Ano 23 | nº 3 | julho a setembro de 2015 Especialistas discutem nutrição e cérebro As pesquisas sobre o funcionamento do cérebro, associado à alimentação, têm ocupado mais espaço em diferentes áreas do conhecimento científico. É para mostrar os avanços mais recentes neste campo, que o ILSI Brasil promove o Workshop Internacional “Neurociência, Cérebro e Nutrição”, agendado para os dias 1 e 2 de dezembro, em São Paulo. O encontro é o 14º da série Sobre Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde. O evento reunirá palestrantes nacionais e convidados de vários países que irão traçar um panorama dos estudos com nutrientes, compostos bioativos, microbiota intestinal e geriatria e como as novas descobertas sinalizam para uma relação com as atividades cerebrais, influenciando de forma direta ou indireta certas reações do organismo. Esta interferência pode ser expressa na fisiologia, mudanças do cérebro no envelhecimento, declínio cognitivo, saúde mental e aspectos nutricionais com a inclusão na dieta de selênio, ômegas, luteína e polifenois, por exemplo. O evento tem a coordenação científica do Prof. Dr. Franco Lajolo e é organizado pela ForçaTarefa Funcionais, com a colaboração das outras FTs do Comitê de Nutrição. As inscrições já estão abertas. Mais informações pelo site www.ilsi.org.br/eventos ou e-mail – [email protected] . Tel. 11-3035.5585. DESTAQUES DESTA EDIÇÃO • artigo: Uso de realçadores de sabor como ferramenta para redução do sódio • evento: Segurança de alimentos derivados de OGM Diretoria / Conselho Presidente Dr. Aldo Baccarin Diretoria Adriana Matarazzo – Danone Ltda Ary Bucione – DuPont do Brasil Dr. Flávio A. D. Zambrone – IBTox Instituto Brasileiro de Toxicologia Dr. Franco Lajolo – Fac. Ciências Farmacêuticas / USP Geórgia Fernandes – Mondel z International Dr. Hélio Vannucchi – Fac. Medicina USP Rib. Preto Ilton Azevedo – Recofarma In. Amazonas Ltda. (Coca-Cola) Kathia Schmider – Nestlé Brasil Ltda. Dra. Maria Cecília Toledo – Fac. Eng. Alimentos, UNICAMP Dr. Mauro Fisberg – UNIFESP Dr. Paulo Cesar Stringheta – Univ. Federal de Viçosa Diretoria Executiva Mariela Weingarten Berezovsky Conselho Científico e de Administração Dr. Aldo Baccarin – Presidente Adriana Matarazzo – Danone Ltda. Alexandre Novachi – Mead Johnson Nutrition Amanda Poldi – Cargill Agrícola S.A. Ary Bucione – DuPont do Brasil Dra. Bernadette D. G. Franco – Fac. Ciências Farmacêuticas / USP Dra. Elizabeth Nascimento – Fac. Ciências Farmacêuticas / USP Elizabeth Vargas – Unilever Brasil Dr. Félix G. Reyes – Fac. Eng. Alimentos / UNICAMP Dr. Flávio Ailton Duque Zambrone – IBTox Instituto Brasileiro de Toxicologia Dr. Franco Lajolo – Fac. Ciências Farmacêuticas / USP Geórgia Fernandes – Mondel z International Dr. Hélio Vannucchi – Fac. Medicina USP Rib. Preto Ilton Azevedo – Recofarma Ind. Amazonas Ltda. (Coca-Cola) Dra. Ione Lemonica – UNESP / Botucatu Dr. João Lauro Viana de Camargo – UNESP / Botucatu Karen Cristine Ceroni Cazarin – Basf S/A Kathia Schmider – Nestlé Brasil Ltda. Dra. Lígia Martini – Fac. Saúde Pública/USP Dra. Maria Cecília Toledo – Fac. Eng. Alimentos, UNICAMP Dr. Mauro Fisberg – UNIFESP Dr. Paulo Cesar Stringheta – Univ. Federal de Viçosa Steven Rumsey – Bunge Alimentos Tatiana da Costa Raposo Pires – Herbalife Expediente editorial Parcerias atuantes Tivemos um começo de segundo semestre agitado, marcado por parcerias positivas que têm se consolidado nos últimos anos. Participamos com simpósios no congresso da SBAN, onde estivemos juntos na organização do Prêmio SBAN ILSI para pesquisas em diversas categorias em Alimentação e Nutrição. Na FISA, debatemos sobre segurança de aditivos, e na ABRAN, mais recentemente, falamos das Atualidades em Alimentos Fortificados e Suplementos. Ainda tivemos que cuidar dos eventos da “casa”, com o encontro da Rodada Latino-Americana sobre Abordagens para a Avaliação do Risco de Plantas Geneticamente Modificadas. Muita coisa, não é? Mas nos sentimos muito felizes em poder cumprir uma agenda de tantos compromissos e contribuir para discussões de áreas de interesse tão diferentes. Para não perder o ritmo, já estamos na reta final da organização do 14º Workshop Internacional sobre Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde, que acontecerá em dezembro, com o tema Neurociência, Cérebro e Nutrição. As inscrições já estão abertas. Confira os detalhes na nossa matéria de capa. Outro trabalho que merece destaque é a ferramenta lançada pelo ILSI para ajudar na avaliação do consumo de alimentos com base nos dados da POF. O programa tem tido uma repercussão muito positiva e já foi apresentado na ANVISA e, em novembro, será mostrado em Natal, no Congresso Brasileiro de Toxicologia. Outra inovação é o lançamento do e-book sobre Modo de Ação (MoA), desenvolvido pela Força-Tarefa de Agroquímicos. Quem tiver interesse, os dois trabalhos estão disponíveis no nosso site: www.ilsi.org.br/publicacao. Para encerrar, mais uma boa notícia, a chegada de um novo sócio, o CTC - Centro de Tecnologia Canavieira – que atua na indústria sucroenergética. Esperamos que possa colaborar para ampliar nossas discussões neste setor. Até a próxima edição. Incrível, mas a última de 2015. Mariela Weingarten Berezovsky Diretoria Executiva Publicação International Life Sciences Institute ILSI Brasil Rua Hungria, 664 Cj. 113 – 01455-904 – São Paulo-SP tel.: 11 3035-5585 – e-mail: [email protected] Conselho Editorial Dra. Maria Cecília Toledo, Edna Vairoletti e Mariela Weingarten Berezovsky Editora Executiva Mariela Weingarten Berezovsky Redação Edna Vairoletti Produção gráfica Dagui Design tel.: 11 3826-5627 [email protected] Circulação externa Tiragem de 4.000 exemplares Direitos reservados ao ILSI Brasil ILSI no mundo e no Brasil A manutenção de um fórum permanente de atualização de conhecimentos técnico-científicos que contribuem para a saúde da população e são de interesse comum às empresas, governos, universidades e institutos de pesquisa. Este é o principal objetivo do International Life Sciences Institute (ILSI), associação sem fins lucrativos, com sede em Washington, D.C., nos Estados Unidos, e seções regionais na América do Norte, Argentina, Austrália, Brasil, Europa, Japão, México e Sudeste Asiático. No Brasil, o ILSI colabora para o melhor entendimento de assuntos ligados à nutrição, segurança alimentar, toxicologia e meio ambiente, reunindo cientistas do meio acadêmico, do governo e da indústria. 2 julho a setembro de 2015 eventos Participação ativa no congresso e Prêmio SBAN ILSI O ILSI Brasil consolida mais uma vez sua parceria com a SBAN – Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição – durante o 13º Congresso Nacional da instituição que teve como tema principal “A Ciência da Alimentação e Nutrição: Inovações e Desafios”. Em três simpósios, os convidados do ILSI Brasil abordaram questões de relevância para as inovações científicas e tecnológicas na Alimentação e Nutrição. Em parceria com a FINUT, enfocou-se a Redução de Sódio na América Latina e Impacto na Saúde, sob a coordenação do Dr. Mauro Fisberg e Dr. Luis Alberto Moreno e os palestrantes Dr. Hélio Vannucchi e Dra. Márcia Godoy Gowdak. O Processamento de Alimentos: Impacto na Qualidade Nutricional, trabalho também coordenado pelo Dr. Fisberg, ao lado do Dr. Carlos A. Nogueira de Almeida, mostrou as preocupações e ações da indústria nesta área, com a palestra do Dr. Raul Amaral Rego, e a Profª. Semíramis M Álvares Domene como debatedora. Para encerrar a presença no evento, o simpósio sobre Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos, coordenado pela Dra. Olga Maria Silvério Amâncio, abriu uma ampla discussão, com três palestrantes da USP, sobre Aspectos Atuais em Alimentos Funcionais e Saúde, com o Prof. Franco Maria Lajolo; O Estudo Metabolômico de Flavonoides e Marcadores de Biodisponibilidade e Inflamação, com a Profª. Neuza Mariko Aymoto Hassimotto e os Efeitos de Diferentes doses de Ácidos Graxos Poli-insaturados sobre Parâmetros Inflamatórios, com o Prof. Jorge Mancini Filho. Talento em Destaque Um dos momentos importantes do encontro foi a divulgação dos ganhadores do Prêmio SBAN ILSI 2015, que visa identificar, reconhecer e encorajar os que desenvolvem pesquisas científicas e/ou tecnológicas. “Com os avanços nas áreas de Alimentação e Nutrição abrem-se novas perspectivas para pesquisas científicas, contribuindo para que se amplie o conhecimento em diversos campos de estudos, que envolvem novas tecnologias e métodos, até pouco tempo desconhecidos. O Prêmio é uma maneira de estimular estes pesquisadores a seguir em frente”, detalha Aldo Baccarin, presidente do ILSI Brasil. Confira os premiados no site www.ilsi.org.br. Dr. Aldo Baccarin com uma das premiadas. ILSI Brasil na Fi South America A Importância da Avaliação do Risco de Aditivos para Políticas Públicas foi o foco do simpósio do ILSI Brasil, durante a Fi SOUTH AMERICA, em São Paulo. Aldo Baccarin, presidente do instituto, ressaltou os vários questionamentos sobre a segurança dos aditivos alimentares, suas aprovações e apreensão no uso por parte do consumidor. A Prof.a Maria Cecília Toledo, da UNICAMP, abordou a Avaliação do Risco de Aditivos Alimentares e destacou que o processo de avaliação da segurança de aditivos alimentares é baseado em critérios técnico-científicos, pode beneficiar os consumidores de modo geral e amplia as possibilidades de uso de substâncias químicas comprovadamente seguras, desde que respeitadas as quantidades recomendadas e avaliadas as restrições individuais. A Prof.a Hellen Maluly, da Faculdade Oswaldo Cruz, destacou que o Uso de Realçadores de Sabor como Ferramenta para Redução do Sódio, faz parte das atuais estratégias da indústria que busca evitar uma rejeição dos produtos com menos sódio, em decorrência das interferências no paladar. Sais de ácido glutâmico, o inosinato dissódico, o guanilato dissódico e os “Natural Flavor Enhancers” – realçadores de sabor naturais, como os extratos de levedura e outros produtos provenientes da fermentação – conferem o gosto umami e contêm baixa ou nenhuma concentração de sódio. Essas substâncias podem ser uma alternativa, quando levados em consideração os limites tecnológicos, a importância dos testes sensoriais e o monitoramento e avaliação do risco do consumo de sódio para a condução de políticas públicas no Brasil e no mundo. Para o Dr. Beni Olej, da Universidade Federal Fluminense, a Alergia e Hipersensibilidade Associada a Aditivos ocorrem com baixa incidência e é necessária uma avaliação clínica criteriosa, caso a caso, além de existirem ainda muitos paradigmas associados a estudos antigos, sem bases científicas sólidas. 3 julho a setembro de 2015 artigo Uso de realçadores de sabor como ferramenta para redução do sódio Hellen Dea Barros Maluly Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Segurança e Qualidade de Alimentos das Faculdades Oswaldo Cruz Adriana Pavesi Arisseto Bragotto Docente da Faculdade de Engenharia de Alimentos,Universidade Estadual de Campinas – Unicamp Felix Guillermo Reyes Reyes Docente da Faculdade de Engenharia de Alimentos,Universidade Estadual de Campinas – Unicamp O paladar tem uma importante contribuição na preferência a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, firmado alimentar, já que diversos estudos demonstram que a informação em 2007, para que as empresas do setor melhorassem a oferta de gustativa pode ir além do gostar ou não de um alimento, produtos alimentícios com promoção da alimentação saudável, podendo até mesmo influenciar em fatores fisiológicos para os quais incluíam alimentos com teor reduzido de sódio. Em reconhecimento de nutrientes pela cavidade oral e manutenção 2010, as agendas foram renovadas para tentar estabelecer da homeostase corporal. O gosto salgado, em particular, poderia compromissos para que até 2020 a população brasileira reduza o sinalizar a presença de íons como cloro, sódio e potássio, que são seu consumo de sódio para 2 g/dia (BRASIL, 2007; DAB, 2015). importantes para inúmeras funções orgânicas. Neste sentido, as indústrias alimentícias e instituições de O cloreto de sódio (NaCl) tem sido a substância mais pesquisas têm se mobilizado para reduzir a presença do sódio utilizada para conferir o gosto salgado aos alimentos. Além nos alimentos, principalmente sob a forma de NaCl, sem que os de seu importante papel no paladar, o NaCl e outros aditivos mesmos percam sua segurança e qualidade sensorial, evitando, que contêm o íon sódio possuem diferentes funções no próprio assim, possíveis rejeições em decorrência de interferências alimento, como conservação, auxílio em reações de fermentação (alterações) no paladar da população. e manutenção da textura (Henney et al., 2010). No organismo, Dentre as estratégias para se reduzir o teor de sódio nos o sódio está envolvido no equilíbrio osmótico e ácido-básico, alimentos, estabeleceu-se o uso de realçadores de sabor (como manutenção da pressão arterial, funcionamento nervoso e sais de ácido glutâmico, o inosinato e guanilato dissódico) muscular, entre outras funções (Beauchamp & Stein, 2008). e extratos de levedura ou de produtos provenientes da Entretanto, o excesso de sódio na corrente sanguínea tem fermentação da soja ou trigo, que são também denominados sido associado ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas como “realçadores de sabor naturais” (NFE Natural Flavor não transmissíveis, incluindo hipertensão arterial e outras Enhancer). Esses produtos conferem o gosto umami, um gosto doenças cardiovasculares, problemas renais, câncer no estômago básico reconhecido pela comunidade científica há mais de e osteoporose. De forma a limitar a ingestão de sódio a níveis quinze anos, que é caracterizado por uma sensação peculiar de considerados seguros, a Organização Mundial da Saúde (OMS) plenitude, complexidade e continuidade dos sabores na boca, recomenda um consumo diário, para adultos, de no máximo 5 g incluindo o aumento da sensação do gosto salgado e redução da de sal (equivalentes a 2 g de sódio) (WHO, 2007). acidez e amargor em diferentes preparações, além da elevação Com base em dados publicados nas Pesquisas de Orçamentos do estímulo da salivação (Chaudhari et al., 2009). Os produtos Familiares (POF) dos anos de 2002-2003 e 2008-2009 (Sarno que conferem este gosto contêm baixa ou nenhuma presença et al., 2009; 2013), verificou-se que a população brasileira de sódio. O glutamato monossódico monoidratado (MSG.H20), estava consumindo uma quantidade excessiva de sódio, que produto também disponível em supermercados, por exemplo, correspondia ao dobro do preconizado pela OMS. O último contém 1/3 de sódio em relação ao NaCl. Assim, 1g NaCl estudo também demonstrou que os alimentos industrializados contribui com 0,3934 g de sódio, enquanto que 1g MSG. H20 contribuíam em até 25% do consumo de sódio (principalmente contribui unicamente com 0,1229 g de sódio (Wakita et al., 2013). o sódio proveniente da adição de NaCl) por famílias de classe O uso de cloreto de potássio (KCl) como substituto do NaCl média e alta no país. também tem sido investigado. Em uma das pesquisas, Santos et al. Os resultados das pesquisas realizadas através das POFs (2013) produziram linguiças fermentadas com teor reduzido de serviram para fortificar o acordo entre o Ministério da Saúde e sódio utilizando KCl, que se mostrou como excelente substituto, 4 julho a setembro de 2015 artigo pois possui propriedades funcionais e tecnológicas semelhantes ao NaCl. Mas, dependendo da concentração utilizada, este sal proporciona certo residual amargo ou metálico, caracterizado como aftertaste. Para reduzir esse efeito sensorial indesejável, foram utilizados os realçadores MSG.H20, inosinato e guanilato dissódico. Os autores verificaram que, mesmo com a substituição de 75% de NaCl por KCl, foi possível obter um produto seguro, com boa qualidade sensorial e ainda com redução de sódio de, aproximadamente, 68%. Outros produtos que são veículos para o consumo de quantidades elevadas de sódio são os condimentos contendo NaCl (Sarno et al., 2013). Para verificar a aceitação destes tipos de produtos com teor reduzido de sódio, Rodrigues et al. (2014) realizaram uma avaliação sensorial com a adição de condimento à base de alho em três diferentes preparações de arroz cozido (com 0, 25 e 50% menos NaCl). As substituições foram feitas utilizando diferentes quantidades de KCl e MSG. Foi possível verificar que não houve estranhamento por parte dos provadores, apesar de acharem as preparações menos salgadas. De modo geral, as preparações com menos sódio foram bem aceitas e os autores puderam concluir que, para aquele grupo de provadores, essas escolhas poderiam ser boas alternativas para reduzir o teor de sódio nas preparações caseiras. McGough et al. (2012) sugeriram outra alternativa utilizando NFE sem associação com outros ingredientes que conferiam o gosto umami. Algumas formulações de NFEs são produzidas de maneira similar ao molho de soja (shoyu), mas com concentrações maiores de trigo (que é usualmente utilizado na preparação do shoyu), adição de 10 vezes mais leveduras e uma concentração menor de NaCl, em comparação ao molho de soja tradicional. Os autores experimentaram algumas formulações para produzir diferentes variedades de salsichas com baixo teor de sódio. Os testes sensoriais foram realizados em três fases com diferentes formulações. Na fase 3, demonstraram que a substituição de 35% de NaCl por KCl e NFE poderia ser feita sem maiores alterações na qualidade sensorial das salsichas. Os dados relatados nos estudos acima, juntamente com outras pesquisas disponíveis na literatura (Quadros et al. 2015; Souza et al., 2013; Keast et al., 2004; Yamaguchi & Takahashi, 1984), demonstraram que a utilização de substâncias que proporcionam o gosto umami pode vir a ser uma boa estratégia para a redução do teor de sódio nos alimentos (quer sejam produtos industrializados ou preparações caseiras), sem prejudicar o sabor dos mesmos e contribuindo com o bem estar da população e a segurança dos alimentos. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 3.092, de 4 de dezembro de 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2007/prt3092_04_12_2007_comp.html. Acesso em: 15/08/2015. Beauchamp GK, Stein LJ. Salt Taste. In: Basbaum AI, Kaneko, A, Shepherd GM, Westheimer G. 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J Food Sci 1984, 49 (1): 82–85. 5 julho a setembro de 2015 eventos Segurança de alimentos derivados de OGM A Rodada Latino-Americana Abordagens para a avaliação do risco de plantas geneticamente modificadas (GM) teve como objetivo compartilhar experiências a respeito dos critérios adotados nos diferentes países do continente, em continuidade à primeira reunião que aconteceu em 2013, na Argentina, com os principais importadores e exportadores da Ásia e América. As diretrizes do Codex Alimentarius para a avaliação da segurança de alimentos derivados de plantas GM têm sido o norteador das discussões. As principais conclusões reforçaram a necessidade de alinhar as recomendações, os procedimentos de avaliação do risco e os mecanismos de cooperação, que passam pela harmonização de interpretações das diretrizes do Codex Alimentarius. Apontou-se a importância do desenvolvimento de material de consulta de qualidade, com a chance de transportabilidade de dados, que beneficiariam nas tomadas de decisões. Dr. Wayne Parrott, da Universidade da Georgia, EUA A comunicação é outro aspecto relevante, pois há ainda muita polêmica em relação aos OGM, em especial por parte do consumidor. Esta confusão não traz benefícios para nenhuma parte da cadeia: campo, indústria, comercialização e consumo. O ideal é esclarecer a população, via meios de comunicação e até na escola. Outras ideias foram a realização de cursos online, a publicação de um livro sobre alimentos e OGM, a promoção de palestras sobre critérios regulatórios – que o ILSI poderia organizar – guias e documentos com dados atualizados e trabalhos colaborativos de diferentes instituições para informar sobre o assunto de forma neutra e objetiva. Como próximos passos ficou acordado que é necessário formatar as sugestões e inquietudes do grupo para serem discutidas na próxima Annual Meeting do ILSI International. Constatou-se, ainda, que os problemas referentes aos OGM são recorrentes porque os critérios mudam continuamente e há sempre novas maneiras de interpretá-los. Daí ser essencial melhorar a qualidade da informação. Presença e limite de matérias estranhas nos alimentos Em sua sétima edição, o workshop “Atualidades em Food Safety” superou as expectativas de participantes, com o debate sobre a RDC 14, que dispõe sobre a presença de matérias estranhas macroscópicas e microscópicas, indicativas de riscos à saúde humana e/ou de falhas na aplicação das boas práticas na cadeia produtiva de alimentos e bebidas, além de fixar seus limites de tolerância. Desde sua publicação, em 2014, a Resolução ainda gera dúvidas para a indústria de alimentos e erros de interpretação, por parte da mídia, criando certa polêmica. “A questão é complexa e de suma importância. A segurança alimentar é um assunto inesgotável e cada detalhe pode fazer a diferença quando se pensa em toda a cadeia envolvida”, observa Dra. Maria Cecília Toledo, Coordenadora Científica do evento. Um dos pontos destacados foi não ser possível evitar 100% a contaminação na indústria, pelas próprias limitações inerentes às linhas de produção e tecnologias de controle de qualidade. Daí a regulamentação considerar níveis de “tolerância” para a presença de matérias estranhas inevitáveis. As normas na área têm evoluído, como as análises dos alimentos, que podem orientar laudos de perícias, em caso de reclamações do consumidor, ou outras investigações. Porém, a indústria ainda busca maior conhecimento e equipamentos mais eficazes de controle de detecção, pois falta tecnologia para certos casos. Hoje o desafio é quantificar a presença de matérias estranhas e não apenas detectá-las. No Brasil ainda não há dados para várias categorias de alimentos e, por isso, alguns parâmetros para regulamentação são internacionais. www.ilsi.org.br