UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
ROOSEWELT LINS SILVA
MODELO DE AUTOMAÇÃO EM BIBLIOTECAS BASEADO NA FILOSOFIA OPEN
SOURCE: uma análise social e tecnológica
São Luís
2005
ROOSEWELT LINS SILVA
MODELO DE AUTOMAÇÃO EM BIBLIOTECAS BASEADO NA FILOSOFIA OPEN
SOURCE: uma análise social e tecnológica
São Luís
2005
ii
ROOSEWELT LINS SILVA
MODELO DE AUTOMAÇÃO EM BIBLIOTECAS BASEADO NA FILOSOFIA OPEN
SOURCE: uma análise social e tecnológica
Aprovada em ____/____/_____
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Profª Drª Cenidalva Teixeira Miranda
________________________________________________
Profª Ms. Raimunda Ramos Marinho
________________________________________________
Prof° Dr. Carlos Alberto Brandão Barbosa Leite
iii
À liberdade, ao ser supremo, meus pais, e meu avô Ribamar
Silva (in Memorian).
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus companheiros de universidade do curso de Biblioteconomia:
Erivaldo Freire, Ana Helena, Marla, Hélio Craveiro e Arlindo Cordeiro, amigos do
Laboratório de Sistemas Inteligentes – Programa de Pós-Graduação de Engenharia
Elétrica da UFMA: Felipe Guilhon, Pedro Brandão, Gemayel Lira e Rômulo Martins,
a Mário Araújo Júnior do Curso de Ciência da Computação da UFMA pela força
dada na área de desenvolvimento web.
Agradeço aos meus Mestres César Castro, Maria Cléa Nunes, Cenidalva
Teixeira, Raimunda Marinho, Maria da Guia, Carlos Brandão, Thiago Moreira e
Sofiane Labidi.
Aos meus pais e familiares, em especial a minha grande mãe Telma Silva
e minha irmã Madhava.
Aos meus colegas de outras universidades como Morenos Barros (UFF),
Jonathas Pedera e André Cavalcante (UFC) e aos babilônicos Gustavo Henn,
Rodrigo Galvão, Fernando Alves, Gustavo Costa, Henrique, Tiago Body, Rodrigo
Peruca e outros amigos da UFC, UFPE e UFRN.
À minha companheira pesquisadora e extensionista Gerlandy Leão, por
está sempre ao meu lado.
Enfim, a todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para a
consolidação deste trabalho.
v
“Realmente, só pelo fato de ser consciente das causas que
inspiram minhas ações, estas causas já são objetos
transcendentes para minha consciência; elas estão fora. Em
vão tentaria apreendê-las. Escapo delas pela minha própria
existência. Estou condenado a existir para sempre além da
minha essência, além das causas e motivos dos meus atos.
Estou condenado a ser livre. Isso quer dizer que nenhum limite
para minha liberdade pode ser estabelecido exceto a própria
liberdade, ou, se você preferir; que nós não somos livres para
deixar de ser livres.”
Jean-Paul Sartre
vi
RESUMO
O estudo discute a adoção de softwares livres na automação de bibliotecas como
estratégia econômica e vantagens tecnológicas. Destaca as iniciativas brasileiras de
adoção do software livre como estratégia de democratização do acesso as
tecnologias da informação e alternativa para a dependência tecnológica. Discute
conceitos referentes à inclusão social e digital e a função da biblioteca como
instituição de livre acesso ao conhecimento. Analisa conceitos referentes à filosofia
colaborativa nas comunidades open-source, apresentando o histórico, aspectos
sociais e tecnológicos do desenvolvimento do software livre e sua aplicação em
política de informatização de bibliotecas e criação de terminais de acesso público à
internet. Expõe alguns pressupostos referentes à automação de bibliotecas e
apresenta-se uma solução baseada no uso da Tecnologia da Informação aplicada
na Biblioteconomia destacando Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo, Sistemas
para Gerenciamento de Bibliotecas e Ferramentas para Implementação de
Bibliotecas Digitais e Repositórios Institucionais.
Palavras-chave: Software Livre. Exclusão
Democratização. Exclusão Social. Autonomia.
vii
Digital.
Automação.
Bibliotecas.
ABSTRACT
The study discusses free software adoption in automation of libraries as economic
strategy and technological advantages. It detaches the Brazilian initiatives of
adoption of free software as strategy of democratization of the access the
technologies of the information and alternative for the technological dependence. It
argues referring concepts to the social and digital inclusion and the function of the
library as institution of free access to the knowledge. Open-source analyzes referring
concepts to the collaborative philosophy in the communities presenting the social and
technological description, aspects of the development of free software and its
application in politics of computerization of libraries and creation of terminals of public
access to the Internet. It displays some estimated referring to the automation of
libraries and presents a solution based on the use of the Technology of the
Information applied in the Library Science as Systems of Content Management
Systems, Systems for Management of Libraries and Tools for Implementation of
Digital Libraries and Institutional Repositories.
Keywords: Free Software. Digital Exclusion. Automation. Libraries. Democratization.
Social Exclusion. Autonomy.
viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 5.1 – Estrutura do Dspace ...........................................................................50
Figura 5.2 – Arquitetura do Servidor Fedora ...........................................................51
Figura 5.3 – Tela Principal do Brushtail no Open BSD............................................54
Figura 5.4 – Inserção de Artigos no Xaraya ............................................................55
Figura 5.5 – Sistema de Busca no Xaraya ..............................................................56
Figura 5.6 – Tela de Catalogação de um Documento no PMB.................................60
Figura 5.7 – Tela Principal do Open Biblio ...............................................................61
Figura 5.8 – Catalogação de um Livro no Open Biblio .............................................62
Figura 5.9 – Área de Administração do Gnuteca ..................................................... 63
Figura 6.0 – Tela Principal do Open Biblio instalado em um S.O Open BSD............64
ix
LISTA DE ABREVIATURAS
ARC – Cross Archive Search Service
CMS – Content Management System
GPL – General Public License
GNU – Gnu is Not Unix
PHP – Hypertext Preprocessor
HTML – Hypertext Markup Language
JSP – Java Server Pages
OAI – Open Archives Initiative
OSI – Open Source Initiative
RSS – Rich Site Sumary
SQL – Structured Query Language
XML – Extensible Markut Language
WSDL – Web Service Description Language
W3C – Word Wide Web Consortium
x
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................10
1.1 Justificativa e Objetivos....................................................................................11
1.2 Metodologia........................................................................................................15
2 EXCLUSÃO SOCIAL E A EXCLUSÃO DIGITAL..................................................15
2.1 Exclusão Social..................................................................................................15
2.2 Exclusão Digital..................................................................................................19
2.3 Iniciativas............................................................................................................25
3 SOFTWARES LIVRES E A FILOSOFIA OPEN SOURCE.....................................26
3.1 História do Movimento Software Livre.............................................................26
3.2 Modelo de Desenvolvimento de Softwares Livres..........................................33
3.3 Licenciamento de Softwares.............................................................................38
3.3.1 Licenças Open-Source......................................................................................39
4 AUTOMAÇÃO DE BIBLIOTECAS.........................................................................42
5 IMPLEMENTAÇÃO DE SOFTWARES LIVRES EM BIBLIOTECAS.....................47
5.1 Ferramentas para Bibliotecas Digitais e Repositórios Institucionais...........48
5.2 Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo......................................................52
5.3 Sistemas de Gerenciamento de Acervos.........................................................57
5.4 Outros Softwares Livres Relevantes................................................................64
6 CONCLUSÃO.........................................................................................................67
REFERÊNCIAS.....................................................................................................70
ANEXOS.....,..........................................................................................................75
xi
10
1 INTRODUÇÃO
O discurso contemporâneo de sociedade está centrado na valoração da
informação e na educação continuada frente às necessidades demandadas do atual
contexto econômico. O conhecimento tem valor estratégico nessa nova ordem
mundial e cabe a esfera pública, o dever de implementar políticas capazes de
socializar as tecnologias de informação e comunicação, assim como o acesso à
escola, aos livros e ao lazer. Essas políticas devem oportunizar o desenvolvimento
social e a difusão da informação como forma de promover a inclusão de grande
parte da população brasileira através da apropriação do conhecimento nas escolas,
centros culturais, empresas e a aplicação de tecnologias que atendam as demandas
sociais nestas instituições.
O alto custo de um projeto de informatização tem sido um dos maiores
empecilhos para a implementação de um ambiente de acesso ao mundo do
conhecimento através da internet e outras ferramentas multimídias. Esse impasse
somado com a dependência tecnológica corrobora para a perpetuação de um hiato
tecnológico educacional e comunicacional, que contribui para a segregação social e
em contrapartida a exclusão digital.
Falar de inclusão digital na contemporaneidade implica em uma análise
centrada nas políticas públicas, ações da sociedade civil e do setor terciário. Nesta
perspectiva a biblioteca como organismo responsável pela democratização do
acesso ao conhecimento e a informação necessita está dentro das instituições
responsáveis por programas de inclusão digital, que através de terminais de livre
acesso à internet a toda a comunidade usuária, possibilita estreitar as barreiras da
11
exclusão da informação digital, assim como também o acesso a recursos
informacionais tradicionais.
Esta instituição faz uso das novas tecnologias para automatizar seus
processos e oferecer novas ferramentas para seus usuários e dentro desta
concepção procura-se destacar algumas iniciativas brasileiras de inclusão digital,
ações concretas e projetos tomando como base o uso de softwares livres e transpor
essa abordagem para o ambiente organizacional das bibliotecas.
Como modelo prático de implementação de um ambiente de aplicações
voltadas à Biblioteconomia, apresenta-se uma descrição da experiência e
aplicabilidade de alguns softwares livres em diferentes Sistemas Operacionais nãoproprietários.
1.1 Justificativa
As organizações preocupadas com a gestão de seus bens, serviços e
produtos investem maciçamente em uma arquitetura tecnológica para possibilitar
automação de seus processos, para isto é necessário racionalizar o uso da
tecnologia da informação no ambiente organizacional.
A arquitetura tecnológica de informações engloba não só os recursos da
tecnologia da informação mas, também, todo o conjunto de informações de
uma organização, os modelos de dados e toda a infra-estrutura tecnológica
necessária para suportar os fluxos de informações (RODRIGUES;
FERRANTE apud CÂNDIDO et. al 2000, p. 41),
Neste aspecto, a instituição biblioteca como organização responsável pela
disseminação da informação e seu tratamento, entra neste contexto a partir do
momento que utiliza tecnologias para criar seus catálogos automatizados, passa a
disponibilizar seus serviços na Internet e usa aplicações para gerenciar suas rotinas.
12
Para tal é necessário o uso de softwares específicos para gerenciamento de acervos
e disponibilização de conteúdos em rede, e os existentes no mercado atendem às
necessidades informacionais através de padrões internacionais, entretanto são
demasiadamente caros e muitas vezes estão fora de orçamentos de bibliotecas,
principalmente àquelas vinculadas à esfera pública ou comunitária.
Como forma de contrapor esse impasse, os softwares livres apresentam
uma alternativa para quem precisa de estabilidade, qualidade, autonomia e não
dispõe de recursos para investir em uma tecnologia proprietária. Assim o enfoque
dado aos softwares livres tem sido amplamente debatido nas Universidades, ONG´s,
Empresas e Poder Público. As principais discussões em torno do uso das
tecnologias livres têm sido a respeito da importância social destas em políticas de
inclusão digital, pois os altos custos e a dependência tecnológica com softwares
proprietários criam barreiras para a socialização e aperfeiçoamento do uso das
tecnologias de informação e comunicação, deixando-as como privilégios de poucos.
Pinheiro (2003, p.286) aponta para esse fator:
O Estado, como ente fomentador do desenvolvimento tecnológico e da
democratização do acesso às novas tecnologias para a sociedade, não
pode se furtar a sua responsabilidade de priorizar a utilização de programas
abertos, os “free softwares/open source”. E se as pequenas, médias e
grandes empresas multinacionais já estão adotando programas abertos,
evitando assim o pagamento de centenas de milhões de dólares em
licenciamento de programas, por que o Estado, com uma infinidade de
causas sociais carentes de recursos, continuar comprando, e caro, os
programas de mercado?
Nesta perspectiva, pretende-se analisar as principais iniciativas no Brasil
para o uso de softwares livres, medidas de combate à exclusão digital e colocar a
biblioteca como uma das instituições inclusiva de informação, que através do uso de
ferramentas computacionais em sintonia com os meios tradicionais, favorecem a
aquisição, produção e disseminação do conhecimento. Verificar-se-á também as
principais tecnologias livres utilizadas em bibliotecas: softwares livres para
13
gerenciamento automatizado de acervo e administração de bibliotecas, algumas
ferramentas para implementação de repositórios e bibliotecas digitais, sistemas de
gerenciamento de conteúdos na web, dentre outras tecnologias de código-fonte
aberto.
1.2 Metodologia
A pesquisa aplicada em Biblioteconomia e Ciência da Informação tem
caráter puramente interdisciplinar e multidisciplinar, já que a informação é objeto de
estudo de inúmeras áreas do conhecimento e perpassa pela comunicação,
computação, lingüística e as ciências sociais.
Muitos teóricos sustentam essa idéia, a exemplo Saracevic, (1996, p.48)
em seu debate sobre as origens da ciência da informação e seu caráter de
interligação com diversos campos do conhecimento O autor ratifica que a
Biblioteconomia, Inteligência Artificial, Ciência Cognitiva, Comunicação influenciam
diretamente. Segundo Gómez (2000, p. 334), a ciência da informação surge no
horizonte de transformações das sociedades contemporâneas que passaram a levar
em consideração o conhecimento, a comunicação e os usos da linguagem como
objeto de pesquisa científica ao mesmo tempo em que domínios de intervenção
econômico-tecnológica.
Essas investigações sobre os pressupostos teóricos e metodológicos,
analisando os aspectos epistemológicos que envolvem a Ciência da Informação
enquanto disciplina científica é o cerne para o entendimento dos fenômenos
informacionais. O modelo paradigmático da pesquisa é proposto através de uma
análise histórica que visa analisar a realidade objetiva levando em consideração os
condicionantes filosóficos.
14
Analisar a inclusão digital é investigar as nossas práticas, nossa
transferência de conhecimento e então o problema é de ordem reflexiva sobre o
processo de transferência. Esta é uma premissa sustentada na visão de Simões,
(1996, p.82), afirmando que:
Nossas reflexões sobre a produção do conhecimento partem de dois
pressupostos epistemológicos: (a) o conhecimento é gerado na prática, nas
relações sociais concretas e (b) a realidade está constantemente em
movimento e, portanto, constituindo-se.
A partir desta base conceitual, convém demonstrar os procedimentos
metodológicos que serão utilizados na problemática da inclusão digital aplicada às
bibliotecas.
Será realizada uma pesquisa documental com base em relatos de
experiências; artigos técnico-científicos tanto em forma impressa quanto eletrônica;
sites oficiais de projetos; assim como livros especializados e recursos audiovisuais
(filmes e documentários).
Após essa revisão de literatura serão analisadas as principais iniciativas
de disseminação do uso e desenvolvimento de tecnologias de código-fonte aberto
como estratégia de inclusão digital no Brasil. A compreensão teórica do movimento
do software livre será sustentada por artigos internacionais e publicações nacionais.
Será realizado também um estudo sobre alguns aplicativos baseados em
código aberto para informatização de bibliotecas, destacando tecnologias, recursos,
portabilidade, interoperabilidade e outras características recomendáveis em
sistemas automatizados para unidades de informação e a decorrente instalação em
servidores para melhor análise de desempenho.
Com base nestes pressupostos e com algumas experiências práticas
poder-se-á investigar a exposta problemática para potencializar a discussão dentro
da Biblioteconomia, Ciência da Informação e Informática.
15
16
2 EXCLUSÃO SOCIAL E A EXCLUSÃO DIGITAL
A exclusão social e digital serão abordadas neste capítulo enfatizando
conceitos, relações e algumas iniciativas existentes no Brasil para o combate da
exclusão digital. Os aspectos sociais e econômicos serão apontados de acordo com
a literatura pesquisada bem como questões pertinentes à políticas publicas voltadas
ao acesso ao conhecimento.
2.1 Exclusão Social
As maiores discussões sobre planos de inclusão social levam em conta
fatores como moradia, segurança alimentar, reforma agrária, desemprego, questões
étnicas, educação, cultura e políticas voltadas a portadores de necessidades
especiais. Na literatura existe uma grande variedade de definições sobre exclusão
social, portanto não existe uma abordagem teórica precisa referente ao conceito.
Nesse sentido Iizuka (2003, p. 13) em seu estudo exploratório sobre
exclusão digital coloca que existem diversas formas para se conceituar a exclusão
social, mas de acordo como os autores pesquisados, dois eixos principais norteiam
as definições: os efeitos, impactos do sistema capitalista, do mercado de trabalho,
as questões sociais, perdas de direitos derivados da transformação do Estado e das
suas políticas.
Para Sawaia (apud IIZUKA, 2003, p.3), as análises referentes à exclusão
social enfocam apenas uma perspectiva em detrimento das demais, como as
análises centradas na esfera econômica, que abordam a exclusão como sinônimo
de pobreza, e as centradas no social que privilegiam o conceito de discriminação,
minimizando um dos aspectos fundamentais da exclusão que é o da injustiça social.
17
A questão do mercado de trabalho é um fator de extrema relevância, já
que os altos índices de desemprego no Brasil formam um ciclo de segregação
social, gerado pela mecanização e o uso de tecnologias aplicadas nos modos de
produção e a não-capacitação do trabalhador para esta realidade, embora isso não
seja o fator determinante para construção de um conceito sólido de exclusão social.
É provável que o termo exclusão social esteja relacionado com o desemprego e a
precarização do mercado de trabalho, entretanto, isso não implica, necessariamente,
que ao longo dos anos não se tenha agregado outros fatores além da ausência de
emprego. (IIZUKA, 2003, p.15).
O modelo de sistema como um todo contribui maciçamente para uma
definição de exclusão centrada na perspectiva econômica, pois emite na esfera
social um padrão de comportamento consumista baseado na aquisição de bens e
serviços para a inserção do indivíduo e grupos na cultura capitalista.
O comportamento dos grupos que apropriam do excedente, condicionado
que é pela situação de dependência cultural em que se encontram tende a
agravar as desigualdades sociais, em função do avança na acumulação.
Assim a reprodução das formas sociais, que identificamos com o
subdesenvolvimento, está ligada a formas de comportamento
condicionadas pela dependência (FURTADO, 1974, p. 82).
Para Castel (apud IIZUKA, 2003, p. 16-17), a exclusão seria imóvel, ao
denotar estados de privação, enquanto que a conceituação de desafiliação procura
valorizar os processos que geram aquela situação. A exclusão não é uma ausência
de relação social, mas um conjunto de relações sociais particulares da sociedade
tomada como um todo. Desta forma o autor demonstra ainda que é preciso analisar
os processos e as relações de exclusão e não apenas o fato em si, ou seja, a
dinâmica pela qual as pessoas foram levadas a essa situação e além disso, deve-se
perceber que a exclusão social é uma forma de relação social inserida numa
realidade indivisível. Observa-se que este conceito propõe uma rede de interligação
18
com diversos fatores, como questões históricas de uma determinada sociedade e
sua relações políticas e culturais.
Dentre inúmeros conceitos, Sawaia apud Iizuka, (2003, p. 18), coloca que
é necessário compreender as causas primeiras que levam à exclusão e sistematizar
a análise de acordo com a realidade objetiva e toda a complexidade de uma
estrutura social. O autor firma que:
[...] é um processo multifacetado, uma configuração de dimensões materiais,
políticas, relacionais e subjetivas é um processo sutil e dialético, pois só
existe em relação à inclusão com os outros. Não é uma coisa ou estado, é
um processo que envolve o homem por inteiro e suas relações com os
outros. não tem uma forma única e não é falha do sistema, devendo ser
combatida como algo que perturba a ordem social, ao contrário, ele é
produto do funcionamento do sistema. (SAWAIA apud IIZUKA, 2003, p. 18)
Dentro desta conceituação o autor assinala que o processo de exclusão
não pode ser encarado sob uma ótica reducionista, culpando sempre o sistema
capitalista, não podemos direcionar a discussão para um único fator e sim trabalhar
a idéia de que existe toda uma construção histórica e diversos fatores objetivos e
subjetivos que influenciam no entendimento da exclusão social. A exclusão não é
um fato restrito e isolado e sim um processo sistematizado historicamente.
Outro problema referente à exclusão social é o mapeamento para
compreender a extensão da exclusão existente em um determinado território, muitas
vezes os índices não refletem a verdadeira realidade do número de pobres e
excluídos. A quantificação dos fatos sociais reduz a realidade de indivíduos em
números, sendo que estes vivem em condições precárias, distanciando-os do nível
ideal de qualidade de vida e contribuindo para a exclusão e o aumento da pobreza.
Utilizou-se no final da década de 60 o indicador macroeconômico do PIB
per capita para mensurar a extensão da pobreza nos países. Este indicador aplicado
em países com grande concentração de renda poderia ser entendido como um país
19
com condições de vida adequada na medida em que o PIB per capita é
relativamente elevado. Esta modalidade de análise social foi amplamente criticada
por
causa
da
fragmentação
da
realidade
sócio-econômica
de
um
país,
estabelecendo apenas generalizações através de médias e não as particularidades.
Spoti apud Iizuka (2003, p.20). Como bem coloca lizuka (2003, p.21):
A despeito do mérito em quantificar o número de pobres no mundo e do
avanço da generalização proposta a partir do PIB per capita, a exclusão
social, ou seja, são suprimidos outros fatores como a carência educacional,
o não acesso à saúde, a falta de perspectiva de emprego, trabalho e renda
etc.
A partir desta colocação, o autor apresenta uma crítica às formas de
compreender
as
camadas
socialmente
excluídas
através
de
números
e
padronização da realidade. Para que tenha um método mais eficaz de análise, Iizuka
(2003, p. 22) propõe que a história, o processo de vida e o contexto em que vive
cada indivíduo são algo que o distingue das outras pessoas e, portanto, não há
porque tratar de forma homogênea algo que é naturalmente heterogêneo. No Brasil
então esta crise de ordem metodológica parece ser ainda mais visível, devido a sua
extensão territorial e diversidade cultural.
Silveira (2003, p. 31) afirma que as eficácias das várias iniciativas ainda
não é visível exatamente pela sua dispersão, pela ausência de indicadores
consolidados, pela inexistência de uma coordenação pública unificada da
implementação dos projetos de inclusão. Posto isso se verifica que pesquisas de
mensuração são de extrema relevância, mas ainda não existe um total compromisso
em desenvolver um levantamento mais preciso de todo os pontos fundamentais do
processo de exclusão.
Faz-se necessário tomar como referência essa abordagem conceitual
sobre exclusão social para poder trabalhar a idéia de exclusão digital. O uso das
tecnologias de informação e comunicação e do acesso ao conhecimento registrado
20
em dispositivos eletrônicos proporciona ainda mais a sociabilização do indivíduo na
modernidade, fator este de significativa importância para uma sociedade dinâmica
que tem como eixo central a automação de tarefas e a comunicação sem fronteiras.
Acompanhar a evolução tecnológica e usufruir da produção intelectual
são insumos primordiais no atual contexto e todo cidadão deve fazer parte dessa
nova organização social independente de questões sexuais, étnicas, ideológicas e
classe social.
2.2 Exclusão Digital
Igualmente à exclusão social, a exclusão digital apresenta inúmeras
variações conceituais e terminológicas: analfabetismo tecnológico, divisão digital,
apartheid digital, infoexclusão etc. Independente de termos, todas tem como fator
determinante o acesso às tecnologias digitais, em especial a rede mundial de
computadores: a Internet ou www. A origem dessa discussão é explicitada abaixo:
O termo exclusão digital ou divisão digital (digital divide) tem a sua origem
em meados da década de 1990 como a publicação de um artigo de
Jonathan Webber e Amy Harmon no jornal Los Angeles Times em 1995, de
acordo com Larry Irving da Irving.com, Andy Carvin da Benton Foudation diz
que no ínicio de 1996 houve uma declaração de então presidente Bill Clinton
e do vice-presidente Al Gore em que ambos citam o termo digital divide num
discurso realizado em Knoxville, Tenesse. É justamente no país que foi o
berço da internet e que conta com o maior número de usuários em todo
mundo e como uma diversidade no uso das novas tecnologias que surge o
termo digital divide, um quase “equivalente” de exclusão digital. (IIZUKA,
2003, p. 37).
É um paradoxo um país como os Estados Unidos levantarem questões
referentes à exposta temática, pois de um lado tem uma política excludente em
relação aos demais países dependentes e de outro apresenta um grande número de
pessoas usuárias de ferramentas tecnológicas, sem contar que os padrões técnicos
da informática são comandados por instituições norte-americanas. A internet é a
21
principal ferramenta de acesso ao mundo do conhecimento e da sociedade em rede,
e quando tomamos os indicadores brasileiros nos deparamos com uma situação
extremamente grave: a desigualdade.
A internet possibilita que a democratização de discursos, problemas
identificados e caminhos sugeridos sejam instantâneos. Mas, para isso é necessário
que o acesso às novas tecnologias e à rede WWW seja universal. Caso contrário, a
possibilidade de exercício de democracia através das tecnologias digitais de
comunicação e informação é falácia. É conveniente ressaltar que por um lado a
internet no Brasil vem retratar o agravamento de desigualdades sociais, econômicas
e políticas, uma vez que a concentração de renda e acesso a bens como
computadores e linhas telefônicas no país é privilégio de tão poucos, que criam-se
duas novas categorias sociais: os que têm acesso à internet e os que não têm, de
um lado uma parcela muito pequena da população que transita num universo de mil
possibilidades – de outro uma quantidade significativa que só ouve contarem sobre a
nova realidade (LIMA; SELAIMEN, 2003, p. 66).
É extremamente complexo um país em desenvolvimento como o Brasil
solucionar a curto prazo essas disparidades sociais. Na democracia, o bem maior é
a igualdade perante a lei e a segurança do cidadão, essa igualdade diz respeitos à
celebração dos valores éticos, jurídicos e humanos.
No Brasil a história demonstra que os recursos destinados às escolas e
programas sociais são utilizados para a manutenção da classe dominante e
implantação de medidas neo-liberais para legitimação da doutrina capitalista global.
Como exemplo prático tem-se a inviabilização do programa de inclusão
digital
denominada
de
Telecomunicações – FUST.
Fundo
de
Universialização
dos
Serviços
de
22
De acordo a lei Nº 9.998, de 17 de agosto de 2000 sobre o Fundo de
Universalização dos Serviços de Telecomunicações, caberá ao Ministério das
Comunicações através da Anatel formular as políticas, as diretrizes gerais e as
prioridades que orientarão as aplicações do Fust, bem como definir os programas,
projetos e atividades financiados com recursos do Fundo.
A consulta ora em exame se refere a questões relativas à possível utilização
de recursos do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações
- FUST para a contratação de serviços de implantação, manutenção de
utilização de acesso a redes digitais de informação, inclusive internet, a
instituições de ensino, bibliotecas e instituições de saúde. O serviço incluiria
também a disponibilização dos computadores e programas que
possibilitariam o acesso às redes digitais. (BRASIL, MINISTÉRIO DAS
COMUNICAÇÕES,
2004).
Neste projeto seriam adquiridos 290 mil computadores, 46 mil
impressoras, 16 mil scanners e outros equipamentos. Em três anos, seria investido
1,5 bilhão de reais no combate à exclusão digital no país (MIRANDA, 2003, p.255).
O Governo retirou 2,6 bilhões de reais dos recursos destinados ao Fust nos anos de
2001, 2002 e 2003. O FUST abriria a possibilidade de um programa apoiado em
software livre. Os laboratórios de informática nas escolas seriam como campo de
várzea, um seara especial para a formação de nossos futuros craques em
tecnologia. A base indispensável para uma grande alavancagem do Brasil no
caminho da autonomia tecnológica, formando as atuais e futuras gerações em
software livre e em tecnologia da informação (MIRANDA, 2003, p. 255-256).
Silveira (2003, p. 29) propõe a idéia de transformar a inclusão digital em
uma política pública sustentada em quatro pressupostos:
Primeiro, o reconhecimento de que a exclusão digital amplia a miséria e
dificulta o desenvolvimento humano, local e nacional. A exclusão digital não
representa uma mera conseqüência da pobreza crônica. Torna-se fator de
congelamento da condição de miséria e de grande distanciamento em
relação às sociedades ricas. Segundo, a constatação de que o mercado não
irá incluir na era da informação os extratos pobres e desprovidos de
dinheiro. A própria alfabetização e a escolarização da população não seriam
maciças se não fosse pela transformação da educação em política pública e
gratuita. A alfabetização digital e a formação básica para viver na
23
cibercultura também dependerão da ação do Estado pra serem amplas ou
universalistas. Terceiro, a velocidade da inclusão é decisiva para que a
sociedade tenha sujeitos e quadros em números suficiente para aproveitar
as brechas do desenvolvimento no contexto da mundialização de trocas
desiguais e, também para adquirir capacidade de gerar inovações. Quarto, a
aceitação de que a liberdade de expressão e o direito de se comunicar
seriam uma falácia se fossem destinados apenas à minorias que tem
acesso à comunicação em rede. Hoje o direito à comunicação é sinônimo de
direito à comunicação mediada por computador. Portanto, trata-se de uma
questão de cidadania.
Em um país como Brasil percebe-se que milhares de pessoas estão à
margem do exercício da cidadania, parece inútil falar sobre acesso à comunicação e
a informação mediada por computadores, mas como pode-se ter uma sociedade
mais digna se a própria dinâmica social demanda novos processos produtivos e
novas competências profissionais? Como dá acesso à internet e capacitar pessoas
que não tem o que comer, onde morar e muito menos o que vestir? Seria realmente
interessante resolver a questão da exclusão digital e deixar de lado as pessoas que
não usufruem dos princípios básicos de sobrevivência? O problema é que também
não deve-se ignorar as crianças que freqüentam escolas públicas e não possuem
uma formação baseada no uso de recursos multimídias para ampliarem seus
conhecimentos, sendo que muitas dessas escolas poderiam ser contempladas com
uma política pública de inclusão centrada no uso da tecnologia educacional. Assim
como também não pode-se dar as costas aos programas de incentivos à leitura em
comunidades desprovidas de bibliotecas e centros de cultura, esses indivíduos se
não fizerem parte desse novo modelo de ensino e comportamento poderão contribuir
com a violência e comprometer a soberania nacional.
É difícil estabelecer uma boa perspectiva para esses estudantes no
mercado de trabalho, já que a exigência de conhecimento mínimo de informática em
qualquer atividade é um pré-requisito cada vez mais presente no Brasil e no mundo:
basta verificar os editais de concursos públicos, quer para a esfera federal como
24
para a estadual ou a municipal, que exigem que o candidato comprove estes
conhecimentos.
A cada ano perdido, o abismo entre o saber e a informação e a exclusão
se torna maior. Em muitos casos, este caminho não tem volta, pois o estudante, ao
mesmo tempo em que avança em sua estrutura curricular, também é lançado ao
mercado sem o adequado conhecimento de informática, a esta altura sem qualquer
chance de retornar aos bancos escolares, impingidos pelas necessidades da vida. O
resultado é que milhares de alunos não tem noção do que é um simples teclado ou
mesmo um mouse, sem ter a chance de concorrer a um emprego, sem ter a chance
de buscar uma vida melhor. A estes, está sendo decretado um outro tipo de
analfabetismo. A estes analfabetos, os políticos deverão dar explicações nos
próximos anos, especialmente porque não se deixou de arrecadar os recursos, junto
às empresas de telecomunicações neste período (SILVA, 2004).
Segundo dados do IBGE, o Brasil tem hoje 20 milhões de pessoas
incapazes de ler e escrever. Entretanto, ainda não se sabe os analfabetos digitais,
aquela categoria de pessoas despreparadas para viver a interação com as
máquinas. A precariedade de condições a que essas pessoas estão submetidas
colocam-nas também, muito provavelmente, integrando os índices do desemprego e
do trabalho informal, crescentes em nossa realidade (BAGGIO, 2000, p. 16).
Os recursos do Fust precisam ser introduzidos de forma racional no
ambiente educativo, pois existe uma grande brecha no que diz respeito ao uso da
informática e outras tecnologias nas escolas e bibliotecas. O FUST é um importante
programa governamental para estreitar as diferenças do uso das tecnologias de
informação e comunicação na sociedade brasileira.
25
O mundo da tecnologia digital e da interatividade multimídia fascina a
vida de crianças e adolescentes, seja com atividades lúdicas: bate-papos, jogos,
vídeos e sons ou escolares: transferência de arquivos, digitação e pesquisa em sites
de busca. Segue um relato de uma experiência do uso das tecnologias e seu
fascínio causado nas crianças e adolescentes da cidade de São Paulo através do
Projeto Clicar da USP.
Todos os dias, algumas crianças paulistanas vão ao centro interativo de
ciências da Universidade de São Paulo (USP), a Estação Ciência, no bairro
da Lapa. Algumas chegam de trem, outras de ônibus e umas a pé mesmo.
Em vez da tradicional rotina de ir pedir dinheiro nas portas dos carros, ou
vender doces nos sinais de trânsito, esses meninos e meninas de rua, de 6
a 17 anos esquecem os problemas de suas duras realidades por algumas
horas e entram no mundo da informática, pelo Projeto Clicar, uma
experiência nova e diferente na educação com computador. O projeto surgiu
em 1996, quando a nutricionista Dirce Pranzetti, a professora de Educação
Física Maria Cecília Toloza e o estudante de História Ricardo Cunha foram
incumbidos de realizar uma pesquisa para a Estação Ciência e a
organização não-governamental Cepeca (Centro de Estudos e Pesquisa da
Criança e do Adolescente). Um fenômeno estranho acontecia: as crianças
de rua visitavam a Estação Ciência espontaneamente, e a pesquisa deveria
descobrir por que aquele espaço as atraía tanto. Partimos da proposta de
buscar entender a presença e freqüência inusitadas deles num local como
um centro de ciências, diz Cecília (ROCHA, 2001, p.10).
Outro empreendimento social que merece ser destacado são as Escolas
de Informática e Cidadania (EIC) liderado pela ONG Comitê de Democratização da
Informática, que tem como objetivo oferecer o acesso e a capacitação de pessoas
excluídas do meio digital. Oferecem gratuitamente em comunidades pobres
subsídios para montar uma infra-estrutura com equipamentos doados por empresas
e sistematizar práticas pedagógicas e administrativas através de capacitação dos
instrutores de informática (membros da própria comunidade). Baggio (2000, p. 17).
Essa proposta já causou inúmeras melhorias nas vidas das pessoas contempladas
com o projeto, como bem descreve a experiência:
Cercado pelas grades da Penitenciária Lemos de Brito, o ex-metalúrgico
Altamiro Serra, de 34 anos, condenado a 12 anos de prisão por seqüestro,
jamais imaginou que poderia encontrar futuro no confinamento. Até chegar
à cadeia, nunca havia posto as mãos em um computador. “Tinha até
26
medo”, confessa. Venceu o temor, fez o curso e tornou-se instrutor. Suas
lições de informática já diplomaram dezenas de outros presos, 18 guardas
e nada menos do que 2 diretores da penitenciária. “O computador não é
nenhum bonequinho de louça. Só é preciso falar o idioma dele”, afirma. À
espera da liberdade condicional, ele já sabe o que fazer quando sair. “Vou
trabalhar nessa área”. Não é o único. Hélio Bittencoutt de 33 anos, sonha
ensinar crianças carentes. Arthur Write Alvarenga, de 38, planeja abrir um
cyber cafe (BAGGIO 2000, p. 17).
Estas iniciativas sociais possibilitam a socialização destes recursos
tecnológicos, mas o modelo proposto neste estudo enfoca-se os softwares livres
como instrumento de combate à exclusão digital e para isto procurou-se analisar
essas questões em um tópico separado devido às inúmeras iniciativas existentes no
Brasil. Faz-se necessário conceituar e verificar algumas propriedades relacionadas
às tecnologias abertas, bem como: histórico, desenvolvimento, licenças, filosofia e
outras considerações. Após esta fundamentação, pretende-se estabelecer uma
relação entre o uso do software livre e iniciativas concretas de inclusão digital e uma
proposta de implantação desses conceitos no âmbito das bibliotecas.
2.3 Iniciativas
No Brasil ultimamente o assunto sobre exclusão digital tem sido debatido
como muita freqüência, sendo de instrumento estratégico do governo e
organizações privadas e sem fins lucrativos (SILVEIRA, 2003, p. 22). Analisar o
andamento das atividades públicas é um direito do cidadão, que deve ser exercido
de forma direta. O papel de muitas instituições como a universidade, escolas,
empresas, bibliotecas e centros culturais participam da transferência de inteligência
coletiva para o meio social, quer seja com a produção e socialização de
conhecimento em atividades de extensão, projetos culturais e científicos.
27
Muitos projetos de inclusão digital estão ligados ao uso de softwares livres
e padrões abertos devido ao não-pagamento de royalties e liberdade de uso e
distribuição, proporcionando assim, maior autonomia tecnológica e econômica.
Telecentros, documentação pública, comunidades de discussão, cursos
de capacitação, desenvolvimento de softwares e eventos são algumas das
iniciativas que merecem ser destacadas. No anexo A, segue uma lista de algumas
iniciativas existentes no Brasil que visam estreitar a exclusão digital.
28
3 SOFTWARES LIVRES E A FILOSOFIA OPEN SOURCE
Para melhor entendimento do objeto em foco, será necessário ratificar os
principais fatos ocorridos que levaram ao surgimento e consolidação dos softwares
livres. Uma ótima referência sobre o movimento do software livre é o filme
Revolution OS, do diretor J.T.S Moore. O documentário traça uma historiografia
audiovisual destacando os principais personagens do movimento em prol da filosofia
do código aberto e será referência para o embasamento sobre a história dos
softwares livres neste. Utilizar-se-á também autores como Söderberg, Stallman,
Raymond, Bretthauer, Moglen, Healy, Taurion no escopo deste tópico para sustentar
teoricamente a base histórica, conceitual e filosófica da comunidade open source.
3.1 História do Movimento Software Livre
A história do software livre tem forte relação com a história dos sistemas
operacionais e a evolução dos computadores. Conforme Ritchie (2004), por volta
dos anos de 1968 a 1969 os Laboratórios Bell necessitavam de um sistema
operacional e então se decidiu desenvolver um. Logo se deu início ao projeto
Multics. Devido aos grandes gastos e problemas técnicos, os Laboratórios Bell
decidiu abandonar o projeto e então K. Thompson, Ritchie, M. D. McIlroy, J. F.
Ossanna que estavam envolvidos no projeto decidiram continuar o Multics.
Decidiram comprar uma máquina de média escala e começar a escrever um sistema
operacional para ela.
As máquinas sugeridas foram DEC PDP-10 e o sigma 7 do SDS, mas
devido a alguns problemas com os processadores dessas máquinas resolveram
29
utilizar um PDP-7. Thompson desenvolveu um jogo chamado Viagem ao Espaço
para Multics em uma máquina GE 645, posteriormente migrou o jogo para a
plataforma PDP-7 e em parceria com os demais colegas, escreveu um sistema de
arquivos e um interpretador de comandos, criando assim um novo sistema
operacional. Em 1970, Brian Kernighan sugeriu o nome Unix em substituição ao
Multics (RITCHIE, 2004).
A partir daí o Unix passou a ser distribuído gratuitamente juntamente com
seu código fonte para universidades e institutos de pesquisa. O Unix é um S.O
multiusuário, pois permite que vários usuários utilizem o mesmo computador ao
mesmo tempo, por meio de terminais remotos, e também é um sistema operacional
multitarefa, pois permite que vários programas sejam executados simultaneamente
(FERREIRO, 2003, p. 21).
No início o Unix foi escrito em linguagem Assembly, mas com a
necessidade de portar para diversas plataformas de hardware, foi necessário alterar
seu código-fonte para outra linguagem e isso acarretou na criação de uma nova
linguagem de programação, denominada C. Assim o Unix foi todo rescrito em
linguagem C e passou a ser executado em diversos tipos de computadores.
(FERREIRO, 2003, p. 22).
O Sucesso do Unix fez com que muitas instituições desenvolvessem suas
próprias distribuições, como bem demonstra Christoph (2004, p, 2).
[...] o Unix ganhou popularidade e diversos canais de distribuição do
sistema operacional e de suas aplicações apareceram pelo mundo. O mais
famoso destes foi o Berkeley Software Distribution (BSD) que foi
estabelecido em 1977. O grupo BSD fez diversas modificações no Unix,
uma parte destas foram feitas pelos seus próprios membros e outras foram
feitas através de contribuições de código fonte vindas de pessoas de fora. O
resultado era distribuído gratuitamente, e o sucesso foi tanto que esta
versão foi escolhida pelo DARPA (Defense Advanced Research Projects
Agency) para ligar os nós de pesquisa da Arpanet, que mais tarde se
tornaria a Internet. Algumas das maiores contribuições do BSD foram os
famosos Sendmail e BIND (Berkeley Internet Name Domain).
30
Em 1971 no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, uma comunidade
de hacker1 desenvolveu um sistema operacional completo, denominado de Sistema
de Tempo Compartilhado Incompatível (Incompatible Timesharing System). Nesta
comunidade existia o programador Richard Stallman, este era responsável pela
administração e aperfeiçoamento do Sistema Operacional escrito no laboratório do
MIT (MOORE, 2001). O interessante é que neste laboratório não existiam senhas
nos computadores, as informações eram compartilhadas livremente e os softwares
eram desenvolvidos e repassados, sendo um bem socializado a todos que
utilizavam computadores.
Em 1979, a Xerox doou uma impressora a laser ao Laboratório de
Inteligência Artificial do MIT. A impressora não era estável e freqüentemente o papel
travava e a impressão parava, o que induziu Richard Stallman a pedir à Xerox o
código-fonte do driver2 que controlava a máquina. Stallman planejava modificar o
programa para que ele respondesse a defeitos. Para ele, tratava-se de um pedido
corriqueiro, já que no ambiente de liberdade acadêmica do laboratório, os
programadores trabalhavam em conjunto, constantemente tomando de empréstimo
1
O termo hacker tem, em geral (senso comum), o significado de "pirata eletrônico". Mas além dessa
designação em voga na mídia geral existe muita história. Muitas pessoas se auto-denominam
"hackers", em essência designando-se como "fuçadores" (pessoas que se interessam por serem
especialistas em programação), ávidas por conhecimentos em informática.Quando um hacker usa
seus conhecimentos para causar danos a outros passa a ser chamado cracker. Existem também os
hackers com conhecimento avançado em telefonia conhecidos como "phreakers". No entanto o termo
tem um sentido muito peculiar para a auto-denominada "comunidade hacker": ser um hacker
pressupõe que, além do conhecimento que uma pessoa tem, essa pessoa distribui seu conhecimento
para os outros de forma livre e pragmática, baseado no pensamento simples de que "existem
demasiados problemas: você deve se preocupar com novos problemas sempre, e deixar as soluções
já encontradas livremente acessíveis a qualquer um que precise dessas soluções (para que não
tenham que "reinventar a roda") e assim possam se dedicar utilmente aos novos problemas". Porém,
a maioria das pessoas simplesmente prefere chamá-los de "piratas" eletrônicos, pessoas que
desenvolvem programas para interceptar mensagens eletrônicas, decodificar segredos e penetrar em
sistemas protegidos. A origem do termo remonta a tempos pré-informacionais, quando existiam
artesãos que usavam como principal ferramenta de trabalho o machado. Eles foram os primeiros
hackers. (WIKIPEDIA, 2004). Assim neste trabalho o termo hacker será utilizado com o sentido de
elite digital e não fazendo referência aos invasores de sistemas.
2
Programa (software) que controla um dispositivo de hardware. (DICIONÁRIO DE INFORMÁTICAUFMG, 2004).
31
e manipulando os códigos uns dos outros. Além do mais, a Xerox havia dado a
Stallman o código fonte de uma impressora anterior, também problemática. Dessa
vez, porém, a Xerox se recusou, pois adquirira copyrights sobre o código fonte
(DUCLÓS, 2001).
Stallman soube que um amigo da Universidade Carnegie Mellon tinha o
código-fonte do driver da impressora e então pediu-lhe uma cópia e esta foi negada
devido a um acordo assinado com a Xerox para não divulgar o software.
(STALLMAN apud BRETTHAUER, 2004). Este episódio levou Stallman a refletir
sobre o princípio de cooperação existente nas comunidades de programadores e
pode-se afirmar que as raízes do movimento estão inseridas neste contexto, pois a
forma de funcionamento dos sistemas e o modelo de desenvolvimento de softwares
no laboratório de Inteligência Artificial é uma das primeiras propostas de liberdade
de uso das tecnologias computacionais, que mais tarde seria a base filosófica para a
consolidação do movimento do software livre com o Projeto GNU e a Free Software
Foundation.
Três anos antes a esse episódio, em de janeiro de 1976, Bill Gates e Paul
Allen decidem criar a Microsoft e começam a desenvolver as linguagens e sistemas
operacionais para os primeiros microcomputadores. Em 1981 lança a primeira
versão do MS-DOS, o primeiro sistema operacional da Microsoft. Bill Gates publicou
uma nota no boletim de notícias do Clube Home Brew Computer no Vale do Silício,
no qual continha os principais fundamentos sobre o modelo de software proprietário,
sendo a Microsoft uma das pioneiras deste modelo de produção e licenciamento. O
artigo alegava que o software como propriedade intelectual não deveria ser
distribuída gratuitamente e com acesso ao código-fonte, pois qualquer um poderia
32
se apropriar do produto e comercializar sem manter os direitos autorais do
responsável pelo desenvolvimento (MOORE, 2001).
O projeto GNU surgiu no início dos anos 80, com Richard Stallman fundou
uma organização com bases filosóficas e tecnológicas denominada Free Software
Foundation (www.fsf.org). GNU significa GNU is not Unix, que é um anacrônico à
própria sigla GNU.
[...] Em 1984 Stallman saiu do seu trabalho, mas conseguiu o laboratório de
Inteligência Artificial do MIT para o desenvolvimento do sistema GNU.
Inicialmente desenvolveu o editor de textos Emacs e em seguida o
compilador gcc (Gnu C Compiler), pois para se criar um programa é
necessário um editor onde possa de escrever o código e um compilador
para transformar o código em um arquivo executável. (BACIC, 2003, p.12).
Para desenvolver e distribuir o software sob o que se chamou de General
Public License (GPL), a Licença Pública Geral, propondo também o conceito de
copyleft.
A FSF é conhecida pelo seu grande idealismo, e todos os seus sistemas
podem ser copiados ou modificados de acordo com a vontade do usuário, contanto
que estes não adicionem restrições próprias ao resultado, não sendo possível, por
exemplo, cobrar pelo todo ou parte de um software gerado a partir de um projeto
GNU. A maioria da verba usada pelo projeto GNU vem hoje em dia de doações
individuais, sendo que essas doações, em 2002 representaram cerca de 67% do
fundo operacional do projeto (GNU apud CHRISTOPH, 2004, p. 6).
No início dos anos 80, O BSD da Universidade de Berkley era um opção
por ser um sistema operacional livre baseado no kernel 3do Unix que fora licenciado
pela AT&T e devido a alguns problemas legais com a AT&T e fragmentação do
3
Núcleo. O nível de um sistema operacional ou de rede que contem os comandos de nível de sistema
ou todas as funções escondidas do usuário. Num sistema UNIX, o kernel é um programa que contem
os drivers de dispositivos, rotinas de administração de memória, o programador, e sistemas de
chamada. Este programa está sempre rodando quando sistema está operando (RUDY´S POINT,
2004).
33
código-fonte, desenvolvedores e usuários não-institucionais aderiram a este S.O
lentamente.
O projeto GNU estava obtendo sucesso na comunidade hacker com seus
programas abertos, mas ainda precisava de um kernel no qual pudesse agregar
esses programas, pois até então instalavam-se programas GNU em máquinas Unix
da Sun e outras plataformas. Stallman publicou anúncios convidando outros
programadores a colaborarem no desenvolvimento e aperfeiçoamento de programas
do projeto GNU.
Em 1989-1990, um estudante de ciência da computação da Universidade
de Helsínquia, Linus Torvalds, começou o projeto de um sistema operacional. Linus
começou adaptando uma ferramenta destinada ao ensino de ciência da computação
na sua universidade, o Sistema MINIX. O MINIX era um sistema de operação de
curso com soluções básicas aos problemas básicos para computadores Unix em
processadores Intel x86. Logo Linus começou a desenvolver em cima deste kernel,
que o nomeou Linux, para melhor compatibilidade com o design do seu sistema
optou usar os componentes GNU. (MOGLEN, 1999). Neste caso Linus optou utilizar
o editor Emacs e o compilador GCC para a linguagem de programação C, tendo
então seu Sistema Operacional compatível com os softwares do projeto GNU.
O resultado do trabalho de Torvalds foi liberação na internet em 1991 e a
escolha da licença GPL da Free Software Foudation para seu sistema assegurando
que o código fonte fosse distribuindo juntamente com o Sistema Operacional.
Segundo Moglen (1999), Linus Torvalds escolheu liberar o kernel do Linux
sob a licença GPL, por que eventualmente, milhares de programadores em torno do
mundo contribuiriam para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do seu sistema e
poderiam
ser
certos
que
seus
esforços
resultariam
em
um
software
34
permanentemente livre que ninguém poderia torná-lo um produto proprietário.
Todos poderiam testar, melhorar e redistribuir suas melhorias. Torvalds aceitou
contribuições livremente, e com um estilo genialmente eficaz manteve o sentido total
entusiasmo no desenvolvimento do kernel do Linux e provou que agregou
programadores na Internet, sendo uma rede maior do que muitos fabricantes
comerciais, organizados sem hierarquias em um projeto de desenvolvimento que
envolve mais de um milhão de linhas de código - uma escala da colaboração entre
os voluntários geograficamente dispersados, previamente imaginável na história da
humanidade.
Além da Free Software Foundation, existe outra organização responsável
pela disseminação e regulamentação de softwares livres, a Open Source Initiative
(OSI). Open Source Initiative criou a definição open source com o intuito de eliminar
a ambigüidade entre liberdade, questões de preço e modalidades de licenciamento.
Em inglês free significa livre e também gratuito e por isso é muito confundido
software livre com software gratuito, assim free software pode ser erroneamente
traduzido para software gratuito.
De acordo com a Open Source Definition (OSI, 2004), o conceito de open
source não é aplicado somente ao acesso ao código fonte, os termos da distribuição
do software deve seguir alguns critérios:
1. A redistribuição deve ser livre;
2. O software deve incluir o código fonte e permitir a distribuição;
3. Trabalhos derivados: a licença deve permitir modificações e
trabalhos derivados, e deve permitir que sejam distribuídas sob os
mesmos termos que a licença do software original;
4. Integridade do código de fonte do autor;
35
5. Nenhuma discriminação de grupos ou pessoas: A licença não
deve discriminar de encontro nenhuma pessoa ou grupo das
pessoas;
6. Nenhuma discriminação de encontro aos campos do esforço:
7. Distribuição da licença;
8. A licença não deve ser específica a um produto;
9. A licença não deve restringir o outro software;
10. A licença deve ser tecnologia-neutra.
3.2 Modelo de Desenvolvimento de Softwares Livres
O fator central para a compreensão de todo o ecossistema do software
livre é seu modelo de desenvolvimento. Para muitos autores este modelo rompeu
com as tradicionais metodologias da engenharia de software, passando a funcionar
muitas vezes de forma anárquica sem necessariamente ter uma estrutura
organizacional formal e hierárquica ou vínculo mercadológico, todavia, isso não
significa que não existam modelos comerciais em softwares livres. O nicho de
venda de produtos e serviços é bastante promissor para o fenômeno em foco,
sendo lucrativos modelos de negócios. Empresas como Red Hat Linux, a brasileira
Conectiva e outras de grande porte no mercado de T.I como Sun, IBM e Netscape
aderiram ao open source, quer seja abrindo o código de seus produtos,
desenvolvendo sistemas ou investindo em novos projetos.
Taurion (2003, p. 51), coloca que para entender esse fenômeno é
necessário compreender a questão de como os colaboradores são recompensados,
já que na maioria das vezes este trabalho não é remunerado (o código fonte do
36
software é disponibilizado gratuitamente) e, portanto deve-se ir além dos
tradicionais
mecanismos
econômicos
para
entendermos
a
motivação
da
comunidade envolvida no desenvolvimento do software livre.
Neste contexto entra as análises sobre o processo de criação e
desenvolvimento realizadas por Eric Raymond em seu clássico artigo Cathedral and
the Bazaar publicado em 1998.
Em The Cathedral and the Bazaar, Eric Raymond compara dois estilos
opostos de desenvolvimento de software, o modelo de catedral da
programação comercial e a modelo de bazar da programação software
livre/aberto. No modelo de bazar, qualquer pessoa com acesso a Internet e
habilidades de programação pode se engajar no processo. Dessa forma, um
projeto de Software Livre sem nenhum orçamento envolve freqüentemente
mais horas de trabalho de programadores habilidosos do que uma grande
corporação poderia custear. (SÖDERBERG, 1999).
A analogia feita a Catedral e ao Bazar refere-se ao modo de organização,
uma catedral funciona de forma hierarquizada e conservadora enquanto o bazar não
possui uma organização formal e possui tendências voluntárias. No método Bazar o
desenvolvimento é feito usando ferramentas na internet para a comunicação, como
e-mail, mailing list, chats etc.
Raymond (1998) coloca que na visão catedral de programação, erros e
problemas de desenvolvimento são difíceis, insidiosos, um fenômeno profundo. Leva
meses de exame minucioso por poucas pessoas dedicadas para desenvolver
confiança de que você se livrou de todos eles. Por conseguinte os longos intervalos
de liberação, e o inevitável desapontamento quando as liberações por tanto tempo
esperadas não são perfeitas. Na visão bazar, por outro lado, você assume que erros
são geralmente um fenômeno trivial -- ou, pelo menos, eles se tornam triviais muito
rapidamente quando expostos para centenas de ávidos co-desenvolvedores
triturando
cada
nova
liberação.
Conseqüentemente,
o
indivíduo
libera
37
freqüentemente para ter mais correções, e como um benéfico efeito colateral você
tem menos a perder se um erro ocasional aparece.
Raymond propôs então a Lei de Linus, baseado no processo de
desenvolvimento do Linux e a complexidade de programação do seu kernel por
muitos
programadores
voluntários
e
formulou
a
política
“libere
cedo
e
freqüentemente'', que consiste em facilitar a depuração* e propagar o código na rede
para obter consertos rapidamente.
Muitos dos desenvolvedores de software livre são programadores
voluntários ou até mesmo profissionais ligados a alguma empresa que muitas vezes
possuem remuneração por participarem de algum projeto. De acordo com uma
pesquisa
realizada
pela
Floss
Developer
Analysis
em
2002,
29%
dos
desenvolvedores engajados nos principais projetos de software livre eram pagos
indiretamente e outros 24% de maneira indireta. (TAURION, 2003, p.51)
Não existe uma definição de um Projeto de software livre, como os
requisitos existentes na engenharia de software. O que existe é um consenso
informal de que o software em conjunto com seus desenvolvedores, usuários e
repositórios de código e documentos constitui um Projeto (REIS, 2004). Mesmo com
ausência de modelos de processos de softwares livres, os produtos open source
apresentam consideráveis qualidades como às tecnologias proprietárias que
possuem um planejamento mais tradicional de desenvolvimento.
Dentre essas
qualidades pode-se citar a alta confiabilidade, evolução e liberdade.
Os
projetos
de
software
livre
apresentam
um
processo
de
desenvolvimento aparentemente caótico, com algumas características particulares:
total descentralização, política liberal em relação à alterações, e discussão aberta
*
Do inglês debugger. Refere-se um programa para depurar erros e/ou executar melhorias em
aplicativos (RUDY´S POINT, 2004).
38
sobre todo assunto técnico pertinente ao projeto. Os projetos sobrevivem utilizando
um mínimo de infra-estrutura provida pela Internet, sendo o e-mail a ferramenta mais
utilizada para a comunicação (REIS, 2001, p.26).
Em um projeto de software livre a organização é feita em torno de uma
pessoa responsável pelo projeto, geralmente é o idealizador do software, este é
chamado de mantenedor. O mantenedor é o responsável por todas as questões
deliberativas que envolvem o seu projeto.
A forma que o software livre é criado e disseminado quebra muitos
conceitos da indústria capitalista, no qual o software é um elemento significativo no
âmbito da competitividade corporativa. Devido a isso, muitos estudos apontam para
a tendência libertária existente no fenômeno do software livre, que além de emitirem
críticas ao modelo econômico e hegemônico realizado por algumas empresas, como
a Microsoft, estabelecem relações entre conceitos da colaboração voluntária e da
liberdade do fluxo de informação através do conhecimento compartilhado. Os
estudos realizados por Moglen, Sodenberg, são exemplos de aplicabilidade da teoria
crítica na dicotomia tecnologia-sociedade. Sodenberg faz uso do marxismo e da
filosofia hacker para compreender todo esse ecossistema tecnológico-libertário. Que
vai desde quesitos referentes à propriedade intelectual à proposta política do
movimento hacker.
Moglen (1999) analisa o paradoxo teórico que existe no próprio conceito
de software e afirma que movimento do software livre proporcionou a quebra do
tradicional modelo de propriedade intelectual, no qual o copyleft apresenta uma
revolução na sociedade digital no que diz respeito ao consumo de tecnologia na
economia de mercado.
39
Segundo Sodenberg (1999), o movimento hacker é um projeto político.
Como as atividades de muitas subculturas “alternativas” que não são diretamente
definidas por seu engajamento político.
As lutas são de uma vez econômicas, políticas e culturais – portanto elas
são lutas biopolíticas, lutas pela forma da vida. Elas são lutas eleitorais,
criando novos espaços públicos e novas formas de comunidade”. O líder
unindo e mobilizando forças para o submundo hacker é o inimigo comum da
Microsoft (BEZROUKOV apud SÖDENBERG 1999).
Esta luta está permeada de apelos sociais contra o monopólio tecnológico
exercido pela Microsoft, que em contrapartida acaba gerando um monopólio social,
pelo fato da tecnologia ser uma necessidade puramente social, como assinala
Hannemyr apud Sodenberg (1999).
Oposição a Microsoft puxa de princípios anárquicos socialistas assim como
do liberalismo “high-tech”. A tendência da direita, batizada de Ideologia
Californiana (“Californian Ideology”), é uma transição recente, e não
surpreende dado o domínio hegemônico do setor corporativo nos Estados
Unidos e as grandes apostas no software livre para negócios. Entretanto,
ela vai contra as raízes do “hacking”, que é essencialmente uma reação
contra o Taylorismo Motivações básicas para se engajar na programação
livre são a pressa para o fortalecimento tecnológico, a alegria de uma
criatividade não-alienada e o senso de pertencer a uma comunidade
(comumente reconhecida pelos hackers como 'ego', mas reputação apenas
viável dentro de um grupo de colegas, isto é, uma comunidade).
Como foi colocando anteriormente, muitos desenvolvedores não possuem
gratificações na criação de softwares livres, contudo, estes fazem parte de uma elite
que compartilha informação e geralmente estão nas classes mais favorecidas da
sociedade.
Para Sodenberg (1999) um pré-requisito da livre programação é que os
envolvidos são mantidos nas relações de mercado. Os hackers são geralmente
suportados financeiramente de maneiras diversas – por seus pais, como estudantes
vivendo de doações, como aluno desistente vivendo de benefícios sociais, ou até
empregados dentro das companhias de computação – e sua existência é ligada ao
florescente excedente de material do capitalismo informacional. O autor afirma ainda
40
que o interesse numa gift economy e na filosofia hacker é paralelo ao conceito de
excedente social, que é a peça fundamental do pensamento Marxista clássico.
Excedente social é definido como a riqueza material produzida na sociedade
acima do nível requerido pelos produtores diretos daquela riqueza. Entretanto, a
riqueza excedente é apropriada pelos não-produtores, e nisto está situada à origem
da sociedade de classe. Batalhadores pós-escassez tendem a negligenciar o poder
das relações na sociedade que age sobre a abundância de material (SODENBERG,
1999).
Com essas considerações, a filosofia hacker, o método crítico e o advento
do software livre são condicionantes que merecem destaque para compreender o
contexto tecnológico, “totalitarismo” digital e os novos movimentos, que através do
uso de ferramentas computacionais reivindicam causas políticas e ideológicas.
Portanto,
direitos
autorais,
licenças,
engenharia
de
software
e
compartilhamento de conhecimento, são elementos discursivos na arena
tecnológica e social, que estão condicionadas ao triunfo dos softwares livres,
possibilitando, sobretudo, uma construção sistêmica de novos paradigmas.
3.3 Licenciamento de Softwares
Outra variável que merece ser analisada para melhor compreensão do
processo de licenciamento é o estabelecimento de um quadro comparativo entre a
modalidade proprietária e a baseada no open source. Diferenças entre as licenças
livres e comerciais levam em conta o custo da aquisição, suporte, manutenção e
até mesmo atualização e distribuição.
41
No modelo aberto, qualquer software livre pode ser distribuído, inclusive o
indivíduo tem total autonomia sobre o produto, pode doar ou vendar uma cópia da
fonte ou do binário, desde que mantenha as mesmas liberdades definidas na
licença. Contrariamente ao modelo proprietário, que o usuário deve pagar para
instalar em mais de uma máquina, neste caso entra-se na questão da pirataria. È
comum um usuário doméstico ter instalado em seu PC uma sistema operacional
MS Windows ilegalmente, salvo raras exceções. Muitos técnicos de manutenção,
empresas de suporte ao usuário final utilizam softwares piratas.
No entanto, no contexto organizacional é bem diferente, uma instituição
raramente adquiri softwares ilegais, já que a fiscalização é mais rígida. Para se ter
uma idéia de como funciona o modelo atual de mercado, o consumidor ao adquirir
um software, na verdade ele não está comprando uma propriedade e sim está
pagando para usar algo abstrato que foi criado por uma determinada pessoa ou
empresa. O Indivíduo não tem direito sobre o produto.
Taurion (2003, p. 19) apresenta algumas características pertinentes ao
modelo de comércio de softwares:
No modelo tradicional de software de massa (voltado ao consumidor), a
evolução é muitas vezes direcionada pelas estratégias de marketing do
fornecedor, que constantemente cria novas funcionalidades, nem sempre
necessárias aos usuários. Algumas pesquisas de mercado demonstram que
uma grande parcela das funcionalidades de softwares de escritório não são
utilizados. O modelo cria também um processo de obsolescência
programada, impedindo a aquisição de versões anteriores, mesmo estas
não atendam perfeitamente às necessidades de um grande contingente de
usuários. O modelo não permite a comercialização de softwares usados,
como ocorre na indústria automobilística. Outra característica deste modelo
é que, muitas vezes, as decisões de liberação de versões são direcionadas
pelas estratégias de marketing, levando eventualmente à liberação de
código que acabam sendo os “testadores” e comunicando aos fornecedores
as ocorrências dos bugs.
Como foi explanado, o modelo atual do mercado de software funciona de
forma antagônica em diversos fatores, desenvolvimento, distribuição e objetivos. No
42
próximo tópico será traçado breves considerações sobre o modelo de licenciamento
de software livre.
3.3.1 Licenças Open-Source
Conforme Bacic (2003), as licenças objetivam garantir os direitos do autor
e a manutenção e a liberdade de uso dos softwares livres. Assim, protege a
identidade do autor; assegura a distribuição dos códigos fontes; caso haja qualquer
trabalho que use parte de um software deve-se citar o autor, número irrestrito de
instalação do software em computadores e não restrição a vendas.
O software livre faz uso de um copyright para consolidar a proteção, mas
utiliza o termo copyleft (algo como esquerdo autoral), que nada mais é que uma
paródia para contrapor o atual conceito de direitos autorais. Segundo Valois (2004,
p.293), os conceitos de direito autoral traduzem não apenas uma ofensa à
inteligência humana, mas principalmente, tomam para si o direito individual sobre
tudo que foi produzido até hoje pela sociedade. O autor alega que as patentes de
um determinado produto quando são exploradas por uma pessoa física ou
empresas, muitas vezes monopolizam o mercado e cometem abusos e cadeias
anticoncorrenciais.
A partir desta afirmação, o copyleft é uma alternativa a liberdade de
transmissão do conhecimento coletivo. Como assinala Valois (2003, p. 294):
[...] Os termos do copyleft garantem o reconhecimento do autor, mas
permitem que qualquer outra pessoa possa intervir, alterando, reproduzindo,
redistribuindo e, por fim, revendo esse produto. A única restrição é que
ninguém pode dizer - se dono daquele produto, independentemente de
quanto tenha influído na sua geração. Por exemplo, um programador cria
um programa de computador (um editor de textos) de mil linhas de código.
Um outro programador capta esse programa na internet e introduz diversas
melhorias que o expande de mil para 25 mil linhas. Pelas regras do copyleft,
o produto deverá mantido livre, tal aquela a primeira versão, e deverá
permitir o os mesmos direitos aos demais programadores,
43
independentemente da parte acrescida pelo segundo programador. Assim,
o projeto GNU assegura que ”para um efetivo copyleft, versões modificadas
devem também ser livres”.
Desta forma, o conceito de copyleft tem sido aplicado em documentos e
outras produções intelectuais, como exemplo tem-se a Creative Commons
(http://creativecommons.org/). A Creative Commons é uma organização idealizada
por Lawrense Lessing da Universidade de Standford, EUA, que visa regulamentar a
livre distribuição de conteúdos digitais, que vai desde músicas, materiais
educativos, livros, fotografias, sites. É um instrumento jurídico para o criador
autorizar o uso de sua obra e possui diversas variações de licenças (Martin, 2004,
p.22).
Na internet é comum ver site que possuem licenças Creative Commons,
(CC) inclusive muitas novas bandas estão disponibilizando suas músicas em
formato MP3 para download e sob licença CC e isto permite o uso não-comercial de
sua obra, pois somente pode ser utilizado no meio doméstico.
O site da Open Source Initiative apresenta uma exaustiva lista de
especificações e diretrizes para licenças livres (www.opensource.org/licenses/).
Devido a diversidade de modalidades de licenciamento, será enfocado apenas as
mais conhecidas, como a licença GPL, Mozilla, BSD.
Dentre as principais licenças de softwares livres, está a mais conhecida: a
General Public Licence – GPL, ou Licença Pública Geral. Esta licença é utilizada
pelo projeto GNU e para o kernel do Sistema Operacional Linux. Essa licença é
utilizada em muitos sistemas disponibilizados na internet, sendo o GNULinux um
dos ícones.
A Licença BSD (Berkley System Distribution) aplica poucas restrições
para o uso, modificações e redistribuição. (TAURION, 2004, p.25) Nesta licença os
44
softwares conhecidos são os sistemas operacionais FreeBSD, Open BSD e
NetBSD, que são sistemas Unix de ótima confiabilidade, boa performance e
segurança, muito utilizado em servidores.
O Projeto Mozilla é sinônimo de ferramentas para web. Para quem deseja
navegar na internet de forma segura e ágil. Mozilla é disponibilizado através de uma
licença livre pela fundação Mozilla. A Mozilla Foundation promove a inovação na
internet através do desenvolvimento do Mozilla, uma premiada suíte com browser e
email, além de produtos relacionados e outras tecnologias livres. (MOZILLA, 2004).
45
4 AUTOMAÇÃO DE BIBLIOTECAS
A automação em bibliotecas tem sido um dos fatores mais complexos na
implementação de uma política de informatização de rotinas e processos
biblioteconômicos. Automatizar não é apenas introduzir computadores e instalar um
software de gerenciamento de acervo, e sim um planejamento sistemático que
envolve recursos humanos, treinamento de pessoal e pesquisa sistemática de todos
os processos administrativos da instituição. Assim como consiste em uma
elaboração de um projeto centrado nas necessidades reais e potencias dos usuários
e de toda a estrutura da biblioteca.
[...] é necessário que sejam observados fatores relacionados com os
recursos humanos, que influenciam no fracasso ou no êxito do processo de
automação, em decorrência de dificuldades de relacionamento entre as
partes envolvidas ou de atitudes perante a incorporação da automação
(GUSMÃO; MANDES, 2000, p.225).
Um modelo de aplicação da informática em bibliotecas não se constitui de
apenas um aplicativo e sim de uma arquitetura baseada em cliente/servidor em uma
rede interna, para que diversos setores possam estabelecer laços de comunicação e
gerenciamento remoto. Para tal, será necessário a utilização de recursos
tecnológicos e humanos para implantar um sistema de administração de acervo;
controle de empréstimos; consulta de documentos e todo o processo administrativo
da biblioteca, tanto em ambiente de rede local quanto na internet, dentre outras
tecnologias.
A modernização das bibliotecas está diretamente ligada à automação de
rotinas e serviços, com o intuito de implantar uma infra-estrutura de
comunicação para agilizar e ampliar o acesso à informação pelo usuário,
tornando-se necessário haver uma ampla visão da tecnologia da informação
e sua aplicação nas organizações (CÂNDIDO, 2000, p.26)
Desta forma é elaborar um plano para estudar todos os aspectos
referentes à introdução da tecnologia da informação nas bibliotecas. Este plano tem
46
como finalidade estabelecer políticas e fundamentos necessários para a implantação
de um sistema automatizado de gerenciamento de Unidades de Informação. Esta
abordagem visa aperfeiçoar os serviços oferecidos pela biblioteca e tem por objetivo
primordial, contribuir de forma significativa para o exercício profissional efetivo do
corpo técnico-administrativo da instituição assim como toda a comunidade a que
serve.
Ramos et al (1999, p.242) coloca que o cenário indica que, se as
bibliotecas e centros de documentação quiserem oferecer melhor serviço aos
usuários e cumprir sua missão, é preciso que entender com precisão os hábitos e os
costumes dos usuários, adaptar as tecnologias às necessidades e quantidades de
informação de que dispõem, assim como utilizar um sistema informatizado que
privilegie todas as etapas do ciclo documental.
Quando os autores colocam que é necessário adaptar as tecnologias,
pode-se afirma que isso é um fator de grande complexidade, pois cada biblioteca
tem as suas peculiaridades e muitas têm sistemas automatizados falhos por não
terem planejado a escolha corretamente, ou às vezes, o sistema, geralmente
proprietário, não oferece essa portabilidade. Assim é necessário comunicar à
empresa/pessoa responsável pela criação e realizar adaptações e isso implica
custos adicionais, no modelo de software livres isso não ocorre, o usuário com um
conhecimento técnico poder implementar essas mudanças diretamente no código
fonte do sistema, no qual a escolha recaia sobre uma ferramenta que contemple os
recursos hoje disponíveis, sem se tornar obsoleto a médio e longo prazos.
Processo de Automação de Unidades de Informação envolve também o
estudo pacotes de Software de Unidades de Informação, Serviços Meio e Serviços
47
Fins Automatizados, Sistemas de Comunicação de Dados, Desenvolvimento de
Sistemas Automatizados (TEIXEIRA, 2003).
A tecnologia digital aplicada às Bibliotecas, Arquivos e Centros de
Documentações modificou tanto o comportamento do profissional da informação,
quanto às estruturas funcionais e administrativas, assim como o acesso agilizado. A
recuperação da informação na internet e intranet apresenta um dinamismo na
operacionalização de dados, servindo de veículo de comunicação baseado na
interatividade e aplicações multimídias.
Muitos Gestores de Bibliotecas quando estão diante de um projeto de
automação, deparam-se como a seguinte problemática: comprar um software, alugar
ou contratar uma equipe de desenvolvimento? Fazer a aquisição de um software
apresenta grandes vantagens, dentre eles está à questão do suporte pela empresa.
O mercado de produção e geração de softwares para automação de bibliotecas
apresentou grande impulso nos últimos dez anos. Escolher um software representa,
hoje, mais que escolher uma ferramenta tecnológica para implementar serviços
prestados pelas bibliotecas.
Café, Santos & Macedo (2001, p.72), em estudo avaliativo, estabelece
alguns critérios para seleção de softwares para bibliotecas: características gerais do
software; ergonomia; tecnologia (hardware, compatibilidade, rede); seleção e
aquisição;
processamento
técnico,
circulação
recuperação
da
informação;
disseminação da informação; processo gerencial e características da empresa
fornecedora. Enquanto Ramos et al (1999, p.243), apresenta uma exaustiva lista de
requisitos utilizados na avaliação e seleção de softwares, que vão desde protocolo
de comunicação Z39.50, até plataformas de sistema operacional, perpassando por
recursos e padrões bibliotecários como AACR2 e ABNT e Formato MARC
48
Através deste enfoque, evidencia-se a grande valia da automação no
âmbito das bibliotecas, todavia, os autores citados usaram em seus métodos
avaliativos somente critérios tecnológicos e organizacionais, não abordando fatores
econômicos. A biblioteca na atualidade faz uso desta abordagem, na medida em que
é uma instituição sem fins lucrativos e muitas não têm orçamento próprio.
Hoje qualquer que seja a instituição pública ou privada necessita utilizar
programas de computadores para auxiliar os seus processos, gerando uma
enorme demanda por softwares. No entanto, a aquisição deste programas
não é barata, tornando-se inviável a aquisição ou a atualização do software
para diversas organizações. Cabe observar que o software é um
componente de peso no custo dos computadores e, por exemplo, a
implantação ampla de computadores em toda a rede de escolas públicas no
Brasil demandaria um alto investimento em software. (BACIC, 2003, p. 5).
O artigo de Chudnov (2004) faz algumas considerações em torno das
problemáticas existentes nas bibliotecas. O autor coloca que as bibliotecas
geralmente estão sujeitas ao que o mercado conservador, quer que elas consumam
em matéria de software e os apresenta alguns benefícios que os softwares livres
trazem pras bibliotecas, custo zero, múltiplos desenvolvedores, código aberto.
Afirma ainda que o espírito do software livre como modelo de compartilhamento de
fontes vai de encontro à tradição biblioteconômica, devido a nossa profissão por ser
ainda muito conservadora.
Por isso muitos bibliotecários desconhecem o valor dos softwares livres e
acabam sendo direcionados à avaliar e adquirir softwares de uma determinada
empresa. Devido à alta customização, o uso de ferramentas baseadas na plataforma
livre tem sido uma saída para inúmeros orçamentos de organizações. Inúmeras
vantagens podem ser elencadas sobre o uso de software livre, como a liberdade de
executar o programa, para qualquer propósito.
Lima (1998, p.311) propõe três tipos básicos de softwares necessários
para automação de bibliotecas, sistemas de gerenciamento de banco de dados,
49
sistemas de gerenciamento de bibliotecas e sistemas de gerenciamento de base de
dados bibliográficos.
No exposto trabalho, serão enfocados também três tipos de softwares
básicos, não considerando softwares para configuração de servidores, como os
sistemas de gerenciamento de banco de dados, servidor FTP/SSH, servidor web,
servidor de e-mail, firewall. Os softwares destacados serão os Sistemas de
Gerenciamento de Conteúdo, Sistemas de Gerenciamento de Bibliotecas e
Ferramentas para bibliotecas digitais e repositórios institucionais. Esta escolha deuse devido ao fato do advento da internet e a necessidade de disponibilização de
conteúdos e serviços na grande rede.
No próximo tópico serão destacados alguns pontos sobre automação de
bibliotecas utilizando softwares livres e padrões abertos, demonstrando vantagens e
desvantagens técnicas, sociais e econômicas da adoção do modelo proposto.
50
5 IMPLEMENTAÇÃO DE SOFTWARES LIVRES EM BIBLIOTECAS
Existem soluções abertas para inúmeras necessidades de grande
sucesso, na área de desenvolvimento web é um exemplo, nesta temos ferramentas
para portais de conteúdo, blog's, webmail, fóruns, listas de discussões e outros tipos
de recurso na internet. Muitas dessas ferramentas são úteis para Biblioteconomia,
na medida em que servem para gerencia da informação na web. Contudo o ponto
mais crítico da informática aplicada à Biblioteconomia são as soluções para
gerenciamento de acervo, catálogos online, controle de usuários e outras rotinas
pertinentes às Unidades de Informação. Será listado alguns sistemas pertinentes à
Biblioteconomia e Ciência da Informação, ferramentas para bibliotecas digitais,
portais de conteúdo, gerenciamento de acervo.
O principal repositório de softwares livres, o Projeto Source Forge,
considerado um dos maiores espaços onde hospeda projetos de softwares e
documentação. O Source Forge apresenta uma lista especializada em ferramentas
e
padrões
utilizados
em
bibliotecas
e
pode
ser
acesso
em:
http://wwwsearch.sourceforge.net/bib/openbib.html. Outra iniciativa que merece ser
destacada é Open Source System for Libraries, (http://www.oss4lib.org/), sendo um
projeto para cultivar a força do desenvolvimento de tecnologias open source em
bibliotecas, ofererecendo insumos necessário para automação em unidades de
informação. Este projetos são fundamentais pois disponibilizam documentação,
softwares para download, grupos de discussão onde problemas técnicos podem ser
compartilhados e outros recursos relevantes para o desenvolvimento de sistemas
abertos. Dentre alguns sistemas está disponível soluções para gerenciamento de
51
bibliotecas, catálogos coletivos, conversores de formatos bibliográficos, aplicativos
para criação de documentação e muitos outros.
Neste tópico apresentam-se também breves descrições da experiência de
instalação de algumas das ferramentas citadas em divergentes computadores,
sendo utilizado um servidor Open BSD, um Linux Slackware e a distribuição
nacional Kurumin Linux.
5.1 Ferramentas para Bibliotecas Digitais e Repositórios Institucionais
As ferramentas para criação de bibliotecas digitais e repositórios
institucionais é outro exemplo de tecnologia de extrema relevância para a
Biblioteconomia e atualmente esse segmento e sistema apresenta uma vasta lista
de opções. Muitas dessas ferramentas são open source, geralmente desenvolvidas
por universidades e são disponibilizada gratuitamente sendo alternativa para que
qualquer biblioteca implemente seu acervo digital. Com o advento dessas
tecnologias criou-se a Open Archives Initiative, organização que objetiva promover
padrões de acesso e comunicação de documentos eletrônicos de forma aberta
através de um comitê executivo e técnico.
A Open Archives Initiative – OAI desenvolve e promove interoperabilidade
de padrões para facilitar a eficiente disseminação de conteúdos. criou um protocolo
que consiste em um padrão para interoperabilidade entre documentos, denominado
de Protocol for Metadata Harvesting - OAI-PMH (OAI, 2004).
O OAI-PMH é um protocolo que permite aos fornecedores de informação
disponibilizar e expor pela Internet os metadados de cada um dos seus
recursos. Desta forma os metadados ficam disponíveis para serem
recolhidos por serviços especializados em indexação de recursos científicos
e passam a constituir as bases de dados desse tipo de serviços
(RODRIGUES et al, 2004).
52
Muitas instituições são adeptas da filosofia arquivos abertos, e faz uso
de uma arquitetura de bibliotecas digitais e/ou repositório de arquivos eletrônicos
com
base
em
softwares
livres.
No
próprio
site
da
OAI
em
www.openarchives.org/tools/tools.html, existe uma lista de ferramentas necessárias
para implementação de periódicos eletrônicos, sistemas de referências, repositório
de objetos digitais e bibliotecas digitais. Dentre as ferramentas existentes será citado
somente quatro: Dspace, Fedora, ARC source e GNU eprint. A escolha destes deuse pelo fato de serem ferramentas robustas, desenvolvidas por universidades de
excelência, já utilizadas por algumas instituições e podem ser instaladas em
diferentes plataformas.
O DSpace é um projeto das bibliotecas do Massachusetts Institute of
Technology (MIT) para recolher, preservar, gerir e disseminar a produção intelectual
dos seus investigadores. É todo escrito em JAVA e é o resultado de um esforço
conjunto de investigação e desenvolvimento do MIT e da Hewlett-Packard (HP). O
sistema foi disponibilizado publicamente em Novembro de 2002 de acordo com os
termos da BSD open source license. Está atualmente em funcionamento no MIT e
em diversas outras universidades dos Estados Unidos e da Europa (RODRIGUES,
et al, 2004). Pode-se verificar na figura 5.1 a estrutura do Dspace e toda a sua
arquitetura apara gerenciamento e descrição de conteúdos digitais.
53
Figura 5.1 Estrutura do Dspace
Fonte: RepositóriUM: criação e desenvolvimento do Repositório Institucional da Universidade do
Minho (2004).
Uma ferramenta que merece um destaque especial é o Flexible
Extensible Digital Object Repository Architeture - Fedora (www.fedora.info), foi
desenvolvida pela Universidade de Virginia e Universidade de Cornell, está sob
licença Mozilla. É um sistema open source para gerenciamento de objetos digitais e
pode ser utilizado para criação de repositórios, arquitetura de bibliotecas digitais,
sistema de gerenciamento de conteúdo, preservação de arquivos digitais (GRIZZLE;
WAYLAND; WILPER. 2004). É totalmente desenvolvido com tecnologia Java e XML
e utiliza acesso via webservices com o padrão WSDL, proporcionando assim maior
interoperabilidade em arquitetura distribuída. Foi especialmente desenvolvido para
manipulação de conteúdos multimídias: gráficos, fotografias, arquivos de áudio e
vídeo, sendo uma das ferramentas mais poderosas e versáteis do segmento de
54
softwares livres para repositório de arquivos na web. A figura 5.1 apresenta a
arquitetura do servidor Fedora.
Figura 5.2 Arquitetura do Servidor Fedora
Fonte: Introduction to Fedora and Its Applications (2004)
O A Cross Archive Search Service - ARC é um sistema baseado na web
escrito em Java (sevlets e JSP) e utiliza banco de dados relacional para armazenar
os dados, foi desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa de Bibliotecas Digitais da
Universidade de Old Dominion.
Arc, é um dos primeiros serviços de busca baseados no protocolo de OAI.
Arc colhe o metadados de diversos arquivos compilados de OAI, normalizaos, e armazena-os em um serviço de busca baseado em uma base de
dados relacional (MYSQL ou Oracle). No presente, temos um milhão de
registros de metadados de 80 provedores de dados em vários domínios. Arc
está agora disponível para o download em http://oaiarc.sourceforge.net/. Ele
está liberado sob a licença aberta da fonte do NCSA. (ARC, 2005).
55
O GNUeprints serve para disponibilização de documentos eletrônicos na
web, muito utilizado pra criação de periódicos online, com recursos de citação e
metadados. A base Library and Information Science (http://eprints.rclis.org/), utiliza o
software para gerenciar seus arquivos de acesso público.
Como foi explicitado, este segmento de softwares livres para bibliotecas
digitais encontra-se bastante maduro, existem muitos outros sistemas disponíveis,
as ferramentas citadas são as mais robustas, e cada qual com sua especificidade,
desta forma, hoje em dia qualquer instituição pode ter a sua coleção eletrônica, sem
muitos gastos e perda de tempo em desenvolvimento.
5.2 Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo
Com o crescimento da web e o aumento do fluxo de informação e criou-se
vários mecanismos para gerencia da informação na grande rede, desta forma os As
Ferramentas de CMS (Content Management System – Sistema da Gerenciamento
de Conteúdo) para criação de portais ganham espaço aos sites estáticos, limitados a
HTML. Segundo AppliedTheory apud Moratelli; Valdameri (2004), gerenciamento do
conteúdo é o controle–administração, gerenciamento do fluxo, acesso ao conteúdo e
segurança das informações de uma organização (sejam elas textos, imagens,
gráficos, áudio ou vídeo).
Esses sistemas permitem gerenciamento de workflow, blogs, portais de
notícias, fórum, livros de visitas, dentre outros recursos. Algumas soluções baseadas
em softwares livres:
•
Mambo open source (www.mamboserver.com)
•
Xaraya (www.xaraya.com)
56
•
PHPNuke (www.phpnuke.org)
•
Drupal (www.drupal.org)
•
Plone (http://plone.org/)
•
Xoops (www.xoops.org)
•
Brushtail (http://home.aanet.com.au/brushtail/features.php)
Pode ser encontrada muitas soluções de Sistemas de Gerenciamento de
Conteúdo
em
(http://www.opensourcecms.com/).Neste
segmento
destaca-se
Brushtail, por ser um sistema específico para gerenciamento de conteúdo em
intranets de bibliotecas e o Xaraya, por seguir padrões de interoperabilidade e
muitos recursos oferecidos.
O Brushtail é uma ferramenta muito simples e bastante funcional, roda em
plataformas windows e linux/unix, é escrito em PHP e banco de dados MySQL e
apresenta fantásticos recursos para uma intranet de uma biblioteca. O sistema tem
licença GPL e oferece opções para criação de manuais de usuário, informações
sobre circulação, calendário de eventos, controle de equipamentos (computadores,
impressoras),
divulgação
de
novas
aquisições
e
muitos
outros
recursos
fundamentais para bibliotecas. Esta aplicação é uma ótima solução para
funcionários, bibliotecários e estagiários interagirem no espaço da biblioteca, sem
contar que para sistemas integrados de bibliotecas, onde existe central e setoriais,
permite a intercomunicação no ambiente organizacional através da internet ou
intranet.
Esse sistema pode ser empregado em instituições que precisam controlar
todas os afazeres diários para melhor coordenar e divulgar os serviços da biblioteca.
57
Um ponto negativo a ser atribuído ao Brushtail é o fato de não haver um
módulo de internacionalização, está somente disponível no idioma inglês, em
contrapartida qualquer usuário pode desenvolver essa função e contribuir para o
aperfeiçoamento do sistema. Na figura 5.3 apresenta a página inicial do sistema
rodando em um Open BSD.
Figura 5.3: Tela Principal do Brushtail instalado em um S.O Open BSD
O Xaraya também está sob licença GPL, é um framework multiplataforma
escrito em PHP e utiliza tanto o banco de dados MySQL quanto Postgresql. Esta
solução não foi criada especialmente para bibliotecas e sim para portais de
conteúdos, pois apresenta módulos como enquetes, fóruns, notícias, artigos e outros
tipos de conteúdos. A figura 5.4 apresenta a opção para inserção de artigos no
sistema.
58
Figura 5.4 Inserção de Artigos no Xaraya
Contrário ao Brushtail, o Xaraya é extensivo, pois possui módulo para
tradução, agregador de conteúdo RSS e está todo de acordo com a W3C
(www.w3c.org). Um recurso interessante no Xaraya é o agente de busca, que possui
diversos pontos de acesso para recuperação das informações armazenadas na base
de dados, por isso o sistema tem uma opção de hierarquização de categorias para
melhor indexar conteúdos. A seguir na figura 5.2 é demonstrada a página do sistema
de busca.
59
Figura 5.5: Sistema de Busca do Xaraya
Algumas funcionalidades podem ser aplicadas, tais como criação de
websites de uma determinada biblioteca, dispor fotos, fórum de discussão,
divulgação dos serviços e novas aquisições, enquetes e outros módulos de
conteúdo. O Xaraya também pode ser utilizado para usuários de uma biblioteca
publicarem conteúdos na web, seja através do módulo de blog ou inserção de
artigos ou notícias.
60
5.3 Sistemas de Gerenciamento de Bibliotecas
Para automatizar as rotinas é necessário implementar um sistema de
gerenciamento de bibliotecas,:
Os sistemas de gerenciamento de bibliotecas são sistemas de bases de
dados com uma finalidade específica, projetados para controlar as
atividades essenciais de uma biblioteca. Geralmente, funcionam em
computadores de grande porte, destinados a centro de informações
maiores, permitindo uma padronização, integração, compatibilidade e
intercâmbio de um grande volume de informações. (LIMA, 1999, p. 311)
Existem alguns sistemas de gerenciamento de acervos para bibliotecas,
como: Openbiblio, PMB, PhpMyLibrary, Gnuteca, sendo estes totalmente gratuitos e
com o código fonte aberto, o que permite ao gerente do sistema adaptá-lo de acordo
com a necessidade da instituição. Qualquer pessoa pode contribuir para melhorar
esses sistemas, sendo que não existe uma pessoa responsável pelo produto ou uma
empresa proprietária pelos direitos e vale ressaltar que muitas instituições usuárias
do sistema GNUteca, por exemplo, fazem considerações extremamente positivas
quanto a sua qualidade e performance. Além de ser uma solução customizável
oferece ainda todas as características desejáveis de um sistema de automação,
como interface web, e em rede local.
O Gnuteca é um sistema para automação de todos os processos de uma
biblioteca, independente do tamanho de seu acervo ou da quantidade de
usuários. O sistema foi criado de acordo com critérios definidos a validados
por um grupo de bibliotecários e foi desenvolvido tendo como base de
testes uma biblioteca real, a do Centro Universitário Univates, onde está em
operação desde fevereiro de 2002 (GNUTECA, 2004).
Os softwares têm as mesmas funcionalidades dos softwares existentes no
mercado para automação de bibliotecas, como o Athon, Sysbibli, Argonauta, Informa
etc. que custam algo em torno de R$ 3 a 40 mil reais, dependendo do pacote. Desta
forma, fica evidente o quanto é extremamente caro implantar um sistema de
61
automação em bibliotecas, sem contar com os gastos com sistemas operacionais,
no caso o MS Windows NT, 2000 e 2003 server que são específicos para soluções
em arquitetura de redes.
Para se ter uma idéia do gasto, um Projeto financiado pelo Fust em 2001,
para informatização do sistema de bibliotecas do estado do Ceará a apresentou
consideráveis gastos. O projeto gastou nas 130 bibliotecas R$ 5.581.981.60 e mais
R$ 478.717,82 em 07 bibliotecas no orçamento (SOCIEDADE, 2001).
O projeto visava implantar estrutura de informática que possibilitasse a
comunicação com as demais bibliotecas integrante do sistema em 137 municípios,
bem como o acesso à internet. Só com aquisição do sistema operacional Windows
2000 server seriam gastos 298.755, 00, e com pacotes de escritório Office 2000
seriam gastos 972.461,00,. O custo poderia ser zero com adoção do sistema
operacional GNULinux ou BSD para os servidores e da suíte de escritório Open
Office. Todo esse dinheiro daria pra investir em projetos de leitura, aquisição de
novos livros estruturação física etc.
Atualmente, o governo está financiando projetos preferencialmente
baseados em softwares livres, muitos ministérios já migraram para software livre e
obtiveram consideráveis economias. Inclusive, o governo através do Instituto de
Tecnologia da Informação e Governo Eletrônico tem disseminado a cartilha amarela,
documento que apresenta diretrizes para migração para software livre. Mas pouco
se tem na literatura especializada no Brasil sobre a aplicação dessas tecnologias
nas bibliotecas.
Para as bibliotecas que têm orçamentos reduzidos, um projeto de
informatização desse nível é complicado, já que as licenças anuais têm valores
exorbitantes e com o software livre os custos serão reduzidos significativamente,
62
possibilitando desta forma, as verbas para aquisição de materiais bibliográficos,
programas de incentivo a leitura etc. A criação de ambientes de acesso público e
gratuito nas bibliotecas é uma saída para a democratização do acesso a grande
rede mundial de computadores e quando se trata de redes, o Linux apresenta
enormes vantagens para montagem de ambientes de redes, por ser uma plataforma
estável, de baixo custo, segura e pode ser administrada remotamente.
Sistemas como Gnuteca, PMP, Open Biblio atendem as demandas
bibliotecárias para gerenciamento de bibliotecas, pois oferece controle de usuário,
impressão de etiquetas, gerência de multas, circulação e empréstimo, criação de
tesauros etc.
O PHP My Bibli - PMB é um sistema de gerenciamento de bibliotecas
baseado na web, o administrador e/ou o usuário tem total controle sobre o mesmo
de forma remota, desenvolvida de acordo os protocolos Z39.50 e possui ainda o
recurso de criação de um tesauros para controlar o vocabulário e facilitar o processo
indexatório dos documentos. Pode-se catalogar livros, periódicos e todo tipo de
materiais multimídias através da interface HTML, inserindo notas, dados descritivos
e temáticos, assim como todo o processo de circulação: empréstimo, reserva,
relatórios etc. A figura 5.6 demonstra a tela de catalogação de um documento no
PMB.
63
Figura 5.6 tela de catalogação de um documento no PMB
O Open Biblio é outra solução baseada na web. Oferece vários recursos
fundamentais para gestão de acervos e controle de usuários e esta é de fácil
administração, instalação e configuração. Está sob licença GPL e foi escrito em PHP
e utiliza MySQL com base de dados relacional, oferece opções para edição de tipos
de materiais, geração de etiquetas, carteira de usuário da biblioteca, dentre outros.
64
Figura 5.7: Tela Principal do Open Biblio instalado em um S.O Open BSD
A catalogação é feita de acordo com o padrão bibliográfico Marc através
de formulários dinâmicos. Após a autenticação do usuário no sistema, para inserir
um novo item no acervo. é só clicar no menu “Catálogo” e escolher a opção “Nova
Bibliografia”. Para melhor exemplificar, será simulada a inserção de um livro de
literatura portuguesa no sistema, com demonstra a figura 5.7.
65
Figura 5.8 Catalogação de um livro no Open Biblio.
O Gnuteca utiliza banco de dados Postgresql, linguagem C e módulo de
acesso a web escrito em PHP, é parte integrante do framework Miolo de aplicações
web desenvolvido pela Incubadora de softwares livres Solis. demonstra a área
administrativa do Gnuteca
66
Figura 5.9 Área de Administração do Gnuteca
O Gnuteca é utilizado no sistema de Bibliotecas da UNICRUZ, assim
como outras instituições, o seu catálogo pode ser consultado livremente na internet,
como exemplo utilizou-se o termo “Biblioteca” no sistema da UNICRUZ no intuito de
verificar os recursos de busca no Gnuteca.
67
Figura 6.0 Resultado da Busca no Gnuteca
5.4 Outros Softwares Livres Relevantes
É conveniente destacar também alguns softwares que são bastantes úteis
para informatização de bibliotecas ou criação de acervos digitais. Trata-se de
algumas ferramentas que são imprescindíveis tanto para desenvolvimento de
aplicações, como programas para escritórios.
Na era da internet, para ter acesso às páginas é necessário utilizar um
navegador web, ou browser e neste caso o Mozilla Firefox é uma ótima opção, o
projeto oferece ainda cliente de email e editor de HTML.
68
Para implementação de várias aplicações abordadas neste trabalho, é
necessário ter um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados e a comunidade
pode contar com dois produtos de grande qualidade: Postgresql e o MySQL.
O Postgresql utiliza o padrão para consulta em base de dados SQL
(Structured Query Language) e foi originalmente desenvolvido pela Universidade de
Berkley.
O PostgreSQL é um SGBD (Sistema Gerenciador de Banco de Dados)
objeto-relacional de código aberto, com mais de 15 anos de
desenvolvimento. É extremamente robusto e confiável, além de ser
extremamente flexível e rico em recursos. Ele é considerado objetorelacional por implementar, além das características de um SGBD
relacional, algumas características de orientação a objetos, como herança e
tipos personalizados. A equipe de desenvolvimento do PostgreSQL sempre
teve uma grande preocupação em manter a compatibilidade com os
padrões SQL92/SQL99.
O Postgresql está equiparado aos grandes SGBD comerciais do mercado,
com o Oracle, que é considerado o mais adequado para missões críticas por ser
robusto e bastante confiável.
Outra opção de software aberto para banco de dados é o MySQL, Este
existe dois tipos de licença, a proprietária e a livre. Este SGBD é muito utilizado
sistemas de gerenciamento de conteúdo e em outras aplicações web, geralmente
com a linguagem PHP.
Open Office é uma suíte de aplicativos para escritório com recursos
similares ao MS Office, existem aplicativos com a mesma função do word, excel e
powerpoint.
Outro software de muito respaldo no mercado é o Servidor Web Apache,
que inclusive compete com muitos outros proprietários, como o Internet Information
Server (IIS) da Microsoft. Muitos acusam o Servidor Apache de ser um dos principais
fatores determinantes para o crescimento da WWW, pois através do serviço de
hospedagem de página e integração com linguagens de desenvolvimento web como
69
o PHP e Perl e banco de dados como o MySQL favoreceram para a ampliação da
grande rede. Segundo Lima (2003, p.291), o Apache é o servidor web mais popular
no mundo devido ao seu desempenho, portabilidade, flexibilidade e baixo custo.
Existe também o projeto Apache Tom Cat para rodar aplicações escritas na
plataforma Java.
Existe ainda a ferramenta Tematres, que é um sistema para gestão de
vocabulários controlados hierárquicos na web. (TEMATRES, 2004). É baseado em
padrões estabelecidos pela W3C e tem a proposta de utilizar os princípios da
websemântica, pois faz uso do padrão Doublin Core, esquemas RDF para descrição
de metadados utilizando a linguagem XML.
70
6 CONCLUSÃO
É relevante a discussão sobre o impacto do software livre na esfera
bibliotecária, pois permite criar uma plataforma para desenvolvimento e fornecimento
de aplicações avançadas para a Biblioteconomia, tanto nos aspectos de automação
das rotinas administrativas, implementação de bibliotecas digitais e repositório de
objetos distribuídos e ferramentas de gerenciamento de conteúdo na web. Estas três
áreas da tecnologia da informação permitem criar uma cadeia de transferência
gratuita e livre de informação.
O modelo socialmente estabelecido com a supremacia da modernidade
sobre a inteligência coletiva, constrói uma rede de sujeitos aptos para atuar nesse
contexto contemporâneo, mas não existem políticas capazes de socializar essa
liberdade de transferência.
É papel do Estado, da Sociedade Civil, Terceiro Setor aplicar
investimentos materiais e humanos pra sociabilizar o conhecimento, quer seja
através de extensão, pesquisa e mecanismos que possam estreitar a transferência
da massa intelectual produzida. Que os softwares livres venham contribuir com a
liberdade tecnológica no Mercado de T.I e com essa transferência de inteligência
coletiva.
A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as
suas necessidades e a utilização do sistema operacional Linux e família BSD em
arquiteturas de redes, tem sido bastante estudada na literatura especializada, assim
como atualmente existem inúmeras abordagens de cunho social, que através da
filosofia do software livre estabelece uma relação do fenômeno econômico com a
71
necessidade de apoio a um modelo de sociedade baseada no acesso às novas
tecnologias.
Este acesso é constituído com projetos sociais de inclusão digital, e a
biblioteca faz parte deste na medida em que dispõe não somente recursos
bibliográficos, mas também ferramentas de acesso à informação com as tecnologias
multimídias. Desta forma, a biblioteca é uma instituição que merece está no contexto
da inclusão digital, pois é comum vermos essas organizações terem laboratórios de
informática em seu âmbito e deve oferecer o livre acesso às ferramentas de
informática. Neste sentido socioeducacional, o presente modelo permite que a
comunidade bibliotecária possa trabalhar em atividades de capacitação em
informática no âmbito das bibliotecas. As bibliotecas públicas e comunitárias podem
traçar planos de informatização de seus acervos e criação de laboratórios internos
de acesso público com significativas reduções de gastos, sem contar na autonomia
e liberdade de uso e distribuição e várias máquinas.
No segmento de bibliotecas digitais e repositórios e qualquer instituição
pode disponibilizar suas teses, dissertações, artigos e outros documentos na internet
através de um sistema robusto, desenvolvido de acordo com os padrões e
tecnologia de ponta, sem ter gastos com aquisição e licenças. Sobre a questão dos
direitos autorais, pode-se utilizar uma licença da Creative Commons para assegurar
a propriedade intelectual dos documentos.
Os sistemas de gerenciamento de bibliotecas e de conteúdos na internet
também são estratégicos na informatização das unidades de informação, que muito
atendem as reais e potenciais necessidades dos profissionais bibliotecários e
usuários.
72
Outro aspecto é a mudança no ensino de Biblioteconomia, Ciência e
Gestão da Informação nas escolas do país, pois como a maioria pertence à rede
pública, muitas não dispõem de recursos para aquisição de softwares para aulas
práticas com alunos, o que prejudica significativamente a formação do aprendiz.
No Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do
Maranhão esta abordagem pode ser aplicada em vários contextos como, por
exemplo: no ensino de indexação pode-se utilizar a ferramenta Tematres, na
disciplina Automação de Unidades de Informação as ferramentas para bibliotecas
digitais e sistemas de gestão de bibliotecas podem ser amplamente explorados. O
Projeto Biblioteca Digital do Departamento de Biblioteconomia assim com o Projeto
Metadados e Projeto de Extensão da Biblioteca Japiassú do Programa de Educação
Tutorial – PET podem ser contemplados com essas tecnologias, em especial a
Ferramenta Fedora que permite catalogar e disponibilizar multimeios. Essas
tecnologias são relevantes na medida em que possibilitam a implementação dos
objetivos propostos por cada projeto de pesquisa. Um exemplo foi a construção do
Portal Profissional da Informação (www.profinfo.ufma.br) com a ferramenta de CMS
Mambo Open Source.
Como trabalho futuro, pretende-se criar um grupo de discussão na
internet para potencializar o debate e o uso de softwares livres na ambiente
organizacional das bibliotecas, igualmente às iniciativas existentes nos Estados
Unidos e na Europa. Assim, o fenômeno em foco é um vasto campo de pesquisa em
Biblioteconomia e Ciência da Informação e estratégia para muitas instituições
modernas.
73
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78
79
ANEXOS
A. PROJETOS DE INCLUSÃO DIGITAL: INICIATIVAS DE ONG’S E DO
GOVERNO FEDERAL
1 - PROJETO: Centro de Informação e Convivência (CIC’s)
SITE: <http://saci.org.br>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: Facilitam o acesso de usuários que não tem
computador em casa
oferecendo gratuitamente navegação na rede e cursos de
capacitação em locais adaptados para portadores de todos os tipos de deficiência.
2 - PROJETO: Núcleo de Inclusão Digital (NIDs)
SITE:<http://www.iic.org.br/nids.htm>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: Os NIDs são laboratórios de informática populares
compostos por 17 computadores e nos quais são oferecidos cursos de informática
básica e acesso à Internet à comunidade local onde estão implementados.
3.- PROJETO: Programa São Paulo Digital
SITE:<http://www.iic.org.br/spdigital.htm>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: Ampliar o acesso às Tecnologias de Informação e
Comunicação no Estado de São Paulo por meio da implementação de Núcleos de
Inclusão Digital – NIDs em parceria com entidades comunitárias, movimentos
sociais, clubes de serviço, governos e iniciativa privada. Objetiva incluir digitalmente
a população de baixa renda com a finalidade de gerar emprego e renda e fomentar a
participação política da mesma.
4 PROJETO: Programa de Responsabilidade Social
SITE:<http://www.iic.org.br/responsabilidade.htm>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O Programa Responsabilidade Digital é uma iniciativa
de captação de recursos do IIC que objetiva que as empresas exerçam sua
responsabilidade social através da inclusão digital das comunidades onde estão
instaladas, ou seja, mercado de atuação e também dos seus colaboradores e
familiares.
5 PROJETO: Caravana Digital
SITE:<http://www.iic.org.br/CARAVANA.HTM>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: Possibilitar que os cidadãos residentes nas regiões em
que o IIC não possui Núcleos de Inclusão Digital tenham a oportunidade de ter um
primeiro contato com a Informática. Tem como objetivos:
80
• Oferecer uma aula introdutória de Internet na qual crianças, jovens, adultos e
idosos aprendam a navegar na rede mundial de computadores e conheçam as
facilidades e oportunidades que ela oferece para quem pode acessá-la.
• Propiciar um momento de lazer para os cidadãos, fazendo com que os mesmos
saiam de seus bairros e conheçam um novo ambiente, adquirindo conhecimento de
forma divertida e útil.
6 - PROJETO: IIC Consult
SITE<http://www.iic.org.br/iicconsult.htm>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: A IIC Consult é o órgão de consultoria do Instituto
Informática na Comunidade. Desenvolve projetos de consultoria e assessoria técnica
especializada em Inclusão Digital às prefeituras municipais, empresas e ONGs que
pretendem implementar políticas públicas e/ou projetos nesta área.
7 - PROJETO: Programa Bibliotecas - Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (FUST)
SITE: <http://portalfust.socinfo.org.br/>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O Programa FUST - Bibliotecas é definido pelo
Ministério das Comunicações e regulamentado pela Agência Nacional de
Telecomunicações - ANATEL, com a participação do Ministério da Ciência e
Tecnologia e com o apoio do Programa Sociedade da Informação. O FUST
Bibliotecas é decorrente da aplicação da Lei 9.998/2000, que institui o Fundo de
Universalização dos Serviços de Telecomunicações - FUST. O Programa Sociedade
da Informação do Ministério de Ciência e Tecnologia é responsável pela organização
do processo de estruturação e seleção das entidades beneficiadas; pelo apoio ao
desenvolvimento de atividades de constituição e utilização de acervos; e pelo apoio
à implantação de serviços que proporcionem a inclusão digital.
8.- PROJETO: Escolas de Informática e Cidadania (EICs)
SITE: <http://www.cdi.org.br/>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: As Escolas de Informática e Cidadania (EICs) são
espaços informais de ensino criados por meio de uma parceria entre o CDI e
organizações comunitárias ou movimentos associativos, tais como: centros
comunitários, entidades de classe, grupos religiosos, associações de moradores,
entre outros. As EICs seguem uma Proposta Político-Pedagógica desenvolvida pelo
CDI que está baseada na Pedagogia de Projetos. A Proposta procura disseminar
junto às comunidades beneficiadas o ensino técnico aliado a temas da realidade
local. Para cada ferramenta computacional é elaborado um projeto que envolve um
processo de reflexão/ação. Utilizando a linguagem digital como meio, o conteúdo
didático fomenta a construção da cidadania através de discussões envolvendo
temas como os direitos humanos, sexualidade, não-violência, ecologia e saúde.O
CDI oferece gratuitamente às comunidades capacitação de educadores, auxílio no
desenvolvimento de metodologias, currículos específicos para diferentes grupos
sociais, cessão de computadores, impressoras, software e apostilas para auxiliar o
81
trabalho dos educadores. Além do acompanhamento técnico e pedagógico
permanente em seu desenvolvimento, o CDI também presta assessoria
administrativa.
9 - PROJETO - Comitê de Democratização da Informática
SITE: <http://www.cdi.org.br/>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O CDI com objetivo de investir na capacidade de
reintegração dos presos através da capacitação em informática e manutenção de
computadores. Qualificados a trabalhar na área de novas tecnologias quando
obtiverem a liberdade, os internos podem repensar a vida e redirecionar seus
caminhos com perspectivas mais concretas de inserção no mercado de trabalho o
CDI instalou uma EIC Na penitenciária Lemos de Brito, no Rio de Janeiro, onde
funciona desde janeiro de 1999. Esse programa gera uma melhora quantitativa e
qualitativa das condições em que os internos cumprem suas penas, contribuindo
para que o Sistema Penitenciário promova a reintegração social, evitando a violência
nas prisões e a reincidência no crime. A fila de espera para o ingresso na Escola de
Informática e Cidadania cresce a cada dia, estimulando o investimento em
educação.
10 - PROJETO: Programa Informática para a Comunidade
SITE: <http://www.abcdigital.org.br/escolaaberta/inclusao_digital.asp>
DESCRIÇAÕ DO PROJETO: São cursos oferecidos pelo Programa Escola Aberta
direcionados a inclusão social de comunidades carentes e desprovidas de recursos,
alunos das escolas estaduais e municipais da rede pública do estado de
Pernambuco. Dentre outras atividades que o Programa Escola Aberta proporciona.
Isto é resultado de uma parceria entre Governo de Pernambuco e UNESCO, com
apoio do Diário de Pernambuco, que produz os encartes, e o Serviço Federal de
Processamento de Dados (Serpro), responsável por alguns dos cursos online do
portal ABC Digital. Com a ajuda dos instrutores (todos eles são voluntários),
produção de apostilas e avaliação dos cursos de informática
12 - PROJETO: Acessa São Paulo
SITE:<http://www.acessasaopaulo.sp.gov.br>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O Programa Acessa São Paulo, portanto, tem como
objetivo levar os benefícios da “Sociedade da Informação” às comunidades de baixa
renda, estimulando tanto o desenvolvimento humano quanto o desenvolvimento
econômico dessas comunidades. Isso se dará, entre outras formas, através da
utilização de serviços governamentais online, ampliando, assim, os canais de
comunicação entre o Governo e a Sociedade.
13 - PROJETO: Sampa.org
SITE:<http://www.sampa.or.br>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O Sampa.org é uma iniciativa aberta a toda a
população cujo objetivo é ajudar São Paulo a se tornar uma cidade melhor, mais
próspera, mais humana e mais justa, disseminando e compartilhando
82
democraticamente o conhecimento e a informação. O Sampa.org busca ampliar a
cidadania ativa, contribuindo para o desenvolvimento social, cultural e econômico e
combatendo a exclusão social em São Paulo por meio da democratização do acesso
ao conhecimento e à informação, utilizando intensivamente as novas tecnologias de
informação.
14 - PROJETO: Rede Jovem
SITE:<http://www.redejovem.org.br/>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: A Rede Jovem é uma iniciativa da Comunitas Parcerias para o Desenvolvimento Solidário, com o objetivo de enfrentar a exclusão
digital, oferecendo à juventude acesso à Internet e às oportunidades de informação,
lazer e comunicação que as novas tecnologias trazem. O projeto atua nas periferias
das áreas metropolitanas do país, estabelecendo telecentros (Espaços Jovens) em
parceria com organizações locais e articulando - via internet - estes Espaços em
uma rede para troca de experiências. O site é o ponto de encontro virtual da Rede e
foi criado para o público que é iniciante na Internet, com toda a navegação pensada
para ser fácil e muita interatividade: todas as seções são publicáveis, o que garante
à juventude a oportunidade de se expressar, participando da construção e
manutenção do site.
15 - PROJETO: Projeto de Inclusão Digital –Colégio Bialik
SITE:<http://www.bialik.g12.br>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O Bialik ofereceu um curso de informática e internet a
três grupos de pessoas que não tinham possibilidade de acesso a essas tecnologias
(funcionários da escola, assim como a alguns moradores da vizinhança que se
interessaram). O projeto visa oferecer monitoria de pais e alunos a essas pessoas,
para que possam utilizar o laboratório de informática da escola, às sextas-feiras à
tarde. Temos a preocupação de manter nossos alunos participando da realidade
social do país e contribuindo para mudanças, doando trabalho, tempo e
conhecimento.
16 - PROJETO: Projeto Navegar
SITE: <http://www.repsp.amapa.gov.br>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O Projeto Navegar é uma iniciativa do Governo do
Estado do Amapá desenvolvida com apoio do PRODAP - Processamento de Dados
do Amapá, com o objetivo de avançar significativamente na consolidação do conteito
de desenvolvimento sustentável implantado através do PDSA na região de Bailique.
Trata-se de uma embarcação regional, adaptada com equipamentos e acessórios de
informática conectados à rede mundial de computadores, que levará às
comunidades ribeirinhas da região e aos alunos da escola Bosque, as informações
necessárias para elevação da qualidade de vida de sua população, mediante o
crescimento econômico sustentável, o pleno aproveitamento das potencialidades
naturais e culturais e a internalização e melhor distribuição de suas riquezas. O
objetivo do projeto é possibilitar uma maior integração das comunidades locais
através da Internet e também com o mundo, divulgando sua cultura, costumes,
atividades econômicas e experiências de desenvolvimento sustentável.
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17 - PROJETO: ComUnidade Brasil
SITE:<http://www.comunidade-brasil.net>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: ComUnidade Brasil é um programa de inclusão digital,
de parceria entre governo, ongs e empresas, que pretende mudar a situação de
milhões de brasileiros que hoje não têm acesso à internet. Através de telecentros
comunitários, localizados em todas as regiões do Brasil, a população em geral tem
acesso a cursos on-line, serviços e informações do governo, e pode participar de
discussões on-line sobre temas como cidadania, empreendendoismo, combate à
violência, etc. Através do Portal, cada localidade pode divulgar informações e se
relacionar com outras comunidades locais. Cada comunidade pode construir seu
próprio site, com conteúdos elaborados pela comunidade.
18 - PROJETO: Informatização de Escolas Públicas
SITE:<http://www.portoalegre.rs.gov.br/smed/interna.asp?proj=117&secao=417>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: A informatização de 92 escolas municipais é uma das
metas da Secretaria Municipal da Educação. O projeto faz parte do trabalho
pedagógico com os alunos, que terão acesso à Internet, qualificando as atividades
de pesquisa e a comunicação. Com base nessa estrutura tecnológica, serão
realizadas diversas atividades junto à comunidade escolar. As 50 escolas (dos níveis
Fundamental, Médio e Básico) possuem ambientes informatizados, equipados com
cerca de 15 microcomputadores e uma impressora, viabilizando o trabalho
pedagógico voltado à exploração dos inúmeros recursos de comunicação
disponibilizados no meio digital. Nessas escolas, as bibliotecas e as secretarias
também estão sendo equipadas para facilitar o trabalho em todas as áreas.
19 - PROJETO: Escola, Conectividade e Sociedade da Informação
SITE:<http://www.portoalegre.rs.gov.br/smed/interna.asp?proj=117&secao=417&m1
=2709>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: Realizado em parceria com o LEC (Laboratório de
Estudos Cognitivos) do Instituto de Psicologia da UFRGS. Este projeto visa a
potencializar as aprendizagens dos alunos da RME, por meio da apropriação das
tecnologias de intercomunicação coletiva, no sentido de se repensar nossas
posturas e práticas pedagógicas, expandindo os espaços da sala de aula e
desenvolvendo comunidades de aprendizagem nas quais os aprendizes (alunos e
professores) se tornem verdadeiros agentes de sua própria formação.
20 - PROJETO: Projeto Software Livre Rio Grande do Sul
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SITE:<http://www.softwarelivre.rs.gov.br>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O Projeto Software Livre RS é uma parceria do
governo do Estado do Rio Grande do Sul com instituições públicas e privadas do
Estado que tem como principal objetivo a promoção do uso de softwares livres como
alternativa econômica e tecnológica ao mundo proprietário.
21.- PROJETO: Escolas de Capacitação e Informática e Cidadania (ECIC’S)
SITE: <http://www.compi.org.br/>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: As escolas de Capacitação a Informática (ECIC's) são
formadas e implantadas através de uma parceria entre o COMPI e diversas
organizações comunitárias, tais como: grupos religiosos, associações culturais,
associações de moradores, ONG´s. Baseando-se em consultas diversas, e possível
que as ECIC's estipulem uma mensalidade simbólica no valor de R$10,00 por cada
aluno, e isto faz com que cada ECIC tenha a capacidade de ter uma renda media de
R$1.000,00 por mês, para pagamento de despesas com manutenção e também
pagamento dos instrutores. Como o custo operacional e baixo e possível retirar
aproximadamente 50% da receita entre mão-de-obra e manutenção, com isso fica
demonstrado a auto-sustenta cão das ECIC's.
22 - PROJETO: Portal Cidadania na Internet
SITE:<http:// www.cidadania.org.br>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: Foi criado para ser um espaço de expressão de um
grande número de organizações da sociedade civil e pessoas alinhadas aos
objetivos finais deste projeto: democratização da informação, defesa de direitos e
conscientização sobre deveres de cidadãos e cidadãs, e promoção do
desenvolvimento humano e social.
23 - PROJETO: O Observatório de Políticas Públicas de Infoinclusão - OPPI
SITE: http://www.oppi.org.br/apc-aa-infoinclusao/infoinclusao/index.shtml
DESCRIÇÃO DO PROJETO: Foi criado atendendo a uma proposta da RITS de
implementar um processo de monitoramento, análise e promoção de projetos e
políticas que promovam a infoinclusão e as questões de universalização do acesso
às Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil. O objetivo geral deste
projeto é estimular a participação da sociedade civil na formulação e implementação
de políticas públicas nesta área. No OPPI, a RITS pretende estimular e promover a
construção de consensos para a promoção de políticas e avaliação de processos no
campo da infoinclusão, utilizando ferramentas baseadas na Internet
24 - PROJETO: Telecentros Comunitários
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SITE: <http://www.telecentros.sp.gov.br>
DESCRIÇÃO DO PROJETO: O projeto dos Telecentros de São Paulo implementa
pontos de acesso público e gratuito à Internet em algumas das comunidades mais
pobres da cidade, muitas delas caracterizadas por altos índices de violência e
exclusão social. A RITS participa deste projeto trabalhando no gerenciamento dos
recursos humanos envolvidos nesta iniciativa, oferecendo cursos de software livre e
trabalhando para promover a plena apropriação das TICs para o desenvolvimento
social. Atualmente, há 107 telecentros em funcionamento, atendendo a uma média
de 300 mil pessoas por mês.
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Modelo de automação em bibliotecas baseado na filosofia