ESTREIA ABSOLUTA MAPA – O Jogo da Cartografia CRIAÇÃO COLETIVA DIREÇÃO HUGO CRUZ Mosteiro de São Bento da Vitória 31 outubro - 2 novembro 2014 sex-dom 21:30 interpretação Grupo AGE, Grupo Auroras – Lagarteiro, Grupo de Teatro Comunitário EmComum – Lordelo do Ouro, Grupo de Teatro Comunitário da Vitória – Centro Histórico, Grupo de Teatro de Surdos do Porto Alexandra Silva, Alida Rocha, Ana Silva, Angelina Correia, Aurora Mendes, Conceição Mesquita, Conceição Sousa, Cristina Queirós, Elisabete Moreira, Elisa Bezerra, Elisabete Sousa, Emanuel Gomes, Fernando Lagos, Glória Ribeiro, Henrique Ribeiro, Hermínia Silva, Hugo Freitas, Hugo Silva, Inês Gonçalves, Irene Oliveira, Isaura Morais, Joana Silveira, José Brochado, Lino Pereira, Luís Ribeiro, Luísa Bezerra, Margarida Sousa, Maria Angelina Pinho, Maria Bezerra, Márcia Duarte, Maria Gil, Maria Silva, Mariana Seco, Maria João Mota, Maria José Costa, Marília Guimarães, Nuno Colaço, Patrícia Queirós, Patrícia Santos, Paula Baptista, Ricardo Cottin, Salvador Vila Real, Serafim Heitor, Sérgio Anjos, Sofia Gomes, Tiago Oliveira, Vicente Vila Real assistência de direção Susana Madeira texto Regina Guimarães (a partir de criação coletiva) grupo de dramaturgia Ana Luísa Castelo, Elisabete Moreira, Hugo Cruz, Irene Oliveira, José Brochado, Margarida Sousa, Maria Gil, Maria João Mota, Susana Madeira direção musical Bruno Estima músicos Factor E (Óscar Rodrigues, Pedro Augusto, Tiago Oliveira) MSBV Rua de São Bento da Vitória 4050-543 Porto T 22 340 19 00 [email protected] www.tnsj.pt O TNSJ É MEMBRO DA Contextualização do projeto MAPA evoca a arte da cartografia como o desenho de um lugar. Este projeto emergiu com base no trabalho desenvolvido e consolidado no Porto, pela PELE, nos últimos sete anos e que se reflete na criação e continuidade de grupos de teatro comunitário (Grupo AGE, Grupo Auroras – Lagarteiro, Grupo de Teatro Comunitário EmComum – Lordelo do Ouro, Grupo de Teatro Comunitário da Vitória – Centro Histórico e Grupo de Teatro de Surdos do Porto). Este MAPA construiu-se a partir da metáfora das três fases do processo científico de mapeamento: 1.ª fase – “conceção” (o momento da chegada a um lugar, do primeiro contato e reconhecimento); 2.ª fase – “produção” (o momento da apropriação, de fazer de um “lugar qualquer” um “lugar nosso”); e 3.ª fase – “interpretação” (momento final da construção de um mapa que se concretiza também neste espetáculo). O desenho deste MAPA provocou o dissipar de fronteiras artificiais e o reconhecer os outros em nós, procurou refletir um encontro entre diferentes povoações (zona oriental, ocidental e central), povos de uma mesma cidade, no desenho de um mapa mais humano. Durante este processo de cartografar, no seu caminho e na sua forma de fazer, houve ainda espaço para questionar o Teatro e a Comunidade. Para alguns, com um lugar próprio e específico na criação artística; para outros, como uma arte menor, porque mais próxima do tradicional, amadora e voluntária. Porquê, como e com quem o fazemos? Este MAPA é também uma busca de respostas a estas perguntas. Sinopse Hoje é o grande dia. O dia do grande prémio… o dia que nos faz mover em direção ao nada, repleto de promessas luminosas no meio de mais um inverno. Hoje é o dia em que as tribos se dirigem em êxtase ao centro de tudo, anestesiadas pela possibilidade de ganhar! Hoje é o dia em que somos obrigados a olhar para nós e nos perguntarmos: o que fazemos com a nossa existência nesta pólis, nesta democracia? O que leva tanta gente a este lugar? Envoltos numa sensação paralisante, procuramos caminhos que parecem ser sempre paralelos e que não se tocam, entre o individual e o coletivo, o local e o universal, o tradicional e o contemporâneo. Experimentamos diálogos entre as tribos e a pólis, o terreno e o sagrado, as narrativas pessoais e as narrativas poéticas e teatrais. Estamos diante de uma necessidade de fuga a uma hierarquia muda, e a busca de uma democracia com voz é um escavar contínuo rumo às origens das coisas, recuperando o encontro da política e do teatro no aqui e agora. Estas são as tensões dos nossos dias, estas são as nossas urgências e são comuns, e são muitas e são as mesmas. É “agora” nesta “ágora” sem tempo e espaço definidos que MAPA ensaia uma outra cidade. PELE – Espaço de Contato Social e Cultural “Um mapa maravilhosamente instável para uma cidade encalhada” O teatro é a poesia que sai do livro para descer à rua. Federico García Lorca A PELE separa o que está dentro daquilo que está fora. Até há menos meses do que os dedos de uma mão, eu não sabia o que havia por detrás do nome. Até desconfiava um bocado de uma superfície de contato tão vasta, por razões que não vêm ao caso… Surgiu o Hugo Cruz com uma proposta da qual ainda levei um tempo a perceber os contornos exatos. Ou seja: qual podia ser o meu papel num projeto de espetáculo que a PELE já estava a levantar. Agarrar o pássaro em voo, em suma. PAPEL E PELE. Foi-me desde logo bastante claro que o trabalho oficinal de escrita não podia, por limitações temporais e minhas, configurar-se como lugar aberto inscrito numa longa duração. Como fazer então para apanhar o comboio de criação do texto em marcha, mobilizar para essa matéria todos os contributos de todos os participantes de todos os grupos, em tempo útil e sem frustrar as expectativas de pessoas que eu nem conhecia? Felizmente nasci escriba feliz, e o teatro, território de infindáveis aprendizagens, ajudou-me a aprofundar e variar as maneiras da escuta – do escrever com, do escrever para, do escrever a partir, do escrever sem… Este palavreado serve sobretudo para esclarecer que a menção “texto de Regina Guimarães a partir de criação coletiva” corresponde, na verdade, à solução pela qual se enveredou. A saber: com base num esboço de guião, num projeto de cenografia, no imperativo de casar elementos do teatro grego com componentes atuais ou perenes, nas inúmeras sugestões grupos convidados Coro Clássico do Orfeão Universitário do Porto, Coro Sénior da Fundação Manuel António da Mota, Grupo de Percussão do Centro de Iniciativa Jovem – ADILO, Orquestra Comunitária de Lordelo do Ouro – ADILO desenho de luz Wilma Moutinho desenho de som Tiago Ralha, Pedro Augusto cenografia Hugo Ribeiro assistência e construção de cenografia Carlos Neves figurinos Lola Sousa, Nuno Encarnação assistência de figurinos Joana Abreu vídeo e fotografia Patrícia Poção parceria Porto Canal Ana Guedes Rodrigues, Paula Viana, Jorge Matos, Miguel Soares registo escrito do processo Ana Luísa Castelo produção executiva Joana Ventura assistência de produção Ana Luísa Castelo, Maria Vasquez intérprete de língua gestual Raquel Veiga coprodução PELE, Serviço Educativo da Casa da Música, TNSJ media partner Porto Canal apoios ADILO – Agência de Desenvolvimento Integrado de Lordelo do Ouro, ESMAE, Associação de Surdos do Porto dur. aprox. 1:20 M/12 anos Espetáculo traduzido em Língua Gestual Portuguesa FICHA TÉCNICA TNSJ coordenação de produção Maria João Teixeira assistência de produção Mónica Rocha direção de palco Rui Simão direção de cena Pedro Guimarães, Ana Fernandes maquinaria Filipe Silva, Adélio Pêra, Joaquim Marques, Paulo Ferreira, Jorge Silva, Lídio Pontes, António Quaresma, Carlos Barbosa, Joel Santos luz Filipe Pinheiro, José Rodrigues, Nuno Gonçalves, Adão Gonçalves, Abílio Vinhas som Joel Azevedo, João Oliveira APOIOS TNSJ APOIOS À DIVULGAÇÃO AGRADECIMENTOS TNSJ Casa da Música ACE – Escola de Artes Câmara Municipal do Porto Polícia de Segurança Pública Mr. Piano/Pianos – Rui Macedo APOIOS PELE Café IPA, Cafetaria Amadeu, Candelabro, Casa Expresso, Confeitaria Cunha, Confeitaria Muralhas, Confeitaria Suave, Confeitaria Vale Doce, Java, Lameiras 3, Nabos na Púcara, NHAC NHAC, Paparoca, Pepino, Pizzaria Tarantino, Restaurante Caldeira, Restaurante Nova Era, Restaurante Romão, Restaurante Vera Cruz, Taberna Santo António, 77 AGRADECIMENTOS PELE Adelaide Santos, Ana Pinto, Delfim Ferreira Leão, Diana Gomes, Filipa Francisco, Inês Vicente, Isabel Amaral, Jessica Gonçalves, João Pedro Correia, Jorge Garcia Pereira, José Carretas, Jorge Queijo, Maestro António Sérgio, Maximina Girão, Miguel Santos, Pedro Santos, Sara Santos, Teatro do Frio, Virgílio Borges Pereira MAPA – O Jogo da Cartografia é um projeto financiado por PELE – Espaço de Contato Social e Cultural Fábrica da Rua da Alegria Rua da Alegria, 341 4000-047 Porto T 91 592 07 64 | 22 096 30 69 [email protected] www.apele.org fornecidas pelos numerosos intérpretes-autores, na súmula feita pela equipa de dramaturgia, nas maquettes destinadas aos três hinos das três tribos, nos abundantes desenhos e mapas, tentei fabricar uma sequência de cenas, não demasiado extensa, que abarcasse tudo isso e de tudo isso um pouco, contemplasse uma forte dimensão coral e se articulasse em torno da ideia de cartografia construída ao vivo e em tempo real. Entretanto, a vida é mais generosa do que, por vezes, a pintamos: os poucos ensaios a que consegui assistir permitiram colocar caras e vozes e corpos nas deixas, afetos e argumentos nas situações. Algumas correções de trajetória, algumas reorganizações dos vários momentos, alguma reflexão sobre a especialização e as polifonias e, por fim, o trabalho cometido entregue nas mãos de quem o desejou e delineou. Mais vale 2, 20, 200 pássaros a voar do que uma ave cativa de uma mão. O norte magnético deste texto vosso/nosso é um conceito de cartografia em movimento, de mapa maravilhosamente instável para uma cidade encalhada. Pode isso parecer contraditório com a própria noção de representação gráfica de um território. Acredito que a transposição para cena a que o público vai assistir provará visceralmente que assim não é. Neste momento particular em que o Porto sai de uma era merceeira de fechamento doentio e de colapso promovido a orientação política para mergulhar de cabeça numa fase fashion e tudo-para-turista-ver, a reflexão sobre o devir da velha urbe e seus muitos corações periféricos é tão útil como respirar. Porque a disneylandização em curso pode rapidamente transformar os habitantes em figurantes e a cidade em cenário, como pressagiava o sociólogo Jean-Pierre Garnier, com quem tive o prazer de privar. Quem melhor do que as populações instaladas e/ou mantidas à margem para questionar, com conhecimento de causa e efeito, os processos de decadência e de “requalificação” de uma cidade? Quem melhor do que os insatisfeitos para transformar cada farrapo em bandeira de esperança? Atrevo-me a recomendar que atentem no facto de que as queixas, as amarguras, as mágoas, os protestos, as contestações, as rejeições, os gritos, etc. no Jogo da Cartografia nunca são comodistas, interesseiros, gananciosos ou autocentrados, muito embora espelhem o mais fielmente possível os desabafos e os sonhos de indivíduos singulares. O Jogo da Cartografia inventou-se com base num exercício de democracia participativa, embora ninguém lhe tenha colado essa etiqueta. Possa ele sacudir a poeira de alguns preconceitos acerca das aspirações dos cidadãos. E possa a PELE aproximar o que está dentro daquilo que está fora. Regina Guimarães