ficha técnica TNSJ
coordenação de produção
Maria João Teixeira
assistência de produção
Eunice Basto, Maria do Céu
Soares, Mónica Rocha
direção de palco (adjunto)
Emanuel Pina
direção de cena
Cátia Esteves, Ana Fernandes
luz
Abílio Vinhas, José Rodrigues,
Nuno Gonçalves
maquinaria
Filipe Silva (coordenação),
Adélio Pêra, António Quaresma,
Carlos Barbosa, Joaquim Marques,
Joel Santos, Jorge Silva,
Lídio Pontes, Paulo Ferreira
som
João Oliveira, Joel Azevedo,
José Menezes
vídeo
Fernando Costa
apoios MEXE
parcerias MEXE
patrocínios MEXE
O MEXE é um projeto financiado por
apoios TNSJ
apoios à divulgação
agradecimentos TNSJ
Câmara Municipal do Porto
Polícia de Segurança Pública
Mr. Piano/Pianos Rui Macedo
equipa MEXE
Abel Sousa, Alexandra Silva, Ana
Luísa Castelo, Aurora Mendes,
Bárbara Parente, Claire Binyon,
Conceição Fonseca, Cristina
Queirós, Emanuel Gomes, Hélder
Nogueira, Hugo Bonito, Hugo
Cruz, Hugo Gomes, Hugo Silva,
Inês Castanheira, Irene Oliveira,
Irene Serafino, Ivo Dias, João
Albuquerque Barbosa, Léa
Oliveira, Luís Tiago, Luísa Bezerra,
Margarida Sousa, Maria Gil, Maria
João Mota, Maria Vasquez, Nuno
Patrício, Patrícia Costa, Patrícia
Poção, Paulo Brás, Raquel Veiga,
Rodolfo Sá Pereira, Sérgio Anjos,
Sónia Passos, Tiago Ralha, Valter
Araújo, Wilma Moutinho, equipa da
Embaixada Lomográfica do Porto,
equipa do TeCA/TNSJ, equipa da
Galeria de Paris e equipa da Junta
de Freguesia do Bonfim. A todas
estes acrescentam­‑se todos os dias
mais e mais que não se nomeiam
neste espaço, mas que contribuirão
intensamente para a grande festa
que é o MEXE.
PELE – Espaço de Contacto Social
e Cultural
Fábrica da Rua da Alegria
Rua da Alegria, 341
4000­‑047 Porto
www.apele.org
[email protected]
[email protected]
facebook.com/pages/Pele­‑Espaço
Teatro Nacional São João
Praça da Batalha
4000­‑102 Porto
T 22 340 19 00
Teatro Carlos Alberto
Rua das Oliveiras, 43
4050­‑449 Porto
T 22 340 19 00
Mosteiro de São Bento da Vitória
Rua de São Bento da Vitória
4050­‑543 Porto
T 22 340 19 00
www.tnsj.pt
[email protected]
edição
Departamento de Edições do TNSJ
coordenação João Luís Pereira,
Ana Almeida
design gráfico Studio Dobra
fotografia Patrícia Poção
(MAPA – O Jogo da Cartografia),
Júlio Silva Castro (Dez Mil Seres),
Juliana Pinho (Criaturas),
Kees Deenik (Meysara)
impressão Multitema
Não é permitido filmar, gravar
ou fotografar durante os espetáculos.
O uso de telemóveis ou relógios
com sinal sonoro é incómodo,
tanto para os intérpretes como
para os espectadores.
MEXER para transformar
O grande Encontro Internacional de Arte e Comunidade regressa ao
Porto em 2015, afirmando­‑se como um dos espaços incontornáveis
em Portugal e na Europa de cruzamento e contaminação das pujantes
práticas artísticas comunitárias. Este ano, o MEXE mexe com a nossa
ideia de multiculturalidade numa Europa profundamente dividida e
confronta­‑se com a necessidade urgente de reflexão sobre as práticas
artísticas comunitárias no espaço­‑tempo que vivemos.
Na sua terceira edição, o MEXE encontra pela primeira vez o
acolhimento­‑âncora de um equipamento cultural da cidade – o Teatro
Carlos Alberto/TNSJ. Esta cumplicidade oportuna não invalida a
continuidade da vocação do Encontro para o espaço público, antes pelo
contrário, permite o aprofundamento de projetos na sua programação
que contemplam abordagens distintas e com outro tipo de recursos.
Esta edição mantém igualmente, com grande esforço mas coerente
com os seus princípios, a preocupação de acesso às diferentes áreas de
programação de públicos diversos, mantendo a gratuitidade da maior
parte das ações e, nos casos de entrada paga, um preço simbólico.
À semelhança de anos anteriores, o MEXE organiza­‑se em quatro
grandes componentes que ganham outras formas em 2015: oficinas,
espetáculos, o Encontro Internacional de Reflexão sobre Práticas
Artísticas Comunitárias e a Mostra de Documentários.
Nesta edição, as três oficinas de teatro e música focam­‑se nas
comunidades com quem a PELE tem vindo a desenvolver trabalho
nos últimos oito anos, nomeadamente no Centro Histórico do Porto,
Lagarteiro e Lordelo do Ouro.
Destaque para o Encontro Internacional de Reflexão sobre Práticas
Artísticas Comunitárias, uma coorganização inédita do Instituto de
Estudos de Literatura e Tradição da Universidade Nova de Lisboa,
Universidade de Évora, ESMAE/IPP e PELE. Este Encontro irá decorrer
nos dias 9 e 10 de setembro e tem como objetivo promover a reflexão,
considerando a importância que estas práticas têm vindo a adquirir
no seio das criações artísticas contemporâneas, entendendo­‑se
estas como indissociáveis das manifestações e experiências sociais
e culturais das comunidades.
Exposição coletiva
A abertura da temporada 2015­‑16 no TNSJ celebra uma outra abertura –
a do exercício das artes à comunidade. Acolher, nos nossos vários espaços
e palcos, as experiências artísticas de cariz comunitário do programa
MEXE representa um modo festivo, ainda estival, de inaugurar a nossa
programação. É uma exposição coletiva, um momento em que a coletividade
se mostra e diz de si.
Este programa festivo não exclui uma reflexão crítica, antes a reclama,
e isso é fundamental. Estas práticas artísticas pró­‑sociais, de carácter
político (no sentido mais nobre do termo), arriscam­‑se à instrumentalização,
a tornar­‑se objeto de apropriações mais ou menos populistas, o que requer
atenção.
Sistematizar experiências comunitárias de carácter diverso num
programa único, associando­‑lhe um encontro internacional que reúne
teóricos e fazedores, vem favorecer precisamente o desenvolvimento de
um pensamento crítico, a consolidação de um corpo teórico, a partilha de
metodologias, em suma, a realização de um balanço, na dupla aceção da
palavra: avaliação sistemática e movimento livre para novo salto.
Curiosamente, a iniciativa MEXE antecipa, no calendário nacional, o mais
comunitário dos atos cívicos – as eleições –, no qual, desejavelmente, as
escolhas de cada um mexem com o rumo do coletivo. Ocasião para afirmar
o exercício das artes como um exercício democrático de cidadania.
Nuno Carinhas
Diretor Artístico do TNSJ
Os espetáculos que compõem a programação desta edição chegam­
‑nos de companhias nacionais de reconhecida qualidade na área do
teatro, dança e música, destacando­‑se o consistente coletivo Dançando
com a Diferença e a inspiradora coprodução Criaturas do Teatro
O Bando e Teatro dos Barris, entre outros. O espetáculo internacional
de um grupo constituído por mulheres turcas e marroquinas, Meysara,
que aborda o tema do feminino na perspetiva muçulmana, preenche
intencionalmente a noite de 11 de setembro. Destaque ainda para o
grupo húngaro Színpad AHA, constituído por pessoas sem­‑abrigo,
que nos coloca em contacto com uma cultura pouco conhecida para
os portugueses, quando se erguem, no agora, muros numa Europa
blindada pelo medo.
A Mostra de Documentários contempla uma estreia absoluta,
Cidadãos de Corpo Inteiro, filme sobre o processo de construção de
MAPA – O Jogo da Cartografia, uma criação da PELE que envolveu
cerca de cem pessoas do Porto e que fecha o MEXE com a sua última
apresentação. Esta Mostra revela ainda outros projetos nacionais e
internacionais, experiências estimulantes da Argentina e Brasil, do
campo de refugiados de Jenin na Palestina e de uma prisão na Irlanda
do Norte.
Destaquem­‑se ainda nesta edição a extensão do festival a Rio Tinto
e a parceria consolidada com o ICAF – International Community Arts
Festival de Roterdão (Holanda).
Este é o espaço para reforçar um imenso agradecimento aos
parceiros formais e informais, à equipa incansável deste Encontro e a
todos os cidadãos que se implicam de diferentes formas e intensamente
na realização do mesmo.
Este é o tempo de MEXER, é o tempo de transformar.
Hugo Cruz
Diretor Artístico da PELE
Cidadãos de Corpo Inteiro Dez Mil Seres
Estreia do documentário
TeCA · 9 set · qua 21:00
TNSJ · Salão Nobre · 8 set · ter 21:00
direção e coreografia Clara Andermatt
realização, captação e edição Patrícia Poção
pós­‑produção áudio João Correia
coprodução PELE, TNSJ
dur. 1:33
MAPA – O Jogo da Cartografia
música original, colaboração na dramaturgia
e estereogramas Jonas Runa
figurinos e desenho de luz Maurício Freitas
Lançamento do livro
interpretação Aléxis Fernandes, Bárbara Matos,
Joana Caetano, Mickaella Dantas, Rui João
Costa, Sofia Marote, Telmo Ferreira
com Ana Luísa Castelo, Cristina Queirós,
Isabel Menezes, Nuno Carinhas,
Regina Guimarães
edição PELE
produção Associação dos Amigos da Arte
Inclusiva – Dançando com a Diferença
Cidadãos de Corpo Inteiro encerra e
descodifica um processo de trabalho de
cerca de dois anos que resultou em MAPA
– O Jogo da Cartografia. O documentário
revela diferentes fases da criação deste
espetáculo, que emergiu com base no
trabalho desenvolvido e consolidado no
Porto, pela PELE, nos últimos sete anos
e que se reflete na criação e continuidade
de grupos de teatro comunitário (Grupo
AGE, Grupo Auroras/Lagarteiro, Grupo
de Teatro Comunitário EmComum/Lordelo
do Ouro, Grupo de Teatro Comunitário da
Vitória/Centro Histórico e Grupo de Teatro
de Surdos do Porto). Durante esta labuta
de cartografar, no seu caminho e na sua
forma de fazer, houve ainda espaço para
questionar o teatro e a cidadania como
pilares da democracia. Porquê, como e
com quem fazemos teatro comunitário?
Criaturas
TeCA · 10 set · qui 21:00
a partir de Este Azul que nos Cerca
de Dulce Maria Cardoso
dramaturgia e encenação João Neca
cenografia Fátima Santos, João Neca
desenho de luz Guilherme Noronha
música Filipe Freire
figurinos Clara Bento com Isabel Atalaia,
Margarida Mata, Sara Rodrigues, Paula Gato
apoio à oralidade Sara de Castro
apoio à corporalidade Juliana Pinho
apoio à encenação Edgar Costa
interpretação Ana Penas, Carmo Franco,
Cristina Sampaio, Edgar Costa, Filipe Freire,
Gil Sidaway, Manuela Sampaio, Rafaela Miranda
criação Teatro dos Barris
parceria Teatro O Bando
estreia 8Nov2012
Centro das Artes Casa das Mudas (Madeira)
dur. aprox. 50’
M/3 anos
Olho a primeira vez e vejo um padrão plano,
repetitivo, limitado. Olho mais fundo e vejo com
outra nitidez, acedo a um lugar misterioso onde
encontro outras formas, um número infinito de
variações. Vejo o pormenor, o recorte, a filigrana
que emana luz interior. É preciso tempo, espera,
espaço, repouso e vontade no querer ver…
Agora, já dentro desse outro lugar, descubro
seres estranhos que se dedicam a ações, a que
só a imaginação consegue dar sentido.
Desta vez foi um processo distinto, mas
continuei com a mesma intenção em desafiar os
limites, os deles e os meus, afinal é assim que se
aprende e que nos vamos aprofundando em nós
e no conhecimento do que nos rodeia.
Iniciámos este processo fora do estúdio.
Caminhos, trilhos, serra, mar… Vimos esculturas,
pedras preciosas e rudes, sentimos a chuva,
abrigámo­‑nos do calor, pisámos a terra, as pinhas,
cheirámos as folhas, ouvimos os sons, imitámos
as árvores e os pássaros, tocámos na lama.
Apercebemo­‑nos dos pormenores, do espaço e
do tempo. Despertámos os sentidos, descobrimos
novos sentidos e questionámos o aparente sem
sentido. Aproximámo­‑nos das Coisas!
Foi uma viagem labiríntica em direção ao
pormenor, esse que não tem fim, que se vai
subdividindo até ao desconhecido infinito.
Há outras formas de ver, de pensar, de
ouvir, de rir, de fazer e de viver. Basta estar
em perpétua criação.
Clara Andermatt
Uma viagem labiríntica em direção ao pormenor
É a segunda vez que trabalho com o Grupo
Dançando com a Diferença e novamente me dou
conta da importância deste projeto, e do prazer
que tenho em criar para este elenco.
estreia 11Abr2015 Vale dos Barris (Palmela)
dur. aprox. 1:00
M/6 anos
Não somos iguais, não nadamos no mesmo
mar e atravessamos o mundo a fingir o contrário,
obcecados pela cor dominante: o azul cinzento.
Uma ilha de faroleiros, um azul que os cerca,
uma obsessão de isolamento, uma aparente
tranquilidade num lugar onde o bem é quase
impossível. Quando a beleza de uma mulher invade
tudo, conhecemos melhor uma maldade primitiva,
o animalesco lugar onde sempre voltamos quando
é tudo um jogo, quando está tudo em causa.
João Neca
Esta cor que nos cerca
Estamos todos muito apertados. Cada vez mais
próximos, cada vez menos juntos. E por isso
o Teatro, este sítio onde nos encontramos e
procuramos o outro com outro tempo.
Mais exíguo ainda é o espaço para a
diferença, para sentir o mundo de outra
cor. Corrompemos e somos corrompidos,
contaminamos e somos contaminados, e
coibimo­‑nos de afirmar a diferença fundamental:
o que nos distingue das outras criaturas.
P.S. – Inesquecíveis estes momentos em que
os sonhos se concretizam. Uma gratidão eterna
a quem, comigo, acreditou tanto.
Meysara
TeCA · 11 set · sex 21:00
texto e direção Jasmina Ibrahimovic
interpretação Fatima Lamkharrat,
Jaoualia Ouazizi, Leyla Cakir
produção Rotterdams Wijktheater (Holanda)
dur. aprox. 1:00
M/12 anos
Espetáculo programado em parceria com o
ICAF – International Community Arts Festival
de Roterdão.
Três enérgicas e vivazes jovens muçulmanas
holandesas de origem turca e marroquina
procuram apresentar­‑se da melhor forma
ao público: a todos vós. Consideram­‑se
incorretamente representadas na atual
sociedade holandesa e ocidental, onde
estereótipos e imagens mediáticas negativas
as privam da própria identidade. Juntamente
com os espectadores, tentam descobrir novas
maneiras de se apresentarem. Existirá alguém
fora do seu próprio contexto? Dependerá aquilo
que somos da imagem que os outros têm de
nós? Será que existo sem o outro?
Usando apenas as suas memórias de infância
e pequenas imagens frágeis do seu passado,
procuram reconstruir a sua identidade através
de flashbacks, voltando ao passado para o
comentar. Meysara baseia­‑se nas vidas das três
atrizes, cujas histórias são transformadas num
texto dramático e encenadas profissionalmente.
Partilhar histórias é uma das mais importantes
armas contra a alienação de que estas mulheres
dispõem. Meysara é uma resposta tocante, por
vezes cómica e esperançosa, a uma Holanda, e
talvez mesmo a uma Europa, que parece cada
vez mais dividida e alienada no seu âmago.
MAPA – O Jogo
da Cartografia
TeCA · 13 set · dom 21:00
Criação coletiva
direção Hugo Cruz
texto Regina Guimarães (a partir de criação
coletiva)
grupo de dramaturgia Ana Luísa Castelo,
Elisabete Moreira, Hugo Cruz, Irene Oliveira,
José Brochado, Margarida Sousa, Maria Gil,
Maria João Mota, Susana Madeira
assistência de direção Susana Madeira
direção musical Bruno Estima
músicos Factor E (Óscar Rodrigues, Pedro
Augusto, Tiago Oliveira)
grupos convidados Arquicoro, Coro Sénior da
Fundação Manuel António da Mota, Grupo
de Percussão do Centro de Iniciativa Jovem,
Orquestra Comunitária de Lordelo do Ouro –
ADILO
direção técnica e desenho de luz Wilma Moutinho
desenho de som Tiago Ralha, Pedro Augusto
cenografia Hugo Ribeiro
figurinos Lola Sousa, Nuno Encarnação
vídeo e fotografia Patrícia Poção
registo escrito do processo Ana Luísa Castelo
intérprete de língua gestual Raquel Veiga
produção executiva Maria Vasquez
interpretação Grupo AGE, Grupo Auroras/
Lagarteiro, Grupo de Teatro Comunitário
EmComum/Lordelo do Ouro, Grupo de Teatro
Comunitário da Vitória/Centro Histórico,
Grupo de Teatro de Surdos do Porto
Alexandra Silva, Alida Rocha, Ana Silva,
Angelina Correia, Aurora Mendes, Conceição
Mesquita, Cristina Queirós, Elisabete
Moreira, Elisa Fonseca, Elisabete Sousa,
Emanuel Gomes, Fernando Lagos, Glória
Ribeiro, Henrique Ribeiro, Hermínia Silva,
Hugo Bonito, Hugo Freitas, Hugo Silva,
Irene Oliveira, Isaura Morais, Jó Costa,
Joana Silveira, José Brochado, Luís Oliveira,
Luísa Fonseca, Margarida Sousa, Maria
Angelina Pinho, Maria Gil, Mariana Gil,
Maria João Mota, Maria José Costa,
Maria José Paiva, Marília Guimarães,
Nuno Colaço, Patrícia Queirós, Paula Baptista,
Ricardo Cottin, Salvador Gil, Serafim Heitor,
Sérgio Anjos, Sofia Gomes, Vicente Gil
coprodução PELE, Casa da Música, TNSJ
estreia 31Out2014
Mosteiro de São Bento da Vitória (Porto)
dur. aprox. 1:00
M/12 anos
Espetáculo traduzido em língua gestual.
Um mapa maravilhosamente instável
O teatro é a poesia
que sai do livro
para descer à rua.
Federico García Lorca
A PELE separa o que está dentro daquilo que
está fora. Até há menos meses do que os dedos
de uma mão, eu não sabia o que havia por detrás
do nome. Até desconfiava um bocado de uma
superfície de contato tão vasta, por razões que
não vêm ao caso…
Surgiu o Hugo Cruz com uma proposta
da qual ainda levei um tempo a perceber os
contornos exatos. Ou seja: qual podia ser o meu
papel num projeto de espetáculo que a PELE já
estava a levantar. Agarrar o pássaro em voo, em
suma. PAPEL E PELE.
Foi­‑me desde logo bastante claro que o
trabalho oficinal de escrita não podia, por
limitações temporais e minhas, configurar­‑se
como lugar aberto inscrito numa longa duração.
Como fazer então para apanhar o comboio de
criação do texto em marcha, mobilizar para
essa matéria todos os contributos de todos os
participantes de todos os grupos, em tempo útil
e sem frustrar as expectativas de pessoas que eu
nem conhecia?
Felizmente nasci escriba feliz, e o teatro,
território de infindáveis aprendizagens, ajudou­
‑me a aprofundar e variar as maneiras da
escuta – do escrever com, do escrever para,
do escrever a partir, do escrever sem…
Este palavreado serve sobretudo para
esclarecer que a menção “texto de Regina
Guimarães a partir de criação coletiva”
corresponde, na verdade, à solução pela
qual se enveredou. A saber: com base num
esboço de guião, num projeto de cenografia,
no imperativo de casar elementos do teatro
grego com componentes atuais ou perenes, nas
inúmeras sugestões fornecidas pelos numerosos
intérpretes­‑autores, na súmula feita pela equipa
de dramaturgia, nas maquettes destinadas
aos três hinos das três tribos, nos abundantes
desenhos e mapas, tentei fabricar uma
sequência de cenas, não demasiado extensa,
que abarcasse tudo isso e de tudo isso um
pouco, contemplasse uma forte dimensão coral
e se articulasse em torno da ideia de cartografia
construída ao vivo e em tempo real.
Entretanto, a vida é mais generosa do que,
por vezes, a pintamos: os poucos ensaios a que
consegui assistir permitiram colocar caras e
vozes e corpos nas deixas, afetos e argumentos
nas situações. Algumas correções de trajetória,
algumas reorganizações dos vários momentos,
alguma reflexão sobre a especialização e as
polifonias e, por fim, o trabalho cometido
entregue nas mãos de quem o desejou e
delineou. Mais vale 2, 20, 200 pássaros a voar
do que uma ave cativa de uma mão.
O norte magnético deste texto vosso/nosso
é um conceito de cartografia em movimento,
de mapa maravilhosamente instável para
uma cidade encalhada. Pode isso parecer
contraditório com a própria noção de
representação gráfica de um território. Acredito
que a transposição para cena a que o público vai
assistir provará visceralmente que assim não é.
Neste momento particular em que o Porto sai
de uma era merceeira de fechamento doentio
e de colapso promovido a orientação política
para mergulhar de cabeça numa fase fashion
e tudo­‑para­‑turista­‑ver, a reflexão sobre o
devir da velha urbe e seus muitos corações
periféricos é tão útil como respirar. Porque a
disneylandização em curso pode rapidamente
transformar os habitantes em figurantes e
a cidade em cenário, como pressagiava o
sociólogo Jean­‑Pierre Garnier, com quem tive
o prazer de privar.
Quem melhor do que as populações
instaladas e/ou mantidas à margem para
questionar, com conhecimento de causa
e efeito, os processos de decadência e de
“requalificação” de uma cidade? Quem melhor
do que os insatisfeitos para transformar cada
farrapo em bandeira de esperança? Atrevo­‑me
a recomendar que atentem no facto de que
as queixas, as amarguras, as mágoas, os
protestos, as contestações, as rejeições,
os gritos, etc. no Jogo da Cartografia nunca
são comodistas, interesseiros, gananciosos
ou autocentrados, muito embora espelhem
o mais fielmente possível os desabafos e
os sonhos de indivíduos singulares. O Jogo
da Cartografia inventou­‑se com base num
exercício de democracia participativa, embora
ninguém lhe tenha colado essa etiqueta. Possa
ele sacudir a poeira de alguns preconceitos
acerca das aspirações dos cidadãos. E possa
a PELE aproximar o que está dentro daquilo
que está fora.
Regina Guimarães
Encontro Internacional
de Reflexão sobre
Práticas Artísticas
Comunitárias
TeCA · Sala de Ensaios e Sala de Vidro · 9+10 set
qua+qui 9:30­‑19:00
coorganização PELE, Instituto de Estudos de
Literatura e Tradição da Universidade Nova de
Lisboa, Universidade de Évora, Escola Superior
de Música, Artes e Espetáculo
O Encontro Internacional de Reflexão sobre
Práticas Artísticas Comunitárias pretende
refletir a diversidade das práticas artísticas
comunitárias. Como tal, a sua organização
contempla espaços de reflexão académica mais
sistematizada, assim como espaços de partilha
de perspetivas e troca de experiências num
registo de maior informalidade.
Objetivos
Investigar práticas artísticas comunitárias no
contexto internacional, identificando o papel
social que desempenham e as formas estéticas
utilizadas. Promover o intercâmbio e parcerias
entre projetos artísticos comunitários nacionais
e internacionais. Analisar as criações artísticas
que reflitam processos de transformação
cultural, social e comunitária. Estimular a
investigação e criação de pensamento crítico e
científico sobre projetos comunitários de cariz
artístico. Analisar questões relacionadas com a
postura ética e política a adotar na intervenção
artística na comunidade. Aprofundar os moldes
de desenvolvimento da investigação académica
na prática artística.
Água
ECOAR
Exposição de fotografia
TeCA · 9 set · qua 20:30
de Paulo Pimenta
produção PELE
Um olhar sobre os processos de criação artística
em três estabelecimentos prisionais pelo
fotojornalista Paulo Pimenta, que acompanha
o desenvolvimento do projeto ECOAR –
Empregabilidade, Competências e Arte,
promovido pela PELE durante o ano de 2015.
Paulo Pimenta é um fotojornalista português
que trabalha atualmente no jornal Público. Em
2010, ganhou o prémio Fotojornalismo Estação
Imagem, o único prémio de fotojornalismo
atualmente existente em Portugal, com o
trabalho sobre a desativação da linha ferroviária
do Sabor.
Comédias do Minho
El Quijote
Silêncio
Oficina
TeCA · Sala de Ensaios · 11 set · sex 10:00­‑13:00
Matemurga
orientação Marco Ferreira
duração 3 horas
“Existe no silêncio tão profunda sabedoria que
às vezes ele transforma­‑se na mais perfeita
resposta” (Fernando Pessoa). O convite é
feito para explorar a singularidade artística
do silêncio, através de uma reflexão criativa
das suas potencialidades de consciência e
transformação social. Num processo altamente
colaborativo, embarcamos numa viagem interior
pelo universo particular do silêncio. Arriscar
contar histórias escondidas, atrever confrontar
o outro através da expressão teatral, com o seu
poder, o seu perigo e a sua segurança. Ficar no
silêncio, através da imagem do teatro, dizer a
verdade, ouvir o outro, como se o fizéssemos
pela primeira vez. Descobrir um silêncio que
releva, intui, denuncia e captura a realidade.
The Journey of a Freedom Fighter
Mickey B
Mostra de Documentários
TeCA · Sala de Ensaios · 11­‑13 set
11 set · sex 15:00
12 set · sáb 15:00
13 set · dom 15:00
Água
El Quijote
The Journey of a Freedom Fighter
realização e montagem Eva Ângelo
imagens vídeo Eva Ângelo, Hélder Cardoso,
João Vladimiro, José Barbieri, Rafael Del Rio,
Gonçalo Crespo
montagem de som e misturas Quico Serrano
tradução Rui Pena
correção de cor Paulo Américo
produção executiva Inês Barahona
coprodução Artemrede – Teatros Associados,
Terratreme Filmes (Portugal)
dur. 1:24
realização Daniel Brazil
direção de fotografia Cesar Zanetti
assistentes Bruno Carretero, Edmilson do
Nascimento
edição Gabriela Trama, Renata Palheiros
vinhetas Gabriela Trama
locução Daniel Alves
tradução Nicolás Monasterio
produção executiva Renato Sakata
produção VIATV – Comunicação e Cultura (Brasil)
dur. 30’
realização e montagem Mohammed Moawia
direção de fotografia Mohammed Moawia,
Mustafa Staiti
interpretação Rabea Turkman
produção executiva Fida Qishta
produção Ashish Ghadiali, Mohammed Moawia,
Howard Brenton, Jessica Harvey­‑Smith, Uday
Jhunjhunwala (Palestina)
dur. 31’
Um documentário realizado a partir do espetáculo
VALE, uma coreografia de Madalena Victorino
com música de Carlos Bica, em terras do Vale do
Tejo. Um olhar sobre os encontros entre pessoas
vindas da dança, do teatro, da música e pessoas
de comunidades locais com outras idades,
rotinas ou profissões. Um retrato onde a água se
transforma e nos leva ao que somos quando todas
estas pessoas se juntam.
O processo de montagem do espetáculo
multicultural El Quijote foi documentado
pela equipa da produtora brasileira VIATV
– Comunicação e Cultura. Em outubro de
2009, idiomas, cores e culturas de doze países
entrelaçaram­‑se para narrar a história do
Cavaleiro da Triste Figura, o clássico de Miguel
de Cervantes adaptado para o teatro por Santiago
Garcia, com direção de César Badillo, ambos do
coletivo Teatro La Candelaria (Colômbia).
Comédias do Minho
realização e imagem Paulo Menezes
captação de som Armanda Carvalho, Ricardo Leal
montagem Maria Joana Figueiredo, Paulo Menezes
mistura de som Tiago Matos
correção de cor Marco Amaral
diretor de produção João Matos
produção Terratreme Filmes (Portugal)
dur. 1:20
Paulo Menezes acompanhou as Comédias do
Minho durante quase todo o ano de 2012 e fez
um filme pelos concelhos de Melgaço, Monção,
Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de
Cerveira, documentando um território comum
invadido pela criação artística. Um ponto de vista
sobre a descentralização e adaptação do teatro e
outras atividades culturais ao Vale do Minho, uma
região única no mundo.
Journey of a Freedom Fighter acompanha Rabea
Turkman na sua jornada de combatente na
resistência armada a combatente na resistência
cultural. Ele juntou­‑se à resistência armada
durante a Segunda Intifada palestiniana e, mais
tarde, recomendado por um amigo combatente,
decidiu juntar­‑se ao Freedom Theatre no campo
de refugiados de Jenin, durante a amnistia
de 2007. O Freedom Theatre acolhe uma
comunidade artística vibrante e criativa no
norte dos territórios ocupados da Cisjordânia,
explorando o potencial das artes performativas
como um importante catalisador de mudança
social.
Matemurga
realização Leticia Schilman (Argentina)
imagens Aimará Schwieters, Luciana Favit,
Graciela Stuchlik, Carlos Valsecchi,
Sonia Jaroslavsky, Carlos Nascimbene,
Mario Siniawski
fotografia Laura Lafit, Julio Locatelli, Red de
Fotógrafos de Teatro Comunitario, Claudia Lafit,
Emilio Altieri, Gisela Halier, Roberto Ferriello,
Leandro Sánchez
dur. 30’
Este documentário conta a história do grupo de
teatro comunitário argentino Matemurga entre
2002 e 2012. Desde 2006 que o grupo trabalha
em Villa Crespo (Buenos Aires), onde pratica
um teatro da comunidade para a comunidade,
de vizinhos para vizinhos. Em outubro de 2004,
estreou a primeira versão de La Caravana, uma
história da resistência a partir de canções da
memória coletiva, espetáculo que tem sido
apresentado em fábricas, escolas, salas de teatro,
encontros de teatro comunitário e com o qual
participou em inúmeras ações de defesa dos
direitos humanos.
Mickey B
realização Tom Magill
guião Tom Magill, Sam Mcclean, Jason Thompson
direção de fotografia Angus Mitchell
montagem Dean Hagan
produção Educational Shakespeare Company
(Irlanda do Norte)
dur. 1:02
Uma multipremiada adaptação de Macbeth,
de William Shakespeare, escrita e interpretada
por presos de Maghaberry, uma prisão de
alta­‑segurança situada na Irlanda do Norte.
Mickey B é um dos exemplos mais expressivos
do trabalho desenvolvido pela Educational
Shakespeare Company, uma instituição focada
no envolvimento de pessoas marginalizadas nas
artes. Através do teatro e do cinema, desafiam
preconceitos, combatem a exclusão social e
mudam vidas.
O
no TNSJ
III Encontro Internacional
de Arte e Comunidade
organização
PELE
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- Teatro Nacional São João no Porto