1 TERESA ELISA SOUSA DA SILVA DESENVOLVIMENTO DE BANANA (Musa spp. cv Prata) DESIDRATADA CROCANTE: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E ACEITAÇÃO PELO CONSUMIDOR Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciência de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciência de Alimentos. Orientador: David Lee Nelson Co-orientadora: Accácia Júlia Guimarães Pereira Faculdade de Farmácia da UFMG Belo Horizonte, MG 2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. 2 3 Dedico este trabalho aos meus amores, àqueles que estiveram sempre comigo, apoiando e incentivando-me em todos os momentos: meus pais Erivaldo e Elizabete e meu irmão Erick, que mesmo de longe estavam perto; e meu namorado Vinícius, pelo companheirismo e carinho de todos os dias. 4 AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo fomento com o financiamento do trabalho. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio com o bolsa de estudos concedida. À Fundação Ezequiel Dias (FUNED) pela permissão da realização de análises bromatológicas e pela oportunidade da vivência. À Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) pela concessão do espaço para realização das análises microbiológicas. Ao Colégio Técnico da UFMG (COLTEC) pela permissividade para utilização do laboratório de Mecânica. 5 AGRADECIMENTOS PESSOAIS Primeiramente a Deus, pela proteção e iluminação nos caminhos que venho percorrendo durante toda a minha vida. Aos meus pais, Erivaldo e Elizabete, pelo amor incondicional. Ao meu irmão Erick que, mesmo de longe, transmitiu muito carinho e confiança no meu trabalho. Ao meu namorado Vinícius por suas palavras e atitudes de afeto, por ser também minha família e amigos em Belo Horizonte. Ao Professor Doutor David Lee Nelson, meu querido orientador, pela disposição de sempre e por todos os ensinamentos. À Professora Accácia Júlia Guimarães Pereira pelo apoio e incentivo valiosos. Aos meus queridos colegas, estagiários do laboratório de Química de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (Isabela, Marina, Jéssica, Nathália, Luís e Laíse), pela contribuição com o trabalho. À Professora Doutora Lúcia Helena Laboissière pelas considerações. Aos professores da Pós-Graduação em Ciência de Alimentos pelos ensinamentos, em especial ao Virgílio, Evelyn e Roberto. Aos meus familiares e amigos que, mesmo distantes, demonstraram apoio e cuidados preciosos, em especial a minha avó Fátima, e tios Alexandre e Margarete. À Mariane, Marcella, Laura, Ana Paula e Ana Carolina pelo carinho e convivência. Às colegas do mestrado pela amizade. A todos que, de uma maneira ou outra, contribuíram para a realização deste trabalho. 6 SUMÁRIO LISTA DE TABELAS ..................................................................................... 9 LISTA DE FIGURAS ....................................................................................10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ......................................................11 RESUMO .....................................................................................................12 ABSTRACT ..................................................................................................13 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................14 2. REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................16 2.1 BANANA ............................................................................................................. 16 2.1.1 HISTÓRICO................................................................................................... 16 2.1.2 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA....................................................................... 16 2.1.3 VARIEDADES ............................................................................................... 17 2.1.4 ASPECTOS MORFOLÓGICOS E DE CULTIVO........................................... 20 2.1.5 ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO ........................................................ 21 2.1.6 TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS, QUÍMICAS E BIOQUÍMICAS NO AMADURECIMENTO ............................................................................................. 22 2.1.7 CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO ......................................................... 25 2.1.8 ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO....................................................................... 26 2.1.9 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALOR NUTRICIONAL .................................... 27 2.1.10 ASPECTOS DE COMERCIALIZAÇÃO ....................................................... 29 2.2 DESIDRATAÇÃO DE ALIMENTOS .................................................................... 30 2.2.1 PARÂMETROS DO PROCESSO .................................................................. 31 2.2.2 EQUIPAMENTOS .......................................................................................... 34 2.2.3 MICROONDAS .............................................................................................. 36 2.2.4 SECAGEM DE FRUTAS ............................................................................... 39 2.2.4.1 Secagem de banana.............................................................................. 40 2.2.4.1.1 ―Crisps‖ de banana ........................................................................... 42 2.2.5 PARÂMETROS DE QUALIDADE DO PRODUTO NA SECAGEM ................ 44 2.2.6 INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PRONTOS PARA O CONSUMO, DO TIPO ―SNACKS‖ .............................................................................................................. 46 2.3 TEXTURA DE ALIMENTOS ................................................................................ 47 2.3.1 TEXTURA SENSORIAL ................................................................................ 47 2.3.2 TEXTURA INSTRUMENTAL ......................................................................... 48 2.3.3 CORRELAÇÃO ENTRE TEXTURAS SENSORIAL E INSTRUMENTAL ....... 49 2.4 ANÁLISE SENSORIAL ....................................................................................... 50 3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................52 3.1 MATERIAL .......................................................................................................... 52 3.1.1 MATÉRIA-PRIMA .......................................................................................... 52 3.1.2 VIDRARIAS, REAGENTES, UTENSÍLIOS E EQUIPAMENTOS ................... 52 7 3.2 MÉTODOS ........................................................................................................... 53 3.2.1 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO DE BANANA CROCANTE DESIDRATADA ...................................................................................................... 53 3.2.1.1 Ensaios preliminares ............................................................................ 54 3.2.1.1.1 Teste sensorial piloto........................................................................ 55 3.2.1.2 Desenvolvimento do produto final ...................................................... 56 3.2.2 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM ......................................... 60 3.2.3 ENCOLHIMENTO DO PRODUTO FINAL ..................................................... 60 3.2.4 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA MATÉRIA-PRIMA E DO PRODUTO FINAL ..................................................................................................................... 60 3.2.5 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO PRODUTO FINAL .................................. 62 3.2.6 TEXTURA INSTRUMENTAL ......................................................................... 62 3.2.7 ANÁLISE SENSORIAL .................................................................................. 63 3.2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................... 64 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................65 4.1 ENSAIOS PRELIMINARES ................................................................................. 65 4.2 TESTE SENSORIAL PILOTO ............................................................................. 66 4.3 RENDIMENTO DA FRUTA .................................................................................. 69 4.4 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM .............................................. 70 4.5 ENCOLHIMENTO DOS PRODUTOS DE BANANA DESIDRATADA CROCANTE ................................................................................................................................... 73 4.6 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA ........................................................................... 74 4.7 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA ............................................................................ 77 4.8 TEXTURA INSTRUMENTAL ............................................................................... 78 4.9 ANÁLISE SENSORIAL ....................................................................................... 79 4.9.1 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE PROVADORES E SUGESTÃO DO NOME PARA O PRODUTO DESENVOLVIDO ................................................................................................... 79 4.9.2 TESTE DE AVALIAÇÃO SENSORIAL DOS PRODUTOS DE BANANA DESIDRATADA CROCANTE ................................................................................. 79 5. CONCLUSÕES........................................................................................81 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................82 APÊNDICES ................................................................................................98 APÊNDICE A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .......................................... 99 APÊNDICE B Questionário do Teste Sensorial .......................................................................... 101 APÊNDICE C Ficha de Análise Sensorial .................................................................................... 103 APÊNDICE D 8 Dados da análise de textura instrumental do produto final ............................... 105 D.1 DADOS DE FORÇA (g) ................................................................................. 105 D.1.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DE FORÇA ............................... 105 D.2 DADOS DO NÚMERO DE PICOS PRINCIPAIS ........................................... 106 D.2.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO NÚMERO DE PICOS PRINCIPAIS...................................................................................................... 106 D.3 GRÁFICOS DO TESTE DE TEXTURA ......................................................... 107 D.3.1 AMOSTRA 317 ........................................................................................ 107 D.3.2 AMOSTRA 429 ........................................................................................ 107 D.3.3 AMOSTRA 578 ........................................................................................ 108 APÊNDICE E Dados do teste da análise sensorial .................................................................... 109 E.1 DADOS DO ATRIBUTO “APARÊNCIA” ...................................................... 109 E.1.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO ―APARÊNCIA‖ . 109 E.2 DADOS DO ATRIBUTO “DUREZA” ............................................................. 111 E.2.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO ―DUREZA‖ ....... 111 E.3 DADOS DO ATRIBUTO “CROCÂNCIA” ...................................................... 113 E.3.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO ―CROCÂNCIA‖ . 113 E.4 DADOS DO ATRIBUTO “SABOR” ............................................................... 115 E.4.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO ―SABOR‖ .......... 115 E.5 DADOS DO ATRIBUTO “INTENÇÃO DE COMPRA” .................................. 117 E.5.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO ―INTENÇÃO DE COMPRA‖ ......................................................................................................... 117 ANEXOS ....................................................................................................119 ANEXO A................................................................................................................. 120 9 LISTA DE TABELAS 1 Teores de amido e açúcares durante a evolução de maturação da banana Prata.................................................................................................................... 25 2 Transformações químicas durante a maturação da banana Prata.................................................................................................................... 25 3 Composição química centesimal da polpa de banana Prata madura ―in natura‖.................................................................................................................. 28 4 Seleção de secadores em função das características do produto desidratado.......................................................................................................... 35 5 Codificação das amostras de acordo com o processamento a que foram submetidas........................................................................................................... 56 6 Valores de peso bruto (PB), peso líquido (PL), fator de correção (FC) e índice de aproveitamento para a banana na produção de banana crocante desidratada.......................................................................................................... 69 7 Perda de umidade média para as três amostras, durante 20 horas.................................................................................................................... 70 8 Taxa de encolhimento para os produtos de banana desidratada crocante............................................................................................................... 73 9 Valores percentuais de umidade, cinzas, proteínas, lipídios e carboidratos para a banana ―in natura‖ e os três tipo de banana desidratada crocante............................................................................................................... 74 10 Valores de açúcares redutores, açúcares totais, fibra solúvel, fibra insolúvel e fibra alimentar total para a banana ―in natura‖ e os três tipo de banana desidratada crocante........................................................................................... 75 11 Análise da textura instrumental para os três produtos de banana desidratada crocante............................................................................................................... 77 12 Resultados do teste sensorial para o produto de banana crocante desidratada.......................................................................................................... 78 10 LISTA DE FIGURAS 1 Organização comercial dos cultivares de banana............................................... 19 2 Bananeira............................................................................................................. 20 3 Desenvolvimento da banana partenocárpica – evolução temporal do topo para baixo e da esquerda para a direita...................................................................... 21 4 Morfologia – o nome certo para cada parte da banana....................................... 22 5 Escala de maturação de Von Loesecke.............................................................. 27 6 Curvas típicas de secagem de um sólido úmido................................................. 32 7 Classificação de secadores segundo o modo de operação................................ 35 8 Espectro eletromagnético.................................................................................... 36 9 Diagrama de um sistema genérico de aquecimento por microondas.................. 37 10 Oxidação enzimática de compostos fenólicos pelas polifenol oxidases (PPOs). 44 11 Banana com grau de maturação 3....................................................................... 57 12 Fluxograma de processamento para obtenção do produto de banana desidratada crocante........................................................................................... 59 13 Fluxograma de processamento para obtenção do produto de banana desidratada crocante (registro fotográfico).......................................................... 59 14 Gráfico com os resultados da análise sensorial do produto de banana crocante desidratada........................................................................................... 67 15 Perda de umidade em função do tempo, para as três amostras......................... 71 16 Variação da velocidade de perda de umidade em função de tempo................... 71 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Aa ABNT ADQ ANOVA AOAC CEAGESP COLTEC dX/dt EMBRAPA F1 FAFAR FAO FAPEMIG FC FDA FNB FUMEC FUNED IA IBGE IOM NEPA PB PL PPO PVC RTE S1 S2 T t TACO TCLE UFMG UNCTAD USDA V V/V0 V0 W1 W2 X - Atividade de água Associação Brasileira de Normas Técnicas Análise Descritiva Quantitativa Análise de Variância Association of Official Analytical Chemists Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo Colégio Técnico da UFMG Taxa de secagem Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Primeiro ponto de fratura Faculdade de Farmácia Food and Agriculture Organization of the United Nations Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais Fator de Correção Food Drug and Administration Food and Nutrition Board Fundação Mineira de Educação e Cultura Fundação Ezequiel Dias Ingestão Adequada Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Institute of Medicine Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação Peso Bruto Peso Líquido Polifenoloxidase Policloreto Cloreto de Vinila Ready-to-eat Inclinação da curva entre o ponto inicial e o primeiro ponto de fratura Segundo ponto de fratura Temperatura Tempo de secagem Tabela Brasileiro de Composição de Alimentos Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Universidade Federal de Minas Gerais United Nations Conference on Trade and Development United States Departament of Agriculture Volume aparente Taxa de encolhimento - Volume aparente inicial - Área sob a curva região S1 - Área sob a curva região S2 - Umidade do produto 12 RESUMO O Brasil é um dos maiores produtores de banana, mas grande parte desta produção é perdida devido à alta perecibilidade e às condições inadequadas de transporte, armazenamento e comercialização. O processamento da banana apresenta-se, portanto, como alternativa importante de aproveitamento da fruta ―in natura‖. Este trabalho propôs utilizar o processo de secagem convectiva combinado à finalização da secagem por meio da energia de microondas, com o objetivo de produzir um produto de banana Prata (Musa spp. cv Prata) crocante e desidratado, com características de qualidade físico-químicas, microbiológicas e sensoriais. Para isso, foi investigada a influência do estádio de maturação, dos teores de sólidos solúveis e de macro nutrientes da fruta in natura, bem como o efeito do processamento sobre um atributo de qualidade da banana crocante de extrema relevância: texturas instrumental e sensorial. Foram usados sacarose, sucralose e ciclamato de sódio com sacarina como edulcorantes. Nos três tipos de produtos desidratados, os resultados da composição foram: umidade, 5,62-6,66%; cinzas, 1,75-2,01%; proteína, 3,40-3,74%; lipídeos, 0,710,79%; carboidratos, 87,40-87,98%; açúcares redutores, 0,18-0,94%; açúcares totais, 1,54-2,56%; fibra solúvel, 12,38-12,74%; fibra insolúvel, 2,37-2,51%. A amostra que apresentou o maior grau de crocância foi a com sacarose no teste instrumental. Na análise sensorial, as avaliações dos três tipos de banana desidratada foram semelhantes, fornecendo uma nota de aproximadamente seis numa escala hedônica de nove pontos. Palavras-chave: banana; secagem; microondas; textura instrumental; avaliação sensorial. 13 ABSTRACT Brazil is one of the largest banana producers, but much of this production is lost as a result of extensive spoilage and inadequate transport, storage and marketing. The processing of the banana is, therefore, important as an alternative to the use of the fruit "in natura". This work proposes the use of a convective drying process combined with the completion of drying by means of microwave energy with the aim of producing a crunchy, dehydrated product of the Prata variety of banana (Musa spp. Cv Silver) with physical-chemical, microbiological and sensory quality characteristics. For this reason, the influence of the maturation stage, the levels of soluble solids and macro nutrients of the fruit ―in natura‖, as well as the effect of processing on an extremely relevan attribute of crunchy banana quality - sensory and instrumental texture - was investigated sucrose, sucralose, and sodium cyclamate with saccharin were employed as sweeteners. In the three types of dehydrated products, the results of the composition were: moisture, 5.62-6.66%; ash, 1.75-2.01%; protein, 3.40-3.74%; lipids, 0.71-0.79%; carbohydrates, 87.40-87.98%; reducing sugars , 0.18-0.94%; total sugar, 1.54-2.56%; soluble fiber, 12.38-12.74%; insoluble fiber, 2.37-2.51%. The sample that presented the highest degree of crispness in the instrumental test was that with sucrose. In the sensory evaluation, the evaluations of three types of dried banana were similar, obtaining a score of about six on a nine-point hedonic scale. Keywords: banana; drying; microwave; instrumental texture; sensory evaluation. 14 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de banana. Sua produção ainda não visa à exportação; o que predomina é o consumo interno na forma de fruta in natura de mesa e processada. Grande parte desta produção não é aproveitada, sendo que entre 30 e 40% é perdida em razão da alta perecibilidade da fruta in natura e das condições inadequadas de transporte, armazenamento e comercialização. Além disso, em épocas de safra elevada, quando se produz acima da demanda, o mercado não é capaz de absorver toda a oferta. O processamento da banana por meio de operações como a secagem a ar quente, apresenta-se, portanto, como alternativa importante de aproveitamento do excedente da produção, disponibilizando a fruta no mercado consumidor durante o ano todo. Consequentemente, novas tecnologias de processamento têm sido desenvolvidas para assegurar maior tempo de conservação, maior rendimento na produção e, principalmente, melhor qualidade dos produtos elaborados a partir da fruta in natura. O processamento também resulta na obtenção de produtos com características similares às da fruta fresca, com a vantagem de proporcionar maior praticidade de consumo. Dessa forma, podem-se obter produtos de alto valor agregado como a banana-passa, farinha de banana, banana chips e a banana crocante (crisp de banana), a qual se diferencia da anterior por não incluir a fritura em seu processamento, apresentando menor teor calórico. Tais produtos, consumidos na forma de snacks ou como ingrediente de cereais matinais, atendem às exigências do consumidor atual que, cada vez mais, busca praticidade e conveniência no preparo dos alimentos e, ao mesmo tempo, requer que os mesmos sejam saudáveis com excelência na qualidade e de baixo custo. Na obtenção de produtos desidratados, a etapa de secagem constitui a fase mais crítica, em termos de custo energético. Além disso, o processo que emprega somente ar quente pode resultar em produtos com qualidade sensorial comprometida. Em função desses fatores, têm-se buscado combinar dois ou mais métodos de secagem no intuito de reduzir o tempo total do ciclo de operação e obter produtos de qualidade superior. Na literatura encontram-se diversos estudos sobre a produção da banana-passa e banana chips que investigam a cinética de secagem, a otimização dos parâmetros operacionais e os fenômenos físicos de transferência de calor e massa envolvidos no processo. No entanto, há poucos estudos com ênfase na obtenção de um produto crocante que dispensam a etapa de fritura. 15 Por essas razões, o presente trabalho se propõe a utilizar o processo de secagem convectiva combinado à finalização com energia de microondas, com o objetivo de produzir um produto desidratado crocante de banana Prata (Musa spp. cv Prata) com características de qualidade. Para isso, foi investigada a influência do estádio de maturação, do teor de sólidos solúveis e de macro nutrientes da fruta ―in natura‖, bem como o efeito do processamento, sobre um atributo de qualidade da banana crocante de extrema relevância: textura instrumental e sensorial. Objetivo geral: Produzir produto de banana (Musa spp. cv Prata) desidratada e crocante com características de qualidade – físico-químicas, microbiológicas e sensoriais, utilizandose do processo de secagem convectiva combinado à finalização com energia de microondas. Objetivos específicos: Avaliar a influência do estádio de maturação da banana ―in natura‖, sobre as características sensoriais do produto final; Selecionar o melhor pré-tratamento a ser aplicado na matéria-prima visando à obtenção de um produto com aparência, sabor e textura adequados; Ajustar a temperatura do processo de secagem por convecção a ar quente, combinado ao acabamento com energia de microondas, visando a crocância do produto final; Analisar os resultados de textura instrumental e da avaliação sensorial; correlacionando-os à qualidade do produto final; Realizar caracterização físico-química da banana fresca e do produto final, relacionando estes resultados aos dos testes de texturas instrumental e sensorial; Pesquisar a qualidade microbiológica do produto final; Determinar a aceitação pelo consumidor do produto de banana desidratada crocante. 16 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 BANANA 2.1.1 HISTÓRICO A banana é fruta boa Comida de gente pobre. Toda a gente gosta dela, Quer seja plebeu ou nobre. (CASCUDO, 2004) ―Fruta pequena e alongada, de casca amarela - quando madura - e polpa firme, saborosa e perfumada‖ (GOMENSORO, 1999). De acordo com CASCUDO (2004), a banana é a fruta mais popular do Brasil, ―é a fruta íntima e comum, fiel ao pobre, saboreada por todas as idades e paladares. Sem trabalho e sem complicações. O mais fácil descascamento. É um 'engana fome' (...). 'É como banana, dá em todo canto‖. Consumida desde o período anterior ao aparecimento de Cristo na Terra, sua existência remonta aos séculos VI e V a.C. a partir de origens malasianas ou indianas. Há menções á banana em escritos do poeta budista Pali, datadas do século VI a.C. assim como nos célebres poemas épicos indianos, Mahabharata e Ramayana (MACHADO, 2007). Os principais agentes de transplantação da banana para outros continentes a partir de suas matrizes indianas, chinesas, indonésias e malaias foram os árabes que levaram essa fruta para a África. O trampolim africano foi importante para que a banana viesse a percorrer o Oceano Atlântico e migrar para as Américas, onde foram aclimatadas e adaptadas ainda durante o século XVI, a partir de matrizes trazidas de outras colônias portuguesas - como os arquipélagos de Cabo Verde, Madeira ou Açores. Há apenas uma variedade nativa do Brasil, a conhecida banana da Terra (Musa sapientum), sendo que todas as demais são originárias de países africanos ou do Extremo Oriente (MACHADO, 2007). 2.1.2 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA As bananas fazem parte da família Musaceae, pertencem à ordem Scitamineae, subdivisão Monocotyledoneae e compreende três subfamílias: Musoideae, Strelitzoideae e Heliconoideae. A primeira compõe-se de dois gêneros: Musa e Ensete (MEDINA et al., 1985). O gênero Ensete é formado de sete ou oito espécies de plantas herbáceas 17 monocárpicas, sendo que nenhuma é comestível. Todas as cultivares produtoras de frutos partenocárpicos, ou seja, frutos comestíveis de polpa abundante e completamente desprovidos de sementes se filiam ao gênero Musa, que abrange 24 a 30 espécies, geralmente seminíferas (MEDINA et al., 1985). Considera-se que o gênero Musa é derivado das espécies selvagens Musa acuminata (AA) e Musa balbisiana (BB). As espécies selvagens produzem frutos que não são comestíveis por possuírem muitas sementes. No entanto, um acidente genético criou plantas com três cromossomos ao invés de dois, cujo fruto possui apenas traços das sementes (PEARCE, 2003). As plantas que produzem frutas comestíveis, por conseqüência, só se reproduzem assexuadamente, de modo que todas as bananeiras de uma mesma variedade são geneticamente idênticas. Acreditase que há aproximadamente mil variedades de banana espalhadas pelo planeta, as quais estão subdivididas em cinquenta subgrupos (UNCTAD, 2007). 2.1.3 VARIEDADES Embora exista um número expressivo de variedades de banana no Brasil restam poucos cultivares com potencial agronômico para serem usados comercialmente quando se consideram aspectos como preferência dos consumidores, produtividade, tolerância a pragas e doenças, resistência à seca, porte e resistência ao frio (ALVES, 1997). A variedade mais cultivada para fins comerciais no mundo inteiro é a Nanica (Musa acuminata Colla subgrupo Cavendish), também chamada em terras brasileiras de banana D‘água, Baé, Anã, Caturra, Cambota e banana da China (MEDINA et. al. 1978; MACHADO, 2007). Os cultivares mais difundidos no Brasil são: Prata, Pacovan, Prata anã, Maçã, Mysore, da Terra, d‘Ângola, Nanica, Nanicão e Grande Naine, sendo que a Prata e a Pacovan respondem por aproximadamente 60% da área cultivada com banana no território brasileiro (ALVES, 1997). No Estado de Minas Gerais, assim como no Espírito Santo e no Rio de Janeiro a produção do cultivar Prata é dominante. Nas regiões Norte e Nordeste, 70% da produção é do cultivar Prata, 20% do cultivar Maçã e 10% do cultivar da Terra, enquanto que São Paulo e Santa Catarina possuem pólos de produção de Nanica e Nanicão (LUCCAS, 1996 citado por RIBEIRO, 2004). A escolha da variedade da banana depende da preferência do mercado consumidor e do destino da produção, seja para a indústria ou para o consumo ―in 18 natura‖ (OLIVEIRA, 2007). Cavendish: Com baixo teor de água, a banana Cavendish possui o sabor mais doce dentre todas as variedades de banana. Em função das manchas pretas arredondadas que surgem em sua casca com o amadurecimento, este tipo de banana, cultivado apenas nas Ilhas Canárias, pode ser facilmente identificado (JAIGOBIND et al., 2007). da Terra: Rica em amido, este tipo de banana apresenta o maior tamanho dentre todas as variedades, podendo chegar a medir 30 cm e pesar 500 g. Sua casca é amarelo-escura e quando madura, apresenta manchas pretas; já com relação à polpa, esta possui cor rosada sendo macia e compacta. Achatada em um dos cantos, a banana da Terra é muito utilizada para a fritura e muito consumida no Norte e Nordeste brasileiros (JAIGOBIND et al., 2007). Gros Michel: Apresenta cultivares com bainhas internas verdes ou rosadas e frutos cujos atributos são, após o amadurecimento, a cor amarela e brilhante, o agradável sabor, a polpa consistente e a extremidade em forma de gargalo de garrafa (EMBRAPA, 2007). Figo: As cultivares do subgrupo Figo apresentam pseudocaule praticamente sem manchas, com a base do pecíolo fechada e pigmentação brilhante na face interna da bráctea masculina (EMBRAPA, 2007). Macho: Cultivada no México, Honduras, Costa Rica e Equador, esta variedade de banana pode ser consumida frita, assada ou cozida, sendo muito popular nos restaurantes destes países, além de também ser utilizada na alimentação de pássaros. (JAIGOBIND et al., 2007). Maçã: Com casca fina e de cor amarelo-esverdeada, a banana Maçã tem formato curvo e polpa branca. Seus tamanhos são bastante variados, podendo atingir até 15 cm de comprimento. De sabor agradável e com aproximadamente 15 cachos por penca, esta variedade de banana é muito consumida no Centro-Sul brasileiro (JAIGOBIND et al., 2007). Nanica: Esta variedade de banana possui casca fina e cor amareloesverdeada. Cada cacho contém aproximadamente duzentas frutas. A banana Nanica possui sabor doce, textura macia, e tamanho inferior a 12 cm. É bastante cultivada no Quênia e na América Latina (JAIGOBIND et al., 2007). Ouro: Conhecida também como banana Mosquito, banana Imperador e Inajá, 19 esta variedade é muito produzida e consumida no litoral paulista. Constitui o menor tipo de banana existente, chegando a medir no máximo 10 cm. Possui forma cilíndrica, polpa doce e casca fina na cor amarelo-ouro (JAIGOBIND et al., 2007). Pacovan: Muito cultivada nas regiões Norte e Nordeste, este tipo de banana é resultado de uma mutação da banana Prata. Com casca grossa e quinas acentuadas, a Pacovan é um fruto grande, pesando em média 122 g. Seu sabor é bastante próximo ao da banana Prata, sendo apenas um pouco menos acentuado (JAIGOBIND et al., 2007). Prata: Esta variedade é um pouco menos doce e um pouco maior do que a Nanica, possuindo até 15 cm de comprimento. Possui casca com cinco facetas de cor amarelo-esverdeada. Por ter boa consistência, a banana Prata é indicada para se utilizar na fritura (JAIGOBIND et al., 2007). São Tomé: De polpa amarelada, sabor pouco apreciado e cheiro muito forte, a banana São Tomé é mais consumida cozida, frita ou asada. Existem duas sub-variedades deste tipo de banana, diferenciadas pela cor da casca, que pode ser amarela ou roxa (JAIGOBIND et al., 2007). Sapo: Pouco consumida na alimentação humana, a banana Sapo é mais empregada como alimento de animais domésticos. Trata-se de um fruto grosso, curto e anguloso, possuindo casca dura e grossa, e polpa de aspecto rude (JAIGOBIND et al., 2007). Os grupos comerciais de banana agrupam cultivares de características semelhantes, como demonstrado na Figura 1 (CEAGESP, 2006). GRUPO VARIETAL GRUPO GENÔMICO CULTIVARES AAA Nanica, Nanicão, Grand Naine. AA Ouro AAB Maçã, Mysore, Thap Maeo. AAB Prata, Prata Anã (Enxerto), Pacovan, Branca. Figura 1: Organização comercial dos cultivares de banana Fonte: Adaptado de CEAGESP (2006) 20 2.1.4 ASPECTOS MORFOLÓGICOS E DE CULTIVO A bananeira, uma planta tipicamente tropical, é um vegetal herbáceo de porte gigantesco que apresenta folhas largas e lanceoladas, as quais são suportadas por fortes pecíolos cavados na parte superior e que se alargam para baixo, formando grandes estojos encaixados uns nos outros para constituir o tronco. As raízes são carnosas, compridas, fusiformes e nascem no rizoma. As flores formam uma espiga terminal, cujo eixo nasce diretamente no cone vegetativo do rizoma e abre um caminho no meio das bainhas do pseudotronco. As flores superiores são somente masculinas, ao passo que as inferiores são todas femininas, ficando aquelas primeiras, em geral, escondidas entre brácteas maiores que formam um grande botão terminal de forma ovóide e cor púrpura (Figura 2). Os frutos são originados da inflorescência que surge no eixo da planta, rodeada primeiramente de um invólucro esverdeado, depois por brácteas vermelho-violácea carregadas, que expõem, à medida que se desprendem, grupos de flores organizadas em duas ordens e em número raras vezes maior que vinte. Somente as ordens colocadas na base da inflorescência e abrigadas pelas primeiras brácteas são férteis, enquanto as outras são estéreis e caducas (CASTRO, 1923 citado por RIBEIRO, 2004). A bananeira, por ser uma planta tipicamente tropical, exige calor constante, precipitações bem distribuídas, elevada umidade e alta luminosidade para o seu bom desenvolvimento e produção. A faixa de temperatura ótima para o desenvolvimento dos bananais é de 26 – 28 °C, com mínimas não inferiores a 15 °C e máximas não superiores a 35 °C. A precipitação efetiva anual ideal é de 1200 - 1800 mm/ano. O efeito da luminosidade sobre o ciclo vegetativo da bananeira é bastante evidente, influenciando a duração do ciclo de produção. Em locais de maior luminosidade há uma redução do ciclo da cultura (EMBRAPA, 2003a). Figura 2: Bananeira 21 2.1.5 ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO O fruto de banana é formado por três camadas distintas: o exocarpo, que forma a casca da fruta; o mesocarpo, uma camada intermediária relativamente grossa; e o endocarpo, camada interna membranosa que é formada pelos lóculos (MAURO, 1992). A banana comestível é um fruto partenocárpico, ou seja, que não necessita do estímulo da polinização. O crescimento do fruto se dá em dois estágios: primeiramente pelo crescimento para dentro do pericarpo que reveste os lóculos internamente e, em seguida, pela expansão do eixo floral central da placenta e dos septos. No estágio final, a cavidade ovariana é substituída por um tecido macio e carnudo, sem que os óvulos tenham se transformado em sementes. Os óvulos desorganizados podem ser identificados no fruto maduro como pequenos pontos pretos no interior da parte comestível (SIMMONDS, 1966 citado por KATEKAWA, 2006). No fruto maduro, os três lóculos são separados por três septos, os quais consistem de células parenquimatosas e conjuntos de canais vasculares, atingindo a quantidade aproximada de cinqüenta células de espessura. Estes canais vasculares se estendem tangencialmente - perpendicularmente ao eixo do fruto, desde o eixo floral central até o parênquima externo (RAM et al., 1962 citado por KATEKAWA, 2006). Na Figura 3 é apresentado um diagrama esquemático da seção transversal do fruto durante o desenvolvimento. Figura 3: Desenvolvimento da banana partenocárpica – evolução temporal do topo para baixo e da esquerda para a direita. Legenda: o – óvulo; oc – cavidade ovariana; vb – aglomerado de canais vasculares; pi – células iniciadoras da polpa; do – óvulos desorganizados, p – polpa. Fonte: Adaptado de RAM et al. (1962) citado por KATEKAWA (2006) 22 Externo aos lóculos e aos septos, largo tecido vascular se orienta longitudinalmente no fruto, onde células de parênquima ocupam o restante do espaço nessa região. A divisão entre a casca e a polpa não é bem definida, sendo composta por aproximadamente trinta e uma células fracamente unidas e bolhas de ar. Sendo que essas bolhas deixam uma impressão na polpa após o descascamento (RAM et al., 1962 citado por KATEKAWA, 2006). Figura 4: Morfologia – o nome certo para cada parte da banana Fonte: Adaptado de CEAGESP (2006). 2.1.6 TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS, QUÍMICAS E BIOQUÍMICAS NO AMADURECIMENTO O mecanismo de amadurecimento dos frutos vem sendo estudado desde o início do século XX. A teoria vigente até meados da década de 60 considerava o amadurecimento como um processo predominantemente catabólico, sendo consequência da diminuição da resistência do fruto a uma série de mudanças de natureza degenerativa (BLACKMAN & PARIJA, 1928 citado por TUKEY, 1993). No final da década de 60, pesquisas demonstraram haver síntese organizada de proteínas e outros compostos durante o amadurecimento de frutos, o que fundamentou uma nova teoria que trata este período de desenvolvimento do vegetal como um conjunto de mudanças bem ordenadas, que compreendem tanto processos anabólicos como catabólicos, catalisados por enzimas específicas sintetizadas durante esta fase (PURGATTO, 2001). A proporção na qual ocorrem as transformações na aparência, textura e 23 composição físico-química dos frutos depende da atividade das diferentes enzimas presentes. Estas, entretanto, são estimuladas ou inibidas pelas condições do ambiente ao qual o fruto é submetido. Assim, em câmara de maturação, devem ser controlados os seguintes fatores: temperatura, umidade relativa, tipo de gás ativador de maturação, presença de ar atmosférico, velocidade de circulação de ar e exaustão (MEDINA et al., 1985). Embora estas alterações sejam dependentes da espécie do fruto, estes foram divididos em dois grandes grupos: climatéricos e não climatéricos (BALDONI & RUGINI, 2002). De acordo com PURGATTO (2001), tal classificação derivou da observação do aumento de respiração que certos frutos apresentavam durante a fase de transição do estádio de maturação verde para maduro. Deste modo, os frutos climatéricos foram agrupados por apresentarem, caracteristicamente, este pico respiratório, o mesmo não ocorrendo nos frutos não climatéricos. Como exemplo de frutos climatéricos podem ser citados a banana, o abacate, a maçã, a pêra, a manga e o tomate, e dos não climatéricos o morango, a laranja, a uva, o abacaxi e a cereja. O elevado aumento na produção de etileno – hormônio vegetal que desempenha importante papel na coordenação dos eventos bioquímicos que regulam o amadurecimento – é outra característica marcante dos frutos climatéricos, inexistentes nos frutos não climatéricos. Sendo assim, os frutos não climatéricos são aqueles em que o nível de etileno basal é mantido durante toda a fase pós-colheita e os climatéricos aqueles nos quais a maior parte dos processos bioquímicos relativos ao amadurecimento ocorre a partir da sinalização promovida pelo etileno após o pico de respiração. A mobilização dos carboidratos de reserva na forma de amido, ácidos orgânicos ou na própria forma de sacarose translocada da planta para o fruto, resultando no acúmulo de açúcares, é um dos principais eventos bioquímicos que ocorre durante esta fase (SEYMOUR, 1993). Na banana verde, cada uma das células que constituem a polpa possui rígida membrana, composta principalmente de substâncias insolúveis conhecidas como protopectinas. Internamente, encontram-se numerosos grãos sólidos de amido. Durante a maturação, as protopectinas são parcialmente transformadas pela ação de enzimas, formando pectinas solúveis, responsáveis pelo amolecimento da membrana. Paralelamente, o amido é transformado em açúcares solúveis, que começam a se dispersar no interior da célula, formando uma massa semi-sólida. Assim, através dessas alterações químicas, a banana verde e de estrutura rígida se torna mais macia e saborosa. A baixa acidez orgânica da banana verde, embora aumente no princípio do 24 processo de maturação, decresce na fruta madura, encontrando-se em maior quantidade o ácido málico, seguido pelo oxálico, cítrico, acético e butírico (MEDINA et al., 1985). A adstringência característica da fruta verde é devida ao tanino livre que se encontra presente em considerável quantidade na polpa. Durante a maturação do fruto, este tanino se combina com os açúcares, ou participa do metabolismo da respiração, com conseqüente decréscimo na adstringência. Os compostos voláteis responsáveis pelo aroma, como os aldeídos e os álcoois isoamílicos, intensificam-se com o amadurecimento do fruto, ocorrendo aumento nos os teores de ésteres, sobretudo o acetato de isopentila (OLIVEIRA, 2007). O amido, presente em altas concentrações na banana verde (em torno de 20%), converte-se em açúcares no decorrer da maturação pela ação de um complexo sistema enzimático. Durante o amadurecimento do fruto, a atividade das α e β-amilases, das fosforilases e das α-1,4 e α-1,6-glicosidases aumenta, paralelamente à degradação do amido. Estas enzimas atuam sobre o mesmo substrato, o amido, de maneira diferente, o que resulta na formação de uma mistura de oligossacarídeos e açúcares solúveis (ROSSETTO et al., 2004). A via de síntese da sacarose está razoavelmente estabelecida para a banana. A sacarose-fosfato-sintase é a enzima-chave na síntese deste composto, com aumento de atividade e de expressão em paralelo ao acúmulo de sacarose, durante o amadurecimento do fruto. A participação da sacarose sintase, enzima também capaz de sintetizar sacarose, está praticamente descartada durante processo uma vez que sua atividade e sua expressão encontravam-se diminuídas no período de acúmulo de sacarose (ROSSETTO et al., 2004). Segundo SALDANHA (1986), há um decréscimo dos carboidratos totais durante o amadurecimento da banana, devido à utilização de parte da glicose na respiração. As transformações químicas que ocorrem durante a maturação da banana estão representadas nas Tabelas 1 e 2. 25 Tabela 1 - Teores de amido e açúcares durante a evolução de maturação da banana Prata AMIDO (%) AÇÚCARES (%) 1 Fruta verde 21,5 – 19,5 0,1 – 2,0 2 Fruta verde com traços amarelos 19,5 – 16,5 2,0 – 5,0 3 Fruta mais verde que amarela 18,0 – 14,5 3,5 – 7,0 4 Fruta mais amarela que verde 15,0 – 9,0 6,0 – 12,0 5 Fruta amarela, extremidade verde 10,5 – 2,5 10,0 – 18,0 6 Fruta inteiramente amarela 4,0 – 1,0 16,5 – 19,5 7 Fruta amarela com pequenas manchas pardas 2,5 – 1,0 17,5 – 19,0 8 Fruta amarela com grandes manchas pardas 1,5 – 1,0 18,5 – 19,0 ASPECTO DA FRUTA Fonte: MEDINA et al. (1978) Tabela 2: Transformações químicas durante a maturação da banana Prata (%) Amido (%) Açúcares redutores (%) Açúcares não redutores (%) Açúcares totais (%) 3,40 0,25 23,30 - - - Verde 9,00 0,48 19,80 5,40 1,10 6,50 Amarelo-verde 23,50 0,57 7,90 15,60 3,40 18,90 Maduro 26,90 0,67 2,90 15,70 4,70 20,40 Muito maduro 26,00 0,52 0,63 16,20 6,50 22,70 Grau de maturação (escala visual) Sólidos solúveis (%) (ácido málico) Muito verde Acidez Fonte: SALDANHA (1986). Legenda: -, informação não disponível 2.1.7 CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO As frutas climatéricas, como a banana, são colhidas antes do início do amadurecimento, que somente é atingido após a ocorrência do pico respiratório climatérico (CHITARRA & CHITARRA, 1994). Em países tropicais, o critério a ser observado na colheita da banana leva em conta o número de dias do lançamento da inflorescência até o desenvolvimento fisiológico dos frutos. A tecnologia de cultivo e a cultivar plantada, juntamente com o clima, o solo e as práticas culturais, determinam o estado fisiológico da planta (LICHTEMBERG, 1999). 26 A colheita requer cuidados especiais para não provocar danos que possam prejudicar a aparência e a qualidade da fruta (LICHTEMBERG, 1999). A qualidade do produto final será grandemente influenciada pela qualidade da matéria-prima. As principais características a serem consideradas são o estágio de maturação, as condições de sanidade e a uniformidade dos lotes (MEDINA et al., 1985). A temperatura de armazenamento é um fator diretamente relacionado à manutenção das características iniciais da banana, uma vez que os processos fisiológicos e patológicos são função direta desta (RIBEIRO, 2006). Existe uma temperatura mínima de segurança de armazenamento, abaixo da qual ocorrerão distúrbios fisiológicos em frutos tropicais. A temperatura mínima tolerada pela banana varia conforme o cultivar, as condições climáticas de cultivo e a umidade relativa da câmara. Em conseqüência, a temperatura mínima de segurança situa-se entre 10 e 14 ºC (BOTREL et al., 2001). A umidade relativa ideal é outro parâmetro importante a ser controlado no ambiente de maturação e de refrigeração. A fruta perde umidade constantemente através da respiração, o que deve ser controlado para evitar o ―murchamento‖ e a perda excessiva de massa, assim como o enrugamento e a coloração opaca da casca (BLEINROTH, 1984). Segundo GOTTREICH & HALEVY (1982), a umidade relativa na câmara de armazenamento da banana deve ser mantida em torno de 85 a 95%. A maturação da banana pode ser retardada por várias semanas sob atmosfera controlada, sendo que após a remoção desta condição, os frutos amadurecem normalmente. Com o objetivo de aumentar o período de conservação, o armazenamento de bananas em atmosfera controlada é feito em local fechado onde há baixo teor de oxigênio e alto teor de dióxido de carbono. A vida-útil da banana pode ser aumentada significativamente quando os frutos são selados em sacos de polietileno. Apesar da variabilidade existente nas concentrações de gás carbônico presente no interior das embalagens plásticas, os níveis detectados são ainda toleráveis para os frutos (ALVES, 1997). 2.1.8 ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO A principal alteração verificada durante o amadurecimento da banana é o amarelecimento da casca. A clorofila, que confere a coloração verde à casca do fruto no estádio pré-climatérico, é rapidamente degradada, sobressaindo os carotenóides, pigmentos amarelos que caracterizam a banana madura. O grau de coloração da casca da banana é um importante indicador de sua vida-de-prateleira, sendo frequentemente 27 utilizado como guia para a comercialização do fruto (Figura 5). Desta forma, o estádio de maturação é caracterizado subjetivamente, em função do grau de coloração da casca (RIBEIRO, 2006). 1. Totalmente verde 5. Amarelo com ponta verde 2. Verde com traços amarelos 6. Amarelo 3. Mais verde do que amarelo 7. Amarelo com áreas marrons 4. Mais amarelo do que verde Figura 5: Escala de maturação de Von Loesecke Fonte: CEAGESP (2006). 2.1.9 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALOR NUTRICIONAL A banana é componente constante na dieta dos brasileiros, inclusive os de baixa renda, em virtude de suas características sensoriais agradáveis, seu alto valor nutritivo, sua praticidade de consumo e seu baixo custo. Uma unidade do fruto pode conter valor energético de 90 kcal, além de fornecer quantidades significativas de vitaminas A, B e C, potássio e outros minerais (NEPA, 2006). Devido ao mais elevado valor calórico e teor de glicídios, a banana é classificada no grupo das frutas dentro da categoria C, juntamente com a ameixa preta seca, frutado-conde e serigüela, por exemplo (ARAÚJO & GUERRA, 2007). É fruta indicada para a dieta de crianças e idosos por apresentar textura macia, baixa acidez e por conter nutrientes prontamente assimiláveis pelo organismo (EMBRAPA, 2007). Segundo PO (2007), a banana é uma das poucas frutas de baixa acidez, apresentando pH de aproximadamente 5.0. Na Tabela são 3 apresentadas as características físicas e a composição química centesimal média da banana Prata. 28 Tabela 3: Composição química centesimal da polpa de banana Prata madura ―in natura‖ Um idade Energia Proteína Lipídeos Carboidratos Fibra alim entar Cálcio Magnésio Manganês Fósforo (%) (kcal) (g) (g) (g) (g) (m g) (m g) (m g) (m g) 1 72,00 98,00 1,30 0,10 26,00 2,00 8,00 26,00 0,42 22,00 2 74,91 89,00 1,09 0,33 22,84 2,60 5,00 27,00 0,27 22,00 3 - 92,00 1,04 0,48 23,40 2,03 6,00 29,00 0,15 20,00 Ferro Sódio Potássio Cobre Zinco Tiam ina *Vit. B1* Vitam ina A Vitam ina C (m g) (m g) (m g) (m g) (m g) (m g) (m g) (m g) (RE) (m g) 1 0,40 Tr 358,00 0,05 0,10 Tr 0,02 0,10 - - 2 0,26 1,00 358,00 0,08 0,15 0,03 0,07 0,37 3,00 8,70 3 0,31 1,00 396,00 0,10 0,16 0,05 0,10 0,58 8,00 9,10 Riboflavina Piridoxina *Vit. B2* *Vit. B6* Fonte: 1 – NEPA (2006); 2 – USDA (2006); 3 – PHILIPPI (2002). Legenda: Tr (traços) Contendo elevados teores de potássio e baixos níveis de sódio, a agência responsável pelo controle de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), autorizou oficialmente as indústrias fabricante de produtos a base de bananas a informarem sua habilidade de reduzir o risco de hipertensão e infarto - ―Dietas contendo alimentos que são boas fontes de potássio e pobres em sódio podem reduzir o risco de alta pressão sanguínea e infarto‖ (FDA, 2000). O potássio, principal cátion intracelular do corpo humano, é fundamental para a função celular normal. Juntamente com o sódio, é importante para a manutenção do equilíbrio hídrico normal, e, juntamente com o cálcio, participa da regulação da atividade neuromuscular. A ingestão adequada (IA) – 4,7 g/dia para o adulto (IOM/FNB, 2004) - deve ser suficiente para manter os níveis de pressão sanguínea, reduzir os efeitos adversos do cloreto de sódio sobre a pressão sanguínea, reduzir o risco de cálculos renais e, possivelmente diminuir a perda óssea (FRANCESCHINI et al., 2005). Sendo assim, COSTA & SILVA (2005) ressaltam que dietas ricas em potássio devem ser incentivadas uma vez que aumentam os benefícios da dieta hipossódica. O potássio induz à queda da pressão arterial por meio do aumento da natiurese, diminuição da secreção de renina e norepinefrina e aumento de secreção de prostaglandinas. Além do efeito anti-hipertensivo, este mineral exerce ação protetora 29 contra danos cardiovasculares e é usado como medida auxiliar em pacientes submetidos à terapia com diuréticos. Além destes benefícios à saúde, WHITMIRE (2002) relata que o conteúdo de potássio no músculo está relacionado com a massa muscular e armazenamento de glicogênio. É sabido que a banana contém triptofano, aminoácido que, quando ingerido, eleva os níveis de serotonina no organismo, podendo provocar efeitos positivos em distúrbios do humor, incluindo redução na depressão (SAINIO et al., 1996; PENEDO, 2008). XIAO et al. (1998) encontraram que o consumo de apenas duas unidades de banana em um dia, durante três dias, eleva o nível de serotonina no sangue em 16%. 2.1.10 ASPECTOS DE COMERCIALIZAÇÃO Apesar de seu advento tão precoce ao mundo dos alimentos comestíveis identificados pela humanidade, a banana teve que esperar a chegada do século XIX para se tornar um produto disponível aos consumidores de todos os paralelos e meridianos. Sua ascendência tropical a condenou em todos os períodos históricos anteriores a manter-se afastada dos mais abastados e movimentados mercados mundiais, particularmente do europeu (MACHADO, 2007). As possibilidades tecnológicas provenientes da Revolução Industrial permitiram que, a partir do advento dos trens, cargueiros, automóveis e aviões, as distâncias diminuíssem consideravelmente e que, como conseqüência disso, alimentos tropicais (como a banana) pudessem superar fronteiras com suficiente rapidez e em quantidades cada vez maiores para serem oferecidos em mercados antes desconhecedores (FLANDRIN, 1998). A bananicultura tem evoluído consideravelmente nas décadas de 70, 80 e 90, por ser um dos cultivos perenes de mais rápido retorno do capital investido. Além disso, apresenta um fluxo contínuo de produção a partir do primeiro ano, o que torna esta prática muito atraente para os agricultores (ALVES, 1997). A cultura dessa fruta, que é uma ―commodity‖ mundial, tem produção situada em quarto lugar depois das culturas de arroz, trigo e milho. Quanto ao volume total da produção nacional, em 2007 foram produzidas 6.972.408 toneladas da fruta. O Brasil ocupa a segunda posição do planeta, ficando atrás apenas da Índia, que produziu 21.766.400 toneladas da fruta em 2007, com área plantada de cerca de 508.845 ha (FAO, 2008). Nos últimos anos, o Estado de Minas Gerais tem ocupado lugar de destaque 30 entre os principais produtores de banana com Brasil, junto à Bahia, São Paulo, Santa Catarina, Pará e Ceará (IBGE, 2007). Além de saboroso alimento, a banana é ainda utilizada em algumas regiões do planeta de forma praticamente integral, servindo como material de construção, na confecção de cordas e barbantes, teto para abrigos como choupanas ou cabanas e ainda fornecendo outros elementos de sua composição como matéria-prima para atividades humanas - ao cortar-se a ponta do cacho há o fornecimento de água em quantidade suficiente para matar a sede; o coração da bananeira pode ser usado como alimento ou como combustível depois de secar ao sol (MACHADO, 2007). 2.2 DESIDRATAÇÃO DE ALIMENTOS Os novos comportamentos alimentares observados ressaltam que as pessoas estão dando menos importância às refeições tradicionais e, concomitantemente, aumentando as preocupações com relação à nutrição e à procura por refeições equilibradas e saudáveis, embora diminua o tempo disponível para ocupar-se com a alimentação. Com o surgimento das necessidades de se passar a maior parte do tempo no trabalho e, por isso, fazer refeições fora de casa, surgiu também a procura por alimentos prontos e semi-prontos. A rapidez e a facilidade no preparo destes alimentos foram tidas como grandes vantagens e, assim, houve aumento na demanda. Com o consumo desses tipos de produtos, os alimentos secos ficaram em segundo plano, havendo então um desaquecimento deste método de conservação (PARK et al., 2006). Atualmente, percebe-se um refortalecimento da secagem de produtos agropecuários devido à retomada da discussão de recuperação da qualidade de vida, que insere a importância do preparo de refeições saudáveis, mas com as limitações do tempo imposto pela vida moderna. Outro fator é a crescente demanda das indústrias que produzem alimentos chamados de instantâneos (prontos e semi-prontos) que utilizam alimentos secos como matéria-prima. A facilidade de manuseio e de armazenamento dos produtos secos também é um importante fator no atual mundo globalizado. Além disso, os alimentos secos retomam mercado devido ao preço compatível com os alimentos processados denominados de ―pratos-prontos‖ (PARK et al., 2006). 31 2.2.1 PARÂMETROS DO PROCESSO A secagem é uma das operações unitárias mais antigas realizada pelo homem. Os alimentos são desidratados ou secos objetivando vários propósitos, como por exemplo: preservação contra deterioração de origem microbiana e/ou bioquímica; conservação de suas condições durante estocagem; diminuição dos custos e maior facilidade para acondicionamento, manipulação, armazenamento e transporte do produto. O princípio desta tecnologia, de maneira simplificada, consiste na remoção de umidade da matéria-prima por evaporação (PEREIRA, 2007). A secagem tem a finalidade de eliminar líquido volátil contido em um material não volátil, através de evaporação; portanto, constitui a operação na qual a atividade de água de um alimento é reduzida pela remoção da água, através da vaporização. O tipo de secagem a ser utilizado depende, dentre outros fatores, da matéria-prima a ser desidratada, da composição físico-química e das características físicas do produto final desejado (PARK et al., 2006). As modificações nos conteúdos de umidade e temperatura de material submetido à secagem são controladas pelas transferências de calor e massa entre a superfície, o ambiente e o interior, englobando os fenômenos de migração e evaporação de umidade, sendo acompanhado por mudança de fase. A taxa de evaporação de água é determinada pelas condições dos parâmetros do processo: temperatura, umidade, pressão e/ou velocidade do ar. A composição e a estrutura do alimento também influenciam no movimento da umidade que está sendo removida (SINGH & HELDMAN, 2001). Inicialmente, a retirada da umidade ocorre através do fornecimento de calor latente de evaporação, por fonte de calor, resultando em evaporação de água da superfície do material para o ar ambiente e na difusão de umidade, que ocorre por gradiente de concentração entre o interior do alimento e a superfície (AL-DURI & MC INTYRE, 1992; PARK et al., 1999). De acordo com PARK et al. (1999), os principais mecanismos de transferência da massa da água do interior do alimento (sólido) até a superfície são: Difusão de líquido – a taxa de transferência de umidade é proporcional ao gradiente de concentração de umidade dentro do produto; Difusão de vapor - ocorre devido ao gradiente de pressão parcial de vapor, causado pelo gradiente de temperatura; Fluxo de líquido e de vapor - ocorrem devido à diferença de pressão total (causada pela pressão externa), de concentração, capilaridade, encolhimento e 32 altas temperaturas. No entanto, ainda não se estabeleceu uma única relação teórica que possibilite generalizações para tratamentos na secagem (PARK et al., 1999). PARK et al. (1999) ainda relatam que, no caso de secagem utilizando ar quente, ocorre transferência de calor do ar para o produto sob o efeito da diferença de temperatura existente entre eles. Simultaneamente, a diferença de pressão parcial de vapor d´água existente entre o ar e a superfície do produto determina a transferência de matéria (massa) para o ar na forma de vapor de água. Deste modo, o conteúdo de umidade do produto (X), a temperatura (T) e a taxa de secagem (dX/dt) podem ser representados em função do tempo de secagem (t), como mostra a Figura 6. Figura 6: Curvas típicas de secagem de um sólido úmido Fonte: PARK et al. (1999) A curva (a) representa a redução no teor de água do produto durante o processo de secagem - conteúdo de umidade do produto, em relação à evolução do tempo de secagem (t), ou seja, é a curva obtida ao pesar-se o produto durante a secagem sob uma determinada condição. A curva (b) é representativa da velocidade (taxa) de secagem do produto – variação do conteúdo de umidade do produto em função do tempo, dX/dt; A curva (c) corresponde à variação da temperatura do produto durante o processo de secagem – variação da temperatura do produto (T) em relação à evolução do tempo (t). É a curva obtida medindo-se a temperatura do produto durante a secagem. 33 Em geral, a operação de secagem consiste de três etapas distintas, as quais são esquematicamente definidas de acordo com a evolução das transferências de calor e de massa ao longo do processo: 0) Fase de indução (previamente ao regime operacional) - ocorre no início, quando o produto se encontra a temperatura inferior à do ar de entrada e, conseqüentemente, a transferência de massa e a velocidade de secagem são pequenas, representando uma adaptação do produto às condições do processo; 1) Fase de taxa constante de secagem - a água é evaporada sob a forma de água livre e as transferências de calor e de massa se compensam: a velocidade de migração da água do interior do produto para a superfície corresponde à velocidade de evaporação da água na superfície; 2) Fase de taxa decrescente de secagem - o teor de água na superfície do produto começa a ser deficiente. A velocidade de secagem diminui, uma vez que tornase mais difícil a migração da água residual do interior do produto para a superfície em função da camada de material desidratado na superfície tornar-se cada vez mais espessa (PARK et al., 1999). De acordo com a fonte de energia empregada, os processos de secagem podem ser enquadrados em dois grupos: secagem natural ou ao sol, e secagem artificial ou desidratação (BITTENCOURT, 2001). A secagem natural é de aplicação restrita, apresentando desvantagens em relação à secagem artificial. Os principais problemas associados à secagem natural dizem respeito a maior possibilidade de contaminação do produto final, tempo de secagem variável, heterogeneidade na qualidade do produto final e dependência direta das condições climáticas. Entretanto, a secagem artificial também apresenta alguns inconvenientes, como custos totais de secagem mais elevados (gastos com energia e equipamentos), e exigência de mão-de-obra qualificada e de tecnologia adequada (FULLER, 1993 citado por BITTENCOURT, 2001). Em relação aos aspectos nutricionais, o alimento perde umidade, o que resulta em aumento na concentração dos constituintes no produto desidratada ou seco. Proteínas, gorduras e carboidratos estão presentes em maiores quantidades por unidade de massa no produto seco. Pode ocorrer redução no teor de vitaminas, que são parcialmente oxidadas, como por exemplo, o ácido ascórbico e o caroteno (DESROSIER & DESROSIER, 1997). 34 2.2.2 EQUIPAMENTOS Apesar da grande diversidade de equipamentos e da existência de diferentes classificações na literatura, o sistema de secagem, segundo TRAVAGLINI et al. (1993), apresenta como componentes principais a fonte de calor e o sistema de aquecimento, os dispositivos para movimentação do ar, a câmara de secagem e o dispositivo para controle da operação de secagem. PARK et al. (2006) classificam os secadores de acordo com o modo de operação de cada equipamento (Figura 7). De acordo com RAGHAVAN & ORSAT (2006), a seleção de um determinado secador ou método de secagem depende do tipo e propriedades da matéria-prima, das características desejáveis no produto desidratado e das restrições nas condições operacionais, assim como dos custos envolvidos no processo. Na Tabela 4 encontramse relacionados alguns tipos de secadores comumente utilizados em escala industrial, em função das características físicas apresentadas pelos produtos desidratados. Os secadores do tipo cabine apresentam duas variações: com bandejas fixas e, com bandejas apoiadas sobre base móvel. Em ambos os casos, são secadores onde a transferência de calor se dá por convecção forçada de ar quente (COSTA, 2005). Para LAND (1991, citado por BITTENCOURT, 2001), os secadores de bandejas apresentam algumas características peculiares, tais como: Ciclo de secagem entre 5 e 40 horas; Falta de uniformidade no escoamento do ar, com a conseqüente formação de zonas de sobreaquecimento; Temperatura máxima de 200 ºC, em função do material a ser desidratado; Taxa de recirculação de ar máxima de 80%; Velocidade de escoamento do ar variável de 0,5 m/s até 3 m/s; Performance de 0,1 a 1,5 kg de água evaporada por m2. 35 Figura 7: Classificação de secadores segundo o modo de operação Fonte: Adaptado de PARK et al. (2006) Tabela 4: Seleção de secadores em função das características do produto desidratado PRODUTOS SACADOR Filme Granulares Lama Líquido Agitado Bandeja X X Com ar circulante Esteira X X X Lodo ou pasta Pasta compacta Pré-formados Sólido fibroso X X X X X X X X X X X X X X X Fluidizado X X X X Pneumático X X X X Rotativo direto X Rotativo indireto X Spray Tambor X X X X X X X X X Fonte: Adaptado de PARK et al. (2006) X 36 2.2.3 MICROONDAS A radiação compreende a forma de energia que se propaga em um meio na forma de ondas eletromagnéticas. Dentro do espectro eletromagnético, representado na Figura 8, a radiação das microondas é aquela caracterizada pelo intervalo de freqüências entre 300 MHz e 300 GHz. A propagação das ondas eletromagnéticas se dá através de objetos e pode apresentar fenômenos de reflexão, transmissão e absorção. As microondas são refletidas por superfícies metálicas (condutores) e refratadas por materiais dielétricos (pouco condutores). A propriedade intrínseca mais importante desta forma de energia para a Tecnologia de Alimentos constitui a absorção volumétrica por materiais dielétricos, sob a forma de calor (ENGELDER & BUFFLER, 1991; MULLIN, 1995). Esta propriedade resulta em tempos de processamento mais curtos, maior rendimento do produto final e, usualmente, em qualidade superior à encontrada mediante técnicas convencionais do processamento térmico (VADIVAMBAL & JAYAS, 2007). Figura 8: Espectro eletromagnético Fonte: DATTA & ANANTHESWARAN (2001) O sistema de aplicação de energia das microondas é composto basicamente por componentes de geração da energia a determinada freqüência e de condução da mesma para um aplicador, a partir do qual a potência pode ser dissipada pelo produto a ser aquecido (PEREIRA, 2007). Na Figura 9 encontra-se representado esquema de um sistema genérico de aquecimento por microondas. As principais partes constituintes deste sistema compreendem: 37 Sistema de geração de microondas - composto pela fonte de alimentação que fornece as tensões e correntes necessárias para alimentar o gerador de microondas. O gerador é um oscilador que converte a potência fornecida pela fonte em energia na freqüência das microondas. As freqüências mais utilizadas em eletrotermia industrial e doméstica são de 2,45 e 0,915 GHz, respectivamente, e o oscilador mais usual é o do tipo magnetron. Sistema de transmissão de microondas - a energia gerada pelo oscilador pode ser transferida de forma guiada por meio da propagação do campo eletromagnético em forma de onda eletromagnética por tubos metálicos altamente condutivos. As ondas são refletidas nas paredes metálicas do guia, apresentando distribuição dos campos elétricos de maior intensidade no guia e campo elétrico zero nas paredes. Sistema de aplicação - o aplicador, normalmente denominado cavidade, é um volume limitado por paredes metálicas no interior do qual se processa a interação entre o material dielétrico e a energia de microondas. O campo elétrico dentro de alguma cavidade apresenta inúmeras reflexões nas paredes metálicas, de maneira que proporciona propagação de múltiplos modos na distribuição do campo eletromagnético no interior. Constitui uma das principais desvantagens do aquecimento por microondas, uma vez que as reflexões múltiplas produzem interferências, resultando na formação de regiões de maiores e de menores intensidades de campo eletromagnético no espaço (PEREIRA, 2007). Figura 9: Diagrama de um sistema genérico de aquecimento por microondas Fonte: Adaptado de MARSAIOLI (1991) citado por PEREIRA (2007) 38 As freqüências de microondas normalmente utilizadas no processamento industrial de alimentos promovem interações entre os constituintes químicos dos alimentos e o campo eletromagnético, gerando aquecimento instantâneo no interior do produto. A utilização da energia de microondas, portanto, soluciona alguns dos problemas enfrentados nos processos de aquecimento convencional, nos quais, a transferência de calor ocorre por meio da condução de energia da superfície do material para o seu interior. Por outro lado, as microondas, por meio da fricção intermolecular causada principalmente por rotação dipolar de moléculas polares, como a da água, geram calor internamente no produto e conseqüentemente proporcionam gradiente de calor menos acentuado (CAMPOS, 1986). O aquecimento por microondas deve-se inicialmente à ruptura das fracas pontes de hidrogênio associadas à rotação dos dipolos de moléculas de água livre e à migração eletroforética de sais livres em um campo elétrico de polaridade rapidamente variável. Desta forma, os constituintes iônicos aquosos e polares dos alimentos, bem como os constituintes sólidos associados, exercem influência direta sobre como o aquecimento será conduzido (MARSAIOLI, 1991 citado por PEREIRA, 2007). Os fenômenos básicos envolvidos no aquecimento por microondas são o acoplamento da energia de um campo eletromagnético pelo produto e a atenuação da absorção de energia no interior do mesmo. As características de aquecimento do material, por sua vez, estão relacionadas não somente às propriedades dielétricas, como também às propriedades de transmissão peculiares aos processos de aquecimento dielétrico e às propriedades térmicas e de transporte que afetam as transferências de calor e massa (PEREIRA, 2007). Um material dielétrico pode ser definido como aquele que interage com um campo elétrico por conter portadores de cargas que podem ser deslocados. Como todos os materiais, o dielétrico compõe-se de um núcleo atômico positivo envolto por nuvem eletrônica negativa. Assim, quando um campo elétrico externo é aplicado, os elétrons são levemente deslocados para o núcleo e momentos dipolos são induzidos, causando o fenômeno conhecido como polarização eletrônica dos materiais. Nos materiais dielétricos, as cargas locais se movem em resposta a um campo elétrico aplicado. Os materiais apresentam carga livre e carga ligada e o movimento das cargas ligadas resulta na polarização das mesmas (THOSTENSON & CHOU, 1999; MARSAIOLI, 2001). As propriedades dielétricas são dependentes da freqüência do campo aplicado, 39 da temperatura, da composição e da estrutura do material. Portanto, no caso de alimentos, essa propriedade é fortemente afetada pelo teor de água e pela estrutura do material, como porosidade e volume dos poros. A absorção preferencial das microondas, pelas moléculas de água, promove um aquecimento focalizado, o que torna a aplicação dessa fonte de energia interessante em processo de secagem de alimentos, por exemplo (PEREIRA, 2007). VADIVAMBAL & JAYAS (2007) destacam que o processamento de alimentos por microondas pode resultar em produtos com melhor sabor, assim como preservar melhor os nutrientes comparativamente a outros tipos de tratamento térmico, especialmente por prevenir lixiviação dos nutrientes. Estudos sobre a desidratação de frutas e hortaliças com aplicação de energia de microondas têm sido frequentes nos últimos anos. Vários trabalhos tratam dos efeitos das condições de secagem, incluindo a potência de microondas aplicada, na qualidade do produto final, avaliada principalmente em termos dos parâmetros cor, porosidade, encolhimento e capacidade/cinética de reidratação (MASKAN, 2000; SOUSA, 2002; KHRAISHEH et al., 2004; WANG & XI, 2005). Vários pesquisadores propuseram combinação de dois métodos de secagem para compor o processo de secagem global. Durante a fase inicial, a secagem é conduzida por métodos convencionais de convecção com ar quente e durante o estágio final, pela aplicação de microondas combinada ou não com convecção (PRABHANJAN et al., 1995; FENG & TANG, 1998; JUMAH & RAGHAVAN, 2001; SILVA et al., 2006). 2.2.4 SECAGEM DE FRUTAS Frutas secas e desidratadas são mais concentradas do que qualquer outra forma de alimentos conservados. São menos custosas para serem produzidas quando comparadas a outros alimentos, requerem mão-de-obra, equipamento e mínimas exigências de armazenamento; além de apresentar pequenos custos de distribuição (DESROSIER & DESROSIER, 1997). Segundo GREENSMITH (1998), os Estados Unidos são de longe os maiores produtores de frutas secas. Outros países com exportação substancial são Grécia, Irã, Turquia, Portugal, Iraque, Algéria, Austrália, Argentina, Egito e África do Sul. A desidratação de frutas, no Brasil, ganhou impulso nos dez últimos anos com o tomate seco e vem ganhando força e mercado com as frutas brasileiras (COSTA, 2005). A desidratação de frutas apresenta grande potencial de crescimento e ainda é muito pouco explorada empresarialmente no Brasil. Diversos fatores contribuem para 40 esse pequeno mercado, e a oferta de frutas frescas durante o ano todo é o mais significativo, reduzindo com isso o hábito de se consumir frutas secas ou desidratadas. Outro fator muito importante é que a produção de frutas secas no Brasil esteve concentrada, nos últimos anos, principalmente em banana-passa, sendo a produção, na maioria das vezes, realizada em escala artesanal. Além disso, a falta de marketing do produto, a pequena atratividade devido à coloração escura e a falta de padrão de qualidade não permitiram o desenvolvimento deste mercado (MELONI, 2001 citado por COSTA, 2005). Entretanto, os mesmo autores afirmam que nos últimos anos o surgimento de equipamentos dimensionados adequadamente para a secagem de frutas e com custos mais acessíveis vêm permitindo o crescimento do mercado de frutas secas. Para se obter um produto final de boa qualidade, é necessário utilizar matériasprimas adequadas, e métodos e condições de secagem apropriadas uma vez que podem ocorrer diversas alterações físico-químicas no produto durante o processamento, como escurecimento, perda de nutrientes e componentes aromáticos, além da formação de compostos indesejáveis. Um dos principais problemas associados à desidratação de frutas é o encolhimento, que prejudica a aparência, a textura e a reidratação do produto final (CARDOSO, 1998). 2.2.4.1 Secagem de banana Como a banana apresenta grande volume de perdas em toda a cadeia produtiva, seu aproveitamento agroindustrial é de grande importância para o aumento da viabilidade econômica de cultivo. Dentre os processos de industrialização, a desidratação, que se caracteriza pelo baixo investimento inicial, perspectivas de lucratividade compatível com o investimento e amplo mercado, é o mais indicado tanto a pequenos quanto a grandes bananicultores (FNP, 1998 citado por BITTENCOURT, 2001). A secagem de bananas é utilizada não só para fins de preservação, mas também devido ao valor agregado ao produto seco, como na produção de chips (DEMIREL & TURHAN, 2003) e banana-passa (NOGUEIRA & PARK, 1992). Secagem convectiva de bananas e plátanos (Musa AAB) foi utilizada em diversos trabalhos encontrados na literatura (JOHNSON et al., 1998; QUEIROZ & NEBRA, 2001; BOUDHRIOUA et al., 2002; DANDAMRONGRAK et al., 2002; LIMA et al., 2002; DEMIREL & TURHAN, 2003). Referências a outros processos de secagem, como secagem por microondas (MASKAN, 2000) e de desidratação osmótica (FERNANDES 41 et al., 2006) também foram encontradas. CHUA et al. (2000) desidrataram fatias de banana em um secador de dois estágios capaz de controlar passo a passo tanto a temperatura quanto a umidade absoluta do ar de secagem. Foram testados dois perfis de temperatura com aumento gradual, e o incremento em cada passo sobre a temperatura média (30 °C) foi de 5 °C. Os autores observaram que, empregando-se essa técnica de secagem com a temperatura inicial e o tempo de ciclo apropriado, foi possível reduzir significativamente o tempo total de secagem necessário para alcançar o teor de umidade do produto desejável e, ainda, melhorar a sua cor. NGUYEN & PRICE (2007) também investigaram a influência da temperatura, umidade relativa e espessura da fatia de banana durante a secagem. A diferença nas taxas entre bananas de espessuras diferentes mostrou que a secagem desta fruta é função, principalmente, da transferência interna de umidade no período de taxa decrescente, no qual a difusividade da água dependeu da temperatura. A umidade inicial variava entre bananas de diferentes épocas de colheita. Uma diferença muito grande entre o teor de umidade inicial (acima de 5%) afetou fortemente as taxas de secagem, efeito que foi observado apenas à baixa temperatura (40°C). LEITE (2007) estudou o efeito da temperatura de secagem sobre a composição química, análise sensorial e qualidade microbiológica de bananas secas em uma câmara de ar forçado sob velocidade do ar constante. Os resultados mostraram que a secagem não afeta a composição química e os produtos obtidos apresentam boas condições sanitárias. A avaliação sensorial mostrou que baixas temperaturas de secagem produzem produtos de melhor aceitação e, nessas condições, a banana d‘água apresentou uma textura superior à prata. As mudanças nos componentes aromáticos da banana durante a sua maturação e a secagem convencional a ar quente foram analisadas por BOUDHRIOUA et al. (2002), que identificaram doze compostos aromáticos, através de cromatografia gasosa, na fruta in natura. Destes, sete substâncias foram analisadas durante a secagem convectiva a 40, 60 e 80°C. Os autores sugeriram que nessa última temperatura, alguns produtos da reação de Maillard foram desenvolvidos. Por outro lado, compostos como alguns álcoois reduziram-se drasticamente. Os autores concluíram que tais mudanças nos componentes aromáticos dependem do conteúdo de umidade da polpa e da temperatura de secagem. Um estudo sobre o estágio final da secagem a ar quente e microondas de bananas desidratadas osmoticamente foi realizado por PEREIRA (2007). Os resultados 42 indicaram que o aumento no potencial das microondas aumenta a taxa de secagem e, conseqüentemente, diminui o tempo de processamento. A temperatura e a velocidade do ar também apresentaram efeito positivo sobre o tempo total. Já a qualidade do produto final não foi fortemente afetada por esses parâmetros do processo; não foram observados efeitos sobre a cor das bananas secas e sim alguns efeitos em relação à porosidade e o volume aparente das mesmas. MUI et al. (2002) estudaram o efeito de secagem por ar e por forno microondas com vácuo nos componentes de aroma e textura de banana chips. Determinaram que o uso de microondas a vácuo levou à perda de muitos componentes de aroma e que o melhor produto em termos de flavor e crocância determinado por análise sensorial foi obtido com secagem utilizando 90% desidratação no ar e 10% no forno microondas a vácuo. Num estudo de parâmetros para a preparação de banana chips fritos, DAS GUPTA et al. (2006) determinaram que uma pré-secagem das fatias de banana antes da fritura forneceu um produto com qualidades sensoriais piores do que daquelas amostras que não sofreram a pré-secagem. 2.2.4.1.1 “Crisps” de banana Com elevada qualidade, os crisps de banana podem ser consumidos como ―snack‖ ou fazer parte de uma refeição matinal. Considerado produto natural, sua vantagem é que as fatias de banana não são fritas, recebem apenas aplicação de calor; além disso, são crocantes e conservam o sabor natural da fruta, não contendo corantes ou aromatizantes. O produto pode ser industrializado também na versão diet (CAMPOS, 2007). DEMIREL & TURHAN (2003) secaram fatias de banana para obtenção de chips. As fatias estavam com 2 mm de espessura e foram desidratadas em secador de bandeja a temperatura aproximada de 60 ºC (40, 50, 60 e 70 ºC), como sugerido por BOWREY et al. (1980, citado por DEMIREL & TURHAN, 2003), baseado na aceitação do consumidor. As amostras foram divididas em 3 grupos, de acordo com o prétratamento: fatias de bananas intactas (fatias não tratadas); fatias mantidas em mistura a 0,1% de ácido ascórbico/ácido cítrico (1:1) por 1 min (fatias tratadas com ácido); e fatias mergulhadas em solução de bissulfito de sódio a 1% por 2 min (fatias tratadas com bissulfito). Sendo que as fatias foram enxaguadas com água destilada por 30 s, secas com papel toalha e levadas para o experimento. Este pré-tratamento não afetou o conteúdo de umidade inicial. A coleção de dados terminou quando o conteúdo de umidade alcançou 0,18 – 0,16 kg água/kg de sólidos secos para uma aceitação de 43 textura, ―chewiness‖ e cor, de acordo com o descrito por BOWREY et al. (1980, citado por DEMIREL & TURHAN, 2003). A secagem continuou até a amostra alcançar massa constante para determinar o conteúdo de umidade em equilíbrio a condições controladas de temperatura e umidade relativa. A umidade relativa do ar na câmara de secagem foi estimada como 33% a 40 ºC, 18% a 50 ºC, 12% a 60 ºC e 6% a 70 ºC. Os autores concluíram que diferentes pré-tratamentos influenciam a taxa de secagem de produtos agrícolas diferentemente, como as propriedades do tecido modificam-se de um material para outro. Apesar de amostras tratadas com bissulfito secarem mais rapidamente que as tratadas com ácido, as últimas puderam ser preferidas, desde que as características de odor do sulfito permaneceram no produto final. A taxa de secagem de amostras não tratadas aumentou com o aumento da temperatura entre 40 e 70 ºC. A taxa de secagem dos pré-tratamentos aumentou entre 40 e 60 ºC, e diminuiu a 70 ºC presumivelmente devido à gelatinização do amido na superfície das fatias de banana. OLIVEIRA et al. (2007) descreve que a produção de banana desidratada é processo simples, constituído pelas etapas de limpeza, seleção, descascamento, branqueamento (opcional), desidratação e embalagem. A desidratação é o estágio que demanda mais energia e é responsável pelas propriedades físicas e pelos atributos sensoriais do produto final. O tratamento de vegetais com a finalidade principal de minimizar o escurecimento enzimático é denominado branqueamento (SHARMA et al, 2000). De acordo com ARAÚJO (2004), as reações de escurecimento enzimático ocorrem no tecido vegetal quando há ruptura da célula e a reação não é controlada. Sendo que a descoloração é oriunda de reações catalisadas pela enzima polifenol oxidase (PPO), a qual catalisa a oxidação dos compostos fenólicos, formando a quinona, que rapidamente se condensa e produz pigmentos escuros insolúveis, denominados melanoidinas, ou reage não-enzimaticamente com outros compostos fenólicos, aminoácidos e proteínas formando também melanoidinas. Três componentes devem estar presentes para que a reação de escurecimento enzimático ocorra: enzima, substrato e oxigênio. Deste modo, no intuito de prevenir o escurecimento de frutas e vegetais catalisado pela PPO pode-se lançar mão de algumas estratégias: inativação térmica pelo uso do calor, embora algumas sejam relativamente termoestáveis; exclusão ou remoção de um ou ambos os substratos (oxigênio e fenóis); redução do pH em duas ou mais unidades abaixo do pH ótimo (~6,0); e, adição de substâncias redutoras que inibem a ação da PPO ou previnam a 44 formação de melanoidina (ARAÚJO, 2004). Substâncias redutoras, como ácido ascórbico, sulfito e tióis, previnem o escurecimento pela redução do o-benzoquinona de volta para a forma o-diidroxifenol ou pela inativação irreversível da PPO. O sulfito, além de atuar como agente redutor, pode também interagir com a quinona, formando sulfoquinona, ou inibir a enzima irreversivelmente. Araújo (2004) ainda relata que dentre as substâncias químicas redutoras de uso mais frequente na indústria de alimentos, o sulfito é o mais utilizado. Figura 10: Oxidação enzimática de compostos fenólicos pelas polifenol oxidases (PPOs) Fonte: Adaptado de ARAÚJO (2004) Os sulfitos - metabissulfito de sódio, metabissulfito de potássio, metabissulfito de cálcio, sulfito de sódio, sulfito de cálcio, sulfito de potássio, bissulfito de cálcio, bissulfito de sódio, bissulfito de potássio – são classificados por BRASIL (1988) como aditivos alimentares intencionais do tipo conservadores, sendo permitidos nas frutas dessecadas com limite máximo de tolerância igual a 0,01 g/100g do produto. 2.2.5 PARÂMETROS DE QUALIDADE DO PRODUTO NA SECAGEM De acordo com PARK et al. (2006), os principais critérios utilizados para a determinação da qualidade dos alimentos são os critérios de deterioração (origem biológica, microbiológica, enzimática, mecânica, química e física), e os da composição (química e nutricional). Dentre as características utilizadas para descrever alimentos desidratados estão: atividade de água, deterioração microbiana, reações enzimáticas e não-enzimáticas, fenômenos físicos e estruturais, destruição de nutrientes, aroma e sabor (BARBOSA- 45 CÁNOVAS & VEGA-MERCADO, 1996). NIJHUIS et al. (1998) relatam que a qualidade dos alimentos desidratados depende em parte das mudanças que ocorrem durante o processamento e o armazenamento. Algumas dessas mudanças envolvem modificações na estrutura física desses produtos, afetando a textura, o grau de reidratação e a aparência. PEREIRA (2007) descreve que o tipo do processo de secagem empregado e as condições operacionais do mesmo interferem nas características do produto seco. A umidade e a temperatura provocam mudanças estruturais que refletem na forma, na porosidade, no volume e na densidade do material. Esses dois parâmetros também geram reações de degradação de nutrientes presentes nos alimentos. Os alimentos são formados por combinação de diferentes componentes e, por essa razão, geralmente existem em estado de não-equilíbrio amorfo. Segundo PARK et al. (2006), materiais amorfos são compostos susceptíveis às mudanças de temperatura e pressão do ambiente, de modo que pequenas variações nas condições ambientes podem provocar mudanças de estado em alguns componentes, causando mudanças estruturais indesejáveis. A mudança de fase mais comum em alimentos é a transição vítrea, que consiste em transição de fase de segunda ordem de estado sólido-vítreo para estado semilíquido gomoso. A transição vítrea de um composto ocorre a certa temperatura, denominada temperatura de transição vítrea (Tg), que é variável com a composição do alimento, principalmente com a umidade. O conhecimento dessa temperatura em função da concentração de água é de extrema importância na formulação e na determinação das condições ideais de processamento e armazenagem de alimentos, de forma a manter a qualidade do produto pelo maior tempo possível (PARK et al, 2006). Frutas são sistemas sólidos ou semi-sólidos, heterogêneos e que podem ser consideradas como matriz que contém grandes quantidades de fase líquida. Os biopolímeros (amido, pectinas, celulose e etc.) são os elementos estruturais mais comuns na matriz sólida. A estrutura particular de um material e a característica mecânica de seus elementos em equilíbrio definem volume, massa e tamanho. Durante a secagem, quando a água é removida do material, desequilíbrio entre a pressão interna e externa é produzido e tende a gerar contrações e tensões internas que conduzem ao encolhimento ou colapso, a alterações de forma e, em alguns casos, a rachaduras do material (MAYOR & SERENO, 2004). A temperatura de secagem pode influenciar no encolhimento de maneira que o 46 produto apresenta menor encolhimento quando temperaturas mais altas são utilizadas. No início da secagem, há formação de uma casca na superfície do material, também conhecida como endurecimento superficial, a qual determina o tipo e o grau de encolhimento dos alimentos. Esse fenômeno está relacionado com a transição vítrea nessa superfície. Sendo assim, quando há formação de casca, significa que o material da superfície passou do estado ―borrachento‖ para o estado vítreo. Dessa forma, o encolhimento do material diminui, podendo ocorrer a formação interna de poros ou bolhas (MAYOR & SERENO, 2004). A atividade de água (Aa) do alimento é uma das propriedades mais importantes do processamento, para a conservação e o armazenamento de alimentos. O termo atividade de água foi introduzido na década de 50 para descrever o estado da água em produtos alimentícios. Essa definição surgiu porque o estado de ligação da água e os outros constituintes do alimento determinam o crescimento microbiano, a produção de toxinas e a ocorrência de reações enzimáticas e não enzimáticas (BARBOSACÁNOVAS & VEGAS-MERCADO, 1996). Os microorganismos requerem uma atividade de água mínima para o seu desenvolvimento. O crescimento bacteriano só ocorre em valores de atividade de água acima de 0,9, as leveduras necessitam de um valor limite de 0,85 para seu crescimento e os bolores um valor de 0,6. Em geral, o limite de 0,6 é considerado como o limite mínimo para o crescimento de microorganismos (BOBBIO & BOBBIO, 2001). O reconhecimento da microestrutura de alimentos está agora sendo reconhecido como pré-requisito necessário para entender as propriedades. PARK et al. (2006) relatam que o interesse em descrever, prever e controlar o comportamento de materiais alimentícios deve estar aliado à importância do verdadeiro reconhecimento da maneira como os componentes estão organizados, já que existe conexão entre a estrutura e sua funcionalidade. De acordo com AGUILERA & STANLEY (1999), define-se como microestrutura de alimentos a organização dos componentes de alimento e suas interações. Ao sofrer processamento, a microestrutura do alimento é destruída e reconstituída, o que poderia ser entendido como uma série de operações de reestruturação e reorganização. 2.2.6 INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PRONTOS PARA O CONSUMO, DO TIPO “SNACKS” A alimentação constitui uma das atividades humanas mais importante, não apenas devido a razões biológicas evidentes, mas também por envolver aspectos 47 sociais, psicológicos e econômicos fundamentais na dinâmica da evolução das sociedades. Os recursos envolvidos em alimentação, em termos de mercado, são consideráveis, perfazendo montante bastante superior a setores como o automobilístico, eletrônico ou de armamento (PARK et al., 2006). Notam-se mudanças expressivas nos padrões de consumo alimentar das populações urbanas, em dois diferentes sentidos. Num primeiro, há a valorização de produtos sãos, isentos de resíduos e frescos, que levam à demanda de produtos ―naturais‖. E noutro sentido, desenvolve-se valorização dos aspectos de praticidade e funcionalidade - rapidez no preparo, longa conservação, adaptabilidade a diversas necessidades, acessibilidade, informação e diferenciação (PARK et al., 2006). O alimento do tipo snack é definido como aquele consumido no intervalo das principais refeições. O mercado mundial é pelo menos o dobro do tamanho do mercado dos EUA, sendo então estimado em aproximadamente 30 - 35 bilhões de dólares em vendas anuais (LUSAS & ROONEY, 2001). Os snacks são desenvolvidos para serem menos perecíveis e com maior apelo ao consumidor do que os alimentos frescos. Diferentes tipos estão disponíveis no mercado, tal que a nova geração desta classe de produto se enquadra em categorias diversas como a de baixo teor de gordura, assado e não frito, à base de arroz / trigo com alto teor de fibra e com cobertura. Os alimentos prontos para consumo (RTE ready-to-eat) têm, geralmente, baixo conteúdo de umidade (MAZUMDER et al., 2007). Esses produtos incluem biscoitos e cereais expandidos, pipoca, flocos de arroz, milho e soja com ou sem fritura, batata chips, e muitos outros que poderão ser desenvolvidos (OLIVEIRA, 2007). 2.3 TEXTURA DE ALIMENTOS 2.3.1 TEXTURA SENSORIAL Textura é um das quatro características sensoriais de aceitação de alimentos juntamente com aparência, aroma e sabor, que se associam ao prazer em comer e induzem o consumidor a decidir pela recompra do produto (BOURNE, 2004). No contexto industrial, o preditor mais importante da textura de alimentos é o consumidor, o qual é a melhor fonte de informação em relação à aceitabilidade ou gosto da textura do produto. No entanto, um consumidor normalmente pode não ser capaz de dar informação detalhada de vários componentes de textura (BORWANKAR, 1990 citado por OLIVEIRA, 2007). 48 No que diz respeito ao padrão de aceitação de um alimento pelo consumidor quanto à textura, SZCZESNIAK (2002) menciona que para alguns produtos, como o queijo tipo cottage, a tolerância pode ser maior, enquanto que para outros produtos, como a batata frita, a variabilidade deve ser pequena. Em geral, produtos que são valorizados por sua crocância encontram-se associados a limites estreitos quanto à textura. Ainda a mesma autora reporta que as características de textura mais e menos apreciadas dependem primariamente de fatores fisiológicos e culturais que são comuns a todos, mas que parecem ter conotações específicas. Líderes na lista das características mais apreciadas nos EUA estão a crocância e o termo inglês crunchiness, os quais levam o consumidor a comer mais. Normalmente, as menos apreciadas são as que tornam o produto difícil de ser controlado e manipulado na boca. 2.3.2 TEXTURA INSTRUMENTAL BOURNE (2002) define textura como o conjunto de características físicas formadas a partir dos elementos estruturais do alimento, perceptíveis pelo tato e relacionadas à deformação, desintegração e fluxo do alimento, sob a aplicação de força. As medidas são função da massa, tempo e distância. As propriedades de textura podem ser subdivididas em dois grupos: (1) reologia – ramo da física que estuda a deformação e o escoamento de materiais; (2) sensação e toque (haptaesthesis), um ramo da psicologia que descreve a percepção do comportamento mecânico dos materiais (BOURNE, 2002). Existem inúmeros instrumentos de medição de força disponíveis, o mais utilizado é o analisador de textura TA.XT2, o qual mede a força e as propriedades de textura de produtos alimentícios, através da deformação dos mesmos em várias maneiras e da medição da força necessária para alcançar a deformação (SHARMA et al., 2000). WILKINSON et al. (2000) afirmam que os instrumentos de medição de textura podem ter classificações diversas. Uma das mais antigas é a de Scott-Blair, em 1958, que divide os testes de textura em fundamentais, empíricos e imitativos. Apesar dos dois primeiros métodos serem simples, as medidas não são bem definidas e estudos utilizando essas técnicas geralmente não têm alta correlação com as medidas sensoriais de textura. Segundo BOURNE (1978, citado por WILKINSON et al., 2000), a vantagem significativa dos testes imitativos, nos quais a técnica imita a ação dos dentes e mandíbulas, é que se correlacionam bem com a situação real de mastigação do 49 alimento. 2.3.3 CORRELAÇÃO ENTRE TEXTURAS SENSORIAL E INSTRUMENTAL De acordo com OLIVEIRA (2007), a definição de textura sempre gerou discussões na comunidade científica, porém atualmente há consenso de que ela é atributo sensorial, ou seja, é sentido e medido por pessoas. Crocância e crunchiness (ou fraturabilidade) são conceitos muito complexos, que combinam larga variedade de percepções, como sons, características de fratura, densidade e geometria. Isso pode explicar a dificuldade encontrada pelos consumidores e pesquisadores ao tentarem definir e mensurar essas sensações (FILLION & KILCAST, 2002). Segundo LABUZA & KATZ (1981, citados por HOFSETZ, 2003), crocância é a propriedade de textura caracterizada pela ocorrência de várias desintegrações sucessivas no produto durante sua mastigação. A crocância do produto é função do teor de umidade adequado, sendo a perda desta característica devida à absorção de umidade – a água afeta a textura de alimentos secos através do amaciamento e da plasticização da matriz protéica, o que altera a resistência mecânica do produto. Originalmente, as medidas de crocância eram executadas em instrumentos desenvolvidos para a ciência dos materiais, os quais forneciam parâmetros físicos com significância fundamental em termos de propriedades reológicas. Como a crocância representa componente detectado com o auxílio sentido da audição, esses parâmetros não dão a medida direta da crocância, mas podem ser usados como indicadores que devem ser correlacionados aos dados sensoriais (ROUDAUT et. al., 2002). MAZUMDER et al. (2007) realizaram testes de compressão uniaxial em snack de milho de baixa densidade pronto para consumo, obtendo curvas características em função da deformação produzida. Os autores ressaltaram que um bom indicador da crocância do produto é o número de picos principais, os quais são sensíveis ao teor de umidade da amostra principalmente quando este é maior que 4%. SAKLAR et al. (1999) estudaram a crocância de avelãs torradas por meio de método instrumental de compressão. Os testes instrumentais foram realizados em um dispositivo de compressão com registro computadorizado. Foram obtidas curvas típicas de força-deformação, e analisados os seguintes parâmetros: o primeiro ponto de fratura (F1), a inclinação da curva entre o ponto inicial e o primeiro ponto de fratura (S1), a área sob a curva dessa região (W1), o segundo ponto de fratura (S2), a inclinação da curva entre o primeiro e o segundo ponto de fratura e, a área sob essa região (W2). A 50 avaliação sensorial de textura uma Análise Descritiva Quantitativa (ADQ), cujas variáveis de resposta foram crocância e fraturabilidade. Os autores concluíram que a crocância (avaliada sensorialmente) é inversamente correlacionada com F1, S1 e W1, sendo percebida pela força da mordida, pois os dentes incisivos agem como sonda de compressão. Por esta razão, o ponto de fratura inicial apresenta correlação significativa com a crocância. Além disso, à medida que os pontos de fratura nas curvas tornam-se mais numerosos, a força necessária para a mastigação é reduzida. Em conseqüência, uma maior sensação de crocância encontrava-se associada a uma menor dureza. 2.4 ANÁLISE SENSORIAL Análise Sensorial é a disciplina científica utilizada para mostrar, quantificar, analisar e interpretar reações produzidas pelas características dos alimentos e materiais, tais como são percebidas pelos órgãos da visão, olfato, gustação, tato e audição (ABNT, 1993). De acordo com FERREIRA (2000), constitui uma ferramenta analítica muito importante na indústria de alimentos, pois contribui direta ou indiretamente para inúmeras atividades, como desenvolvimento de novos produtos, controle de qualidade, reformulação e redução de custos de produtos, relações entre condições de processo, ingredientes, aspectos analíticos e sensoriais. Os testes sensoriais utilizam os órgãos dos sentidos humanos como ―instrumentos de medida‖ e devem ser realizados como garantia da qualidade de alimentos por representarem uma medida multidimensional integrada e possuírem importantes vantagens como, por exemplo, determinar a aceitação e a preferência de um produto por parte dos consumidores (STONE & SIDEL, 1993). De acordo com LANZILLOTTI & LANZILLOTTI (1999), durante as provas sensoriais, as respostas dos avaliadores podem estar influenciadas por fatores psicológicos e assim, produzir falsos resultados. Estes fatores são responsáveis por alguns erros, tais como: Erros de expectativa - podem ocorrer quando os avaliadores recebem demasiada informação sobre a natureza do experimento ou sobre os tipos de amostras, antes de iniciar a prova. Os avaliadores devem receber somente a informação que necessitam para realizar seu trabalho e durante o transcurso do experimento recomenda-se que não discutam suas impressões entre si. Erros de estimulação - ocorrem quando os avaliadores se vêem influenciados por diferenças de tamanho, forma, cor dos alimentos apresentados. 51 Erros por contraste - os efeitos de contraste podem afetar os resultados dos testes sensoriais. Unidades amostrais agradáveis, seguidas pelas desagradáveis, podem levar a pontuação inferior às primeiras. Não somente a questão visual, mas os efeitos gustativos e olfativos também podem comprometer a análise sensorial de determinado produto. Os métodos aplicados em Análise Sensorial podem ser divididos em discriminativos, descritivos e afetivos. Os testes afetivos têm como objetivo mensurar a preferência ou a aceitação de um produto. A preferência é medida por comparação com um padrão ou entre duas ou mais amostras. A aceitação pode ser medida individualmente ou simultaneamente para diversos produtos, e seus resultados comparados. Para testes de aceitação geralmente se utiliza a escala hedônica de nove pontos, com conceitos variando entre desgostei extremamente e gostei extremamente ou a escala não-estruturada, composta de uma linha ancorada em seus extremos pelos temos desgostei extremamente e gostei extremamente (FERREIRA, 2000). 52 3. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido nos laboratórios de Tecnologia de Alimentos, de Química de Alimentos, e de Análise Sensorial da Faculdade de Farmácia (FAFAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), bem como nos laboratórios de Bromatologia da Fundação Ezequiel Dias (FUNED), no de microbiologia da Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) e no de Mecânica do Colégio Técnico da UFMG (COLTEC). 3.1 MATERIAL 3.1.1 MATÉRIA-PRIMA Foram utilizadas bananas Prata - Musa acuminata, subgrupo Cavendish, variedade Prata - adquiridas no mercado local da cidade de Belo Horizonte. Na fabricação do produto de banana desidratada crocante, foram utilizados alguns ingredientes adquiridos no mercado local, com base no menor preço: açúcar de mesa (sacarose), duas variedades de edulcorante – um à base de sucralose e outro a base de ciclamato e sacarina sódicas. 3.1.2 VIDRARIAS, REAGENTES, UTENSÍLIOS E EQUIPAMENTOS Os pesos bruto e líquido das bananas foram mensurados em balança comercial Marte® A 10K. Solução de hipoclorito de sódio em água potável a 250 ppm foi utilizada para a higienização das bananas, em bacia plástica. Fatiador manual Jolly® Grãn Fino foi utilizado para o corte das bananas. Para o branqueamento, foram utilizadas solução de bissulfito de sódio (1% p/v). A secagem das fatias de banana foi realizada em secador com circulação forçada de ar, modelo M 320 E Fanem®. A umidade no interior foi mensurada por meio de um analisador de umidade da marca Ohaus, modelo MB 200. Também para a secagem, foi utilizado forno microondas modelo Interactive Touch On da marca Sharp®. Para a caracterização química foram utilizadas as seguintes vidrarias: aparelho extrator Soxhlet, termômetros, balão Kjeldahl, cadinhos de porcelana, cápsulas de porcelana, pesa filtros, vidros de relógio, provetas, pipetas, frascos Erlenmeyers, funis, buretas, dessecadores, bastões de vidro, béqueres, cronômetro, balão de destilação e 53 balão coletor para evaporador rotatório, potes de vidro. Os reagentes empregados foram: hidróxido de sódio, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, sulfato de cobre, sulfato de potássio, dióxido de titânio, zinco em pó, indicador vermelho de metila, iodeto de mercúrio, acetato de chumbo, acetato de zinco, éter etílico, etanol, ácido acético glacial, cloreto de cálcio anidro, tampão fosfato pH 6.8, e enzimas (protease e amilases). Estufa, mufla, chapa elétrica, balança semi-analítica e analítica, agitador magnético, banho termostatizado, micro-digestor de Kjeldahl, Gerhardt® – modelo Kjeldaterm, microdistilador para Kjeldahl Tecnal® – modelo TE-036/1, aquecedor para Soxhlet da marca Quimis®, modelo 308-16, pHmetro Tecnal®, modelo Tec-3mp, balança analítica Sauter® modelo 414/10 e balança Mettler® - modelo P1210 com capacidade de 1,2 kg foram os equipamentos/instrumentos utilizados. A caracterização física foi feita por meio da utilização de balança com precisão de 0,01 g, da marca Sauter ® modelo 414/10, e paquímetro de precisão da marca Mitutoyo® de 150 mm graduado em 1 mm. O analisador de textura foi do modelo TA.XT2i da marca Stable Micro Systems ®, dotado da sonda P4 (4 mm de diâmetro, cilíndrico, inoxidável). Para a caracterização microbiológica, foram utilizados os seguintes materiais: água peptonada 0,1%; tubos de diluição; pipetas de 1 mL; placas de Petri de 20 x 100 mm; ágar padrão para contagem; ágar soro de laranja; ágar R2A; ágar dicloran rosa de bengala cloranfenicol; ágar dicloran glicerol 18; ágar extrato de levedura glicose cloranfenicol; alça de espalhamento; membranas; conjunto de filtração; bomba de vácuo; pinças; proveta de 100 mL; estufa. Os testes sensoriais de aceitação foram realizados no laboratório de Análise Sensorial da Faculdade de Farmácia da UFMG em cabines de prova apropriadas para este fim. As embalagens plásticas de polietileno para acondicionamento do produto final foram adquiridas em estabelecimento especializado, e o seu fechamento (selagem) foi realizado em máquina seladora da marca R. Baião®. 3.2 MÉTODOS 3.2.1 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO DE BANANA CROCANTE DESIDRATADA Todas as etapas de produção ocorreram nas dependências dos laboratórios de Tecnologia de Alimentos da FAFAR/UFMG. 54 3.2.1.1 Ensaios preliminares Foram testadas várias espécies de banana (Prata, Nanica, da Terra e Pacovã), em diferentes graus de maturidade classificados na Escala de Von Loesecke (CEAGESP, 2006) – graus 2, 3, 4, 5 e 6, para cada uma das espécies, de acordo com o proposto por NGUYEN & PRICE (2007), BAINI & LANGRISH (2008), LEITE et al. (2007), PEREIRA et al. (2007), FERNANDES et al. (2006), DEMIREL & TURHAN (2003), BOUDHRIOUA et al. (2002), MASKAN (2000). O branqueamento térmico foi realizado de acordo com o proposto por RIBEIRO (2004). As bananas foram fatiadas no sentido longitudinal, com espessura aproximada de 0,3 cm; mas também no sentido transversal nas espessuras de 1,0 cm, 0,50, 0,40 e 0,20 cm, de acordo com NGUYEN & PRICE (2007); LEITE et al. (2007) e BOUDHRIOUA et al. (2002); MASKAN (2000); e DEMIREL & TURHAN (2003), respectivamente, além das espessuras de 0,10 e 0,15 cm. Para o fatiamento, foi utilizada uma faca de cozinha ou um fatiador manual, tendo optado sempre pelo último após a sua aquisição. Para o branqueamento químico foram utilizadas as seguintes soluções: ácido ascórbico e ácido cítrico (0,10%, 1:1), por um minuto e bissulfito de sódio (1%), por dois minutos; bissulfito de sódio (0,40%), 40 segundos; ácido cítrico e bissulfito de sódio (1% e 200 ppm), oito minutos – de acordo com os experimentos realizados por DEMIREL & TURHAN (2003); RODRIGUEZ-SOSA et al. (1977); SUNTHARALINGAM & RAVIDRAN (1993). Após os branqueamentos térmico e químico, também foi testado submeter as fatias de banana à desidratação osmótica, antes de submetê-las à secagem, em solução de sacarose à 50 e 70 ºBrix, sob agitação constante, por 30 minutos, 1, 2, 3 e 4 horas, para ambas as soluções. Mas nem todos os testes passaram pela etapa da desidratação osmótica – possuíram a etapa de imersão das fatias de banana branqueadas em diversas soluções de sabor doce: Sacarose: 25, 50 e 75%; Sorbitol: 25, 50 e 75%; Sucralose: 25, 50 e 75%; Aspartame: 25, 50 e 75%; Ciclamato e Sacarina: 25, 50 e 75%. Os percentuais das soluções doces a base de edulcorante referem-se ao 55 percentual equivalente à doçura da sacarose, sendo que as mesmas foram preparadas de acordo com informações contidas no rótulo do produto. A secagem em estufa com circulação de ar foi realizada a diferentes temperaturas: 40, 50 e 60 ºC, sendo cada uma destas temperaturas mantidas por diferentes tempos: 10, 20 e 30 horas. Estes parâmetros foram baseados nos melhores resultados encontrados por NGUYEN & PRICE (2007), BAINI & LANGRISH (2008), LEITE et al. (2007), PEREIRA et al. (2007), FERNANDES et al. (2006), DEMIREL & TURHAN (2003), BOUDHRIOUA et al. (2002). As fatias de banana foram submetidas à energia microondas logo após os branqueamentos térmico e químico ou também após a desidratação osmótica, na tentativa de obter um produto desidratado. Para tanto, aplicou-se energia microondas nas potências de 100, 90, 80, 70, 60 e 50%. Para cada uma dessas potências, e para todos os pré-tratamentos, o tempo de exposição foi de 1 minuto, 1 minuto e 10 segundos, 1 minuto e 20 segundos, 1 minuto e 30 segundos, 1 minuto e 40 segundos, 1 minuto e 50 segundos ou 2 minutos. Para todos estes parâmetros, testou-se também o posicionamento das fatias nas bordas e no centro do prato no interior do equipamento. É sabido que a potência de 100% do aparelho de microondas utilizado é igual a 790 Watts. Como tratamento de acabamento para a finalização da secagem (após retirada das fatias do interior da estufa com circulação de ar - as que não sofreram desidratação osmótica) foi testado submetê-las à energia microondas na potência de 50%, durante os tempos de 1 minuto, 1 minuto e 10 segundos, 1 minuto e 20 segundos, e, 1 minuto e 30 segundos. Para a seleção dos melhores tratamentos, foram utilizados critérios empíricos adotados pelos membros da equipe de pesquisadores, principalmente, no que diz respeito à facilidade de manuseio e parâmetros sensoriais (aparência, dureza, crocância e sabor). 3.2.1.1.1 Teste sensorial piloto Após escolha dos melhores tratamentos, foi realizado um piloto de teste sensorial, com 16 amostras. As quais receberam diferentes números para codificação, de acordo com as etapas de processamento a que foram submetidas (Tabela 5). As bananas mais verdes e mais amarelas correspondem a, respectivamente, os estágios 3 e 4 da Escala de Von Loesecke (CEAGESP, 2006). A solução doce, quando presente, foi posta em contato com a amostra numa etapa anterior à secagem. 56 A análise sensorial foi planejada em blocos balanceados, completos e casualizados, com 16 amostras e 48 provadores não treinados. Foi realizado um teste afetivo, do tipo aceitação, e as amostras foram apresentadas de forma monádica, para análise de aparência, crocância, dureza e sabor, a partir de escala hedônica estruturada de nove pontes, variando entre ―desgostei extremamente‖ (1 ponto) e ―gostei extremamente‖ (9 pontos), e para análise da intenção de compra por meio de uma escala hedônica de cinco pontos, variando entre os extremos ―certamente não compraria‖ (1 ponto) e ―certamente compraria (5 pontos). Os provadores responderam a 16 fichas de análise sensorial, uma (01) para cada amostra, bem como a um questionário. Os dados obtidos no teste de aceitação foram tabulados no software EpiData, versão 3.1, e então foram submetidos à ANOVA (análise de variância) e comparados pelo Teste de Tukey a 95% de confiança. Tabela 5: Codificação das amostras de acordo com o processamento a que foram submetidas AMOSTRAS 921 253 385 479 946 214 372 438 BANANA (estágio de maturação) mais verde SOLUÇÃO DOCE FINALIZAÇÃO DA SECAGEM açúcar cristal sucralose ciclamato e sacarina - açúcar cristal sucralose ciclamato e sacarina microondas 569 - 613 725 açúcar cristal sucralose 831 586 658 794 mais amarela 892 ciclamato e sacarina açúcar cristal sucralose - microondas ciclamato e sacarina As três melhores amostras passaram então a receber outra codificação aleatória, como apresentado (578, 429 e 317), constituindo-se no produto final. 3.2.1.2 Desenvolvimento do produto final 57 Para o desenvolvimento do produto final, as bananas Prata foram classificadas de acordo com o grau de maturação proposto pela Escala de Von Loesecke (CEAGESP, 2006), e apenas aquelas pertencentes ao grau de maturação 3 (mais verde que amarelo) foram selecionadas (Figura 11). Figura 11: Banana com grau de maturação 3 O processamento foi executado baseado nas etapas propostas por Oliveira et al. (2007): limpeza, seleção, descascamento, branqueamento, desidratação e acondicionamento. Todas as etapas foram otimizadas em ensaios preliminares realizados nos laboratórios de Química e de Tecnologia de Alimentos da FAFAR/UFMG (item 3.2.1.1). As etapas do processamento encontram-se representadas no fluxograma da Figura 12, e apresentadas como registro fotográfico na Figura 13. Todo o processo foi realizado em triplicata, para cada uma das três amostras, em dias diferentes. Para verificar as perdas do fruto durante o pré-preparo (higienização, descascamento e corte), as bananas foram pesadas previamente ao início do processamento para obtenção do peso bruto (PB) e, posteriormente, para obtenção do peso líquido (PL – banana sem casca e sem aparas), do fator de correção (FC – quociente entre PB e PL) e, consequentemente, do percentual de aproveitamento. A limpeza e a higienização das bananas foi efetuada nos frutos ainda com cascas e talos íntegros, por meio da lavagem em água corrente e posteriormente pela imersão em água clorada (250 ppm) durante 15 minutos, e nova lavagem em água potável corrente para eliminação dos resíduos de cloro, de acordo com LEITE (2004) e normas correntes da Legislação de Vigilância Sanitária no Brasil, RDC nº 216 (BRASIL, 2004). Logo após a higienização, as bananas foram submetidas ao branqueamento térmico, por imersão em água em ebulição por aproximadamente 7 minutos, e depois então os frutos foram submetidos a choque térmico por meio de imersão imediata em 58 gelo no formato de escamas. As bananas higienizadas e branqueadas foram descascadas manualmente e então cortadas transversalmente em fatias de 1,5 mm. Para o branqueamento químico, as bananas foram submersas em solução de bissulfito de sódio a 1 % (p/v) por 2 minutos, de acordo com DEMIREL & TURHAN (2003). Após o branqueamento químico, as fatias de bananas foram imersas em solução doce e então receberam um código aleatório de acordo com o tipo de tratamento: 317 - solução de sacarose, 50%; 429 - solução de sucralose, adoçante comercial da marca Linea - 50% de doçura da sacarose, preparada de acordo com informações contidas no rótulo do produto; 578 - solução dos edulcorantes artificiais ciclamato e sacarina, adoçante comercial da marca Zero Cal - 50% de doçura da sacarose, preparada de acordo com informações contidas no rótulo do produto. As fatias de bananas preparadas foram dispostas lado a lado, em placas de alumínio cobertas com uma camada de filme PVC, e então levadas a secagem em estufa com circulação de ar por aproximadamente 20 horas, à temperatura média de 55 ºC. Após a secagem, as fatias de banana foram posicionadas horizontalmente, lado a lado, nas bordas do prato do forno microondas, onde ficaram submetidas à energia das microondas na potência de 50, que corresponde a 395 Watts, durante 1 minuto para a finalização da secagem. Entretanto, antes de serem secas sob microondas, as amostras foram pulverizadas com essência de banana, na tentativa de maximizar o sabor da fruta durante os testes sensoriais. As etapas de pulverização com essência de banana e de finalização da secagem com energia de microondas foram consideradas como ―etapa de acabamento‖. As fatias de banana desidratada crocante foram armazenadas em sacos espessos de polietileno, com retirada manual do ar ambiente o tanto quanto possível, e seladas em máquina seladora manual. 59 Figura 12: Fluxograma de processamento para obtenção do produto de banana desidratada crocante Figura 13: Fluxograma de processamento para obtenção do produto de banana desidratada crocante (registro fotográfico) 60 3.2.2 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM A perda de umidade foi mensurada no analisador de umidade, para cada uma das três amostras (317, 429 e 578), em triplicata, ao mesmo tempo em que ocorria a secagem do produto final na estufa. A temperatura foi mantida constante em 55 ºC, como imitação das condições da estufa ventilada, onde ocorreu a secagem das amostras do produto de banana desidratada crocante. As amostras fatiadas, branqueadas e tratadas com a solução doce eram colocadas no analisador de umidade quando a temperatura atingia 55 ºC, onde permaneciam por 20 horas. A leitura do teor de umidade era verificada a cada 30 minutos. O teor de umidade verificado foi então subtraído do anterior para obter a perda de umidade em determinado momento. A partir da média de cada amostra, obtida por meio da média aritmética dos resultados, foi construída a curva de secagem em função do tempo e do percentual de perda de umidade. 3.2.3 ENCOLHIMENTO DO PRODUTO FINAL Com o auxílio de um paquímetro, foram mensurados o diâmetro e espessura das fatias de banana desidratada crocante. O erro instrumental foi de 0,05 mm. Esta medição foi realizada nas dependências do COLTEC/UFMG – Laboratório de Mecânica. O encolhimento foi calculado como sendo a relação entre o volume aparente da amostra seca e o seu volume aparente inicial (V/V0). PEREIRA (2007) relata que quanto menor o valor de V/V0, mais o material diminui de volume em relação ao seu volume original, e, conseqüentemente, maior é o seu encolhimento. 3.2.4 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA MATÉRIA-PRIMA E DO PRODUTO FINAL Após a preparação da banana Prata para a operação de secagem e início do processo, parte da massa foi separada para a caracterização química da matériaprima. Foram feitas as seguintes determinações: Açúcares totais e redutores: foram determinados pela metodologia MILLER (1959), a qual se fundamenta na redução de íons cobre bivalente, em meio básico, pelos açúcares redutores. 61 Proteínas: foi determinado de acordo com o método micro-Kjedhal (AOAC nº 920.152, 1997), que consiste na determinação do conteúdo de nitrogênio na matéria orgânica correspondente ao nitrogênio protéico e outros compostos nitrogenados, como aminas, aminoácidos e outros. O resultado foi multiplicado pelo fator de conversão ―nitrogênio : proteína‖ estabelecido pela Legislação Brasileira (BRASIL, 2003), correspondentes a 5,75 para proteínas vegetais. Lipídios: a amostra foi previamente dessecada em estufa a 105 ºC, por aproximadamente 3 horas (RIBEIRO, 2004), e então o teor de lipídios totais foi determinado pela metodologia de Soxhlet, usando-se como solvente éter etílico, de acordo com o que preconiza a AOAC (1995). Cinzas: para esta análise, foram pesadas, aproximadamente, 5 g de amostra em um cadinho de porcelana previamente aquecido em Bico de Bunsen para então ser levado à mufla (550°C) por 3 horas e depois novamente pesado até peso constante (AOAC Nº 940.26, 1997). Umidade: foi determinada por meio do método de secagem em estufa à temperatura de 100 – 105 ºC até peso constante, segundo a AOAC (1995). Carboidratos: o teor de carboidratos foi determinado por diferença, de acordo com OSBORNE & VOOGT (1978). Fibras: as análises de solúveis e insolúveis foram realizadas pelo método enzimático, segundo AOAC (1998) e ASP et al. (1988). Energia: O valor energético da foi calculado a partir dos fatores de conversão de Atwater correspondentes para proteínas, lipídios e carboidratos, 4, 9 e 4 kcal/g, respectivamente (OSBORNE & VOOGT, 1978). As mesmas determinações feitas na fruta também foram feitas para o produto de banana desidratada crocante. Todas as determinações de composição química da banana Prata e dos do 62 produto final foram realizadas em triplicata, com os cálculos em base úmida, com exceção das análises para fibra solúveis e insolúveis, que foram realizadas em duplicata. O resultado final foi a média aritmética entre as repetições. As análises foram feitas nos laboratórios de Química de Alimentos, de Bromatologia e de Microbiologia da FAFAR/UMFG, com exceção das análises de fibras solúveis e insolúveis, que foram realizadas no laboratório de Bromatologia da FUNED. 3.2.5 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO PRODUTO FINAL A caracterização microbiológica foi realizada nas dependências da FUMEC, mais precisamente no laboratório de microbiologia. Para verificar a inocuidade, qualidade higiênica do produto, foram realizadas nas amostras do produto final análises para contagem total de microrganismos aeróbios mesófilos a 36 ºC, por 48 horas, e pesquisas de bolores e leveduras à temperatura ambiente durante 72 h. Os ensaios foram realizados segundo SILVA et al. (2007), em triplicata. 3.2.6 TEXTURA INSTRUMENTAL Ao final do processo de secagem, as fatias de banana desidratada crocante foram submetidas à ruptura, a velocidade constante de 1 mm/s (velocidade pré-teste, 1 mm/s; velocidade pós-teste, 10 mm/s; força de gatilho, 10 g; distância, 5 mm), no texturômetro com precisão de ± 0,005 N, localizado em sala a temperatura ambiente do laboratório de Química de Alimentos da FAFAR/UFMG. Após a calibração da força com uma carga de 5 kg, além do estabelecimento dos parâmetros de teste no software, foram tomadas 10 unidades do produto final, de cada amostra, e de forma aleatória. Cada uma das fatias foi posicionada, uma de cada vez, na posição horizontal, no centro da mesa do texturômetro, com o miolo voltado para fora, de modo que a sonda o rompeu na metade. Entre os métodos objetivos utilizados para determinar a crocância de alimentos desidratados, o Método de Bourne citado por JACKSON et al. (1996) foi considerado satisfatório para determinação da crocância em ―chips‖ de banana. Este método baseia-se na ruptura destes alimentos ao primeiro esforço, obtendo curvas força versus distância com nítidos picos de força a partir de testes de penetração Com os dados de força (g), número de picos principais e área (g/s), foram plotados gráficos de força versus tempo para cada repetição, e um gráfico contendo as 63 dez repetições e uma média entre elas. Em cada gráfico, dois parâmetros de textura foram determinados: a dureza (força) e a fraturabilidade (contagem do número de picos). O valor final considerado para cada ensaio foi a média aritmética entre as dez repetições. 3.2.7 ANÁLISE SENSORIAL As análises sensoriais foram realizadas no laboratório de Análise Sensorial da UFMG, com a colaboração de um painel de 90 provadores não-treinados, sendo estes voluntários entre funcionários, alunos, prestadores de serviços e visitantes da UFMG. O número mínimo de provadores para estas análises foi escolhido de acordo com recomendações da metodologia específica (MACFIE & BRATCHELL, 1989). A pesquisa foi previamente autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (Anexo A). Os provadores foram orientados sobre a pesquisa e, para participarem do estudo, leram e assinaram o formulário do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE – Apêndice A), concordando em sua participação. Os critérios de inclusão para a participação dos analistas sensoriais na pesquisa foram: indivíduos de 19 a 60 anos, independente de sexo, cor, classes e grupos sociais, saudáveis e freqüentadores da UFMG (alunos, professores, e/ou servidores) com o desejo de colaborar com o estudo, e que não possuam alergias/intolerâncias ou que apresentem quaisquer restrições ao uso do alimento (banana crocante desidratada). Os critérios de exclusão foram aqueles diferentes dos critérios de inclusão. Toda a coleta de dados foi realizada no mesmo dia da Análise Sensorial, que ocorreu em um único dia, a partir do preenchimento de um questionário (Apêndice B) para caracterização da população de provadores e sugestão para o nome do produto de banana desidratada crocante, e também do preenchimento de fichas de análise sensorial (uma para cada amostra: 317, 429 e 578 – Apêndice C) sobre a aceitação do produto quanto à impressão global, sabor, crocância e dureza, e também a respeito da intenção de compra. As fichas foram elaboradas por meio do teste afetivo de aceitabilidade - escala hedônica de nove pontos ancorada nos seus extremos com os termos: ―desgostei extremamente‖ e ―gostei extremamente‖, quanto à aceitação; e escala hedônica de cinco pontos ancorada nos seus extremos com os termos: ―certamente compraria‖ e ―certamente não compraria‖, para intenção de compra (ANZALDÙA-MORALES, 1994; 64 ARMBRISTER & SETSER, 1994). As amostras foram apresentadas de forma monádica, em três blocos casualizados, para avaliação pelo provador. Os dados obtidos no teste de aceitação foram tabulados no software EpiData, versão 3.1. O resultado final foi considerado como a média das respostas dadas pelos 90 provadores, a cada um dos parâmetros analisados. 3.2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA As diferenças estatísticas entre as amostras foram determinadas pelas análises de variância (ANOVA) com comparação de médias pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 65 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 ENSAIOS PRELIMINARES Para o estabelecimento da melhor metodologia experimental foram testados diversos parâmetros de processamento como condições de branqueamento e secagem, compreendendo a secagem osmótica, a secagem em estufa ventilada em diferentes combinações de tempo e temperatura bem como o emprego da banana em diferentes estágios de maturação e cortadas em fatias com variadas espessuras. Os resultados preliminares indicaram as condições descritas a seguir: a variedade Prata, apresentando graus de maturação 3 e 4 de acordo com a Escala de Von Loesecke (CEAGESP, 2006), cortadas em fatias de 1,5 mm no sentido transversal com o auxílio de um fatiador manual, foi a condição da matéria-prima selecionada como a que melhor atendia aos critérios de fácil manuseio e melhores sabor e textura. O branqueamento químico realizado com solução de bissulfito de sódio a 1% (p/v), durante oito minutos (DEMIREL & TURHAN, 2003), foi o que proporcionou menor sabor residual e não houve a visualização de cor escura no produto, por pelo menos seis meses de armazenamento. As fatias que foram submetidas à desidratação osmótica não apresentaram resultados satisfatórios para nenhuma das concentrações, em nenhum dos tratamentos térmicos. O produto final apresentava-se borrachento e com aparência de caramelizado. Para a produção de banana-passa e outros produtos desidratados em que a crocância não é um fator determinante da qualidade a desidratação osmótica ‗pode produzir bons resultados como relatado por SANKAT et al. (1996). A realização de desidratação osmótica com soluções de açúcares promove uma redução na difusão de água, o que significa uma redução na taxa de secagem, mas promove uma melhoria na textura e na cor da fruta seca (SANKAT et al., 1996; ARAÚJO, 2000; FERNANDES et al., 2006). A época de colheita influencia de forma marcante a cinética de secagem, em razão da variação no conteúdo de umidade inicial, ao passo que a influência do grau de maturação das frutas não é muito grande (NGUYEN & PRICE, 2007). Pré-tratamentos, como branqueamento, resfriamento e congelamento, também podem ser aplicados para melhorar a taxa de secagem de banana (DANDAMRONGRAK et al., 2002). As soluções de sacarose, de sucralose e de ciclamato e sacarina na concentração de 50% para a sacarose e de 50% de doçura em relação à sacarose para os edulcorantes, foram as que permitiram melhor sabor doce, bem como uma manutenção do sabor da fruta em relação aos demais (sorbitol e aspartame). Quanto 66 aos parâmetros de secagem em estufa ventilada, o binômio ―tempo x temperatura‖ igual a ―20 horas x 50 ºC‖ foi o que permitiu o melhor desenvolvimento de um produto crocante. A secagem somente sob energia de microondas não apresentou bons resultados para nenhum dos parâmetros testados, pois as fatias de banana espalhavam-se pelo prato do aparelho, resultando em produtos com qualidade não uniforme, com alguns produtos queimados e excessivamente duros. Entretanto, a finalização da secagem com energia de microondas após a secagem com corrente de ar quente proporcionou a obtenção de um produto mais adequado com grau de umidade aceitável e características sensoriais agradáveis, o que foi constatado pela degustação sensorial. Com base nestes resultados preliminares foi estabelecida a metodologia que foi seguida nos testes experimentais resumidos na Tabela 5 do capítulo de Material e Métodos. 4.2 TESTE SENSORIAL PILOTO Os resultados sensoriais obtidos no teste sensorial piloto para a análise das 16 primeiras amostras com os tratamentos pré-selecionados resumidos na Tabela 5 do capítulo Material e Métodos, em que foram analisados os atributos de aparência, dureza, crocância e sabor são apresentados na Figura 14. Nesta figura os números apresentados no círculo exterior representam o número das amostras enquanto as notas dos atributos sensoriais são apresentadas radialmente. De acordo com os quatro parâmetros da análise sensorial –- as amostras 438 (banana mais verde, com tratamento com ciclamato e sacarina, secagem finalizada em microondas), 372 (banana mais verde, com tratamento com sucralose e sacarina, secagem finalizada em microondas) e 214 (banana mais verde, com tratamento com açúcar cristal, secagem finalizada em microondas) apresentaram melhores resultados quanto aos atributos sensoriais de aparência, dureza, crocância e sabor. Pelos dados da Figura 14 verifica-se que o produto elaborado a partir de banana mais verde e com a secagem finalizada em microondas apresentou melhor desempenho que o produto elaborado com banana mais amarela e sem a finalização da secagem em microondas. 67 Figura 14: Gráfico com os resultados da análise sensorial do produto de banana crocante desidratada A utilização de microondas soluciona alguns dos problemas enfrentados nos processos de aquecimento convencional. Neste último, a transferência de calor ocorre por meio da condução de energia da superfície do material para o seu interior. Por outro lado, as microondas, por meio da fricção intermolecular causada principalmente por rotação dipolar de moléculas polares, geram calor internamente ao material. Dessa forma, proporciona gradiente de calor menos acentuado e temperatura mais uniforme através de todo o material e as condições convectivas externas provenientes do ar aquecido são necessárias apenas para o arraste do vapor de água gerado internamente (CAMPOS, 1986). O gradiente térmico e de umidade estão na mesma direção. Portanto, a secagem por microondas é rápida, mais uniforme (em termos da absorção diferenciada pelas regiões mais úmidas) e eficiente energeticamente, em comparação ao processo convencional; a remoção de umidade é acelerada, uma vez que a água presente é o principal componente responsável pela geração de calor interna. Há de se levar em consideração também que, quando da utilização do processamento por microondas em comparação ao processo convencional de secagem, para a mesma eficiência energética, é suficiente que apenas 20 a 35% do espaço físico seja destinado a equipamentos (METAXAS & MEREDITH, 1983; MARSAIOLI, 1991; MASKAN, 2000). Estes resultados preliminares concordam parcialmente com dados encontrados na literatura. DEMIREL & TURHAN (2003) agregaram valor à banana Dwarf Cavendish plantada na Turquia através da sua secagem a ar quente com a temperatura variando de 40°C a 70°C até a obtenção de banana crocante, comparando-a com a Gros Michel 68 e observando o efeito de pré-tratamentos sobre o escurecimento da fruta. Os autores concluíram que as duas variedades não exibiram uma diferença qualitativa e quantitativa significativa durante a secagem, mas considerando as suas dimensões, a Gros Michel produziu snacks mais aceitáveis devido ao menor encolhimento. Nos ensaios em que as amostras foram pré-tratadas, a taxa de secagem elevou-se no intervalo de temperatura entre 40 e 60 °C. O tratamento com bissulfito deixou um cheiro característico no produto final, apesar das amostras tratadas com essa substância terem secado mais rápido. A resistência interna à transferência de umidade controlou a secagem das amostras e esta ocorreu em dois períodos a taxas diferentes. Os pré-tratamentos dados a dois grupos de amostras, o primeiro mantido em uma mistura de 0,1% de ácido ascórbico/ ácido cítrico (1:1) durante um minuto, e o segundo mergulhado em uma solução de bissulfito de sódio (1%) por dois minutos, reduziram a taxa de secagem na temperatura de 70 °C devido ao endurecimento e gelatinização do amido na superfície das fatias de banana. CHUA et al. (2000) desidrataram fatias de banana em um secador de dois estágios capaz de controlar passo a passo tanto a temperatura quanto a umidade absoluta do ar de secagem. Foram testados dois perfis de temperatura com aumento gradual, e o incremento em cada passo sobre a temperatura média (30°C) foi de 5°C. Os autores observaram que, empregando-se essa técnica de secagem com a temperatura inicial e o tempo de ciclo apropriado, foi possível reduzir significativamente o tempo total de secagem necessário para alcançar o teor de umidade do produto desejável e, ainda, melhorar a sua cor. NGUYEN & PRICE (2007) também investigaram a influência da temperatura, umidade relativa e espessura da fatia de banana durante a secagem. A diferença nas taxas entre bananas de espessuras diferentes mostrou que a secagem desta fruta é função, principalmente, da transferência interna de umidade no período de taxa decrescente, no qual a difusividade da água dependeu da temperatura. A umidade inicial variava entre bananas de diferentes épocas de colheita. Uma diferença muito grande entre o teor de umidade inicial (acima de 5%) afetou fortemente as taxas de secagem, efeito que foi observado apenas à baixa temperatura (40 °C). LEITE, MANCINI e BORGES (2007) estudaram o efeito da temperatura de secagem sobre a composição química, análise sensorial e qualidade microbiológica de bananas secas em uma câmara de ar forçado sob velocidade do ar constante. Os resultados mostraram que a secagem não afeta a composição química e os produtos obtidos apresentam boas condições sanitárias. A avaliação sensorial mostrou que 69 baixas temperaturas de secagem produzem produtos de melhor aceitação e, nessas condições, a banana d‘água apresentou uma textura superior à prata. 4.3 RENDIMENTO DA FRUTA O índice de aproveitamento das bananas pode ser avaliado usando-se os parâmetros peso bruto (PB), peso líquido (PL), fator de correção (FC) como apresentado na Tabela 6. Durante o corte das bananas em fatias, percebeu-se que havia maior desperdício quando as frutas apresentavam maior curvatura. Foi então que surgiu a necessidade de se encontrar o FC médio para uma posterior reprodução do experimento, no intuito de se conhecer a real quantidade de banana a ser adquirida. ARAÚJO et al. (2008) relatam que um dos índices utilizados para acompanhamento do desperdício de alimentos é o FC, também conhecido como indicador de parte comestível ou fator de perda. O FC é um índice imprescindível para definir a quantidade de alimentos a ser comprada, considerando o que será perdido ao longo da preparação, da limpeza, da subdivisão. Considerando-se o FC da banana apenas pelo desperdício da casca, ARAÚJO & GUERRA (2007) definem índice igual a 1,55 para a banana Prata. No experimento, o valor foi maior porque houve desperdício também das extremidades e de outras partes que não facilitavam o fatiamento – por exemplo, no ponto de curvatura da banana. É o que mostra a Tabela 6: quanto maior a curvatura da fruta, maior o FC e, portanto, menor o seu percentual de aproveitamento. Tabela 6: Valores de peso bruto (PB), peso líquido (PL), fator de correção (FC) e índice de aproveitamento para a banana na produção de banana crocante desidratada APÓS PESO DAS POLPA BRANQUEAMENTO CASCAS DESCARTADA TÉRMICO (g) (g) (g) BANANA PB (g) Pequena curvatura 76,40 76,80 28,90 16,70 2,46 31,20 41 Curvatura média 82,30 86,50 32,40 21,00 2,61 33,10 38 Grande curvatura 87,00 87,60 36,80 22,30 3,07 28,50 33 81,90 83,63 32,70 20,00 2,72 30,93 37 MÉDIA FC PL (g) APROVEITAMENTO (%) 70 4.4 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM Apesar da verificação de teor de umidade no decorrer das 20 horas à temperatura constante de 55 ºC ter ocorrido a cada 30 minutos, não houve variação significativa dentro de uma (1) hora completa, por isso os dados estão apresentados por hora. A Tabela 7 mostra que entre a primeira e a segunda hora as três amostras apresentaram comportamento diferentes de secagem; entretanto, não houve variação significativa na perda de umidade final entre as amostras 578 e 429, as quais apresentaram maior percentual de perda (85,3% e 86,6%) em comparação com a amostra 317 (69,4%). Verifica-se na Figura 15 que os percentuais de perda de umidade foram menores para as amostras contendo sacarose. Esta tendência é explicada pela maior concentração de sólidos solúveis. Como relatam MAURO & MENEGALLI (1995) e ARAÚJO (2000), a difusividade da água diminui com o incremento da concentração da solução. Tabela 7: Perda de umidade média para as três amostras, durante 20 horas TEMPO (h) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Perda de umidade média (%) CICLAMATO E SUCRALOSE SACAROSE SACARINA (429) (317) (578) 0,0 a 0,0 a 0,0 a 41,3 a 36,4 b 34,4 c 66,9 a 61,6 b 54,3 b 74,7 a 73,0 a 60,0 b 79,2 a 81,2 a 62,6 b 80,7 a 82,9 a 64,5 b 81,3 a 84,1 a 65,4 b 82,2 a 84,5 a 66,3 b 82,6 a 85,1 a 66,6 b 82,9 a 85,2 a 67,2 b 83,5 a 85,5 a 67,5 b 83,8 a 85,8 a 67,9 b 83,8 a 86,0 a 68,2 b 84,2 a 86,2 a 68,4 b 84,4 a 86,5 a 68,6 b 84,6 a 86,6 a 68,7 b 84,7 a 86,6 a 68,9 b 84,9 a 86,6 a 69,0 b 84,9 a 86,6 a 69,3 b 85,3 a 86,6 a 69,4 b 85,3 a 86,6 a 69,4 b Legenda: Médias seguidas por letras distintas na linha diferem pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade 71 Figura 15: Perda de umidade em função do tempo, para as três amostras. Figura 16: Variação da velocidade de perda de umidade em função de tempo. A secagem de banana por convecção a ar quente tem sido amplamente estudada ao longo dos anos por parte da comunidade científica. De acordo com alguns autores, a curva de taxa de secagem de banana apresenta dois períodos de taxa de secagem decrescentes, com umidade crítica de transição próxima de 0,4 kg/kg. Comparada a outras frutas, a banana apresenta uma secagem mais lenta, provavelmente pela sua composição físico-química e estrutural (SANKAT et al., 1996; DEMIREL & TURHAN, 2003; BAINI & LANGRISH, 2007). O tempo de secagem da banana, até a obtenção da umidade de equilíbrio, pode chegar até 30 horas, mesmo para temperaturas de 70°C, 72 que é uma temperatura limite para a secagem dessa fruta. Para a secagem em temperaturas inferiores, o tempo do processo pode chegar a 120 horas (LIMA et al., 2002). Segundo HABER PÉREZ (1998), a incorporação do estudo de transferência de calor aos modelos de secagem constitui-se numa possibilidade de se avaliar com maior clareza os mecanismos responsáveis pela migração de umidade no interior dos sólidos. Este autor estudou teoricamente o fenômeno de transferência de calor por difusão durante a secagem de banana do cultivar nanicão, para diferentes condições. Neste trabalho, constatou-se que o modelo difusivo para cilindro finito com difusividade variável representou muito bem o comportamento da temperatura no centro da banana durante o tempo total de secagem. A secagem convencional de alimentos apresenta três fases: indução, período de taxa constante e período de taxa decrescente. No entanto, em alguns casos o terceiro período pode apresentar dois períodos de taxa decrescente. A aplicação de microondas apresenta diferença quanto à aceleração da secagem nos períodos de taxa decrescente, provocando um aquecimento volumétrico em materiais dielétricos e são absorvidas mais intensamente nas regiões mais úmidas em comparação às regiões mais secas. Dessa forma, o gradiente de temperatura convencional é invertido, de forma que o centro apresenta temperaturas mais altas que a superfície. Esse efeito acelera a transferência de massa devido ao aumento da pressão interna causada por uma maior taxa de evaporação de água livre no interior do produto (ERLE, 2005). As mudanças nos componentes aromáticos da banana durante a sua maturação e a secagem convencional a ar quente foram analisadas por BOUDHRIOUA et al. (2002), que identificaram doze compostos aromáticos, através de cromatografia gasosa, na fruta in natura. Destes, sete substâncias foram analisadas durante a secagem convectiva a 40, 60 e 80 °C. Os autores sugeriram que nessa última temperatura, alguns produtos da reação de Maillard foram desenvolvidos. Por outro lado, compostos como alguns alcoóis reduziram se drasticamente. Os autores concluíram que tais mudanças nos componentes aromáticos dependem do conteúdo de umidade da polpa e da temperatura de secagem. Um estudo sobre o estágio final da secagem a ar quente e microondas de bananas também desidratadas osmoticamente foi realizado por PEREIRA et al. (2007). Os resultados indicaram que um aumento no potencial das microondas aumenta a taxa de secagem e, conseqüentemente, diminui o tempo de processamento. A temperatura e a velocidade do ar também apresentaram um efeito positivo sobre o 73 tempo total. Já a qualidade do produto final não foi fortemente afetada por esses parâmetros do processo; não foram observados efeitos sobre a cor das bananas secas e sim alguns efeitos em relação à porosidade e o volume aparente das mesmas. 4.5 ENCOLHIMENTO DOS PRODUTOS DE BANANA DESIDRATADA CROCANTE De acordo com a Tabela 8, observa-se nos produtos finais que a amostra 317, a qual contém sacarose em sua composição, apresentou menor encolhimento em comparação às duas outras amostras (429 e 578), que não continham sacarose em sua formulação; entretanto, as taxas de encolhimentos não diferem estatisticamente entre si. O menor encolhimento pode ser justificado pela maior concentração de sólidos solúveis, como descrito por PEREIRA (2007), que observou em suas amostras de banana com maior teor de sólidos solúveis, uma menor taxa de encolhimento em comparação com àquelas que não sofreram pré-tratamento em solução de sacarose. Tabela 8: Taxa de encolhimento para os produtos de banana desidratada crocante 317 429 578 PARÂMETROS Inicial Final Inicial Final Inicial Final Diâmetro médio (mm) 25,933 19,022 25,617 18,244 24,772 18,239 Espessura média (mm) 1,880 1,550 1,825 1,510 1,960 1,475 Volume aparente (mm3) 992,531 440,275 940,108 394,555 944,182 385,175 Encolhimento (V/V0) 0,444a 0,420a 0,408a Legenda: Médias seguidas por letras iguais na linha não diferem pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade Legenda: inicial (fatias de banana "in natura"); final (produto de banana crocante desidratada) Fórmula matemática para o cálculo do volume aparente: V = A x e Os valores médios para diâmetro e espessura foram obtidos da média aritmética entre dez repetições, para cada um. Erros instrumental: 0,05 mm. De acordo com o trabalho realizado por KHRAISHEH et al. (2004), produtos ricos em amido secos com a aplicação de microondas apresentam menor encolhimento volumétrico em relação ao produto seco com ar quente. No entanto, embora a cinética de secagem seja bastante acelerada com a aplicação de potências de microondas elevadas, o produto seco apresenta maior encolhimento em relação à aplicação de potências menores (RAGHAVAN & SILVEIRA, 2001). 74 4.6 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA As Tabelas 9 e 10 apresentam os valores obtidos na determinação da composição química para a banana ―in natura‖ e para os três produtos de banana crocante desidratada (317, 429 e 578). Observa-se que, todos os sólidos totais nãolipídicos presentes na banana ―in natura‖ concentraram-se no produto final, com exceção dos açúcares totais. Essa menor concentração de açúcares totais pode ser devido à lixiviação durante o tratamento com solução de bissulfito e com as soluções doces, o que não é valido para a amostra 317, já que a mesma foi posta em contato cm solução de sacarose, tendo, possivelmente, absorvido o soluto da solução por diferença de gradiente osmótica. Os valores na banana ―in natura‖ para umidade, cinzas, carboidratos, energia e fibras, são semelhantes àqueles encontrados na TACO – Tabela Brasileiro de Composição de Alimentos (NEPA, 2006). Enquanto que os valores para proteínas, tanto na composição da fruta como na dos produtos, é semelhante ao encontrado por JACOBS (1951) na banana madura seca (3,6%). O percentual lipídico, tanto para a fruta como para o produto final parecem semelhantes, e, quanto aos valores mais próximos encontrados na literatura, se assemelham àquele descrito por CIQUAL & CNEVA et al. (1993), que descrevem valor centesimal igual a 1,0 para a banana seca. Tabela 9: Valores percentuais de umidade, cinzas, proteínas, lipídios e carboidratos para a banana ―in natura‖ e os três tipo de banana desidratada crocante UMIDADE CINZAS PROTEÍNAS LIPÍDIOS CARBOIDRATOS ENERGIA AMOSTRA % D.P. % D.P. % D.P. % D.P. % D.P. % D.P. Banana "in natura" 73,54 0,25 1,07 0,01 3,51 0,15 0,73 0,13 21,15 0,14 105 1,49 317 6,66 0,07 1,75 0,43 3,40 0,22 0,79 0,19 87,40 0,27 370 2,44 429 5,75 0,04 1,89 0,61 3,67 0,83 0,71 0,19 87,98 1,45 373 2,49 578 5,63 0,20 2,01 0,02 3,74 0,37 0,77 0,06 87,85 0,49 373 1,87 Banana, prata, crua* 71,9 - 0,8 - 1,3 - 0,1 - 26 - 98 - * Fonte: NEPA (2006) Legenda: D.P. (Desvio Padrão); C. V. (Coeficiente de Variância). 75 Tabela 10: Valores de açúcares redutores, açúcares totais, fibra solúvel, fibra insolúvel e fibra alimentar total para a banana ―in natura‖ e os três tipo de banana desidratada crocante AMOSTRA AÇÚCARES AÇÚCARES REDUTORES TOTAIS FIBRA SOLÚVEL FIBRA INSOLÚVEL FIBRA ALIMENTAR TOTAL % % % D.P. % D.P. % D.P. Banana "in natura" 0,03 2,58 0,41 0,06 1,26 0,14 1,66 0,08 317 0,94 2,56 12,74 0,13 2,46 0,05 15,19 0,08 429 0,15 1,54 12,72 0,06 2,37 0,01 15,09 0,04 578 0,19 1,69 12,38 0,05 2,51 0,09 14,88 0,15 - - - - - - - Banana, prata, crua* * Fonte: NEPA (2006) Legenda: D.P. (Desvio Padrão); C. V. (Coeficiente de Variância). RIBEIRO (2004) encontrou os seguintes valores para a composição de bananas verdes secas em estufa ventilada: umidade, 7,01%; lipídeos, 0,12%; proteínas, 3,10%; carboidratos, 88,37%; cinzas, 1,40%; fibras solúveis, 11,02% fibras insolúveis, 16,42%. Os valores encontrados para a maioria dos componentes foram semelhantes aos encontrados no presente estudo com a exceção do conteúdo de fibras insolúveis que foi maior do que as encontradas neste trabalho. A diferença nos valores para fibra pode ser explicado pelo fato que o estudo de RIBEIRO (2004) foi realizado com bananas verdes enquanto o presente estudo utilizou bananas mais maduras. AGUNBIADE et al. (2006) encontraram os seguintes resultados para chips de banana desidratados: matérial seco, 94,32±0,60%; proteína bruta, 2,40±0,17%; lipídeos, 6,81±0,00%; fibra bruta, 1,26±0,10%; cinzas, 2,42±0,00; carboidratos, 87,11±1,50%. Esses resultados foram semelhantes aos obtidos no presente trabalho com a exceção do conteúdo de lipídeos que foi maior no estudo daqueles pesquisadores devido ao fato que os chips foram desidratados por fritura em óleo. Também encontraram valores de fibra bruta baixos para a variedade de banana estudada (Nigeriana). Chips preparados por fritura são normalmente preparados a partir das bananas verdes, com maior conteúdo de carboidratos e firmeza, que leva ao produto com maior grau de absorção e óleo e maior crocância (AMMAWATH et al., 2001; SATYAVATI et al., 1978). Também, na produção de banana chips fritos, interações significativas foram encontradas entre o tempo e temperatura de branqueamento e a crocância do produto (JACKSON et al., 1996). Entretanto, o alto conteúdo de lipídios no produto frito constitui uma desvantagem deste tipo de produto. O conteúdo lipídico no produto pode variar de 76 28,6 a 40,1% com conteúdos médios de 31,5% para o produto doce e 38,6% para o produto salgado (SORIANO et al., 1976). Observa-se na Tabela 10 o elevado percentual do conteúdo de fibras no produto final, em comparação à fruta ―in natura‖. Esta observação está em concordância aos resultados obtidos por ZHANG et al. (2005), que descrevem que a concentração de amido resistente presente na banana ―in natura‖ é superada pela cocção, devido à gelatinização do amido. Com outras palavras, CERNING-BEROARD & LEDIVIDICH (1976) e LOZANO, CABRERA, & SALAZAR (1974) descrevem que a fração do amido mais facilmente hidrolisável da banana submetida à cocção pode ser 47% menor quando comparada à banana crua. ZHANG et al. (2005) relatam ainda que enquanto existe uso comercial limitado do amido cru em alimentos, há uma potencial aplicação para os amidos submetidos ao processamento térmico. Segundo ENGLYST et al. (1992), o amido resistente (AR) é uma das classificações para o amido, a qual é definida como a soma de todo o amido e produtos de sua degradação não-absorvidos no intestino delgado - a amilase salivar e pancreática não conseguem hidrolisar todas as ligações glicosídicas. Portanto, a parte não-absorvível no intestino delgado segue para o cólon e, aí, parte será parcialmente fermentada, pertencendo, portanto, de acordo com a classe das fibras alimentares, as quais apresentam capacidade para promover efeitos fisiológicos benéficos, como laxação, atenuação do colesterol sanguíneo e atenuação da glicose sanguínea. Assim, o conteúdo relativamente alto de fibra solúvel presente no produto obtido neste estudo seria um fator benéfico para a saúde. O principal interesse em relação ao AR tem sido o seu papel fisiológico, pois como não é digerido no intestino delgado, compartilha muitas das características e benefícios atribuídos à fibra alimentar no trato gastrintestinal (BERRY, 1986; MUIR & O‘DEA, 1992 citados por WALTER et al., 2005). Como por exemplo, o AR pode servir de substrato para o crescimento de microrganismos probióticos, atuando como potencial agente prebiótico (JENKINS et al., 1998; HARALAMPU, 2000). A metabolização desse tipo de carboidrato pelos microrganismos,via fermentação, resulta na produção de ácidos graxos de cadeia curta, como acetato, propionato e butirato; gases carbônico e hidrogênio e, em alguns indivíduos, metano; e diminuição do pH do cólon (ENGLYST et al., 1987; CHAMP & FAISANT, 1996; YUE & WARING, 1998). A maioria destes compostos age na prevenção de doenças inflamatórias do intestino, além de auxiliar na manutenção da integridade do epitélio intestinal. 77 O AR também contribui para o aumento do volume fecal, modificação da microflora do cólon, aumento da excreção fecal de nitrogênio e, possivelmente, redução do risco de câncer de cólon (JENKINS et al., 1998; YUE & WARING, 1998). Além desses benefícios, o aumento do volume fecal provocado pelo amido resistente pode ser importante na prevenção da constipação, diverticulose e hemorróidas, além de diluir compostos tóxicos, potenciais formadores de células cancerosas (YUE & WARING, 1998). Em indivíduos diabéticos, o consumo de carboidratos digestíveis não pode exacerbar a hiperglicemia pós-prandial e deve prevenir eventos hipoglicêmicos. E é sabido que as diferenças nas respostas glicêmica e insulinêmica ao amido da dieta estão diretamente relacionadas à taxa de digestão do amido (O‘DEA et al., 1981). Deste modo, alimentos lentamente digeridos ou com baixo índice glicêmico têm sido associados ao melhor controle do diabetes e, a longo prazo, podem até mesmo diminuir o risco de desenvolver a doença (JENKINS et al., 1998). De acordo com JENKINS et al. (1988), o amido resistente também tem sido associado à reduções dos níveis de colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) e de triglicerídios na hiperlipidemia. Além do benefício à saúde em ser rico em fibras alimentares, o produto de banana desidratada crocante contém também teores considerados de potássio, pois, a banana consumida, crua ou processada, é um alimento altamente energético (cerca de 100 calorias por 100g de polpa), cujos hidratos de carbono são facilmente assimiláveis (DE MARTIN et al., 1990). Contém vitaminas C, A, B1 e B2 , e pequenas quantidades de D e E, e uma maior percentagem de potássio, fósforo, cálcio e ferro, quando comparada com outras frutas (DONATO, 2003). 4.7 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA Os testes realizados nos produtos finais para contagem total de microorganismos aeróbios mesófilos e para bolores e leveduras deram resultados negativos, nas três repetições, para ambos, indicando a sanidade do produto quanto à presença de desses microrganismos e a adequada qualidade higiênica do produto. Diversos autores já relatam que o processo de desidratação no qual quase toda água do produto é eliminada, reduzindo conseqüentemente sua atividade de água, influenciam negativamente o crescimento microbiológico (TEIXEIRA NETO & VITALI, 1996; TORREZAN et al., 1997; DITCHFIELD, 2000). 78 4.8 TEXTURA INSTRUMENTAL A Tabela 11 revela que a amostra contendo sacarose (317) apresentou maior força para ser quebrada em relação às outras duas (429 e 578), que não continham sacarose; mas também, a amostra 317 foi a que apresentou maior número de picos principais. Tabela 11: Análise da textura instrumental para os três produtos de banana desidratada crocante AMOSTRA FORÇA MÁXIMA (g) Nº PICOS PRINCIPAIS 317 2037a 7,7a 429 1230b 4,8b 578 766b 5,3c Legenda: Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade MAZUMDER et al. (2007) realizaram testes de compressão uniaxial em snack de milho de baixa densidade pronto para consumo, obtendo curvas características em função da deformação produzida. Os autores ressaltaram que um bom indicador da crocância do produto é o número de picos principais, os quais são sensíveis ao teor de umidade da amostra principalmente quando este é maior que 4%. Conforme TORREGIANI (1993), a textura está associada com a plasticidade e efeito de incorporação de água sobre a matriz péctica e celulósica dos tecidos dos frutos, a qual é dependente do teor de sólidos insolúveis e conteúdo de água além dos sólidos solúveis e atividade de água. Este relato pode justificar os maiores valores para dureza e fraturabilidade apresentados para a amostra 317; pois, dentre a três amostras do produto de banana crocante desidratado, ela apresentou uma maior percentual de umidade (6,66%) do que a 429 (5,75%) e à 578 (5,63%). Informações obtidas no software do texturômetro, marca Stable Macro Systems (1998), vem a reforçar a informação de MAZUMDER et al. (2007): o número de picos principais é considerado como um indicador de crocância. Enquanto que a dureza correlaciona-se diretamente à força máxima de compressão. Portanto, o teste instrumental de textura demonstrou que a amostra 317 apresenta maior dureza, mas também maior crocância/fraturabilidade, distinguindo-se estatisticamente das outras amostras. 79 4.9 ANÁLISE SENSORIAL 4.9.1 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE PROVADORES E SUGESTÃO DO NOME PARA O PRODUTO DESENVOLVIDO A maioria dos indivíduos que participaram do teste sensorial era do sexo feminino (76,67%); tinham idade entre 18 e 25 anos (74,44%); e eram estudantes do Ensino Superior (62,22%). A maioria deles (43,33%) pertencia à família com renda mensal de 5 a 10 salários mínimos, e não eram os responsáveis por fazerem as compras da casa, pois 65,56% responderam que outras pessoas, que não ela própria, realiza as compras. Dos provadores, 91,11% responderam que têm o hábito de consumir pelo menos uma fruta ao dia; entretanto, 57,78% do total de participantes relataram nunca terem consumido alguma fruta desidratada, mas todos já haviam consumido algum tipo de produto derivado da banana. Na sugestão de nome para o produto, 44,44% dos provadores descrevem termos relacionados à banana e à crocante; por exemplo: banana croc, bananinha crocante, croc banana, croc nana, nanana´s croc, e banana crocante. Portanto, o produto ficou sendo denominado ―banana desidratada crocante‖. Optou-se pela inclusão do termo ―desidratada‖, como foi a sugestão de dois provadores entre os 90, para que não gere confusão com aqueles produtos de banana crocante que são produzidos por meio de fritura. 4.9.2 TESTE DE AVALIAÇÃO SENSORIAL DOS PRODUTOS DE BANANA DESIDRATADA CROCANTE Os resultados do teste afetivo não permitiram selecionar apenas uma amostra com melhores características, já que a média dos parâmetros para as três amostras não diferiram estatisticamente. Apesar disso, a aceitação geral foi boa, com nota de aproximadamente 6, ou seja, ―gostei ligeiramente‖ (Tabela 12). Tabela 12: Resultados do teste sensorial para o produto de banana crocante desidratada AMOSTRA APARÊNCIA DUREZA CROCÂNCIA SABOR MÉDIA DOS PARÂMETROS INTENÇÃO DE COMPRA 317 6,90a 4,76a 5,41b 6,56b 5,91a 2,94b 429 6,41b 5,09a 5,91a 5,97c 5,85a 2,87b 578 6,33c 5,44a 6,21a 6,61a 6,15a 3,24a Legenda: Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade 80 Entretanto, considerando-se apenas os parâmetros de textura (dureza e crocância) e o de sabor, a amostra 578 apresentou melhores resultados em comparação com as demais. A amostra 317 foi a que apresentou melhor aparência, talvez em decorrência do seu menor encolhimento e à cor amarela mais brilhante, devido à presença de sacarose. Os resultados obtidos neste estudo são semelhantes aos obtidos por MUI et al. (2002) estudaram o efeito de secagem de bananas maduras por ar e por forno microondas com vácuo nos componentes de aroma e textura de banana chips. Eles também observaram que o melhor produto em termos de ―flavor‖ e crocância foi obtido com secagem utilizando 90% desidratação por ar e 10% por forno microondas a vácuo. . 81 5. CONCLUSÕES A variedade Prata, apresentando grau de maturação 3, de acordo com a Escala de Von Loesecke, cortadas em fatias de 1,5 mm no sentido transversal com o auxílio de um fatiador manual, foi a condição da matéria-prima selecionada que melhor atendia aos critérios de fácil manuseio e melhores sabor e textura. O branqueamento químico realizado com solução de bissulfito de sódio a 1% (p/v), durante oito minutos, foi tratamento que proporcionou menor sabor . As soluções de sacarose, de sucralose e de ciclamato e sacarina na concentração de 50% para a sacarose e de 50% de doçura em relação à sacarose para os edulcorantes, foram as que permitiram melhor sabor doce, bem como uma manutenção do sabor da fruta em relação aos demais (Sorbitol e Aspartame), sendo que a amostra contendo ciclamato e sacarina foi mais bem aceita quanto ao sabor, quando comprada às demais. Quanto aos parâmetros de secagem em estufa ventilada, o binômio ―tempo x temperatura‖ igual a ―20 horas x 50 ºC‖ foi o que permitiu o melhor desenvolvimento de um produto crocante. A temperatura e a velocidade do ar também apresentaram um efeito positivo sobre o tempo total. Já a qualidade do produto final não foi fortemente afetada por esses parâmetros do processo; não foram observados efeitos sobre a cor das bananas secas e sim alguns efeitos em relação à porosidade e o volume aparente das mesmas. A amostra 317, a qual contém sacarose em sua composição, apresentou menor encolhimento em comparação às duas outras amostras (429 e 578), que não continham sacarose em sua formulação. O método utilizado para a secagem das fatias de banana foi eficaz para a preparação de um produto crocante doce. O produto obtido apresentou uma porcentagem significativa de fibras solúveis (~12%), o que seria importante para o controle de colesterol sanguíneo. A aceitação do produto pelos provadores foi satisfatória, não havendo diferença significativa entre os três tratamentos ensaiados. Como sugestões para aprimoramento do produto desenvolvido, os próximos estudos devem ser focados no aumento da doçura, na diminuição da dureza, na seleção de melhor método para aplicação da essência, na mensuração da vida de prateleira e a utilização de instrumentos/equipamentos de escala industrial. 82 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). 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crítico 2 4134897,229 9,198596454 0,000898503 3,354130829 Dentro dos grupos 12136876,07 20406670,53 F 106 AMOSTRA MÉDIA 317 2036,993 429 1229,592 807,401 766,375 463,217 578 429 578 DISCRIMINAÇÃO a b 344,184 b AMOSTRA 317 429 578 Nº PICOS PRINCIPAIS D.2 DADOS DO NÚMERO DE PICOS PRINCIPAIS 5 6 6 4 7 11 4 5 4 4 4 3 8 2 5 5 6 3 4 6 6 D.2.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO NÚMERO DE PICOS PRINCIPAIS RESUMO Grupo Contagem Soma Média Variância 317 10 77 7,7 23,12222222 429 10 48 4,8 3,733333333 578 10 53 5,3 1,788888889 ANOVA Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Entre grupos 48,06666667 Dentro dos grupos 257,8 2 24,03333333 2,517067494 0,099456987 3,354130829 27 9,548148148 Total 29 305,8666667 DMS = q * EP q (5%;3;27) = EP = 1,980 3,51 0,564156 AMOSTRA MÉDIA 317 7,700 429 4,800 2,900 5,300 -0,500 578 429 578 DISCRIM. a b 3,400 c 107 D.3 GRÁFICOS DO TESTE DE TEXTURA D.3.1 AMOSTRA 317 D.3.2 AMOSTRA 429 108 D.3.3 AMOSTRA 578 109 APÊNDICE E Dados do teste da análise sensorial E.1 DADOS DO ATRIBUTO “APARÊNCIA” 429 9 6 8 6 8 3 4 8 7 6 7 7 7 8 8 8 6 6 4 7 6 6 6 6 8 8 6 4 8 7 578 6 6 5 7 7 5 7 6 7 5 8 7 7 8 6 8 5 7 7 7 4 6 6 7 8 7 7 6 7 8 AMOSTRA 317 8 7 8 5 8 8 8 6 5 4 7 8 8 7 7 7 9 7 7 8 8 5 5 8 6 8 8 5 7 8 429 9 6 7 7 3 8 7 6 5 7 8 7 4 7 4 7 9 7 8 8 5 5 5 8 6 9 8 5 7 4 578 8 5 5 4 7 8 8 4 5 7 8 7 4 7 2 6 8 7 8 6 6 6 7 8 6 9 7 3 7 6 AMOSTRA NOTAS DOS PROVADORES 317 7 6 6 8 7 3 7 8 7 6 8 8 7 8 8 6 6 7 7 7 8 8 8 8 7 7 7 8 9 4 NOTAS DOS PROVADORES NOTAS DOS PROVADORES AMOSTRA 317 8 4 8 7 8 6 5 5 6 6 7 7 8 7 7 7 8 7 7 8 6 6 5 7 7 6 8 7 5 7 429 9 8 8 5 4 5 6 5 7 4 3 5 7 6 7 6 7 8 7 5 6 6 6 5 6 7 6 5 6 8 E.1.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO “APARÊNCIA” RESUMO Grupo 317 429 578 Contagem Soma Média Variância 90 621 6,9 1,461797753 90 577 6,411111111 2,222347066 90 570 6,333333333 2,247191011 578 9 7 4 6 4 5 4 4 9 3 7 8 3 6 7 6 7 7 4 8 6 6 6 7 8 6 8 6 5 8 110 ANOVA Fonte da variação SQ Entre grupos 16,98518519 Dentro dos grupos 527,8888889 Total 544,8740741 gl MQ F valor-P F crítico 2 8,492592593 4,295453589 0,014584493 3,029597137 267 1,977111943 269 TESTE DE TUKEY (p < 0,05) DMS = q * EP q (5%;3;267) = EP = AMOSTRA 317 429 578 0,283 3,31 0,085572 MÉDIA 317 6,900 6,411 6,333 6,900 429 578 DISCRIM. 0,411 a b c 0,489 0,078 111 E.2 DADOS DO ATRIBUTO “DUREZA” 429 9 7 7 4 8 3 5 8 3 2 7 4 8 6 3 8 7 7 4 2 4 6 7 4 8 7 4 4 7 7 578 8 7 8 6 8 2 6 7 7 1 8 4 7 7 7 8 2 7 4 3 8 6 6 4 8 5 4 4 7 8 AMOSTRA 317 7 8 6 4 6 7 2 1 1 4 2 3 2 8 6 6 9 3 4 3 5 5 4 4 3 4 2 3 3 7 429 8 6 6 3 4 4 2 6 2 2 6 5 4 6 4 4 8 4 6 6 6 4 4 5 4 3 6 3 3 6 578 7 7 6 4 4 7 6 8 2 3 4 4 2 6 2 6 7 5 8 7 8 4 5 7 3 3 4 3 6 5 AMOSTRA NOTAS DOS PROVADORES 317 6 5 5 7 4 2 6 6 6 1 8 7 5 6 3 7 3 5 2 2 6 5 4 4 6 5 5 6 8 4 NOTAS DOS PROVADORES NOTAS DOS PROVADORES AMOSTRA 317 6 3 8 5 7 3 3 4 5 7 6 4 4 8 4 2 6 6 4 2 7 7 6 4 2 6 7 3 1 7 429 8 6 6 3 8 3 4 3 8 3 2 8 4 7 4 6 6 4 7 5 4 5 7 1 3 6 6 2 1 8 578 4 3 6 4 6 4 3 3 9 3 6 6 4 8 3 6 6 8 6 6 6 4 7 4 6 7 6 6 2 8 E.2.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO “DUREZA” RESUMO Grupo 317 429 578 ANOVA Fonte da variação Entre grupos Dentro dos grupos Total Contagem Soma 90 428 90 458 90 490 Média 4,755555556 5,088888889 5,444444444 Variância 3,91710362 3,969538077 3,777777778 SQ 21,36296296 1038,133333 1059,496296 MQ 10,68148148 3,888139825 F 2,747195822 gl 2 267 269 valor-P 0,065920126 F crítico 3,029597137 112 DMS = q * EP q (5%;3;267) = EP = 0,397 3,31 0,120002 AMOSTRA MÉDIA 429 578 429 317 5,444444 5,088889 4,755556 0,356 0,333 317 DISCRIM. 0,333 a a a 113 E.3 DADOS DO ATRIBUTO “CROCÂNCIA” 429 8 8 7 5 8 3 8 7 6 2 7 6 8 7 4 6 6 7 5 3 5 5 7 4 8 7 5 4 7 8 578 9 8 8 7 8 2 8 8 8 4 8 6 6 7 7 6 2 5 7 4 8 6 7 4 9 6 5 7 3 7 AMOSTRA 317 8 7 7 4 4 5 4 4 3 4 2 6 2 8 2 5 9 4 4 4 8 6 7 6 4 8 2 6 2 7 429 7 4 6 6 3 7 4 7 4 5 7 6 4 6 2 6 8 6 6 7 6 6 7 7 4 9 7 6 2 7 578 8 6 6 6 4 7 6 8 3 6 6 7 2 6 4 7 7 8 8 7 8 4 7 7 6 8 6 6 3 7 AMOSTRA NOTAS DOS PROVADORES 317 8 8 7 8 4 2 8 8 7 1 9 8 6 7 6 7 3 7 5 2 8 6 4 4 8 6 6 6 6 6 NOTAS DOS PROVADORES NOTAS DOS PROVADORES AMOSTRA 317 6 4 8 5 6 3 4 4 8 6 4 6 4 8 6 3 4 4 6 3 7 7 6 4 2 6 8 5 1 6 429 8 6 8 7 8 3 6 4 8 7 3 8 7 7 5 6 6 4 6 6 6 7 8 3 6 7 8 3 2 6 E.3.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO “CROCÂNCIA” RESUMO Grupo 317 429 578 Contagem 90 90 90 ANOVA Fonte da variação SQ Entre grupos 29,4 Dentro dos grupos 910,0666667 Total 939,4666667 Soma Média Variância 487 5,411111111 4,154931336 532 5,911111111 2,980774032 559 6,211111111 3,089762797 gl MQ 2 14,7 267 3,408489388 269 F valor-P F crítico 4,31276097 0,01434 3,0296 578 6 4 7 8 7 3 5 3 9 5 7 8 8 9 5 6 5 8 7 7 7 6 7 4 6 7 7 6 2 6 114 TESTE DE TUKEY DMS = q * EP q (5%;3;267) = EP = 0,372 3,31 0,112357 AMOSTRA MÉDIA 578 5,411 5,911 6,211 429 317 429 317 DISCRIM. 0,500 a a b 0,300 0,500 115 E.4 DADOS DO ATRIBUTO “SABOR” 429 7 8 6 4 8 4 7 5 7 6 7 5 6 6 6 8 6 7 5 4 6 7 3 6 8 6 8 6 4 6 578 9 8 8 6 6 3 5 9 6 7 9 8 6 8 7 8 4 7 7 6 6 6 5 6 8 6 8 7 6 4 AMOSTRA 317 8 6 9 6 6 4 3 6 7 8 6 6 8 6 7 3 9 8 7 7 7 9 6 7 7 8 7 8 7 8 429 6 5 4 6 7 4 6 7 4 7 8 6 9 6 6 4 7 6 5 7 8 9 4 2 6 6 6 6 9 8 578 8 6 4 6 7 7 6 8 7 8 8 7 8 8 9 6 8 7 8 4 4 8 7 7 6 7 8 8 5 8 AMOSTRA NOTAS DOS PROVADORES 317 9 8 7 8 5 4 7 8 7 4 8 8 7 8 7 8 6 7 6 7 7 6 4 3 7 5 9 8 6 6 NOTAS DOS PROVADORES NOTAS DOS PROVADORES AMOSTRA 317 4 6 6 6 7 7 6 7 7 5 7 6 6 6 8 6 4 5 7 8 7 7 6 8 1 5 8 5 1 6 429 8 2 6 3 8 6 1 8 9 5 7 6 6 4 7 6 7 6 6 4 4 8 5 4 3 4 8 3 2 6 578 8 7 7 5 8 6 6 7 7 6 6 6 5 5 8 4 4 5 6 8 7 8 5 8 8 4 7 6 2 6 E.4.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO “SABOR” RESUMO Grupo 317 429 578 Contagem Soma Média Variância 90 590 6,555555556 2,362047441 90 537 5,966666667 2,864044944 90 595 6,611111111 2,038077403 ANOVA Fonte da variação SQ Entre grupos 22,95555556 Dentro dos grupos 646,5111111 Total 669,4666667 gl MQ F valor-P 2 11,47777778 4,740160863 0,009485914 267 2,421389929 269 F crítico 3,029597137 116 TESTE DE TUKEY DMS = q * EP q (5%;3;267) = EP = 0,313 3,31 0,094700 AMOSTRA MÉDIA 578 317 429 6,611111 6,555556 5,966667 317 429 DISCRIM. 0,589 a b c 0,056 0,589 117 E.5 DADOS DO ATRIBUTO “INTENÇÃO DE COMPRA” 429 3 4 3 2 4 1 3 3 4 2 4 4 3 2 2 3 3 3 2 1 2 3 4 2 5 4 2 2 4 3 578 5 4 5 3 3 1 4 4 4 2 5 3 3 2 4 3 2 3 4 3 4 3 3 2 4 3 3 3 4 3 AMOSTRA 317 4 4 4 3 3 3 4 3 1 2 1 2 2 4 1 3 4 2 2 2 4 4 5 4 2 4 2 3 2 4 429 4 3 3 3 3 3 2 3 2 2 3 3 1 4 2 2 4 2 4 2 3 3 2 4 3 4 3 2 2 4 578 4 3 3 2 3 3 3 3 2 3 2 4 1 4 2 4 3 4 5 4 4 2 4 4 2 4 4 3 2 4 AMOSTRA NOTAS DOS PROVADORES 317 4 4 4 4 2 2 3 4 4 1 5 5 3 2 3 3 2 3 3 2 4 3 2 2 4 3 2 2 4 2 NOTAS DOS PROVADORES NOTAS DOS PROVADORES AMOSTRA 317 4 4 5 3 3 4 3 2 3 4 2 4 1 3 3 2 2 3 3 2 2 3 4 4 2 2 3 3 1 2 429 3 4 4 3 3 1 3 2 4 4 1 4 3 2 3 4 2 2 3 4 3 3 3 2 2 4 3 2 2 3 578 4 4 4 4 3 2 3 2 4 3 3 4 5 3 3 4 2 3 4 3 3 3 2 4 3 4 2 4 3 3 E.5.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DO ATRIBUTO “INTENÇÃO DE COMPRA” RESUMO Grupo 317 429 578 Contagem Soma Média Variância 90 265 2,944444444 1,064294632 90 258 2,866666667 0,813483146 90 292 3,244444444 0,793508115 118 ANOVA Fonte da variação SQ Entre grupos 7,162962963 Dentro dos grupos 237,7444444 Total 244,9074074 gl MQ F valor-P F crítico 2 3,581481481 4,022199374 0,01900986 3,029597137 267 0,890428631 269 TESTE DE TUKEY DMS = q * EP q (5%;3;267) = EP = 0,190 3,31 0,057427 AMOSTRA MÉDIA 578 317 429 3,244444 2,944444 2,866667 317 429 DISCRIM. 0,078 a a b 0,300 0,078 119 ANEXOS 120 ANEXO A Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros 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