19 SEXTA-FEIRA, 29 DE AGOSTO DE 2014 A GAZETA Vereador é denunciado por “rachid” EDITORA: O vereador de Viana Patrick Hernane, ELISA RANGEL conhecido como Patrick do gás, e outras três [email protected] pessoas foram denunciados pelo Ministério Tel.: 3321.8332 Público do Estado, acusados de participar de agazeta.com.br/política um esquema conhecido como “rachid” na Câmara de Vereadores. Pág. 24 gazetapolítica GASTO PÚBLICO SUPREMO TRIBUNAL MINISTROS QUEREM TER SALÁRIO DE R$ 35,9 MIL Reajuste aprovado é de 22% e gera efeito cascata pelo país CARLOS HUMBERTO/STF Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram ontem o envio deprojetodeleiaoCongresso Nacional para reivindicar aumento de 22% nos próprios salários a partir de janeiro de 2015. Se aprovado pelo Congresso, o valor passaráparaR$35.919.Hoje,o salário de um ministro do Supremo corresponde ao tetodofuncionalismopúblico, fixado em R$ 29.462. A aprovação do envio do projeto ocorreu no mesmo dia em que o governo federal anunciou aumento de 8,84% no salário mínimo do brasileiro. A partir de 2015, o valor subirá de R$ 724 para R$ 788,06 A justificativa do presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, é de queoreajustecorresponde às perdas inflacionárias de 16,11% no período de 2009 a 2013. A proposta foi aprovada em rápida sessão administrativa. Eleito presidente da Corte há duas semanas, Lewandowski leu a proposta rapidamenteehouveoconsenso dos demais integrantes do tribunal, sem qualquer discussão sobre o assunto. CASCATA A proposta tem impacto em diversas carreiras, não só no Judiciário, que têm seus salários atrelados aos dos ministros do Supremo. O aumento, se aprovado, reflete em toda a magistratura brasileira. Isso porque os vencimentos da ANÁLISE NO BOLSO Efeitos são negativos R$ 29,4 mil De salário É quanto ganham atualmente ministros do Supremo Tribunal Federal. R$ 32,4 mil Novo salário do TJES É quanto os desembargadores do Estado poderão receber. Hoje, ganham R$ 26,5 mil. O ministro Ricardo Lewandowski justificou que o reajuste era necessário devido às perdas inflacionárias categoria funcionam de forma escalonada: o salário de ministro de tribunais superiores corresponde a 95% dos salários de ministros do STF. Na mesma lógica, o salário de presidentes de Tribunais de Justiçacorrespondea95% do valor pago a ministros de tribunais superiores. O reajuste refletiria imediatamente no Tribunal de Justiça do Estado (TJES). Os desembargadores poderiam deixar de receber R$ 26,5 mil para ganhar R$ 32,4 mil. Um dia antes da aprovação no STF, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou lei que concede uma gratificação a membros do Ministério Público da União. A parte da mesma lei que estendia o benefício à magistratura federal foi vetada. As associações da magistratura divulgaram nota em repúdio à atitude de Dilma. A aprovação do projeto ontem soou como tentativa de aproximação de Lewandowski das associações de magistrados. A relação da magistratura com o STF ficou estremecida durante toda a gestão do ministro Joaquim Barbosa, que protagonizou conflitos rumorosos com juízes de entidades de classe na sua gestão. (AG) No Estado, juízes comemoram reajuste O presidente da AssociaçãodosMagistradosdoEstado(Amages),SérgioRicardo de Souza, comemora a proposta de reajuste dos subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Para ele, trata-se de uma “reposição inflacionária” de desde 2009. Questionado sobre encarar o reajuste de 22% como imoral, tendo em vista queeleémaiorqueos8,8% de aumento do salário mínimo dos trabalhadores comuns, ele rebateu. “No mesmo período, de forma justa, correta, o salário mínimo teve reajuste de percentuais muito superiores a esse”, disse. Quando a discussão é sobre a discrepância dos valores, Sérgio Ricardo argumenta que, constitucionalmente, outras categorias não podem receber o mesmo que um ministro do STF e que parlamentares têm outros benefícios além dos salários. Foram anunciados ontem dois aumentos para os bolsos dos contribuintes: o aumento do subsídio de 22% para os ministros do Supremo e o aumento de salário mínimo em quase 9%. Ambos os aumentos, apesar de objetivos diferentes, têm efeitos bastante negativos para as contas do governo. O aumento do salário mínimo representa um aumento de gasto de R$ 22 bilhões para os cofres do governo, e o aumento dos ministros é também preocupante pois provoca um efeito cascata para todo o Poder Judiciário, trazendo mais impacto para as contas públicas. Para variar, essa conta precisa ser paga e vai sair do nosso bolso de alguma forma: ou com mais impostos ou com serviços piores providos pelo governo. Cautela em épocas de vacas magras não faz mal a ninguém, principalmente quando se trata do nosso dinheiro. — BRUNO FUNCHAL PROFESSOR DE ECONOMIA DA FUCAPE