARTIGOS TÉCNICOS e que tenham outras propriedades talvez mais vantajosas, como rugosidade menor, diminuindo o atrito no escoamento, facilidade de encontrar o material e a mão-de-obra capacitada para a instalação, custo menor, ou manutenção mais fácil. Estes fatores, dependendo da topografia da região é fundamental que sejam considerados. Poderia também ser feito ainda um estudo completo como dimensionamento da casa de máquinas, estudo de medição de vazão mais detalhado para estudar a viabilidade da opção três, e em quanto tempo de uso a micro usina pode amortizar o investimento feito para sua revitalização. 5. REFERÊNCIAS • AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Guia do Empreendedor De Pequenas Centrais Hidrelétricas. Brasília: 2003. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/biblioteca/ downloads/livros/Guia_empreendedor.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2013. • ELETROBRAS. Diretrizes para estudos e projetos de pequenas centrais hidrelétricas. Rio de Janeiro: 2000. Disponível em http://www.portalpch.com.br> Acesso em 24 jul. 2014. 18 ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE ADUÇÃO DA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA DE RIO BRANCO DO SUL-PARANÁ-BRASIL • ELETROBRAS & DEPARTAMENTO NACIONAL DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA. Manual de Mini Centrais Hidrelétricas. Rio de Janeiro: 1985. • JENKINS, N.; ALLAN, R.; CROSSLEY, P. et al. Embedded Generation. Londres: The Institution of Electrical Engineers, 2000. • MENDES, Ana Luiza Souza; PINTO, Míriam de Magdala. Autoprodução e Produção Independente de Energia Elétrica a partir de Fontes Renováveis no Brasil. VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis – Vitória, 2011. • RODRIGUES, Flávia F. C.; BORGES, Carmem L. T.; FALCÃO, Djalma M. Programação da Contratação de Energia Considerando Geração Distribuída e Incertezas na Previsão de Demanda. Revista Controle & Automação. Vol.18, nº. 3, jul., ago. e set. 2007. • Sinapi. Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil. Relatórios de Insumo e Composição. Disponível em: < http://www.caixa.gov.br/sinapi>. Acesso em: 28 ago. 2014. • SOUZA, Zulcy de; SANTOS, Afonso H. M.; BORTONI, Edson da C. Centrais Hidrelétricas. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2009. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 13-18 HYDRO-QUÉBEC’S CONTINUOUS FLOW MEASUREMENT SYSTEM: DEVELOPMENT OF AN INDUSTRIAL PROTOTYPE PCHNotícias&SHPNews Publisher: Acta Editora/CERPCH DOI:10.14268/pchn.2015.00027 ISSN: 1676-0220 Subject Collection: Engineering Subject: Engineering, measurement TECHNICAL ARTICLES HYDRO-QUÉBEC’S CONTINUOUS FLOW MEASUREMENT SYSTEM: DEVELOPMENT OF AN INDUSTRIAL PROTOTYPE M Bouchard Dostie, 1G Proulx, 2J Nicolle, 2L Martell 1 ABSTRACT Increasingly, Hydro-Quebec strives to optimize the efficiency of its turbines and the flow management of rivers. A precise measurement of the turbine discharge is required to optimize its operation. With this knowledge, it is possible to determine the real net head of the turbine in addition to the turbine flow. As an operator of power plants, Hydro-Quebec uses that information to work toward reducing the waste of water while increasing its control of river flow. Hydro-Québec normally measures the efficiency of its turbines at the commissioning of a typical power plant unit. For the past decade, Hydro-Québec has been measuring the efficiency of all new turbines and is working to do the same for all other existing units. The measurements are taken in average operating conditions (net head, tail water, etc.) and serve to calculate discharge. Thus, the real efficiency outside these conditions is not well known and may produce significant error in estimating discharge, such as in the case of increased head losses due to debris. Hydro-Quebec has developed a new system to continuously and precisely measure the flow in the turbine and the real net head of the turbine. This new technique uses a pressure differential that provides an accurate measurement (under ± 0.2%) once calibrated. The precision of the continuous flow measurement system is not influenced by head change, operation of adjacent units, head losses, etc. KEYWORDS: Measurement, power plants, turines, river flow. 1. INTRODUCTION Increasingly, Hydro-Quebec strives to optimize the efficiency of its turbines and the flow management of rivers. Given the complexity of managing demand, the water reserve, the ecological flow rate, integration of renewables, and production constraints such as vibrations or cascade configuration for power plants, Hydro-Quebec uses its turbines in a variety of configurations. Nowadays, each drop of water is important in order to maximize production efficiency. Knowing how to operate a machine in every condition is a necessity in minimizing energy waste. Hydro-Québec normally measures the efficiency of its turbines at the commissioning for of a typical power plant unit according to international standards [1][2]. Continuous efforts are also deployed to measure the efficiency of existing units when little information is available. Those measurements are made in average operating conditions (net head, tail water, etc.) and serve to calculate discharge. Once the efficiency curve is measured, the operator can use the power, gross head and wicket gate opening, based on a table associated with the efficiency test, to position the group optimally in order to meet demand. However, efficiency outside average operating conditions is not well known and this may introduce some production losses. Special operating condition effects (turbine air aspiration, downstream level, cavitation, adjacent group operation, downstream restrictions, trash rack clogging, manifold losses, etc.) are usually not taken into consideration by the operator. In order to address this problem, Hydro-Quebec has developed a low-cost and universal method to continuously measure the flow in a turbine. A system also provides the intake losses in real time. This article will address this measurement system, from how it works to the possibilities it provides. 2. CONCEPT AND THEORY 2.1 Requirements Hydro-Quebec has developed a new system to continuously and precisely measure the flow in the turbine and estimate the intake losses of the turbine. This new way of measuring flow needed to overcome many difficulties to be viable and was developed with the following objectives in mind: • System accuracy has to be very low to reach the maximal gain. • The measuring concept should be general enough to be applicable to Francis and propeller turbines over a wide range of head. • The cost of the system itself must be kept as low as possible. • Installation must be simple and it should be possible to retrofit any existing group. • The system must be stable and provide reliable data in all operating conditions. 2.2 Theory Fig. 1: Location of the differential pressure measurement for a Francis and a propeller turbine. Given these constraints, the project was naturally oriented towards index measurements. The principle of measurement is based on a pressure differential (Figure 1) that is proportional to the turbine discharge. The pressure differential is taken between the spiral casing inlet and the vaneless space between the distributor and the runner. In many ways, it is similar to the Winter-Kennedy (WK) method, but it uses a slightly different equation. The coefficient k cannot be a constant anymore but is now a function of the wicket gate opening. Also note that the variability in the Essais Spéciaux de Production, Hydro Québec, 5655 de Marseille, Montréal, Canada, Corresponding Author: [email protected], IREQ, Hydro Québec, 1800 Lionel-Boule, Varennes, Canada 1 2 PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 19-21 19 ARTIGOS TÉCNICOS pressure exponent is no longer necessary. More details about the development of this equation can be found in [3][4]. (1) Q flow rate (m3/s) k(wg) coefficient function of the wicked gate opening (m3.5 kg-0.5) Δp pressure differential (kPa) HYDRO-QUÉBEC’S CONTINUOUS FLOW MEASUREMENT SYSTEM: DEVELOPMENT OF AN INDUSTRIAL PROTOTYPE The localization is also influenced by the feasibility of the installation. On an existing turbine, the piezometer placement must be reachable from the inside of the power plant to Piezometer lower the cost of the installation. In Figure 3, the placement has been chosen because it is easily reachable. On a new turbine, the piezometers can be installed when the machine is built. 2.4 Calibration 2.3 Localization of pressure probes As shown in Figure 2, the flow speed on the downstream side of the wicket gates is much higher than the case entrance. This translates into a pressure differential much higher than in the WK measurement (differential of two pressures inside the same radius in the casing). Instead of being a few kPa, the measured pressure can reach about half the head of water of the power plant. Consequently, the precision of the measurement increases since it is easier to measure. The high pressure of the differential comes from the spiral or semi-spiral casing inlet. When available, the best location is from four piezometers at the entrance of the case. Otherwise, any other pressure tap from the case is usable by this system. When multiple pressure taps are used, a manifold is used to average them. The lower pressure is measured between the turbine and the wicket gates. Four piezometers are installed on the head cover to ensure the stability of the measurement. The pressure is then averaged in a manifold. With four piezometers, the error introduced by a redistribution of the flow among the distributor sectors is mostly cancelled. The flow in this section is normally accelerating, which prevents flow separation and allows for greater precision in the measurement. These piezometers must be placed with great care. On a normal machine, the four pressure taps can be placed at 90° of each other. When the placement of the piezometers becomes complex, the use of a computer fluid dynamic calculation can be useful to help determine the best location. In order to make the Hydro-Quebec continuous flow measurement system operational, the coefficient k(wg) must be calibrated with an absolute measurement. Ideally, calibration and absolute flow measurement should be performed simultaneously. Using multiple absolute flow measurements with eq. 1, a relation between the coefficient k(wg) and the wicket gate opening can be found. A polynomial of degree 4 to 6 is usually enough to describe the relation as shown in Figure 4. Error introduced by the relation is also shown. Fig. 4: Coefficient k(wg) and the error on the flow calculation. When the measurements of the pressure differential cannot be executed at the same time as an absolute flow measurement, it is still possible to calculate the coefficient k(wg) for many wicket gate openings by recreating the conditions of the existing absolute flow measurement. Given that the value of the coefficient is mostly geometrical, and that it translates the acceleration taking place in the distributor, CFD calculations can also be used to provide some insight into its evolution. 3. SYSTEM DESIGN 3.1 Components Fig. 2: Flow speed mapping in the distributor. Fig. 3: Example of head cover piezometer placement. 20 Given that it is based primarily on a pressure difference, Hydro-Quebec’s continuous flow measurement system design naturally started with the choice of the pressure transducer. Figure 5 contains a diagram representing how the system is installed. The pressure transducers were chosen to meet system requirements. They have a precision of ± 0.025%, an adjustable span of 200:1, a guaranteed operating stability of 10 years and a reliability of 12 years. The transducers can then be calibrated precisely to the measured span of pressure. Each system uses three transducers. The first one is used to directly measure the pressure differential. The second transducer measures pressure at the intake and is required to provide the intake losses. The third one, measuring head cover pressure, was included to provide some system redundancy. The transducers communicate with the numerical Foundation Fieldbus protocol. This protocol allows the pressure transducers to be powered and to communicate on only one cable. Diagnostics and alarms are also available. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 19-21 HYDRO-QUÉBEC’S CONTINUOUS FLOW MEASUREMENT SYSTEM: DEVELOPMENT OF AN INDUSTRIAL PROTOTYPE TECHNICAL ARTICLES Fig. 5: Diagram of the continuous flow measurement system. The angle of the wicket gates is measured by placing a numerical Ethernet absolute rotary encoder on the top of the rotation axis of one wicket gate. It has a resolution of 18 bits (0.0014°). To ensure high reliability, the tubing used to carry the pressure to the transducer must be purged regularly. An electric valve is controlled by an Ethernet analog output. The valve position is also monitored. All the information is sent to a programmable controller, which communicates with all the components. The controller calculates the flow with the pressure differential and the wicket gate opening. With the flow known and the pressure at the entrance of the turbine, it is possible to calculate the net head at the intake, which can be combined with the upstream level to obtain losses in the penstock and the trash racks. Also, with the intelligent transducers and components, the programmable controller monitors all the component alarms and can determine the validity of its measurements. The flow, the intake losses and the system state are then sent to the operator through the SCADA system. 3.2 Installation The continuous flow measurement system is made in two parts. One part has the three pressure transducers and the purge valve. It is a fixing board with a small cabinet and is normally installed in the turbine well where the top of the wicket gates and the head cover are accessible. The rotary encoder is plugged into the small cabinet. This board communicates with another cabinet, which is usually installed on the alternator floor for easy access. The programmable controller is located in the cabinet. The power is supplied to the cabinet, which sends some of it to the other cabinet on the board. The operator controller communicates with the programmable controller in this cabinet. The system is fully integrated into one programmable controller that can communicate with every component. This helps reduce the amount of equipment required to make the system work. The simple design reduces the purchasing and installation costs. The intelligence in the transducers and in the programmable controller reduces the routine maintenance to required actions only. Many steps were taken to further reduce costs as much as possible. The numerical protocols reduce the number of communication and electrical cables, which further decreases the installation time. Use of industrial flexible hoses for pressure tubing instead of welded pipes can also reduce installation time and costs. The pressure taps in the spiral casing are usually already in place in most of the power plants. The four pressure taps on the head cover are normally accessible from the turbine well. In existing power plants, those piezometers can be installed (piercing and tubed) without any scaffolding. This translates into lower downtime and faster installation. Other steps were taken to lower the overall cost of the system. While the first system needed a signal to know if the group was in operation, this cable was then eliminated using logic from the programmable controller. Also, the bended tubes on the first version of the transducer fixing board required to link the manifold and the sensors between them were replaced by standard elbow connectors for uniformity and easier assembly and reduced construction time. 4. CONCLUSION & FUTURE APPLICATIONS This paper highlighted the choices made for an online flow monitoring system from the research phase to production. This is a major step for every innovation and requires a lot of technical and communication skills. Many steps were taken to minimize the number of components and lower installation and maintenance costs as much as possible. The industrial prototype is now made of a transducers’ fixing board and an electronic cabinet. This system requires some form of calibration to be operational. Today, the system is currently installed on four different HQ turbines. Information gathered from these systems is still being processed to determine how much value they can generate. While no decisions have yet been made regarding the large-scale deployment of this technology, it is now mature and ready to be installed when necessary. The Hydro-Quebec continuous flow measurement system can be pushed further to integrate the measurement of power, upstream and downstream levels to calculate efficiency in real time. A radar system was already added to one installation. Over time, the operators could determine the efficiency hill over the whole span of conditions of operations. With this information, the system could indicate to the speed regulator how to optimize its current operation. Constant flow rate operation, which is known to be a very efficient way to optimize operations for low head plants, could be achieved. The system could also be used to optimize multiple turbines to obtain the best efficiency for the required power. 5. REFERENCES 3.3 Cost Many research projects are unable to evolve into industrial products even if they offer innovative solutions to existing problems. Often, a misunderstanding of the day-to-day production reality and a lack of communication between the different actors are to blame. Here, great care was taken to meet the various actors and to integrate their consideration as much as possible. Cost being an obvious factor, here are a few decisions that were taken to ensure the design of the system would be accepted. [1] IEC 60041 Field acceptance tests to determine the hydraulic performance of hydraulic turbines, storage pumps and pump-turbines [2] ASME PTC 18-2011, Hydraulic Turbines and PumpTurbines: Performance Test Codes [3] Nicolle J, Proulx G, 2010, A New Method for Continuous Efficiency Measurement of Hydraulic Turbines, 8th IGHEM conference, Roorkee, India [4] Nicolle J, Proulx G, Martell L, Online Flow Monitoring Experiences at Hydro-Québec, 9th IGHEM conference, Trondheim, Norway PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 19-21 21 ARTIGOS TÉCNICOS PCHNotícias&SHPNews Publisher: Acta Editora/CERPCH DOI:10.14268/pchn.2015.00028 ISSN: 1676-0220 Subject Collection: Engineering Subject: Engineering, hydro power plants, hydro generators ESTIMATIVA DA VAZÃO TURBINADA ATRAVÉS DA FAIXA OPERATIVA OBTIDA PELA INTERPOLAÇÃO MULTIVARIÁVEL UTIZANDO A MATRIZ DE VANDERMONDE ESTIMATIVA DA VAZÃO TURBINADA ATRAVÉS DA FAIXA OPERATIVA OBTIDA PELA INTERPOLAÇÃO MULTIVARIÁVEL UTILIZANDO A MATRIZ DE VANDERMONDE Rafael Freitas Ferreira, 2Eduardo A. R. Maia 1 RESUMO De 2011 a 2013 a Eletrosul introduziu 4 centrais geradoras no sistema interligado nacional - SIN. Após a publicação da resolução normativa 583/2013 da ANEEL (REN583), onde os agentes de geração devem comprovar a potência instalada da planta até 24 meses após a entrada em operação comercial da primeira unidade geradora, advém a necessidade de medição da vazão turbinada com certa confiabilidade. Um método aceito para determinação de vazão turbinada é através da faixa operativa ou curva colina da turbina. Visando aproveitar a medição de vazão e disponibilizá-la para registro operacional e contabilização do consumo de água, este artigo propõe a interpolação numérica multivariável dos pontos da faixa operativa através da Matriz de Vandermonde para determinar por uma equação única e válida para toda faixa operativa, a vazão consumida, levando em consideração queda líquida e potência ativa, provendo assim uma alternativa a melhor opção: medição direta da vazão. Utilizando esta técnica é apresentado três estudos de caso para o processo de estimação da vazão turbinada em hidrogeradores e através dos pontos da faixa operativa se obteve a equação multivariável capaz de estimar a vazão turbinada. PALAVRA-CHAVE: medição de vazão; interpolação multivariável; matriz de Vandermonde. ESTIMATE OF TURBINATED FLOW THROUGH OPERATION RANGE OBTAINED BY MULTIVARIATE INTERPOLATION USING VANDERMONDE MATRIX ABSTRACT From 2011 to 2013 Eletrosul introduced 4 hydro power plants into the National lntegrated System - SIN in portuguese. After the publication of the normative resolution 583/2013 (REN583) by ANEEL - Brazilian Electricity Regulatory Agency, where energy players have 24 months after beginning the commercial operation of first generator unit to prove power plant capacity, comes the necessity for measurement of turbinated water with some reliability. An accepted method to determinate the turbinated flow is to use an operating range or turbine bili chart curve. Aiming to use the flow measurument and providing it to operating record and accounting for water consumption, this article proposes the numerical multivariate interpolation of points in the operating range using the Vandermonde matrix to determine by an only equation an vaiid for the entire operating range, the turbinated flow, taking in consideration the head and active power, thus providing an alternative for the best option: direct flow measurement. Using this technique is shown three cases to estimate water flow in hydro-generators and through the points in operation range the multivariate equation capable to estimate the turbinated flow was obtained. KEYWORDS: flow measurement; multivariate interpolation; Vandermonde matrix. 1. INTRODUÇÃO Em consonância com ao Anexo 2 da REN583 da ANEEL a vazão deve ser monitorada nas máquinas sob ensaio e a grandeza deve ser registrada a cada trinta minutos. Os métodos consagrados para medição de vazão são: Gibson, medição relativa através do WinterKennedy e medição ultrassônica. O primeiro é particularmente caro. O segundo assemelhase ao modelo proposto neste artigo, porém a medição é valida apenas para faixa de queda que a Winter-Kennedy foi calibrado, o terceiro é aplicado para condutos forçados quando se tem seções retas favoráveis. O método proposto neste artigo estima a vazão para toda faixa operativa da unidade de forma analítica através de uma equação multivariável. Para isto, é necessário conhecer a faixa operativa da turbina, que é um dado de projeto e aceito pela ANEEL para fim de cumprimento da REN583. A interpolação multivariável, não necessariamente utilizando o método de Vandermonde, vem sendo aplicada em diversos campos da engenharia: Estudo da concentração de poluentes no ar na província de Ontário no Canadá (Weimin Sun, 1995), elaboração da curva de calibração necessária em um estudo para determinar a concentração de CBDFITC (domínios de ligação de celulose conjugados com isotiocianato de fluoresceína) adsorvidos em fibras por análise de imagem (Amaral, A. L, 2005) e em (D.S. Broomhead, 1988) a técnica de interpolação multivariável utilizando funções de base radial - RBF em inglês, é utilizada em um estudo em redes adaptativas. As simulações e resultados neste trabalho foram obtidos através do Octave 3.6.4. Os estudos de caso apresentados são para duas pequenas centrais hidrelétricas e uma usina hidrelétrica. 1 Eletrosul Centrais Elétricas S.A. Rua Dep. Ant6nio &lu Vieira, 999 - CEP: 88040-001. Florianópolis, SC. Brasil. Divisão de Engenharia de Manutenção da Geração. e-mail: rafael. [email protected] 2 [email protected] 22 PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 22-26 ESTIMATIVA DA VAZÃO TURBINADA ATRAVÉS DA FAIXA OPERATIVA OBTIDA PELA INTERPOLAÇÃO MULTIVARIÁVEL UTIZANDO A MATRIZ DE VANDERMONDE TECHNICAL ARTICLES Tabela 1: Dados técnicos das usinas. PCH-UHBC PCH-UHJB UHE-UHSD Tipo Francis Dupla Francis Kaplan Qtd 2 3 2 Pot[MW] 3,75 a 7,50 3,17 a 6,33 9,60 a 24,00 Queda Liq.[m] 52,00 a 60,00 32,76 a 36,76 28,08 a 35,15 Vazao[m3/s] 9,09 a 16,00 11,65 a 21,66 31,86 a 81,28 A PCH Barra do Rio Chapéu fica localizada no município de Rio Fortuna - Santa Catarina e possui duas unidades geradoras governadas por turbina Francis dupla. Tabela 2: Pontos da faixa operativa da PCH Barra do Rio Chapéu/SC. 2. A MATRIZ DE VANDERMONDE O método de Vandermonde é o mais simples e direto utilizado em interpolação polinomial. A substituição direta dos pontos conhecidos nas equações desejadas, em um sistema de equações lineares, que tem como solução os coeficientes da equação e pode ser resolvido usando decomposição Gaussiana ou PLU. No caso proposto, utiliza-se a generalização do método para equações multivariáveis. Observe, por exemplo, a equação que se deseja modelar: Pto Queda[m] Pot[MW] Vazão[m3/s] 1 52,60 0,50 1,49 2 53,40 3,50 8,43 3 54,60 7,50 16,80 4 55,80 4,00 9,38 5 56,40 6,00 13,10 6 58,40 1,00 3,74 7 59,60 5,00 10,70 8 60,20 7,00 13,90 9 61,40 2,50 6,53 (1) 10 62,00 4,50 9,61 Para modelar a equação 1 necessita-se conhecer pelo menos quatro pontos da função que se deseja representar – quatro pontos da faixa operativa, por exemplo, ou quatro pontos aferidos em campo. Através do método de Vandermonde, para o exemplo acima, resolvendo um sistema linear de quatro equações linearmente independentes e quatro incógnitas, consegue-se descobrir os coeficientes da equação 1. 11 62,70 6,50 12,70 12 63,30 1,00 4,08 13 64,50 5,00 10,10 14 65,10 7,00 13,10 15 66,30 2,50 6,65 16 66,90 4,50 8,94 Com os dezesseis pontos da tabela 2 a matriz de Vandermonde é 16x16. A matriz c de coeficientes da equação 5 é 16x1. (2) (5) Onde: c = [c1, c2, c3, c4]t é o vetor de coeficientes que se deseja calcular; A matriz de Vandermonde - V, é a matriz nxn, onde a primeira linha é o primeiro ponto avaliado em cada um dos n monômios; a segunda linha é o segundo ponto avaliado em cada um dos n monômios e assim por diante. Resolvendo o sistema 2, consegue-se descobrir c e consequentemente definir a equação 1. O sistema possui solução se o determinante da matriz de Vandermonde é diferente de 0. Dado o conjunto de pontos: (0;0;0), (2;5;8), (3;6;12) e (4;2;6). A matriz de Vandermonde associada a equação multivariável 1 é: A equação 5 representa a vazão por toda a faixa de pontos coberta pela tabela 2 - que são os pontos da faixa operativa. A equação de Vandermonde é uma matriz quadrada e neste caso de dimensão 16. Para não entediar o leitor demonstra-se apenas o elemento a1,1 que multiplica ℎ3i, a1,2 que multiplica p3i e a2,3 que multiplica ℎ3i . pj. (6) (3) De acordo com a equação 5, os elementos a1,1, a1,2 e a2,3 são: Resolvendo o sistema 3 obtém-se c = [0, 357; 0, 428; 0, 714; 0]t, e a equação 1 é escrita como: (4) 3. A MATRIZ DE VANDERMONDE APLICADA AO PROBLEMA DA ESTIMATIVA DE VAZÃO TURBINADA Em uma gama de pontos que a faixa operativa fornece, o grau de confiabilidade na estimativa da vazão turbinada em relação à própria faixa operativa depende da quantidade de pontos que serão utilizados e da localização destes pontos dentro da faixa em sua maioria. (7) Uma vez calculado a matriz de Vandermonde, o vetor c de coeficientes pode ser obtido através da resolução do sistema linear 6 onde os elementos da matriz Q(ℎi, pi) são as vazões apresentadas na tabela 2. O vetor c é dado por: c=(0,0521; 142,0008; -0,0396; -7,3141; 0,0095; 0,1253; -0,0007; -9,0995; -1866,3513; 6,9187; 96,4151; -1,6561; 528,4457; 7769,8147; -402,0369; -10202,8928). A faixa operativa e as curvas de nível estimadas através da equação 5 são apresentadas nas figuras 1 e 2 respectivamente. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 22-26 23 ARTIGOS TÉCNICOS ESTIMATIVA DA VAZÃO TURBINADA ATRAVÉS DA FAIXA OPERATIVA OBTIDA PELA INTERPOLAÇÃO MULTIVARIÁVEL UTIZANDO A MATRIZ DE VANDERMONDE o mesmo conceito na interpolação multivariável, pode-se extrapolar a definição do erro na interpolação como a máxima distância entre f(xi, yi) e p(xi, yi), ou seja, a máxima distância entre os valores que compõem a faixa operativa e os valores de vazão calculados através da função interpolada para todos os pontos da faixa operativa. (9) Fig. 1: Faixa operativa estimada da turbina da PCH Barra do Rio Chapéu. 4. ERRO ASSOCIADO AO PORCESSO DE INTERPOLAÇÃO MULTIVARIÁVEL Fig. 2: Curvas de nível estimadas da turbina da PCH Barra do Rio Chapéu. Se uma função f(x) é interpolada por n pontos, através dos pares (x1,y1), (x2,y2) ... (xn,yn), então o erro associado ao polinômio interpolador, p(x), de grau n-1 é dado por: (8) No intervalo de análise, [min(xi), max(xi)], o erro é mínimo nos pontos que foram utilizados para interpolar o polinômio. No exemplo ilustrado na figura 3, dentro da região de interesse, o erro aumenta ao distanciar do min(xi) até um ponto máximo e depois diminui até chegar no max(xi). Por exemplo: Dado a função quadrática f(x) = 3x2−5x+7, interpolada por uma reta p(x) = 7x − 2 utilizando os pontos (1, 5) e (3, 19). Fig. 3: Função f(x), p(x) e o Erro associado a interpolação. O módulo do erro é nulo no ponto (1, 5) e aumenta a medida que a função Erro(x) se distancia do ponto inicial, atinge um valor máximo e depois reduz a zero até atingir (3, 19). Utilizando 24 Onde n, são todos os pontos disponíveis a serem experimentados dentro da região de interesse e não apenas os utilizados na interpolação. Logo, conhecendo a função f(x,y), o conjunto de pontos que constituem a faixa operativa por exemplo, para se determinar o máximo erro cometido no processo de interpolação, deve-se experimentar a função interpolada nos pontos conhecidos (x,y) da função f(x,y) em p(x,y) e comparálos - experimentase o polinômio interpolador apenas na região de interesse. A interpretação gráfica do conceito de interpolação multivariável é complexa. No exemplo da PCH Barra do Rio Chapéu, utilizando a função da equação 5 e experimentado-a em toda faixa operativa, o erro máximo encontrado é de 13%. No exemplo mencionado utilizouse apenas 16 pontos em um universo disponível de 1215 pontos para estimar a função da equação 5. Aumentando um pouco a complexidade do polinômio interpolador, utilizando 49 pontos por exemplo, o máximo erro calculado é de 1,26%. Para montar o polinômio interpolador utilizou-se pontos de dentro e fora da faixa operativa, porém, o erro é calculado apenas dentro da faixa operativa, que é a região de interesse. Somente a quantidade de pontos não é suficiente para garantir a qualidade do polinômio interpolador. Ao se escolher muitos pontos numa mesma região da faixa operativa, o erro nesta região ficará baixo enquanto em outra região será mais alto. A experiência do analista é importante no momento da escolha e da quantidade de pontos - a mesma está intimamente ligada ao grau do polinômio interpolador. E, quanto maior a matriz de Vandermonde mais risco corre-se da mesma não ter posto completo, havendo necessidade de trocar alguns pontos. 5. RESULTADOS E EXPERIÊNCIA Sabendo que o erro do polinômio interpolador depende da quantidade de pontos utilizados - grau do polinômio, e localização dos pontos, intuitivamente, se escolhe a maioria dos pontos da curva que estão dentro da faixa operativa da turbina. É importante escolher alguns pontos fora da faixa operativa. Deste modo, a curva de interesse terá o comportamento do polinômio interpolador pelo menos até a borda da região de interesse. O polinômio interpolador representará bem toda a faixa operativa. A faixa operativa de turbinas tipo Francis são curvas mais comportadas, ou seja, estas curvas seguem uma tendência. Nas turbinas tipo Kaplan, devido ao efeito da conjugação das pás, as curvas da faixa operativa apresentam uma complexidade maior. Isto quer dizer que, para representar bem uma turbina Kaplan, a equação do polinômio interpolador deve ter um grau maior que de uma turbina Francis: a quantidade de pontos que devem ser escolhidos da faixa operativa para montar a equação do polinômio interpolador para uma turbina Kaplan é maior que de uma turbina Francis, isto para se conseguir "a mesma"representatividade. As curvas da figura 2 foram obtidas a partir da tabela 3. Na tabela há alguns pontos fora da faixa operativa. Ao cair na tentação de substituir os pontos que estão fora da faixa operativa por pontos "mais significativos" a função PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 22-26 ESTIMATIVA DA VAZÃO TURBINADA ATRAVÉS DA FAIXA OPERATIVA OBTIDA PELA INTERPOLAÇÃO MULTIVARIÁVEL UTIZANDO A MATRIZ DE VANDERMONDE TECHNICAL ARTICLES interpolada deixa de ser representativa próximo a borda da região de interesse. A figura 4 são as curvas de nível da faixa operativa estimada utilizando pontos apenas dentro da região de interesse. Nota-se a diminuição da eficiência do polinômio interpolador próximo as bordas da região de interesse. O vetor c de coeficiente da função 5 para PCH João Borges é dado por: c=(0,6419; 266,8340; -0,4382; -23,5534; 0,0958; 0,6911; -0,0067; -65,4513; -3771,2493; 44,7495; 333,5160; -9,8039; 2218,2228; 17147,1487; -1519,3654; -24973,3245). A usina hidrelétrica de São Domingos - UHSD, localizada no município sul mato grossense de Água Clara, possui duas turbinas kaplan de 24 MW cada. Para interpolar os pontos da faixa operativa da turbina Kaplan se faz necessário um conjunto de pontos bem maior que numa turbina Francis. Na função interpolada em questão foi necessário utilizar 81 pontos. A função Q(ℎ, p) tem grau 8. Nos dois casos mostrados neste artigo, com turbina Francis, a função interpolada tem grau 3 - equação 5. O esforço computacional para resolução do problema é um pouco maior, mas o principal risco é que a matriz de Vandermonde fique mal condicionada. Escolhendo os pontos para interpolação apropriadamente e com experiência este risco é diminuído. Fig. 4: Curvas estimadas apenas com pontos dentro da faixa operativa. A PCH João Borges, também concedida a Eletrosul, fica localizada no município catarinense de Campo Belo do Sul. Com apenas 16 pontos da faixa operativa desta unidade, também é possível determinar a vazão em toda zona de interesse através de equação única. Tabela 3: Pontos da faixa operativa da PCH Barra do João Borges/SC. Pto Queda[m] Pot[MW] Vazão[m3/s] 1 32,76 3,17 13,08 2 36,76 3,17 11,65 3 34,50 3,25 12,66 4 33,50 3,50 13,56 5 35,50 3,50 13,01 6 35,00 3,75 13,86 7 33,00 4,00 14,94 8 36,00 4,00 14,24 9 34,50 4,12 15,02 10 36,76 5,70 19,02 11 34,00 6,00 20,58 12 35,00 6,00 20,33 13 33,50 6,250 21,32 14 32,76 6,33 21,66 15 36,00 6,33 21,06 16 36,76 6,33 20,90 Fig. 6: Curvas de nível estimadas da turbina da UHSD. 6. CONCLUSÕES As curvas de nível estimadas da PCH João Borges são apresentadas na figura 5. O processo de interpolação multivariável utilizando a matriz de Vandermonde se mostra bastante eficiente para estimação da vazão turbinada em hidrogeradores. Escolhendo apropriadamente os pontos de dentro e fora da faixa operativa é possível conseguir uma excelente representatividade da característica da máquina. Foi observado também que o erro pode ser bem reduzido se for ampliado o grau da função interpolada. O estudo da interpolação multivariável esbarra na questão de como realizar a interpolação numérica de modo eficiente e estável. O método mais simples conhecido, aqui apresentado, é notadamente mau condicionado do ponto de vista da álgebra linear. Este fenômeno se torna mais crítico a medida que o vetor c aumenta (Gasca, 2001). Ao tentar evitar o mau condicionamento, diminuindo o número de pontos no processo de interpolação, temse o risco dos resultados não serem numericamente eficientes. Os problemas acima citados foram driblados para os estudos de caso com turbina Francis. O estudo de caso da Usina de São Domingos mostrou o quanto a interpolação numérica para turbina Kaplan pode ser difícil, porém ainda factível. Esta estimativa de vazão pode se utilizada pela indústria para: estimação do consumo de água nas usinas, operação de reservatórios, indicação operacional e cumprimento da resolução normativa 583 da ANEEL. A motivação deste estudo foi o cumprimento da resolução. 7. REFERÊNCIAS Fig. 5: Curvas de nível estimadas da turbina da PCH João Borges. • Urquiza, Gustavo, Basurto, Miguel A., Flow Measurement, Ed. InTech, 2012. • Harder, Douglas Wilhelm, Khoury, Richard., Numerical Analysis for Engineering, University of Waterloo, 2010. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 22-26 25 ARTIGOS TÉCNICOS • Cavi, Jean-Paul., Lectures on multivariate polynomial interpolation, Toulouse, 2005. • Gasca, Mariano,. Sauer, Thomas,. Polynomial interpolation in several variables, 2001. • Luiz Augusto de Andrade, Carlos Barreira Martinez, Jair Nascimento Filho, Luís Antônio Aguirre. Estudo comparativo de métodos de medição de vazão - uma aplicação em comissionamento de turbinas hidráulicas. UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais. • ANEEL. Resolução normativa no 583, de 22 de Outubro de 2013. 26 ESTIMATIVA DA VAZÃO TURBINADA ATRAVÉS DA FAIXA OPERATIVA OBTIDA PELA INTERPOLAÇÃO MULTIVARIÁVEL UTIZANDO A MATRIZ DE VANDERMONDE • Weimin Sun, Nhu D. Le, James V. Zidek and Rick Burnett. Bayesian Multivariate Spatial Interpolation: Application and Assessment. University of British Columbia. 1995. • Amaral, A. L., Pinto, João Ricardo., Carvalho, Joana., Ferreira, E. C. e Gama, F. M. Determinação da concentração de CBD-FITC adsorvidos em fibras por análise de imagem. Universidade do Minho, 2005. • D.S. Broomhead, David Lowe. Multivariable functional interpolation and adaptive networks. Royal Signals and Radar Establishment, 1988. PCH NOTÍCIAS & SHP NEWS, 66, (3), JUL,SET/2015, DA PÁG. 22-26 ARTIGOS TÉCNICOS TECHNICAL ARTICLES INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTIONS FOR AUTHORS Forma e preparação de manuscrito Form and preparation of manuscripts Primeira Etapa (exigida para submissão do artigo) First Step (required for submition) O texto deverá apresentar as seguintes características: espaçamento 1,5; papel A4 (210 x 297 mm), com margens superior, inferior, esquerda e direita de 2,5 cm; fonte Times New Roman 12; e conter no máximo 16 laudas, incluindo quadros e figuras. Na primeira página deverá conter o título do trabalho, o resumo e as Palavras-chave. Os quadros e as figuras deverão ser numerados com algarismos arábicos consecutivos, indicados no texto e anexados no final do artigo. Os títulos das figuras deverão aparecer na sua parte inferior antecedidos da palavra Figura mais o seu número de ordem. Os títulos dos quadros deverão aparecer na parte superior e antecedidos da palavra Quadro seguida do seu número de ordem. Na figura, a fonte (Fonte:) vem sobre a legenda, à direta e sem ponto final; no quadro, na parte inferior e com ponto final. O artigo em PORTUGUÊS deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em português, RESUMO (seguido de Palavras-chave), TÍTULO DO ARTIGO em inglês, ABSTRACT (seguido de keywords); 1. INTRODUÇÃO (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. AGRADECIMENTOS (se for o caso); e 6. REFERÊNCIAS, alinhadas à esquerda. O artigo em INGLÊS deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em inglês; ABSTRACT (seguido de Keywords); TÍTULO DO ARTIGO em português; RESUMO (seguido de Palavras-chave); 1. INTRODUCTION (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALAND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (se for o caso); e 6. REFERENCES. O artigo em ESPANHOL deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em espanhol; RESUMEN (seguido de Palabra llave), TÍTULO do artigo em português, RESUMO em português (seguido de palavras-chave); 1. INTRODUCCTIÓN (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALES Y METODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. RECONOCIMIENTO (se for o caso); e 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Os subtítulos, quando se fizerem necessários, serão escritos com letras iniciais maiúsculas, antecedidos de dois números arábicos colocados em posição de início de parágrafo. No texto, a citação de referências bibliográficas deverá ser feita da seguinte forma: colocar o sobrenome do autor citado com apenas a primeira letra maiúscula, seguido do ano entre parênteses, quando o autor fizer parte do texto. Quando o autor não fizer parte do texto, colocar, entre parênteses, o sobrenome, em maiúsculas, seguido do ano separado por vírgula. O resumo deverá ser do tipo indicativo, expondo os pontos relevantes do texto relacionados com os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões, devendo ser compostos de uma sequência corrente de frases e conter, no máximo, 250 palavras. Para submeter um artigo para a Revista PCH Notícias & SHP News o(os) autor(es) deverão entrar no site www.cerpch.unifei. edu.br/submeterartigo. Serão aceitos artigos em português, inglês e espanhol. No caso das línguas estrangeiras, será necessária a declaração de revisão linguística de um especialista. Segunda Etapa (exigida para publicação) The manuscript should be submitted with following format: should be typed in Times New Roman; 12 font size; 1.5 spaced lines; standard A4 paper (210 x 297 mm), side margins 2.5 cm wide; and not exceed 16 pages, including tables and figures. In the first page should contain the title of paper, Abstract and Keywords. The tables and figures should be numbered consecutively in Arabic numerals, which should be indicated in the text and annexed at the end of the paper. Figure legends should be written immediately below each figure preceded by the word Figure and numbered consecutively. The table titles should be written above each table and preceded by the word Table followed by their consecutive number. Figures should present the data source (Source) above the legend, on the right side and no full stop; and tables, below with full stop. The manuscript in PORTUGUESE should be assembled in the following order: TÍTULO in Portuguese, RESUMO (followed by Palavras-chave), TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); 1. INTRODUÇÃO (including references); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. AGRADECIMENTOS (if it is the case); and 6. REFERÊNCIAS, aligned to the left. The article in ENGLISH should be assembled in the following order: TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); TITLE in Portuguese; ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCTION (including references); 2. MATERIAL AND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (if it is the case); and 6. REFERENCES. The article in SPANISH should be assembled in the following order: TÍTULO in Spanish; RESUMEN (following by Palabrallave), TITLE of the article in Portuguese, ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCCTIÓN (including references); 2. MATERIALES Y MÉTODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5.RECONOCIMIENTO (if it is the case); and 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. The section headings, when necessary, should be written with the first letter capitalized, preceded of two Arabic numerals placed at the beginning of the paragraph. References cited in the text should include the author’s last name, only with the first letter capitalized, and the year in parentheses, when the author is part of the text. When the author is not part of the text, include the last name in capital letters followed by the year separated by comma, all in parentheses. Abstracts should be concise and informative, presenting the key points of the text related with the objectives, methodology, results and conclusions; it should be written in a sequence of sentences and must not exceed 250 words. For paper submission, the author(s) should access the online submission Web site www.cerpch.unifei.edu.br/submeterartigo (submit paper). The Magazine PCH Notícias & SHP News accepts papers in Portuguese, En-glish and Spanish. Papers in foreign languages will be requested a declaration of a specialist in language revision. Second Step (required for publication) O artigo depois de analisado pelos editores, poderá ser devolvido ao(s) autor(es) para adequações às normas da Revista ou simplesmente negado por falta de mérito ou perfil. Quando aprovado pelos editores, o artigo será encaminhado para três revisores, que emitirão seu parecer científico. Caberá ao(s) autor(es) atender às sugestões e recomendações dos revisores; caso não possa(m) atender na sua totalidade, deverá(ão) justificar ao Comitê Editorial da Revista. After the manuscript has been reviewed by the editors, it is either returned to the author(s) for adaptations to the Journal guidelines, or rejected because of the lack of scientific merit and suitability for the journal. If it is judged as acceptable by the editors, the paper will be directed to three reviewers to state their scientific opinion. Author(s) are requested to meet the reviewers, suggestions and recommendations; if this is not totally possible, they are requested to justify it to the Editorial Board. Obs.: Os artigos que não se enquadram nas normas acima descritas, na sua totalidade ou em parte, serão devolvidos e perderão a prioridade da ordem sequencial de apresentação. 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